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Apostila para o Curso Preparatório para o Concurso de

Agente Comunitário de Saúde


Ilhéus – Bahia
Apostila para o Curso Preparatório para o Concurso de

Agente Comunitário de Saúde

Ilhéus – Bahia

Elaboração e criação

Myrian Massarollo

José A. Truskauskas Viana

Revisão Geral

Enf. Aline Massarollo

São Paulo/ 2009


Algumas pessoas são tão interessadas por suas comunidades que não medem
esforços para que elas se desenvolvam. Fazem sua parte para melhorar as condições
à sua volta. Isso chama-se cidadania.

Querem auxiliar, seja de que forma for, possibilitando assim que os projetos
de seus municípios, ainda que não sejam seus, evoluam, trazendo à população
melhores condições de terem resultados positivos concretos. Isso, como vocês
estudarão nas páginas desta apostila chama-se intersetorialidade, um setor
interagindo com outro em benefício da comunidade.

Quando o companheiro Carlos Massarollo solicitou que elaborássemos a


presente apostila, não nos causou espanto. É bem dele a preocupação com a
elaboração de um curso preparatório para um concurso público.

Atinge assim, dois alvos.

Primeiro: Fornece a quase duas centenas de jovens a oportunidade de


prepararem-se através de um material elaborado especialmente para eles. Cuidando
para que cheguem ao dia do exame em condições reais de disputarem uma vaga.

Segundo: Colabora, ainda que indiretamente, com o processo de promoção de


saúde do município, pois pessoas bem preparadas acompanharão com mais facilidade
o curso de formação profissional que espera aqueles que forem selecionados.
Indivíduos politicamente mobilizados poderão desenvolver suas atividades com o
espírito de solidariedade, integralidade e equidade pregado pelo sistema de saúde.

Como dissemos, dois alvos, que ainda que distintos confluem para um mesmo
objetivo, a participação e mobilização social em prol da educação e da atenção à
saúde.

Nossa equipe desdobrou-se para que, no pouco tempo que nos foi dado,
desenvolver um material organizado, completo e de agradável manuseio.

Esperamos que nossos esforços se traduzam no sucesso de vocês.

Boa sorte!

Equipe Fundação JK
Concurso de Agente Comunitário de Saúde

Ilhéus - Bahia
Agente Comunitário de
Saúde

ACS – um processo histórico

O trabalho comunitário dos ACS começou na década de 70 e foi a base para o


Programa Comunidade Solidária, que buscava minimizar a exclusão social através da
mobilização social.

A primeira experiência de implantação do Programa de Agentes Comunitários


de Saúde (PACS) no Brasil, como uma estratégia abrangente de saúde pública
estruturada ocorreu, em 1987, no Estado do Ceará e posteriormente foi estendido para
todo o Nordeste e Região Norte. Em 1992 foi implantado na Bahia e em 1993 na
Região Centro Oeste.

O Agente Comunitário de Saúde (ACS) resultou da criação do PACS Programa


dos Agentes Comunitários de Saúde em 1991, como parte do processo de construção
do Sistema Único de Saúde estabelecida por norma Constitucional em 1988, é
capacitado para reunir informações de saúde sobre uma comunidade. Na concepção
inicial deveria ser um dos moradores daquela rua, daquele bairro, daquela região.
Selecionados por um bom relacionamento com seus vizinhos e condição de dedicar
oito horas por dia ao trabalho de ACS. Orientado por supervisor (médico ou
enfermeira) da unidade de saúde, realiza visitas domiciliares na área de abrangência
da sua unidade produzindo informações capazes de dimensionar os principais
problemas de saúde de sua comunidade.

Com a proposição do Ministério da Saúde de 1994, quando se criou o PSF –


Programa de Saúde da Família os agentes comunitários de saúde podem ser
encontrados em duas situações distintas em relação à rede do
SUS:

• Ligados a uma unidade básica de saúde ainda não


organizada na lógica da Saúde da Família;
• Ligados a uma unidade básica de Saúde da Família como membro da equipe
multiprofissional. Atualmente (2008), encontram-se em atividade no país 204
mil ACS, estando presentes tanto em comunidades rurais e periferias urbanas
quanto em municípios altamente urbanizados e industrializados.

O Decreto nº 3.189, de 4 de outubro de 1999, fixou as diretrizes para o


exercício da atividade de Agente Comunitário de Saúde (ACS).

A profissão de Agente comunitário de Saúde (ACS) foi criada pela Lei nº


10.507, de 10 de julho de 2002, fixando que seu exercício ocorreria exclusivamente no
âmbito do Sistema único de Saúde e sob a supervisão do gestor local em saúde.

Posteriormente a Lei 10.507 foi revogada e substituída pela Lei nº 11.350 de 5


de outubro de 2006, que elencou as atribuições do Agente Comunitário de Saúde bem
como suas atividades.

“Quem é o agente comunitário? É alguém que se


destaca na comunidade, pela capacidade de se
comunicar com as pessoas, pela liderança natural
que exerce. O ACS funciona como elo entre o
Estado e a comunidade. Está em contato
permanente com as famílias, o que facilita o
trabalho de vigilância e promoção da saúde,
realizado por toda a equipe. É também um elo
cultural, que dá mais força ao trabalho educativo,
ao unir dois universos culturais distintos: o do saber
científico e o do saber popular.” (FANEMA)

Sistema Único de Saúde (SUS)


Criado pela Constituição Federal de 1988 para que toda a população brasileira
tivesse acesso ao atendimento público de saúde. Anteriormente, a assistência médica
estava a cargo do Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social
(INAMPS), ficando restrita aos empregados que contribuíssem com a previdência
social. Os demais eram atendidos apenas em serviços filantrópicos.

Fazem parte do SUS os centros e postos de saúde, hospitais - incluindo os


universitários, laboratórios, hemocentros (bancos de sangue), os serviços de Vigilância
Sanitária, Vigilância Epidemiológica, Vigilância Ambiental, além de fundações e
institutos de pesquisa, como a FIOCRUZ - Fundação Oswaldo Cruz e o Instituto Vital
Brazil.

Processo de Trabalho em Saúde


O trabalho é uma atividade humana de transformação da natureza de forma
consciente e proposital, através da qual os homens criam e recriam a sua existência. A
capacidade de criar é exclusiva dos seres humanos.
No processo de trabalho três elementos são fundamentais: a matéria-prima (objeto),
os meios ou instrumentos de produção e o trabalhador. A energia, tanto física, quanto
mental, empregada pelo trabalhador é o que chamamos de força de trabalho.

Com o avanço e aplicação das ciências e tecnologias à produção, viabilizou-se


a construção de máquinas, que passaram a substituir o trabalho humano, cabendo aos
homens o uso da força apenas para operá-las. Ainda, com a finalidade de aumentar
cada vez mais a produtividade, o trabalho passou a ser cada vez mais dividido em
tarefas, cabendo a cada trabalhador atribuições específicas e o produto final,
resultante dessas ações isoladas, desconhecido dos trabalhadores que participaram
do processo.

Referem-se às boas condições de vida, ao acesso às tecnologias que


melhoram e/ou prolongam a vida, criação de vínculos efetivo-afetivos entre usuários e
profissionais de saúde e autonomia dos sujeitos no modo de viver.

No processo de trabalho em saúde temos que considerar três aspectos


fundamentais:

• Em primeiro lugar, que ele é um exemplo de trabalho em geral e, portanto,


compartilha características comuns com outros processos de trabalho que se
dão na indústria e outros setores da economia.

• Segundo, que é um serviço – toda assistência à saúde é um serviço e, no


entanto, tem a especificidade de realizar-se sobre pessoas e não sobre
objetos.

• Terceiro, que é um serviço que se fundamenta numa inter-relação pessoal


muito intensa, ou seja, o consumidor (usuário) contribui para o processo de
trabalho e é parte desse processo, fornecendo informações a respeito do que
se passou com ele, qual a história de sua queixa ou doença, exigindo-se dele
participação ativa para que sejam corretamente aplicadas as normas e
prescrições. Ele participa conjuntamente do processo de trabalho e,
freqüentemente, é responsável, juntamente com os profissionais de saúde,
pelo êxito ou fracasso das ações de saúde.

Assim, na saúde, o objeto de trabalho é o ser humano com sentimentos,


emoções, vontades e necessidades a serem atendidas.

O trabalhador da saúde comanda a forma como se dará a assistência ao


usuário, podendo esta ser orientada por parâmetros humanitários, acolhedores, de
respeito às singularidades e diversidade humana ou por parâmetros burocráticos,
impessoais, hierarquizados e desumanizados.

Isto demonstra que o trabalhador tem autonomia para ser criativo e propor
soluções para as necessidades apresentadas, conjuntamente com o usuário. Este, ao
sentir-se participante do processo de atendimento, tornar-se-á, co-responsável pelos
objetivos a serem alcançados, isto é, protagonista do seu processo de saúde-doença.
Na atualidade, uma das principais características do processo de trabalho em
saúde é a crescente coletivização, isto é, um número elevado de profissionais atuando
nesta área, levando ao surgimento de um trabalho associado, interdependente, em
regime de cooperação, quer numa unidade isolada (clínica, hospital), quer num
conjunto hierarquizado de serviços (postos de saúde, ambulatórios de especialidades).

O conjunto de categorias profissionais procura agir coerentemente, de forma


eficiente e eficaz, produzindo resultados com padrão de qualidade, compartilhando os
conhecimentos científicos contemporâneos, com a finalidade de atender integralmente
às necessidades em saúde do usuário.

Processo saúde doença e seus determinantes /condicionantes

Ola Maria! Muito bem


Como esta sua obrigada José, e
saúde? a sua?

Provavelmente Maria, ao responder a José, levou em consideração que


naquele momento, não tinha nenhuma enfermidade. Ou seja, Maria não estava
tomando medicamentos, não tinha procurado nenhum serviço de saúde e não estava
impedida de trabalhar, de sair ou de se divertir.

É comum definir-se saúde como oposto à doença.

A idéia de saúde e de doença para as pessoas tem a ver com a sensação de


bem estar. Tem a ver com “sentir-se bem” ou “sentir-se mal”. Isso varia de pessoa
para pessoa, dependendo do meio em que está inserida, seu modo de viver e
relacionar-se com o mundo, em um determinado momento histórico.

Desta forma, um conceito de saúde e doença abrangente inclui,


necessariamente, o caráter subjetivo, que lhe é indissociável, a idéia da singularidade
de cada pessoa em dar respostas às agressões do meio a que está exposta.

Portanto, as representações que os indivíduos, grupos e coletividades


constroem a respeito de saúde e doença, relacionam-se, sobretudo, com as formas
como resolvem suas necessidades de saúde, variando desde o uso de tecnologias
mais avançadas até o uso de recursos terapêuticos não vinculados ao conhecimento
científico ocidental.
Como o desenvolvimento do conhecimento humano é um processo histórico,
também a saúde e a doença, a teoria e a prática que orientam o saber-fazer dos
profissionais variam no tempo e no espaço.

Binômio Saúde - Doença

As várias fases do desenvolvimento da humanidade caracterizam-se por


diferentes maneiras do homem relacionar-se com outros homens e com a natureza
(para compreendê-la e transformá-la), na busca de satisfação de suas necessidades.
Essas relações influenciam profundamente as condições de vida dos homens e,
conseqüentemente, a que tipos de doenças ficam sujeitos.

As condições de vida da humanidade no que diz respeito à saúde- doença, de


uma maneira geral, pode ser dividida em períodos: o nômade, o agropecuário e o
industrial.

Período Nômade
No período nômade, que durou cerca de dez mil anos, os homens viviam da
caça, da pesca e da coleta de raízes e frutos.

Período Agropecuário
Com o passar dos tempos, o homem passou a domesticar/criar animais (aves,
porcos, ovelhas, etc.) e a cultivar a terra, estabelecendo-se onde vivia. O
desenvolvimento da pecuária e da agricultura significou uma profunda mudança na
vida dos homens: a divisão do trabalho determinada pelas relações de parentesco
entre indivíduos e grupos; o aumento da produção de alimentos gerando excedentes,
favorecendo o aumento populacional e possibilitando que alguns homens se
dedicassem a outro tipo de trabalho. Surgiram os artesãos, que se dedicavam às
invenções (o arado, a irrigação e os utensílios em geral).

O aumento e a agregação populacional, assim como a ausência de medidas


sanitárias, criaram condições para a propagação e transmissão de doenças como:
cólera, tuberculose, disenteria, malária e peste, que em 1348 matou ¼ da população
da Inglaterra.

Período Industrial
A Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra a partir de 1750, determinou
novas relações de trabalho: os donos das indústrias empregavam o operário em troca
de um salário.

As condições de vida eram péssimas: água impura; esgoto a céu aberto; casas
superlotadas, sujas e em mau estado; crianças trabalhando desde os 5 anos de idade;
condições insalubres de trabalho; longas jornadas e o baixo salário pago aos
trabalhadores.

As doenças infecto-contagiosas e parasitárias se alastravam causando


epidemias e levando a óbito um grande contingente populacional.
Pode-se afirmar que a preocupação com a saúde pública teve origem nessa
época, uma vez que a proximidade e a mistura das pessoas na cidade expunham
todos – ricos e pobres, sem exceção – ao risco de adoecer e morrer.

Inicialmente a doença era vista como resultado da forma de constituição dos


aglomerados humanos, evidenciada quando do aparecimento de epidemias. França,
onde havia um nível político e social mais desenvolvido afirmavam que as causas das
epidemias são sociais, econômicas e físicas e que a solução curativa consistia em
prosperidade, educação e liberdade, que só poderiam se desenvolver numa
democracia plena e ilimitada. Outras práticas eram desenvolvidas por agentes que
atuavam como fiscais e guardas, com o objetivo de livrar a sociedade das “condições”
que colocavam em risco a saúde da população, queimando objetos pessoais daqueles
que morriam, isolando os que apresentavam sinais de doença.

Posteriormente quando da invenção do microscópio, as doenças passaram a


ter uma causa visível – o micróbio – orientando o conhecimento e as práticas sobre
saúde/ doença, passando a ser prioridade a compreensão da dinâmica e as maneiras
de se evitar os efeitos da presença desse agente. Assim, a doença era explicada pelo
pensamento microbiano e unicausal (um micróbio = uma doença) – tinha um agente,
um lugar para se instalar e medidas para controlar ou evitar seus efeitos.
Um exemplo do pensamento microbiano esta nos princípios das ações preventivas,
nas campanhas de prevenção e erradicação de algumas doenças infecciosas e uso de
vacinas.

Um exemplo do pensamento
microbiano esta nos princípios das
ações preventivas, nas campanhas
de prevenção e erradicação de
algumas doenças infecciosas e uso
de vacinas.

Nas últimas décadas ocorreram mudanças nas condições de vida e saúde das
pessoas: o controle das doenças infecciosas, em função do aumento da infra-estrutura
básica; de melhores condições de trabalho, moradia, vestuário, alimentação, educação
e lazer; além da ampliação do acesso à assistência médica e hospitalar e de ações de
vigilância ambiental (poluição do ar e da água e desmatamentos).Todos esses fatores
contribuíram para elevar a expectativa média de vida das populações.

Por outro lado, verifica-se o crescimento das doenças crônico-degenerativas


(cardiovasculares, pulmonares, diabetes etc.), dos cânceres, das doenças mentais,
das doenças ligadas ao trabalho e das mortes e incapacitações por causas externas
(acidentes, homicídios e violência).

Conclui-se que a saúde e a doença dos indivíduos e das coletividades


humanas apresentam várias causas e dependem de vários elementos, que podem ser
chamados de determinantes de saúde e de doença, produzidos nas relações com o
meio físico, social e cultural.

Essa concepção é
chamada determinação
social do processo
saúde-doença.

O processo saúde/doença resulta da interação de diversos fatores do dia-a-dia


dia
e a família é o centro de informações privilegiado para atingir
atingir o cotidiano dos cidadãos
e seus costumes. O domínio do conhecimento acerca do cotidiano familiar permite a
elaboração de uma estratégia de abordagem que resultará em uma ação eficiente e
satisfatória para a comunidade assistida.
assistida

No Brasil, a VIII Conferência Nacional de Saúde, em 1986, definiu saúde como


direito de todos e dever do Estado, cuja responsabilidade é a provisão de um sistema
de atenção à saúde universal e equânime, tendo como diretrizes a descentralização, a
integralidade da atenção e a participação e o controle social.

SUS – Sistema Único de Saúde


S
Conforme definição do Ministério da Saúde, o Sistema Único de Saúde (SUS) é
um dos maiores sistemas públicos de saúde do mundo. Ele abrange desde o simples
atendimento ambulatorial até o transplante de órgãos, garantindo acesso integral,
universal e gratuito para toda a população do país. Amparado por um conceito
ampliado de saúde, o SUS S foi criado, em 1988 pela Constituição Federal Brasileira,
para ser o sistema de saúde dos mais de 180 milhões de brasileiros.

Em 1990, a Lei Orgânica da Saúde (Lei Federal n.º 8.080) definiu no Artigo 3.º
que: A saúde tem como fatores determinantes e condicionantes,
c , entre outros:
outros

Alimentação moradia trabalho meio ambiente

saneamento
renda educação transporte
básico

acesso aos bens


lazer e serviços
essenciais
Princípios e Diretrizes do Sistema Único de Saúde e a Lei
Orgânica da Saúde
Segundo o artigo 200 da Constituição Federal, compete ao SUS:

• Controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para


a saúde e e participar da produção de medicamentos, equipamentos,
imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos;
• Executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de
saúde do trabalhador;
• Ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde;
• Participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento
básico;
• Incrementar em sua área de atuação o desenvolvimento científico e
tecnológico;
• Fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor
nutricional, bem como bebidas e águas para consumo humano;
• Participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e
utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos;
• Colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho.

O SUS através do acúmulo técnico-político


técnico político dos seus três níveis de gestão, o
federal, o estadual e o municipal, na implantação do Programa de Agentes
Comunitários de Saúde e da Saúde da Família, tem possibilitado a identificação de um
conjunto dee questões relativas às bases conceituais e operacionais do que se tem
denominado "Atenção Básica à Saúde" no Brasil, e de suas relações com os demais
níveis do sistema.

Diretrizes ou
princípios
constitutivos
• Universalidade
• Eqüidade
• Integralidade
Universalidade
Conforme o disposto na nossa Constituição Federal : "A saúde é um direito de
todos". Em outras palavras, é a garantia de atenção à saude, por parte do sistema, a
todo e qualquer cidadão. Saúde é direito de cidadania e dever dos governos:
municipal, estadual e federal.

Integralidade
A atenção à saúde inclui tanto os meios curativos quanto os preventivos; tanto
os individuais quanto os coletivos. Em outras palavras, a saude é algo a ser
conquistado e mantido. O objetivo é quebrar o ciclo vicioso que leva à doença.
Também as necessidades de saúde indivíduais ou de grupos específicos devem ser
levadas em consideração. Portanto, integralidade o profissional na execução dos
serviços de saúde não perder a referência de que:
• Cada pessoa é um todo indivisível e integrante de uma comunidade;
• As ações de promoção, proteção e recuperação da saúde formam um todo
indivisível e não podem ser individualizadas;
• As unidades prestadoras de serviço formam também um todo indivisível
configurando um sistema capaz de prestar assistência integral;
• O homem é um ser integral, biopsicossocial, e deverá ser atendido sob esta
ótica integral por um sistema de saúde integral com o objetivo de promover,
proteger e recuperar a sua saúde.

Eqüidade
É a condição de igualdade de oportunidades para o uso de recursos
existentes, com o objetivo de diminuir as conseqüências negativas associadas ao
adoecimento, diferenciando o atendimento conforme sua complexidade Todos devem
ter igualdade de oportunidade em usar o sistema de saúde; como, no entanto, o Brasil
contém disparidades sociais e regionais, as necessidades de saúde variam. Todo
cidadão é igual perante o SUS e será atendido conforme suas necessidades até o
limite do que o sistema pode oferecer para todos.

O Programa de Agentes Comunitários de Saúde e de Saúde da Família é


elemento essencial para a reorientação do modelo de atenção pretendido pelo
Ministério da Saúde.

Esta reorientação fundamenta-se nas três diretrizes do SUS: da universalidade,


integralidade e eqüidade, em um contexto de descentralização e controle social da
gestão.

Em razão da limitação da clientela, as equipes Saúde da Família estabelecem


vínculos com a população, possibilitando o compromisso e a criação e fortalecimento
de elos entre os profissionais e os usuários e a comunidade.

A expansão e a qualificação da Atenção Básica, fatores primordiais da Saúde da


Família, são parte do conjunto de prioridades políticas apresentadas pelo Ministério da
Saúde e aprovadas pelo Conselho Nacional de Saúde.

Trata-se de uma concepção que supera a antiga atuação de caráter


exclusivamente centrado na doença, desenvolvendo um trabalho de prevenção e
educação por meio de práticas gerenciais e sanitárias, democráticas e participativas,
sob a forma de trabalho em equipes.
equipes Trabalhos voltados às populações de territórios
delimitados, pelos quais a equipes assumem a responsabilidade pelo o monitoramento,
ou seja, pela Atenção.
O Departamento de Atenção Básica (DAB), estrutura vinculada à Secretaria de
Atenção à Saúde, no Ministério da Saúde, tem a missão institucional de
operacionalizar essa política no âmbito da gestão federal do SUS. A execução dessa
política é compartilhada por estados, Distrito Federal e municípios. Ao DAB cabe,
ainda, desenvolver mecanismos de controle e avaliação,
avaliação, prestar cooperação técnica a
estas instâncias de gestão na implementação e organização da estratégia Saúde da
Família.

Os princípios fundamentais da Atenção


Atenção básica no Brasil são:

resolubilidade

complementaridade do
setor privado participação
social
Princípios
organizacionais

hierarquização
descentralização
e regionalização

Hierarquização e regionalização
Os serviços de saúde são divididos em níveis de complexidade;
complexidade o nível
primário deve ser oferecido diretamente à população, enquanto
enquanto os outros devem ser
utilizados apenas quando necessários. Quanto mais bem estruturado for o fluxo de
referência e contra-referência
referência entre os serviços de saúde, melhor a eficiência e
eficácia dos mesmos. Cada serviço de saúde tem uma área de abrangência,
abrangência ou seja, é
responsável pela saúde de uma parte da população. Os serviços de maior
complexidade são menos numerosos e por isso mesmo sua área de abrangência é
mais ampla, abrangência a área de vários serviços de menor complexidade.

Participação da comunidade:
O controle social,, como também é chamado esse princípio, foi melhor regulado
pela Lei nº 8.142. Os usuários participam da gestão do SUS através das Conferências
de Saúde, que ocorrem a cada quatro anos em todos os níveis, e através dos
Conselhos de Saúde, que são órgãos colegiados também em todos os níveis. Nos
Conselhos de Saúde ocorre a chamada paridade: enquanto os usuários têm metade
das vagas, o governo tem um quarto e os trabalhadores outro quarto.

Descentralização político-administrativa
O SUS existe em três níveis, também chamados de esferas: nacional, estadual
e municipal, cada uma com comando único e atribuições próprias. Os municípios têm
assumido papel cada vez mais importante na prestação e no gerenciamento dos
serviços de saúde; as transferências passaram a ser "fundo-a-fundo", ou seja,
baseadas em sua população e no tipo de serviço oferecido, e não no número de
atendimentos.

Resolubilidade
É a exigência de que o cidadão ao buscar um atendimento ou quando surge
um problema de impacto coletivo sobre a saúde, o serviço correspondente à
necessidade esteja capacitado para enfrenta-la e resolve-la até o limite da sua
capacidade.

Complementaridade do setor privado


Conforme disposto na Constituição Federal, quando por insuficiência do setor
público for necessária a contratação de serviços privados, deve-se ser observada três
condições:
• Celebração de contrato de acordo com as normas do direito público, o
interesse público prevalecendo sobre o particular;
• A instituição privada deverá funcionar conforme as diretrizes, os princípios
básicos e as normas do SUS;
• A integração dos princípios privados deverá se dar na mesma lógica
organizacional do SUS em termos de regionalização e hierarquização dos
serviços.

A Lei Orgânica da Saúde estabelece ainda os seguintes princípios:


• Preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade física e
moral;
• Direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde;
• Divulgação de informações quanto ao potencial dos serviços de saúde e sua
utilização pelo usuário;
• Utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades, a alocação
de recursos e a orientação programática;
• Integração, em nível executivo, das ações de saúde, meio-ambiente e
saneamento básico;
• Conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, na prestação de
serviços de assistência à saúde da população;
• Capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis de assistência;
• Organização dos serviços públicos de modo a evitar duplicidade de meios para
fins idênticos.
Preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade física e
moral - A preservação da autonomia estabelece que cada ser é único, portanto, tendo
direito a um tratamento único, individualizado, direcionado a cada pessoa. Protegendo
e tratando o paciente de forma transparente em relação às informações referentes à
sua saúde.

Conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos da


União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios na prestação de
serviços de assistência à saúde da população
Para prover as ações de saúde o Estado deve manter uma estrutura com todos
os recursos necessários à prestação de serviços do SUS. Esta estrutura envolve e
dependem de recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos de todas as
esferas de governos.

Direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde


O maior interessado em sua saúde é o próprio paciente, por isso ele tem direito
a todas as informações, inclusive o de requerer os resultados de exames e testes
realizados no seu diagnóstico.

Utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades, a alocação


de recursos e a orientação programática
Os estudos epidemiológicos podem ser úteis no planejamento de ações
prioritárias (alocação de recursos e a orientação programática).

A implantação do Programa Saúde da Família (PSF)


A Saúde da Família é entendida como uma estratégia de reorientação do
modelo assistencial, operacionalizada mediante a implantação de equipes
multiprofissionais em unidades básicas de saúde. Estas equipes são responsáveis
pelo acompanhamento de um número definido de famílias, localizadas em uma área
geográfica delimitada.

As equipes atuam através de ações de promoção da saúde, prevenção,


recuperação, reabilitação de doenças e de agravos mais freqüentes, e na manutenção
da saúde da comunidade. A responsabilidade pelo acompanhamento das famílias
coloca para as equipes de saúde da família a necessidade de ultrapassar os limites
classicamente definidos para a atenção básica no Brasil.

As unidades de saúde da família devem caracterizar-se como porta de entrada


dos usuários para os serviços de saúde. Não devem servir apenas para a triagem e
encaminhamento dos clientes, mas sim desenvolver atividades de assistência que
atendam aos problemas mais comuns da população. Dessa forma, a unidade de
saúde funcionaria como um “funil”, dando conta de aproximadamente 85% da
demanda exigida pela clientela.

Uma etapa importante, que deve ser realizada, consiste na abertura de


espaços de discussão e negociação entre gestores e representantes da comunidade
(Conselhos de Saúde, associações de bairro, etc.) que se pretende assistir, ocasião
em que se debaterá a importância do programa, seus objetivos e propostas. Além
disso, a definição conjunta das prioridades reforça o objetivo do PSF de promover o
desenvolvimento integral da comunidade.

ter território definido


Características do
sistema
com uma população delimitada sob sua responsabilidade
intervir sobre os fatores de risco aos quais a comunidade
em questão está exposta
prestar assistência integral, permanente e de qualidade
realizar atividades de educação e promoção da saúde
estabelecer vínculos de compromisso e de co-
responsabilidade com a população
estimular a organização das comunidades para exercer o
controle social das ações e serviços de saúde
utilizar sistemas de informação para o monitoramento e a
tomada de decisões
atuar de forma intersetorial, por meio de parcerias
estabelecidas com diferentes segmentos sociais e
institucionais de forma a intervir em situações que
transcendem a especificidade do setor saúde e que têm
efeitos determinantes sobre as condições de vida e saúde
dos indivíduos-famílias-comunidade

O trabalho em saúde coletiva requer de todos os profissionais envolvidos


participação e criatividade no exercício de suas atribuições, obviamente dentro dos
limites da realidade de cada profissão.

Como é formada a equipe de saúde coletiva? Quem são os profissionais


envolvidos?
Geralmente, as equipes de saúde da família são constituídas por, no mínimo,
um médico, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e quatro a seis agentes
comunitários de saúde. Quando ampliadas, contam ainda com um dentista, um auxiliar
de consultório dentário e um técnico em higiene dental. São formadas por meio de
processo de seleção conforme o disposto na lei orgânica de cada município.

A capacitação destes profissionais é fundamental para que


sejam desenvolvidas ações humanizadas, tecnicamente competentes
e intersetorialmente articuladas, viabilizadas através do preparo dos
integrantes para saberem lidar com situações adversas presentes no
cotidiano das ações das equipes de saúde da família. Devem aprender
a trabalhar na perspectiva da promoção da saúde, em equipe e com
preocupações integrais, coletivas e sociais. A boa formação das equipes da Saúde da
Família
amília é elemento essencial para o estabelecimento da comunicação ação e troca de
experiências e conhecimentos entre os integrantes da equipe e desses com o saber
popular do Agente Comunitário de Saúde.

Cada equipe se responsabiliza pelo acompanhamento de um número


estabelecido de famílias de uma determinada área, e estas estas passam a ter co-
co
responsabilidade no cuidado à saúde. A atuação das equipes ocorre principalmente
nas unidades básicas de saúde, nas residências e na mobilização da comunidade,
caracterizando-se como um sistema hierarquizado
hierarquizado e regionalizado de saúde.

Quem é o agente comunitário de saúde? O que ele faz?

O Agente Comunitário de Saúde integra as equipes do PACS e PSF, realiza


atividades de prevenção de doenças e promoção da saúde, por meio de ações
educativas em saúde nos domicílios e coletividade, em conformidade
conformidade com as
diretrizes do SUS, e estende o acesso às ações e serviços de informação e
promoção social e de proteção da cidadania.

Como já vimos ao estudarmos a equipe de saúde, o Agente Comunitário de


Saúde não trabalha sozinho. Ele faz parte do sistema
sistema de saúde local e atua como uma
ponte entre a comunidade e os serviços de saúde disponíveis em seu município. O
agente deve conhecer muito bem a comunidade em que vive, ter espírito de liderança
e de solidariedade.

O agente comunitário é o responsável pelo


p primeiro contato com as famílias. É
ele quem visita as casas coletando informações para levar
levar para a equipe do PSF.
P Para
trabalhar como agente comunitário é importante residir na região onde desempenhará
suas atividades.

O ACS funciona como elo entre de ligação entre o Estado e a comunidade.


comunidade
Está em contato permanente com as famílias, o que facilita o trabalho de vigilância e
promoção da saúde, realizado por toda a equipe. É também um elo cultural, que dá
mais força ao trabalho educativo, ao unir dois universos culturais distintos: o do saber
científico e o do saber popular.
popular

O Programa de Agentes Comunitários de Saúde é hoje considerado parte da


Saúde da Família. Os agentes comunitários de saúde podem ser encontrados em
duas situações distintas em relação
rela à rede do SUS:

ligados a uma unidade básica de saúde ainda não


organizada na lógica da Saúde da Família

ligados a uma unidade básica de Saúde da Família como


membro da equipe multiprofissional
Os ACS estão presentes tanto em comunidades rurais e periferias urbanas
quanto em municípios altamente urbanizados e industrializados. São indivíduos que se
destacam na comunidade, pela capacidade de comunicação com as pessoas, pela
liderança natural que exercem.

Competências do Técnico Agente Comunitário de Saúde

Competência profissional é a capacidade de enfrentar situações e


acontecimentos próprios de um campo profissional, com iniciativa e
responsabilidade, segundo uma inteligência prática sobre o que está ocorrendo e
com capacidade para coordenar-se com outros atores na mobilização de suas
capacidades.

Iniciativa: capacidade de iniciar uma ação por conta própria;

Responsabilidade: capacidade de responder pelas ações sob sua própria iniciativa


e sob iniciativa de pessoas envolvidas nestas ações;

Autonomia: capacidade de aprender a pensar, argumentar, defender, criticar,


concluir e antecipar, mesmo quando não se tem poder para, sozinho, mudar uma
realidade ou normas já estabelecidas. Pressupõe que a organização do trabalho
admita que as ações profissionais competentes transcendam as prescrições;
porém não é sinônimo de independência e sim, de interdependência entendida
como responsabilidade e reciprocidade;

Inteligência prática: capacidade de articular e mobilizar conhecimentos,


habilidades, atitudes e valores, colocando-os em ação para enfrentar situações
do processo de trabalho.

Coordenar-se com outros atores: capacidade e disponibilidade de estabelecer


movimentos de solidariedade e de compartilhamento de situações e
acontecimentos do trabalho, assumindo co-responsabilidades e fazendo apelo
ético às competências dos outros;

Situações e acontecimentos próprios de um campo profissional: conjunto de


eventos que demandam responsabilidade de trabalho e a maneira individual de
apreender cada situação, de se situar em relação a ela e de determinar suas
conseqüentes ações, ultrapassando a noção de recursos humanos e seu posto de
trabalho.

Competências do ACS
• desenvolver ações que busquem a integração entre as equipes de
saúde e a população adscrita à Unidade Básica de Saúde, considerando
as características e as finalidades do trabalho de acompanhamento de
indivíduos e grupos sociais ou coletividades;
• realizar, em conjunto com a equipe, atividades de planejamento e
avaliação das ações de saúde no âmbito de adscrição da Unidade Básica
de Saúde;
• desenvolver ações de promoção e de proteção e desenvolvimento da
cidadania no âmbito social e da saúde;
• desenvolver, em equipe, ações de promoção da saúde visando à
melhoria da qualidade de vida da população, a gestão social das políticas
públicas de saúde e o exercício do controle da sociedade sobre o setor
Saúde;
• desenvolver ações de prevenção e monitoramento dirigidas a grupos
específicos e a doenças prevalentes, conforme definido no plano de ação
da equipe de saúde e nos protocolos de saúde pública;
• desenvolver ações de prevenção e monitoramento dirigidas às
situações de risco ambiental e sanitário para a população, conforme
plano de ação da equipe de saúde.

As seis competências que definem o perfil do Agente Comunitário de Saúde


estão distribuídas em três âmbitos de atuação, tendo a promoção da saúde e a
prevenção de agravos como eixos fundamentais do processo formativo, buscando
garantir a integralidade de suas ações, segundo os contextos onde se desenvolvem as
práticas.

Âmbitos de atuação do ACS

• o âmbito da mobilização social, integração entre a população e as equipes de


saúde e do planejamento das ações;

• o âmbito da promoção da saúde e prevenção de doenças, dirigidas aos


indivíduos, aos grupos específicos e às doenças prevalentes;

• o âmbito da promoção, da prevenção e do monitoramento das situações de


risco ambiental e sanitário

O programa também estimula a participação e o controle social das atividades,


a adoção de instrumentos de acompanhamento e avaliação dos resultados e o
cadastramento das famílias, com visitas aos domicílios, segundo definição territorial
pré-estabelecida.

Diretrizes do Programa de Agentes Comunitários de Saúde

O ACS trabalha com famílias de base geográfica definida. Um agente é


responsável pelo acompanhamento de 150 famílias ou 750 pessoas.

O recrutamento dos agentes é feito através de processo seletivo no município,


com assessoria da Secretaria Estadual de Saúde. Entre outros requisitos, o agente de
saúde precisa morar, há pelo menos dois anos, na área onde desempenha suas
atividades; saber ler e escrever; ser maior de 18 anos; e ter disponibilidade de tempo
integral para trabalhar.
O ACS é monitorado pelo enfermeiro-supervisor, cujas tarefas básicas são o
planejamento, a coordenação e o acompanhamento das atividades desenvolvidas
dentro do Programa de Agentes Comunitários de Saúde.

Atribuições básicas dos agentes comunitários de saúde

O cadastramento das famílias; o acompanhamento de pré-natal e do crescimento e


desenvolvimento de crianças de 0 a 5 anos.
A orientação sobre doenças endêmicas, preservação do meio ambiente, saúde bucal,
planejamento familiar, nutrição, assistência na área de doenças sexualmente
transmissíveis e AIDS; promoção da saúde do idoso; apoio a portadores de deficiência
psicofísica, entre outros.
Conhecer a realidade das famílias pelas quais são responsáveis com ênfase nas suas
características sociais, econômicas, culturais, demográficas e epidemiológicas.
Identificar os problemas de saúde e situações de risco mais comuns aos quais a
população da comunidade está exposta;
Elaborar, com a participação da comunidade, um plano local para o enfrentamento dos
problemas de saúde e fatores que colocam em risco a saúde.
Executar, de acordo com a qualificação de cada profissional, os procedimentos de
vigilância epidemiológica, nas diferentes fases do ciclo de vida;
Valorizar a relação com o usuário e com a família, para a criação de vínculo de
confiança, de afeto, de respeito.
Realizar visitas domiciliares de acordo com o planejamento;
Resolver os problemas de saúde do nível de atenção básica.
Garantir acesso à continuidade do tratamento dentro de um sistema de referência e
contra-referência para os casos de maior complexidade ou que necessitem de
internação hospitalar.
Prestar assistência integral à população descrita, respondendo à demanda de forma
contínua e racionalista.
Coordenar, participar de e/ou organizar grupos de educação para a saúde.
Promover ações intersetoriais e parcerias com organizações formais e informais
existentes na comunidade para o enfretamento conjunto dos problemas identificados.
Fomentar a participação popular, discutindo com a comunidade conceitos de cidadania,
de direitos à saúde e suas bases legais.
Incentivar a formação e/ou participação ativa da comunidade nos conselho locais de
saúde e no conselho Municipal de Saúde.
Auxiliar na implantação do cartão Nacional de Saúde.

Atribuições específicas do Agente Comunitário de Saúde

Realizar mapeamento de sua área.


Cadastrar as famílias e atualizar permanentemente esse cadastro.
Identificar indivíduos famílias expostos a situações de risco.
Identificar área de risco.
Orientar as famílias para utilização adequada dos serviços de saúde, encaminhando-as
e até agendando consultas, exames e atendimento odontológico, quando necessário.
Realizar ações e atividades, no nível de suas competências, na áreas prioritárias da
Atenção Básicas; - Realizar, por meio da visita domiciliar, e acompanhamento mensal
de todas as famílias sob sua responsabilidade.
Estar sempre bem informado, e informar aos demais membros da equipe, sobre a
situação das famílias acompanhadas, particularmente aquelas em situações de risco.
Desenvolver ações de educação e vigilância à saúde, com ênfase na promoção da
saúde e na prevenção de doenças.
Promover a educação e a mobilização comunitária, visando desenvolver ações coletivas
de saneamento e melhoria do meio ambiente, entre outras.
Traduzir para a ESF a dinâmica social da comunidade, suas necessidades,
potencialidades e limites.
Identificar parceiros e recursos existentes na comunidade que possa ser
potencializados pela equipe.

Conhecimentos Geográficos da área/região/município de


atuação.

Onde o ACS atua?

O ACS tem que reconhecer o território de atuação. Tem que fazer um


levantamento dos dados do território que vai trabalhar.

Dados

Área
População
número de domicílios
tipos de habitação
tipos de instituições econômicas (comércio, indústria)
instituições culturais (teatros, bibliotecas)
instituições públicas (escolas, creches, delegacias)
representações da sociedade civil (associações de moradores, Conselhos de
Saúde, conselhos de pais da escola, Conselho Tutelar da Criança e do
Adolescente)
presença de organizações não-governamentais (ONGs)

Esses dados são fundamentais para a construção dos perfis epidemiológicos,


bem como para o planejamento das ações programáticas mais necessárias.

Vamos conhecer um pouco da cidade de Ilhéus – BA.

Segundo o ultimo censo IBGE, qual é a população do município?


219.266 habitantes, é o 15º município mais populoso do interior do Nordeste e, teve
como destaque um crescimento anual negativo, por conta de seu tamanho.
Qual é a localização geográfica de Ilhéus?
Fica localizado na zona cacaueira, sul do Estado da Bahia com área de 1.712
quilômetros quadrados, teve sua extensão geográfica diminuída por conta do
desmembramento para criação de novos municípios.

Qual é o seu potencial agroclimático?


Apresenta aptidão para a produção de cacau, coco-da-bahia, banana, citrus, cana-de-
açúcar, mandioca, milho, etc.
Sua divisão politica-administrativa é constituída por:

42 bairros (zona urbana) - Alto da Boa Vista; Alto da Esperança; Alto da Tapera; Alto
da Uberlândia; Alto do Amparo; Alto do Soledade; Banco da Vitória; Barra; Basílio;
Centro; Conquista; Distrito Industrial; Expansão Urbana; Expansão Urbana Norte;
Expansão Urbana Sul; Hernani Sá; Iguape; Ilhéus II; Jardim Atlântico; Jardim Pontal;
Jardim Savóia; Loteamento Barra Norte; Loteamento São Domingos; Malhado;
Moradas do Bosque; Nelson Costa; Nossa Senhora da Vitória; Nova Brasília; Nova
Esperança; Pontal; Raymundo Amaral Pacheco (Cidade Nova); Salobrinho; São
Francisco; Sapetinga; Teotônio Vilela; Teresópolis; Vila Cachoeira; Vila de São Miguel;
Vila Nazaré; Vivendas do Atlântico.

09 distrito/povoados, (zona rural):

Aritaguá
Distância: 5 km - População: 9.053 habitantes.
Povoados: Sambaituba, São José, São João, Itariri, Juerana, Carobeira, Ponta da
Tulha, Ponta do Ramo, Mamoã, Retiro, Aderno, Tibina, Vila Campinhos, Urucutuca e
Vila Olímpio.

Banco Central
Distância: 65 km - População: 4.279 habitantes.
Povoados: Arraiais: Três Paus, Ribeira e Visagem.

Castelo Novo
Distância: 35 km - População: 3.183 habitantes.
Povoados: Ribeira das Pedras, Lava-Pés e Lagoa Encantada.
Arraial: Parafuso.

Coutos
Distância: 5 km - População: 4.405 habitantes.
Povoados: Santo Antônio, Rio do Engenho e Maria Jape.
Arraiais: Areia Branca e Búzios.

Inema
Distância: 90 km - População: 3.130 habitantes.
Povoados:
Arraial: Água Branca.
Japu
Distância: 30 km - População: 5.449 habitantes.
Povoados: Serrado, Serra das Trempes, Santana e Cascalheira.

Olivença
Distância: 16 km - População: 15.815 habitantes.
Arraiais: Acuípe do Meio, Acuípe de Baixo, Acuípe de Cima, Jairi e Santaninha.

Pimenteira
Distância: 81 km - População: 1.575 habitantes.
Arraial: Ribeirão Pimenta.

Rio do Braço
Distância: 29 km - População: 5.236 habitantes.
Povoado: Banco do Pedro.

Dados econômicos:
• Agricultura se subdivide em lavoura permanente e lavoura temporária.
o Permanente: cacau, abacate, borracha, café, etc.
o Temporária: abacaxi, cana-de-açúcar, mandioca, milho, etc.

• Pecuária: criação de bovinos, suínos e caprinos.

• Comércio: lojas, livrarias, vídeos-locadora, comercio varejista.

• Questões de desigualdade social:


• Apenas 10% da população é considerada rica pelos padrões locais.
• 66,77% da população vive com renda percapita inferior a R$ 75,50, são
considerados abaixo da linha da pobreza.

Quais os meios de comunicação do município?


• Radio am/FM
• Jornal impresso local;
• Revista impressa local,
• Provedor de Internet
• Geradora de TV

No setor cultural, o que o município oferece?


Estádios e ginásios esportivos: 02
Museus: 04
Teatro ou salas de espetáculo: 04
Cinemas: 02

► Todos mantidos com recursos do poder publico municipal.


Cadastramento familiar e territorial: finalidade e instrumentos

O inicio das atividades da equipe do PSF é marcado pelo cadastramento da


clientela, processo que permite a criação de vínculos entre as equipes e as famílias, a
identificação dos fatores relacionados às condições de saúde local e da esfera onde
as suas ações e de outros setores - como habitação e saneamento - serão
necessárias.

Utiliza-se, para cada família, uma ficha de cadastro contendo as seguintes


informações:

Cadastro

Dados demográficos – nome, data de nascimento, idade e sexo

Endereço - fundamental para que a equipe se organize no planejamento dos


segmentos territoriais a assistir

Dados socioeconômicos - escolaridade, ocupação, meios de transporte


utilizados

Dados socioculturais - religião, meios de comunicação utilizados, participação


em grupos comunitários

Dados sobre o meio ambiente - sistema de coleta de lixo, fonte de água para
consumo, tipo de casa, tratamento de água no domicílio, destino de dejetos

Dados de morbidade - presença de indivíduos portadores de doenças ou


condições especiais, serviços utilizados em caso de doença, aquisição de
plano de saúde

O resultado final das informações coletadas no período de cadastramento é


denominado diagnóstico de vida e saúde das comunidades, pois permite
estabelecer as prioridades dentre os problemas detectados. Esse diagnóstico deve ser
construído pela equipe, em conjunto com as famílias, permitindo a percepção dos
fatores de risco que determinarão a prioridade de intervenção das equipes, através da
elaboração de um plano para seu enfrentamento. Este plano de enfrentamento é na
realidade, um processo de trabalho elaborado com objetivos baseados nas
necessidades da comunidade e nas possibilidades da própria equipe.

A visita domiciliar garante o vínculo e o acesso da equipe de saúde ao contexto


familiar e social dos assistidos e destaca-se como uma atividade que permite
acompanhar regularmente a saúde da família, prestar ou supervisionar cuidados e
identificar, no domicílio e nas dinâmicas e relacionamentos do grupo familiar, os
fatores que poderão auxiliar na determinação do processo saúde-doença.
saúde doença. Usualmente
a família interpreta
nterpreta a visita domiciliar como uma atenção diferenciada por parte do
serviço de saúde.

A visita domiciliar reúne um conjunto de ações de saúde voltadas para


aspectos educativos e assistenciais, devendo ser planejada de acordo com as
necessidades de cada
ada família.

Durante sua realização, a equipe do PSF consegue observar e identificar


hábitos de vida que devem ser discutidos, estimulados ou desaconselhados,
favorecendo a manutenção da saúde dos integrantes da família assistida.

Os pressupostos que orientam


or a VD são:
Uma VD deve compreender um conjunto de ações sistematizadas, que se
iniciam antes e continuam após o ato de visitar o usuário no domicílio:

• A execução da VD pressupõe o uso das técnicas de entrevista e de


observação sistematizada;
• A realização
lização da VD requer um profissional habilitado e com capacitação
específica;
• Naa elaboração dos objetivos da VD, é necessário considerar os limites e as
possibilidades do saber específico do profissional/técnico que a executará;
executará
• A relação entre o profissional
profissional e o usuário deve estar pautada nos princípios da
participação, da responsabilidade compartilhada, do respeito mútuo (crenças e
valores relacionados ao processo saúde-doença)
saúde doença) e da construção conjunta da
intervenção
venção no processo saúde-doença;
saúde
• Considerarr no planejamento eventuais diferenças socioculturais e educacionais
entre os profissionais e os usuários dos Serviços de Saúde;
• A intervenção no processo saúde-doença
saúde doença pode ou não ser uma ação integrante
da VD.

Descrição da técnica de VD

Etapas da VD
registro de avaliação do
planejamento execução
dados processo
Planejamento
Um planejamento bem elaborado aumenta a possibilidade de êxito: o ACS
preparado terá clareza e segurança na visita atingindo o rendimento desejável para a
atividade.

O planejamento inicia-se com a seleção das visitas, segundo os critérios


estabelecidos pela equipe de saúde. É importante considerar o itinerário, o tempo a
ser gasto em cada casa e o horário disponível do ACS e do usuário.

Executar primeiro as VDs mais rápidas e deixar por último aquelas que
necessitam de um contato mais prolongado, como é o caso das doenças
transmissíveis.

É importante estabelecer os objetivos da VD, pois irão orientar a revisão de


conhecimentos necessária para embasar a entrevista com o usuário e a observação
no domicílio. A busca de conhecimento necessário para o sucesso da VD pode ser
realizado através de leitura bibliográfica ou de outras fontes de informação, como
consulta aos demais membros da unidade.

Posteriormente, inicia-se a captação da realidade de vida e saúde do usuário e


dos seus familiares através da leitura do prontuário e da troca de informações com os
profissionais que já tiveram contato com algum membro da família, a fim de selecionar
os dados essenciais e pertinentes aos objetivos da visita.

A cada etapa realizada, preencher o impresso utilizado


na realização da VD, que deve conter: número de cadastro da
família, quem realizou a VD, nome do(s) usuário(s), endereço,
objetivos e dados coletados previamente. Se possível, entrar em
contato com o usuário antes da realização da VD para agendar
a data e o horário.

A execução da VD
O ACS deve tomar cuidados para que a visita alcance a finalidade esperada.
• Deve adaptar o plano da VD, no caso de ocorrerem interferências durante sua
realização que possam prejudicar o alcance dos objetivos, para que na medida
do possível as necessidades da família ali explicitadas possam ser atendidas.
• Quando chegar ao domicílio o ACS deve identificar-se (nome e função) e
expressar de maneira informal, mas, com clareza os objetivos da visita de
forma cordial, evitando os extremos da formalidade e da intimidade no contato
com os usuários.
• Após a apresentação iniciar a entrevista ou executar os procedimentos
previstos, segundo os objetivos propostos para a VD. Se a VD tiver como
objetivo a coleta de dados, deve-se explicar o motivo da anotação das
informações e destacar o caráter sigiloso do registro.
• Durante a VD, realizar a observação sistematizada da dinâmica da família e ao
término, o profissional deve resgatar os seus objetivos e fazer uma síntese do
que foi realizado para a família.
Relatório da VD
O ACS, deve elaborar um relatório sobre a VD e anexá-lo ao prontuário do
usuário. Ele é essencial para que as informações coletadas através da entrevista ou
da observação sejam compartilhadas com os membros da equipe e para que não se
percam ao longo do tempo, fundamentando a continuidade da assistência à família.

O relatório deve ser claro, objetivo, sintético, ter uma seqüência lógica, ser
iniciado com as informações colhidas, seguido das observações feitas e, por fim, as
intervenções realizadas. Deve informar as necessidades da família, tanto as relatadas
por ela, quanto as que foram detectadas pelo ACS. Também deve registrar aspectos
que precisam ser explorados no próximo contato com a família.

Enfim, deve conter uma síntese das informações coletadas, das observações e
das intervenções realizadas. O relatório deve contemplar a avaliação da VD, que deve
ser feita tendo como referência os objetivos propostos inicialmente.

O relatório deve ser apresentado à equipe, que tomará as providências


necessárias para dar continuidade à assistência à família.

Avaliação do processo da VD
A avaliação é necessária para que a equipe estabeleça o plano operacional da
assistência à família visitada e também, para que o ACS possa fazer uma auto-
avaliação baseada na realização da VD. Ou seja, verificar se os pressupostos de uma
VD foram contemplados.

Sistema de informação da Atenção Básica (SIAB)

O cadastramento proverá a alimentação do banco de dados do Sistema de


Informações sobre Ações Básicas (SIAB). O SIAB é um sistema de informação
territorializado, cujos dados são coletados em âmbito domiciliar e em unidades básicas
nas áreas cobertas pelo Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) e
Saúde da Família (PSF). Estas informações permitem avaliar os resultados obtidos
com o desenvolvimento de atividades das equipes do PSF e estudar as características
das pessoas, dos domicílios e das condições de saneamento em que vivem as
famílias sob responsabilidade das equipes.

Os cadastros de famílias e pessoas, reproduzem as condições de moradia e


saneamento, situação de saúde, o acompanhamento de crianças, gestantes, pessoas
com hipertensão, diabetes, tuberculose e hanseníase, hospitalizações e óbitos
ocorridos no território, produção e composição das equipes de saúde. Estas
informações permitem avaliar os resultados obtidos com o desenvolvimento de
atividades das equipes do PSF e estudar as características das pessoas, dos
domicílios e das condições de saneamento em que vivem as famílias sob
responsabilidade das equipes.

O SIAB elenca um grande número de indicadores, permitindo o mapeamento


da situação sócio-sanitária e do perfil epidemiológico, e o acompanhamento das ações
de saúde desenvolvidas, assim como a avaliação do alcance das metas programadas,
a satisfação da equipe de saúde da família e dos usuários e alterações efetivas no
modelo assistencial.

Os principais instrumentos de coleta do SIAB


Ficha de cadastro das famílias e levantamento de dados sócio-sanitários,
preenchida pelo agente comunitário de saúde (ACS) no momento do
cadastramento das famílias, sendo atualizada permanentemente.

Fichas de acompanhamento de grupos de risco e de problemas de saúde


prioritários, preenchidas mensalmente pelos agentes comunitários de saúde,
no momento de realização das visitas domiciliares.

Fichas de registro de atividades, procedimentos e notificações, produzidas


mensalmente por todos os profissionais das equipes de saúde. Os dados
gerados através das fichas de coleta são, em grande parte, agregados, e
alguns deles são consolidados antes de serem lançados no programa
informatizado. Uma vez processados os dados, são produzidos os relatórios
de indicadores do SIAB.

Interpretação demográfica
Como já vimos, é extremamente importante para que haja um bom trabalho em
saúde coletiva o reconhecimento do território no qual a equipe de saúde atua, mas não
se trata apenas de coletar informações, esses dados são fundamentais para a
construção dos perfis epidemiológicos, bem como para o planejamento das ações
programáticas mais necessárias.

Interpretação demográfica é a análise dos dados estatísticos com o objetivo de


esclarecer questões pertinentes a uma determinada região geográfica, cujo objetivo é
estabelecer uma linha de atuação específica para a área analisada.

A demografia é uma ciência importante para a saúde pública, entre outras


razões por fornecer conceitos e medidas fundamentais sobre a saúde em sua
dimensão populacional.

Alguns indicadores demográficos são usualmente analisados como indicadores


imediatos das condições de saúde: é o caso da mortalidade geral e infantil, bem como
da esperança de vida ao nascer.

Outros, como a fecundidade e a urbanização, são tidos como estreitamente


vinculados a essas condições. A estrutura etária da população, por outro lado, é
reconhecida como uma variável fundamental que afeta a demanda por serviços de
saúde e determina necessidades de resposta desse sistema, com maior ou menor
grau de complexidade técnica.
A compreensão demográfica da saúde está relacionada com a maior sobrevida
do conjunto de uma população, em oposição à morte precoce dos indivíduos que a
compõem, e como prolongamento progressivo do número de anos vividos.

Conceito de territorialização, micro-área e área de abrangência


Territorialização
Uma das questões fundamentais para o entendimento do processo saúde-
doença é o conhecimento do território em suas singularidades.

A Territorialização é um dos princípios básicos do atendimento e da


organização do processo de trabalho em Saúde da Família, pois diz respeito à
compreensão do espaço de atuação dos profissionais de saúde da família, bem como
da dinâmica social e sanitária.

A partir de delimitação do Território da área de abrangência de cada Unidade


Básica de Saúde da Família será possível identificar os principais problemas de saúde
que afetam a comunidade, analisar e compreender os principais agravos da
população, permitindo elaborar diagnóstico e avaliação permanentes, bem como
planejar e desenvolver ações de saúde coerentes com a realidade vivida por essa
população.

O território é mais do que simplesmente o espaço físico, ou seja a delimitação


geográfica, é o território econômico, político, cultural e epidemiológico. O território que
diz respeito à saúde, denominado território sanitário ou distrito sanitário, normalmente
coincide com o espaço de um município, obedecendo à lógica político-administrativa
do mesmo.

A coincidência dos distritos sanitários com territórios político-administrativos


previamente delimitados apresenta, dentre outras, a vantagem da possibilitação de
uma integração da autoridade sanitária com responsáveis por outros setores,
contribuindo para a facilitação de uma ação intersetorial. A disciplina que subsidia a
delimitação deste território é o planejamento urbano e seu objeto é o administrativo-
assistencial, uma vez que o distrito sanitário institui-se, nesse espaço, como
organização administrativa voltada para a mudança das práticas sanitárias.

Área de abrangência
Área de abrangência é um determinado território ou espaço físico delimitado
em que atua uma unidade ambulatorial de saúde e delimita-se em função do fluxo e
contra fluxo de trabalhadores de saúde e da população num determinado espaço
físico.

A lógica de sua estruturação é a constatação de barreiras geográficas


impeditivas de uma livre circulação. Importam a dimensão dos recursos existentes
para uma dada população e a distância-tempo de demanda da população ao
ambulatório.
O critério de delimitação da área de abrangência é a geografia humana, e seu
objeto, similarmente ao distrito sanitário// território político-administrativo está definido
com base em critérios administrativos e assistenciais, uma vez que há uma unidade de
direção no nível da unidade ambulatorial com autoridade sanitária sobre seu território
e uma população adscrita que deve receber serviços de saúde dessa unidade e com
ela interagir.

A área de abrangência é um território de determinação da co-responsabilidade


pela saúde naquele espaço entre população e serviço, mas, também, um espaço de
organização básica da prática da atenção à demanda.

Micro-Área
A micro-área é uma subdivisão da área de abrangência, impõe-se na medida
em que os problemas de saúde não se distribuem de forma simétrica na área de
abrangência, tendendo, ao contrário, a discriminarem-se de forma negativa naquele
espaço.

A micro-área é definida segundo a lógica da homogeneidade socioeconômico-


sanitária, isto é, a identificação de espaços onde se concentram grupos populacionais
mais ou menos homogêneos de acordo com suas condições objetivas de existência.
Esse território está próximo ao conceito de “áreas homogêneas de risco”.

A disciplina central para a caracterização da micro-área é a epidemiologia, com


apoio da economia, da sociologia e da antropologia, na identificação e análise das
condições de vida e saúde e dos distintos grupos populacionais.

A Micro-área é o espaço privilegiado para o enfrentamento dos problemas de


saúde, de forma contínua, através de operações direcionadas à superação dos
problemas críticos identificados pela equipe de PSF. Dessa maneira, poder-se-á atuar
sobre as causas dos problemas através de operações de discriminação positiva. Ou
seja, os recursos e serviços disponíveis na área de abrangência são investidos,
preferencialmente, na intervenção continuada no espaço das micro-áreas onde se
concentram os problemas de saúde.

Indicadores epidemiológicos

A vigilância epidemiológica no Brasil

Conforme informações do site do Ministério da Saúde: “O Brasil coleciona


vitórias importantes na saúde coletiva, como a erradicação da poliomielite desde 1989,
a interrupção da circulação autóctone do vírus do sarampo, a partir de 2000, e da
transmissão vetorial doença da Chagas pelo T. infestans. Há boas perspectivas de
eliminação do tétano neonatal, da raiva humana transmitida
por animais domésticos e, com a realização da grande
campanha de vacinação realizada em 2008, da rubéola e
da síndrome da rubéola congênita. No conjunto, as doenças
imunopreveníveis vêm tendo uma redução de casos e
mortes de 153 mil casos para 1.268 e de 5.500 para 140
óbitos, desde 1980.
Outro avanço é a redução de 24% de casos de malária na Amazônia Legal, no período
de 2005 a 2007, passando de 603.026 para 457.466 casos na região que concentra
99,9% da transmissão da malária no Brasil.

Em relação à Aids, o país tem uma epidemia estabilizada desde o ano de 2000,
principalmente nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. No Norte e Nordeste, a
tendência é de crescimento. Apesar de o Brasil ter cerca de um terço de todas as
pessoas com HIV da América Latina, o acesso aos serviços de prevenção e o
tratamento adequado possibilitaram a estabilização da epidemia. O acesso universal à
terapia anti-retroviral no país é responsável pela diminuição da taxa de mortalidade de
9,6 em 1996 para 6 por 100mil habitantes em 2005. Com o acesso à terapia anti-
retroviral, estima-se que mais de 1,3 milhão de internações foram evitadas no período
de 1997 a 2007”.

Como define a Lei Orgânica da Saúde (Lei 8.080/90), a vigilância


epidemiológica é "o conjunto de atividades que permite reunir a informação
indispensável para conhecer, a qualquer momento, o comportamento ou história
natural das doenças, bem como detectar ou prever alterações de seus fatores
condicionantes, com o fim de recomendar oportunamente, sobre bases firmes, as
medidas indicadas e eficientes que levem à prevenção e ao controle de determinadas
doenças".

No âmbito do SNVE, a Secretaria de Vigilância em Saúde - SVS define normas


e procedimentos técnicos e diretrizes operacionais, além de promover a cooperação
técnica e assessorar as Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde. Também
promove a cooperação técnica com organismos internacionais correlatos.

A Secretaria de Vigilância em Saúde - SVS trabalha para a promoção e


disseminação do uso da metodologia epidemiológica em todos os níveis do Sistema
Único de Saúde (SUS). Objetiva o estabelecimento de sistemas de informação e
análises que permitam o monitoramento do quadro sanitário do país e subsidiem a
formulação, implementação e avaliação das ações de prevenção e controle de
doenças e agravos, a definição de prioridades e a organização dos serviços e ações
de saúde.

Para que as informações necessárias à adoção de medidas pertinentes,


relacionadas ao controle e prevenção de doenças, pudessem ser atualizadas
constantemente, surgiram os serviços de vigilância epidemiológica, cujo objetivo é
desenvolver atividades de coleta e análise de dados, determinando, assim, as
medidas a serem aplicadas ao ambiente e aos doentes ou às pessoas em risco de
adoecer.

Os indicadores epidemiológicos expressam a relação entre o subconjunto de


doentes (ou óbitos por uma dada doença, ou sujeitos portadores de uma condição
relacionada à saúde) e o conjunto de membros da população.

Esta relação equivale ao cálculo da probabilidade de uma ocorrência, ou seja,


constitui a expressão mais geral e simplificada do risco.
Subconjuntos da morbimortalidade

P – Base Populacional do Risco


E – Subconjunto de Exposição
I – Subconjunto de Infectados
D – Subconjunto da Doença
G – Subconjunto de casos Graves
O – Subconjunto de Óbitos

Indicadores Epidemiológicos
Macroindicadores – aqueles cujos denominadores se referem à base populacional
plena P. (TAXA)
Microindicadores – aqueles que tomam como denominador qualquer dos subconjuntos
hierarquicamente inferiores a P. (COEFICIENTE)

Indicadores Epidemiológicos
Mortalidade = O/P
Incidência (e prevalência) de doença = D/P
Incidência (e prevalência) de infecção = I/P
Patogenicidade = D/I
Virulência = G/D
Letalidade = O/D

Morbidade
Refere-se a uma população predefinida, com clara localização espacial,
intervalo de tempo e abrangência do estudo

º 
 
 
ç
 

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Prevalência
escreve a força com que subsistem as doenças na coletividade. É um
Descreve
indicador de morbidade.

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Incidência
Significa
ignifica a ocorrência de casos novos relacionados à unidade de intervalo de
tempo, dia, semana, mês ou ano. ano É a intensidade com que estão surgindo novos
doentes em uma determinada população. Para efeito de estudo comparativo de
incidência de doenças numa mesma população em épocas diferentes, ou em
populações diversas numa mesma época, usa-se
usa se o coeficiente de incidência.

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Coeficiente de Ataque
Incidência referida a uma população específica ou a um grupo bem definido de
pessoas, limitadas a um período de tempo de dias ou semanas e localizadas em uma
área restrita.

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Relação entre Prevalência e Incidência


A prevalência P varia proporcionalmente com o produto da incidência I pela
duração D.
1 = 2/4
2 = 1/4
4 = 1/2
Mortalidade
Quocientes
ientes entre freqüências absolutas
absolu de óbitos e número de sujeitos
expostos
postos ao risco de morrer = O/P

Taxa de Mortalidade Geral (TMG)

Taxa de Mortalidade Específica (TMG)


Coeficiente de Mortalidadede Infantil
CMI – é calculado dividindo-se
dividindo se o número de óbitos de crianças menores de um
ano pelos nascidos vivos naquele ano, em uma determinada área, e o resultado é
multiplicado por 1000.

Mortalidade Neonatal = óbitos com menos de 28 dias de nascimento.

Mortalidade Pós-neonatal
neonatal = óbitos entre 28 dias de nascimento e 1 ano de
vida.

Coeficiente de Letalidade
Permite avaliar a gravidade de uma doença,
d considerando-se
se as variáveis:
variáveis
idade, sexo, condições socioeconômicas da região onde ocorre.

A razão entre o número de óbitos devidos a determinada patologia e o total de


pessoas que foram realmente acometidos pela doença.

Esperança de vida
Indicadores de duração média da vida, calculados com base na expectativa de
mortalidade acumulada em toda a escala etária.
Designa o número médio de anos que ainda restam para serem vividos pelos
indivíduos que sobrevivem até a idade considerada, pressupondo-se
pressupondo se que as
probabilidades de morte que serviram para o cálculo continuem as mesmas.

Indicadores compostos
Anos de Vida Ajustados por Qualidade de Vida (AVAQ) – conceito de qualidade de
vida ligada à saúde.

Anos de Vida Perdidos por Incapacidade (AVPI) – metodologia destinada a medir a


carga global de doença.

Técnicas de levantamento das condições de vida e de


saúde/doenças da população
A informação é fundamental para a democratização da Saúde e o
aprimoramento de sua gestão. A informatização das atividades do Sistema Único de
Saúde (SUS), dentro tro de diretrizes tecnológicas adequadas, é essencial para a
descentralização das atividades de saúde e viabilização e controle social sobre a
utilização dos recursos disponíveis.
Entretanto, para que a vigilância epidemiológica possa propor ações de
prevenção e controle a partir do estudo do comportamento das doenças e agravos à
população, é importante seguir algumas etapas:

Coleta de dados
Consiste em buscar junto às fontes de dados (população, imprensa, serviços
de saúde, escolas, creches, presídios e indústrias) as informações relevantes que
possam colaborar na identificação de situações de risco.

Os dados podem ser agrupados como demográficos e ambientais, de


morbidade e mortalidade. As informações obtidas sobre casos de doenças, agravos e
epidemias devem ser consideradas somente após prévia investigação para confirmar
ou descartar o caso, pois muitas vezes sua divulgação, além de assustar a população,
tem origem duvidosa;

Processamento dos dados


Significa reunir todos os dados coletados e agrupá-los de acordo com seu grau de
importância e relevância.

As informações são organizadas em gráficos, quadros e tabelas, para


permitirem melhor visualização dos problemas e seus determinantes. Geralmente, são
ordenadas em ordem de ocorrência e separadas por mês, bairro de moradia do
doente, unidade que notificou a suspeita do caso e região do município, estado e país.

Análise dos dados


Busca interpretar as informações coletadas, procurando estabelecer as
relações causais. Sua realização permite que os responsáveis pela vigilância
epidemiológica relacionem os determinantes de doenças e agravos.

Recomendação de medidas de controle e prevenção


Aponta que precauções podem ser recomendadas no controle e prevenção da
ocorrência da doença. As campanhas de vacinação, as campanhas educativas
disseminadas pela televisão e na escola, a campanha de controle do diabetes, etc.

Promoção das ações de controle e prevenção


Consiste em planejar e executar ações como vacinações, tratamento dos doentes,
controle do ambiente, divulgação de informações sobre precauções para transmissão
de doenças.

Avaliação da eficácia das medidas


É a análise dos resultados das ações, visando identificar se as metas
propostas foram alcançadas e avaliar seu impacto na saúde coletiva, por meio dos
indicadores de saúde.

DATASUS
O DATASUS disponibiliza informações que poderão servir de subsídios para:
análise objetiva da situação sanitária, tomada de decisões baseadas em evidências e
programação de ações de saúde. A mensuração do estado de saúde da população é
usual em saúde pública
Com os avanços no controle das doenças infecciosas - informações
epidemiológicas e morbidade - e com a melhor compreensão do conceito de saúde e
de seus determinantes populacionais, a análise da situação sanitária passou a
incorporar outras dimensões do estado de saúde.

Dados de morbidade, incapacidade, acesso a serviços, qualidade da atenção,


condições de vida e fatores ambientais passaram a ser medidas utilizadas na
construção de indicadores de saúde, que geram informações relevantes para a
quantificação e a avaliação das informações em saúde.

O DATASUS também divulga informações sobre assistência a saúde da


população, os cadastros (rede assistencial) das redes hospitalares e ambulatoriais, o
cadastro dos estabelecimentos de saúde, além de informações sobre recursos
financeiros e informações demográficas e socioeconômicas.

Cadernos de Informações de Saúde


Os cadernos de Informações de Saúde consistem de planilhas contendo
indicadores disponibilizados pelas diversas bases de dados do Ministério da Saúde.

Critérios operacionais para definição de prioridades:


indicadores sócio-econômicos, culturais epidemiológicos.
Indicadores sócio-econômicos
São oito indicadores que subdividem-se em duas categorias: dois deles tem
caráter demográfico e seis tem caráter sócio-econômico.

Demográficos
Densidade (hab/área urbanizada)
Distribuição por faixa etária

Sócio-econômicos
Renda média (salários mínimos)
Taxa de emprego (E/P)
Distribuição da população por faixas salariais (SM)
Padrão residencial (vertical/horizontal)
Empregos por setor de atividade
Escolaridade

Indicadores Epidemiológicos

O objetivo da epidemiologia é produzir conhecimento capaz de promover a


saúde individual através do alcance coletivo. É através dos dados referentes a morte,
doença, fatores de degradação entre outros que estabelece-se o controle e a
prevenção. Conforme já vimos são indicadores epidemiológicos: a morbidade, a
mortalidade, a incidência, a prevalência, a letalidade, a patogenidade e a virulência.

Conceitos de eficácia, eficiência e efetividade em saúde


coletiva
A situação da Saúde do município deve ser analisada por meio dos indicadores
de gastos considerando a efetividade, eficiência e eficácia do planejamento dos gastos
em saúde. Desta forma, os reflexos serão observados nos indicadores
epidemiológicos e nos aspectos já apontados das ações desenvolvidas no campo da
saúde coletiva.

A efetividade diz respeito à capacidade de se promover resultados pretendidos.


Tratando-se de programas sociais, diria respeito à implementação e ao aprimoramento
de objetivos, independentemente das insuficiências de orientação e das falhas de
especificação rigorosa dos objetivos iniciais declarados do programa.

Os programas ou as organizações são efetivos quando seus critérios


decisórios e suas realizações apontam para a permanência, estruturam objetivos
verdadeiros e constroem regras de conduta confiáveis e dotadas de credibilidade para
quem integra a organização e para seu ambiente de atuação.

A eficiência traduz a competência para se produzir resultados com gasto


mínimo de recursos e esforços, dados que, por sua vez, remetem à avaliação para
considerações de benefício e custo dos programas sociais, ou seja, os investimentos
que foram mobilizados devem produzir os efeitos desejados.

A eficácia diz respeito às condições controladas e aos resultados desejados em


contrapartida aos esforços depreendidos. Programas sociais regem-se, também, por
objetivos de eficácia, uma vez que, se espera que os investimentos que mobilizam
devem produzir os efeitos desejados.

Entendemos que os programas sociais serão eficazes somente se forem antes


efetivos e eficientes, pois os objetivos pretendidos destes também são estruturados
pela condução e objetivos efetivos dos programas.

Estratégia de avaliação em saúde: conceitos, tipos,


instrumentos e técnicas
Como já estudamos anteriormente no capítulo “Indicadores epidemiológicos” e
“Técnicas de levantamento das condições de vida e de saúde/doenças da população”,
para o planejamento eficaz de ações de prevenção e controle de doenças e agravos, é
importante conhecer o perfil dos problemas de saúde da população assistida e das
doenças apresentadas.
É necessário que o estudo de dados estatísticos referentes as doenças
doen que
mais acometem a população, das que mais matam e quantas pessoas morrem. Para o
conhecimento de aspectos de saúde não diretamente observáveis foram criados os
indicadores de saúde, que representam e tentam aferir os aspectos normalmente não
percebidos.
os. Dentre outros importantes componentes da estrutura de assistência à
população, esses indicadores orientarão o processo de planejamento em saúde, a
organização dos serviços de atenção e a determinação do número de leitos
hospitalares necessários para determinada
de região.

Vimos que a morbidade refere-se


refere se ao comportamento das doenças numa
população exposta ao adoecimento. Seus índices permitem conhecer que doenças
existem habitualmente na área, no período e na população estudada (prevalência), e
quais os novos
vos casos das doenças na mesma área, período e população (incidência).
Assim,, a quantidade de casos de uma doença também permite estimar sua
importância para aquela população. Estão relacionados à morbidade os termos: surto,
endemia, epidemia e pandemia.

Surto é um aumento repentino do número de casos, dentro de limites muito restritos,


como uma série de casos de rubéola em uma creche, vários indivíduos com
conjuntivite em um quartel ou vários bebês com infecção respiratória em um berçário
de hospital. Também
bém pode ser assim considerado o aumento do número de casos de
uma doença em uma área específica, considerada livre da mesma. Por exemplo, um
único caso de poliomielite no Brasil seria suficiente para configurar um surto;

Endemia é a ocorrência de certo número


n de casos controlados em determinada
região;

Epidemia é o aumento do número de casos de determinada doença, muito acima do


esperado e não delimitado a uma região;

Pandemia
Compreende
ompreende um número de casos de doença acima do esperado, sem
respeitar limites
ites entre países ou continentes.Os exemplos mais atuais são a AIDS e a
tuberculose.

Mortalidade
A mortalidade é definida como a relação entre o número de óbitos e o número
de pessoas expostas ao risco de morrer. Dados esses que podem ser agrupados por
características
aracterísticas como sexo, idade, estado civil, causa
lugar, condição, dentre outras. Os óbitos ocorridos
podem estar classificados segundo a associação
as de
duas ou mais dessas características.

Letalidade
Permite conhecer a gravidade de uma doença,
considerando-se seu maior ou menor poder para causar
a morte. A determinação da letalidade de certas
doenças permite avaliar a eficácia de estratégias e
terapias implementadas.
Por exemplo, espera-se que a vacina anti-sarampo reduza o número de
complicações e óbitos decorrentes da doença. Se há muitos óbitos causados pelo
sarampo, isto significa que as crianças não estão tendo acesso à estratégia de
vacinação ou que a vacina não está desempenhando adequadamente seu papel na
proteção à saúde.

Para que se possa avaliar o significado dos indicadores e compará-los frente a


populações diferentes sem que haja distorção das informações, eles são calculados,
conforme já vimos em outros capítulos, por meio de taxas, índices e coeficientes, e
expressos em porcentagens. Traduzem, muitas vezes, as condições socioeconômicas
e sanitárias locais, pois estão intimamente relacionados com as condições de vida e
saúde da população.

Conceitos e critérios de qualidade da atenção à saúde:


acessibilidade, humanização do cuidado, satisfação do usuário
e do trabalhador, equidade, outros.
Como desafios institucionais para expandir e qualificar a atenção básica
no contexto brasileiro destaca-se:

a expansão e estruturação de uma rede unidades básicas de saúde que


permitam a atuação das equipes na proposta da saúde da família;
a contínua revisão dos processos de trabalho das equipes de saúde da
família com reforço as estruturas gerenciais nos municípios e estados;
a elaboração de protocolos assistenciais integrados (promoção,
prevenção, recuperação e reabilitação) dirigidos aos problemas mais
freqüentes do estado de saúde da população, com indicação da
continuidade da atenção, sob a lógica da regionalização, flexíveis em
função dos contextos estaduais, municipais e locais;
ações que visem o fortalecimento das estruturas gerenciais nos
municípios e estados com vistas a: programação da atenção básica,
supervisão das equipes, supervisão dos municípios, supervisão regional,
uso das informações para a tomada de decisão;
revisão dos processos de formação. educação em saúde com ênfase na
educação permanente das equipes, coordenações e gestores;
a definição de mecanismos de financiamento que contribuam para a
redução das desigualdades regionais e para uma melhor
proporcionalidade entre os três níveis de atenção;
a institucionalização de processos de acompanhamento, monitoramento
e avaliação da atenção básica;
ações articuladas com as instituições formadoras para promover
mudanças na graduação e pós-graduação dos profissionais de saúde, de
modo a responder aos desafios postos pela expansão e qualificação da
atenção básica, incluindo aí a articulação com os demais níveis de
atenção.
Responsabilidades das Esferas Gestoras em Atenção Básica

Federal
Elaborar as diretrizes da política nacional de atenção básica;
Co-financiar o sistema de atenção básica;
Ordenar a formação de recursos humanos;
Propor mecanismos para a programação, controle, regulação e avaliação da atenção
básica;
Manter as bases de dados nacionais.

Estadual
Acompanhar a implantação e execução das ações de atenção básica em seu território;
Regular as relações inter-municipais;
Coordenar a execução das políticas de qualificação de recursos humanos em seu
território;
Co-financiar as ações de atenção básica;
Auxiliar na execução das estratégias de avaliação da atenção básica em seu território.

Municipal
Definir e implantar o modelo de atenção básica em seu território;
Contratualizar o trabalho em atenção básica;
Manter a rede de unidades básicas de saúde em funcionamento (gestão e gerência);
Co-financiar as ações de atenção básica;
Alimentar os sistemas de informação;
Avaliar o desempenho das equipes de atenção básica sob sua supervisão.

Sistema de informação em saúde


Os ambulatórios, unidades básicas de saúde e hospitais representam
importantes fontes de informação para a realização da vigilância epidemiológica, em
virtude de prestarem assistência direta à maioria da população.

Este contato direto com a população faz com que realizem com maior
freqüência a notificação. Notificação é a comunicação da ocorrência de determinada
doença ou agravo à saúde, feita à autoridade sanitária por profissionais de saúde ou
qualquer cidadão.

A notificação é essencial para o efetivo conhecimento da realidade vivida pela


população assistida, bem como para a adoção de medidas de intervenção pertinentes,
sendo importante seu registro e divulgação.

Infelizmente muitos profissionais não dão a devida importância a essa prática


na determinação das condições sanitárias populacionais, provocando, assim, o
fenômeno da subnotificação. Ocorre subnotificação quando o número de registros de
ocorrência de casos de doenças é menor do que o realmente ocorrido. Isso impede
ou atrasa o poder público nas decisões referentes ao atendimento às reais
necessidades da população.
Com o objetivo de sanar as falhas causadas pela ausência de notificação de
doenças de grande impacto coletivo, foi criada uma lista de doenças de notificação
obrigatória em todo o território nacional, lista esta que deve ser periodicamente
atualizada.

A lista de doenças de notificação compulsória, é atualmente constituída apenas


por doenças transmissíveis, o que é bastante questionável, em vista do crescente
aumento do número de pessoas acometidas por doenças crônicas não-transmissíveis
e provocadas por causas externas, gerando doença e morte.

Estados e municípios podem incluir novas doenças na lista, para isso devem
estar presente os pressupostos que permitem o uso desta prerrogativa que são:
estarem claramente definidos os objetivos da notificação, os instrumentos e o fluxo de
informação.

Da mesma forma, é freqüente o fato de que muitos profissionais de saúde


deixam de notificar os acidentes de trabalho. Ao se omitirem criam dados positivos
falsos deixando de contribuir com o planejamento das atividades de educação
continuada das equipes.

Na ausência, por parte dos profissionais ou a população, das notificações das


doenças ou agravos aos serviços de saúde (centros ou postos de saúde) criam-se
falsas expectativas de diminuição de casos de doença ou acidente o que pode causar
sérios danos, como por exemplo a suspensão de um serviço ou programa de saúde
que na realidade ainda é necessário.

Outras importantes fontes de dados e de notificação são os sistemas nacionais


de informação. O banco de dados pode ser alimentado por outras fontes e
documentos como boletins de produção ambulatorial, atestados de óbito, declarações
de nascidos vivos, prontuários dos clientes ou autorizações para internação hospitalar,
por exemplo. Tais documentos irão contribuir para a avaliação de alguns indicadores
de saúde da população, sendo fundamentais para a determinação das prioridades
assistenciais.

Sistema Nacional de Agravos de Notificação (SINAN)


que reúne todas as informações relativas aos agravos de notificação, alimentado pelas
notificações compulsórias - existem outros sistemas de informações de interesse para
a vigilância epidemiológica, dentre os quais se destacam:

Sistema de Informações de Mortalidade (SIM)


reúne os dados relativos aos óbitos ocorridos. Alimentado pelos atestados de óbito
emitidos, possibilita o conhecimento da distribuição dos óbitos por faixa etária, sexo,
causa e outras informações – variáveis de acordo com o interesse da consulta;

Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC)


permite conhecer quantas crianças nascem por ano e por região, bem como as
características ligadas à saúde da mãe (idade gestacional, por exemplo) e do recém-
nascido (presença de malformações congênitas ao nascer), apontando que
necessidades assistenciais devem ser atendidas na região dos nascimentos para
melhorar a qualidade da assistência pré-natal e à criança;

Sistema de Informações Hospitalares (SIH)


reúne informações sobre a assistência prestada pelos hospitais. É alimentado
principalmente pelos dados contidos nas autorizações de internações hospitalares e
pelos relatos contidos nos prontuários dos pacientes. É importantíssimo para a
definição do perfil epidemiológico da população assistida, pois muitos doentes
hospitalizados não chegam a ser assistidos nas unidades básicas de saúde, principal
fonte de notificação dos serviços de epidemiologia locais;

Sistema de Informações Ambulatoriais (SIA)


reúne as informações obtidas com os atendimentos ambulatoriais, seja em unidades
básicas de saúde, seja em hospitais. Permite, entre outros dados, verificar se todos os
atendidos em um ambulatório são moradores da região, indicando a falta de serviços
voltados para o atendimento das necessidades dos moradores que se deslocam de
muito longe para obter serviços de saúde;

Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN)


permite conhecer o perfil das condições nutricionais. As informações disponíveis
possibilitam constatar a ocorrência de desnutrição e sua distribuição, permitindo,
assim, a determinação de medidas que controlem e previnam sua ocorrência. Com o
aumento dos casos de doenças não-transmissíveis, assume importância na vigilância
sobre a obesidade, fator determinante de risco cardiovascular;

Sistema de Informações sobre Ações Básicas (SIAB)


criado mais recentemente, esse sistema destina-se a reunir informações acerca das
atividades desempenhadas em nível de atenção básica. É utilizado para medir o
impacto das ações básicas desenvolvidas, auxiliando na determinação das prioridades
e avaliação do que já foi feito pelas equipes dos Programas Saúde da Família e
Agentes Comunitários de Saúde (PSF e PACS).

Condições de risco social: violência, desemprego, infância


desprotegida, processos migratórios, analfabetismo, ausência
ou insuficiência de infra-estrutura básica, outros.
Relações excludentes – são situações que geram ou perpetuam a exclusão
social, como, dentre outras, o desemprego, o analfabetismo ou a escolarização
insuficiente, a falta de moradia.

Situações de violência

São situações de carência ou negação dos valores humanos fundamentais


como vida, liberdade e segurança. Trata-se de um problema social de grande
dimensão, atingindo de forma continuada, especialmente aqueles de maior
vulnerabilidade: crianças, adolescentes, mulheres, idosos e portadores de
deficiência/necessidades especiais. A vulnerabilidade designa grupos que tem
cotidianamente seus direitos humanos violados: saúde, educação, segurança,
moradia, lazer e alimentação.

aos
portadores de
deficiências

sexual
Situações doméstica

de
violência
exclusão
urbana
social

Violência Urbana:: o crescimento desenfreado das grandes cidades, a falta de


oportunidades, a decadência da estrutura familiar entre outros fatores, demandam
atitudes agressivas e coletivas para seu enfrentamento
enfrentamento por parte dos jovens.

Violência Doméstica:: a violência doméstica


doméstica pode ser definida como uma forma de d
violação dos direitos essenciais da pessoa no âmbito familiar. A violência doméstica se
distingue da familiar por incluir outros membros
membros do grupo sem relação parental, que
convivam no espaço doméstico.

Violência sexual:: a violência sexual se caracteriza por atos dessa natureza


na impostos
a uma criança, adolescente, adulto ou idoso sem condições de defesa por um
indivíduo que faz uso de seu poder físico ou hierárquico superior. Estes atos são
impostos através de violência física, ameaças ou induções. Este tipo
tipo de abuso inclui
desde práticas que não envolvam contato sexual às diferentes formas onde este
ocorre, com ou sem penetração.
penetração

Exclusão social:: é definida como a ruptura de vinculo nas dimensões sócio-familiar,


sócio
do trabalho, das representações culturais, da cidadania e da vida humana. Esta
situação pode ser exemplificada
exem pela permanência de grupo nas ruas ou em
condições sub humanas de moradia.
Estrutural

de resistência
Violência cultural

de
delinquência

Violência estrutural:: aquela que advém da conduta política do Estado e seus


governantes a privilegiarem alguns grupos em detrimento de outros, determinando as
desigualdades e produzindo a exclusão.

Violência cultural:: esta impressa na cultura de um povo, nos seus preconceitos e


valores, (racismo, machismo, religião, entre outros).

Violência de resistência:: manifestada


manifestada pelos grupos oprimidos e subjugados como
resposta a violência estrutural e cultural sofrida (negros, sem terra, homossexuais,
entre outros).

delinqüência expressa nass formas mais visíveis ao senso comum,


Violência de delinqüência:
como no crime contra o patrimônio,
patrimôn roubo, assalto, entre outros.

É importante fomentar a criação e participação


participação em grupos de apoio ou suporte,
como forma de tentar alterar ou minimizar as condições de risco de todos os tipos de
violência que possam influir na comunidade.

Promoção de saúde
úde conceitos e estratégias
A promoção da saúde é o processo de capacitação da comunidade para atuar
na melhoria de sua própria qualidade de vida e saúde, interferindo no processo
através do aumento de sua participação. Desta forma a população deixa de ser
apenas o alvo dos programas, passando a assumir uma posição atuante na definição
dos problemas a serem enfrentados. Amplia-se
Amplia a concepção de saúde referindo-se
referindo
não apenas aos seus determinantes, mas, também, à possibilidade de intervenções
que extrapolam o setor saúde.

Estratégias
1. Elaboração e implementação de políticas públicas saudáveis;
2. Criação de ambientes favoráveis à saúde;
3. Reforço para a ação comunitária;
4. Desenvolvimento de habilidades pessoais;
5. Reorientação dos sistemas e serviços de saúde.

Principais problemas de saúde da população e recursos


existentes para o enfrentamento dos problemas.
Um grande esforço que tende a melhorar as condições da saúde publica está
sendo feito, principalmente pelas prefeituras, para levar assitencia à saúde tanto aos
locais mais distantes da zona rural quanto aos mais pobres recantos das periferias
urbanas.

Porque então a dificuldade de atingir e sanar as questões


de saúde?

Os técnicos em saúde pública há muito


detectaram o ponto fraco do sistema: o baixo orçamento
nacional à saúde. Outro problema é a heterogeneidade
de gastos, prejudicando os Estados e os municípios, que
têm orçamentos mais generosos, pela migração de
doentes de locais onde os orçamentos são mais restritos.

Apesar da política pública de saúde buscar


avanços no Brasil, o modelo econômico adotado atua no
sentido inverso, ou seja, fortalece a concentração de riquezas e diminui o investimento
em áreas sociais, como a saúde e a educação.

Esse modelo gera, sem dúvida, inúmeras dificuldades para o alcance da


qualidade de vida das pessoas. As maiores vítimas da escassez de recursos
endereçados a saúde são justamente as famílias mais carentes, aquelas que não tem
nem mesmo como se deslocar em busca de atendimento.

O PACS e o PSF tem a imensa missão de minorarem as questões de saúde a


nível local, trabalhando em prol da promoção de saúde, buscando a prevenção com o
objetivo de desafogar os centros de referência de saúde pública que passarão dedicar
seus esforços para os casos mais graves.

Doenças preveníveis mediante vacinação

Hepatite B
Apenas para efeito de informação existem outros tipos de hepatite (A, B e C)
que estudaremos no momento oportuno.
O agente infeccioso da doença é o vírus
HBV, que infecta o homem, seu reservatório
natural. A transmissão ocorre por meio de solução
de continuidade da pele e/ou mucosas, em
contato com o sangue e outros fluidos corpóreos
(como sêmen, secreção vaginal e saliva) de
doente ou portador.

Diversas situações possibilitam a


transmissão do vírus, tais como relação sexual,
uso de seringas e agulhas compartilhadas - no
caso de usuários de drogas - transfusão de
sangue e seus derivados – quando fora da
recomendação técnica -, procedimentos
odontológicos, cirúrgicos e de hemodiálise -
quando não respeitadas as normas de biossegurança. A transmissão vertical se
verifica, sobretudo, no período perinatal, durante o parto.
A infecção pelo HBV pode apresentar formas assintomáticas, sintomáticas ou
graves, das quais a primeira é a mais freqüente. Os sinais e sintomas característicos
são mal-estar, cefaléia, febre, náuseas e vômitos, ocorrendo também dor abdominal,
icterícia, fezes esbranquiçadas (acolia), aumento do fígado (hepatomegalia), urina
escurecida (colúria) e aumento do baço (esplenomegalia).

Após a notificação de um caso suspeito ou confirmado, imediatamente devem


ser tomadas providências de acordo com o sistema de vigilância epidemiológica. É
importante que a população seja esclarecida em relação à doença, e que nesta
orientação seja reforçada a necessidade do uso de preservativos durante a relação
sexual e os riscos inerentes ao uso de seringas compartilhadas – especificamente
para os usuários de drogas injetáveis. Considerando- se a dimensão dos problemas
sociais e de saúde que envolve o dependente químico e seus familiares, vários
municípios possuem serviços ou equipes especializadas para o atendimento dessas
pessoas.

Poliomielite

A poliomielite, também chamada de paralisia infantil, pode ser causada por três
tipos de poliovírus: I, II e III. A transmissão acontece principalmente, por contato direto
de pessoa a pessoa, sendo a boca a principal porta de entrada dos vírus. A
transmissão oral ocorre através das gotículas de muco da orofaringe expelidas pela
tosse, fala ou espirro.

Entretanto, a água e os alimentos contaminados com fezes de doentes ou


portadores (assim considerados aqueles indivíduos cujo intervalo de tempo após a
infecção situa-se entre uma a sete semanas) também são formas de transmissão do
polivírus.

O doente apresenta, subitamente, deficiência motora, além de febre e flacidez


muscular assimétrica, sendo afetados, sobretudo, os membros inferiores. Não há
tratamento específico após a instalação do quadro de poliomielite. Nestes casos, é
importante detectar a doença precocemente,
pois além da implementação de medidas de
vigilância epidemiológica torna-se
imprescindível uma rápida intervenção para
que o doente tenha o suporte necessário para
evitar maiores danos.

De maneira geral, os acometidos pela


paralisia infantil e seus familiares necessitam
de acompanhamento rotineiro da equipe de
saúde, com atuação de profissionais de várias
áreas (enfermagem, fisioterapia, médica,
psicologia, terapia ocupacional e nutrição),
possibilitando um atendimento integral e de
acordo com suas reais necessidades.

Tétano
O tétano é uma doença infecciosa aguda, não contagiosa, relativamente
comum em países subdesenvolvidos - nos quais a cobertura vacinal é baixa. Seu
agente etiológico é o Clostridium tetani, um bacilo anaeróbio cujo reservatório é o trato
intestinal do homem e de animais, o solo ou qualquer objeto perfurocortante contendo
os esporos.

A transmissão ocorre pela introdução dos esporos do agente patogênico em


um ferimento, sobretudo do tipo perfurante, contaminado com terra, poeira e fezes de
animais, podendo também ser causado por queimaduras e ferimentos necrosados.

A susceptibilidade é geral, todos estão predispostos à contaminação pelo


tétano, indiscriminadamente, porém os indivíduos maiores de 45 anos estão mais
expostos por estarem muitas vezes com a vacinação incompleta ou por nunca terem
sido vacinados. Por isso, atenção ao estado vacinal de indivíduos adultos e idosos,
além das mulheres em idade fértil e das crianças.

A imunidade é conferida pela aplicação de vacina contendo o toxóide tetânico


em suas diversas formas de apresentação: tríplice bacteriana (DTP), dupla adulto (dT),
dupla infantil (DT) ou toxóide tetânico (TT).

Tétano neonatal
Também conhecido como “mal de sete dias”, sua ocorrência é maior em países
subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, sobretudo pela precariedade ou ausência
de acompanhamento pré-natal, impossibilitando o controle vacinal da gestante,
incluindo a vacina contra o tétano. Uma gestante não vacinada não possui anticorpos
maternos para transferir ao filho, tornando-o susceptível à doença após o nascimento.

A infecção ocorre pela contaminação do coto umbilical com o bacilo tetânico,


quando de sua manipulação são utilizados instrumentos ou substâncias impróprias
como teia de aranha, moeda ou cinzeiros.
O recém-nascido infectado abandona o aleitamento materno pela dificuldade
de movimentar a musculatura da face, tronco e abdome, devido à rigidez. A paralisia
da musculatura da respiração pode levar a criança a óbito.
Após a notificação de um caso de tétano neonatal, a mãe do recém-nascido deve ser
encaminhada para receber vacinação. Há necessidade de se cadastrar as parteiras
locais e orientá-las quanto aos cuidados com o coto umbilical. Os óbitos ocorridos em
recém-nascidos menores de 28 dias devem ser investigados. Para o adequado
controle da doença é importante que as mulheres em idade fértil estejam com a
imunização contra o tétano atualizada e que o atendimento pré-natal seja garantido a
todas as gestantes

Coqueluche
A coqueluche é causada pela bactéria Bordetella pertussis, cujo único
reservatório é o homem, não existindo portadores crônicos assintomáticos. Sua
transmissão ocorre pelo contato direto pessoa a pessoa, através de secreções da
nasofaringe, eliminadas pela tosse, espirro ou fala.

A doença é muitas vezes confundida com outras infecções respiratórias


agudas, como a bronquite, por exemplo.

A coqueluche evolui em três fases:


• catarral - inicia-se com febre, mal-estar, coriza, tosse e expectoração de
muco claro e viscoso;
• paroxística - apresenta tosse seca “comprida”, de acordo com a posição do
doente, finalizada por inspiração forçada, acompanhada de um ruído
característico (“guincho”) e seguida não raramente de vômitos (dura cerca
de dois meses);
• convalescência - os episódios de tosse desaparecem e dão lugar à tosse
comum (dura de uma a três semanas).

Os cuidados adotados com os doentes incluem repouso e hidratação. Faz-se


necessário que a família seja esclarecida para manter precauções respiratórias
especialmente na fase catarral. Outras orientações relacionam-se ao controle dos
fatores que favorecem os acessos de tosse, como poeira, fumaça de cigarros,
atividade e excitação; no caso das crianças, grande maioria afetada pela doença, é
importante que os pais tentem mantê-las mais
calmas, ocupadas com atividades que não
provoquem muita excitação, o que pode ajudar a
diminuição do número de episódios de tosse
paroxística.

Visando o controle da doença, a vacinação


deve ser realizada em todos os indivíduos
susceptíveis, conforme a rotina da rede básica de
saúde. Crianças expostas ao risco de
adoecimento, principalmente as que estão com o
esquema vacinal incompleto, devem ser
observadas durante 14 dias, na busca de
sintomas respiratórios.
Difteria
A difteria ocorre durante todo o ano,
havendo um aumento de incidência nas estações
em que a temperatura é mais baixa (outono e
inverno), devido à aglomeração de pessoas em
ambientes fechados. Também conhecida como
crupe, tem como agente causador a bactéria
Corynebacterium diphteriae.

A transmissão ocorre por contato direto com


doentes ou portadores da bactéria, por meio de
secreções da nasofaringe, que penetram no
organismo através das vias aéreas superiores. Embora com menor freqüência, outra
forma de transmissão pode ocorrer através de objetos contaminados por secreções.
.
É muito importante que os doentes ou os seus responsáveis sejam orientados
a relatar sinais de dificuldade respiratória, sintoma que indica a necessidade de um
acompanhamento mais freqüente.

Meningite
A meningite pode ser causada por diversos microrganismos como vírus, fungos
e bactérias, mas para a saúde coletiva as de maior destaque são as meningites
bacterianas por Haemophilus influenzae do tipo b, tuberculosa e a meningocócica.

A transmissão ocorre de pessoa a pessoa, por meio de gotículas e secreções


da nasofaringe. Os sintomas, subitamente iniciados, é febre, dor de cabeça intensa,
náuseas, vômitos, rigidez de nuca e, algumas vezes, petéquias. Após a notificação do
caso suspeito, faz-se necessário adotar as medidas de controle de acordo com o
sistema de vigilância.

Como medida de prevenção, recomenda-se seguir a rotina do calendário de


vacinação:
• vacina BCG - previne a ocorrência da tuberculose e de sua forma mais
grave, a meningite tuberculosa;
• vacina anti-Hib - previne a infecção pelo Haemophilus influenzae do tipo b;
• vacina antimeningocócica - utilizada excepcionalmente em situações de
surto, previne a infecção por alguns tipos de meningococos, especialmente
os tipos A, B e C.
É importante ressaltar que após a implantação das vacinas BCG e anti-Hib no
calendário vacinal das crianças a incidência das meningites causadas pelo bacilo da
tuberculose e pelo Haemophilus influenzae foi bastante reduzida no Brasil.

Febre amarela
A febre amarela é uma doença infecciosa aguda, causada pelo vírus
amarílico, encontrado principalmente em regiões de mata. Pode apresentar-se sob
duas formas:
• febre amarela silvestre (FAS), cujos vetores são os mosquitos do gênero
Haemagogus e Sabethes, sendo os primatas os principais hospedeiros e o
homem, hospedeiro acidental;
• febre amarela urbana (FAU), que tem como vetor o
mosquito Aedes aegypti e o homem como hospedeiro
principal. Foi erradicada no Brasil em 1942, quando foi
notificada pela última vez no município de Serra
Madureira, no Acre.

A transmissão ocorre pela picada do mosquito infectado


pelo vírus da febre amarela e após três ou seis dias o indivíduo
pode começar a apresentar sinais da doença. O sangue do doente é considerado
infectante para o mosquito cerca de 24 a 48 horas antes do aparecimento dos
sintomas e de três a cinco dias após o início da doença.

A doença manifesta-se subitamente, com febre, calafrios, cefaléia, dor


muscular, náuseas e vômitos.

A adoção de condutas de vigilância é importante, pois essa doença pode ser


confundida com malária, hepatite ou leptospirose. Após a notificação do caso suspeito,
deve ser realizada a investigação epidemiológica para confirmação diagnóstica, bem
como o preenchimento da ficha de investigação epidemiológica. Além disso, faz-se
necessário desencadear a busca ativa de novos casos suspeitos no local provável de
infecção e providenciar a vacinação de bloqueio, na área de ocorrência do caso, para
os moradores não vacinados ou quem não puderem comprovar a vacinação. Indica-se
também a investigação entomológica, buscando capturar vetores silvestres, para
isolamento do vírus.

Para o controle do vetor urbano (Aedes aegypti) é importante a destruição de


criadouros favoráveis à sua proliferação e/ou o uso de larvicidas e inseticidas em
recipientes com água parada. Em áreas infestadas por Aedes, deve-se evitar o acesso
do mesmo ao paciente mediante a colocação de telas nas janelas e utilização de
mosquiteiros.

Como medida de prevenção, a vacina contra a febre amarela deve ser aplicada
em toda a população residente na área endêmica e na área de transição, além de ser
também indicada para os viajantes que se deslocam para essas áreas de risco.

Rubéola
Durante muitos anos, a rubéola foi considerada “doença de criança”, de pouca
importância. No entanto, esse conceito vem mudando em vista da incidência de
complicações por ela causadas, principalmente a síndrome da rubéola congênita
(SRC), que afeta recém-nascidos e cujo risco está associado ao acometimento da
gestante durante a gestação.

O aumento do número de casos ocorre na primavera, com maior freqüência na


faixa etária de zero a nove anos de idade. Após a introdução da administração de
vacinas contra a rubéola em crianças, observou- se o seu surgimento entre adultos e
adolescentes.

A transmissão ocorre de pessoa a pessoa, pelo contato direto


com as secreções nasofaríngeas de indivíduos infectados. A rubéola
manifesta-se pelo aparecimento de manchas avermelhadas na pele,
com elevação eruptiva que termina em descamação. Inicialmente, essas manchas
surgem na face, pescoço e couro cabeludo, distribuindo-se em seguida para o restante
do corpo. Há febre baixa.

Não há tratamento específico para a rubéola, pois na maior parte dos casos
regride espontaneamente. Como medidas preventivas existem a vacina específica
anti-rubéola monovalente e a vacina tríplice viral, também conhecida como MMR.

As medidas de vigilância relativas à rubéola incluem: investigação


epidemiológica do caso; tentativa de identificação do contato; solicitação de exames
complementares; notificação compulsória às autoridades sanitárias competentes;
fornecimento de atestado de impedimento sanitário para o indivíduo com os sintomas,
garantindo seu afastamento das atividades que desempenha renovável se os sintomas
persistirem, visando reduzir a circulação do caso suspeito. Vacinação de bloqueio para
os comunicantes domiciliares, sexuais, escolares e de trabalho.

Através da vacina tríplice viral, dupla viral ou contra rubéola monovalente, e


aplicação de vacina seletiva nas mulheres em idade fértil, excluindo-se as gestante.

O vírus da rubéola, presente na circulação sangüínea materna, atravessa a


barreira de defesa da placenta, atinge o feto e interfere negativamente em sua
formação – o que provoca a síndrome da rubéola congênita: as malformações
presentes no recém-nascido.

Sarampo
O sarampo é causado por um vírus - o vírus do sarampo – cuja transmissão
ocorre de pessoa a pessoa, através de secreções expelidas pela tosse, fala,
respiração e espirro. É extremamente contagioso e transmissível. O sarampo
caracteriza-se por febre, tosse seca, coriza, lacrimejamento e fotofobia. Após a
notificação de um caso suspeito, deve-se tomar medidas de acordo as orientações do
sistema de vigilância.

Caxumba
A caxumba é uma doença viral aguda, caracterizada pela inflamação das
glândulas salivares e sua transmissão ocorre através do contato direto com secreções
nasofaríngeas da pessoa infectada.O diagnóstico é feito a partir dos sintomas
apresentados, que incluem febre baixa, mal-estar geral, cefaléia, dor na garganta e
anorexia. A estes, segue-se o aumento do volume das parótidas, tornando o rosto
arredondado devido à eliminação do ângulo da mandíbula.

É importante orientar o doente para que faça repouso no leito, bem como
alimentar-se com dieta líquida ou semipastosa e realizar a higiene oral
adequadamente, para que não haja obstrução das glândulas e infecção.

A caxumba não é doença de notificação compulsória, mas ao ser diagnosticado


é importante manter vigilância sobre o caso, bem como tentar determinar os contatos
e vigiar os comunicantes. Atualmente, a caxumba é rotineiramente prevenida através
da administração, aos 15 meses, da vacina tríplice viral, em dose única.
Varicela
A varicela ou catapora é uma doença infectocontagiosa causada por vírus. É
altamente contagiosa, com maior incidência em crianças de 2 a 10 anos. O vírus
varicela zoster é transmitido por contato direto, por inalação de gotículas de secreção
respiratória ou de aerossóis nos quais se encontram os vírus liberados das lesões
cutâneas.

Os sintomas da varicela incluem febre e erupções de pele que começam como


máculas, evoluindo para vesículas e, posteriormente, crostas. As lesões predominam
na cabeça, face e tronco e são acompanhadas de mal-estar, inapetência e prurido.

Durante o episódio de varicela, os indivíduos chegam a apresentar 250 a 500


vesículas, favorecendo a contaminação por bactérias, principalmente quando as
lesões são coçadas com unhas sujas ou cobertas por talcos, pasta d’água e outras
substâncias. Assim, os doentes devem ser orientados para não coçar as feridas, a
manter as unhas bem cortadas e a tomar banhos frios para aliviar o mal-estar
provocado pelo prurido, promovendo sua higiene.

O diagnóstico da doença é feito com base nos sintomas e sinais apresentados


pelo doente. A vigilância deve tentar identificar os contatos. Nos casos de surtos
institucionais não mais se recomenda esvaziar enfermarias ou suspender aulas nas
escolas.

Raiva humana
A raiva humana é uma doença extremamente preocupante para os serviços de
saúde, pois é 100% letal. É causada por vírus e transmitida ao homem por intermédio
da saliva, por ocasião de mordidas, arranhões ou lambeduras de ferimentos ou
mucosas por animais infectados, doentes ou não, dentre os quais se incluem cães,
gatos, macacos e outros primatas, morcegos e bovinos.

O doente relata diminuição da sensibilidade no local da lesão e queixa-se de


mal estar geral, dor, cefaléia e febre. Com o agravamento do quadro, ocorrem crises
convulsivas, excitabilidade diante de estímulos luminosos ou sonoros, dilatação das
pupilas e sudorese. A deglutição é prejudicada. Na evolução do quadro, segue-se a
paralisia progressiva dos músculos, podendo levar ao coma e óbito.

Todos os casos suspeitos de raiva devem ser investigados e notificados e todo


caso de agressão por animal transmissor da doença deve ser acompanhado
adotando-se as medidas de acordo com as normas e orientações do sistema de
vigilância. A melhor forma de prevenir a ocorrência de agravo tão sério é a vacinação
realizada nos animais e nos humanos.

O controle da doença envolve ações para restringir o


número de animais vadios, que devem ser recolhidos para
abrigos adequados. No meio rural, estimula-se a identificação de
criadouros de morcegos (churrasqueiras e casas abandonadas,
carvoarias e olarias desativadas), para que possam ser
destruídos. Nos locais onde é comum as pessoas conviverem em
grandes áreas verdes, as equipes de saúde devem orientá-las
quanto ao risco de serem agredidas por micos e macacos.
Doenças veiculadas pela água e por
alimentos

Algumas doenças são transmitidas ao


homem pelo consumo de alimentos e água
contaminados por microrganismos. Embora a
ocorrência de algumas dessas doenças seja muito
comum, é importante desenvolver atividades de
vigilância para controlar e prevenir sua evolução
para formas mais graves nos indivíduos
acometidos. Uma vez que os alimentos e a água
contaminados podem ser consumidos por várias
pessoas ao mesmo tempo, acometendo grandes
parcelas da população num mesmo período, tal
fato pode gerar sérios problemas para a saúde
coletiva.

No que se refere às ações desenvolvidas pelas equipes de saúde nas unidades


assistenciais, a ocorrência de casos de doenças veiculadas pela água e alimentos
contaminados irá desencadear atividades ligadas à prevenção de novos casos e
atenção aos indivíduos já doentes, pois quanto mais cedo forem identificados e
tratados melhor será o prognóstico, diminuindo o risco de transmissão para outras
pessoas.

A existência de doenças transmissíveis veiculadas por água e alimentos


contaminados sinaliza um problema a ser superado — o desencontro das ações de
outros setores de políticas públicas não diretamente ligados à promoção da saúde e
prevenção das doenças. Portanto, a notificação dos casos de doenças desse tipo é útil
para indicar onde os órgãos responsáveis pelo saneamento básico, recolhimento do
lixo, fornecimento de água e coleta e tratamento de esgoto, por exemplo, podem e
devem atuar junto aos responsáveis pela assistência à saúde, garantindo, assim,
melhores expectativas para a saúde da população beneficiada com a integração de
suas ações.
A equipe de PSF compete fornecer orientações de medidas simples, em sua
maioria relacionada aos cuidados no preparo dos alimentos, higiene individual e do
meio ambiente, objetivando maior amplitude da prevenção e controle das doenças.

Hepatite A
A hepatite A é um dos tipos de hepatite cuja incidência vem aumentando
progressivamente, em virtude das precárias condições de higiene e saneamento
básico existentes em muitas cidades brasileiras. Sua ocorrência é também observada
em instituições fechadas, como quartéis, creches e escolas - cuja fonte de água é
comum -, bem como na preparação dos alimentos. Nos países em desenvolvimento,
as crianças e jovens são a faixa etária mais acometida por essa doença.

A transmissão ocorre pelo contágio fecal-oral, isto é, pela ingestão de água e


alimentos contaminados pelas fezes de doentes. As manifestações clínicas
caracterizam-se por grande variabilidade, podendo ser inespecífica como um quadro
gripal ou se apresentar com sinais e sintomas de mal-estar, cefaléia, febre, dores
articulares, náuseas, vômitos e inapetência – podendo também ocorrer dor abdominal,
icterícia, fezes acólicas e colúria. O paciente precisa de repouso relativo e dieta pobre
em gorduras até a melhora do quadro.

Após a notificação de um caso, deve-se preencher a ficha de investigação


epidemiológica para a coleta de dados. As vigilâncias epidemiológica e sanitária
devem trabalhar conjuntamente na tentativa de identificar a possível fonte de infecção
relacionada com o ambiente e os alimentos, principalmente quando ocorrem em
freqüência aumentada ocasionando um surto. Os doentes devem receber orientação
de como evitar a disseminação do vírus, aprendendo a lavar as mãos após o uso do
vaso sanitário e a higienizar adequadamente as instalações sanitárias com
desinfetante à base de hipoclorito de sódio a 1% (água sanitária). Diante de um surto
ou epidemia, deve-se proceder a investigação epidemiológica e tomar medidas de
acordo com o sistema de vigilância epidemiológica.

Febre tifóide
A incidência de febre tifóide está muito associada às condições de saneamento
e hábitos individuais. Está praticamente erradicada em países que superaram
problemas relacionados à higiene pessoal e ambiental. No Brasil, persiste de forma
endêmica, principalmente nas regiões Norte e Nordeste, onde as condições de vida
são precárias.

Transmite-se pela água e alimentos, especialmente leite e derivados


contaminados com fezes e urina de paciente ou portador que contenham a bactéria
Salmonella typhi. A contaminação ocorre pela manipulação do alimento por portadores
ou indivíduos com diagnóstico ainda não confirmado. A exposição do alimento a
temperaturas frias não destrói a bactéria. Dessa forma, sorvetes e outros alimentos
guardados em geladeiras também podem ser veículos de transmissão.

O indivíduo apresenta aumento do baço, falta de apetite, bradicardia, manchas


rosadas no tronco, obstrução intestinal ou diarréia, tosse seca e febre alta.

A equipe deve orientar quanto à importância do aumento da ingestão de


líquidos, para prevenir a desidratação, e quanto aos sinais de complicações intestinais
- como a hemorragia intestinal.

Para evitar a propagação da febre tifóide, deve-se, após a limpeza com água e
sabão, realizar a desinfecção dos objetos nos quais se depositaram excreções (vasos
sanitários, urinol, comadre/compadre, patinho), sendo também fundamental o
tratamento adequado dos dejetos. Os portadores devem ser afastados da
manipulação de alimentos.

A transmissão pela água pode ser evitada mediante regular análise


bacteriológica nos reservatórios de distribuição, de modo a garantir água de boa
qualidade à população; a transmissão por alimentos pode ser prevenida pela atenção
à sua preparação, distribuição e armazenamento. Como ações de educação em
saúde, os hábitos de higiene pessoal precisam ser destacados, principalmente a
lavagem correta das mãos, que deve ser especialmente incentivada entre os
manipuladores de alimentos e pessoas que trabalham diretamente com pacientes e
crianças.
A vacina contra a febre tifóide não é eficaz, pois não possui alto poder de
estímulo sobre as defesas do organismo, tendo imunidade de curta duração.
Pode, porém, ser indicada para trabalhadores que lidam com esgotos e indivíduos que
vivem em áreas onde há alta incidência da doença.

Cólera
A cólera é causada por uma bactéria, o vibrião colérico (Vibrio cholerae),
transportada pela água e por alimentos contaminados, principalmente quando
consumidos crus ou mal cozidos.

Aumenta a excreção intestinal, fazendo com que o indivíduo contaminado


tenha diarréia do tipo “água de arroz”, vômitos, dor abdominal e, nas formas graves,
cãibras (devido à perda de potássio), choque hipovolêmico e desidratação, em
conseqüência da grande quantidade de líquido eliminado pelos vômitos e diarréia,
podendo ainda haver comprometimento dos rins.

As medidas de controle da cólera consistem na ingestão de água de boa


qualidade, destino adequado aos dejetos e lixo, desenvolvimento de ações de
educação em saúde e controle da higiene dos alimentos e da entrada de possíveis
indivíduos portadores pelos portos, aeroportos e fronteiras.

Para reduzir-se o risco de transmissão, faz-se importante adotar medidas de


higiene pessoal, alimentar e ambiental. No caso de surtos da doença, as medidas de
prevenção e controle devem ser intensificadas, procurando-se identificar as fontes de
contaminação e implementar tratamento adequado.

Doenças transmitidas por vetores

A ocorrência dessas doenças é bastante elevada em nosso país, algumas


delas endêmicas em determinadas regiões. Seu controle ainda é um desafio tanto
para os responsáveis pela vigilância epidemiológica como para as equipes de saúde
das unidades assistenciais, pois são muitos os determinantes envolvidos na sua
incidência, ganhando importância especial os associados ao desequilíbrio ambiental -
quase sempre decorrente das intervenções do homem nas condições naturais.

A ocupação desordenada das cidades, com desmatamento de grandes áreas


verdes, poluição das águas e acúmulo de lixo em locais sem saneamento, cria
condições favoráveis à multiplicação de insetos e ratos, animais nocivos ao homem.

A contaminação das águas com determinadas substâncias provoca a extinção


de predadores naturais de caramujos e larvas, facilitando sua reprodução e
aumentando, para o homem, o risco de exposição. Dentre essas doenças,
destacaremos algumas que merecem nossa atenção especial, por sua importância
coletiva e freqüência com que ocorrem.

Dengue
A dengue, atualmente, é considerada sério problema de saúde pública,
principalmente nos países tropicais, pois as condições do meio ambiente favorecem o
desenvolvimento e a proliferação do vetor. Seu agente infeccioso é o vírus da dengue,
que pode ser dos tipos 1, 2, 3 ou 4, e seu vetor é o mosquito Aedes aegypti.

A doença pode apresentar-se sob as formas de dengue clássica ou


hemorrágica:
• dengue clássica – tem duração de cinco a sete dias, provocando febre de 39°C
a 40°C, cefaléia, dor muscular (mialgia), prostração, dor nas articulações
(artralgia) e na região retroorbitária (atrás dos olhos), náuseas e vômitos.
• dengue hemorrágica – os sintomas iniciais assemelham-se aos da dengue
clássica, porém evoluem rapidamente para manifestações hemorrágicas mais
intensas, como sangramento gastrintestinal, além de hepatomegalia e
insuficiência circulatória.

O tratamento para a dengue consiste na administração de antitérmicos e


analgésicos, exceto os derivados do ácido acetilsalicílico (AAS), pois oferecem o risco
de causar sangramento.
Todo caso suspeito deve ser notificado ao serviço de vigilância mais próximo.
As ações do auxiliar de enfermagem consistem em orientar a comunidade quanto à
importância do saneamento básico e das medidas de prevenção e controle, que
consistem em não deixar água parada em garrafas, pneus ou vasos de plantas, por se
tratarem de locais de proliferação do vetor.

Leptospirose
Doença grave, que exige severas medidas de controle, pois causa sérios
prejuízos à saúde dos indivíduos e à economia, haja vista originar elevados custos
sociais e hospitalares e exigir longo tempo de afastamento do trabalho. Ocorre
principalmente nos períodos de chuva, quando pessoas que moram em comunidades
com saneamento precário têm suas casas invadidas pelas águas de rios ou valas
contaminadas com a bactéria.

A Leptospira interrogans, bactéria causadora da leptospirose, encontra- se


normalmente nos rins do rato, seu reservatório natural, que a elimina viva por meio da
urina no meio ambiente — água das chuvas ou alimentos. Outra forma de contágio é o
contato direto com embalagens de produtos comercializados em lugares onde possa
haver ratos. A transmissão raramente ocorre de pessoa a pessoa.

O doente apresenta febre, dor de cabeça, dor


muscular (principalmente nas panturrilhas), falta de
apetite, náuseas e vômitos.

Todos os casos suspeitos devem ser


comunicados aos serviços de saúde. O controle da
leptospirose exige a adoção de medidas como
utilização de água de boa qualidade, controle da
população de roedores, proteção aos trabalhadores
expostos à urina de rato durante a execução de suas
atividades (garis, agricultores, bombeiros) e
armazenamento correto de alimentos, em locais livres
de roedores.
Malária
A malária é causada por um protozoário do gênero Plasmódio, transmitido pelo
mosquito do gênero Anopheles, que depois de contaminado permanece infectante por
toda a sua existência. Trata-se de uma das mais importantes doenças parasitárias do
país.. A maior parte dos casos atinge extensa área da Amazônia Legal, considerada
área endêmica da doença em virtude de o mosquito vetor procriar em água e o fato de
a região Amazônica possuir a maior bacia hidrográfica do mundo, alimentada por
chuvas torrenciais. Além disso, nessa área há grande desigualdade social e muitas
pessoas vivem em condições de extrema pobreza, o que influencia a distribuição da
doença. Na busca por melhores condições de vida e de saúde, essa população realiza
intensos movimentos migratórios, possibilitando a contaminação por focos de
Anopheles em outras regiões da Amazônia e do país.

A malária também pode ser transmitida pelo sangue de pessoas infectadas por
meio de injeção, transfusão de sangue ou uso compartilhado de seringas e agulhas -
no caso de usuário de drogas injetáveis. Uma vez infectado, o indivíduo apresenta
febre, cefaléia, náuseas, vômitos, astenia, fadiga. A temperatura do corpo pode
alcançar 40o C ou mais. Alguns enfermos podem apresentar delírios. Quando a febre
cede, o doente tem a sensação de alívio e tranqüilidade.

Nas regiões não-endêmicas todo caso suspeito ou confirmado deve ser


investigado, com vistas à aplicação rápida de tratamento e prevenção de surtos, se
constatada a presença de vetores na área. As medidas de controle mais importantes a
serem tomadas são: estabelecimento de diagnóstico rápido; controle do vetor;
detecção rápida de epidemias, a fim de prontamente combatê-las; reavaliação
constante da situação da malária na área onde há ocorrência de casos.

Doença de Chagas
A doença de Chagas é causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi,
transmitido por insetos do gênero dos triatomídeos, especificamente o Triatoma
infestans ou Triatoma brasiliensis, popularmente conhecidos como barbeiros ou
chupões, que constroem suas tocas nas paredes das casas feitas de pau-a-pique. A
transmissão também pode ocorrer pelo sangue de pessoas
infectadas, por meio de injeção, transfusão de sangue ou uso
compartilhado de seringas e agulhas - no caso de usuário de
drogas injetáveis. É possível, ainda, ocorrer transmissão pela
placenta ou leite materno.

A doença de evolução crônica pode demorar anos para se


manifestar e apresentar-se sob as formas indeterminada,
cardíaca e digestiva, sendo esta última a mais freqüente e grave.

É importante tentar controlar a população de insetos


vetores, tanto os triatomídeos como os de outros gêneros e
espécies cuja existência tem sido ultimamente relacionada à
transmissão do Trypanosoma cruzi ao homem.
Esquistossomose mansônica
A esquistossomose mansônica é causada pelo parasita Schistosoma mansoni,
cujo vetor é o caramujo do gênero Biomphalaria, encontrado em todo o Brasil e
presente em águas de rios, lagos e outras fontes de água doce.

O controle da esquistossomose exige o quanto antes investigação e


diagnóstico dos casos suspeitos. As condições de saneamento das regiões endêmicas
devem ser sempre melhoradas, procurando-se diminuir a exposição do homem ao
vetor através do controle da população de caramujos pelo tratamento das águas com
produtos químicos. É importante a participação da população no debate de modos de
vida que diminuam a possibilidade de transmissão do parasita, tais como a construção
de fossas e sanitários longe de fontes de água doce consumível.

Doenças causadas por ectoparasitas


Embora não sejam de notificação compulsória, a escabiose e a pediculose são
doenças transmissíveis que ganham destaque pela freqüência com que acometem
grandes grupos de pessoas,
determinando, assim, a
necessidade de intervenção e
de prestação de assistência e
cuidados. Geralmente,
ocorrem por inadequadas
condições de higiene,
presentes em ambientes com
condições sanitárias ou de
higiene pessoal desfavoráveis.

Escabiose
A escabiose, também
conhecida como sarna, é uma
doença muito comum em
ambientes onde as pessoas
convivem aglomeradas, nos
quais é difícil controlar as condições de higiene. É causada por um microrganismo
chamado Sarcoptes scabei, que, ao colonizar a pele do indivíduo afetado, se multiplica
principalmente nas regiões de dobras de pele, como cotovelos, virilhas, entre os
dedos, axilas, causando intenso prurido e descamação. Muitas vezes, a coceira leva o
indivíduo a produzir lesões ainda maiores, que podem até ser infectadas por outros
microrganismos, tamanha sua intensidade.
As roupas de uso do cliente, bem como as roupas de cama e toalhas, devem ser
trocadas e lavadas todos os dias, manipuladas separadamente e fervidas - essas
orientações permitem que a recuperação do cliente ocorra, em média, dentro de 7
dias.

Pediculose
A pediculose, assim como a escabiose, é um problema que acomete várias
pessoas, geralmente quando convivem em aglomerados e em condições de higiene
inadequadas. É causada por um ectoparasita, o piolho comum, que habita o couro
cabeludo e, prendendo-se aos cabelos, suga o sangue periférico do próprio couro
cabeludo para sobreviver.

Permanecermos, mesmo que por breve período, próximo a alguém com piolhos
pode expor-nos ao contágio. Para prevenir a infestação, devemos manter os cabelos
sempre limpos e, no caso de serem longos, prendê-los, principalmente quando
estivermos prestando assistência a outras pessoas.

Ao detectarmos um cliente com coceira freqüente na cabeça, é importante


verificar a presença do piolho, particularmente ao lidarmos com crianças
hospitalizadas ou em creches.

É importante orientar os clientes ou seus responsáveis para jamais utilizar


inseticidas comuns no combate aos piolhos, pois tal prática oferece risco potencial de
envenenamento, podendo causar sérias lesões, afetando desde a pele até o sistema
nervoso central.

Prevenção e controle da hanseníase e tuberculose

A hanseníase e tuberculose são doenças que ainda apresentam altas taxas de


prevalência e incidência, ou seja, um grande número de casos é constante e novos
casos surgem todos os anos.

As conseqüências dessas doenças são graves, principalmente quando os


indivíduos não são tratados adequadamente ou quando os casos são identificados em
estágio mais avançado. Pode haver sérios comprometimentos para a saúde do
doente, pois tanto a hanseníase quanto a tuberculose podem gerar incapacidades ou,
até mesmo, a morte.

Alguns fatores são apontados como determinantes comuns da hanseníase e


tuberculose:
• Desnutrição – provoca debilitação do organismo, o qual passa a não mais
produzir seus elementos de defesa, oferecendo pouca ou nenhuma resistência
aos agentes infecciosos.
• Baixa eficácia dos programas de controle e prevenção – caracterizada quando
o paciente abandona o tratamento por dificuldade de acesso ao serviço de
saúde, pelas reações orgânicas ao medicamento, por deficiência alimentar, por
acreditar que está curado devido ao desaparecimento da sintomatologia ou
quando os serviços de saúde não atendem à demanda por não ter
medicamentos, não realizar a busca ativa de faltosos e casos suspeitos e não
possuir profissionais adequadamente preparados. Nesses casos, a
conseqüência é a ampliação do número de pessoas que continuam doentes e
sem tratamento, favorecendo o aumento da transmissão das doenças.
• Aglomerações urbanas – nas grandes cidades as pessoas convivem cada vez
mais próximas umas das outras, seja em shopping centers, cinemas, estádios
de futebol, veículos de transporte lotados e/ou outros espaços. Considerando-
se que a transmissão da hanseníase e tuberculose ocorre por meio das vias
aéreas, tal condição aumenta o risco de transmissão dessas doenças.
• Aids – a síndrome da imunodeficiência adquirida
caracteriza-se pela queda brutal nas defesas do
organismo, o que facilita a instalação de doenças
oportunistas

As dificuldades existentes para o controle da hanseníase


e tuberculose podem ser explicadas por sua estreita relação
com as condições sociais de vida da população em geral,
não se devendo considerar apenas os aspectos físicos dos indivíduos afetados. Os
fatores citados fazem- se mais presentes no cotidiano das camadas menos
favorecidas da população.

Hanseníase
A hanseníase ou mal de Hansen é uma doença infecciosa e crônico-
degenerativa, causada pelo Mycobacterium leprae, que afeta nervos e pele. Devido ao
fato de a doença poder afetar várias estruturas do corpo humano, muitas vezes
produzindo seqüelas nos indivíduos por ela acometidos, desenvolveu-se nas culturas
populares antigas um preconceito contra os mesmos - que perdura até os dias de hoje
-, um estigma, relacionado à incapacidade, ao isolamento, ao abandono, à morte e ao
medo.

A palavra lepra era sempre associada à sujeira, afastamento, podridão, sendo


o seu tratamento realizado em instituições chamadas leprosários. No século XX, essa
palavra foi mudada para hanseníase, em homenagem a Gerhard Amauer Hansen,
médico norueguês que descobriu a bactéria causadora da doença. Acredita-se que a
adoção dessa nova denominação não minimizou o preconceito que envolve a
hanseníase, pois faltou uma estratégia de esclarecimento, um esforço educativo.

A hanseníase é transmitida através das gotículas de saliva que expelimos


quando espirramos, tossimos ou falamos, podendo ser também transmitida por lesões
de pele, o que é mais raro. Sua principal fonte de infecção é o doente que apresenta
as formas contagiantes porque possui, nesses casos, grande carga de bacilos,
podendo facilmente eliminá-los.

A principal característica, comum a todas estas formas é a perda de


sensibilidade nervosa na área de pele afetada, o que faz com que, muitas vezes, o
doente se machuque naquela região e não sinta. Primeiramente, perde a sensibilidade
às diferenças de temperatura; depois, à dor e, finalmente, ao tato na região da lesão.
Para todos estes clientes, faz-se necessário orientar e supervisionar os seguintes
cuidados:
• olhos: usar soro fisiológico ao sentir que estão ressecados. Fazer exercícios,
abrindo e fechando os olhos com força.
• nariz: observar se há feridas. Limpar com soro fisiológico. Não tirar casquinhas
da região para não provocar feridas. mãos e braços: repousar o(s) membro(s)
se estiver sentindo “choques”. Evitar fazer movimentos repetidos e carregar
coisas pesadas. Massagear as mãos com auxílio de um óleo lubrificante, como
o óleo mineral e outros. Fazer exercícios com os dedos (abrir e fechar as
mãos, encostar o polegar na ponta de cada um dos dedos).
• pés: andar calçado, com sapatos fechados e confortáveis; massageá-los com
óleo adequado, para evitar que ressequem. Fazer exercícios (abaixar e
levantar o peito do pé, brincar de empurrar a parede com as mãos, para esticar
as pernas juntas).
• ferimentos: imobilizar os dedos e repousar os membros machucados.

O tratamento atual da hanseníase é feito em ambulatórios, com raríssimas


internações, a não ser que o caso apresente complicações.

Tuberculose
A tuberculose é uma doença infecciosa e contagiosa, causada por uma
bactéria chamada Mycobacterium tuberculosis, também conhecida como bacilo de
Koch. Estima-se que cada doente com tuberculose seja capaz de contaminar dez
outros indivíduos.

Sua transmissão, assim como a da hanseníase, ocorre por meio das gotículas
de saliva expelidas quando espirramos, tossimos ou falamos, sendo o sistema
respiratório a porta de entrada da doença, mais especificamente as vias aéreas
superiores

Seu diagnóstico baseia-se


primeiramente nos sintomas, que são
tosse persistente, por cerca de 4
semanas, catarro esverdeado ou com
raios de sangue (existentes ou não),
febre no final da tarde,
emagrecimento, falta de apetite, suor
noturno. São também realizados
exames de raios X e pesquisa da
presença do bacilo de Koch no
escarro.

Após iniciado o tratamento, é


importante informar o doente de que
os sintomas irão regredir; além disso,
orientá-lo quanto a alguns cuidados
que deve tomar, como repouso,
alimentação adequada, aumento da ingestão de líquidos.

A atuação na prevenção e controle da hanseníase e tuberculose

A forma mais eficiente de combate à transmissão da hanseníase e tuberculose,


com vistas ao controle, é a identificação precoce dos sintomáticos, com tratamento de
início rápido e adesão total do cliente.

O atual modelo de assistência deve redirecionar suas práticas para solucionar


os problemas apontados (falta de informação, alto índice de abandono ao tratamento,
etc.), a fim de atingir as seguintes metas propostas:
• para a tuberculose – oferecer tratamento em pelo menos 80% dos centros
municipais de saúde; diagnosticar e tratar pelo menos 90% dos casos
detectados; curar pelo menos 95% dos clientes em tratamento;
• para a hanseníase – diminuir a incidência de casos para, no máximo, 1 para
cada 10 mil habitantes.

Além do tratamento eficaz para controlar o número de casos de hanseníase e


tuberculose, outras medidas devem ser tomadas para garantir a diminuição da
transmissão destas doenças. Assim, é importante orientar que a casa do doente deve
estar sempre muito ventilada, permitindo a entrada da luz solar, pois os bacilos não
resistem muito tempo em ambiente limpo e iluminado. Não é necessário separar
utensílios como talheres, copos, pratos, roupas ou lençóis; deve-se apenas manter a
higiene habitual.

As pessoas mais próximas ao doente são chamadas comunicantes - familiares


colegas de trabalho ou escola. Geralmente, apenas os comunicantes domiciliares
precisam ser avaliados.

Doenças sexualmente transmissíveis e AIDS

As DSTs encontram-se amplamente disseminadas, desta forma,é necessário


estruturar os serviços de saúde de modo a que possam prestar adequada assistência
aos portadores desses agravos, e principalmente envolver
seus profissionais na execução de atividades ligadas à
prevenção da transmissão e do contágio.

AIDS/SIDA
A Aids é uma síndrome, ou seja, um conjunto de sinais
e sintomas, caracterizada pela diminuição da resposta
imunológica do organismo a agentes patogênicos. Esta carência imunológica causa
uma série de doenças oportunistas. São chamadas de oportunistas porque não se
manifestam em indivíduos com defesas normais.

Formas de contaminação pelo HIV

relações sexuais desprotegidas (oral, anal, vaginal)


exposição sangüínea (acidentes de trabalho com material biológico,
transfusão, uso de drogas injetáveis com seringas e agulhas compartilhadas)

durante o parto ou pela amamentação

É importante a orientação das portadoras do HIV em idade fértil acerca do


risco de transmissão do vírus durante a gestação e o parto, ainda que, atualmente já
se saiba que o uso de medicamentos na gestação diminui em 95% as chances de o
bebê nascer portador do HIV. Da mesma forma, devem ser orientadas para não
amamentarem.
Ser portador do vírus HIV não é certeza de
manifestação da doença. Não é possível detectar a presença
do HIV pela aparência, assim é fundamental a adoção de
medidas seguras, tanto no exercício profissional, quando nas
relações sexuais. Como dizia uma antiga propaganda
governamental, “o vírus não esta na cara”.

Sintomas iniciais da AIDS


Febre, mal-estar geral, aumento de gânglios, perda de peso, lesões na
cavidade oral ou no esôfago, sudorese intensa, diarréia, entre outros.

Como esses sintomas estão presentes em muitas outras doenças, o cliente


deve ser submetido a exames específicos para o diagnóstico da AIDS.

O HIV é detectado através é da realização de testes sangüíneos específicos. O


indivíduo que deseja fazer o teste anti-HIV deve receber aconselhamento oportuno,
podendo dirigir-se a uma unidade de saúde ou a um Centro de Testagem e
Aconselhamento (CTA). O CTA realiza o teste anti-HIV mantendo a privacidade do
cliente: um número lhe é fornecido, por meio do qual pode solicitar o resultado.

Nos CTAs, assim como nas unidades de saúde preparadas para prestar
assistência aos portadores do HIV, é possível encontrar uma estrutura que favoreça a
composição de grupos de integração entre os clientes, espaços onde ocorrem
discussões sobre suas dúvidas em relação à doença e tratamento.

O atual tratamento da AIDS aumentou a sobrevida dos pacientes,


proporcionando-lhes melhor qualidade de vida. Hoje, são utilizados medicamento anti-
retrovirais, que se encontram à disposição dos portadores do HIV em todos os postos
de saúde, tornando o Brasil o primeiro país a manter uma política pública de
distribuição gratuita de medicamentos para o tratamento da AIDS.

O exemplo do Brasil foi e continua sendo citado


por muitos movimentos de reintegração de portadores
do HIV do mundo inteiro, para conquistar em seus
países de origem o direito de serem tratados
gratuitamente.

Anti-retrovirais – são medicamentos que impedem ou


diminuem a multiplicação dos retrovírus, como o
HIV, contendo o avanço da AIDS no indivíduo. Os mais
conhecidos e utilizados são o AZT (Zidovudina®),
3TC (Lamivudina®), DDI (Didanosina) e d4T
(Estavudina®), entre outros.

O prognóstico para os doentes com Aids já não


é tão sombrio como há pouco tempo atrás,
principalmente a partir da utilização dos anti-retrovirais
em conjunto, numa estratégia popularmente conhecida como
coquetel.

Inicialmente, os casos diagnosticados reportavam-se a


homossexuais masculinos com alto poder aquisitivo, que
freqüentemente viajavam para o exterior. Esse fato fez com que
a sociedade acreditasse que se tratava de uma doença
estrangeira, restrita a um pequeno grupo, sem comprometer a
sociedade como um todo.

Houve a divulgação da idéia de que se tratava de uma doença restrita a um


determinado grupo social, usou-se erradamente o termo "grupos de risco". Esse termo
indicava aqueles indivíduos que colocavam as outras pessoas em risco de infecção
pelo HIV o que, epidemiologicamente é considerado incorreto, posto que esta
expressão designa indivíduos ou grupos mais propensos a adquirir certas patologias,
não a transmiti-las.

Recentemente, nos últimos anos de pesquisa, detectou-se o fenômeno da


feminização da AIDS.

A divulgação de que a doença era restrita a um


determinado grupo levou mulheres com parceiros fixos, a
acreditarem que estavam imunes à contaminação pelo HIV/AIDS.
Assim, um grande número de mulheres com parceiros fixos foi
contaminado porque seus companheiros apresentavam-se em
situação de risco como: uso de drogas injetáveis, múltiplas
parceiras, bissexualidade, causando assim o crescimento da
epidemia entre as mulheres, chamado de feminização da AIDS.

O Ministério da Saúde em conjunto com vários grupos de apoio e prevenção já


iniciaram vários programas de conscientização feminina. Não se pode negar o
sucesso das campanhas de prevenção feitas até agora. Todas primaram pela
originalidade, pelo direcionamento, pela excelente estruturação. O resultado foi a
queda do número de casos nos públicos visados. Como podemos perceber o sucesso
esta atrelado à educação e a conscientização da população na necessidade de
prevenção.

A grande questão, que gera o maior risco em relação as mulheres, é que o


comprometimento de fatores sócioculturais relacionados à construção da sexualidade
feminina acaba por tornar os procedimentos preventivos algo quase que negado para
e pelas mulheres. Isso porque tomar consciência desses e, ao mesmo tempo,
executá-los, significa tomar consciência da necessidade de mudanças radicais em sua
postura de vida, tornando-se mais autônomas diante de seus relacionamentos
afetivos.
O Ministério da Saúde e a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres,
por meio do Programa Nacional de DST e AIDS, a Área Técnica de Saúde da Mulher,
apresentou, em março de 2007, para as instituições que atuam no campo dos direitos
humanos, direitos sexuais e direitos reprodutivos das mulheres brasileiras, o Plano
Integrado de Enfrentamento à Feminização da Epidemia da Aids e outras DST.

O Plano Integrado representa a consolidação de uma política intersetorial para


o enfrentamento da epidemia de AIDS e a prevenção de doenças sexualmente
transmissíveis entre mulheres. E a construção de uma resposta integrada para a
redução dos contextos de vulnerabilidade, que deixam as mulheres mais susceptíveis
à infecção pelo HIV e a outras doenças sexualmente transmissíveis, é um importante
marco histórico de fortalecimento da atuação no campo dos direitos de mulheres, da
promoção da saúde e da prevenção. O objetivo geral desse Plano é enfrentar a
feminização da epidemia de AIDS e outras DST por meio de ações integradas nas
esferas federal, estadual e municipal, envolvendo instituições governamentais, nao
governamentais e movimentos sociais.

Sífilis

A sífilis é uma DST de tratamento fácil e disponível em todas as unidades de


saúde, no entanto, existe uma mobilização dos serviços de saúde em torno da
detecção de casos dessa doença, em virtude do conhecimento das conseqüências
decorrentes da evolução da sífilis sem tratamento adequado. Outra razão para o
empenho dos profissionais de saúde é a possibilidade de transmissão da doença de
mãe para filho durante a gestação, causando uma síndrome denominada sífilis
congênita.

A sífilis é causada pela bactéria Treponema pallidum, que pode atingir qualquer
tecido ou órgão e tende a evoluir cronicamente. De acordo com sua evolução, pode
apresentar-se em três fases, primária, secundária e terciária.

A sífilis primária: caracteriza-se pela presença do cancro duro, que é uma lesão
ulcerada, única, indolor, de bordos bem definidos e fundo liso. Por se tratar de lesão
indolor, as pessoas continuam mantendo relação sexual e transmitindo a doença.
Geralmente, localiza-se na genitália externa ou outros locais por onde o Treponema
penetrou o corpo (ânus, reto, lábios, boca, mamas ou dedos). Na mulher, a sífilis pode
ser assintomática, independente da localização do treponema, o que possibilita a
disseminação da doença. Essa lesão regride espontaneamente, e normalmente o
portador não procura uma unidade de saúde por pensar estar curado, permitindo que
a doença evolua para a sífilis secundária.

A sífilis secundária: ocorre entre 6 e 8 semanas após o surgimento do cancro


duro. Suas manifestações surgem após a disseminação do Treponema para todo o
corpo, por meio da corrente sangüínea e vasos linfáticos. Sintomas da fase: lesões de
pele, pequenas manchas acobreadas, denominadas roséolas sifilíticas, nas regiões
palmar, plantar, ingüinal, entre as nádegas, tronco, face e membros superiores. Há
ainda alopécia e porções distais das sobrancelhas, placas mucosas e lesões
semelhantes a verrugas planas nas regiões de dobras ou atrito. Outros sintomas: febre
baixa, mal-estar, cefaléia e artralgia.

Se o indivíduo acometido durante a fase secundária da sífilis não for assistido,


a doença atingirá a fase terciária entre 3 e 12 anos após a infecção, e o seu portador
manifestará sinais e sintomas de comprometimento ósseo, articular, neurológico,
cutâneo-mucoso ou cardiovascular, refletindo a invasão da bactéria nos órgãos
internos, principalmente nas válvulas cardíacas e cérebro, podendo levar à morte.

Formas de diagnóstico da sífilis: através de critérios clínicos baseados nos


sinais e sintomas apresentados, ou por diagnóstico laboratorial, pela realização de
exames de sangue, que podem ser inespecíficos (VDRL) ou específicos (FT-Abs,
TPHA) para a detecção do T. pallidum na corrente sangüínea. Esses testes são
especialmente úteis quando o portador se encontra na fase latente da doença e não
apresenta sinais e sintomas de infecção, mas relata história sugestiva de infecção pelo
agente causador da sífilis.

O portador e o parceiro devem iniciar o tratamento da sífilis o mais rápido


possível, através da administração de antibióticos, preferencialmente a penicilina
Benzatina ®.O mesmo tratamento é aplicável a gestantes ou a bebês, filhos de
gestantes não tratadas.

Gonorréia
A gonorréia é uma infecciosa causada por uma bactéria, do tipo gonococo,
chamada Neisseria gonorrhoeae, que causa um processo inflamatório na mucosa
uretral, denominado uretrite gonocócica. É popularmente conhecida como gota
matinal, porque é comum a saída de secreção pelo meato uretral, pela manhã, quando
o doente se levanta e vai realizar a primeira micção. Já o nome gota militar foi dado
devido ao seu grande acometimento por militares. Antigamente, era chamada de
blenorragia, que significa escoamento de muco.

Após o contágio, o agente infeccioso causa uma infecção superficial, mas a


gonorréia pode evoluir com algumas complicações se não tratada adequadamente,
causando inflamação e infecções em vários órgãos e tecidos, como o coração,
articulações, ovários e meninges, que são atingidos porque o gonococo pode subir
através do trato urinário e se disseminar pelos sistemas linfático e circulatório.

Os sintomas são dor ou ardência ao urinar, e corrimento uretral purulento e


fétido, podendo haver febre. Manifestam-se cerca de 2 a 10 dias após o contágio.
Porém, cerca de 70% das portadoras do sexo feminino são assintomáticas e
transmitem a bactéria, muitas vezes sem o saber.

A gestante afetada pode contaminar o nascituro durante o parto, causando a


conjuntivite gonocócica. Para prevenir esse risco, as maternidades realizam a
credeização ou método de Credê. Credeização ou método de Credê - consiste na
aplicação de nitrato de prata nos olhos dos recém-nascidos e especificamente na
genitália da menina.
O diagnóstico da gonorréia é feito com base no quadro clínico, embora possa
ser utilizado método complementar de exame de amostras de secreção uretral. Para
seu tratamento utilizam-se antibióticos, disponíveis nas unidades de saúde para o
portador e seu parceiro. Quando ocorrem complicações devido ao acometimento de
outros órgãos pelo gonococo, a hospitalização é indicada e o tratamento passa a ser
direcionado em função do sistema atingido.

orientação ao portador de sífilis

trocar regularmente as roupas íntimas


higiene habitual com água e sabonete
lavar as mãos antes e após o uso do vaso sanitário
não coçar os olhos, pois isto pode transportar o gonococo dos genitais para a
mucosa ocular
não ingerir bebidas alcoólicas, pois estas irritam ainda mais a mucosa uretral
não manter relações sexuais
encaminhar o(a) parceiro(a) para tratamento na unidade de saúde

Uretrites não-gonocócicas
As uretrites não-gonocócicas compreendem um conjunto de uretrites
sintomáticas causadas por microrganismos que não o gonococo. O mais comum
desses agentes é a bactéria Chlamydia trachomatis.

Há saída de secreção purulenta do meato uretral no indivíduo acometido pela


doença, causando dor e ardência ao urinar, gerando sérios desconfortos. O avanço
das uretrites não-gonocócicas pode desencadear conseqüências em todo o corpo,
principalmente a doença inflamatória pélvica (DIP) em mulheres, podendo ocasionar
infertilidade.

O diagnóstico considera o quadro clínico do portador e a ausência de gonococo


no exame de amostras uretrais. O tratamento é feito utilizando-se antibióticos. Os
parceiros sexuais também devem ser tratados.

Devido à semelhança entre as manifestações das uretrites não-gonocócicas e


a gonorréia, as orientações são semelhantes, com ênfase na higiene do indivíduo e
no correto seguimento do tratamento.

Condiloma acuminado
Doença infecciosa causada por um
vírus chamado HPV (papilomavírus
humano), também conhecida como crista de
galo ou verruga genital.

Caracteriza-se pelo surgimento de


pequenas verrugas nas regiões genital anal
e perianal, após a multiplicação do HPV
nesses locais, entre 3 e 4 meses após a
transmissão, sexual na maioria das vezes.
Com o passar do tempo e sem tratamento adequado, essas verrugas podem crescer e
unir-se umas às outras, adquirindo o aspecto de uma couve-flor.

Quando afeta a gestante o crescimento das lesões pode obstruir o canal


vaginal, levando à necessidade da realização de cesariana.

A ocorrência de infecção pelo HPV também aumenta os riscos de


desenvolvimento de câncer de colo uterino, determinando o acompanhamento regular
daquelas que já foram contaminadas por ele.

O diagnóstico do condiloma acuminado ocorre por exame clínico, podendo ser


complementado com biópsia.

Seu tratamento é feito em ambulatório, com cauterização química (por


podofilina ou ácido tricloroacético) ou térmica (criocauterização). Porém, quando a
lesão cresce demasiadamente, pode haver a necessidade de ser retirada
cirurgicamente.

Orientações ao cliente: a realização da


higiene com água e sabonete comum, com o
cuidado necessário para não agredir as lesões.
É importante atenção a outras queixas, pois
podem estar presentes outras patologias
associadas. O doente não deve manter relações
sexuais durante o tratamento, que poderá ser
estendido ao parceiro.

Linfogranuloma venéreo
Também chamada de doença de
Nicolas-Favre, é uma doença infecciosa de
transmissão exclusivamente sexual, causada
pela bactéria Chlamydia trachomatis. Sua entrada no organismo ocorre através de
lesões na genitália, muitas vezes despercebidas, que eliminam a clamídia, atingindo o
parceiro sexual.

A exemplo da sífilis, a doença manifesta-se em três diferentes fases. A lesão


primária, chamada de lesão de inoculação, surge cerca de 1 a 4 semanas após a
transmissão. É geralmente pequena, indolor, podendo sua localização ser pouco
visível nos homens e mulheres e, assim, passar desapercebida. Essa lesão regride
espontaneamente.

A lesão secundária ocorre quando após alguns dias, a clamídia alcança os


gânglios e o portador desenvolve uma linfadenopatia regional, ou seja, há um aumento
dos gânglios na região ingüinal. Geralmente, atinge apenas um lado, causando dor,
febre e artralgias. Sobre a região aumentada, há a abertura de lesões, com saída de
secreção purulenta e vários orifícios.

A terceira fase caracteriza-se pelo desenvolvimento de seqüelas que ocorrem


principalmente quando o linfogranuloma afeta a região anal, podendo levar à
obstrução do ânus e à formação de fístulas e causar infecção
disseminada por outros órgãos e tecidos pélvicos e abdominais.

O diagnóstico considera o quadro clínico, podendo ser


auxiliado com a realização de exames complementares, como a
cultura da clamídia e o exame bacteriológico direto. O tratamento
é feito utilizando-se antibióticos.

Cancro mole
Causada por uma bactéria chamada Haemophilus ducrey,
de contágio exclusivamente sexual. Sua principal característica é o surgimento de
várias lesões, entre 2 e 5 dias após o contágio – que ocorre pelo contato com a
secreção que sai das lesões do parceiro sexual. Tal secreção contém vários
hemófilos, o que torna fácil a transmissão.

As lesões são dolorosas, de fundo irregular coberto de secreção fétida e


amarelada, com facilidade para o sangramento. Podem levar ao desenvolvimento de
linfadenopatia ingüinal unilateral (bubão), quando o hemófilo atinge os gânglios, e ao
aparecimento de lesões sobre os bubões, agravando o quadro clínico de seu portador.

É comum surgirem lesões nas coxas dos homens doentes, por auto-
inoculação, ou seja, quando a lesão da glande encosta na coxa transporta a bactéria,
surgindo uma nova lesão.

Seu diagnóstico é feito a partir do quadro clínico e exame de esfregaço da


lesão. O tratamento é realizado com antibióticos. É aconselhável a drenagem linfática
como forma de alívio à dor.

Orientação aos clientes incluem: abstenção de relações sexuais, higiene


cuidadosa da genitália, estímulo à adesão ao tratamento e encaminhamento do
parceiro à consulta na unidade de saúde.

Herpes genital
É causada pelo Herpes simplex vírus (HSV), dos tipos I e II. Usualmente
provoca lesões nos órgãos genitais, cerca de 3 a 14 dias após o contágio, embora
possa provocar lesões em qualquer parte do corpo. O contágio pode ser sexual ou por
contato com fômites.

O HSV, ao multiplicar-se na pele ou mucosa da genitália, causa lesões


vesiculosas, em forma de pequenas bolhas agrupadas, que se rompem dando origem
a úlceras e, depois, a crostas.

Antes do surgimento das lesões, pode haver sensação de ardor e prurido local.
As lesões regridem espontaneamente e o vírus permanece no organismo em estado
latente. Ao ser reativado, o quadro clínico é semelhante ao da primeira infecção,
porém mais brando. As recorrências de ativação do vírus estão ligadas ao estresse do
portador, exposição à radiação ultravioleta (luz do sol), febre e imunodepressão, entre
outros fatores.
O diagnóstico é feito basicamente através do exame
clínico. A herpes não tem cura, portanto, o tratamento é
voltado para o alívio dos sintomas, com a drenagem das
lesões e o uso de antivirais tópicos, até que o episódio acabe.
Podem ser usados antibióticos, no caso de complicações como
a infecção das lesões por bactérias. Alguns médicos
prescrevem vacinas específicas para estimular a defesa do
organismo, o que dificultaria a reativação do vírus.

Donovanose
É uma DST encontrada em países de climas tropical e subtropical, como o
Brasil. É causada por uma bactéria denominada Calymmatobacterium granulomatis,
transmitida pelo contato com as ulcerações presentes no doente.

Caracteriza-se pelo aparecimento de nódulos subcutâneos, indolores, múltiplos


ou únicos, e por ulcerações. Essas ulcerações, que surgem quase sempre nas regiões
de dobras e na região perianal, apresentam odor fétido, aspecto vermelho vivo e fácil
sangramento.

O diagnóstico baseia-se no quadro clínico e na realização de pesquisa pelos


corpúsculos de Donovan, em material coletado através de biópsia. O tratamento é feito
com a utilização de antibióticos.

Orientações ao cliente: higiene cuidadosa da genitália e abstenção sexual


durante o tratamento da doença.

Candidíase (monilíase)
É uma das DST mais freqüentes. É causada pelo fungo Candida albicans, que
habita a mucosa vaginal, sem causar sintomas em 10% a 20% das mulheres, e se
manifesta mediante condições de desequilíbrio da flora vaginal, como gravidez,
diabetes, Aids, uso de medicação imunossupressora e hábitos de higiene
inadequados,
dentre outras. A presença dessas condições permite que o fungo se multiplique e, com
sua superpopulação, produza os sintomas de candidíase.

As principais manifestações clínicas incluem prurido vulvar, ardor ou dor ao


urinar, vermelhidão e edema da vulva e corrimento branco, sem cheiro e espesso.

O diagnóstico pode ser feito através dos sinais e sintomas apresentados e


também com a realização de exames laboratoriais, como a citologia. O tratamento é
realizado com a utilização de antifúngicos.

Orientações ao cliente: passar a ferro o forro das roupas íntimas, utilizar


apenas sabonetes neutros na higiene íntima, não enxugar a vulva com rispidez após
usar o vaso sanitário, não compartilhar roupas íntimas, não manter relações sexuais
enquanto estiver em tratamento, encaminhar os parceiros sexuais para tratamento.
Tricomoníase
Trata-se de uma doença muito mais freqüente nas
mulheres do que nos homens. É causada por um protozoário
chamado Trichomonas vaginalis, que atinge a mucosa genital
após relação sexual com indivíduo portador, assintomático ou
não.

O doente apresenta corrimento amarelado, espesso, de odor fétido, dor no ato


sexual (dispareunia), ardência e prurido na região genital. No entanto, afirma-se que
mais de 50% das mulheres portadoras são assintomáticas.

Diagnóstico ocorre através dos sinais e sintomas apresentados e também com


a realização de exames laboratoriais. O tratamento é feito à base de antifúngicos.

Pediculose genital
É conhecida como “chato” ou ftiríase, tratando-se de uma infestação de piolhos
nos pêlos da região genital, especialmente na região do púbis, de uma espécie
diferente daqueles que infestam os cabelos e o corpo.

A disseminação se dá por hábitos de higiene inadequados,como compartilhar


roupas íntimas, de cama e toalhas, e a convivência estreita em locais com más
condições de higiene.

O Phtirus pubis, agente da pediculose genital, também causa intenso prurido, o


que pode provocar até ulcerações na pele sob os pêlos e conseqüente infecção destas
pelas bactérias presentes nas mãos/unhas e nos próprios piolhos.

O diagnóstico da pediculose, consiste na verificação da concentração da


coceira nos pêlos, e não na vagina ou pênis, embora os piolhos circulem livremente e
possam causar prurido também nessas regiões, quando se fixam na pele para sugar o
sangue do indivíduo.

O tratamento é feito com uso de sabonetes especiais à base de permetrina,


enfatizando-se a higiene íntima. procurando-se retirar os piolhos e lêndeas dos pêlos.
Recomenda-se que as roupas íntimas, de cama e de banho utilizadas sejam trocadas
constantemente e fervidas.

Giardíase e amebíase
A giardia e a ameba são protozoários freqüentemente presentes no trato
intestinal, onde tanto podem passar sem causar qualquer sintoma como podem levar à
ocorrência de distúrbios diarréicos severos e importantes, sendo mais freqüentes entre
as mulheres.

Pode ser causada pela higiene incorreta, pós evacuação, da mulher portadora
desses microrganismos trazendo restos de fezes para a mucosa genital, transportando
os parasitas.Isso ocasionará infecção vaginal ou uretral, que pode ser transmitida
através das relações sexuais.
Sua transmissão também pode ser facilitada pela realização de sexo anal,
seguido de sexo vaginal, sem utilização ou troca de preservativos.

A prática de sexo anal seguida de sexo oral favorece o processo de


transmissão da giardíase e amebíase.
O diagnóstico é feito com base nos sintomas apresentados ou mesmo pela detecção
dos parasitas após a realização de exame preventivo ginecológico.

A pesquisa dos parasitas nas fezes é essencial para determinar a escolha


correta do tratamento, que é feito utilizando-se antibióticos bastante potentes,
disponíveis na rede básica de serviços de saúde.

Ações de atenção básica frente às DST/AIDS


Objetivando alcançar o controle das DST/AIDS, o Ministério da Saúde
estruturou programas cujas ações se baseiam na prevenção da ocorrência de novos
casos, na detecção precoce e no tratamento oportuno para os portadores de
DST/AIDS e seus parceiros.

Sugerimos a todos que acessem o portal do Ministério, www.saude.gov.br, e


aprofundem seus conhecimentos. Grande parte dos dados contidos nesta apostila são
provenientes de material disponibilizado, através deste endereço eletrônico, ou pela
distribuição de cartilhas, folders e manuais pelo Ministério da Saúde, a quem damos o
devido crédito.

Na rede básica de saúde, essas ações são concretizadas através da realização


de várias atividades. Na unidade de saúde ou na comunidade, os esforços dos
profissionais de saúde devem estar comprometidos com trabalhos de educação em
saúde que estimulem os indivíduos à reflexão sobre como as condutas sexuais por
eles adotadas podem estar influenciando o aumento do risco de se contrair DST/AIDS.

No nível das ações de atenção básica, é importante realizar:


• busca de portadores assintomáticos de DST durante a realização de atividades
ligadas à discussão da sexualidade, e seu encaminhamento para o atendimento
adequado;
• atividades de educação em saúde e aconselhamento pré-teste anti-HIV para todos
os portadores de DST e gestantes;
• encaminhamento das gestantes ao pré-natal, para rastreamento com o teste
VDRL, com vistas à eliminação
• da sífilis congênita;
• triagem e referência dos pacientes com DST e seus parceiros às unidades básicas
de saúde, para manejo adequado.

Durante todo o processo que envolve desde a captação até a assistência a um


portador de DST/AIDS, é necessário que os profissionais estejam preparados para
realizar uma forma de abordagem denominada aconselhamento, que pode ser
individual ou em grupo.
O aconselhamento exige profissionais devidamente capacitados pois este consiste
em apoio emocional e educativo, constante discussão sobre a redução de riscos para
DST/Aids e adoção de práticas sexuais seguras. O aconselhamento,
desde que bem conduzido, é capaz de reduzir o estresse do cliente e melhorar os
índices de adesão ao tratamento.

Prevenção é o melhor remédio e informação é o melhor elemento de defesa


contra as DST/Aids é a informação. Assim, todas as oportunidades que surgirem para
a realização de atividades junto à população exposta ao risco de contrair e/ ou
transmitir essas doenças devem ser aproveitadas.

É importante desmistificar a idéia de que apenas alguns grupos populacionais,


como homossexuais, profissionais do sexo ou usuários de drogas injetáveis, estão
expostos às DST/AIDS. Também não é verdade que uma pessoa não possa ter DST
mais de uma vez.

Condutas recomendadas, por serem seguras e proporcionar a prevenção das


DST/Aids:
• uso de preservativos, em todas as relações sexuais que envolvam sexo oral e
penetração vaginal ou anal. Além de serem de fácil utilização, encontram-se
disponíveis nas unidades de saúde e apresentam baixo custo quando adquiridos
em estabelecimentos comerciais;
• redução de parceiros sexuais, para diminuir as chances de transmissão de DST;
• auto-exame dos genitais, com o auxílio de um espelho. Em caso de detecção de
alguma alteração, deve-se procurar os serviços de saúde;
• fazer higiene após o ato sexual, objetivando diminuir o risco de contaminação de
DST/AIDS;
• não compartilhar seringas e agulhas com outros usuários de drogas injetáveis,
procurando utilizar apenas materiais descartáveis.

Instruções para o uso correto de preservativos masculinos


• Retirar a camisinha da embalagem somente na hora de usá-la, sem rasgar o
invólucro com os dentes ou tesoura, para não correr o risco de estragar a
camisinha.
• Apertar a ponta da camisinha, para não formar bolha de ar durante sua colocação,
o que pode causar seu rompimento. Essa ponta é que vai acumular o sêmen
expelido durante a ejaculação.
• Encaixar a camisinha na ponta do pênis ereto, desenrolar a camisinha até a base
do órgão e largar sua ponta. Nesse momento, o ato sexual já pode ser iniciado.
Não usar cremes ou loções, a não ser aqueles à base de água.
• Após a ejaculação, enquanto o pênis ainda estiver ereto, retirar a camisinha e dar
um nó em sua abertura, descartando-a no lixo.
• Para cada ato sexual, utilizar uma nova camisinha.

Instruções para o uso correto de preservativos femininos


• Retirar a camisinha da embalagem somente na hora de usá-la, sem rasgar o
invólucro com os dentes ou tesoura, para não correr o risco de estragar a
camisinha.
• Apertar o aro interno (o mais estreito) e introduzi-lo no canal vaginal. Esse aro é
que vai ser encaixado em volta do colo uterino, impedindo o deslocamento da
camisinha durante o ato sexual.
• Ajustar o aro externo (mais largo), segurando-o até a primeira penetração. Durante
o ato sexual, não é mais necessário segurar o aro externo da camisinha.
• Após a ejaculação do parceiro, retirar a camisinha, descartando-a no lixo.
• É importante trocar a camisinha em cada relação sexual.

Doenças crônicas não transmissíveis


A relação de doenças denominadas crônico-degenerativas ou modernas é
bastante abrangente, mas a hipertensão arterial, as doenças cardiovasculares (DCV) e
o Diabetes mellitus serão especialmente estudadas, devido às altas taxas de sua
incidência e prevalência em nosso país.

Essas doenças podem ser prevenidas se houver ações educativas que


trabalhem com a perspectiva de modificar o estilo de vida pouco saudável. Para o
diabetes, estima-se que metade dos casos novos poderia ser evitado com o controle
do excesso de peso; outros 30% seriam evitados com o combate ao sedentarismo.
Além disso, os fatores relacionados à sua ocorrência são semelhantes e, em geral,
encontram-se presentes de forma associada.
Fatores associados às doenças crônicas não transmissíveis
• estresse decorrente da industrialização e do desenvolvimento econômico,
• o aumento da idade da população,
• os distúrbios dietéticos,
• a obesidade,
• o sedentarismo,
• o consumo de álcool,
• o tabagismo,
• a drogadição,
• a ocupação ou o trabalho dos indivíduos.

Drogadição – é a dependência de um indivíduo em relação a uma substância química,


normalmente decorrente de seu uso abusivo, também chamada droga. Exemplos:
dependência de cocaína, maconha, álcool,

Estratégias para o controle das doenças crônico-degenerativas


As atividades relacionadas ao controle da hipertensão arterial e do diabetes
são operacionalizadas através do Programa Nacional de Controle da Hipertensão
Arterial e Programa Nacional de Controle do Diabetes.

As atividades desenvolvidas nas unidades básicas de saúde objetivam a


captação dos clientes hipertensos e diabéticos pela adoção de uma estratégia de
verificação dos níveis de pressão arterial em qualquer indivíduo assistido cuja idade
seja maior ou igual a 20 anos, e de verificação de glicosúria em indivíduos com idade
igual ou superior a 30 anos. Para a confirmação de um caso de hipertensão, faz-se
necessário realizar três verificações consecutivas, em dias alternados.

Pressão Diastólica Pressão Sistólica Tipo de Hipertensão Arterial


Menor que 85 Menor que 130 Normal
Entre 85 e 89 Entre 130 e 139 Normal limítrofe
Entre 90 e 99 Entre 140 e 159 Hipertensão leve (estágio 1)
Entre 100 e 109 Entre 160 e 179 Hipertensão moderada (estágio 2)
Maior ou igual a 110 Maior que 180 Hipertensão grave (estágio 3)
Menor que 90 Maior ou igual a 140 Hipertensão sistólica isolada

Campanhas de verificação de glicemia capilar ou de verificação de glicosúria


são boas estratégias para a captação de clientes diabéticos.

O desenvolvimento atividades no ambiente domiciliar é estratégia para a


oportunidade de observação da realidade de vida e relacionamento das pessoas,
detectando fatores relacionados à ocorrência de hipertensão e diabetes, como
tabagismo, dieta inadequada, sedentarismo e outros, criando a possibilidade de
discutir as modificações que produzirão benefícios para a saúde.

Muitas equipes do Programa Saúde da Família optam por organizar e


participar de eventos com atividades extramuros, em associações, igrejas, praças e
escolas, para captar novos casos de hipertensão e diabetes, bem como realizar
orientações coletivas para prevenir complicações e controlar essas doenças. Uma vez
inscritos nas atividades dos programas, os clientes submetem-se a avaliações
periódicas que, além da pressão arterial, incluem verificação de peso corpóreo e
realização de alguns exames complementares, como eletrocardiograma, bioquímica
do sangue, urinálise, solicitados de acordo com o problema apresentado.

Os clientes passam a receber os medicamentos necessários ao controle das


doenças (drogas hipotensoras, hipoglicemiantes orais, insulina
injetável), de acordo com a relação de medicamentos constantes da farmácia básica.

Os tratamentos da hipertensão arterial e do diabetes baseiam-se na adoção de


medidas farmacológicas, utilizando-se de drogas, e não farmacológicas, através de
dietas e atividade física, entre outras medidas.

É importante sensibilizar o cliente para a importância da adesão ao tratamento,


garantindo melhores resultados através de atividades coletivas ou individuais de
educação em saúde, seja com discussão em grupos, cartazes, campanhas. A não-
adesão ao tratamento é fator decisivo para a piora do estado do cliente, que deve ser
informado quanto à possibilidade de complicações das doenças.

As atividades de educação em saúde em grupo favorecem o esclarecimento de


dúvidas comuns a todos e a reflexão em conjunto sobre os estilos de vida que poderão
trazer maiores benefícios para todos.
Quanto mais descontraídos estiverem os participantes, melhor será o
andamento das atividades. Nesse sentido, as atividades ao ar livre são bem-vindas,
pois oferecem oportunidades de lazer associadas à promoção da saúde.

Medidas terapêuticas não-farmacológicas


• restrição ou eliminação de hábitos pouco saudáveis (alcoolismo, tabagismo,
drogadição);
• necessidade de prática regular de exercícios físicos;
• redução do consumo de café;
• ingestão de dieta pobre em sal e gorduras e, no caso do diabetes,
• restrição do consumo de carboidratos;
• manutenção de peso corpóreo próximo ao ideal;
• inclusão de atividades de lazer no cotidiano;
• cuidados com os pés dos clientes diabéticos, que devem ser mantidos limpos e
secos; após o banho, os pés devem ser hidratados com uma loção, evitando
passá-la entre os dedos (para evitar a umidade);
• os pés devem ser atentamente examinados todos os dias, pesquisando-se a
existência de feridas ou cortes não anteriormente percebidos;
• preferencialmente, usar sapatos fechados,confortáveis, e sempre examiná-los por
dentro antes de calçá-los;
• ao observar qualquer alteração na coloração dos pés ou ferimento, tal fato deve
ser notificado ao profissional que acompanha o caso.
• para os diabéticos insulino-dependentes: cuidados na conservação e na auto-
administração de insulina.

Os profissionais que atuam nos programas de controle do diabetes e hipertensão


devem desenvolver os seguintes cuidados: verificação da pressão arterial, aferição do
peso para auxiliar no seu controle; realização dos curativos em clientes diabéticos com
lesões; orientação, acompanhamento da auto-administração de medicamentos via oral
ou injetáveis; verificação dos níveis de glicemia capilar; realização de visitas
domiciliares aos clientes faltosos ou necessitados de cuidados domiciliares;
organização e participação das atividades em grupo; organização da agenda para o
retorno dos clientes às consultas necessárias ao seu acompanhamento.

Intersetorialidade: conceito e dinâmica


político-administrativa do município

Em 1978, na Primeira Conferência


Internacional sobre a Atenção Primária em Saúde, a
saúde foi reconhecida como fenômeno de
determinação intersetorial e direito de todos. As
práticas de saúde dão ênfase às ações ligadas às
condições de vida de pessoas e coletividades.
A concepção ampliada de saúde e a compreensão de que as ações de outros
setores têm efeitos sobre a saúde individual e coletiva possibilitaram o surgimento de
outras perspectivas de promoção e de cuidado à saúde, por meio da atuação para
mudar positivamente os elementos considerados determinantes do processo saúde-
doença.

A intersetorialidade é a articulação entre os diferentes setores que executam


políticas públicas para planejamento conjunto dos problemas da população. Portanto,
é a articulação entre sujeitos de setores sociais diversos e, portanto, de saberes,
poderes e vontades diversos, para enfrentar problemas complexos. É uma nova forma
de trabalhar, de governar e de construir políticas públicas que pretende possibilitar a
superação da fragmentação dos conhecimentos e das estruturas sociais para produzir
efeitos mais significativos na saúde da população.

Por exemplo, a violência é um sintoma social que merece uma intervenção


articulada. Busca-se a ação de diversos órgãos como a polícia, a defesa pública,
órgãos de educação, setores diversos do município, que juntos estabelecerão
estratégias de prevenção, controle e vigilância no sentido de diminuir as causas que
levam a violência.

Da mesma forma algumas doenças para serem


prevenidas necessitam de saneamento básico,
recolhimento de lixo, limpeza de terrenos baldios, em
suma é possível perceber que o nível de saúde de uma
população depende da ação de diversos setores que
atuam na sociedade, sendo que o setor saúde é apenas
um dentre eles.

Para alcançarmos melhores indicadores na área


da saúde, precisaremos desenvolver uma ação integrada com os demais setores que
executam políticas públicas

Diante de um enfoque intersetorial, compete ao Estado a integração e a


efetivação de políticas sociais, tendo por base a promoção de saúde e a melhoria da
qualidade de vida.

“Como processo organizado, coletivo, a ação intersetorial não é um processo


espontâneo. Depende de uma ação deliberada, que pressupõe o respeito à
diversidade e às particularidades de cada setor ou participante. Envolve a criação de
espaços comunicativos, a capacidade de negociação e também trabalhar os conflitos
para que finalmente se possa chegar, com maior potência, às ações. Ações que não
necessariamente implicam na resolução ou enfrentamento final do problema principal,
mas que implicam na acumulação de forças, na construção de sujeitos, na descoberta
da possibilidade de agir .“(Campos,2000)
Envolve, também, a expectativa de maior capacidade de resolver situações, de
efetividade e de eficácia, pois, a intersetorialidade se alicerça na confluência das
necessidades, das pessoas e setores, de enfrentar problemas concretos. Um sistema
social e político saudável, necessita de ações educativas associadas a ações
gerenciais e econômicas.

As pessoas são mobilizadas pelas questões concretas. São os problemas


palpáveis, reais, visíveis, aqueles que estão prejudicando a todos e portanto criam em
todos o interesse de que sejam resolvidos, que criam o espaço possível de interação e
de ação. Assim, é fundamental a produção de resultados, que ainda que parciais,
sejam palpáveis, perceptíveis para retroalimentar setores e pessoas participantes e
evitar o desânimo e o abandono da linha conjunta de ação.

O tema do problema a ser resolvido é que define a possibilidade de uma ação


intersetorial. Ele deve ser amplo o suficiente para despertar o interesse de todos os
setores envolvidos como: qualidade de vida, violência , meio ambiente, exclusão
social, acessibilidade, drogas, entre tantos outros. Além disso, como já colocado, deve
ter relação com algum fato concreto que mobilize a todos, ou seja, que diga respeito
não só a saúde mas a todos os demais setores envolvidos.Por exemplo: o esgoto a
céu aberto causa uma série de doenças, doenças que fazem com que os adultos
faltem ao trabalho ou rendam pouco, que impede as
crianças de ir a aula, ou fazem com que elas se tornem
fontes de disseminação das contagiosas no ambiente
escolar, faz com que a comunidade seja invadida por ratos
e mosquitos que por sua vez transmitirão outros tipos de
doença, etc, um verdadeiro circulo vicioso que prejudica a
todos.

Alguns dos resultados concretos da ação


intersetorial podem ser medidos através de indicadores de
saúde. Aliás, muitas das iniciativas intersetoriais têm
partido ou contam com uma participação ativa importante
de atores oriundos do setor saúde. De modo geral, percebe-se que a consciência das
limitações da ação setorial está mais clara no setor saúde. A compreensão da
determinação social do processo saúde-doença, a percepção muito clara do impacto
de ações não especificamente setoriais sobre a saúde (saneamento básico,
urbanização, por exemplo) e da impotência setorial diante de certos problemas como a
morbidade e mortalidade por causas externas, fazem com que o setor saúde esteja
mais mobilizado em propor a ação e a articulação intersetorial.

Um fator contribui para que a saúde provoque mais enfaticamente as


articulações intersetoriais é a constatação diária dos limites do setor para enfrentar os
problemas de saúde. A intersetorialidade é um instrumento poderoso, no entanto,
ainda tem que se avançar muito no processo dentro da própria saúde e na sua
articulação com os demais setores.
Informação, educação e comunicação: conceitos, diferenças e
interdependência.

Educação Popular não e o mesmo que educação informal. A educação


popular busca trabalhar a participação popular em um processo de aprendizado
coletivo, incentivando a troca de experiências, a pesquisa, a discussão de temas
pertinentes àquele grupo, a investigação, como forma de promover o crescimento da
capacidade de analise critica sobre a realidade e o aperfeiçoamento das estratégias
de luta e enfrentamento dos problemas inerentes àquela comunidade. Trata-se de
uma estratégia de construção da participação popular no redirecionamento da vida
social.

Um elemento fundamental do seu método e o fato de tomar, como ponto de


partida do processo pedagógico, o saber anterior individual ou coletivo do grupo que
se pretende educar.

Formas de aprender e ensinar


A melhor forma de aprender é trocando experiências. O indivíduo coloca seu
conhecimento, a forma como enxerga uma situação, como ela o atinge e aos seus, e o
assunto é colocado em discussão. Uma discussão saudável que permite aos demais
não só opinarem naquele caso concreto, mas colocarem suas vivências, suas
experiências, a forma como lidam ou lidariam com aquilo.

Este processo enfatiza não a simples transmissão de conhecimento, mas a


ampliação dos espaços de interação cultural e negociação entre os diversos atores
envolvidos em determinado problema social para a construção coletiva do
conhecimento e da organização política necessária à sua solução.
.
Trata-se de uma mudança de estratégia, ao invés de procurar difundir
conceitos e obrigar a comportamentos que considere corretos, o detentor do
conhecimento a ser transmitido, procura problematizar, em uma discussão aberta, o
que esta incomodando e oprimindo e propicia ao interlocutor o prazer de descobrir as
respostas ao problema. Fazer entender o mecanismo é bem mais produtivo do que
simplesmente impor. Pois se o indivíduo entender os motivos pelos quais deve, por
exemplo, se abster de algo, ele aceitará genuinamente a privação encarando-a como
forma de solução de um problema.

Essa valorização do saber e dos valores do educando permite que ele se sinta
tranqüilo, confiante, e mantenha suas iniciativas. Este processo de educação da saúde
em contexto, respeitando e adequando os conhecimentos populares, de forma a
buscar a confiança e a integração com a comunidade, tende a gerar frutos excelentes,
provenientes do respeito e do livre convencimento. Na educação popular, não basta
que o conteúdo discutido seja do interesse do indivíduo, sendo fundamental que o
processo de discussão não se coloque de cima para baixo. A educação popular é um
instrumento de construção de uma ação de saúde mais integral e mais adequada à
vida da população.

A Educação Popular é
um instrumento metodológico
fundamental no sentido da
construção de um processo
de atenção à própria saúde e
à saúde integral do grupo
comunitário em que se esta
inserido.

Nesse processo a
educação visa que as
pessoas e os grupos sociais
assumam maior controle
sobre a própria saúde e suas vidas e em que a racionalidade do
modelo biomédico dominante seja transformada em práticas do
dia-a-dia. O indivíduo passa a viver em prol da própria saúde, pois
incorporou os hábitos necessários para mantê-la, não como uma
imposição, mas por consenso. Nesse sentido, a Educação
Popular não e mais uma atividade a ser implementada nos
serviços, mas uma estratégia de reorientação da totalidade das
praticas executadas na comunidade, na medida em que investe
na ampliação da participação da população, que uma vez,
dinamizada, passa a questionar e reorientar tudo.

Cultura popular e sua relação com os processos educativos


“Colocar a educação popular como uma estratégia política e metodológica na
ação do Ministério da Saúde permite que se trabalhe na perspectiva da integralidade
de saberes e de praticas, pois proporciona o encontro com outros espaços, com outros
agentes e com tecnologias que se colocam a favor da vida, da dignidade e do respeito
ao outro. Trabalhar com a educação popular em saúde qualifica a relação entre os
cidadãos, definidos constitucionalmente como sujeitos do direito à saúde, pois pauta-
se na subjetividade inerente aos seres humanos”. (MS- caderno de educação popular
e saúde)

A primeira medida a ser tomada ao assumir a estratégia de interligar a


educação e saúde na comunidade, é buscar contato com a cultura local e o imaginário
popular para a definição para a definição de formas de atuação.
Antes de tudo o ASC deve ouvir. É através de uma escuta sensível e afetiva
que o profissional ganha a confiança da pessoa e aprende mais sobre a comunidade.
Seus anseios, suas crenças, suas convicções.

O passo seguinte, nas palavras de Paulo Freire, é “desmontar a visão mágica”.


Isso significa desestruturar alguns conceitos para construir outros.

Medidas empíricas - são medidas empregadas


sem comprovação científica de sua eficácia.
Em muitas regiões do país, as pessoas
amarram fitas vermelhas no pescoço quando
pegam caxumba, por exemplo.

O processo deve ser cauteloso para não ferir egos. O ideal é fazer com que a
pessoa chegue as conclusões esperadas sozinha, através de um processo de
raciocínio orientado de forma suave, mas, firme. Partir de situações concretas é uma
boa técnica. As rodas de conversa são bastante eficazes para isso, pois o assunto é
debatido de forma plena, abrindo várias oportunidades para a intervenção sutil e para
o redirecionamento que pode ser feito através de uma simples pergunta.

Não dá pra beber Já experimentou


água fervida... ela é “bater a água” antes
muito “pesada” de beber?

Feita a pergunta, cria-se a dúvida. Existindo dúvida cria-se a oportunidade de


aprendizado, que pode até mesmo ter desdobramentos práticos.

É fundamental estar com o outro, aprender com o outro. A troca é


importantíssima no processo. Admitir que atitudes da comunidades estão certas e que
aquele pode sim ser o melhor procedimento, ainda que não científico. Trata-se de unir
a teoria e a prática.

Da mesma forma, é preciso assumir a ingenuidade do indivíduo em relação ao


tema, ao problema ou ao próprio procedimento de promoção de saúde, eles não
conhecem a realidade que queremos mostrar, temos que conhecer a dele, para
estabelecermos as pontes de comunicação.
Algumas formas utilizar a cultura popular no processo educativo

Construir novos processos de trabalho que incorporem o saber popular


Produção de saúde e co-produção de autonomia, capacidade de pessoas e
coletividades compreenderem e agirem sobre si mesmos e sobre os contextos
cotidianos.
Expressões artísticas como forma de divulgação de informações e de
compartilhar sentimentos e verdades do contexto local
Comunicação como ação que implica na integração social

Participação e mobilização social: conceitos, fatores


facilitadores e/ou dificultadores da ação coletiva de base
popular

A Constituição Federal do
Brasil garante ao cidadão o direito de
ser assistido em suas múltiplas
necessidades, mas este mesmo
cidadão precisa estar consciente de
sua responsabilidade na busca por
melhores condições de vida.

As visitas são instrumentos de


trabalho preciosos no cuidado
estratégico da saúde das famílias,
devendo ser utilizadas nas mais
diferentes formas de
acompanhamento de seus membros,
em suas situações peculiares de saúde-doença e nos diferentes momentos de seu
ciclo vital. A visita é essencial ao processo de vigilância à saúde, tendo por finalidade
acompanhar a situação de saúde de cada membro da família, esperando-se a
produção de resultados positivos através da antecipação de diagnósticos
personalizados, do atendimento e de maior orientação ao indivíduo e sua família.

Por outro lado, é preciso ponderar que o desenvolvimento de ações no


domicílio aproxima o trabalho profissional da dinâmica de vida das famílias, colocando
em cena seus modos de lidar com a vida e os problemas de saúde, questões de
subsistência, aspectos religiosos e culturais, afetividades e outras subjetividades, que
implicam em desafios para os profissionais. Nesse sentido, as famílias que se
encontram em situação de maior vulnerabilidade devem ser apoiadas intensivamente.

A linha de separação entre o cuidado e atenção intensiva a intromissão é


tênue, existindo relatos de pessoas que acreditaram que esta barreira foi ultrapassada,
seja pelo excesso de zelo do profissional, seja pela conduta equivocada do
profissional. É essencial, que as especificidades dos cuidados direcionados a
situações peculiares de saúde-doença na família não anulem a sua autonomia e vice-
versa. A idéia de monitoramento da saúde-doença, proposta pela política de atenção
básica, não deve se consolidar como uma prática de controle sobre a vida e os
comportamentos em saúde das pessoas, bloqueando-se a ação direcionada a
necessidades mais abrangentes e à produção de autonomia, seja dos seus membros
ou da família como um todo, pois estas características remetem à esperada ampliação
do acesso e equidade.

Outro aspecto muito importante na organização dos programas e na prática em


saúde coletiva é a identificação das necessidades sentidas pela população-alvo.
Reconhecer os problemas sempre foi uma função dos profissionais de saúde, porém é
necessário identificar o que a população considera problema e quais são os
mecanismos para o seu enfrentamento. A equipe de saúde da família tem que levar
em consideração este aspecto da realidade. A diferença de posicionamento frente a
uma questão. Sob risco das políticas tornarem-se medidas não apropriadas para a
população, com soluções tecnocráticas voltadas para problemas inexistentes ou pouco
importantes para a população a quem se destinam as ações.

Lideranças: Conceitos, tipos e processos de constituição de


lideres populares

Por conhecerem os membros da comunidade, os Agentes Comunitários de


Saúde podem contribuir para desencadear um processo de envolvimento das
lideranças locais na discussão sobre os problemas de saúde e seus determinantes
sociais.

Liderança é um fenômeno de grupo, que envolve a capacidade de um


indivíduo, o líder comunitário, de influenciar as pessoas à sua volta, motivando-as e
compactuando-as em torno de um determinado objetivo comum.

Buscar os formadores de opinião para participarem ativamente nos processos


educativos e na elaboração dos projetos de melhoria para a comunidade, é diminuir
em muito os níveis de rejeição da população alvo.

O ACS deve procurar


detectar quem são os
verdadeiros lideres da
comunidade. Não poucas
vezes o líder eleito não tem
o real poder de fazer com
que as coisas aconteçam.
Existem quatro pessoas a
quem se dá os nomes de:
porteiro, zelador, captador
de notícias e corretor, são
elas que efetivamente fazem
a comunidade funcionar.
Os porteiros
O porteiro de uma comunidade é aquele que decide se alguém será aceito, se passará
pela “porta”.

Aquela família nova Sim... gostei.


que mudou, você
gostou deles? Dona Zinha me disse que
eles são muito simpáticos

“Dona Zinha” é a porteira. Uma pessoa influente que consegue controlar a


maneira como os demais membros da comunidade se sentem em relação a novas
pessoas e novas idéias.

Os zeladores
São aquelas pessoas que os outros procuram quando estão com problemas. Toda
comunidade tem zeladores, ou pastores, ou “mamães” . É aquela pessoa sempre
pronta a ajudar, a aconselhar, a consolar, a escutar.

A quem você pediria ajuda em


uma emergência de madrugada, se
sua família tivesse ido viajar?

Os captadores de notícia
São aquelas pessoas que sabem tudo o que esta acontecendo. São sempre os
primeiros a ficarem sabendo quando algo acontece. Falam bem e parece sempre
terem argumentos para todas as situações.

Quem seria a pessoa ideal para


tentar explicar algo a alguém e
evitar uma discussão desnecessária?

Os corretores
O corretor tem relações com amigos pessoais de pessoas-chaves do governo, ou da
industria, ou da diretoria do clube. São eles que podem conseguir as coisas, as
ajudas.
A quem você pediria ajuda se o
telefone do bairro não estivesse
funcionando?
A importância de localizar e captar estas quatro pessoas consiste em dois motivos:
• Elas tem as habilidades necessárias para organizar a comunidade, incentivar
as mudanças e mobilizarem a comunidade.
• As pessoas da comunidades irão ver se elas estão boicotando ou participando
dos projetos antes de tomarem suas próprias decisões em relação a aderir ou
não.

Pessoas portadoras de necessidades especiais; abordagem,


medidas facilitadoras de inclusão social e direitos legais
Na denominação de indivíduos com deficiência física estão incluídos os
portadores de dificuldades mentais,
físicas, auditivas, visuais e múltiplas.

As pessoas com necessidades


especiais apresentam deficiências
internas, relacionadas a doenças
crônicas, distúrbios genéticos ou
enfermidades degenerativas, muitas
delas dependentes de tecnologia para
manutenção da vida.

Deficiência
A perda ou anormalidade de uma
estrutura ou função psicológica,
fisiológica ou anatômica que gere
incapacidade para o desempenho de
atividade dentro do padrão considerado
normal para o ser humano.

Deficiência permanente
É aquela que não permite recuperação ou alteração apesar do aparecimento
de novos tratamentos, por já estar sedimentada pelo tempo.

Incapacidade
É a redução efetiva e acentuada da capacidade de integração social, com
necessidade de equipamentos, adaptações, meios ou recursos especiais.

Portadores de deficiência:

Deficiente físico – é o portador de alteração completa ou parcial de um


ou mais segmentos do corpo humano acarretando o comprometimento
da função física.
Deficiente auditivo – é o acometido de perda parcial ou total da audição
Deficiente visual – é aquele que possui diminuição da acuidade visual,
redução do campo visual ou ambas.
Deficiente mental – é aquele cuja função intelectual é significativamente
inferior à média, sendo
do a disfunção presente desde antes dos 18 anos e
associada a limitações em duas ou mais áreas de habilidades
adaptativas.
Deficiência múltipla – quando ocorrem associações de duas ou mais
deficiências.

Habilidades adaptativas
Comunicação, cuidado pessoal,
pessoal, habilidades sociais, utilização da comunidade,
saúde, segurança, habilidades acadêmicas, lazer e trabalho.
trabalho

O ACS deve oferecer orientações necessárias para que a família saiba superar
os obstáculos do dia-a-dia.
dia. Deve conversar com a família sobre como
como lidar com as
limitações dos membros portadores de deficiência, tentando evitar o abandono e os
maus tratos.

É importante fomentar a criação e participação em grupos de apoio e/ou de


suporte.

Estimular a família a incluir o portador de necessidades especiais


nas atividades sociais

Valorizar o lazer, o contato com a natureza e os cuidados com o


corpo

orientar sobre as possibilidades de adaptação da casa às


necessidades específicas do indivíduo

fornecer informações claras, atuais e condizentes com o contexto


cultural da família

Procurar apoio nas políticas públicas voltadas para o grupo

Saúde da criança, do adolescente, do adulto e do Idoso

Saúde da criança
A criação do Programa de Assistência Integral à Saúde da Criança (PAISC),
em 1984, iniciou a reestruturação do atendimento às necessidades da saúde da
criança com cinco principais focos de atenção: crescimento e desenvolvimento,
aleitamento
to materno, orientação nutricional, assistência às doenças diarréicas e
infecções respiratórias agudas (IRA) e imunização.
Apesar das diretrizes acolhidas ainda temos altas taxas de
mortalidade perinatal, alta prevalência de recém-nascidos de baixo
peso, grandes diferenças entre as condições de saúde nos meios rural
e urbano e alto índices de gravidez na adolescência.

Nas atividades desenvolvidas pelas equipes dos Programas


Saúde da Família e Agentes Comunitários de Saúde, destaca-se a Atenção Integrada
às Doenças Prevalentes na Infância (AIDPI) e a inserção dos enfoques da saúde da
criança.

A AIDPI é uma estratégia que visa integrar as ações de promoção de saúde da


criança, por meio da assistência aos aspectos preventivos e curativos. É executada
com uma abordagem por diagnóstico sindrômico, ou seja, realizado considerando os
sinais e sintomas apresentados pela criança e/ou relatados por seus responsáveis.

A principal característica da AIDPI é a “focalização da atenção nas populações


de maior risco e a revitalização do nível primário de atenção, tornando-o mais
resolutivo e capaz de prestar atendimento de qualidade às patologias de maior
prevalência na população infantil”.

Os profissionais de saúde passam por treinamento


específico, o que os torna capazes de avaliar rapidamente
todos os sintomas da criança, sem excluir problemas
importantes. Por exemplo, avaliar se a criança está
gravemente doente ou não, se necessitará ser transferida a um
hospital com urgência ou se o tratamento pode ser feito no
ambulatório ou domicílio.

Cartão da Criança
Instrumento que permite visualizar vários aspectos
ligados às ações preventivas. Nele constam, informações
sobre o crescimento e desenvolvimento da criança, seu estado vacinal, ocorrência de
agravos e condições perinatais. Além disso, estão relacionados alguns dos passos do
desenvolvimento esperados para a criança em determinada faixa etária, e os
principais direitos das crianças e deveres dos responsáveis, contidos no Estatuto da
Criança e do Adolescente. De fácil utilização, permite tanto o preenchimento como a
interpretação de seus dados por qualquer profissional de saúde, desde que orientado.
É padronizado em todo o território nacional e pode ser utilizado no contexto da
unidade de saúde, em qualquer nível de atenção, ou nas atividades desenvolvidas
pelos profissionais nos mais variados espaços sociais. A guarda deste documento é
responsabilidade dos pais ou responsáveis pela
criança.

O Cartão da Criança possibilita a


identificação de distúrbios no crescimento, através
da aferição pondero-estatural, ganho de peso e
altura, através do método gráfico da “curva de
crescimento”, que permite detectar a ocorrência de
distúrbios nutricionais como baixo peso para a
idade, desnutrição calórico-protéica ou sobrepeso, o
que auxilia no
o planejamento e implementação de ações que visem controlar estes
problemas.

O preenchimento do Cartão da Criança, de acordo com a idade, segue as seguintes


regras básicas:
• o primeiro peso a ser registrado deve ser o peso ao nascer;
• a pesagem periódica da criança deve ser realizada em uma balança adequada
à sua idade;
• o peso da criança será registrado diretamente no gráfico através de um ponto
com a localização relacionada à idade da criança;
• com as sucessivas pesagens, os pontos são ligados unsuns aos outros, formando
o desenho da curva do crescimento.

O agente comunitário de saúde e equipe do Programa de Agentes Comunitários


de Saúde na atenção à criança

Conforme o disposto no Manual do Agente Comunitário de Saúde do Ministério


da Saúde – 2001, todasodas as atividades contidas no cuidado à criança fazem parte do
roteiro de abordagem da criança pelo agente comunitário de saúde/Programa de
Agentes Comunitário de Saúde. A possibilidade de abordagem da criança nos
espaços de sua vida cotidiana (domicílio
(domicílio e instituições de educação infantil) ampliam a
capacidade de atuação na prevenção de doenças, na promoção da saúde e
identificação de necessidades especiais em tempo oportuno, por exemplo, o
crescimento e desenvolvimento alterados, desvios na alimentação,
alimentação, imunização e a
pronta abordagem da criança com algum sinal de risco ou perigo. Por meio de ações
educativas em saúde, nos domicílios e coletividade, essa equipe estende o acesso às
ações e serviços de informação e promoção social e de proteção da cidadania,
cidad além
de participar da orientação, acompanhamento e educação específica em saúde. saúde
Considerando-sese as principais causas de morbidade e mortalidade infantil no país, as
linhas de cuidado que devem ser priorizadas nas ações de saúde dirigidas à atenção à
criança são:

Promoção do nascimento saudável

Acompanhamento do recém-nascido
recém de risco

Acompanhamento do crescimento e desenvolvimento e Imunização

Promoção do aleitamento materno e alimentação saudável

Atenção aos distúrbios nutricionais e anemias carenciais

Abordagem das doenças respiratórias e infecciosas


No cuidado pré-natal
Captar a gestante para início do pré-
natal até o 4.º mês (120 dias) explicar sobre as
doenças crônicas, tais como diabetes e
hipertensão; identificar gestantes de risco e
garantir atendimento no pré-natal alto risco ao
encaminhar a gestante para a UBS; ofertar
atenção à mãe adolescente conforme suas
especificidades; realizar práticas educativas
com incentivo ao aleitamento materno, ao
parto normal, hábitos saudáveis de vida;
orientar sobre sinais de alerta na gravidez,
cuidados com recém nascido; alertar sobre a
importância da consulta de puerpério, do
planejamento familiar; direitos da gestante e do
pai; acompanhar o ganho de peso no decorrer
da gestação, orientar sobre alimentação
saudável no decorrer da gestação e avaliar o estado nutricional da gestante; ofertar o
atendimento clínico e psicológico à gestante vítima de violência doméstica e sexual,
encaminhando-a para o atendimento adequado (fluxo local); manter continuidade de
visitas até o parto garantir a vinculação com a maternidade para o parto e
intercorrências; identificar a gestante em situação de risco para amamentação e
encaminhá-la para grupos de apoio ao aleitamento materno ou Banco de Leite
Humano; realizar busca ativa da gestante faltosa ao pré-natal;

No cuidado após o parto


• conhecer o número de puérperas e recém-nascidos da área de abrangência para
programar as ações de saúde e realizar visita domiciliar na primeira semana após o
parto;
• avaliação da saúde da mãe; checar relatório de alta/cartão de pré-natal;
• orientar e incentivar o aleitamento materno e cuidados com o recém-nascido;
observar e avaliar a mamada ao peito; avaliar a mama puerperal e orientar quanto à
prevenção das patologias, enfocando a importância da ordenha manual do leite
excedente e a doação a um Banco de Leite Humano;
• orientar sobre a importância da “Primeira Semana Saúde Integral”;
• checar e orientar sobre o registro de nascimento.

Calendário de vacinação da criança

IDADE VACINAS DOSES DOENÇAS


EVITADAS

Ao nascer BCG-ID Dose única Formas graves de


tuberculose

Ao nascer Hepatite B 1º dose Hepatite B


1 mês Hepatite B 2º dose Hepatite B

2 meses Tetravalente (DTP + 1º dose Difteria, coqueluche,


Hib) meningite e outras
doenças causadas
pelo Haemophilus
influenzae tipo b

2 meses VOP (vacina oral 1º dose Poliomielite (paralisia


contra pólio) infantil)

2 meses VORH (vacina oral 1º dose Diarréia por


de Rotavírus Rotavírus
Humano)
4 meses Tetravalente (DTP + 2º dose Difteria, coqueluche,
Hib) meningite e outras
doenças causadas
pelo Haemophilus
influenzae tipo b

4 meses VOP (vacina oral 2º dose Poliomielite (paralisia


contra pólio) infantil)

4 meses VORH (vacina oral 2º dose Diarréia por


de Rotavírus Rotavírus
Humano)
6 meses Tetravalente (DTP + 3º dose Difteria, coqueluche,
Hib) meningite e outras
doenças causadas
pelo Haemophilus
influenzae tipo b

6 meses VOP (vacina oral 3º dose Poliomielite (paralisia


contra pólio) infantil)

6 meses Hepatite B 3º dose Hepatite B

9 meses Febre Amarela Dose inicial Febre amarela

12 meses SRC (tríplice viral) Dose única Sarampo, rubéola e


caxumba

15 meses VOP (vacina oral Reforço Poliomielite (paralisia


contra pólio) infantil)

15 meses DTP (tríplice 1º reforço Difteria, tétano e


bacteriana) coqueluche
4 – 6 anos DTP (tríplice 2º reforço Difteria, tétano e
bacteriana) coqueluche

4 – 6 anos SRC (tríplice viral) reforço Sarampo, rubéola e


caxumba

10 anos Febre Amarela reforço Febre amarela


Saúde da mulher

A assistência a saúde da mulher está organizada num programa do Ministério


da Saúde, o Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM). Este
programa prevê a assistência à mulher de forma integrada, abordando-se as várias
fases de sua vida, da adolescência à menopausa, incluindo a assistência ao pré-natal,
parto e puerpério (ciclo gravídico-puerperal), planejamento familiar (ciclo reprodutivo),
assistência clínico-ginecológica (prevenção e controle do câncer ginecológico e de
mama e prevenção das DST) e climatério. O objetivo do programa é melhorar as
condições de saúde da mulher e reduzir as taxas de morbidade e mortalidade
maternas.

Todas as ações preconizadas pelo PAISM são encontradas nas áreas técnicas
das Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde (Coordenação dos Programas de
Saúde da Mulher), bem como nos manuais e normas técnicas elaborados pelo
Ministério da Saúde.

Na assistência clínico-ginecológica há especial preocupação com a prevenção


do câncer de mama e do câncer cérvico-uterino. A ocorrência destes tipos de
neoplasias expressa a baixa cobertura dos exames preventivos e pouco investimento
em atividades de educação em saúde.

O câncer do colo do útero é uma doença possível de ser prevenida e curada.


Entretanto, em nosso país representa a segunda causa de óbitos por neoplasia em
mulheres, pois 70% dos casos diagnosticados já estão em fases avançadas. Ressalte-
se, ainda, ser uma doença que incide mais em mulheres de baixo nível
socioeconômico.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza a realização de exames


preventivos em pelo menos 85% da população feminina com idade superior a 20 anos.
Porém, estima-se que no Brasil apenas 8% a 10% das mulheres incluídas nesse grupo
realizam o exame preventivo.

Para reduzir a incidência e a mortalidade por câncer de colo do útero, o


Ministério da Saúde desenvolveu o Programa Nacional de Controle de Câncer de Colo
Uterino – o qual utiliza as estratégias de ações educativas e aumento da qualidade
dos serviços prestados pelo sistema de saúde. Seu público-alvo são as mulheres entre
35 e 49 anos de idade, consideradas como a população de maior risco.

As etapas do Programa de Prevenção de Câncer do Colo do Útero (PCCU) são:


• recrutamento - consiste em um conjunto de ações educativas que visam aumentar
o conhecimento da população-alvo sobre o câncer de colo do útero;
• descrição detalhada das atribuições de cada profissional no controle e tratamento,
bem como treinamento e reciclagem constantes dos profissionais;
• coleta de material para o exame de Papanicolau (preventivo ou colpocitológico):
consiste no preparo e orientação prévia da mulher, coleta do esfregaço,
processamento e leitura do esfregaço no laboratório;
• avaliação do resultado, tratamento e acompanhamento do tratamento do câncer de
colo do útero, quando se fizer necessário.
Câncer de Mama
O câncer de mama é um grave problema de saúde pública,
responsável por significativo número de óbitos entre mulheres
adultas. É, provavelmente, o câncer mais temido pelas mulheres,
tanto por sua alta freqüência como, sobretudo, pelo impacto
psicológico que provoca, visto envolver negativamente as percepções da sexualidade
e auto-estima.

A principal e mais efetiva arma que contra ele dispomos é o seu diagnóstico
precoce mediante realização do auto-exame das mamas - procedimento que permite à
mulher participar do controle de sua saúde, uma vez que possibilita a identificação
precoce de quaisquer alterações das mamas.

O Ministério da Saúde e o Instituto Nacional de Câncer (Inca) apresentaram dia


02/04/2009, o Consenso Brasileiro de Mama, documento que norteará a política
nacional para o controle do câncer de mama. Obtido após reuniões técnicas com 70
especialistas de todo o País, o Consenso reúne novas estratégias para detecção
precoce e tratamento, que pretendem reduzir em pelo menos 20% as taxas de
mortalidade pela doença no Brasil. Essa redução tem sido verificada em países que
adotaram medidas semelhantes.

Uma das recomendações do Consenso é que o auto-exame isolado deve ser


adotado como medida paralela à visita a um profissional especializado. É
recomendado ainda que todas as mulheres com mais de 40 anos de idade façam o
exame clínico, que consiste na avaliação de um médico. Já as mulheres entre 50 e 69
anos devem realizar a mamografia, com o máximo de dois anos entre os exames.
Além disso, o exame clínico das mamas, associado à mamografia anual, deve ser feito
pelas mulheres a partir dos 35 anos pertencentes a grupos populacionais de alto risco,
como aquelas que têm história familiar de pelo menos um parente de primeiro grau
com diagnóstico de câncer de mama.

O câncer de mama representa hoje a principal causa de morte por câncer entre
as mulheres brasileiras. Estimativas do INCA de 2003 indicaram 9.335 óbitos pela
doença e o surgimento de 41.610 novos casos somente naquele ano.

Planejamento Familiar
Segundo o Ministério da Saúde, embora 99,9% das mulheres conheçam algum
tipo de método anticoncepcional, apenas 76,7% das mulheres em idade fértil (15 a 49
anos) o utilizam.

As questões referentes à saúde reprodutiva da mulher convergem para a


abordagem sobre o exercício responsável do seu direito reprodutivo, como forma de
vivenciar sua sexualidade e ter liberdade sobre a escolha de tornar-se mãe ou não.

O Programa de Planejamento Familiar, do Ministério da Saúde, responsável


pelo desenvolvimento das ações referentes ao ciclo reprodutivo, orienta-se
especificamente por ações preventivas e educativas e pela garantia de acesso
igualitário a informações,
meios, métodos e técnicas disponíveis para a regulação da fecundidade, inclusive a
esterilização voluntária - permitida tanto para homens como para mulheres com mais
de 25 anos, ou pelo menos com dois filhos, ou quando há risco de vida à saúde da
mulher ou do concepto.

As ações básicas previstas neste Programa preconizam, ainda, que sejam


repassadas informações sobre a anatomia e fisiologia do corpo feminino, métodos
anticoncepcionais, seu funcionamento, vantagens e desvantagens – tudo isto
realizado através de metodologia de práticas educativas e acesso a todos os métodos,
para que a mulher possa fazer a opção que a ela melhor se adeque.

A assistência à mulher durante as fases do ciclo gravídico-puerperal


compreende todas as ações previstas no Programa de Assistência Pré-Natal, o qual
deve ser estruturado com ações clínicas e educativas que visem garantir a saúde da
mulher e de seu filho. Para operacionalizar essa assistência, há uma divisão pautada
nas fases do ciclo: pré-natal (gestação), parto e puerpério (período até 6 semanas
após a gestação).

O objetivo destas atividades relaciona-se à redução das complicações durante


a gestação, que podem resultar em óbito materno e/ou fetal. No Brasil, os coeficientes
de morte materna são considerados incompatíveis com o nível de desenvolvimento do
país.

Cerca de 3.000 mulheres morrem anualmente em alguma fase do ciclo


gravídicopuerperal, o que reflete desvalorização e desrespeito à vida, e baixa
qualidade dos serviços de saúde. No puerpério, a mulher deve receber atendimento
clínico e esclarecimentos sobre o retorno à vida sexual, planejamento familiar,
incentivo ao aleitamento materno, práticas de puericultura e direitos previstos
em lei para as mães que trabalham ou contribuem com a Previdência Social.

Embora recente, a utilização de estratégias voltadas para a assistência no


puerpério devem ser rotineiramente implementadas, pois neste período há uma
concentração de morbimortalidade para a mãe, expressa em distúrbios psíquicos,
infecção vaginal, mastite e doenças circulatórias obstrutivas, entre outros sintomas.

Assistência à saúde da mulher no climatério


A assistência à saúde da mulher no climatério, visando promover uma vida
digna nesta faixa etária, passou a ser uma necessidade devido ao aumento da
expectativa de vida da população brasileira como um todo - para 75 anos de idade, em
média. Esta fase do ciclo vital feminino indica que a mulher passou da fase
reprodutiva, o que não significa o fim de sua sexualidade. É um período de
transformações e ocorre entre os 40 e 65 anos. O climatério inicia-se gradualmente e
está associado a uma série de alterações em decorrência da perda de atividade dos
ovários, causando mudanças metabólicas (modificações das lipoproteínas), hormonais
(queda progressiva dos níveis de estrogênio), genitais (ressecamento da mucosa
vaginal) e psicológicas (depressão), por exemplo.

Normalmente, não se faz necessário qualquer tratamento para a menopausa,


mas sim acompanhamento às situações que possam oferecer algum risco à mulher ou
impliquem perda de sua autonomia e/ou comprometimento de sua integridade física
(como a predisposição à osteoporose) e emocional (baixa auto-estima, receio de “não
ser mais mulher como era antes”).

Como o climatério é um período de transição, é importante ressaltar a atenção


que deve ser dada às questões reprodutivas pelo menos até um ano após a
menopausa - pois uma gestação nessa fase se caracterizaria em risco de vida tanto
para a gestante como para o concepto.

Nesta faixa etária deve-se atentar para o aumento da ocorrência de DST/Aids.


Por não mais se preocupar com a hipótese de uma possível gravidez, a mulher sente-
se mais livre para os relacionamentos sexuais, ficando exposta a adquirir uma
DST/Aids caso não adote comportamento seguro. Outro aspecto é o fato de a mulher
viver um relacionamento duradouro e estável, o que a faz acreditar que não corre o
risco de adoecer. Orientá-la nesta fase é sempre um desafio, pois suas opiniões já
estão formadas, sendo mais difícil mudá-las.

Assistência à mulher vítima de violência sexual


A assistência à mulher vítima de violência sexual tornou-se uma necessidade
devido ao aumento, tanto nos espaços urbanos como nos rurais, da violência contra
homens, mulheres e crianças.

A segurança, assim como a saúde, é dever do Estado, mas há muitas barreiras


para enfrentar tal problema, cujas causas residem principalmente nas condições de
desigualdade social e falta dos recursos necessários para reduzir as desigualdades, e
de investimentos na segurança propriamente dita.

Dentre todas as formas, a violência contra a mulher, tanto física quanto sexual,
vem se destacando. Muitas vezes, ocorre dentro de sua própria casa, realizada por
alguém conhecido :pai, marido, irmão, namorado,etc.

Ao ser procurado por uma mulher que sofreu violência, o profissional de saúde
deve estar capacitado nos programas especiais de atenção, para garantir que o abuso
por ela sofrido gere o mínimo de medo, culpa e baixa auto-estima, seja nos aspectos
físicos seja nos psicológicos. Além disso, o serviço de acompanhamento ginecológico
e obstétrico das unidades de saúde deve estar estruturado para realizar as condutas e
os encaminhamentos necessários.

Durante o atendimento, é importante que os profissionais de saúde envolvidos


sejam sensíveis às dificuldades que a mulher apresenta para relatar o acontecido,
havendo inclusive recusa em ser assistida por profissionais do sexo masculino. Cabe
neste momento reforçamos a necessidade de que seja prestado um atendimento
humanizado, valorizando as questões subjetivas expressas pela mulher (sentimentos,
medo, dúvidas, incertezas), procurando proporcionar-lhe algum conforto para que
possa sentir-se menos constrangida diante de toda a situação em que está envolvida.

A assistência da mulher vitima de violência compreende:


• Atendimento psicológico - a presença de um psicólogo acompanhando o
atendimento prestado à vítima imediatamente após a agressão, ou durante algum
período após, além de necessária é muito importante para garantir os resgates da
identidade e dignidade da mulher, auxiliando-a na superação do sofrimento
gerado;
• Prevenção das DST mais comuns - procurando garantir que a mulher não adquira
algumas destas doenças, geralmente prescreve-se antibióticos de amplo espectro;
• Prevenção da hepatite B - deve ser oferecida vacinação contra a hepatite B, além
da gamaglobulina hiperimune contra a hepatite B (HBIg);
• Prevenção da infecção pelo HIV - o médico deve prescrever os medicamentos
antiretrovirais, desde que tomados num período curto (de 24 a 36 horas) após a
exposição;
• Contracepção de emergência - recurso utilizado para evitar a ocorrência de uma
gestação totalmente indesejada, decorrente de um ato de violência sexual. São
prescritos hormônios num prazo de até 72 horas após o ocorrido, para impedir a
implantação, no endométrio, de um possível óvulo fecundado;
• Alívio da dor e tratamento das lesões - são indicados cremes ou pomadas para
auxiliar na cicatrização das lesões, e cuidados para que a cliente se sinta menos
desconfortável após a agressão. Às vezes, faz-se preciso realizar sutura do
períneo ou vulva, em decorrência da violência do ato sexual.
• Apoio laboratorial - é necessário que a vítima de violência sexual seja
acompanhada para avaliação tanto das repercussões do ato sexual em seu corpo
como da eficácia do tratamento instituído. Periodicamente, devem ser realizadas
• pesquisas do vírus da hepatite B e do HIV, e sorologia
• para sífilis;
• Exame de corpo delito – realizado por profissionais de saúde e por peritos policias,
com coleta de sêmen e de outros materiais biológicos ou não, como cabelo, tecido
de roupa e outros vestígios que possam viabilizar a identificação do agressor,
quando este for desconhecido, constituindo-se em provas do crime.

Apesar de todas as condutas implementadas, se a mulher vier a desenvolver


alguma doença decorrente do ato sexual deve ter a garantia de que receberá
tratamento. Questão fundamental é a gravidez indesejada decorrente de violência
sexual. Este é um dos poucos casos em que a lei permite a interrupção da gravidez,
mas é aconselhável que a mulher faça este procedimento com, no máximo, até 20
semanas de gestação; após este prazo pode vir a ter sérias complicações. Caso
decida prosseguir com a gestação, a mulher deve ser encaminhada à assistência pré-
natal. Se não quiser assumir a maternidade da criança, deve ser orientada quanto aos
mecanismos disponíveis para o processo de adoção.

Saúde do adolescente

A importância demográfica do grupo de adolescentes, indivíduos na faixa etária


de 10 a 19 anos, e sua vulnerabilidade aos agravos de saúde, bem como às questões
econômicas e sociais nas suas vertentes de educação, cultura, trabalho, justiça,
esporte, lazer e outros determinam a necessidade de atenção mais específica e
abrangente. Exige, como um todo, a especial atenção e mobilização dos vários
setores de políticas públicas e da sociedade civil para que os jovens tenham acesso a
bens e serviços que promovam sua saúde e educação, melhorando, assim, a sua
qualidade de vida.
Os serviços que prestam assistência adequada às necessidades destes jovens
são insuficientes, com acesso restrito, gerando uma demanda reprimida. Para tentar
superar esta situação e estabelecer a assistência adequada às necessidades dos
jovens, é necessário conhecer seus problemas, é também muito importante orientar os
responsáveis para que tratem o Cartão da Criança como um documento e o levem
para ser utilizado pelas equipes de saúde, seja nas unidades básicas de saúde,
escola, hospitais ou domicílios.

“Um adolescente de 13 anos, com 1,70 de


altura, deve ficar internado na pediatria ou
na clínica médica? E em uma unidade
básica de saúde, que atendimento
receberá?”

O profissional de saúde e o cliente adolescente


A adolescência é uma fase da vida marcada por profundas transformações
físicas, psicológicas e sociais. Nesta fase ocorre a definição dos valores, resultando na
tomada de decisões que influenciarão o resto da vida, como escolha de carreira,
definição das tendências sexuais, perspectivas de futuro, liberdade crescente, entre
outros.

É necessário colocar à disposição do adolescente uma grande gama de


informações que contribuam de forma positiva para escolhas saudáveis, de modo que
possam, entre outros adolescentes, tornar-se multiplicadores destas informações. É
preciso estimular a inserção do jovem nos serviços de saúde e em outros serviços de
caráter intersetorial com a educação, esporte, lazer.

Não raramente há nos serviços de saúde um despreparo profissional e


institucional para oferecer atendimento às necessidades específicas dessa clientela,
além da falta de priorização dos adolescentes enquanto usuários. Conseqüentemente,
as iniciativas de atenção ao adolescente restringem-se a um atendimento
assistencialista/curativo, e não-educativo participativo.

O desafio na formação do profissional que vai lidar com o adolescente é a


transmissão de atitudes éticas e legais dentro de uma lógica harmônica e com
princípios claros.

A assistência à saúde do adolescente

Em 1989, foi criado o PROSAD, o Programa de Atenção à Saúde do


Adolescente, que propôs as alterações necessárias para o enfrentamento da
problemática que atinge esse segmento populacional.

As diretrizes do Programa de Saúde do Adolescente procuram atender as


principais demandas desta parcela da população, com um enfoque integral as ações
serão promovidas e efetuadas dentro
do conceito de saúde proposto pela
OMS como o “completo estado de
bem-estar biopsíquico e social, e não
apenas a ausência de enfermidades
ou doenças”, constituindo-se como um
conjunto de ações, integradas e
intersetoriais, voltadas para o
diagnóstico precoce, tratamento e
recuperação e promoção à saúde para
a melhoria dos níveis de saúde da
adolescência e juventude.

Atenção ao crescimento e
desenvolvimento

Baixa escolaridade e inserção


precoce inclusão na escola, capacitação profissional, intervenções no mercado de
trabalho no processo de exclusão do mercado competitivo de trabalho: sua origem na
infância desvalorizada, detecção e tratamento de agravos à saúde decorrentes de
trabalhos insalubres.

Os procedimentos realizados devem envolver os esforços de toda a equipe, de


modo a garantir a obtenção regular de dados sobre o crescimento e desenvolvimento;
o registro das informações, interpretadas segundo parâmetros estabelecidos; busca de
fatores causais para eventuais distúrbios detectados; e manutenção das atividades de
forma a intervir, quando necessário, sobre os fatores capazes de atingir o crescimento
e desenvolvimento.

Sexualidade e saúde reprodutiva

Na adolescência, ocorrem as mudanças físicas que transformam a menina em


mulher e o menino em homem. Este fenômeno se chama puberdade e ocorre, em
geral, entre os 10 e 14 anos, no sexo masculino, e entre os 9 e 13 anos, no feminino.
Nesta fase, o corpo desenvolve plenamente os órgãos que garantirão suas funções
reprodutivas.

O despertar para a sexualidade intensifica-se na adolescência, com a


descoberta do próprio corpo e de novos sentimentos como amor e paixão, carinho,
beijos e toques e a descoberta do outro como importante e significativo. O início do
ciclo menstrual e da primeira ejaculação, associados a todas as mudanças percebidas
pelos adolescentes, geram uma série de sensações e dúvidas. Portanto, neste período
é importante estabelecer o diálogo, oferecendo informações que esclareçam todas
estas transformações e ações educativas que propiciem aos adolescentes
participação ativa nas reflexões e discussões sobre o que lhes acontece. Caso
contrário, podem desenvolver sua sexualidade com culpa, medo ou vergonha.

Os profissionais que realizam atendimento aos adolescentes devem conhecer


os fatores associados à expressão da sexualidade e à ocorrência de problemas nesta
área. Assim, será possível planejar ações junto aos adolescentes, na unidade de
saúde ou na comunidade (associações de moradores,
escolas, clubes, igrejas), desenvolvendo atividade de
expressão de sentimentos.

A sexualidade é uma forma muito particular em cada


indivíduo, que não depende apenas de fatores biológicos
(sexo) e deve ser respeitada. Suas várias formas de
manifestação são influenciadas pelos costumes, cultura,
pressões sociais e preconceitos, gerando dúvidas e
ansiedade para o adolescente.
.
Há algumas décadas, levantamentos realizados vêm
apontando diminuição nas taxas de fecundidade em todas
as faixas etárias. A única exceção ocorre entre as
adolescentes, com maior percentual entre aquelas que têm
de 15 a 19 anos de idade – o que talvez possa ser explicado pelo fato de que apenas
54,1 destas jovens utilizam algum método contraceptivo, e que muitas o façam de
forma incorreta.

Entre 1993 e 1998, observou-se um aumento de 31% no percentual de parto


de meninas de 10 a 14 anos atendidas na rede do SUS. Em 1998, mais de 50 mil
adolescentes foram atendidas em hospitais públicos para curetagem pós aborto,
sendo que quase três mil delas tinham de 10 a 14 anos. É bem verdade que nem
sempre as gestações na adolescência são indesejadas, o que indica outra questão a
ser enfrentada. Muitas jovens engravidam em função de um problema social, que é a
falta de perspectiva de vida, baixa auto-estima e problemas familiares, como se a
gestação pudesse lhes tornar adultas e independentes mais cedo.

A gravidez na adolescência é considerada um fator que pode desviar os


adolescentes do seu projeto de vida; mas nem sempre é indesejada. Estudos
realizados na Santa Casa de São Paulo apontaram que 47,1% das 384 adolescentes
primigestas, quando indagadas, responderam que desejaram ficar grávidas. Assim
sendo, torna-se imprescindível reexaminar as concepções implícitas nas abordagens
convencionais de prevenção da gravidez na adolescência e reavaliar o processo de
aumento da maternidade/ paternidade entre os adolescentes – gravidez essa que para
alguns adolescentes faz parte do seu projeto de vida, não sendo nem irresponsável,
nem acidental.

Em todo o mundo diariamente, mais de sete mil jovens – cinco por minuto –
são infectados pelo HIV, perfazendo um total de 2,6 milhões por ano, o que representa
a metade de todos os casos registrados. Estima-se que 10 milhões de adolescentes
vivem hoje com o HIV ou estão propensos a desenvolver a AIDS nos próximos anos.
Aproximadamente, 80% das transmissões do HIV decorrem do sexo desprotegido; e
sabemos que o adolescente preocupa-se mais em evitar a gravidez do que em
prevenir as DST/AIDS. O ideal seria que sempre usassem o preservativo (masculino
ou feminino), que lhes proporciona essa dupla proteção.

Os profissionais de saúde devem estar preparados e sensibilizados para


prestar aconselhamentos a adolescentes de ambos os sexos, de forma que a
manifestação da sexualidade seja discutida de modo responsável e amadurecido. Se
nessa discussão for detectado algum distúrbio físico ou psicológico, deve-se proceder
o encaminhamento dos jovens aos serviços que atendem adolescentes – sob as
diretrizes do PROSAD - e, se necessário, aos serviços ligados ao Programa de
Atenção Integral à Saúde da Mulher (PAISM) ou aos serviços de DST/AIDS.

Prevenção da violência e de mortes por causas externas

No Brasil, a violência atinge toda a população, havendo pouca distinção entre


classes, cor ou sexo. Entre os jovens, porém, seus níveis têm se mostrado cada vez
mais elevados, revelando a necessidade da proteção da saúde do adolescente e a
urgência na elaboração de políticas intersetoriais que afastem os jovens da violência.
O consumo de bebidas alcoólicas e de outras drogas ilícitas é uma das principais
causas de acidentes, suicídio, violência, gravidez não-planejada e transmissão de
doenças por via sexual.

A maior causa de morte entre adolescentes são as causas externas, as quais


compreendem principalmente acidentes, homicídios e suicídios. A violência entre os
jovens também se manifesta sob a forma de maus-tratos, violência sexual, exploração
sexual ou uso de drogas.

É no ambiente familiar que adolescentes e crianças sofrem maus-tratos e


violência física, psicológica ou sexual. A violência física e psicológica, muitas vezes, é
usada pelos responsáveis com o pretexto de educar ou corrigir, e geram traumas que
podem acompanhar o adolescente pelo resto de sua vida.

O profissional do PSF e do PACS além de atuar junto à sociedade prevenindo


a ocorrência da violência doméstica, deve estar atento para detectar os sinais de
maus-tratos, a fim de realizar os devidos encaminhamentos, utilizando os meios
disponíveis na realidade local.

Os acidentes ocorrem principalmente entre os adolescentes do sexo


masculino, na grande maioria com veículos a motor.

Outro grave problema a ser enfrentado é o uso de drogas.

O potencial de tensão social no Brasil está


basicamente localizado nas comunidades de baixa renda
(marcadas pela exclusão), as que mais sofrem o fenômeno da
violência com elevadas taxas de mortalidade, especialmente
entre os mais jovens, fazendo com que o país ocupe o terceiro
lugar no mundo em mortalidade de jovens entre 15 e 24 anos,
especialmente os do sexo masculino.

A família do adolescente
Muitos problemas dos adolescentes têm origem nesse
contexto. Quando a equipe de ACS consegue detectar e
intervir junto a família, pode tornar-se elemento facilitador para
a resolução de problemas de integração do núcleo. Deve-se,
na medida do possível tentar envolve-las nas atividades
desenvolvidas com o adolescente.
Calendário de vacinação do adolescente

IDADE VACINAS DOSES DOENÇAS


EVITADAS
De 11 a 19 anos (na dT (dupla adulto) 1º dose Difteria e tétano
primeira visita ao
serviço de saúde)

De 11 a 19 anos (na Febre Amarela reforço Febre amarela


primeira visita ao
serviço de saúde)

De 11 a 19 anos (na SCR (tríplice viral) dose única Sarampo, caxumba e


primeira visita ao rubéola
serviço de saúde)

De 11 a 19 anos (na Hepatite B 1º dose Hepatite B


primeira visita ao
serviço de saúde)

1 mês após a 1º Hepatite B 2º dose Hepatite B


dose contra
Hepatite B

6 meses após a 1º Hepatite B 3º dose Hepatite B


dose contra
Hepatite B

2 meses após a 1º dT (dupla adulto) 2º dose Difteria e tétano


dose da dT

4 meses após a 1º dT (dupla adulto) 3º dose Difteria e tétano


dose da dT

A cada 10 anos, por dT (dupla adulto) reforço Difteria e tétano


toda a vida

A cada 10 anos, por Febre Amarela reforço Febre amarela


toda a vida

Saúde do idoso

O despreparo generalizado para lidar com o envelhecimento reflete-se em


alguns indicadores, que sinalizam a urgente necessidade de mudanças. Os idosos
apresentam o maior índice de hospitalização por faixa etária e o maior custo médio de
hospitalização no país. As contribuições à Previdência Social geralmente não se
refletem de forma justa nos benefícios recebidos pelos idosos, fazendo com que
muitos continuem a trabalhar exaustivamente para manter seu sustento.
Para alterar este quadro de rejeição social, faz-se necessária a mobilização de
todos os setores para beneficiar os idosos com a melhoria de sua qualidade de vida,
resgatando sua dignidade e criando oportunidades para que desfrutem de uma vida
ativa na sociedade, junto à sua família, com independência e autonomia. Isto só será
possível através da valorização de suas habilidades e conhecimentos e da adequação
dos recursos disponíveis às suas necessidades.

Estratégias para atendimento às necessidades específicas dos idosos.

Na tentativa de criar estratégias para facilitar a reorganização dos serviços de


saúde para que possam atender às necessidades de saúde dos idosos, o Ministério da
Saúde implantou o Programa de Atenção Integral à Saúde do Idoso, o PAISI.

A principal meta a ser alcançada tanto pelo PAISI como por qualquer outra
iniciativa voltada para os interesses dos idosos é a mobilização da família e da
comunidade para que assumam seu papel no processo de valorização dos idosos.

Os profissionais que desenvolvem atividades na perspectiva da atenção básica


estão mais próximos do conhecimento acerca das
condições de vida e saúde destes idosos,
sendo mais fácil identificar quais fatores de
risco necessitam de intervenção junto às
famílias e à comunidade. Sob tal ótica, os
profissionais de saúde podem executar
atividades de impacto individual ou coletivo,
voltadas para a promoção da saúde,
prevenção de agravos e prestação de
assistência aos idosos.

Promoção à saúde
As atividades ligadas à promoção à
saúde dos idosos devem ser realizadas junto
a eles próprios e à sociedade como um todo. Entretanto, faz-se necessário ter a clara
idéia de que um envelhecimento saudável começa na juventude, com a adoção de
hábitos saudáveis que irão gerar tranqüilidade no futuro. As atividades devem estar
voltadas para a divulgação de informações acerca do processo de envelhecimento
para o idoso, sua família e cuidadores de idosos dependentes. É importante mobilizar
a sociedade, de forma a facilitar e garantir o acesso e a permanência dos idosos em
todas as atividades físicas, laborais, sociais, etc.

Prevenção de agravos
O envelhecimento é fisicamente caracterizado por uma degeneração gradual e
progressiva dos órgãos, tecidos e metabolismo, acarretando enfraquecimento de
muitas funções. Há também perda de energia e alterações na aparência e condições
psicológicas.

Neste período se apresentam as repercussões de doenças crônico-


degenerativas, principalmente as relacionadas ao aparelho cardiocirculatório. Estas
repercussões são a principal causa de óbitos entre os idosos, seguidas pelas
neoplasias. Ocorrem ainda em grande freqüência incontinência urinária instabilidade
postural e quedas, imobilidade, demência e depressão.

As DST também merecem nossa atenção junto à saúde do idoso, pois com o
aumento da expectativa de vida e a melhora gradual da qualidade de vida, a
ocorrência dessas doenças vem crescendo nesta faixa etária, cujos conceitos sobre
sexualidade são mais difíceis de trabalhar em virtude de os idosos terem opiniões
formadas acerca de certos temas (como resistência à utilização de preservativos),
além da vergonha de falarem sobre esse assunto.

Durante o processo de educação em saúde, os enfoques devem conter


aspectos ligados à sexualidade, alimentação, sedentarismo, direitos conquistados e
adaptação do ambiente domiciliar para a prevenção de acidentes.

Queixas freqüentes de tontura, alteração da visão ou audição, dores


localizadas ou generalizadas, isolamento social, temperamento instável, pressa para ir
ao banheiro, entre outros, são sinais e sintomas que se percebidos e considerados
logo no início podem determinar uma assistência mais segura ao idoso. Outra
importante atividade de prevenção é a vacinação contra tétano acidental, gripe e
pneumonia, recomendada pela OMS. Estas vacinas encontram-se atualmente
disponíveis em quase todas as unidades básicas de saúde e, geralmente sob a
estratégia de campanha, são utilizadas as vacinas duplas tipo adulto antiinfluenza e
antipneumocócica.

Assistência aos idosos

No nível da atenção básica, a assistência aos idosos é operacionalizada tanto


nos programas de atenção básica ampliada como na própria unidade básica de saúde,
onde é realizada consulta médica e de enfermagem em geriatria, executada por
médico ou enfermeiro capacitados adequadamente, buscando-se atender
integralmente às necessidades expostas pelos idosos, sua família ou ambos, estando
os idosos dependentes ou não.

Nesse contexto, o ACS pode identificar situações de risco para os idosos,


repassando-as à equipe. Também pode orientar as modificações que precisam ser
feitas no ambiente, quando possível (retirada de tapetes, iluminação mais adequada,
banheiros mais acessíveis, camas e cadeiras mais altas, etc.), e encaminhar os idosos
para vacinação, após verificação de seu estado vacinal.
Calendário de vacinação do adulto e do idoso
IDADE VACINAS DOSES DOENÇAS
EVITADAS
A partir de 20 anos dT (dupla adulto) 1º dose Difteria e tétano

A partir de 20 anos Febre Amarela dose inicial Febre amarela

A partir de 20 anos SCR (tríplice viral) dose única Sarampo, caxumba e


rubéola

2 meses após a 1º dT (dupla adulto) 2º dose Difteria e tétano


dose de dT

4 meses após a 1º dT (dupla adulto) 3º dose Difteria e tétano


dose de dT

A cada 10 anos, por dT( dupla adulto) reforço Difteria e tétano


toda a vida

A cada 10 anos, por Febre Amarela reforço Febre amarela


toda a vida

60 anos ou mais Influenza Dose anual Influenza ou gripe

60 anos ou mais Pneumococo Dose única Pneumonia causada


pelo pneumococo
Diversidade e Desigualdade Social
Na imensa diversidade do nosso povo
persistem as raízes de profundas desigualdades. No
entanto os registros históricos, salvo raras exceções
não enfatizam muito as figuras dos negros, mulheres,
índios.

As sociedades capitalistas transformam,


engenhosamente, as diferenças em desigualdades e,
estas, são absorvidas no cotidiano como naturais, e é
assim que as pessoas diferentes são mantidas no seu
lugar, determinado por relações sociais desiguais
construídas ao longo da história.

A nossa sociedade é formada por pessoas


diferentes, de diversas raças e etnias, classes sociais, culturas e credos religiosos,
oriundas de diferentes regiões. Pessoas com deficiência sensorial, física, mental e
distúrbios de desenvolvimento, portanto uma imensa diversidade social.

Ainda que nossa Constituição garanta direitos a todos, existe uma grande
diferença entre o que esta na lei e o que realmente existe. Todos tem direitos iguais,
portanto todos tem direito de exercerem suas diferenças. No entanto presenciamos
violência, preconceito, racismo, todos os dias. Nossa sociedade tem que evoluir, para
que o direito seja tão natural como o ar. Falta muito para uma sociedade
verdadeiramente livre, que assegure a todos os cidadãos seus direitos sociais,
políticos, econômicos e culturais. E serão as atitudes de todos, de cada membro da
comunidade que pode dar vida a lei.

Temos que nos rebelar contra o padrão imposto pela sociedade. Padrão pelo
qual todas as pessoas devem se pautar. São padrões raciais, culturais, físicos,
econômicos, religiosos, sexuais, idealizados e construídos pelas classes dominantes
que acabam por determinar desigualdades de direitos e exclusão social e econômica.

A exclusão social é um estado de carência, de não ter, de apartação, de


negação, de interdição. Restringe as potencialidades e elimina as possibilidades de
sobrevida de pessoas, de povos, de comunidades. Institucionaliza-se a indigência, a
miséria, a falta de dignidade e de perspectivas. Pobreza não é exclusão por si só, mas
acaba por levar a ela em virtude do achatamento cada vez maior das condições de
vida.

Surge um movimento pelos


direitos humanos. Uma corrente que
engrossa e da qual devemos fazer
parte. Pois só participando
poderemos nos considerarmos
cidadãos.

Exemplos de movimentos
• conselhos tutelares;
• conselhos de saúde;
• movimentos populares de luta e de defesa da cidadania;
• organizações não-governamentais.

Para compreender melhor o impacto que essas


questões exercem sobre o processo saúde–doença, é preciso pensar além da
dimensão biológica. É imprescindível desenvolver a capacidade de identificar de forma
mais abrangente as necessidades de saúde, levar em conta a construção social de
valores, atitudes e crenças, repensar as práticas de saúde e desenvolver um olhar
crítico e abrangente sobre o mundo em que vivemos de um pensamento sobre os
outros.

Alguns conceitos, definições e comentários

Preconceito:
É um conceito ou opinião formada antecipadamente sem conhecimentos dos
fatos. Trata-se de uma idéia preconcebida. De um julgamento ou opinião formada
sem se levar em conta nenhum fato que possa a contestar. Suspeita infundada
apenas pela aparência de alguém, intolerância por pertencer a outro time de futebol,
ódio irracional ou aversão a outras raças, desrespeito a outras crenças e religiões, etc.

Estigma
É uma marca, um sinal, um atributo ou qualidade que desacredita um indivíduo
aos olhos do outro e provoca importantes conseqüências na forma como cada
indivíduo vê a si próprio. A qualidade a qual o estigma se refere pode ser, por
exemplo, a cor da pele, a forma de andar, práticas sexuais, coisas que a pessoa faz,
determinadas profissões, o sexo, pessoas portadoras de certas doenças como
hanseníase (conhecida como lepra), AIDS, sífilis, tuberculose, portadores de
deficiência física e mental, pessoas com desvio de comportamento social..

Discriminação
Discriminar, no contexto aqui abordado, significa marginalizar devido à
diferença.. A discriminação negativa ocorre quando uma pessoa é tratada de forma
desigual ou injusta, sendo essa distinção baseada no fato da pessoa pertencer a um
grupo particular, ou portar algum fator de diferenciação em relação à comunidade.

Discriminação, portanto, caracteriza violação dos direitos humanos. Exemplos:


• negar o direito ao atendimento à saúde, a uma pessoa por estar suja (mendigo);
• segregar (separar) por meios cruéis e degradantes as pessoas doentes em
hospitais e prisões por portarem doenças mentais e ou transmissíveis como a
hanseníase, a tuberculose ou a AIDS;
• impedir, por quaisquer meios, as pessoas de freqüentarem escolas,
supermercados, restaurantes, clubes etc, por questões raciais, étnicas, de gênero,
de práticas e ou orientação sexual, de profissão, de religião etc.

Raça
No Brasil, considera-se raça um grupo de pessoas parecidas fisicamente. No
entanto existe outro conceito: raça é um conjunto basicamente sociológico, uma
construção cultural e política, é um produto histórico do colonialismo. Utiliza-se raça
para identificar características biológicas que diferenciam os grupos humanos; cor da
pele e estatura, tipo de cabelo, formato do nariz e dos olhos etc.

Etnia
Etnia refere-se ao grupo biológico e culturalmente homogêneo, que se
identifica pelo mesmo nome, compartilha histórias de ancestrais ou origens comuns e
memórias de um passado coletivo. Um grupo étnico escolhe um ou mais traços físicos
e/ou culturais (idioma, religião, roupa, cor da pele) como marca étnica do grupo, a
importância destes traços físicos relaciona-se com a identidade grupal. Portanto, etnia
reflete uma concepção cultural e/ou religiosa e não só biológica, refere um povo
vinculado a uma língua, um território ou terras de origem.

Raça/etnia
Raça é uma caracterização de indivíduos segundo um traço físico (branco,
negro, amarelo, pardo, etc.), enquanto etnia é uma identificação de grupos humanos e
não uma caracterização de indivíduos

Racismo
O racismo fundamenta-se numa ideologia historicamente construída que
classifica os grupos humanos, baseada nas diferenças raciais de forma hierárquica, ou
seja, grupos superiores e inferiores, atribuindo esta inferioridade intelectual e moral a
fatores subjetivos como o lugar de origem, a cor da pele, entre outros.

O racismo se estabelece nas relações sociais da mesma forma que o


chauvinismo e a xenofobia. O racismo, enquanto ideologia está impregnado na
consciência individual, são crenças e valores historicamente construídos através das
relações que se estabelecem entre dominadores e dominados.

A prática do racismo constitui violação dos direitos humanos individuais e/ ou


coletivos, sendo passível de prisão..

Orientação Sexual
A sexualidade é um dos maiores tabus que nossa sociedade enfrenta, tendo
origem nos valores impostos pelas religiões de origem judaico-cristã que acabaram
por influenciar todas as outras culturas e religiões.

Estes valores entendem o sexo como uma coisa suja e pecaminosa, um ato
que se justifica apenas para a reprodução, sendo o desejo sexual e o prazer
apresentados como tentações indignas.

As mulheres estão associadas ao sexo e as tentações por carregarem o


pecado original, mais uma demonstração dos valores morais impostos através dos
séculos, e do preconceito voltado para a figura feminina, de quem são cobrados todos
os comportamentos considerados “puros” e a quem é imposta a culpa dos atos
impuros, ainda que sejam praticados por outrem.

Não é incomum que a mulher seja “culpada” por ter “provocado” o molestador
ou estuprador, que só reagiu à falta de decoro feminino como “homem”. Da mesma
forma o sexo só é aprovado dentro do casamento, legalizado e abençoado pela igreja.
O sexo também só é considerado normal quando realizado entre pessoas de
sexos opostos. Por esta razão, durante muito tempo, foi considerado como doença,
como desvio de comportamento, e até como crime, a prática de relações sexuais entre
pessoas do mesmo sexo.

A formação da identidade sexual é fortemente influenciada pelo contexto social


onde o indivíduo esta inserido. Esperando a comunidade determinados
comportamentos do homem e da mulher, que na realidade são sutilmente impostos
pelo meio desde o nascimento da criança. A sociedade estabelece qual o brinquedo, o
trejeito, a impostação de voz, os medos, as reações esperadas de cada sexo.

A nossa sociedade, as mulheres são consideradas inferiores, assim, um


homem que tenha trejeitos femininos também é considerado inferior.. Este assunto é
pouco discutido e quase sempre é motivo de piada e não de esclarecimento, por esta
razão existe muita confusão sobre o significado de cada um dos termos que se
referem à orientação sexual.

Homofobia
Reações homofóbicas são aquelas resultantes do desprezo e do ódio, alguns
psicólogos falam em medo, que alguns indivíduos experimentam pelos homossexuais,
lésbicas, bissexuais e transexuais.

Homofobia é a repulsa face às relações afetivas e sexuais entre pessoas do


mesmo sexo, um ódio generalizado aos homossexuais e todos os aspectos do
preconceito heterossexista e da discriminação anti-homossexual.

O termo “heterossexismo” não é usual, sendo até mesmo pouco conhecido, por
ser relativamente recente. Há pouco tempo tem sido utilizado para nomear uma
opressão paralela, que suprime os direitos das lésbicas, gays e bissexuais.
Heterossexismo descreve uma atitude mental que rotula como inferior todo um
conjunto de cidadãos por professarem uma tendência sexual diferente.. Numa
sociedade heterossexista, a heterossexualidade é tida como normal e todas as
pessoas são consideradas heterossexuais e isso é institucionalizado através das leis,
órgãos de comunicação social, religiões e línguas. A sociedade impõe a
heterossexualidade como superior ou como única forma de sexualidade e isto é uma
violação dos direitos humanos, tal como o racismo e o sexismo.

Religião
A origem da palavra religião é o verbo religar cujo significado é ligar
novamente, ou seja, diz respeito à intenção do ser humano de ligar-se a Deus.

A religião é a expressão da crença e da reverência da humanidade para com


um poder sobre-humano reconhecido como criador e regente do universo.

Existem centenas de religiões diferentes no mundo todo e, ao


longo dos séculos, cada uma delas tem sofrido transformações. A religião
obedece um processo histórico, possuindo um fator de mutabilidade em
função do lugar e da época. Assim, ao longo da história tivemos
diferentes formas de expressão religiosa. Algumas desapareceram, outras
se alteraram, e outras ainda mantiveram-se fortes ao longo dos séculos.
O desenvolvimento e o anseio espiritual são necessidades
humanas que se manifestam através das características culturais de
cada povo. Através das crenças religiosas, os povos têm buscado
respostas para as grandes questões, tais como: Para que estamos
aqui? O que o futuro nos reserva? Existe vida após a morte? Quem
nos criou? Quem sou eu?.

Da mesma forma, os homens buscam consolo e conforto na fé. Através da


religião buscam explicações para a dor e o sofrimento que a vida provoca. Cada
religião, seita, culto, explica de uma forma particular o mundo em que vivemos. Cada
uma tem sua própria hierarquia, seu próprio código de valores, dogmas, normas de
condutas e rituais, de acordo com as características culturais de cada povo.

A diversidade de crença torna a relação entre as religiões extremamente


complexas. Torna-se difícil para alguém que realmente siga uma fé entender e aceitar
outra religião que não seja a sua própria.

Por outro lado, existem milhões de pessoas que não professam religião
alguma, estas pessoas são chamadas de agnósticas. Também existem aqueles que
não acreditam na existência de Deus, estes são denominados ateus.

No Brasil, em virtude de nossa grande diversidade culturas, proveniente do


grande número de etnias que formaram nosso povo, e do fato do país acolher com
tranqüilidade os estrangeiros e absorver muito de suas culturas, existem muitas
religiões.

O Brasileiro é um povo místico por natureza e aqui varias crenças prosperam,


não sendo raro mais de um templo de religiões diversas numa mesma rua.

O nosso processo de colonização que impôs a religião católica sobre todas as


demais e até hoje sofremos as conseqüências deste inicio imposto, sendo que até
poucos anos atrás ainda tínhamos uma religião “oficial”.

Criou-se uma hegemonia das religiões cristãs, católicos e as mais diversas


igrejas evangélicos, o que provocou durante muito tempo movimentos de perseguição
a outras crenças e, ainda hoje, percebe-se uma intolerância religiosa que se manifesta
de diversas formas. Predomina um pensamento e uma atitude sobre as pessoas de
que todas devem ser monoteístas e batizadas na fé cristã. Outras religiões são vistas
como perigosas oriundas do mal, próprias de pessoas ignorantes, portanto, são
consideradas inferiores e moralmente reprováveis.

As religiões de matriz africana e o xamanismo dos indígenas, sofrem


preconceitos enormes e passaram por imensas dificuldades para subsistirem até os
tempos de hoje.

Nos presídios e hospitais padres e pastores tem livre acesso para atuarem em
suas funções de homens de Deus”, mas os sacerdotes de outras crenças, como das
religiões afro-brasileiras são impedidos e precisam lutar muito para conseguir
convencer os profissionais de saúde a permitir que eles realizem seus cultos e
orações. Recentemente o “Fantástico” e vários telejornais mostraram cenas de um
Xamã executando um ritual curativo de uma menininha em um hospital brasileiro,
foram grandes as dificuldades para conseguir a permissão e quando ela finalmente foi
dada o caso foi tratado como “crendice indígena”. Teria acontecido o mesmo se um
padre ou um pastor estivessem orando pela cura no quarto? Pensem nisso. Voltem
para o item preconceito e analisem o caso sobre este prisma.

O fato das pessoas terem ou não uma religião não significa que sejam
melhores ou piores. Possuir as qualidades de bom caráter, ter princípios, agir com
ética, lealdade, respeito, responsabilidade ou ter sentimentos de bondade ou amor são
independentes de ter ou não ter qualquer religião.

ONG
ONG é sigla de Organização Não-Governamental. São organizações privadas,
não-lucrativas, voltadas a um objetivo específico, operadas por trabalho voluntário
e/ou remunerado.

Há muitas ONGs voltadas para a defesa do meio ambiente, para a paz e o


desenvolvimento mundial, direitos humanos, inclusão social, capacitação, etc. Com
freqüência, essas organizações se voltam para questões pouco ou precariamente
cuidadas pelos governos dos países. Existem ONGs internacionais bastante atuantes,
como, por exemplo, a Anistia Internacional, o Greenpeace e os “Médicos sem
Fronteiras.” No nosso também temos ONGs que desempenham belos trabalhos como
o Movimento Superação, cuja passeata o Brasil pode ver pela TV, em uma cena de
novela onde uma personagem vai ficar tetraplégica e passará pelo processo de
superação do problema. O Movimento Superação é parceiro da Fundação Juscelino
Kubitschek em algumas ações de enfrentamento do preconceito relacionado às
pessoas portadoras de deficiências, além de projetos de acessibilidade, a capacitação
e empregabilidade das mesmas.

Movimentos Sociais
São ações coletivas organizadas na conquista e no exercício da cidadania,
tendo por fator de aglutinação ou horizonte de ação a defesa de valores fundamentais
à vida humana, como reivindicações vinculadas à superação de carências, conquista
de benefícios trabalhistas (salário, jornada de trabalho, benefícios da previdência e
assistência social), defesa da diversidade e inclusão social, preservação do meio
ambiente, proteção dos animais, justiça social, direito à posse da terra e moradia.

De acordo com a base social, de natureza popular ou institucional, os


movimentos sociais têm caráter progressista ou conservador, sendo as mobilizações
voltadas para a melhoria das condições de vida ou de preservação da ordem social
vigente.

Atualmente, alguns sociólogos tem considerado como único movimento social


contemporâneo autentico o movimento gay.

Noções de ética e de cidadania


O que é ética?
A ética é a teoria do comportamento moral do homem em sociedade.
No entanto ética e moral não se confundem. A ética não gera a moral. Toda
moral pressupõe princípios, normas de comportamento. A ética é o processo cognitivo
e reflexivo acerca destas normas e princípios que norteiam um sistema moral.

As questões éticas são teóricas e primam pela generalidade. Definir o bem e o


mal é uma discussão ética. As questões morais são praticas e são vinculadas a um
determinado contexto. Um homem decidir entre uma atitude boa ou má é uma questão
moral.

A ética está relacionada à opção, ao desejo de realizar a vida, mantendo com


os outros relações justas e aceitáveis. Normalmente está fundamentada nas idéias de
bem e virtude, enquanto valores perseguidos por todo ser humano e cujo alcance se
traduz numa existência plena e feliz.

O homem é um ser social, que vive em comunidade e depende dos outros


homens para viver de forma plena, sendo que todas as suas ações e decisões afetam
as outras pessoas. Desta coexistência entre os homens, naturalmente surgem regras
que tem a função de coordenar, harmonizar, pacificar, enfim, que normas que tornam
possível a vida em sociedade. Estas regras, estabelecem os limites dentro dos quais
devemos manter os nossos direitos e conseqüentemente estabelecem os nossos
deveres para com os demais, São os códigos culturais que nos obrigam, mas ao
mesmo tempo nos protegem.

As normas têm relação como o que denominamos de valores morais. São os


meios pelos quais os valores morais de um grupo social são manifestos e acabam
adquirindo um caráter normativo e obrigatório.

Dessa maneira, a vida ética consiste na interiorização dos valores, normas e


leis de uma sociedade, condensadas na vontade objetiva cultural, por um sujeito moral
que as aceita livre e espontaneamente através de sua vontade subjetiva individual. A
vontade pessoal resulta da aceitação harmoniosa da vontade coletiva de uma cultura.

Ética Profissional e relações sociais


Cada profissão possui normas que a regem, são elaboradas com o objetivo de
proteger os profissionais, de proteger a categoria como um todo e proteger as pessoas
que dependem daquele profissional.

Naqueles aspectos que não estão previstos e contemplados por normas, mas
de alguma forma envolvem a profissão, cabe não mais a obediência ao dever
profissional, mas a ética na conduta como cidadão.

Competência técnica, aprimoramento constante, respeito às pessoas,


confidencialidade, privacidade, tolerância, flexibilidade, fidelidade, envolvimento,
afetividade, correção de conduta, boas maneiras, relações genuínas com as pessoas,
responsabilidade, corresponder à confiança que é depositada em você são atitudes
éticas.
O que é cidadania?
É o conjunto de direitos, e deveres ao qual um indivíduo está sujeito em
relação à sociedade em que vive.

Cidadania é também o direito político, pois através dele o indivíduo intervém na


sociedade, define diretrizes, zela pelo país, seja ao votar elegendo seus
representantes, ou ao ser votado assumindo o dever de falar por aqueles que
elegeram. Porém, não se pode perder a perspectiva, de que todo direito trás em si o
dever. Pois, os direitos de um indivíduo são garantidos pelo cumprimento dos deveres
dos demais membros da sociedade.

Ser cidadão é respeitar e participar das decisões da sociedade para melhorar


suas vidas e a de outras pessoas. Ser cidadão é nunca se esquecer das pessoas que
mais necessitam. A cidadania deve trabalhada, deve ser ensinada, deve ser
transmitida e principalmente deve ser vivida.

A cidadania é ação, é omissão, e é mobilização.

Cidadania é agir de acordo com os princípios éticos e dos valores morais,


dizendo um bom dia, ajudando um cego a encontrar seu caminho, respeitando as
pessoas e suas opções e valores, é respeitar as leis vigentes.

Cidadania é não destruir o bem comum, não agredir os diferentes, não sujar as
ruas, não pichar muros, não infringir as leis.

Cidadania é promover ações contra o abandono e a exclusão das pessoas


necessitadas, e lutar pelos direitos dos carentes, das crianças e dos idosos, cidadania
é promover saúde coletiva, é discutir políticas públicas, e enfrentar os grandes
problemas que assolam nosso país e nosso povo, é ter a coragem de mudar as leis.

Para compreender um pouco mais o que é cidadania, leia e reflita sobre as


frases colocadas abaixo:

“A revolta é o último dos


.
direitos a que deve um povo
livre para garantir os interesses
coletivos: mas é também o “Se todos quisermos faremos
mais imperioso dos deveres do Brasil uma grande nação”
impostos aos cidadãos.”
Tiradentes
Juarez Távora
“Porque a mente é como um paraquedas,
só funciona depois de aberta”
"O que mais preocupa não é o
grito dos violentos, dos Frank Zappa
corruptos, dos desonestos, dos
sem-caráter, dos sem-ética. O
que mais preocupa é o silêncio
dos bons."
(Martin Luther King)

“Cidadão, num país em


que não há nem sombra de
cidadania, significa apenas
cidade grande."Millôr
Fernandes

Bons Estudos!

Boa Sorte!

Bom concurso!
Referências Bibliográficas

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BRASIL. Ministério da Saúde. Cartilha Entendendo o SUS. Brasília/DF,


2006.

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Aconselhamento em DST/Aids sobre a Realização de Sorologia e
Aconselhamento Para HIV e Hepatites Virais. Brasilia: Ministério da Saúde,
2004

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Brasília: Ministério da Saúde, 2009

BRASIL. Ministério da Saúde. Manual para a organização de atenção


básica. Brasília/DF, 1999.

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Saúde, 2007

BRASIL. Ministério da Saúde. PROFAE – Saúde Coletiva v.06


Brasília/DF, 2003

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PROFAE - mimeo - Brasília - jul./2000.

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BUSS, P.M e colaboradores. Promoção da saúde e a saúde pública:


contribuição para o debate entre as Escolas de Saúde Pública da
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MINISTÉRIO DA JUSTIÇA. Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei nº


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Acessado em: 03/11/2009

www.famema.br/saudedafamilia/equipe1.htm

http://www.ccs.saude.gov.br/SUS20Anos/mostra/linhadotempo.html

http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/multimedia/adolescente/violencia2.swf

http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/caderno_de_educacao_popular_e
_saude.pdf

www.ufrnet.br/~lmoreira/.../Indicadores%20Epidemiologicos.ppt

Todas as imagens utilizadas nesta apostila foram retiradas do banco de


imagens do Google ou das campanhas, cartilhas, manuais e cadernos do
Ministério da Saúde.
Portaria MS/GM n.º 1.886, de 18 de dezembro de 1997

Aprova as Normas e Diretrizes do Programa de Agentes Comunitários de


Saúde e do Programa Saúde da Família.

O Ministro de Estado da Saúde, no uso de suas atribuições e, considerando


que o Ministério da Saúde estabeleceu no seu Plano de Ações e Metas
priorizar os Programas de Agentes Comunitários de Saúde e Saúde da Família,
estimulando a sua expansão;

O Ministério da Saúde reconhece no Programa de Agentes Comunitários de


Saúde e no Programa Saúde da Família importante estratégia para contribuir
no aprimoramento e na consolidação do Sistema Único de Saúde, a partir da
reorientação da assistência ambulatorial e domiciliar, RESOLVE:

Art. 1º Aprovar as Normas e Diretrizes do Programa de Agentes Comunitários


de Saúde e do Programa Saúde da Família, nos termos dos Anexos I e II desta
Portaria, com vistas a regulamentar a implantação e operacionalização dos
referidos Programas.

Art. 2º Esta portaria entrará em vigor na data de sua publicação.


DECRETO Nº 3.189, DE 4 DE OUTUBRO DE 1999.

Fixa diretrizes para o exercício da atividade de Agente Comunitário de Saúde


(ACS), e dá outras providências.<> O PRESIDENTE DA REPÚBLICA , no uso da
atribuições que lhe confere o art. 84, inciso VI, da Constituição,

DECRETA:

Art 1º Cabe ao Agente Comunitário de Saúde (ACS), no âmbito do Programa de


Agentes Comunitários de Saúde, desenvolver atividades de prevenção de
doenças e promoção da saúde, por meio de ações educativas individuais e
coletivas, nos domicílios e na comunidade, sob supervisão competente.

Art 2º São consideradas atividades do ACS, na sua área de atuação:


I - utilizar instrumentos para diagnóstico demográfico e sócio-cultural da
comunidade de sua atuação;
II - executar atividades de educação para a saúde individual e coletiva;
III - registrar, para controle das ações de saúde, nascimentos, óbitos, doenças e
outros agravos à saúde;
IV - estimular a participação da comunidade nas políticas públicas como
estratégia da conquista de qualidade de vida;
V - realizar visitas domiciliares periódicas para monitoramento de situações de
risco à família;
VI - participar ou promover ações que fortaleçam os elos entre o setor saúde e
outras políticas públicas que promovam a qualidade de vida;
VII - desenvolver outras atividades pertinentes à função do Agente Comunitário
de Saúde.

Parágrafo único. As atividades do ACS são consideradas de relevante interesse


público.

Art. 3º O ACS deve residir na própria comunidade, ter espírito de liderança e de


solidariedade e preencher os requisitos mínimos estabelecidos pelo Ministério
da Saúde.

Art. 4º O ACS prestará seus serviços, de forma remunerada, na área do


respectivo município, com vínculo direto ou indireto com o Poder Público local,
observadas as disposições fixadas em portaria do Ministério da Saúde.

Brasília, 4 de outubro de 1999; 178º da Independência e 111º da República.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO


LEI Nº 11.350, DE 5 DE OUTUBRO DE 2006.
o
Regulamenta o § 5 do art. 198 da
Constituição, dispõe sobre o aproveitamento de
pessoal amparado pelo parágrafo único do art.
o o
2 da Emenda Constitucional n 51, de 14 de
fevereiro de 2006, e dá outras providências.

Faço saber que o PRESIDENTE DA REPÚBLICA adotou a Medida Provisória nº


297, de 2006, que o Congresso Nacional aprovou, e eu, Renan Calheiros, Presidente
da Mesa do Congresso Nacional, para os efeitos do disposto no art. 62 da
Constituição Federal, com a redação dada pela Emenda Constitucional nº 32,
combinado com o art. 12 da Resolução nº 1, de 2002-CN, promulgo a seguinte Lei:

Art. 1o As atividades de Agente Comunitário de Saúde e de Agente de Combate às


Endemias, passam a reger-se pelo disposto nesta Lei.

Art. 2o O exercício das atividades de Agente Comunitário de Saúde e de Agente de


Combate às Endemias, nos termos desta Lei, dar-se-á exclusivamente no âmbito do
Sistema Único de Saúde - SUS, na execução das atividades de responsabilidade dos
entes federados, mediante vínculo direto entre os referidos Agentes e órgão ou
entidade da administração direta, autárquica ou fundacional.

Art. 3o O Agente Comunitário de Saúde tem como atribuição o exercício de atividades


de prevenção de doenças e promoção da saúde, mediante ações domiciliares ou
comunitárias, individuais ou coletivas, desenvolvidas em conformidade com as
diretrizes do SUS e sob supervisão do gestor municipal, distrital, estadual ou federal.
Parágrafo único. São consideradas atividades do Agente Comunitário de Saúde,
na sua área de atuação:
I - a utilização de instrumentos para diagnóstico demográfico e sócio-cultural da
comunidade;
II - a promoção de ações de educação para a saúde individual e coletiva;
III - o registro, para fins exclusivos de controle e planejamento das ações de
saúde, de nascimentos, óbitos, doenças e outros agravos à saúde;
IV - o estímulo à participação da comunidade nas políticas públicas voltadas para
a área da saúde;
V - a realização de visitas domiciliares periódicas para monitoramento de
situações de risco à família; e
VI - a participação em ações que fortaleçam os elos entre o setor saúde e outras
políticas que promovam a qualidade de vida.

Art. 4o O Agente de Combate às Endemias tem como atribuição o exercício de


atividades de vigilância, prevenção e controle de doenças e promoção da saúde,
desenvolvidas em conformidade com as diretrizes do SUS e sob supervisão do gestor
de cada ente federado.

Art. 5o O Ministério da Saúde disciplinará as atividades de prevenção de doenças, de


promoção da saúde, de controle e de vigilância a que se referem os arts. 3o e 4o e
estabelecerá os parâmetros dos cursos previstos nos incisos II do art. 6o e I do art. 7o,
observadas as diretrizes curriculares nacionais definidas pelo Conselho Nacional de
Educação.

Art. 6o O Agente Comunitário de Saúde deverá preencher os seguintes requisitos para


o exercício da atividade:
I - residir na área da comunidade em que atuar, desde a data da publicação do
edital do processo seletivo público;
II - haver concluído, com aproveitamento, curso introdutório de formação inicial e
continuada; e
III - haver concluído o ensino fundamental.
§ 1o Não se aplica a exigência a que se refere o inciso III aos que, na data de
publicação desta Lei, estejam exercendo atividades próprias de Agente Comunitário
de Saúde.
§ 2o Compete ao ente federativo responsável pela execução dos programas a
definição da área geográfica a que se refere o inciso I, observados os parâmetros
estabelecidos pelo Ministério da Saúde.

Art. 7o O Agente de Combate às Endemias deverá preencher os seguintes requisitos


para o exercício da atividade:
I - haver concluído, com aproveitamento, curso introdutório de formação inicial e
continuada; e
II - haver concluído o ensino fundamental.
Parágrafo único. Não se aplica a exigência a que se refere o inciso II aos que,
na data de publicação desta Lei, estejam exercendo atividades próprias de Agente de
Combate às Endemias.

Art. 8o Os Agentes Comunitários de Saúde e os Agentes de Combate às Endemias


admitidos pelos gestores locais do SUS e pela Fundação Nacional de Saúde -
FUNASA, na forma do disposto no § 4o do art. 198 da Constituição, submetem-se ao
regime jurídico estabelecido pela Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, salvo se,
no caso dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, lei local dispuser de forma
diversa.

Art. 9o A contratação de Agentes Comunitários de Saúde e de Agentes de Combate


às Endemias deverá ser precedida de processo seletivo público de provas ou de
provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade de suas atribuições e
requisitos específicos para o exercício das atividades, que atenda aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
Parágrafo único. Caberá aos órgãos ou entes da administração direta dos Estados,
do Distrito Federal ou dos Municípios certificar, em cada caso, a existência de anterior
processo de seleção pública, para efeito da dispensa referida no parágrafo único do art. 2o
da Emenda Constitucional no 51, de 14 de fevereiro de 2006, considerando-se como tal
aquele que tenha sido realizado com observância dos princípios referidos no caput.

Art. 10. A administração pública somente poderá rescindir unilateralmente o contrato


do Agente Comunitário de Saúde ou do Agente de Combate às Endemias, de acordo
com o regime jurídico de trabalho adotado, na ocorrência de uma das seguintes
hipóteses:
I - prática de falta grave, dentre as enumeradas no art. 482 da Consolidação das
Leis do Trabalho - CLT;
II - acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas;
III - necessidade de redução de quadro de pessoal, por excesso de despesa, nos
termos da Lei no 9.801, de 14 de junho de 1999; ou
IV - insuficiência de desempenho, apurada em procedimento no qual se
assegurem pelo menos um recurso hierárquico dotado de efeito suspensivo, que será
apreciado em trinta dias, e o prévio conhecimento dos padrões mínimos exigidos para
a continuidade da relação de emprego, obrigatoriamente estabelecidos de acordo com
as peculiaridades das atividades exercidas.
Parágrafo único. No caso do Agente Comunitário de Saúde, o contrato também
poderá ser rescindido unilateralmente na hipótese de não-atendimento ao disposto no
inciso I do art. 6o, ou em função de apresentação de declaração falsa de residência.
Art. 11. Fica criado, no Quadro de Pessoal da Fundação Nacional de Saúde -
FUNASA, Quadro Suplementar de Combate às Endemias, destinado a promover, no
âmbito do SUS, ações complementares de vigilância epidemiológica e combate a
endemias, nos termos do inciso VI e parágrafo único do art. 16 da Lei no 8.080, de 19
de setembro de 1990.
Parágrafo único. Ao Quadro Suplementar de que trata o caput aplica-se, no que
couber, além do disposto nesta Lei, o disposto na Lei no 9.962, de 22 de fevereiro de
2000, cumprindo-se jornada de trabalho de quarenta horas semanais.

Art. 12. Aos profissionais não-ocupantes de cargo efetivo em órgão ou entidade da


administração pública federal que, em 14 de fevereiro de 2006, a qualquer título, se
achavam no desempenho de atividades de combate a endemias no âmbito da
FUNASA é assegurada a dispensa de se submeterem ao processo seletivo público a
que se refere o § 4o do art. 198 da Constituição, desde que tenham sido contratados a
partir de anterior processo de seleção pública efetuado pela FUNASA, ou por outra
instituição, sob a efetiva supervisão da FUNASA e mediante a observância dos
princípios a que se refere o caput do art. 9o.
§ 1o Ato conjunto dos Ministros de Estado da Saúde e do Controle e da
Transparência instituirá comissão com a finalidade de atestar a regularidade do
processo seletivo para fins da dispensa prevista no caput.
§ 2o A comissão será integrada por três representantes da Secretaria Federal de
Controle Interno da Controladoria-Geral da União, um dos quais a presidirá, pelo
Assessor Especial de Controle Interno do Ministério da Saúde e pelo Chefe da
Auditoria Interna da FUNASA.

Art. 13. Os Agentes de Combate às Endemias integrantes do Quadro Suplementar a


que se refere o art. 11 poderão ser colocados à disposição dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, no âmbito do SUS, mediante convênio, ou para gestão
associada de serviços públicos, mediante contrato de consórcio público, nos termos da
Lei no 11.107, de 6 de abril de 2005, mantida a vinculação à FUNASA e sem prejuízo
dos respectivos direitos e vantagens.

Art. 14. O gestor local do SUS responsável pela contratação dos profissionais de que
trata esta Lei disporá sobre a criação dos cargos ou empregos públicos e demais
aspectos inerentes à atividade, observadas as especificidades locais.

Art. 15. Ficam criados cinco mil, trezentos e sessenta e cinco empregos públicos de
Agente de Combate às Endemias, no âmbito do Quadro Suplementar referido no art.
11, com retribuição mensal estabelecida na forma do Anexo desta Lei, cuja despesa
não excederá o valor atualmente despendido pela FUNASA com a contratação desses
profissionais.
§ 1o A FUNASA, em até trinta dias, promoverá o enquadramento do pessoal de
que trata o art. 12 na tabela salarial constante do Anexo desta Lei, em classes e níveis
com salários iguais aos pagos atualmente, sem aumento de despesa.
§ 2o Aplica-se aos ocupantes dos empregos referidos no caput a indenização de
campo de que trata o art. 16 da Lei no 8.216, de 13 de agosto de 1991.
§ 3o Caberá à Secretaria de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão disciplinar o desenvolvimento dos ocupantes dos empregos
públicos referidos no caput na tabela salarial constante do Anexo desta Lei.

Art. 16. Fica vedada a contratação temporária ou terceirizada de Agentes


Comunitários de Saúde e de Agentes de Combate às Endemias, salvo na hipótese de
combate a surtos endêmicos, na forma da lei aplicável.

Art. 17. Os profissionais que, na data de publicação desta Lei, exerçam atividades
próprias de Agente Comunitário de Saúde e Agente de Combate às Endemias,
vinculados diretamente aos gestores locais do SUS ou a entidades de administração
indireta, não investidos em cargo ou emprego público, e não alcançados pelo disposto
no parágrafo único do art. 9o, poderão permanecer no exercício destas atividades, até
que seja concluída a realização de processo seletivo público pelo ente federativo, com
vistas ao cumprimento do disposto nesta Lei.

Art. 18. Os empregos públicos criados no âmbito da FUNASA, conforme disposto no


art. 15 e preenchidos nos termos desta Lei, serão extintos, quando vagos.

Art. 19. As despesas decorrentes da criação dos empregos públicos a que se refere o
art. 15 correrão à conta das dotações destinadas à FUNASA, consignadas no
Orçamento Geral da União.

Art. 20. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 21. Fica revogada a Lei no 10.507, de 10 de julho de 2002.

Brasília, 9 de junho de 2006; 185o da Independência e 118o da República.


LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
José Agenor Álvares da Silva
Paulo Bernardo Silva
Estatuto do Idoso

LEI No 10.741, DE 1º DE OUTUBRO DE 2003.

Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras


providências.

TÍTULO I
Disposições Preliminares

Art. 1o É instituído o Estatuto do Idoso, destinado a regular os direitos assegurados às


pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos.

Art. 2o O idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana,


sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhe, por lei ou
por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, para preservação de sua
saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em
condições de liberdade e dignidade.

Art. 3o É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público


assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à
liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.

Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:


I – atendimento preferencial imediato e individualizado junto aos órgãos públicos
e privados prestadores de serviços à população;
II – preferência na formulação e na execução de políticas sociais públicas
específicas;
III – destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a
proteção ao idoso;
IV – viabilização de formas alternativas de participação, ocupação e convívio do
idoso com as demais gerações;
V – priorização do atendimento do idoso por sua própria família, em detrimento
do atendimento asilar, exceto dos que não a possuam ou careçam de condições de
manutenção da própria sobrevivência;
VI – capacitação e reciclagem dos recursos humanos nas áreas de geriatria e
gerontologia e na prestação de serviços aos idosos;
VII – estabelecimento de mecanismos que favoreçam a divulgação de
informações de caráter educativo sobre os aspectos biopsicossociais de
envelhecimento;
VIII – garantia de acesso à rede de serviços de saúde e de assistência social
locais.
IX – prioridade no recebimento da restituição do Imposto de Renda. (Incluído pela
Lei nº 11.765, de 2008).

Art. 4o Nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de negligência, discriminação,


violência, crueldade ou opressão, e todo atentado aos seus direitos, por ação ou
omissão, será punido na forma da lei.
§ 1o É dever de todos prevenir a ameaça ou violação aos direitos do idoso.
§ 2o As obrigações previstas nesta Lei não excluem da prevenção outras
decorrentes dos princípios por ela adotados.

Art. 5o A inobservância das normas de prevenção importará em responsabilidade à


pessoa física ou jurídica nos termos da lei.

Art. 6o Todo cidadão tem o dever de comunicar à autoridade competente qualquer


forma de violação a esta Lei que tenha testemunhado ou de que tenha conhecimento.

Art. 7o Os Conselhos Nacional, Estaduais, do Distrito Federal e Municipais do Idoso,


previstos na Lei no 8.842, de 4 de janeiro de 1994, zelarão pelo cumprimento dos
direitos do idoso, definidos nesta Lei.

TÍTULO II
Dos Direitos Fundamentais
CAPÍTULO I
Do Direito à Vida

Art. 8o O envelhecimento é um direito personalíssimo e a sua proteção um direito


social, nos termos desta Lei e da legislação vigente.

Art. 9o É obrigação do Estado, garantir à pessoa idosa a proteção à vida e à saúde,


mediante efetivação de políticas sociais públicas que permitam um envelhecimento
saudável e em condições de dignidade.

CAPÍTULO II
Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade

Art. 10. É obrigação do Estado e da sociedade, assegurar à pessoa idosa a liberdade,


o respeito e a dignidade, como pessoa humana e sujeito de direitos civis, políticos,
individuais e sociais, garantidos na Constituição e nas leis.
§ 1o O direito à liberdade compreende, entre outros, os seguintes aspectos:
I – faculdade de ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários,
ressalvadas as restrições legais;
II – opinião e expressão;
III – crença e culto religioso;
IV – prática de esportes e de diversões;
V – participação na vida familiar e comunitária;
VI – participação na vida política, na forma da lei;
VII – faculdade de buscar refúgio, auxílio e orientação.
§ 2o O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica
e moral, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, de
valores, idéias e crenças, dos espaços e dos objetos pessoais.
§ 3o É dever de todos zelar pela dignidade do idoso, colocando-o a salvo de
qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.
CAPÍTULO III
Dos Alimentos

Art. 11. Os alimentos serão prestados ao idoso na forma da lei civil.

Art. 12. A obrigação alimentar é solidária, podendo o idoso optar entre os prestadores.

Art. 13. As transações relativas a alimentos poderão ser celebradas perante o


Promotor de Justiça ou Defensor Público, que as referendará, e passarão a ter efeito
de título executivo extrajudicial nos termos da lei processual civil. (Redação dada pela
Lei nº 11.737, de 2008)

Art. 14. Se o idoso ou seus familiares não possuírem condições econômicas de prover
o seu sustento, impõe-se ao Poder Público esse provimento, no âmbito da assistência
social.

CAPÍTULO IV
Do Direito à Saúde

Art. 15. É assegurada a atenção integral à saúde do idoso, por intermédio do Sistema
Único de Saúde – SUS, garantindo-lhe o acesso universal e igualitário, em conjunto
articulado e contínuo das ações e serviços, para a prevenção, promoção, proteção e
recuperação da saúde, incluindo a atenção especial às doenças que afetam
preferencialmente os idosos.
§ 1o A prevenção e a manutenção da saúde do idoso serão efetivadas por meio
de:
I – cadastramento da população idosa em base territorial;
II – atendimento geriátrico e gerontológico em ambulatórios;
III – unidades geriátricas de referência, com pessoal especializado nas áreas de
geriatria e gerontologia social;
IV – atendimento domiciliar, incluindo a internação, para a população que dele
necessitar e esteja impossibilitada de se locomover, inclusive para idosos abrigados e
acolhidos por instituições públicas, filantrópicas ou sem fins lucrativos e eventualmente
conveniadas com o Poder Público, nos meios urbano e rural;
V – reabilitação orientada pela geriatria e gerontologia, para redução das
seqüelas decorrentes do agravo da saúde.
§ 2o Incumbe ao Poder Público fornecer aos idosos, gratuitamente,
medicamentos, especialmente os de uso continuado, assim como próteses, órteses e
outros recursos relativos ao tratamento, habilitação ou reabilitação.
§ 3o É vedada a discriminação do idoso nos planos de saúde pela cobrança de
valores diferenciados em razão da idade.
§ 4o Os idosos portadores de deficiência ou com limitação incapacitante terão
atendimento especializado, nos termos da lei.
Art. 16. Ao idoso internado ou em observação é assegurado o direito a acompanhante,
devendo o órgão de saúde proporcionar as condições adequadas para a sua
permanência em tempo integral, segundo o critério médico.
Parágrafo único. Caberá ao profissional de saúde responsável pelo tratamento
conceder autorização para o acompanhamento do idoso ou, no caso de
impossibilidade, justificá-la por escrito.

Art. 17. Ao idoso que esteja no domínio de suas faculdades mentais é assegurado o
direito de optar pelo tratamento de saúde que lhe for reputado mais favorável.
Parágrafo único. Não estando o idoso em condições de proceder à opção, esta
será feita:
I – pelo curador, quando o idoso for interditado;
II – pelos familiares, quando o idoso não tiver curador ou este não puder ser
contactado em tempo hábil;
III – pelo médico, quando ocorrer iminente risco de vida e não houver tempo hábil
para consulta a curador ou familiar;
IV – pelo próprio médico, quando não houver curador ou familiar conhecido, caso
em que deverá comunicar o fato ao Ministério Público.

Art. 18. As instituições de saúde devem atender aos critérios mínimos para o
atendimento às necessidades do idoso, promovendo o treinamento e a capacitação
dos profissionais, assim como orientação a cuidadores familiares e grupos de auto-
ajuda.

Art. 19. Os casos de suspeita ou confirmação de maus-tratos contra idoso serão


obrigatoriamente comunicados pelos profissionais de saúde a quaisquer dos seguintes
órgãos:
I – autoridade policial;
II – Ministério Público;
III – Conselho Municipal do Idoso;
IV – Conselho Estadual do Idoso;
V – Conselho Nacional do Idoso.

CAPÍTULO V
Da Educação, Cultura, Esporte e Lazer

Art. 20. O idoso tem direito a educação, cultura, esporte, lazer, diversões, espetáculos,
produtos e serviços que respeitem sua peculiar condição de idade.

Art. 21. O Poder Público criará oportunidades de acesso do idoso à educação,


adequando currículos, metodologias e material didático aos programas educacionais a
ele destinados.
§ 1o Os cursos especiais para idosos incluirão conteúdo relativo às técnicas de
comunicação, computação e demais avanços tecnológicos, para sua integração à vida
moderna.
§ 2o Os idosos participarão das comemorações de caráter cívico ou cultural, para
transmissão de conhecimentos e vivências às demais gerações, no sentido da
preservação da memória e da identidade culturais.
Art. 22. Nos currículos mínimos dos diversos níveis de ensino formal serão inseridos
conteúdos voltados ao processo de envelhecimento, ao respeito e à valorização do
idoso, de forma a eliminar o preconceito e a produzir conhecimentos sobre a matéria.

Art. 23. A participação dos idosos em atividades culturais e de lazer será


proporcionada mediante descontos de pelo menos 50% (cinqüenta por cento) nos
ingressos para eventos artísticos, culturais, esportivos e de lazer, bem como o acesso
preferencial aos respectivos locais.

Art. 24. Os meios de comunicação manterão espaços ou horários especiais voltados


aos idosos, com finalidade informativa, educativa, artística e cultural, e ao público
sobre o processo de envelhecimento.

Art. 25. O Poder Público apoiará a criação de universidade aberta para as pessoas
idosas e incentivará a publicação de livros e periódicos, de conteúdo e padrão editorial
adequados ao idoso, que facilitem a leitura, considerada a natural redução da
capacidade visual.

CAPÍTULO VI
Da Profissionalização e do Trabalho

Art. 26. O idoso tem direito ao exercício de atividade profissional, respeitadas suas
condições físicas, intelectuais e psíquicas.

Art. 27. Na admissão do idoso em qualquer trabalho ou emprego, é vedada a


discriminação e a fixação de limite máximo de idade, inclusive para concursos,
ressalvados os casos em que a natureza do cargo o exigir.
Parágrafo único. O primeiro critério de desempate em concurso público será a
idade, dando-se preferência ao de idade mais elevada.

Art. 28. O Poder Público criará e estimulará programas de:


I – profissionalização especializada para os idosos, aproveitando seus potenciais
e habilidades para atividades regulares e remuneradas;
II – preparação dos trabalhadores para a aposentadoria, com antecedência
mínima de 1 (um) ano, por meio de estímulo a novos projetos sociais, conforme seus
interesses, e de esclarecimento sobre os direitos sociais e de cidadania;
III – estímulo às empresas privadas para admissão de idosos ao trabalho.

CAPÍTULO VII
Da Previdência Social

Art. 29. Os benefícios de aposentadoria e pensão do Regime Geral da Previdência


Social observarão, na sua concessão, critérios de cálculo que preservem o valor real
dos salários sobre os quais incidiram contribuição, nos termos da legislação vigente.
Parágrafo único. Os valores dos benefícios em manutenção serão reajustados na
mesma data de reajuste do salário-mínimo, pro rata, de acordo com suas respectivas
datas de início ou do seu último reajustamento, com base em percentual definido em
regulamento, observados os critérios estabelecidos pela Lei no 8.213, de 24 de julho
de 1991.
Art. 30. A perda da condição de segurado não será considerada para a concessão da
aposentadoria por idade, desde que a pessoa conte com, no mínimo, o tempo de
contribuição correspondente ao exigido para efeito de carência na data de
requerimento do benefício.
Parágrafo único. O cálculo do valor do benefício previsto no caput observará o
disposto no caput e § 2o do art. 3o da Lei no 9.876, de 26 de novembro de 1999, ou,
não havendo salários-de-contribuição recolhidos a partir da competência de julho de
1994, o disposto no art. 35 da Lei no 8.213, de 1991.

Art. 31. O pagamento de parcelas relativas a benefícios, efetuado com atraso por
responsabilidade da Previdência Social, será atualizado pelo mesmo índice utilizado
para os reajustamentos dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social,
verificado no período compreendido entre o mês que deveria ter sido pago e o mês do
efetivo pagamento.

Art. 32. O Dia Mundial do Trabalho, 1o de Maio, é a data-base dos aposentados e


pensionistas.

CAPÍTULO VIII
Da Assistência Social

Art. 33. A assistência social aos idosos será prestada, de forma articulada, conforme
os princípios e diretrizes previstos na Lei Orgânica da Assistência Social, na Política
Nacional do Idoso, no Sistema Único de Saúde e demais normas pertinentes.

Art. 34. Aos idosos, a partir de 65 (sessenta e cinco) anos, que não possuam meios
para prover sua subsistência, nem de tê-la provida por sua família, é assegurado o
benefício mensal de 1 (um) salário-mínimo, nos termos da Lei Orgânica da Assistência
Social – Loas.
Parágrafo único. O benefício já concedido a qualquer membro da família nos
termos do caput não será computado para os fins do cálculo da renda familiar per
capita a que se refere a Loas.

Art. 35. Todas as entidades de longa permanência, ou casa-lar, são obrigadas a firmar
contrato de prestação de serviços com a pessoa idosa abrigada.
§ 1o No caso de entidades filantrópicas, ou casa-lar, é facultada a cobrança de
participação do idoso no custeio da entidade.
§ 2o O Conselho Municipal do Idoso ou o Conselho Municipal da Assistência
Social estabelecerá a forma de participação prevista no § 1o, que não poderá exceder
a 70% (setenta por cento) de qualquer benefício previdenciário ou de assistência
social percebido pelo idoso.
§ 3o Se a pessoa idosa for incapaz, caberá a seu representante legal firmar o
contrato a que se refere o caput deste artigo.

Art. 36. O acolhimento de idosos em situação de risco social, por adulto ou núcleo
familiar, caracteriza a dependência econômica, para os efeitos legais.

CAPÍTULO IX
Da Habitação
Art. 37. O idoso tem direito a moradia digna, no seio da família natural ou substituta,
ou desacompanhado de seus familiares, quando assim o desejar, ou, ainda, em
instituição pública ou privada.
§ 1o A assistência integral na modalidade de entidade de longa permanência será
prestada quando verificada inexistência de grupo familiar, casa-lar, abandono ou
carência de recursos financeiros próprios ou da família.
§ 2o Toda instituição dedicada ao atendimento ao idoso fica obrigada a manter
identificação externa visível, sob pena de interdição, além de atender toda a legislação
pertinente.
§ 3o As instituições que abrigarem idosos são obrigadas a manter padrões de
habitação compatíveis com as necessidades deles, bem como provê-los com
alimentação regular e higiene indispensáveis às normas sanitárias e com estas
condizentes, sob as penas da lei.

Art. 38. Nos programas habitacionais, públicos ou subsidiados com recursos públicos,
o idoso goza de prioridade na aquisição de imóvel para moradia própria, observado o
seguinte:
I – reserva de 3% (três por cento) das unidades residenciais para atendimento
aos idosos;
II – implantação de equipamentos urbanos comunitários voltados ao idoso;
III – eliminação de barreiras arquitetônicas e urbanísticas, para garantia de
acessibilidade ao idoso;
IV – critérios de financiamento compatíveis com os rendimentos de aposentadoria
e pensão.

CAPÍTULO X
Do Transporte

Art. 39. Aos maiores de 65 (sessenta e cinco) anos fica assegurada a gratuidade dos
transportes coletivos públicos urbanos e semi-urbanos, exceto nos serviços seletivos e
especiais, quando prestados paralelamente aos serviços regulares.
§ 1o Para ter acesso à gratuidade, basta que o idoso apresente qualquer
documento pessoal que faça prova de sua idade.
§ 2o Nos veículos de transporte coletivo de que trata este artigo, serão reservados
10% (dez por cento) dos assentos para os idosos, devidamente identificados com a
placa de reservado preferencialmente para idosos.
§ 3o No caso das pessoas compreendidas na faixa etária entre 60 (sessenta) e 65
(sessenta e cinco) anos, ficará a critério da legislação local dispor sobre as condições
para exercício da gratuidade nos meios de transporte previstos no caput deste artigo.

Art. 40. No sistema de transporte coletivo interestadual observar-se-á, nos termos da


legislação específica: (Regulamento)
I – a reserva de 2 (duas) vagas gratuitas por veículo para idosos com renda igual
ou inferior a 2 (dois) salários-mínimos;
II – desconto de 50% (cinqüenta por cento), no mínimo, no valor das passagens,
para os idosos que excederem as vagas gratuitas, com renda igual ou inferior a 2
(dois) salários-mínimos.
Parágrafo único. Caberá aos órgãos competentes definir os mecanismos e os
critérios para o exercício dos direitos previstos nos incisos I e II.

Art. 41. É assegurada a reserva, para os idosos, nos termos da lei local, de 5% (cinco
por cento) das vagas nos estacionamentos públicos e privados, as quais deverão ser
posicionadas de forma a garantir a melhor comodidade ao idoso.

Art. 42. É assegurada a prioridade do idoso no embarque no sistema de transporte


coletivo.

TÍTULO III
Das Medidas de Proteção
CAPÍTULO I

Das Disposições Gerais

Art. 43. As medidas de proteção ao idoso são aplicáveis sempre que os direitos
reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados:
I – por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;
II – por falta, omissão ou abuso da família, curador ou entidade de atendimento;
III – em razão de sua condição pessoal.

CAPÍTULO II
Das Medidas Específicas de Proteção

Art. 44. As medidas de proteção ao idoso previstas nesta Lei poderão ser aplicadas,
isolada ou cumulativamente, e levarão em conta os fins sociais a que se destinam e o
fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários.

Art. 45. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 43, o Ministério Público ou
o Poder Judiciário, a requerimento daquele, poderá determinar, dentre outras, as
seguintes medidas:
I – encaminhamento à família ou curador, mediante termo de responsabilidade;
II – orientação, apoio e acompanhamento temporários;
III – requisição para tratamento de sua saúde, em regime ambulatorial, hospitalar
ou domiciliar;
IV – inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e
tratamento a usuários dependentes de drogas lícitas ou ilícitas, ao próprio idoso ou à
pessoa de sua convivência que lhe cause perturbação;
V – abrigo em entidade;
VI – abrigo temporário.

TÍTULO IV
Da Política de Atendimento ao Idoso
CAPÍTULO I
Disposições Gerais
Art. 46. A política de atendimento ao idoso far-se-á por meio do conjunto articulado de
ações governamentais e não-governamentais da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios.

Art. 47. São linhas de ação da política de atendimento:


I – políticas sociais básicas, previstas na Lei no 8.842, de 4 de janeiro de 1994;
II – políticas e programas de assistência social, em caráter supletivo, para
aqueles que necessitarem;
III – serviços especiais de prevenção e atendimento às vítimas de negligência,
maus-tratos, exploração, abuso, crueldade e opressão;
IV – serviço de identificação e localização de parentes ou responsáveis por
idosos abandonados em hospitais e instituições de longa permanência;
V – proteção jurídico-social por entidades de defesa dos direitos dos idosos;
VI – mobilização da opinião pública no sentido da participação dos diversos
segmentos da sociedade no atendimento do idoso.

CAPÍTULO II
Das Entidades de Atendimento ao Idoso

Art. 48. As entidades de atendimento são responsáveis pela manutenção das próprias
unidades, observadas as normas de planejamento e execução emanadas do órgão
competente da Política Nacional do Idoso, conforme a Lei no 8.842, de 1994.
Parágrafo único. As entidades governamentais e não-governamentais de
assistência ao idoso ficam sujeitas à inscrição de seus programas, junto ao órgão
competente da Vigilância Sanitária e Conselho Municipal da Pessoa Idosa, e em sua
falta, junto ao Conselho Estadual ou Nacional da Pessoa Idosa, especificando os
regimes de atendimento, observados os seguintes requisitos:
I – oferecer instalações físicas em condições adequadas de habitabilidade,
higiene, salubridade e segurança;
II – apresentar objetivos estatutários e plano de trabalho compatíveis com os
princípios desta Lei;
III – estar regularmente constituída;
IV – demonstrar a idoneidade de seus dirigentes.
Art. 49. As entidades que desenvolvam programas de institucionalização de longa
permanência adotarão os seguintes princípios:
I – preservação dos vínculos familiares;
II – atendimento personalizado e em pequenos grupos;
III – manutenção do idoso na mesma instituição, salvo em caso de força maior;
IV – participação do idoso nas atividades comunitárias, de caráter interno e
externo;
V – observância dos direitos e garantias dos idosos;
VI – preservação da identidade do idoso e oferecimento de ambiente de respeito
e dignidade.
Parágrafo único. O dirigente de instituição prestadora de atendimento ao idoso
responderá civil e criminalmente pelos atos que praticar em detrimento do idoso, sem
prejuízo das sanções administrativas.

Art. 50. Constituem obrigações das entidades de atendimento:


I – celebrar contrato escrito de prestação de serviço com o idoso, especificando o
tipo de atendimento, as obrigações da entidade e prestações decorrentes do contrato,
com os respectivos preços, se for o caso;
II – observar os direitos e as garantias de que são titulares os idosos;
III – fornecer vestuário adequado, se for pública, e alimentação suficiente;
IV – oferecer instalações físicas em condições adequadas de habitabilidade;
V – oferecer atendimento personalizado;
VI – diligenciar no sentido da preservação dos vínculos familiares;
VII – oferecer acomodações apropriadas para recebimento de visitas;
VIII – proporcionar cuidados à saúde, conforme a necessidade do idoso;
IX – promover atividades educacionais, esportivas, culturais e de lazer;
X – propiciar assistência religiosa àqueles que desejarem, de acordo com suas
crenças;
XI – proceder a estudo social e pessoal de cada caso;
XII – comunicar à autoridade competente de saúde toda ocorrência de idoso
portador de doenças infecto-contagiosas;
XIII – providenciar ou solicitar que o Ministério Público requisite os documentos
necessários ao exercício da cidadania àqueles que não os tiverem, na forma da lei;
XIV – fornecer comprovante de depósito dos bens móveis que receberem dos
idosos;
XV – manter arquivo de anotações onde constem data e circunstâncias do
atendimento, nome do idoso, responsável, parentes, endereços, cidade, relação de
seus pertences, bem como o valor de contribuições, e suas alterações, se houver, e
demais dados que possibilitem sua identificação e a individualização do atendimento;
XVI – comunicar ao Ministério Público, para as providências cabíveis, a situação
de abandono moral ou material por parte dos familiares;
XVII – manter no quadro de pessoal profissionais com formação específica.

Art. 51. As instituições filantrópicas ou sem fins lucrativos prestadoras de serviço ao


idoso terão direito à assistência judiciária gratuita.

CAPÍTULO III
Da Fiscalização das Entidades de Atendimento

Art. 52. As entidades governamentais e não-governamentais de atendimento ao idoso


serão fiscalizadas pelos Conselhos do Idoso, Ministério Público, Vigilância Sanitária e
outros previstos em lei.

Art. 53. O art. 7o da Lei no 8.842, de 1994, passa a vigorar com a seguinte redação:
"Art. 7o Compete aos Conselhos de que trata o art. 6o desta Lei a supervisão, o
acompanhamento, a fiscalização e a avaliação da política nacional do idoso, no âmbito
das respectivas instâncias político-administrativas."

Art. 54. Será dada publicidade das prestações de contas dos recursos públicos e
privados recebidos pelas entidades de atendimento.

Art. 55. As entidades de atendimento que descumprirem as determinações desta Lei


ficarão sujeitas, sem prejuízo da responsabilidade civil e criminal de seus dirigentes ou
prepostos, às seguintes penalidades, observado o devido processo legal:
I – as entidades governamentais:
a) advertência;
b) afastamento provisório de seus dirigentes;
c) afastamento definitivo de seus dirigentes;
d) fechamento de unidade ou interdição de programa;
II – as entidades não-governamentais:
a) advertência;
b) multa;
c) suspensão parcial ou total do repasse de verbas públicas;
d) interdição de unidade ou suspensão de programa;
e) proibição de atendimento a idosos a bem do interesse público.
§ 1o Havendo danos aos idosos abrigados ou qualquer tipo de fraude em relação
ao programa, caberá o afastamento provisório dos dirigentes ou a interdição da
unidade e a suspensão do programa.
§ 2o A suspensão parcial ou total do repasse de verbas públicas ocorrerá quando
verificada a má aplicação ou desvio de finalidade dos recursos.
§ 3o Na ocorrência de infração por entidade de atendimento, que coloque em
risco os direitos assegurados nesta Lei, será o fato comunicado ao Ministério Público,
para as providências cabíveis, inclusive para promover a suspensão das atividades ou
dissolução da entidade, com a proibição de atendimento a idosos a bem do interesse
público, sem prejuízo das providências a serem tomadas pela Vigilância Sanitária.
§ 4o Na aplicação das penalidades, serão consideradas a natureza e a gravidade
da infração cometida, os danos que dela provierem para o idoso, as circunstâncias
agravantes ou atenuantes e os antecedentes da entidade.

CAPÍTULO IV
Das Infrações Administrativas

Art. 56. Deixar a entidade de atendimento de cumprir as determinações do art. 50


desta Lei:
Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 3.000,00 (três mil reais), se o
fato não for caracterizado como crime, podendo haver a interdição do estabelecimento
até que sejam cumpridas as exigências legais.
Parágrafo único. No caso de interdição do estabelecimento de longa
permanência, os idosos abrigados serão transferidos para outra instituição, a
expensas do estabelecimento interditado, enquanto durar a interdição.

Art. 57. Deixar o profissional de saúde ou o responsável por estabelecimento de saúde


ou instituição de longa permanência de comunicar à autoridade competente os casos
de crimes contra idoso de que tiver conhecimento:
Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 3.000,00 (três mil reais),
aplicada em dobro no caso de reincidência.

Art. 58. Deixar de cumprir as determinações desta Lei sobre a prioridade no


atendimento ao idoso:
Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 1.000,00 (um mil reais) e
multa civil a ser estipulada pelo juiz, conforme o dano sofrido pelo idoso.

CAPÍTULO V
Da Apuração Administrativa de Infração às
Normas de Proteção ao Idoso
Art. 59. Os valores monetários expressos no Capítulo IV serão atualizados
anualmente, na forma da lei.

Art. 60. O procedimento para a imposição de penalidade administrativa por infração às


normas de proteção ao idoso terá início com requisição do Ministério Público ou auto
de infração elaborado por servidor efetivo e assinado, se possível, por duas
testemunhas.
§ 1o No procedimento iniciado com o auto de infração poderão ser usadas
fórmulas impressas, especificando-se a natureza e as circunstâncias da infração.
§ 2o Sempre que possível, à verificação da infração seguir-se-á a lavratura do
auto, ou este será lavrado dentro de 24 (vinte e quatro) horas, por motivo justificado.

Art. 61. O autuado terá prazo de 10 (dez) dias para a apresentação da defesa, contado
da data da intimação, que será feita:
I – pelo autuante, no instrumento de autuação, quando for lavrado na presença
do infrator;
II – por via postal, com aviso de recebimento.

Art. 62. Havendo risco para a vida ou à saúde do idoso, a autoridade competente
aplicará à entidade de atendimento as sanções regulamentares, sem prejuízo da
iniciativa e das providências que vierem a ser adotadas pelo Ministério Público ou
pelas demais instituições legitimadas para a fiscalização.

Art. 63. Nos casos em que não houver risco para a vida ou a saúde da pessoa idosa
abrigada, a autoridade competente aplicará à entidade de atendimento as sanções
regulamentares, sem prejuízo da iniciativa e das providências que vierem a ser
adotadas pelo Ministério Público ou pelas demais instituições legitimadas para a
fiscalização.

CAPÍTULO VI
Da Apuração Judicial de Irregularidades em Entidade de Atendimento

Art. 64. Aplicam-se, subsidiariamente, ao procedimento administrativo de que trata


este Capítulo as disposições das Leis nos 6.437, de 20 de agosto de 1977, e 9.784, de
29 de janeiro de 1999.

Art. 65. O procedimento de apuração de irregularidade em entidade governamental e


não-governamental de atendimento ao idoso terá início mediante petição
fundamentada de pessoa interessada ou iniciativa do Ministério Público.

Art. 66. Havendo motivo grave, poderá a autoridade judiciária, ouvido o Ministério
Público, decretar liminarmente o afastamento provisório do dirigente da entidade ou
outras medidas que julgar adequadas, para evitar lesão aos direitos do idoso,
mediante decisão fundamentada.

Art. 67. O dirigente da entidade será citado para, no prazo de 10 (dez) dias, oferecer
resposta escrita, podendo juntar documentos e indicar as provas a produzir.

Art. 68. Apresentada a defesa, o juiz procederá na conformidade do art. 69 ou, se


necessário, designará audiência de instrução e julgamento, deliberando sobre a
necessidade de produção de outras provas.
§ 1o Salvo manifestação em audiência, as partes e o Ministério Público terão 5
(cinco) dias para oferecer alegações finais, decidindo a autoridade judiciária em igual
prazo.
§ 2o Em se tratando de afastamento provisório ou definitivo de dirigente de
entidade governamental, a autoridade judiciária oficiará a autoridade administrativa
imediatamente superior ao afastado, fixando-lhe prazo de 24 (vinte e quatro) horas
para proceder à substituição.
§ 3o Antes de aplicar qualquer das medidas, a autoridade judiciária poderá fixar
prazo para a remoção das irregularidades verificadas. Satisfeitas as exigências, o
processo será extinto, sem julgamento do mérito.
§ 4o A multa e a advertência serão impostas ao dirigente da entidade ou ao
responsável pelo programa de atendimento.

TÍTULO V
Do Acesso à Justiça
CAPÍTULO I
Disposições Gerais

Art. 69. Aplica-se, subsidiariamente, às disposições deste Capítulo, o procedimento


sumário previsto no Código de Processo Civil, naquilo que não contrarie os prazos
previstos nesta Lei.

Art. 70. O Poder Público poderá criar varas especializadas e exclusivas do idoso.

Art. 71. É assegurada prioridade na tramitação dos processos e procedimentos e na


execução dos atos e diligências judiciais em que figure como parte ou interveniente
pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, em qualquer instância.
§ 1o O interessado na obtenção da prioridade a que alude este artigo, fazendo
prova de sua idade, requererá o benefício à autoridade judiciária competente para
decidir o feito, que determinará as providências a serem cumpridas, anotando-se essa
circunstância em local visível nos autos do processo.
§ 2o A prioridade não cessará com a morte do beneficiado, estendendo-se em
favor do cônjuge supérstite, companheiro ou companheira, com união estável, maior
de 60 (sessenta) anos.
§ 3o A prioridade se estende aos processos e procedimentos na Administração
Pública, empresas prestadoras de serviços públicos e instituições financeiras, ao
atendimento preferencial junto à Defensoria Publica da União, dos Estados e do
Distrito Federal em relação aos Serviços de Assistência Judiciária.
§ 4o Para o atendimento prioritário será garantido ao idoso o fácil acesso aos
assentos e caixas, identificados com a destinação a idosos em local visível e
caracteres legíveis.
CAPÍTULO II
Do Ministério Público

Art. 72. (VETADO)

Art. 73. As funções do Ministério Público, previstas nesta Lei, serão exercidas nos
termos da respectiva Lei Orgânica.
Art. 74. Compete ao Ministério Público:
I – instaurar o inquérito civil e a ação civil pública para a proteção dos direitos e
interesses difusos ou coletivos, individuais indisponíveis e individuais homogêneos do
idoso;
II – promover e acompanhar as ações de alimentos, de interdição total ou parcial,
de designação de curador especial, em circunstâncias que justifiquem a medida e
oficiar em todos os feitos em que se discutam os direitos de idosos em condições de
risco;
III – atuar como substituto processual do idoso em situação de risco, conforme o
disposto no art. 43 desta Lei;
IV – promover a revogação de instrumento procuratório do idoso, nas hipóteses
previstas no art. 43 desta Lei, quando necessário ou o interesse público justificar;
V – instaurar procedimento administrativo e, para instruí-lo:
a) expedir notificações, colher depoimentos ou esclarecimentos e, em caso de
não comparecimento injustificado da pessoa notificada, requisitar condução coercitiva,
inclusive pela Polícia Civil ou Militar;
b) requisitar informações, exames, perícias e documentos de autoridades
municipais, estaduais e federais, da administração direta e indireta, bem como
promover inspeções e diligências investigatórias;
c) requisitar informações e documentos particulares de instituições privadas;
VI – instaurar sindicâncias, requisitar diligências investigatórias e a instauração
de inquérito policial, para a apuração de ilícitos ou infrações às normas de proteção ao
idoso;
VII – zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias legais assegurados ao
idoso, promovendo as medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis;
VIII – inspecionar as entidades públicas e particulares de atendimento e os
programas de que trata esta Lei, adotando de pronto as medidas administrativas ou
judiciais necessárias à remoção de irregularidades porventura verificadas;
IX – requisitar força policial, bem como a colaboração dos serviços de saúde,
educacionais e de assistência social, públicos, para o desempenho de suas
atribuições;
X – referendar transações envolvendo interesses e direitos dos idosos previstos
nesta Lei.
§ 1o A legitimação do Ministério Público para as ações cíveis previstas neste
artigo não impede a de terceiros, nas mesmas hipóteses, segundo dispuser a lei.
§ 2o As atribuições constantes deste artigo não excluem outras, desde que
compatíveis com a finalidade e atribuições do Ministério Público.
§ 3o O representante do Ministério Público, no exercício de suas funções, terá
livre acesso a toda entidade de atendimento ao idoso.

Art. 75. Nos processos e procedimentos em que não for parte, atuará obrigatoriamente
o Ministério Público na defesa dos direitos e interesses de que cuida esta Lei,
hipóteses em que terá vista dos autos depois das partes, podendo juntar documentos,
requerer diligências e produção de outras provas, usando os recursos cabíveis.

Art. 76. A intimação do Ministério Público, em qualquer caso, será feita pessoalmente.

Art. 77. A falta de intervenção do Ministério Público acarreta a nulidade do feito, que
será declarada de ofício pelo juiz ou a requerimento de qualquer interessado.
CAPÍTULO III
Da Proteção Judicial dos Interesses Difusos, Coletivos e Individuais Indisponíveis ou
Homogêneos

Art. 78. As manifestações processuais do representante do Ministério Público deverão


ser fundamentadas.

Art. 79. Regem-se pelas disposições desta Lei as ações de responsabilidade por
ofensa aos direitos assegurados ao idoso, referentes à omissão ou ao oferecimento
insatisfatório de:
I – acesso às ações e serviços de saúde;
II – atendimento especializado ao idoso portador de deficiência ou com limitação
incapacitante;
III – atendimento especializado ao idoso portador de doença infecto-contagiosa;
IV – serviço de assistência social visando ao amparo do idoso.
Parágrafo único. As hipóteses previstas neste artigo não excluem da proteção
judicial outros interesses difusos, coletivos, individuais indisponíveis ou homogêneos,
próprios do idoso, protegidos em lei.

Art. 80. As ações previstas neste Capítulo serão propostas no foro do domicílio do
idoso, cujo juízo terá competência absoluta para processar a causa, ressalvadas as
competências da Justiça Federal e a competência originária dos Tribunais Superiores.

Art. 81. Para as ações cíveis fundadas em interesses difusos, coletivos, individuais
indisponíveis ou homogêneos, consideram-se legitimados, concorrentemente:
I – o Ministério Público;
II – a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
III – a Ordem dos Advogados do Brasil;
IV – as associações legalmente constituídas há pelo menos 1 (um) ano e que
incluam entre os fins institucionais a defesa dos interesses e direitos da pessoa idosa,
dispensada a autorização da assembléia, se houver prévia autorização estatutária.
§ 1o Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os Ministérios Públicos da União e
dos Estados na defesa dos interesses e direitos de que cuida esta Lei.
§ 2o Em caso de desistência ou abandono da ação por associação legitimada, o
Ministério Público ou outro legitimado deverá assumir a titularidade ativa.

Art. 82. Para defesa dos interesses e direitos protegidos por esta Lei, são admissíveis
todas as espécies de ação pertinentes.
Parágrafo único. Contra atos ilegais ou abusivos de autoridade pública ou agente
de pessoa jurídica no exercício de atribuições de Poder Público, que lesem direito
líquido e certo previsto nesta Lei, caberá ação mandamental, que se regerá pelas
normas da lei do mandado de segurança.

Art. 83. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não-
fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou determinará providências
que assegurem o resultado prático equivalente ao adimplemento.
§ 1o Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de
ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou após
justificação prévia, na forma do art. 273 do Código de Processo Civil.
§ 2o O juiz poderá, na hipótese do § 1o ou na sentença, impor multa diária ao réu,
independentemente do pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a
obrigação, fixando prazo razoável para o cumprimento do preceito.
§ 3o A multa só será exigível do réu após o trânsito em julgado da sentença
favorável ao autor, mas será devida desde o dia em que se houver configurado.

Art. 84. Os valores das multas previstas nesta Lei reverterão ao Fundo do Idoso, onde
houver, ou na falta deste, ao Fundo Municipal de Assistência Social, ficando
vinculados ao atendimento ao idoso.
Parágrafo único. As multas não recolhidas até 30 (trinta) dias após o trânsito em
julgado da decisão serão exigidas por meio de execução promovida pelo Ministério
Público, nos mesmos autos, facultada igual iniciativa aos demais legitimados em caso
de inércia daquele.

Art. 85. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos recursos, para evitar dano
irreparável à parte.

Art. 86. Transitada em julgado a sentença que impuser condenação ao Poder Público,
o juiz determinará a remessa de peças à autoridade competente, para apuração da
responsabilidade civil e administrativa do agente a que se atribua a ação ou
omissão.

Art. 87. Decorridos 60 (sessenta) dias do trânsito em julgado da sentença


condenatória favorável ao idoso sem que o autor lhe promova a execução, deverá
fazê-lo o Ministério Público, facultada, igual iniciativa aos demais legitimados, como
assistentes ou assumindo o pólo ativo, em caso de inércia desse órgão.

Art. 88. Nas ações de que trata este Capítulo, não haverá adiantamento de custas,
emolumentos, honorários periciais e quaisquer outras despesas.
Parágrafo único. Não se imporá sucumbência ao Ministério Público.

Art. 89. Qualquer pessoa poderá, e o servidor deverá, provocar a iniciativa do


Ministério Público, prestando-lhe informações sobre os fatos que constituam objeto de
ação civil e indicando-lhe os elementos de convicção.

Art. 90. Os agentes públicos em geral, os juízes e tribunais, no exercício de suas


funções, quando tiverem conhecimento de fatos que possam configurar crime de ação
pública contra idoso ou ensejar a propositura de ação para sua defesa, devem
encaminhar as peças pertinentes ao Ministério Público, para as providências cabíveis.

Art. 91. Para instruir a petição inicial, o interessado poderá requerer às autoridades
competentes as certidões e informações que julgar necessárias, que serão fornecidas
no prazo de 10 (dez) dias.

Art. 92. O Ministério Público poderá instaurar sob sua presidência, inquérito civil, ou
requisitar, de qualquer pessoa, organismo público ou particular, certidões,
informações, exames ou perícias, no prazo que assinalar, o qual não poderá ser
inferior a 10 (dez) dias.
§ 1o Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas as diligências, se
convencer da inexistência de fundamento para a propositura da ação civil ou de peças
informativas, determinará o seu arquivamento, fazendo-o fundamentadamente.
§ 2o Os autos do inquérito civil ou as peças de informação arquivados serão
remetidos, sob pena de se incorrer em falta grave, no prazo de 3 (três) dias, ao
Conselho Superior do Ministério Público ou à Câmara de Coordenação e Revisão do
Ministério Público.
§ 3o Até que seja homologado ou rejeitado o arquivamento, pelo Conselho
Superior do Ministério Público ou por Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério
Público, as associações legitimadas poderão apresentar razões escritas ou
documentos, que serão juntados ou anexados às peças de informação.
§ 4o Deixando o Conselho Superior ou a Câmara de Coordenação e Revisão do
Ministério Público de homologar a promoção de arquivamento, será designado outro
membro do Ministério Público para o ajuizamento da ação.

TÍTULO VI
Dos Crimes
CAPÍTULO I
Disposições Gerais

Art. 93. Aplicam-se subsidiariamente, no que couber, as disposições da Lei no 7.347,


de 24 de julho de 1985.

Art. 94. Aos crimes previstos nesta Lei, cuja pena máxima privativa de liberdade não
ultrapasse 4 (quatro) anos, aplica-se o procedimento previsto na Lei no 9.099, de 26 de
setembro de 1995, e, subsidiariamente, no que couber, as disposições do Código
Penal e do Código de Processo Penal.

CAPÍTULO II
Dos Crimes em Espécie

Art. 95. Os crimes definidos nesta Lei são de ação penal pública incondicionada, não
se lhes aplicando os arts. 181 e 182 do Código Penal.

Art. 96. Discriminar pessoa idosa, impedindo ou dificultando seu acesso a operações
bancárias, aos meios de transporte, ao direito de contratar ou por qualquer outro meio
ou instrumento necessário ao exercício da cidadania, por motivo de idade:
Pena – reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
§ 1o Na mesma pena incorre quem desdenhar, humilhar, menosprezar ou
discriminar pessoa idosa, por qualquer motivo.
§ 2o A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se a vítima se encontrar sob os
cuidados ou responsabilidade do agente.

Art. 97. Deixar de prestar assistência ao idoso, quando possível fazê-lo sem risco
pessoal, em situação de iminente perigo, ou recusar, retardar ou dificultar sua
assistência à saúde, sem justa causa, ou não pedir, nesses casos, o socorro de
autoridade pública:
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão
corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte.

Art. 98. Abandonar o idoso em hospitais, casas de saúde, entidades de longa


permanência, ou congêneres, ou não prover suas necessidades básicas, quando
obrigado por lei ou mandado:
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 3 (três) anos e multa.

Art. 99. Expor a perigo a integridade e a saúde, física ou psíquica, do idoso,


submetendo-o a condições desumanas ou degradantes ou privando-o de alimentos e
cuidados indispensáveis, quando obrigado a fazê-lo, ou sujeitando-o a trabalho
excessivo ou inadequado:
Pena – detenção de 2 (dois) meses a 1 (um) ano e multa.
§ 1o Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
§ 2o Se resulta a morte:
Pena – reclusão de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.

Art. 100. Constitui crime punível com reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa:
I – obstar o acesso de alguém a qualquer cargo público por motivo de idade;
II – negar a alguém, por motivo de idade, emprego ou trabalho;
III – recusar, retardar ou dificultar atendimento ou deixar de prestar assistência à
saúde, sem justa causa, a pessoa idosa;
IV – deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo motivo, a execução de
ordem judicial expedida na ação civil a que alude esta Lei;
V – recusar, retardar ou omitir dados técnicos indispensáveis à propositura da
ação civil objeto desta Lei, quando requisitados pelo Ministério Público.

Art. 101. Deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo motivo, a execução de
ordem judicial expedida nas ações em que for parte ou interveniente o idoso:
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.

Art. 102. Apropriar-se de ou desviar bens, proventos, pensão ou qualquer outro


rendimento do idoso, dando-lhes aplicação diversa da de sua finalidade:
Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa.

Art. 103. Negar o acolhimento ou a permanência do idoso, como abrigado, por recusa
deste em outorgar procuração à entidade de atendimento:
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.

Art. 104. Reter o cartão magnético de conta bancária relativa a benefícios, proventos
ou pensão do idoso, bem como qualquer outro documento com objetivo de assegurar
recebimento ou ressarcimento de dívida:
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos e multa.

Art. 105. Exibir ou veicular, por qualquer meio de comunicação, informações ou


imagens depreciativas ou injuriosas à pessoa do idoso:
Pena – detenção de 1 (um) a 3 (três) anos e multa.

Art. 106. Induzir pessoa idosa sem discernimento de seus atos a outorgar procuração
para fins de administração de bens ou deles dispor livremente:
Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.

Art. 107. Coagir, de qualquer modo, o idoso a doar, contratar, testar ou outorgar
procuração:
Pena – reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.

Art. 108. Lavrar ato notarial que envolva pessoa idosa sem discernimento de seus
atos, sem a devida representação legal:
Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.

TÍTULO VII

Disposições Finais e Transitórias

Art. 109. Impedir ou embaraçar ato do representante do Ministério Público ou de


qualquer outro agente fiscalizador:
Pena – reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.

Art. 110. O Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940, Código Penal, passa a


vigorar com as seguintes alterações:
"Art. 61.
II -
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida;

"Art. 121.
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta
de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de
prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato,
ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é
aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14
(quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.

"Art. 133.
§ 3o .
III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos." (NR)

"Art. 140
§ 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia,
religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência:

"Art. 141
IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no
caso de injúria.

"Art. 148
§ 1o.
I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge do agente ou maior de 60
(sessenta) anos.

"Art. 159.
§ 1o Se o seqüestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o seqüestrado é menor
de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando
ou quadrilha.
"Art. 183.
III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta)
anos."
"Art. 244. Deixar, sem justa causa, de prover a subsistência do cônjuge, ou de filho
menor de 18 (dezoito) anos ou inapto para o trabalho, ou de ascendente inválido ou
maior de 60 (sessenta) anos, não lhes proporcionando os recursos necessários ou
faltando ao pagamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou
majorada; deixar, sem justa causa, de socorrer descendente ou ascendente,
gravemente enfermo:

Art. 111. O O art. 21 do Decreto-Lei no 3.688, de 3 de outubro de 1941, Lei das


Contravenções Penais, passa a vigorar acrescido do seguinte parágrafo único:
"Art. 21..
Parágrafo único. Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) até a metade se a vítima é
maior de 60 (sessenta) anos."

Art. 112. O inciso II do § 4o do art. 1o da Lei no 9.455, de 7 de abril de 1997, passa a


vigorar com a seguinte redação:
"Art. 1o ............................................................................
§ 4o ............................................................................
II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência,
adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos;

Art. 113. O inciso III do art. 18 da Lei no 6.368, de 21 de outubro de 1976, passa a
vigorar com a seguinte redação:
"Art. 18
III – se qualquer deles decorrer de associação ou visar a menores de 21 (vinte e um)
anos ou a pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos ou a quem tenha,
por qualquer causa, diminuída ou suprimida a capacidade de discernimento ou de
autodeterminação:

Art. 114. O art 1º da Lei no 10.048, de 8 de novembro de 2000, passa a vigorar com a
seguinte redação:
"Art. 1o As pessoas portadoras de deficiência, os idosos com idade igual ou superior a
60 (sessenta) anos, as gestantes, as lactantes e as pessoas acompanhadas por
crianças de colo terão atendimento prioritário, nos termos desta Lei." (NR)

Art. 115. O Orçamento da Seguridade Social destinará ao Fundo Nacional de


Assistência Social, até que o Fundo Nacional do Idoso seja criado, os recursos
necessários, em cada exercício financeiro, para aplicação em programas e ações
relativos ao idoso.

Art. 116. Serão incluídos nos censos demográficos dados relativos à população idosa
do País.

Art. 117. O Poder Executivo encaminhará ao Congresso Nacional projeto de lei


revendo os critérios de concessão do Benefício de Prestação Continuada previsto na
Lei Orgânica da Assistência Social, de forma a garantir que o acesso ao direito seja
condizente com o estágio de desenvolvimento sócio-econômico alcançado pelo País.
Art. 118. Esta Lei entra em vigor decorridos 90 (noventa) dias da sua publicação,
ressalvado o disposto no caput do art. 36, que vigorará a partir de 1o de janeiro de
2004.

Brasília, 1o de outubro de 2003; 182o da Independência e 115o da República.


LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Márcio Thomaz Bastos
Antonio Palocci Filho
Rubem Fonseca Filho
Humberto Sérgio Costa LIma
Guido Mantega
Ricardo José Ribeiro Berzoini
Benedita Souza da Silva Sampaio
Álvaro Augusto Ribeiro Costa

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