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FACULDADE RODOLFO TEOFILO

CURSO DE SERVIÇO SOCIAL

SILLANDIA GARCEZ FERREIRA SILVA

A Efetivação da Política Nacional de Saúde Integral dos LGBT: a partir


dos relatos de profissionais de saúde de uma determinada UAPS de
Fortaleza.

Fortaleza - CE

2023
1 PERGUNTA DE PARTIDA:

É importante destacar que a discriminação em virtude da orientação


afetivosexual e identidade de gênero se articulam e se combina de formas
diversas com outras identidades sociais, como raça, cor, idade, classe social,
potencializando as violações em um mesmo indivíduo. O acesso da população
LGBT aos serviços de saúde fundados nos princípios de universalidade,
integralidade e equidade fortalece as estratégias de combate a essas
discriminações.

A partir deste contexto o presente projeto de pesquisa com os relatos dos


profissionais analisa como a política nacional de saúde integral LGBT partirá da
seguinte pergunta: se efetiva (ou não) em uma determinada UAPS de
Fortaleza?

2.0 OBJETO GERAL

2.1 Objetivo Geral

2.1.1. Analisar a formação e percepção para assistência à saúde da


população LGBT, na perspectiva dos profissionais que atuam na atenção
básica, sobre a efetivação da política nacional de saúde a população LGBT na
Uaps Jose Walter. Considerando que a discriminação por orientação sexual e
por identidade de gênero incide na determinação social da saúde, no processo
de sofrimento e adoecimento decorrente do preconceito e do estigma
social reservado às populações de lésbicas, gays, bissexuais, travestis .e
transexuais

2.2 Objetivos Específicos

Desta forma, destaca-se a relevância deste estudo em função de ser um


tema amplamente discutido no âmbito das questões sociais e das ações de
saúde, bem como por abordar as lacunas da formação profissional em saúde
LGBT. Sua importância se amplia ao considerarmos a demanda crescente por
profissionais com formação adequada para assistir a população LGBT, aliada à
carência de profissionais com tal capacitação. Essa questão remete a um
atendimento integral, equânime e humanizado. Com base nessa assertiva,
levando-se em consideração a temática abordada e para obter respostas a
esse problema, buscou-se analisar a formação profissional para assistência à
saúde da população LGBT na perspectiva dos profissionais que atuam na
atenção básica.

3 METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa, baseada em análise


de discursos colhidos a partir de entrevistas semiestruturadas com profissionais
de saúde da Uaps Jose Walter, totalizando para este estudo entrevistas, as
quais estão sendo colhidas, sendo posteriormente transcritas e analisadas.
Visando identificar as oportunidades que propiciaram o desenvolvimento das
políticas de saúde voltadas a comunidade LGBT, compreendendo a dinâmica
do ciclo de políticas e buscando identificar suas fases e atores envolvidos,
tanto na promoção quanto na resistência a PNSI LGBT. O Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) foi devidamente aplicado.
Para isso realizei uma revisão bibliográfica de textos oficiais e análises
utilizadas por diferentes autores a respeito das macropolíticas de saúde
propostas pelo Ministério da Saúde desde a criação do SUS, em 1988, que
possuíam relação direta com a atenção a saúde da população LGBT, coletiva
ou individualmente. Para complementar este projeto, optei por incluir a
realização de entrevistas com servidores públicos da UAPs José Walter,
visando identificar lacunas de informação que são subjetivas e, muitas vezes,
não estão presentes na bibliografia disponível, compreendendo assim o que
chamamos de contextos subjetivos da política.
As entrevistas foram realizadas em Maio de 2019 em Fortaleza, nos
locais de trabalho dos entrevistados, que foram selecionados por serem
profissionais no âmbito da saúde, totalizando sete profissionais. Foi construído
um roteiro de entrevista semi-estruturado com o objetivo de averiguar e
levantar informações in loco relativas à efetivação da PNSI LGBT que não se
encontravam em registros oficiais ou bibliográficos, e que fazem parte de
contextos internos do cotidiano da Política, sendo assim de fundamental
importância para sua compreensão. O roteiro foi composto de 10 questões e
duas subquestões, possibilitando identificar as percepções dos profissionais
diretamente envolvidos com a efetivação da PNSI LGBT.
A 1ª, 2ª e 3ª questão do roteiro de entrevistas visavam uma aproximação
inicial com os entrevistados e identificar suas formações e trajetórias, assim
como suas funções na UAPS, e suas relações com a PNSI LGBT, ou seja,
traçar um perfil profissional dos entrevistados. A 4ª e 5ª questão, e a
subquestão 5.1, visavam identificar as informações que os entrevistados
possuíam relativas ao contexto da efetivação da PNSI LGBT. Já a 6ª e a 7ª
questão, assim como a subquestão 7.1, objetivavam realizar um levantamento
a respeito da implementação da PNSI LGBT desde sua publicação em formato
de portaria em dezembro de 2011, as ações realizadas, e os recursos
disponíveis para sua realização e implementação, assim como seus ganhos e
entraves. A 8º, 9º e 10ª questão visava possibilitar aos entrevistados contribuir
com qualquer informação que julgasse relevante e que não tivesse sido
abordada nas questões anteriores.
Considerando-se a Atenção Básica como campo privilegiado para
implementação de políticas de equidade e os profissionais de saúde, em
virtude de sua função de elo entre comunidade e serviço, um ator estratégico
para o seu sucesso, o presente artigo tem como objetivo investigar a
percepção destes profissionais na Unidade de Atenção Primaria a Saúde
(UAPS) do Bairro José Walter, Cidade de Fortaleza, Brasil, quanto ao
atendimento integral à saúde da população LGBT.
Se a população de uma forma geral encontra dificuldades em ter
garantido um atendimento em saúde equitativo e integral, uma parcela dos
brasileiros, constituída por lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais
(LGBT), além das dificuldades correntes, sofrem ainda constrangimentos
diversos e outros tipos de problemas para que suas demandas específicas
sejam atendidas. Segundo o Ministério da Saúde, essa desigualdade na
garantia do direito à saúde, contrária às diretrizes do SUS, é justamente a
motivação da publicação da portaria 2.836, de 1º de dezembro de 2011, que
institui, no âmbito do SUS, a Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas,
Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais. Mas como fazer para que a política
saia do papel e garanta o direito à saúde dessa parcela da população?
A portaria 2.836 define os objetivas e diretrizes da Política, bem como as
competências das esferas governamentais na condução das ações. Segundo o
documento, a Política tem o objetivo geral de "promover a saúde integral da
população LGBT, eliminando a discriminação e o preconceito institucional e
contribuindo para a redução das desigualdades e para a consolidação do SUS
como sistema universal, integral e equitativo". Entre os objetivos específicos
está, por exemplo, a garantia de uso do nome social de travestis e transexuais,
assim como já determina a Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde, a
prevenção de novos casos de cânceres ginecológicos (cérvico uterino e de
mamas) entre lésbicas e mulheres bissexuais e também de novos casos de
câncer de próstata entre gays, homens bissexuais, travestis e transexuais, bem
como ampliar o acesso aos tratamentos dessas doenças. A política fala
também na eliminação do preconceito contra a população LGBT, incluindo o
tema na formação permanente de gestores, profissionais de saúde e membros
dos conselhos de saúde.
Junto à Política Nacional de Saúde Integral da população LGBT também
foi publicada outra portaria - a de número 2.837/2011 - que redefine o Comitê
Técnico responsável por acompanhar e monitorar a implantação da Política,
bem como apresentar subsídios técnicos e políticos para apoiar essa
implementação. Compõem o comitê técnico 25 integrantes, entre eles estão
representantes das secretarias do Ministério da Saúde, do Conselho Nacional
de Secretarias Estaduais de Saúde (Conass), do Conselho Nacional de
Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), do Conselho Nacional de
Saúde, além de outras secretariais do governo e de sete representantes da
sociedade civil de "notório saber".

Borrilo demonstra que o conceito de homofobia abrange dois aspectos


significativos a considerar na análise da realidade. O primeiro aspecto refere-se
à dimensão afetiva, ou seja, a rejeição às homossexualidades, e o outro às
dimensões culturais e cognitivas, no qual além da rejeição pura e simples, há a
falta de tolerância a quaisquer ações políticas que garantam direito e igualdade
a esta população. Em todos os sentidos a homofobia se assemelha a outras
condutas discriminatórias, nos quais o outro é considerado inferior, anormal,
excluído de direitos e, consequentemente, de sua própria humanidade e afetos.
Assim, a homofobia ultrapassa as questões de relações interpessoais,
ocupando espaços institucionais como escolas, igrejas, serviços de saúde,
dentre outros, e acaba invadindo de forma profunda as subjetividades, o que
torna ainda mais difícil o seu combate.

Na ESF o ACS é um profissional de destaque, tendo como função


primordial agir como elo entre a população adstrita em sua área e a equipe de
saúde. Sendo morador da comunidade e estando em contato permanente com
as famílias facilita o trabalho de vigilância, prevenção e promoção da saúde,
representando para o sistema de saúde um elemento com grande potencial de
contribuição na reorganização dos serviços. Estudos têm demonstrado que
existe consenso sobre o reconhecimento de sua importância enquanto canal de
comunicação entre a comunidade e os profissionais, uma vez que reflete as
percepções, conhecimentos e sentimentos da comunidade, e instaura novas
formas de praticar a atenção à saúde.
É evidente, portanto, a importância de se conhecer, nas fases de
implementação da política, a percepção destes profissionais sobre o
atendimento à população LGBT em suas comunidades, sobre o acesso dela
aos serviços e a qualidade da atenção ofertada, assim como o andamento da
implementação de ações específicas da política nas UAPS. Muitas vezes as
pessoas que não se sentem bem acolhidas nos serviços de saúde têm como
estratégia procurar determinado profissional com o qual se sentem mais à
vontade, existe uma violência institucional contra a população LGBT. Há muita
discriminação e existe uma noção de desvio muito presente na saúde, além de
esse aspecto estar presente na cultura, a prática da saúde pública é muito
moralizante então, esse ser já entra nos serviço de saúde como desviante e
patologizado, as políticas públicas, tecnologias, ações e programas voltados à
comunidade de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT) no
Brasil se fazem com base no reconhecimento, por parte do Poder Executivo,
em todos os níveis (Federal, Estadual, e Municipal), da carência e necessidade
de políticas públicas voltadas ao combate ao preconceito, à discriminação e à
exclusão que atinge essa parcela da população. Em contraponto, a ausência
de uma política de promoção da saúde voltada à comunidade LGBT, dentro
das secretarias de saúde e, até pouco tempo, dentro do próprio Ministério da
Saúde, fez com que esta comunidade vivenciasse a escassez de ações
específicas, o descaso e o fortalecimento de preconceitos, tanto na área da
saúde quanto nas demais áreas sociais.

O universo LGBT tem em comum com os demais usuários o


enfrentamento à discriminação e ao preconceito, mas que é preciso olhar com
atenção para a diversidade presente dentro da população LGBT é preciso
pensar de forma particular essas demandas, que variam para lésbicas, gays,
travestis, bissexuais e transexuais. O combate ao preconceito presente nos
serviços de saúde como uma questão complexa e difícil, e reforça que está
fortemente presente na política a educação dos profissionais nesse tema.
Temos que investir na capacitação permanente dos profissionais de saúde,
fazer campanhas, no sentido de mostrar a diversidade da população, mostrar
que independentemente de raça, cor, gênero, orientação sexual, essa
população tem que ser respeitada e bem acolhida dentro do SUS. Esse tem
que ser um processo permanente, temos que popularizar o debate dessas
questões para que seja encarado de forma mais natural.

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