Você está na página 1de 12

Artigo

FÁRMACOS RESIDUAIS: PANORAMA DE UM CENÁRIO NEGLIGENCIADO

FÁRMACOS RESIDUAIS: PANORAMA DE UM


CENÁRIO NEGLIGENCIADO

Giuliana Brunelli Crestana1 RESUMO: Fármacos residuais têm sido encon-


Jorge Henrique da Silva2 trados em águas residuárias de estações de trata-
mento de efluentes, em águas de abastecimento e
em outras matrizes ambientais. Tais substâncias
Artigo recebido em 11/11/2010 químicas não são removidas pelos tratamentos
Artigo aprovado em 10/02/2011 de água convencionais, já que suas propriedades
químicas são persistentes, tem alto potencial para
bioacumulação e baixa biodegradabilidade. Estas
podem ter efeitos adversos, na maioria dos casos
desconhecidos, aliando-se a este quadro uma
legislação deficiente. Este trabalho objetivou
trazer o conhecimento da dimensão da exposição
da população a tais compostos e sugerir algumas
ações que poderiam auxiliar no gerenciamento
destes resíduos e evidenciar lacunas na legislação
vigente, assim como a ausência de legislação
específica.
Palavras-chave: Fármacos residuais, gerencia­
mento de resíduos da saúde, tratamentos de
efluentes químicos.

ABSTRACT: Residual pharmaceuticals have


been found in waste waters from sewage tre-
atment plants, water supplies and other envi-
ronmental matrices. These chemicals are not
removed by conventional water treatments,as
their chemical properties are persistent, have
high potential for bioaccumulation and low
biodegradability.They may have adverse effects,
which are unknown in most cases, allying to this
scenario a bad law.This study aimed to bring the

1
Engenheira Ambiental (EEP - Escola de Engenharia de Piracicaba-SP); Especialista em Direito Ambiental (Curso de Pós Graduação em Direito
Ambiental - Universidade Metodista de Piracicaba / UNIMEP).
2
Dr. Em Ecologia Aplicada (USP / ESALQ); Mestre em Biorremediação Ambiental (USP / ESALQ); Biólogo (UNESP / IB-RC); Prof. Convidado
no Curso de Pós Graduação (Lato Sensu) em Direito Ambiental da Universidade Metodista de Piracicaba-SP (UNIMEP); Prof. no Curso de
Gestão Ambiental da Faculdade de Administração e Artes de Limeira-SP (FAAL); Pesquisador do Laboratório de Ecologia Humana (ESALQ /
USP); Membro do Piracicaba 2010 – Nosso Futuro Sustentável (Agenda 21 do Município de Piracicaba); Consultor, Auditor e Perito Ambiental.

Revista Internacional de Direito e Cidadania, n. 9, p. 55-65, fevereiro/2011 55


CRESTANA, G. B - SILVA, J. H.

knowledge of the size of population exposure A escassez e a poluição dos recursos hí-
to these compounds and suggest some actions dricos têm conseqüências sociais, econômicas e
that could help on such residues management ambientais negativas, uma vez que:
and bring attention to some vacuities in current • não contribuem com a diluição de
legislation, as well as lack of specific legislation. poluentes, comprometendo o equilí-
Keywords: Pharmaceuticals. Health care waste brio dos ecossistemas, dificultando a
management. Effluent treatment. preservação da biodiversidade;
• provocam doenças devido à falta ou
má qualidade da água;
Água: berço da vida • prejudicando as propostas paisagís-
ticas, assim como as atividades de
Durante séculos a água foi considerada
recreação e lazer;
um bem público de quantidade infinita, à dis-
posição do homem por se tratar de um recurso • comprometem desenvolvimento in-
natural auto-sustentável pela sua capacidade de dustrial, da agricultura e da pesca
autodepuração. Porém o crescimento das cida- (PHILIPPI e MARTINS, 2005).
des aumentou de tal forma que tal capacidade O crescimento demográfico e a expansão
foi superada pela carga poluidora dos efluentes industrial trouxeram como conseqüência quadros
(PHILIPPI e MARTINS, 2005). de contaminação atmosférica, do solo e dos re-
Recursos Naturais são elementos da natu- cursos hídricos em todo o mundo.
reza a que o homem atribui determinado valor Os primeiros estudos sobre a presença
ou confere determinada utilidade, objeto de de fármacos3 no ambiente datam da década de
apropriação humana (DERANI, 1997). 70. Garrison et al (1976) e Hignite e Azarnoff
(1977analisaram águas residuárias de Estações
Neste contexto incluem-se ar, solo e água,
de Tratamento de Esgotos (ETEs), nos Estados
um recurso natural essencial, seja como com-
Unidos, e detectaram a presença de ácido clo­
ponente de seres vivos,seja como meio de vida
fíbrico, metabólito4 dos antilipêmicos5 clofibrato
de várias espécies vegetais e animais, como ele-
e etofibrato.
mento representativo de valores sócio-culturais e
como fator de bens de consumo e produtos agrí- Desde então, diversos estudos têm sido
colas. É o constituinte inorgânico mais abundante realizados e revelam a presença de resíduos de
nos organismos vivos. No homem representa fármacos em corpos hídricos, em várias partes
60% de sua massa, nas plantas, cerca de 90% e do mundo (BILA e DEZOTTI, 2003).
em certos animais aquáticos essa proporção pode Essa contaminação resulta da excreção de
chegar a 98% (BASSOI e GUAZELLI, 2004). metabólitos de fármacos, tanto por seres huma-
Desde os seus primórdios, os povos antigos nos quanto por animais6 e do descarte indevido
desenvolveram estratégias para garantir água de destes compostos diretamente na rede de esgoto
boa qualidade para o consumo. Diversos códigos (ZUCCATO et al, 2005; ZUCCATO et al, 2006
prescreviam severas penalidades à pessoa que apud EICKHOFF, HEINECK e SEIXAS, 2009).
danificasse poços, nascentes e outras fontes de Este quadro é agravado uma vez que os fár-
água utilizadas para abastecimento da população macos são desenvolvidos para serem persistentes,
e recomendavam práticas higiênicas, muitas mantendo suas propriedades químicas o bastante
das quais são, ainda, consideradas apropriadas. para servir a um propósito terapêutico. Assim,
Dentre os documentos mais famosos, destacam- tais compostos, não são eliminados durante o
se o Código de Manu, na Índia; o Código do Rei processo convencional de tratamento dos esgotos
Amurabi, da Babilônia, 1792-1750 a.C.; o Tal- (BILA e DEZOTTI, 2003).
mud, dos hebreus; o Alcorão, dos mulçumanos Questões relacionadas à qualidade das
(REBOUÇAS, 1999). águas têm sido extensiva­mente discutidas, ten-

56 Revista Internacional de Direito e Cidadania, n. 9, p. 55-65, fevereiro/2011


FÁRMACOS RESIDUAIS: PANORAMA DE UM CENÁRIO NEGLIGENCIADO

do em vista que se trata de um recurso natural sanitário, a coleta de resíduos sólidos e a limpeza
imprescindível a um largo espectro de ativida- pública em geral (OMS, 2010).
des humanas, onde se destacam, entre outros, o Segundo estudos recentes, realizados pela
abastecimento público e industrial, a irrigação OMS, a falta de saneamento básico, principal-
agrícola, a produção de energia elétrica, as ati- mente o fornecimento de água potável, causa
vidades de lazer e recreação e a preservação da a morte de 1,5 milhão de crianças no mundo
biota aquática (BILA e DEZOTTI, 2003). anualmente. Apesar dos avanços em relação à
De acordo com Ponezi, Duarte e Claudino distribuição de água potável, os números ainda
(2007), o consumo mundial de fármacos é bas- são preocupantes, mais de 2,6 milhões pessoas,
tante significativo, um exemplo disso pode ser 39% da população mundial, não tem acesso a
visto na União Européia (EU) onde aproxima- esse recurso (OMS, 2010).
damente 3.000 diferentes substâncias são usadas No Brasil, de acordo com o Instituto Brasi-
em medicamento para consumo humano como leiro de Geografia e Estatística (IBGE), ainda há
analgésicos e antiinflamatórios, anticoncepcio-
muita carência de serviços de saneamento básico,
nais, antibióticos, b-bloqueadores, reguladores
como indicam os dados seguintes (ARCE, 2002
de lipídios, e muitos outros. Também, um nú-
apud MOTA, 2005):
mero expressivo dessas substâncias é utilizado
em medicamentos de uso veterinário, entre eles • 24% da população não têm abasteci-
antibióticos e antiinflamatórios e hormônios. mento de água potável;
Independente da fonte geradora do resíduos • 56 % da população não dispõem de
de fármacos, medicina humana ou veterinária ou coleta de esgoto;
indústrias, estes resíduos acabarão, em algum
momento, se depositando no solo e nas águas., • 24% da população não têm coleta de
podendo influenciar na qualidades destas matri- lixo.
zes e na saúde ambiental como um todo (BILA Muito há que ser feito em termos de sa-
e DEZOTTI, 2003). neamento básico, os residuais químicos, como
os fármacos, ainda não são considerados, pela
legislação, como sendo poluentes. Porém, seu
Saneamento básico e saúde pública: monitoramento, no meio ambiente, vem ganhan-
bases para a qualidade de vida do grande interesse devido ao fato de muitas
dessas substâncias serem freqüentemente en-
A integridade da saúde humana e ambiental contradas, mesmo que em baixas concentrações,
é profundamente relacionada às boas condições em efluentes de ETEs e águas naturais (BILA e
de saneamento e salubridade das águas. Segundo DEZOTTI, 2003).
a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca
de 85 % das doenças conhecidas são de veicula-
ção hídrica, ou seja, estão relacionadas à água, Químicos residuais e seus efeitos
dentre as mais comuns destacam-se: amebíase, adversos
giardíase, criptosporidíase, gastroenterite, febre
amarela, febre tifóide, malária, hepatite, cólera, Em todo mundo, fármacos, tais como anti-
dengue, ascaridíase, entre outras. bióticos, hormônios, anestésicos, antilipêmicos,
Diante do cenário apresentado, temas como meios de contraste de raios-X, antiinflamatórios
coleta e tratamento de resíduos e/ou efluentes entre outros, tem sido detectados no esgoto
vêm ganhando cada vez mais importância. Dentre doméstico, em águas superficiais e de subsolo.
as ações de saneamento, destacam-se aquelas Kolpin et al (2002) detectaram antibióticos,
consideradas como básicas, compreendendo o como tetraciclinas, sulfonamidas, macrolídeos,
abastecimento de água tratada, a drenagem de lincomicina, trimetoprim e tilosina, em amostras
águas pluviais, a coleta e o tratamento do esgoto de águas superficiais nos Estados Unidos.

Revista Internacional de Direito e Cidadania, n. 9, p. 55-65, fevereiro/2011 57


CRESTANA, G. B - SILVA, J. H.

Sacher et al (2001) reportaram a ocorrên-


cia de sulfametoxazol em amostras de águas de
subsolo na Alemanha.
Gerenciamento de resíduos
farmacológicos
De acordo com Kummerer (2001) alguns
grupos de fármacos residuais merecem uma Estratégias adotadas por diversos países
atenção especial, dentre eles estão os antibió- para o gerenciamento de medicamentos em
ticos e os estrógenos7. Os antibióticos têm sido desuso, vencidos ou não, são a reutilização e o
amplamente discutidos na literatura, devido ao descarte responsável, com controle. Nos Esta-
seu potencial de seleção artificial de bactérias dos Unidos, muitas farmácias, funcionam como
resistentes e por serem usados em grandes quan- centre de coleta de medicamentos vencidos ou
tidades, tanto na medicina humana, quanto na em desuso (EICKHOFF, HEINECK e SEIXAS,
medicina veterinária8. 2009).
Ainda de acordo com este autor, a impor- O Órgão Governamental Norte Americano
tância dos estrógenos reside no seu potencial que regula e controla a qualidade de alimentos e
de afetar adversamente o sistema reprodutivo medicamentos, Food and Drug Administration
de organismos aquáticos como, por exemplo, a (FDA), não proíbe a reutilização de medicamen-
feminização de machos de algumas espécies de tos e permite que esta ação seja regulamentada,
peixes e répteis presentes em rios contaminados
particularmente, em cada Estado. Trinta e seis
pelo descarte de efluentes de ETEs. A presença
Estados permitem alguma forma de reutilização
desses fármacos residuais na água pode causar o
ou revenda, 17 permitem ambas as práticas e
desenvolvimento de vários tipos de cânceres, e
12 proíbem qualquer uma das formas (DAU-
outros efeitos nocivos9 em organismos presentes
GHTON, 2003).
nas águas, como os peixes, algas e bactérias.
Existem controvérsias sobre a reutilização
Conseqüências da interação do ser humano
de medicamentos, pois, em algumas situações,
com estrógenos ambientais foram apresentadas
não se conhecem as condições anteriores de cui-
em diversos estudos, desde 1984, citados por
Pryor (2000). Estes estudos envolveram 242 dados no armazenamento (DAUGHTON, 2003).
crianças, recém-nascidas, cujas mães consu- O Canadá é um dos países que tem mostra-
miram peixes, do Lago Michigan, nos Estados do grande preocupação em relação a esse tema.
Unidos, por mais de seis anos. Os estudos reve- Na Colúmbia Britânica, foi estabelecido, em
laram que os peixes estavam contaminados com 1996, voluntariamente pelas indústrias farmacêu-
quantidades moderadas de PCBs10. ticas, o Programa EnviRX que tinha por objetivo
As crianças demonstraram, ao nascer, uma orientar o consumidor. Em 1997, o Governo
média de 190g a menos do que outras crianças dessa Província, ampliou o seu programa de
saudáveis, do grupo controle, além de apresen- manejo de resíduos11, que se destinava a aceitar
tarem menores circunferências de seus crânios e todos os medicamentos vencidos de venda livre
exibirem retardamento em sua maturidade neu- e alguns de venda sob prescrição, sem aceitar
romuscular. O mais preocupante foi se constatar amostras-grátis (DRIEDGER, 2002 apud DAU-
que estas mães consumiram não mais do que dois GHTON, 2003).
salmões ou duas trutas por mês (PRYOR, 2000). Atualmente, a maioria das farmácias da
Estes estudos indicaram também que, entre Colúmbia Britânica participa de um programa
o sexto e o sétimo, as crianças, contaminadas, de recolhimento de medicamentos12 instituído em
demonstraram baixo desenvolvimento psicomo- 2001, que foi adotado pela Associação Nacional
tor e capacidade visual era mais pobre quando de Autoridades Regulatórias de Farmácia do
comparadas com as crianças que formavam o Canadá13. Dentre as justificativas para a adoção
grupo controle. Já aos quatro anos, as mesmas do programa, citam a redução de envenenamen-
passaram a apresentar problemas nas atividades tos acidentais de crianças por medicamentos
de memória de curto prazo (PRYOR, 2000). vencidos, redução de custos, de automedicação

58 Revista Internacional de Direito e Cidadania, n. 9, p. 55-65, fevereiro/2011


FÁRMACOS RESIDUAIS: PANORAMA DE UM CENÁRIO NEGLIGENCIADO

imprópria e do potencial dano ambiental (DAU- frascos, a etiqueta apresenta apenas a inscrição
GHTON, 2003). “resíduo químico”.
Paterson e Anderson (2002) relatam a ex- Uma possível solução para a minimização
periência de um projeto que envolve a triagem do problema seria a adoção dos programas de
de prescrições em farmácias públicas e privadas, recolhimento de medicamentos em desuso, ações
onde o farmacêutico dispensa uma quantidade já praticadas em por diversos países como Esta-
inicial e, se o medicamento é tolerado, dispensa o dos Unidos, Canadá, Itália, Alemanha e França.
restante do medicamento prescrito. Essa medida No Brasil poucas ações podem ser consi-
procura evitar o desperdício de medicamentos deradas exemplos de iniciativas que trouxeram
causado pela interrupção ou mudança de trata- resultados positivos. Neste sentido pode se citar
mento. alguns programas educativos e campanhas de ar-
A Organização Mundial de Saúde (OMS) recadação de medicamentos em desuso tem tido
publicou, em 1999, um guia de recomendações bons resultados aqui no Brasil, como o realizado
sobre manejo seguro de resíduos gerados pelas pela Faculdade de Farmácia da Universidade
atividades de saúde14 e outro que trata especifi- Federal do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre,
camente de medicamentos, em decorrência do juntamente com o Laboratório Pró-Ambiente.
grande volume de vencidos gerados na Guerra Em junho de 2006, apenas uma campanha arre-
da Bósnia, originados de doações dirigidas à cadou 1.219 itens provenientes de domicílios e
população atingida. (WHO, 2010a). farmácias e que foram encaminhados à Central
Esta Organização, ainda, publicou outro de Resíduos da Pró-Ambiente, do município de
Guia que apresenta orientações para o descarte Gravataí-RS, para adequada destinação final.
seguro de fármacos utilizados durante e após Ainda no Sul do País, algumas redes de
emergências15. Este último é destinado a autori- drogarias do Estado do Paraná, vêm sendo reco-
dades de países com o objetivo de implantação nhecidas por suas louváveis iniciativas, que refle-
de uma política de gerenciamento e destinação tem gradativa tomada de consciência a respeito
final de medicamentos (WHO, 2010b). de seu verdadeiro papel junto aos consumidores
Segundo Daughton (2003), os métodos e ao ambiente.
de descarte apresentados nos Guias, são vários:
• retorno à indústria;
Aplicabilidade dos sistemas de
• disposição em aterro;
tratamento de água e efluentes
• incineração em contêineres fechados;
• incineração em média temperatura e; Os processos químicos convencionais
baseiam-se na oxidação dos contaminantes pela
• decomposição química.
reação com oxidantes fortes, como peróxido
Este autor ressalta que este Guia é mais de hidrogênio (H2O2), gás cloro (Cl2), dióxido
apropriado para grandes volumes e em situações de cloro (ClO2) e permanganato (MnO4-). Na
de emergência. maioria dos casos, no entanto, a utilização deste
Segundo Paim et al (2002), este panorama tipo de tratamento não promove a mineralização
se agrava, uma vez que no Brasil, se observa completa dos contaminantes a CO2, havendo a
que, nos laboratórios de diversas Universidades, formação de uma grande variedade de subprodu-
a geração de resíduos químicos não é gerenciada tos de degradação, em geral, ácidos orgânicos16.
e o descarte inadequado continua a ser praticado. No caso da utilização do Cl2, há a formação de
Ainda, os estas Instituições armazenam uma compostos organoclorados, que podem ser mais
grande quantidade de resíduos, sem identificação tóxicos que o contaminante inicial, sendo este
nos frascos e sem suas respectivas fichas técni- o principal inconveniente quanto ao uso deste
cas do produto. Quando rotulam, a maioria dos oxidante (MELO et al, 2009).

Revista Internacional de Direito e Cidadania, n. 9, p. 55-65, fevereiro/2011 59


CRESTANA, G. B - SILVA, J. H.

Neste sentido, devido à preocupação quanto tratamento de esgoto, águas servidas, não se
à preservação dos ecossistemas aquáticos e ao mostram eficientes para a remoção de vários
risco potencial de contaminação da água de abas- resíduos de fármacos.
tecimento público, tem-se incentivado, em todo Ressalta-se que, ainda são escassas as in-
o mundo, estudos com o objetivo de identificar formações sobre a toxicidade das amostras após
e quantificar esses resíduos para que se possa tratamento, informações estas fundamentais para
minimizar o descarte e desenvolver processos garantir a efetividade e segurança da aplicação
eficientes para removê-los, assim como estão de tais processos no tratamento de efluentes
sendo realizados estudos de biodegradação de contendo resíduos de fármacos.
fármacos17 (PONEZI, DUARTE e CLAUDINO,
2007).
A remoção de poluentes orgânicos persis- Legislação vigente
tentes, como os fármacos, na água e em efluentes,
pode ser obtida utilizando-se tecnologias avan- O Artigo 225 da Constituição Federal de
çadas de tratamento, tais como Biorreatores com 1988 declara terem todos direito ao meio am-
membranas, Processos Oxidativos Avançados e biente ecologicamente equilibrado21, bem de uso
Adsorção em carvão ativado (TAMBOSI, 2008). comum do povo e essencial à sadia qualidade
Dentre os citados métodos, um grande de vida.
destaque tem sido dado ao uso de filtros de Segundo Machado (2002),
carvão ativado biologicamente18. Este processo “a água, como bem de uso comum do
combina adsorção e biodegradação minimizando povo, não pode ser apropriada por uma
a flutuação da qualidade da água tratada, pois só pessoa, física ou jurídica, com exclusão
uma grande concentração de poluentes na água absoluta de outros usuários em potencial; o
causa um crescimento na taxa de adsorção, mas uso da água não pode significar a poluição
quando a concentração decai, a biodegradação ou a agressão desse bem; o uso da água
toma lugar (SPEITEL et al, 1989 e SOBECKA não pode esgotar o próprio bem utilizado;
et al., 2006). e a concessão ou autorização (ou qualquer
Os Processos Oxidativos Avançados tipo de outorga) do uso da água deve ser
também têm sido extensivamente estudados motivada ou fundamentada pelo gestor
devido ao seu potencial como alternativas ou público. A existência do ser humano, por
si só, garante-lhe o direito de consumir
complementos aos processos convencionais de
água ou ar. O direito à vida antecede os
tratamento de efluentes, uma vez que os radicais
outros direitos”.
hidroxila19 gerados são altamente reativos e pou-
co seletivos, podendo atuar na oxidação química E justamente por ser o direito de acesso à
de uma vasta gama de substâncias (MELO et água um direito fundamental, não se pode com-
al, 2009). preender o domínio da União e dos Estados como
Melo et al (2009) avaliaram vários proces- direito de propriedade nos moldes do Código
sos para a oxidação de substâncias complexas
20 Civil. Cabe a estas entidades estatais, na verda-
de diversas classes de fármacos. Estes autores de, a responsabilidade pela guarda e gestão dos
concluíram que apesar da complexidade das recursos hídricos, como o direito de usar e dispor
moléculas dos princípios ativos dos fármacos, como bem entender, mas como um dever-poder
as baixas concentrações encontradas permitem de gestão para que sejam atendidas as necessida-
a utilização destes processos, que atingem alta des da população. (LEUZINGER, 2004).
eficiência de degradação como relatado em di­ Não se incluem, portanto, os recursos
versos trabalhos. hídricos entre os bens dominiais, ou seja, entre
Fent et al. (2006), em seus estudos, evi- aqueles bens que integram o patrimônio privado
denciaram que os processos convencionais de das entidades públicas, na medida em que sua

60 Revista Internacional de Direito e Cidadania, n. 9, p. 55-65, fevereiro/2011


FÁRMACOS RESIDUAIS: PANORAMA DE UM CENÁRIO NEGLIGENCIADO

principal característica é a inalienabilidade. Do- de disposição final licenciados e na rede coletora


mínio hídrico significa, assim, ser esse recurso de esgoto ou em corpo receptor (EICKHOFF,
bem administrado pelo Estado, no interesse co- HEINECK e SEIXAS, 2009).
letivo. E, registre-se, a outorga de direito de uso Quanto ao processo de disposição final de
e conseqüente cobrança não significam alienação RSSS, a Resolução Conselho Nacional do Meio
parcial, mas tão-somente direito de usar o bem, Ambiente (CONAMA) no 358, de 2005, diz que
não sendo admitida sua venda (LEUZINGER, a disposição dos resíduos deve ser diretamente
2004). sobre o fundo do local; a acomodação dos re-
Ramos e Sparenberger (2010) analisaram a síduos deve ser sem compactação direta; deve
relação existente entre a crise hídrica, a Política haver cobertura diária com solo, admitindo-se
Nacional de Recursos Hídricos e a Sociedade de disposição em camadas; cobertura final e plano
risco. Esta última como característica da civiliza- de encerramento (EICKHOFF, HEINECK e
ção moderna, a qual persegue o desenvolvimento SEIXAS, 2009).
a qualquer preço. O enfoque principal do estudo O gerenciamento eficiente de RSSS é um
está no efeito bumerang de Beck (2002), o qual assunto que, ainda, necessita de uma legislação
analisa a questão ambiental tendo em vista as e diretrizes mais específicas. A Agência Nacional
consequências da modernidade sobre a própria
de Vigilância Sanitária (ANVISA), através da
política de mercado. O que se vê é uma grande
Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) no 306,
crise de controle e gestão das águas, dentro de
de 7 de dezembro de 2004, que dispõe sobre o
uma enorme crise ambiental que coloca em risco
Regulamento Técnico para o gerenciamento de
o abastecimento hídrico, de qualidade, às popu-
resíduos de serviços de saúde e, pela Resolução
lações, em especial das grandes cidades.
no 358, de 29 de abril de 2005, apresenta algumas
De acordo com a Legislação Brasileira, diretrizes para o tratamento e à disposição final
os serviços de saúde são os responsáveis pelo dos resíduos dos serviços de saúde (EICKHOFF,
correto gerenciamento de todos os Resíduos HEINECK e SEIXAS, 2009).
Sólidos dos Serviços de Saúde (RSSS) por eles22
O Ministério da Saúde publicou, em 2006,
gerados, devendo atender às Normas e exigências
um Manual de Gerenciamento dos Resíduos de
legais, desde o momento de sua geração até a
Serviços de Saúde, o qual mostra a necessidade
sua destinação final (EICKHOFF, HEINECK e
da adoção de um Plano de Gerenciamento de
SEIXAS, 2009).
Resíduos de Serviços de Saúde.
Estes autores consideram que a segregação
dos RSSS, no momento e local de sua geração, Porém, este Manual não traz diretriz e nem
permite reduzir o volume de resíduos perigosos aponta soluções para o gerenciamento e desti-
e a incidência de acidentes ocupacionais dentre nação final de medicamentos (BRASIL,2010).
outros benefícios à saúde pública e ao meio am- De acordo com a Lei no 9.605 de 199824
biente (BRASIL, 2010). que dispõe sobre as sanções penais e administra-
Quando não tratados, os RSSS devem ser tivas derivadas de condutas e atividades lesivas
dispostos em Aterro Classe I23. Os resíduos de ao meio ambiente, o lançamento de resíduos
produtos ou de insumos farmacêuticos que, em sólidos, líquidos ou gasosos ou detritos, óleos
função de seu princípio ativo e forma farmacêuti- ou substâncias oleosas, em desacordo com as
ca, não oferecem risco à saúde e ao meio ambien- exigências estabelecidas em leis ou regulamen-
te, constantes em listagem junto à Gerência Geral tos, é crime ambiental, com pena de reclusão
de Medicamentos da Agência Nacional de Vigi- de um a cinco anos (EICKHOFF, HEINECK e
lância Sanitária (ANVISA), quando descartados SEIXAS, 2009).
por serviços assistenciais de saúde, farmácias, Assim sendo, a legislação se apresenta
drogarias e distribuidores de medicamentos ou deficiente por não mencionar a destinação final
apreendidos, podem ser descartados em sistemas adequada para destes resíduos, é direcionada

Revista Internacional de Direito e Cidadania, n. 9, p. 55-65, fevereiro/2011 61


CRESTANA, G. B - SILVA, J. H.

para os estabelecimentos de saúde e não englo- É altamente preocupante o fato de que


ba a população em geral. No Brasil, não existe ainda não existe no Brasil legislação que trate os
um sistema de coleta, transporte e destinação fármacos como poluentes, e os possíveis efeitos
adequada desses resíduos por parte das gestões dos seus resíduos para a saúde ainda não foram
públicas municipais, logo, a legislação de nada avaliados pela OMS.
adianta se não for aplicada. Também é preciso que exista vontade po-
E, mesmo que a contaminação do meio lítica dos dirigentes para fazer valer as normas
ambiente por resíduos seja considerada crime e recomendações sanitárias, apoiando aos que
ambiental, não há fiscalização adequada e nem já estão conscientizados quanto à importância
a aplicação de punição a todos os poluidores da adoção desse comportamento e propiciando
(EICKHOFF, HEINECK e SEIXAS, 2009). condições para a compreensão dos que ainda não
as conhecem (TAKAYANAGUI, 1993).
Promover a execução do fracionamento de
Considerações finais medicamentos não só por parte do Sistema Único
de Saúde (SUS), mas também, em farmácias e
Diante deste panorama, é imprescindível drogarias privadas representaria também uma
que se tome conhecimento que a responsabi- medida importante, já que minimizaria o des-
lidade por zelar pela manutenção e equilíbrio perdício e descarte indevido. Muitas indústrias
dos recursos naturais e pela defesa do bem estar ainda não adequaram as embalagens de seus
social e dos direitos difusos, é de todos, inclusive produtos às condições constantes no Decreto no
da União25. 5.775 de 2006, que dispõe sobre o fracionamento
Assim, para que a iniciativa privada possa de medicamentos.
praticar ações de preservação e saúde ambiental Há também a necessidade de um olhar mais
é necessária uma nova postura, adotando-se crítico para a propaganda exacerbada, que acaba
políticas de responsabilidade sócio-ambiental. A por estimular a compra excessiva e desnecessária
população em geral, como consumidores desses de medicamentos. Além de destas sugestões, a
produtos, deve se buscar e ter acesso à infor- efetiva participação do profissional farmacêutico
mações sobre consumo consciente e descarte é de grande importância no controle da dispen-
responsável. Dessa forma não só os produtores sação26 dos medicamentos em estabelecimentos
devem ser responsabilizados, mas também to- públicos e privados, já que este pode informar
dos os atores da cadeia, desde a produção a te o o usuário sobre os riscos da automedicação e
consumidor final. também sobre o potencial poluidor dos medi-
camentos.
O conhecimento da população sobre a
dimensão da exposição a compostos químicos Até que haja a implantação deste sistema
persistentes e suas conseqüências à saúde am- de gerenciamento das sobras de medicamen-
biental é de fundamental importância para nortear tos, os profissionais de saúde devem investir
as ações de controle, coleta e descarte seguro na minimização da geração desses resíduos
destas substâncias. È sugerido, ainda, revisar através do gerenciamento e programação de
e restabelecer limites de concentrações para o estoques, evitando vencimentos; na avaliação
descarte seguro de efluentes tratados em corpos de prescrições no momento da dispensação; na
hídricos, atualmente regidos pela Resolução CO- orientação do uso racional de medicamentos e
NAMA no 357 de 2005, assim como os padrões no acompanhamento dos pacientes durante o
de potabilidade da água para consumo humano, tratamento, objetivando evitar o desperdício e
orientados pela Portaria 518 de 2004, do Ministé- consequente contaminação do meio ambiente.
rio da Saúde, deverão ser também revisados, uma
vez que não contém em si limites estabelecidos
para fármacos nas águas de abastecimento.

62 Revista Internacional de Direito e Cidadania, n. 9, p. 55-65, fevereiro/2011


FÁRMACOS RESIDUAIS: PANORAMA DE UM CENÁRIO NEGLIGENCIADO

sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e


à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para
Notas as presentes e futuras gerações (Artigo 225 – Cap. VI /
Constituição Federal de 1988);
3
Substância química que constitui o princípio ativo de um 26
Segundo o Conselho Federal de Farmácia (Brasil), dis-
medicamento; pensação consiste no “Ato do farmacêutico de orientação
4
Qualquer substância, produzida pelo metabolismo de e fornecimento ao usuário de medicamentos, insumos
uma outra; farmacêuticos e correlatos, a título remunerado ou não”.
5
Medicamentos utilizados no tratamento da aterosclerose;
6
Medicamentos e hormônios utilizados pela medicina ve-
terinária e pecuária extensiva;
7
Hormônios sexuais femininos que regulam o ciclo ovariano; Referências
8
Estes fármacos tem sido utilizados para contribuir com o
crescimento de animais na pecuária, na aquicultura, na BRASIL. Ministério da Saúde. Gerenciamento
avicultura e na suinocultura; dos Resíduos de Serviços de Saúde. Brasília,
9
Incluindo o homem que está inserido numa cadeia alimentar 2006. Disponível em: < http://bvsms.saude.gov.
onde consomem peixes e ou utilizam as águas para recre- br/bvs/publicacoes/manual_gerenciamento_resi-
ação ou irrigação de culturas de alimentos;
duos.pdf > . Acesso em: 8 jun. 2010.
10
PCBs (Polychlorinated Biphenyls - Bifenilas Policloradas)
- Nome genérico dado a uma classe de compostos organo- _______. Resolução 358, 29 de abril de 2005.
clorados que foram utilizados principalmente como base de Dispõe sobre o tratamento e a disposição final
misturas comerciais em óleos dielétricos para transforma-
dores e capacitores, popularmente conhecidos por ascarel.
dos resíduos dos serviços de saúde e dá outras
Devido à alta toxicidade, sua produção e comercialização providências. Disponível em: <www.mma.gov.
está proibida no mundo todo; br/conama/res/res05/res35805.pdf >. Acesso em:
11
Post-consumer Residual Stewardship Program Regulation; 8 jun. 2010.
12
Medications Return Program - MRP;
_______. RDC No 306, Brasília, 7 de dezembro
13
Canada National Association of Pharmacy Regulatory
de 2004. Dispõe sobre o Regulamento Técnico
Authorities - NAPRA;
para o gerenciamento de resíduos de serviços
14
Safe Management of Wastes from Health-care Activities;
de saúde. Disponível em URL: <http://www.
15
Guidelines for Safe Disposal of Unwanted Pharmaceutical
in and after Emergencies; crfms.org.br/_arquivos/legislacao/rdc-n-306.pdf
16
Oxálico, tartárico, fórmico, acético;
>. Acesso em: 9 jun. 2010.
17
Na Universidade Estadual de Campinas –UNICAMP / BASSOI, L. J; GUAZELLI M. R. Controle am-
Divisão de Microbiologia do Centro Pluridisciplinar de biental da água. In: PHILIPPI Jr., A.; ROMÉRO,
Pesquisas Químicas, Biológicas e Agrícolas- CPQBA /
Departamento de Saneamento e Ambiente da Faculdade
M.A.; BRUNA, G.C. (Eds.). Curso de gestão
de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo; ambiental. Barueri-SP: Manole. 2004. 53-99p.
18
Processo conhecido como Biofiltração; BECK, Ulrich. La sociedad del riesgo: hacia
19
OH -; una nueva modernidad, Barcelona: A M Grafìc,
20
Fotólise de peróxido de hidrogênio, ozonização, fotoca- S.L., 2002. 304 p.
tálise heterogênea, fenton e foto-fenton;
21
Direito fundamental de 3ª geração ou direito difuso; BILA, D.M.; DEZOTTI, M. Fármacos no meio
22
Hospitais, Prontos Socorros, Clínicas Médicas e Vete- ambiente. Química. Nova, 2003, v.26 n. 4, pp.
rinárias, Clínicas Odontológicas, Drogarias e farmácias, 523-530.
Estabelecimentos de ensino e pesquisa na área de saúde e,
também, distribuidores de produtos farmacêuticos; DAUGHTON, C.G. Cradle-to-cradle stewar-
23
Aterros Sanitários próprios para acondicionar resíduos dship of drugs for minimizing their environ-
perigosos, como os tóxicos e os patogênicos. Ressalta-se mental disposition while reduction, and future
que para os resíduos químicos no estado líquido (efluentes), directions. Environmental Health Perspectives,
é vedado o descarte em aterros; 2003, v.111, n.5, pp. 775-785.
24
Conhecida como a Lei de Crimes Ambientais;
25
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente DERANI,C. Direito ambiental econômico. São
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à Paulo: Max Limonad,1997. 143p.

Revista Internacional de Direito e Cidadania, n. 9, p. 55-65, fevereiro/2011 63


CRESTANA, G. B - SILVA, J. H.

EICKHOFF, P. et. al. Gerenciamento e desti- PATERSON, J.M.; ANDERSON, G.M. Trial
nação final de medicamentos: uma discussão prescriptions to reduce drug wastage: results
sobre o problema. Revista Brasileira de Farmá- from Canadian Programs and a Community
cia, 2009, v. 90, n. 1, pp. 64-68. Demonstration Project. American Journal of
Managed Care, 2002, v. 8, n.2, pp. 151-158.
GARRISON, A. W.; POPE, J. D.; ALLEN, F. R.
Identification and analysis of organic pollu- PAIM, C.P.; PALMA,E.C.; EIFLER-LIMA,V.L.
tants in water; In: Keith, C. H., ed.; Michigan: Gerenciar Resíduos Químicos: uma neces-
Ann Arbor Science Publishers, Ann Arbor, 1976, sidade. Caderno de Farmácia, 2002.v.18, n.1,
pp . 517-566. pp.23-31.
HIGNITE, C.; AZARNOFF, D. L. Degradation PHILIPPI JR. A; MARTINS G. In: PHILIPPI
of residual pharmaceuticals by advanced JR.A. Saneamento, saúde e ambiente: funda-
oxidation processes. Life Science, 1977, v. 20, mentos para um desenvolvimento sustentável.
n. 2, pp. 220. Barueri, SP: Manole, 2005. 117p.

KOLPIN, D. W. et. al. Pharmaceuticals, hor- PONEZI, A.N. et al. Fármacos em matrizes
mones, and other organic wastewater conta- ambientais – revisão, Campinas: Centro Pluri-
minants in U.S. streams, 1999-2000: a national disciplinar de Pesquisas Químicas, Biológicas e
reconnaissance. Environmental Science & Agrícolas (CPQBAUNICAMP), 2006, 11p.
Technology, 2002, v. 36, n. 6, pp 1202–1211. PRYOR,K. Estrogênios ambientais, a amea-
KÜMMERER, K.; Drugs in the environment: ça invisível que nos espreita. Disponível em:
<http://www.nossofuturoroubado.com.br/old/
emission of drugs, diagnostic aids and disinfec-
estrogen.htm > Acesso em: 6 set. 2010.
tants into wastewater by hospitals in relation to
other sources – a review. Chemosphere 2001, v. RAMOS A.M.T.; SPARENBERGER R .F.L . A
45, n. 6-7, pp. 957-969. Política nacional de recursos hídricos e o efeito
bumerang da sociedade de risco. R. Fac. Dir.
LEUZINGER, M.D. Competências constitu-
UFG, 2009. v. 33, n. 2, pp. 169-183.
cionais e domínio hídrico. Brasília: ESMPU,
2004. Disponível em: < http://www3.esmpu. REBOUÇAS, A. C. Estratégias para se Beber
gov.br/linha-editorial/outras-publicacoes/serie- Água Limpa. In: Fundação Prefeito Faria Lima-
grandes-eventos-meio-ambiente/Marcia_D_Leu- CEPAM. O Município no Século XXI: cenários
zinger_Competencias_Constitucionais.pdf >. e perspectivas. São Paulo: CEPAM, 1999, pp.
Acesso em: 25 abr. 2010. 199-215.
MACHADO, Paulo Affonso Leme. Recursos SACHER, F. et. al. Pharmaceuticals in groun-
hídricos: direito brasileiro e internacional. São dwaters: analytical methods and results of a
Paulo: Malheiros, 2002, 216 p. monitoring program in Baden-Württemberg,
Germany  . Journal of Chromatography A, 2001,
MELO, S. A. S. et. al. Degradação de v. 938,n. 1-2, pp. 175-185.
fármacos residuais por processos oxi-
dativos avançados. Química Nova .2009, SPEITEL JR, G.E. et. al. Biodegradation of
v. 32, n.1, pp. 188-197. Disponível em: < trace concentrations of substituted phenols
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100- in granular activated carbon columns. Envi-
40422009000100034&script=sci_ ronmental Science & Technology, 1989, v.23,
n.1, pp. 68–74.
abstract&tlng=e >. Acesso em: 26 ago. 2010.
SOBECKA, B. S. et. al. Biological activation
MOTA, F.S.B. Conhecimentos para Promoção
of carbon filters. Water Research, 2006, v. 40,
do Saneamento, Saúde e Ambiente. In: PHILIPPI
n.2, pp. 355-363.
JR.A Saneamento, saúde e ambiente: funda-
mentos para um desenvolvimento sustentável. TAMBOSI, J.L. Remoção de fármacos e ava-
Barueri-SP: Manole, 2005. 810p. liação de seus produtos de degradação atra-

64 Revista Internacional de Direito e Cidadania, n. 9, p. 55-65, fevereiro/2011


FÁRMACOS RESIDUAIS: PANORAMA DE UM CENÁRIO NEGLIGENCIADO

vés de tecnologias avançadas de tratamento.


2008. 141 p. Tese (Doutorado em Engenharia
Química) Centro Tecnológico da Universidade
Federal de Santa Catarina, Área de concentração:
Desenvolvimento de Processos Químicos e Bio-
tecnológicos. Florianópolis, 2008.
TAKAYANAGUI, A.M.M. Consciência ecoló-
gica e os resíduos de serviços de saúde. Revista
Latino-americana de Enfermagem, 1993, v.1, n.
2, pp. 93-96.
WHO (WORLD HEALTH ORGANIZATION).
Safe management of wastes from health-care
activities. Disponível em: <http://www.who.int/
mediacentre/factsheets/fs253/en/ >. Acesso em:
5 de set. 2010a.
_______. Guidelines for safe disposal of
unwanted pharmaceutical in and after emer-
gencies. Disponível em:
< http://www.who.int/water_sanitation_health/
medicalwaste/unwantpharm.pdf >. Acesso em:
5 de set. 2010b.

Revista Internacional de Direito e Cidadania, n. 9, p. 55-65, fevereiro/2011 65


66 Revista Internacional de Direito e Cidadania, n. 9, fevereiro/2011

Você também pode gostar