Você está na página 1de 4

10/08/2019 A luta contra a tentação

Demonologia

A luta contra a tentação


A missão de Satanás é fazer o homem pecar e perder a amizade com Deus.
Por isso, a fim de resistir às investidas do inimigo, é muito importante saber
como ele age para alcançar esse intento.

A missão de Satanás é fazer com que o homem perca a amizade com Deus e, com isso, a
possibilidade de salvação. Saber como age para alcançar o seu intento é tão importante
quanto conhecer o que diz a literatura a seu respeito. Do mesmo modo, compreender quais
são os meios mais eficazes para se evitar os ataques demoníacos e restabelecer
imediatamente a união com Deus, caso a perca, é bem mais produtivo que ater-se aos
aspectos teóricos sobre o tema.

Apesar de haver a possibilidade de a tentação ser potencializada pelos outros dois inimigos
do homem (a carne e o mundo), ela pode ser desferida de maneira direta pelo demônio.

A tentação diabólica, lançada exclusivamente pela ação de Satanás e de seus demônios, se


divide em três fases: antes, durante e depois. E, para cada uma existe um modo de combate.
Na primeira fase, o antes, Nosso Senhor Jesus Cristo ensinou: "Vigiai e orai para que não
entreis em tentação." (Mt 26, 41).

Como se vê, são dois momentos distintos: vigilância e oração. A vigilância consiste em estar
atento à vitória que o Cordeiro Imolado alcançou na cruz para cada um de seus filhos. O
Sangue de Cristo resgatou toda a humanidade das garras do pecado, do inimigo, porém,
Satanás não se dá por vencido e faz tudo para que as almas percam o que já lhes foi
conquistado. Para que isso ocorra, ele se vale da tentação.

Vigiar, portanto, significa estar sempre em estado de alerta porque a qualquer momento os
demônios podem desferir um ataque. Uma das formas de assim permanecer é fugindo das
ocasiões de pecado. Guardar o olhar, a imaginação, evitar o passo que costuma desencadear
o pecado, mudar hábitos, são pequenos gestos que propiciam o sucesso na vigilância.

O exame de consciência também é de grande ajuda para se estar continuamente atento. Os


pecados pequenos são passos em direção aos grandes, portanto, refletir sobre eles e

arrepender-se pode evitar a distração.

Outro aliado para a vigilância é o combate à ociosidade, pois, devido ao pecado original o
homem se tornou preguiçoso espiritualmente. Ele deve se assemelhar a um soldado no
campo de batalha, atento às balas que vêm do campo inimigo. Assim, não pode estar ocioso,
mas sempre em posição de combate

https://padrepauloricardo.org/aulas/a-luta-contra-a-tentacao 1/4
10/08/2019 A luta contra a tentação

mas sempre em posição de combate.

Nosso Senhor Jesus Cristo deixou bem claro que o reino dos céus pertence aos violentos
(MT 11,12), ou seja, àqueles que usam de força pessoal para deixar que Deus reine em sua
vida. Mas, não basta somente a vigilância, pois Jesus disse: "vigiai e orai" (Mc 13,33). O
segundo momento, portanto, é a oração. Igualmente de suma importância, pois, por mais
que a pessoa se esforce, ela não é capaz de vencer o pecado sozinha.

Aquele que imagina vencer a tentação e o pecado por suas próprias forças incorre na
heresia pelagiana. Para vencê-la é necessário rezar, suplicar como um mendigo da graça de
Deus que pede a ação divina para se manter longe do pecado. O Catecismo da Igreja Católica
define o pecado como sendo:

Uma falta contra a razão, a verdade, a consciência reta; é uma falta ao amor
verdadeiro para com Deus e para com o próximo, por causa de um apego perverso a
certos bens. Fere a natureza do homem e ofende a solidariedade humana. Foi
definido como 'uma palavra, um ato ou um desejo contrários à lei eterna'. O pecado é
ofensa a Deus. [...] é amor de si mesmo até o desprezo de Deus. (1849-50)

O que se percebe, portanto, é que o pecado prejudica o homem em sua vida física e
espiritual. O mais grave, claro, é destruir a possibilidade da vida eterna, pois, coloca o
indivíduo numa dinâmica de transgressão, de egoísmo, portanto, contra Deus. É por isso
que a oração é imprescindível, e pedir a graça eficaz para resistir, uma necessidade.

Deus oferece dois grandes auxílios na batalha contra a tentação e o pecado: a Virgem Maria
e o Anjo da Guarda. Todo católico deve nutrir uma devoção filial, afetiva e efetiva pela Mãe
do Senhor. Não é sem motivo que ela é chamada em sua ladainha como "Porta do céu" e que
Tomás de Kempis assim se tenha referido a ela:

Os espíritos malignos tremem ante a Rainha dos Céus, e fogem como se corre do
fogo, ao ouvir seu santo Nome. Causa-lhes pavor o santo e terrível Nome de Maria,
que para o cristão é um extremo amável e constantemente celebrado. Não podem os
demônios comparecer nem poder por em jogo suas artimanhas onde vêem
resplandecer o nome de Maria. Como trovão que ressoa no céu, assim caem
derrubados ao ouvirem o nome de Santa Maria. E quanto mais amiúde se profere

este nome, e mais fervorosamente se invoca, mais céleres e para mais longe
escapam."

Quanto ao Anjo da Guarda, sua principal função é justamente proteger do Inimigo, por isso é
i t t fi d d t i d l A dif t A j d G d

https://padrepauloricardo.org/aulas/a-luta-contra-a-tentacao 2/4
10/08/2019 A luta contra a tentação

importante confiar de modo reverente e piedoso nele. A diferença entre o Anjo da Guarda e
os anjos demoníacos é que enquanto aqueles só agem quando solicitados, mediante
permissão ou pedido explícito, esses são invasivos, não esperam convite.

O segundo momento da tentação é o durante, ou seja, quando a pessoa está sendo atacada.
Nesse caso, a reação pode ser direta ou indireta. A resistência direta consiste naquilo que o
santos chamam de agire contra, ou seja, ao perceber que está sendo levada pela tentação a
agir numa determinada direção, voltar-se exatamente para a direção contrária. Por
exemplo, quando a pessoa está sendo tentada à avareza, ela deve dar uma esmola, assim
indo no sentido oposto ao da tentação.

No entanto, existem dois tipos de tentação que não devem ser combatidos de maneira
direta: a luxúria e da dúvida de fé, pois elas estão em dois terrenos bastante escorregadios.

Os Santos Padres já alertavam para a imprudência de se enfrentar o demônio no caso da


tentação carnal pelo simples motivo de que ele tem ao seu lado um poderoso aliado: o corpo.
Embora a alma não queira se render ao pecado, o corpo anseia por ele, por isso, o melhor
modo de se combater esse tipo de sedução é fugindo. Lembrando que nem toda tentação
carnal provém do demônio, mas pode ser consequência do que a pessoa já viveu e ser
ativada pela fantasia e imaginação. Essa hipótese será esclarecida no desenvolvimento do
curso.

A tentação demoníaca da luxúria geralmente consiste em estar a pessoa fazendo algo


absolutamente normal, sem qualquer viés sexual e, de repente, ser assaltada por
pensamentos luxuriosos, carnais. De modo concreto, a sugestão é usar a própria memória e
a fantasia para fugir deles, levando o pensamento para aspectos práticos, reais, desviando a
mente daquilo que o demônio sugere.

Satanás é insistente, portanto, mesmo tendo perdido essa investida, não significa que ele
não vá atacar novamente, o que importa é que a pessoa não perca a calma, pois, pode
acontecer de o demônio querer provocar apenas uma agitação, uma angústia, um desvio de
foco e não necessariamente o cometimento do pecado propriamente dito. A ansiedade
gerada pela tentação pode levar ao desânimo, ao desespero, à desistência do combate e isso
pode ser interessante para Satanás, pois, de qualquer forma ele alcançará o objetivo de
afastar a pessoa de Deus.

A tentação vencida é ocasião de mérito diante de Deus, pois é uma prova de amor. Manter a
calma, aceitar o combate, não se desesperar e continuar lutando são as atitudes esperadas
por Deus de seus filhos.

A terceira etapa da tentação, o depois, oferece três possibilidades: a pessoa venceu a


tentação, caiu nela ou está em dúvida se pecou ou não. No primeiro caso é necessário dar
graças a Deus para não correr o risco de cair no pecado da vanglória.

A vaidade é uma grande causa de queda entre as pessoas, pois ela não é capaz de sustentar
a virtude mas tão somente uma aparência de virtude durante um curto espaço de tempo

https://padrepauloricardo.org/aulas/a-luta-contra-a-tentacao 3/4
10/08/2019 A luta contra a tentação

a virtude, mas tão-somente uma aparência de virtude durante um curto espaço de tempo.
Agradecer a Deus é o remédio para a vanglória.

Quando a pessoa caiu em tentação e pecou concretamente deve, em primeiro lugar, fazer
com que o pecado se torne uma grande lição. Humilhar-se e envergonhar-se pelo pecado
cometido pode ser também uma escola de santificação, tendo sempre em mente a parábola
do filho pródigo e lembrando que o Pai amoroso está sempre esperando pela volta do seu
filho amado.

Se o pecado foi de natureza leve, recomenda-se um ato de arrependimento, um ato de


contrição perfeita e um propósito de mudança. Porém, se foi grave, a orientação é procurar o
quanto antes o sacramento da confissão. Não demorar para se reconciliar com Deus
assemelha-se a erigir uma barreira contra o pecado, impedindo que ele se repita pelo
desânimo, pois, ao se ver privada da amizade com Deus, a pessoa pode "aproveitar" até a
próxima confissão, se afundando ainda mais no pecado. Em ambos casos, a penitência
também tem grande valor para resistir à sedução diabólica.

Por fim, a terceira possibilidade, aquela em que a pessoa ficou em dúvida de pecou ou não.
Neste momento não é prudente meditar sobre o assunto, sendo melhor esperar até se
recuperar do ataque para somente então avaliar se ocorreu realmente o pecado.

No caso de a pessoa que se encontra em dúvida ter o hábito de comungar diariamente é


recomendado que ela peça orientação ao seu confessor ou diretor espiritual, pois existem
dois tipos de pessoas circunstâncias: aquelas propensas ao escrúpulo e aquelas com a
consciência mais frouxa. As primeira devem ser orientadas a fazer um ato de contrição e
comungar, já que se confessam com frequência.

As segundas, ou seja, aquelas pessoas laxas, cujas consciências são mais "deformadas",
devem ser orientadas a não comungarem, pois o impedimento pode servir como uma
espécie de "castigo". O confessor ou diretor espiritual, ao recomendar a confissão após a
dúvida, poderá produzir nela uma maior consciência e visão moral dos próprios atos.

Bibliografia

"Catecismo da Igreja Católica", Edição revisada de acordo com o texto o cial em latim,
9ª edição

Bíblia Sagrada, tradução da CNBB, ed. CNBB, ed. Canção Nova

https://padrepauloricardo.org/aulas/a-luta-contra-a-tentacao 4/4

Você também pode gostar