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Demonologia
A missão de Satanás é fazer com que o homem perca a amizade com Deus e, com isso, a
possibilidade de salvação. Saber como age para alcançar o seu intento é tão importante
quanto conhecer o que diz a literatura a seu respeito. Do mesmo modo, compreender quais
são os meios mais eficazes para se evitar os ataques demoníacos e restabelecer
imediatamente a união com Deus, caso a perca, é bem mais produtivo que ater-se aos
aspectos teóricos sobre o tema.
Apesar de haver a possibilidade de a tentação ser potencializada pelos outros dois inimigos
do homem (a carne e o mundo), ela pode ser desferida de maneira direta pelo demônio.
Como se vê, são dois momentos distintos: vigilância e oração. A vigilância consiste em estar
atento à vitória que o Cordeiro Imolado alcançou na cruz para cada um de seus filhos. O
Sangue de Cristo resgatou toda a humanidade das garras do pecado, do inimigo, porém,
Satanás não se dá por vencido e faz tudo para que as almas percam o que já lhes foi
conquistado. Para que isso ocorra, ele se vale da tentação.
Vigiar, portanto, significa estar sempre em estado de alerta porque a qualquer momento os
demônios podem desferir um ataque. Uma das formas de assim permanecer é fugindo das
ocasiões de pecado. Guardar o olhar, a imaginação, evitar o passo que costuma desencadear
o pecado, mudar hábitos, são pequenos gestos que propiciam o sucesso na vigilância.
Outro aliado para a vigilância é o combate à ociosidade, pois, devido ao pecado original o
homem se tornou preguiçoso espiritualmente. Ele deve se assemelhar a um soldado no
campo de batalha, atento às balas que vêm do campo inimigo. Assim, não pode estar ocioso,
mas sempre em posição de combate
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10/08/2019 A luta contra a tentação
Nosso Senhor Jesus Cristo deixou bem claro que o reino dos céus pertence aos violentos
(MT 11,12), ou seja, àqueles que usam de força pessoal para deixar que Deus reine em sua
vida. Mas, não basta somente a vigilância, pois Jesus disse: "vigiai e orai" (Mc 13,33). O
segundo momento, portanto, é a oração. Igualmente de suma importância, pois, por mais
que a pessoa se esforce, ela não é capaz de vencer o pecado sozinha.
Aquele que imagina vencer a tentação e o pecado por suas próprias forças incorre na
heresia pelagiana. Para vencê-la é necessário rezar, suplicar como um mendigo da graça de
Deus que pede a ação divina para se manter longe do pecado. O Catecismo da Igreja Católica
define o pecado como sendo:
Uma falta contra a razão, a verdade, a consciência reta; é uma falta ao amor
verdadeiro para com Deus e para com o próximo, por causa de um apego perverso a
certos bens. Fere a natureza do homem e ofende a solidariedade humana. Foi
definido como 'uma palavra, um ato ou um desejo contrários à lei eterna'. O pecado é
ofensa a Deus. [...] é amor de si mesmo até o desprezo de Deus. (1849-50)
O que se percebe, portanto, é que o pecado prejudica o homem em sua vida física e
espiritual. O mais grave, claro, é destruir a possibilidade da vida eterna, pois, coloca o
indivíduo numa dinâmica de transgressão, de egoísmo, portanto, contra Deus. É por isso
que a oração é imprescindível, e pedir a graça eficaz para resistir, uma necessidade.
Deus oferece dois grandes auxílios na batalha contra a tentação e o pecado: a Virgem Maria
e o Anjo da Guarda. Todo católico deve nutrir uma devoção filial, afetiva e efetiva pela Mãe
do Senhor. Não é sem motivo que ela é chamada em sua ladainha como "Porta do céu" e que
Tomás de Kempis assim se tenha referido a ela:
Os espíritos malignos tremem ante a Rainha dos Céus, e fogem como se corre do
fogo, ao ouvir seu santo Nome. Causa-lhes pavor o santo e terrível Nome de Maria,
que para o cristão é um extremo amável e constantemente celebrado. Não podem os
demônios comparecer nem poder por em jogo suas artimanhas onde vêem
resplandecer o nome de Maria. Como trovão que ressoa no céu, assim caem
derrubados ao ouvirem o nome de Santa Maria. E quanto mais amiúde se profere
este nome, e mais fervorosamente se invoca, mais céleres e para mais longe
escapam."
Quanto ao Anjo da Guarda, sua principal função é justamente proteger do Inimigo, por isso é
i t t fi d d t i d l A dif t A j d G d
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10/08/2019 A luta contra a tentação
importante confiar de modo reverente e piedoso nele. A diferença entre o Anjo da Guarda e
os anjos demoníacos é que enquanto aqueles só agem quando solicitados, mediante
permissão ou pedido explícito, esses são invasivos, não esperam convite.
O segundo momento da tentação é o durante, ou seja, quando a pessoa está sendo atacada.
Nesse caso, a reação pode ser direta ou indireta. A resistência direta consiste naquilo que o
santos chamam de agire contra, ou seja, ao perceber que está sendo levada pela tentação a
agir numa determinada direção, voltar-se exatamente para a direção contrária. Por
exemplo, quando a pessoa está sendo tentada à avareza, ela deve dar uma esmola, assim
indo no sentido oposto ao da tentação.
No entanto, existem dois tipos de tentação que não devem ser combatidos de maneira
direta: a luxúria e da dúvida de fé, pois elas estão em dois terrenos bastante escorregadios.
Satanás é insistente, portanto, mesmo tendo perdido essa investida, não significa que ele
não vá atacar novamente, o que importa é que a pessoa não perca a calma, pois, pode
acontecer de o demônio querer provocar apenas uma agitação, uma angústia, um desvio de
foco e não necessariamente o cometimento do pecado propriamente dito. A ansiedade
gerada pela tentação pode levar ao desânimo, ao desespero, à desistência do combate e isso
pode ser interessante para Satanás, pois, de qualquer forma ele alcançará o objetivo de
afastar a pessoa de Deus.
A tentação vencida é ocasião de mérito diante de Deus, pois é uma prova de amor. Manter a
calma, aceitar o combate, não se desesperar e continuar lutando são as atitudes esperadas
por Deus de seus filhos.
A vaidade é uma grande causa de queda entre as pessoas, pois ela não é capaz de sustentar
a virtude mas tão somente uma aparência de virtude durante um curto espaço de tempo
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10/08/2019 A luta contra a tentação
a virtude, mas tão-somente uma aparência de virtude durante um curto espaço de tempo.
Agradecer a Deus é o remédio para a vanglória.
Quando a pessoa caiu em tentação e pecou concretamente deve, em primeiro lugar, fazer
com que o pecado se torne uma grande lição. Humilhar-se e envergonhar-se pelo pecado
cometido pode ser também uma escola de santificação, tendo sempre em mente a parábola
do filho pródigo e lembrando que o Pai amoroso está sempre esperando pela volta do seu
filho amado.
Por fim, a terceira possibilidade, aquela em que a pessoa ficou em dúvida de pecou ou não.
Neste momento não é prudente meditar sobre o assunto, sendo melhor esperar até se
recuperar do ataque para somente então avaliar se ocorreu realmente o pecado.
As segundas, ou seja, aquelas pessoas laxas, cujas consciências são mais "deformadas",
devem ser orientadas a não comungarem, pois o impedimento pode servir como uma
espécie de "castigo". O confessor ou diretor espiritual, ao recomendar a confissão após a
dúvida, poderá produzir nela uma maior consciência e visão moral dos próprios atos.
Bibliografia
"Catecismo da Igreja Católica", Edição revisada de acordo com o texto o cial em latim,
9ª edição
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