Você está na página 1de 10

UNIVERSIDADE IGUAÇU - UNIG

FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE


GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

SOCIOPOLÍTICA

POLÍTICAS PÚBLICAS EM DEFESA DA


PLURALIDADE CULTURAL.
Política nacional de saúde integral do LGBTQIA+.

Nova Iguaçu, RJ

2022.
-

Trabalho apresentado ao curso de


Enfermagem a matéria de Sociopolítica
ministrado pela professora Délbora pela
Universidade Iguaçu UNIG.

Nova Iguaçu, RJ

2022
1 - INTRODUÇÃO
Encontramo-nos no momento histórico em que se reconhece a diversidade em
diálogo como um dos maiores bens da humanidade. Neste sentido, a Organização
das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a cultura (Unesco), em 2001,
declararam a diversidade cultural como “patrimônio comum da humanidade”,
entendendo que a diversidade em diálogo é fonte de intercâmbios, de inovação e
de criatividade e que é tão importante para o gênero humano como a diversidade
biológica o é para a natureza (Unesco, 2001).
Organização das Nações Unidas (ONU), reconhece que todas as línguas são
“expressão de uma identidade coletiva e de uma maneira distinta de perceber e
de descrever a realidade”. Como foi salientado na introdução, apenas nas últimas
décadas se iniciou a compreensão da pluralidade cultural como um dos maiores
bens da humanidade. Em momentos históricos anteriores, as políticas públicas
foram menos favoráveis a essa pluralidade cultural, com momentos de tolerância,
mas não de estímulo e reconhecimento de seu valor. Entendia-se que a
uniformidade linguística e cultural era condição para a formação do Estado, uno e
forte.
Em um segundo período histórico em que as políticas públicas de nacionalização
atingiram gravemente a diversidade cultural, ocorreu em relação aos imigrantes
com maior número de escolas étnicas, especialmente nas décadas de 1930 e
1940. A política tem como objetivo promover melhorias nas condições de vida da
população em um todo, incluindo o público LGBTQIA+. Sabendo que as mulheres
são a maioria da população brasileira e as principais usuárias do Sistema
Único de Saúde (SUS). Frequentam os serviços de saúde para o seu próprio
atendimento, mas, sobretudo, acompanhando crianças e outros familiares,
pessoas idosas, com deficiência, vizinhos, amigos. São também cuidadoras, não
só das crianças ou outros membros da família, mas também de pessoas da
vizinhança e da comunidade.

O Grupo LGBTIA+ é reconhecido como precursor da luta homossexual, mas


atualmente o movimento agrega lésbicas, gays, bissexuais, travestis e
transexuais, pautando a homossexualidade como tema político. A expansão
dessas ideias vai se configurando no denominado Movimento LGBT, cujas
reflexões e práticas ativistas têm promovido importantes mudanças de valores
na sociedade brasileira. Essas mudanças deram visibilidade política para os
problemas, tanto da vida privada, como das relações sociais que envolvem as
pessoas LGBT. Ao surgir a epidemia HIV/Aids, no início dos anos 80, à época
fortemente relacionada aos gays, o governo brasileiro apoiou mobilizações da
população homossexual masculina na prevenção da doença. Essas
mobilizações surtiram grande efeito sanitário diante da amplitude do número de
casos que acometeu esse grupo

1. O que são políticas públicas?


Políticas públicas com recorte de gênero são as que reconhecem a
diferença de gênero e, com base nesse reconhecimento, implementam
ações diferenciadas dirigidas às mulheres (Farah, 2004; Silveira, 2003).

2. O que são políticas públicas para LGBTQIA+ ?


Compreender a determinação social no dinâmico processo saúde-doença
das pessoas e coletividades requer admitir que a exclusão social
decorrente do desemprego, da falta de acesso à moradia e à alimentação
digna, bem como da dificuldade de acesso à educação, saúde, lazer,
cultura interferem, diretamente, na qualidade de vida e de saúde. Requer
também o reconhecimento de que todas as formas de discriminação, como
no caso das homofobias que compreendem lesbofobia, gayfobia, bifobia,
travestifobia e transfobia, devem ser consideradas na determinação social
de sofrimento e de doença.

2 - OS PROTOCOLOS DA ATENÇÃO BÁSICA E A ATENÇÃO INTEGRAL À


SAÚDE LGBTQIA+.

Cada protocolo aborda um tema clínico e é elaborado com base em diversos


saberes, a fim de garantir um cuidado integral sob a ótica da clínica ampliada,
considerando que aspectos biológicos, psíquicos, socioeconômicos, culturais,
espirituais e ambientais exercem determinação sobre o processo saúde-doença
dos indivíduos e, portanto, os profissionais de saúde devem acionar recursos
diversos para o cuidado.

O direito à saúde compõe os direitos sociais e, para sua concretização, a


Constituição dedicou à saúde um desenho bem arquitetado ao integrá-la ao
Sistema de Seguridade Social. Dessa forma, o desenvolvimento social passa a
ser considerado como condição imprescindível para a conquista da saúde. Para
atendimento específico do processo de adoecimento, do sofrimento e da morte,
foi criado um sistema único, público e universal, o Sistema Único de Saúde
(SUS).

3 - Os princípios constitucionais do SUS são:

a) a universalidade do acesso, compreendido como o “acesso garantido aos


serviços de saúde para toda população, em todos os níveis de assistência, sem
preconceitos ou privilégios de qualquer espécie”;

b) a integralidade da atenção, “entendida como um conjunto articulado e contínuo


de ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigido para
cada caso, em todos os níveis de complexidade do sistema”

4 - Transformando direitos em ações no SUS:

▪ Nome social no SUS:


No ano de 2012 foi incluído o nome social no Cartão SUS, garantindo o
respeito à Portaria nº1.820, de 13 de agosto de 2009, que dispõe sobre os
direitos e deveres de usuários de saúde, entre eles o direito ao uso do
nome social no SUS. Essa medida promove maior visibilidade e serve de
instrumento de debate social e formação no SUS. No ano de 2013, ainda
que o Sistema de Cadastramento de Usuários do Sistema Único de Saúde
(CADSUS) possibilitasse a impressão do Cartão SUS somente com o
nome social.
▪ Processo Transexualizador no SUS:
As ações desenvolvidas pelo Ministério da Saúde no sentido de concretizar
a ampliação do Processo Transexualizador no SUS iniciaram-se no ano de
2011 com a aprovação e pactuação do Plano Operativo da Política Nacional
de Saúde Integral LGBT, destacando a necessidade de ampliar em mais
dois serviços de referência nos país, para atender as demandas das
pessoas trans.
▪ Saúde de Lésbicas e Bissexuais:
No ano 2013, foi elaborada pelo Departamento de Apoio à Gestão
Participativa cartilha voltada para mulheres lésbicas e bissexuais sobre o
tema dos direitos, da saúde e a participação social, intitulada “Mulheres
Lésbicas e Bissexuais – Direitos, Saúde e Participação Social”. Construída
junto com lideranças históricas dos movimentos de lésbicas e bissexuais,
teve como objetivo destacar a importância da participação social na
construção das políticas públicas, em especial, da saúde, considerando as
especificidades de mulheres lésbicas e bissexuais e sensibilizando
gestores e profissionais de saúde para um acolhimento adequado à saúde
dessas mulheres.
▪ Saúde de Gays e Bissexuais
No ano de 2015, foi realizada a Oficina sobre Saúde de Gays e Bissexuais,
em parceria com o movimento social. Contou com a presença de
representantes de entidades nacionais que defendem a saúde de homens
gays e bissexuais, especialistas convidados, representantes do Comitê
Técnico de Saúde Integral LGBT, representantes da Secretaria Nacional de
Direitos Humanos/PR, Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade
Racial/PR, Secretaria Nacional da Juventude e técnicos de diferentes áreas
do Ministério da Saúde. Teve como objetivo debater as necessidades
específicas de saúde dos homens gays e bissexuais e as Políticas de
Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais e
de Atenção Integral à Saúde do Homem, afirmando a importância da
participação social na promoção de direitos dessa população e
sensibilizando gestores, profissionais do SUS e a sociedade em geral.

5 - Instrumento de Notificação às Violências Interpessoais e Autoprovocadas


do Sinan:
A notificação de violências é uma exigência legal, fruto de uma luta contínua para
que a violência perpetrada contra alguns segmentos da população, como
mulheres, crianças, idosos seja revelada em sua magnitude, tipologia, gravidade,
perfil das pessoas envolvidas, localização de ocorrência e outras características
dos eventos violentos. Da mesma forma, isto se torna necessário, na luta pela
promoção da equidade nas políticas públicas, voltadas para populações em
situação de vulnerabilidade em saúde, como a população negra, população do
campo e da floresta, pessoas com deficiência, Lésbicas, Gays, Bissexuais,
Travestis e Transexuais (LGBT). Neste contexto, o Ministério da Saúde buscou
aperfeiçoar seus instrumentos de vigilância em saúde, para harmonizá-los com as
diversas políticas com as quais se avança na efetivação dos princípios do SUS e
nas demais políticas de inclusão e justiça social, entre elas a Política Nacional de
Saúde Integral LGBT. Por isso, em 2014, o Instrumento de Notificação às
Violências Interpessoais e Autoprovocadas do Sistema de Informação de Agravos
de Notificação (Sinan), composto por um conjunto de variáveis e categorias, que
retratam as violências perpetradas contra os grupos populacionais em foco, foi
alterado pelo Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos Não
Transmissíveis e Promoção da Saúde da Secretaria de Vigilância em Saúde, em
parceria com o Departamento de Apoio à Gestão Participativa. Seu objeto de
notificação foi ampliado ao incorporar as violências por motivação
homo/lesbo/transfóbica, bem como a informação acerca da identidade de gênero
(inserção dos campos travesti, mulher transexual e homem transexual) e
orientação sexual (inserção dos campos heterossexual, homossexual –
gay/lésbica e bissexual) da pessoa atendida e a inclusão de campo para o nome
social da vítima de violência.

6 - E-SUS AB
Em 2015, o Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica – SISAB (e-
SUS AB) foi alterado pela Coordenação Geral de Gestão da Atenção Básica, do
Departamento de Atenção Básica da Secretaria de Atenção à Saúde, em parceria
com o Departamento de Apoio à Gestão
Participativa. O e-SUS AB é um sistema utilizado por todas as equipes que atuam
na Atenção Básica: Estratégia Saúde da Família, Consultório na Rua, Nasf, PSE,
Academia da Saúde e também pelos profissionais das equipes tradicionais (dos
postos e centros de saúde) da Atenção Básica. Conforme a Ficha de Cadastro
Individual, a partir da versão 1.3.0 do e-SUS AB, passou a ser utilizado no
prontuário eletrônico do cidadão (PEC), receitas e atestados, encaminhamentos
com o nome social, quando preenchido. No caso de receitas e atestados, o nome
social deve ser utilizado junto com o nome de registro civil em segundo plano,
considerando a necessidade de respaldo jurídico. O campo de cadastro individual
também conta com as opções de preenchimento da orientação sexual e identidade
de gênero do usuário. A versão atual do e-SUS AB é a 2.0.09, no qual as
alterações feitas a partir da versão 1.3.0 foram mantidas, em relação ao nome
social, orientação sexual e identidade de gênero.
7 - Módulo EaD da Política Nacional de Saúde Integral LGBT:
Foi desenvolvido Módulo de Educação à Distância (EaD) sobre a Política Nacional
de Saúde Integral LGBT para os cursos de especialização das equipes da
Estratégia de Saúde da Família – ESF, para profissionais de saúde de nível
superior, ofertado no Sistema Universidade Aberta do SUS (UNA-SUS).

8 – REFERÊNCIAS:

A. Ceolin, Rejane. Educação em saúde como ferramenta para uma


atenção integral à saúde da mulher: uma reflexão teórica. Revista
de Enfermagem 4.4 e 5 2008.

B. Tua Saúde. O que e o câncer de mama e como identificar.


Consciência Rosa.
Instituto Qualicare. 2015.

C. Gustavo Adolpho. Cuidados básicos da mulher incluem


acompanhamento médico regular. Federação Brasileira de
Ginecologia e Obstetrícia. Leforte.
2021.

D. ARAÚJO, M. J. O. Papel dos governos locais na implementação


de políticas de saúde com perspectiva de gênero. O caso do
Município de São Paulo. [São Paulo], 1998.

E. BERQUÓ, E. Comportamento sexual da população brasileira e


percepções do HIV-Aids. In: BRASIL. Ministério da Saúde.
Planejamento familiar: manual para o gestor. Brasília: Ministério da
Saúde, 2002.

F. BRASIL. Ministério da Saúde. Textos elaborados pela Área


Técnica de Saúde da Mulher. Brasília, 2003.
G. ALMEIDA, Tânia Mara C. de e BANDEIRA. Lourdes. Políticas
públicas destinadas ao combate da violência contra as mulheres –
por uma perspectiva feminista, de gênero e de direitos humanos. In:
BANDEIRA, Lourdes & ALMEIDA, Tânia Mara et. Ali. (ogs.).
Violência contra as mulheres: a experiência de capacitação das
DEAMs da Região Centro-Oeste. Brasília, Cadernos AGENDE, No.
5, dez/2004.

H. BANDEIRA, Lourdes. Fortalecimento da Secretaria Especial de


Políticas para as Mulheres: Avançar na transversalidade da
perspectiva de gênero nas políticas públicas. Brasília: CEPAL/SPM,
2005.

I. BRASIL. Conselho Nacional de Combate à Discriminação. Brasil sem


Homofobia:

J. Programa de combate à violência e à discriminação contra GLTB e


de promoção da cidadania homossexual. Brasília, DF: SEDH. 2004
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à
Saúde. Portaria SAS nº 457, de 19 de agosto de 2008.
Regulamentação do Processo Transexualizador no âmbito do
Sistema Único de Saúde – SUS Brasília, DF, 2008.

Você também pode gostar