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RESUMO
O presente estudo tem como objetivo a identificação da área de atuação do Assistente Social na
saúde básica de idosos que residem em comunidades ribeirinhas no município de Careiro da
Várzea – AM. Foi baseado em pesquisas bibliográficas e um questionário, que foi entregue a
assistente social que trabalha em uma UBSF – Unidade Básica de Saúde Fluvial, que leva
profissionais da saúde em locais de difícil acesso para que sejam realizados os atendimentos
necessários àquela população. Os resultados apresentam que o papel do profissional de Serviço
Social é imprescídivel na saúde, pois muitos idosos dessa região não conhecem os programas e
direitos previstos em leis, sofrem abandono por parte de membros da família ou estão em situação
de vulnerabilidade social.
1. INTRODUÇÃO
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O Serviço Social possui uma ampla área de atuação, permitindo assim que o profissional
possa trabalhar com educação, saúde, relações de trabalho, entre outros. Historicamente, o campo
da saúde tem sido um dos maiores empregadores de assistentes sociais (KRÜGER, 2010, p. 4).
Nesse ramo, o profissional trabalha com diversas expressões da questão social e por isso, é
necessário constante aprimoramento para lidar e saber intervir nas realidades que lhe são impostas.
O assistente social traz em sua trajetória a busca pela garantia de diretos dos mais vulneráveis e seu
compromisso diário é o de intervenção nas dificuldades do usuário, buscando levar inclusão social
e cidadania para todos.
Um dos grandes desafios para ações da saúde pública são as áreas ribeirinhas da Amazônia,
principalmente nas áreas mais remotas, isoladas geograficamente, onde os atendimentos são
precários devido à dificuldade de acesso a esta população. Por estarem longe, os serviços de saúde
são feitos através de barcos equipados para a necessidade dos usuários. A utilização de
embarcações como forma de levar atendimento de saúde é realizada desde 1920 e nos anos
seguintes, com a criação do SUS, as secretarias municipais de saúde continuaram a adotar os
barcos para assistência a populações ribeirinhas (KADRI et al, 2019, p. 2).
As Unidades Básicas de Saúde Fluviais (UBSF) são modelos práticos e acessíveis que
foram desenvolvidos para incluir pessoas que residem em locais afastados ou que não possuem
recursos para se deslocarem até um hospital nas áreas urbanas, com o objetivo de que esta
população tenha o seu direito garantido, conforme previsto na Constituição Federal de 1988: “A
saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que
visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações
e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.” (BRASIL, 1988, art. 196)
Neste contexto, as ações voltadas para a saúde do idoso ribeirinho são uma pauta importante
e que pouco se é falado. Com o crescimento acelerado, o processo de envelhecimento populacional
traz em seu perfil comorbidades que geram impactos na sociedade. Então, houve a necessidade de
adequações no sistema de saúde com relação aos cuidados, proteção e integração dos idosos.
Por muitos anos, o envelhecimento era visto como o fim da vida e que a pessoa idosa não
poderia fazer mais nada, que isso a limitava. Mas, a velhice não é uma doença e sim um processo
natural que todos nós iremos passar um dia na vida, sem que isso impeça de alcançar objetivos ou
realizar sonhos (NUNES E MENEZES, 2014). Entretanto, quando há uma sobrecarga, como
acidentes ou estresse emocional, isso pode ocasionar uma condição que requeira acompanhamento
médico.
Segundo Pereira et al (2015), uma das mais importantes atribuições do assistente social no
âmbito da saúde do idoso é buscar o seu empoderamento, onde quer que esteja, em áreas urbanas
ou rurais, com suas limitações e dificuldades. Levando assim a pessoa idosa a conhecer quais são
os seus direitos na sociedade garantidos pela Constituição e o profissional poderá se certificar que
esses direitos sejam cumpridos.
3. MATERIAIS E MÉTODOS
Este estudo tem como objetivo analisar as atribuições do Assistente Social na saúde básica
de idosos na UBSF Pedro Figueiredo, que realiza procedimentos de saúde na comunidade São
Francisco, em Costa de Terra Nova, município de Careiro da Várzea – AM.
[...] A Saúde é um direito de todos os municípios e dever do Poder Público,
assegurada mediante políticas sociais é econômicas, que visem a eliminação do risco
de doença e outros agravos e ao acesso universal e igualitário, as ações para a sua
promoção, proteção e recuperação [...] (Diário Oficial, 1991, Lei Orgânica, artigo
153, p. 16).
De acordo com Araújo (1956), tais áreas tem o modo de vida do seu povo das instituições
existentes na localidade no ponto de vista social, econômico, cultural e político. São constituídas de
comunidades que fazem parte do Programa Saúde da Família (PSF). Vale ressaltar que é composta
de onze comunidades, cada uma com suas características próprias. “[...] Cada qual tem suas
próprias tradições, sua história particular, suas variações especiais do seu modo de vida regional ou
nacional [...]”. (WAGLEY, 1988, p. 43)
Dessa forma, o estudo tem como base a análise da contribuição do assistente social nessas
comunidades; buscando mostrar o serviço prestado pelo profissional, que de acordo com a
assistente social entrevistada, consiste em: visitas sociais, busca ativa social, planejamento familiar,
supervisão de programas e projetos sociais na rede SUS e auxílio de usuários que precisam ser
transportados para hospitais, quando os casos são mais graves.
Os procedimentos metodológicos compreenderam três fases interligadas, sendo a primeira
consistindo em uma revisão bibliográfica em livros e internet. Num segundo momento, foi realizada
a entrevista através de questionário por celular, pois devido à pandemia, não foi possível realizar
uma pesquisa em campo. As fotos foram disponibilizadas pela assistente social entrevistada, que é
uma profissional frente às demandas no âmbito das políticas de saúde, que trabalha na Unidade
Básica de Saúde Fluvial (UBSF). A terceira e última fase se compreendeu na interpretação dos
dados coletados que ofereceu suporte para o desenvolvimento deste trabalho.
[...] O processo de envelhecimento vivenciado nesses ambientes isolados, com
baixos índices de desenvolvimento humano e carentes do setor de saúde e do amparo
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social, precisa ser alvo de estudos, pois traz em seu bojo realidades funcionais,
sociais e culturais ricas e extremamente diferenciadas. (NASCIMENTO et al., 2016,
p. 431)
UBSF. Costa de Terra Nova, Careiro da Várzea – AM, 2021. FONTE: Arquivo pessoal da entrevistada.
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Costa de Terra Nova, Careiro da Várzea – AM, 2021. FONTE: Arquivo pessoal da entrevistada.
Costa de Terra Nova, Careiro da Várzea – AM, 2021. FONTE: Arquivo pessoal da entrevistada.
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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados desta pesquisa apontaram que as atribuições do assistente social vêm sofrendo
impactos, pois embora o profissional compreenda a necessidade de reconhecimento, respeito e
garantia dos direitos sociais à pessoa idosa, suas ações ainda são reduzidas por falta de recursos.
Perguntada sobre quais as dificuldades que encontra em seu dia a dia, a assistente social respondeu
que: “São várias as necessidades cotidianas. Necessidade de ajuda de custo, nos acompanhamentos
sociais, nas visitas hospitalares e domiciliares”.
A população idosa aumenta a cada ano no país, por isso, é preciso que se pense no bem-
estar, nos direitos sociais e, sobretudo nas políticas públicas para amparar essas pessoas desde o
momento da chegada da velhice, como está previsto no SUAS – Sistema Único de Assistência
Social, que organiza dois tipos de proteção social: Proteção Social Básica, para prevenção de riscos
sociais e pessoais, oferecendo programas, projetos, serviços e benefícios para usuários e famílias em
situação de vulnerabilidade social. E Proteção Social Especial, para usuários e famílias que já se
encontram em situação de risco social e tiveram seus direitos violados.
Há necessidade de um planejamento estratégico das ações, envolvendo assessoria entre
Estado e prefeituras municipais para direcionar os direitos da pessoa idosa, das políticas públicas de
saúde e assistência social, para que possa ocorrer a construção de novas possibilidades de
intervenção profissional.
5. CONCLUSÃO
A partir do exposto, é certo que o assistente social possui uma ampla área de trabalho nos
dias atuais. Na área da saúde, o profissional tem como objetivo o reconhecimento de fatores que vão
além da questão da saúde do usuário, mas que também envolvem questões financeiras, políticas e
sociais, buscando assim o aperfeiçoamento de técnicas para que se realize o enfrentamento destes
problemas. (MATOS, 2020, p.3)
Ao observar as atividades desenvolvidas e executadas pela assistente social no Programa
Saúde da Família (PSF) na UBSF com a atuação na demanda de atenção básica da saúde de idosos
percebe-se que na prática o atendimento integral é precário, principalmente em áreas ribeirinhas. No
entanto, a assistência social é uma política pública que proporciona o envolvimento de todos.
Assim, as atribuições do assistente social nas comunidades ribeirinhas acabam deixando a
desejar, pois as demandas são altas, mas os incentivos para que se possam realizar os trabalhos
necessários para garantir o cumprimento dos direitos do usuário são muito poucos.
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REFERÊNCIAS
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2003.
Diário Oficial, número 27324, Lei Orgânica do Município de Careiro da Várzea, 1991.
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[Acessado 28 Abril 2021] , e180613. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/Interface.180613>.
Epub 01 Ago 2019. ISSN 1807-5762.
KRÜGER, T. R. Serviço social e saúde: espaços de atuação a partir do SUS. Serviço Social e
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em: <https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/sss/article/view/8634891> Acesso em: 10 mai
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NASCIMENTO, Rodolfo Gomes do et al. The perception of elderly riverside residents of the
Amazon region: the empirical knowledge that comes from rivers. Revista Brasileira de Geriatria
e Gerontologia [online]. 2016, v. 19, n. 03 [Acessado 14 Maio 2021] , pp. 429-440. Disponível em:
<https://doi.org/10.1590/1809-98232016019.150121>. ISSN 1981-2256.
NUNES, Luís; MENEZES, Odete. O bem-estar, a qualidade de vida e a saúde dos idosos.
Lisboa: Editorial Caminho, 2014.
WAGLEY, Charles. Uma comunidade amazônica. 3. ed. Belo Horizonte: Itatiaia, 1988.