Artigo

Descarte de resíduos sólidos em laboratório

de análises clínicas – Uma revisão
Jennifer Tolentino Silva1, Schyneider Tolentino Silva1, Semiramis Tolentino Silva1, Pamella Fernanda Moreira2, Roberpaulo Anacleto Neves3

1 - Graduada em Biomedicina pela Faculdade União de Goyazes, GO

2 - Professora Mestre da Faculdade União de Goyazes, GO
3 - Professor Mestre da Pontifícia Universidade Católica de Goiás, GO

Resumo Summary

Descarte de resíduos sólidos em laboratório de aná-
lises clínicas – Uma revisão
Por envolverem uma complexidade de compostos biológicos e
químicos devido à natureza dos serviços prestados, o descarte de
resíduos de laboratório de análises clínicas necessita ser realizado
de forma específica para diminuir os riscos de impactos negativos
no meio ambiente e, por conseguinte, na saúde da população. Este
estudo, elaborado por meio de revisão bibliográfica, tem como ob-
jetivo verificar importância do descarte correto dos RSS gerados em
laboratórios de análises clínicas. Concluiu-se que o conhecimento dos
vários tipos de resíduos e observância das diretrizes para manejo e
descarte de RSS determinadas nas normas legais vigentes no País são
fundamentais para evitar que o descarte destes resíduos se configure
como um risco à saúde e qualidade de vida da população.
Palavras-Chave: Resíduos de Serviços de Saúde; Plano de
Gerenciamento de Resíduos de Saúde; Resíduos de Laboratório
de Análises Clínicas.
Disposal of solid residues wasted in clinical
laboratory - A review
Biological and chemical compounds involve a complexity of
due to the nature of services, waste disposal of clinical labora-
tory needs to be done specifically to reduce the risk of negative
impacts on the environment and therefore on population health
. This study prepared by literature review aims to determine
the importance of proper disposal of RSS generated in clinical
laboratories. It was concluded that knowledge of the various
types of waste and compliance with guidelines for handling
and disposal of RSS in certain legal norms in the country are
essential to prevent the disposal of these wastes is set as a risk
to health and quality of life.
Keywords: Waste of health services; Waste management
plan health; Waste clinical laboratory.

Introdução determinadas classes de resíduos de os RSS coletados em vazadouros

serviços de saúde anteriores à sua juntamente com os demais resíduos e

O
aumento na produção de re-
síduos sólidos decorre, prin-
cipalmente, do aumento po-
pulacional nos centros urbanos e tem
se tornado uma preocupação devido à
maneira inadequada com que, na maio-
ria das vezes, estes são descartados.
A preocupação se deve ao fato de que
o descarte inadequado de resíduos,
principalmente dos Resíduos Sólidos
do Serviço de Saúde, podem favorecer
a disseminação de doenças, tornando-
-se, desta forma, não só um problema
ambiental como também de saúde
pública (1).
Apesar das normas regulamenta-
doras para tratamento e descarte de
disposição final, muitos ainda são
descartados de forma inadequada
sem tratamento específico, tornando
um risco à saúde pública e dos tra-
balhadores envolvidos nas atividades
afins (2).
De acordo com a PNSB (Pesquisa
Nacional de Saneamento Básico) re-
alizada pelo IBGE em 2008, no Brasil
são coletadas cerca de 819 t/dia de
RSS, sendo que, somente 24,1%
destes resíduos foram dispostos em
aterros específicos para resíduos es-
peciais. Em Goiás estima-se que são
recolhidos cerca de 58 t/dia de RSS,
sendo que, dos 246 municípios do Es-
tado com coleta de RSS, 54 dispõem
145 municípios não realizam nenhum
tipo de processamento nos RSS co-
letados (3).
Os RSS são classificados pela RDC
(Resolução da Diretoria Colegiada)
306/2004 da ANVISA (Agência Nacio-
nal de Vigilância Sanitária) em cinco
categorias (A, B, C, D, E) segundo sua
periculosidade e características espe-
cificas, cuja disposição inadequada
pode provocar alterações ambientais,
resultando em impactos negativos
e condenáveis sob o ponto de vista
sanitário e ambiental (4).
Os RSS consistem em todos os
produtos resultantes de atividades
médicos-assistenciais e de pesquisa

102 NewsLab - edição 129 - 2015

na área de saúde, compostos por ma-
teriais biológicos, químicos e perfuro
cortantes, contaminados por agentes
patogênicos cujas características
são determinadas pela Norma ABNT
(Associação Brasileira de Normas
Técnicas) NBR 10004/2004, tendo em
vista suas características de patogeni-
cidade, toxicidade, reatividade, corro-
sividade e inflamabilidade. O aumento
na geração destes resíduos se deve
a fatores associados, principalmente,
ao aumento da longevidade, da assis-
tência à saúde e do uso de materiais
descartáveis (5).
RSS descartados de maneira
inapropriada se configura em risco
ambiental e de saúde pública, por
se tratar de material biológico e
químicos contaminados por agentes
patogênicos, que podem contaminar
o solo, mananciais de água e lençol
freático, promovendo a disseminação
de doença (6).
O descarte do RSS deve ser
orientado pelo PGRSS (Plano de Ge-
renciamento de Resíduos de Serviços
de Saúde), documento em que é
definido o conjunto de procedimen-
tos de gestão que visam o correto
gerenciamento dos resíduos produ-
zidos no estabelecimento, segundo
as diretrizes traçadas pela Resolução
RDC 306/2004 e Resolução da CO-
NAMA (Conselho Nacional do Meio
Ambiente) 358/2005, a Norma ABNT
NBR 9191/2008 e NBR 7500/2009.
Em relação à questão dos RSS a
atuação da Vigilância Sanitária englo-
ba tanto o acompanhamento quanto a
avaliação dos Planos de Gerenciamen-
to de Resíduos Sólidos, observando,
desta forma, a adequação das etapas
do procedimento, como coleta, trans-
porte, segregação e armazenamento
interno, bem como a verificação das
condições de tratamento e disposi-
ção final dos RSS, com o objetivo
de prevenir danos ao meio ambiente
que podem incidir em riscos à saúde
pública (7).
Desta forma, este estudo tem
como objetivo verificar a importân-
cia e os parâmetros que devem ser
104
utilizados para o descarte de resídu-
os sólidos do serviço de saúde, em
especifico, os gerados em laborató-
rios de análises clínicas. O estudo
também se propõe a observar as
questões inerentes ao tema como os
aspectos ambientais, a classificação
dos RSS os riscos e periculosidade e
descarte inadequado.
Revisão de Literatura
Descarte de Resíduos - Questões
Ambientais
Pela definição da NBR 10004/87 da
ABNT, resíduos sólidos são todos os
resíduos em estado sólido ou semi-só-
lido resultantes de atividades indus-
trial, doméstica, agrícola, se serviços,
de varrição, comercial e hospitalar
(prestadores de serviço á saúde).
Sendo que, os resíduos produzidos
nos estabelecimentos prestadores de
serviços de saúde, são divididos em
quatro grupos: biológicos, químicos,
radioativos e comuns (8).
A ação do homem em seu meio
reflete diretamente no ambiente em
que este se insere, e estão todos
inter-relacionados e associados, na
maioria das vezes, a um mesmo fato
que gera uma sequência em cadeia,
como por exemplo: o aumento dos
cuidados à saúde da população im-
plica em um aumento na geração de
resíduos dos serviços de saúde que,
ao não serem descartados de forma
adequada podem provocar contami-
nação do lençol freático, proliferação
de insetos e disseminação de doenças
que podem ser nocivas á saúde do ser
humano, comprometendo a qualidade
de vida da população (9).
De acordo com a última PNSB rea-
lizada em 2008, o Brasil produz cerca
de 183 toneladas de resíduos sólidos
por ano, destes cerca de 30,7% são
descartados inadequadamente, sendo
que 50,8% dos resíduos sólidos tive-
ram como destino final os vazadouros
a céu aberto (lixões). Em relação ao
destino final dos resíduos sólidos de
serviços de saúde sépticos, 61,1%
foram dispostos em vazadouros ou
aterros juntamente com os demais
resíduos e somente 24,1% destes re-
síduos foram dispostos em aterros es-
pecíficos para resíduos especiais (3).
Os resíduos produzidos pelos es-
tabelecimentos de serviços de saúde
ainda não recebem a devida impor-
tância e tratamento diferenciado
utilizado para descarte dos demais
resíduos urbanos (10).
Geração de Resíduos Sólidos dos
Serviços de Saúde
No Brasil, a atual RDC 306 da
ANVISA de 2004, considera como
geradores de RSS todos os serviços
relacionados ao:
(...) atendimento à saúde humana
ou animal, inclusive os serviços
de assistência domiciliar e de
trabalhos de campo; laboratórios
analíticos de produtos para saúde;
necrotérios, funerárias e serviços
onde se realizem atividades de
embalsamamento (tanatopraxia e
somatoconservação); serviços de
medicina legal; drogarias e farmá-
cias inclusive as de manipulação;
estabelecimentos de ensino e pes-
quisa na área de saúde, centros de
controle de zoonoses; distribui-
dores de produtos farmacêuticos,
importadores, distribuidores e
produtores de materiais e controles
para diagnóstico in vitro; unidades
móveis de atendimento à saúde;
serviços de acupuntura; serviços
de tatuagem, dentre outros simi-
lares (4).
Dentre os estabelecimentos ge-
radores de RSS, destacam-se os
laboratórios de análises clínicas e
patológicas que também contribuem
com a geração desses resíduos, assim
como outros serviços de pequeno
porte, além dos tradicionalmente
conhecidos, como os hospitais (1).
Os resíduos laboratoriais consis-
tem em toda substancia, mistura ou
qualquer tipo de material gerado pelas
atividades relacionadas à rotina de um
laboratório, sendo necessário adotar
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uma série de procedimentos com esses
resíduos para que os mesmos não te-
nham impacto sobre o ambiente quan-
do for procedido seu descarte (11).
Como principais fatores do cresci-
mento progressivo da taxa de geração
de RSS são o contínuo e crescente
aumento da atenção à saúde da popu-
lação e o uso crescente de materiais
descartáveis. O aumento na expecta-
tiva de vida da população brasileira e
a alta e crescente concentração desta
em áreas urbanas somados ao fenô-
meno da descartabilidade são fatores
de extrema relevância no que tange
o aumento na produção dos resíduos
sólidos dos serviços de saúde (10).
Riscos e Periculosidade
Danos ambientais causados pelas
catástrofes naturais, tais como terre-
moto, furacões, maremotos, enchen-
tes, queimadas, são pequenos se com-
parados aos danos cumulativos, como
por exemplo, lixões a céu aberto, ou
depósitos de resíduos em lugares onde
possa haver contaminação, contribuin-
do com o desequilíbrio ambiental (6).
Os vazadouros a céu aberto são
locais de livre acesso. Desta forma,
o descarte de RSS nestes locais tam-
bém se configura em um risco em
potencial para a saúde de catadores
que praticam a reciclagem informal,
aumentando significativamente as pos-
sibilidades de assimilação de doenças
infecto-contagiosas pelas pessoas ex-
postas devido à manipulação de áreas
contaminadas por estes resíduos (1).
Um dos maiores exemplos dos
perigos gerados por descarte inade-
quado de RSS é o acidente com o Cé-
sio 137, ocorrido em 13 de setembro
1987, quando um equipamento de
teleterapia abandonado no interior
das ruínas das antigas instalações
do Instituto Goiano de Radioterapia
foi encontrado por catadores de um
ferro velho do local, que entenderam
tratar-se de sucata. O aparelho foi
desmontado e repassado para tercei-
ros, gerando um rastro de contami-
nação que culminou na morte de 11
pessoas e a contaminação de mais
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600. O acidente foi classificado como
nível 5 (acidentes com consequências
de longo alcance) na Escala Interna-
cional de Acidentes Nucleares (12).
Os RSS gerados em laboratórios
de análises clínicas são compostos de
material biológico e químicos conta-
minados por agentes patogênicos. Os
microrganismos presentes nos resíduos
de serviços de saúde não tratados e dis-
postos em lixões, são fontes potenciais
de contaminação da saúde humana e
ambiental, uma vez que sobrevivem por
tempo considerável nos RSS, a exem-
plo: Entamoeba histolytica (8-10 dias);
Leptospira interrogans (15-43 dias);
Larvas de vermes (25-40 dias); Salmo-
nella typhi (29-70 dias); Poliovírus (20-
170 dias); Mycobacterium tuberculosis
(150-180 dias); Ascaris lumbricoides
(ovos) (2.000-2.500 dias) (9).
Na literatura específica, alguns
autores afirmam que a maioria dos
patogênicos encontrados nos RSS não
sobrevive às altas temperaturas a que
são expostos durante o processo de
fermentação, contudo, alguns micror-
ganismos possuem um tempo médio de
sobrevivência de dias, tais como algu-
mas bactérias (bacilos gram-negativos
entéricos, coliformes, salmonela thyphi,
shiguela sp, bacilos gram-negativos,
pseudomonas sp, cocos gram-positivos,
estreptococos, e staphilococus aureus);
Fungos (cândida albicans); Vírus (pólio
tipo 1, vírus da hepatite A e B, influen-
za, vacina, e vírus entéricos) (7).
A disposição inadequada dos re-
síduos sólidos do serviço de saúde
pode contaminar mananciais de água
potável, tanto superficiais quanto sub-
terrâneos, causando a disseminação de
doenças por meio de vetores que pro-
liferam nestes locais ou que fazem dos
resíduos, fonte de alimentação (10).
Classificação de Resíduos
Os resíduos gerados pelo setor
de prestação de cuidados à saúde se
constituem uma categoria específica
dos resíduos sólidos devido à particu-
laridades que os tornam perigosos em
decorrência da presença de resíduos
biológicos e químicos. Sua periculo-
sidade é decorrente da possibilidade
de constituírem um risco para o am-
biente e especialmente para os seres
vivos pois são possíveis fontes de
propagação de doenças (13).
Conforme a RDC 306 da ANVISA
(4), os resíduos também podem ser
classificados em função da forma de
suas características específicas, cujo
manejo necessita de cuidados e mé-
todos especiais de coleta, transporte
e destinação final. E é neste grupo
que os RSS se inserem, uma vez que
resultam de atividades exercidas e re-
lacionadas com o atendimento à saúde
humana ou animal, bem como com
estabelecimentos de ensino e pesquisa
na área de saúde, entre outros (4).
A preocupação com o meio am-
biente fez com que fossem criadas
novas diretrizes para o descarte de
resíduos sólidos que, até pouco tempo
eram simplesmente descartados, não
havendo maiores preocupações quan-
to à sua destinação. Essa percepção
de que o meio ambiente não possui
capacidade inesgotável de absorver
os rejeitos, a busca pelo aumento de
eficiência e maximização da utilização
de recursos, bem como o surgimento
da legislação ambiental fizeram com
que houvesse uma mudança nesse
paradigma (6).
No Brasil existem diferentes enti-
dades responsáveis pela regulamen-
tação dos resíduos, como a ABNT, o
CONAMA e a ANVISA, os governos
estaduais e municipais, com legisla-
ções próprias e específicas sobre o
gerenciamento dos resíduos de servi-
ços de saúde, estabelecendo normas
para o seu manejo (14).
A regulamentação especifica para
o gerenciamento de resíduos de ser-
viços de saúde é definida pela Reso-
lução RDC 306/2004 e Resolução da
CONAMA 358/2005, que determinam
que todos os estabelecimentos de
saúde geradores de RSS devem ela-
borar e implantar o PGRSS, de forma
a atender aos critérios técnicos, legis-
lação sanitária e ambiental, normas
locais dos serviços de limpeza urbana,
observando todas as etapas do ma-
105
nejo de RSS desde a segregação até
disposição final (15).
O PGRSS consiste no documento
integrante do processo de licencia-
mento ambiental e definido como
sendo um conjunto de procedimentos
de gestão que visam o correto geren-
ciamento dos resíduos produzidos no
estabelecimento. O planejamento e
implementação do PGRSS fica a cargo
do responsável legal do estabeleci-
mento gerador com base em diretrizes
científicas, normativas e legais (16).
A elaboração do Plano de Geren-
ciamento deve ser condizente com o
porte, as atividades desenvolvidas
nos estabelecimentos e as normas
vigentes exigidas, contudo, sua apli-
cabilidade e exequibilidade devem
ser consideradas. A responsabilida-
de da elaboração, desenvolvimento
e implantação do PGRSS cabe aos
dirigentes dos estabelecimentos em
conjunto com o seu corpo técnico,
devendo o mesmo estar de acordo
com os critérios técnicos dos órgãos
oficiais e em concordância com as
legislações de saúde e ambientais em
vigor e, submetidos às autoridades
competentes. Também é necessário
que o PGRSS esteja em consonân-
cia com todos os setores do corpo
funcional do estabelecimento, com
contributos dos segmentos de higie-
nização e limpeza, dos Serviços de
Engenharia de Segurança e Medi-
cina do Trabalho e com a Comissão
de Controle de Infecção Hospitalar,
através de seus responsáveis, nos
casos onde houver obrigatoriedade da
existência destes serviços; devendo,
ainda, estar estreitamente ligados ao
sistema de coleta externa, tratamento
e disposição final dos RSS, vigentes
no âmbito Municipal, Estadual ou no
Distrito Federal (7)
A fase de segregação consiste na
separação dos resíduos no momento
e local de sua geração, de acordo com
suas características físicas, químicas,
biológicas, seu estado físico e os ris-
cos envolvidos (1).
Os resíduos sólidos do serviço
de saúde gerados em laboratórios
106
de análises clínicas que apresentam
riscos à saúde pública e ao meio
ambiente pela presença de agentes
biológicos devem receber tratamento
interno específico. Sendo que, após
o devido tratamento esses resíduos
passam a ter as mesmas caracterís-
ticas dos domiciliares e são dispostos
em aterros sanitários (2).
O tratamento de cada resíduo pos-
sui uma particularidade e um nível de
dificuldade que variam de acordo com
a sua complexidade e a sua composi-
ção. Os RSS do grupo A, que apresen-
tam riscos à saúde pública e ao meio
ambiente pela presença de agentes
biológicos devem receber tratamento
por desativação eletrotérmica (ETD).
Para os resíduos do grupo B (químicos)
o tratamento consiste na desativação
por incineração, obedecendo o sistema
estabelecido pelo CONAMA (14).
De acordo com a NBR 9191/2008 o
acondicionamento dos RSS do Grupo
A (patogênicos) devem ser embalados
em sacos plásticos classe II, contidos
em recipientes sem cantos vivos, do-
tadas de tampa articulada ao corpo,
com acionamento por pedal, cons-
tituídas de material liso, resistente,
lavável e impermeável, de capacidade
nominal compatível ao volume a ser
contido, identificados, saco e lixeira
com a simbologia de substância in-
fectante conforme determinado na
norma NBR 7500/2009 (1).
Resíduos do grupo A, podem sem
classificados em A1, A2, A3 e A4. Os
RSS do Grupo A1, que incluem culturas
e estoques de microrganismos; resídu-
os de fabricação de produtos biológi-
cos; descarte de vacinas de microrga-
nismos vivos ou atenuados; meios de
cultura e instrumentais utilizados para
transferência, inoculação ou mistura
de culturas; resíduos de laboratórios
de manipulação genética; agulhas e
seringas; bolsas transfusionais con-
tendo sangue ou hemocomponentes;
sobras de amostras de laboratório
contendo sangue ou líquidos corpóre-
os; Grupo A2 que incluem carcaças,
peças anatômicas, vísceras e outros
resíduos provenientes de animais;
Grupo A4 que incluem kits de linhas
arteriais, endovenosas e dialisadores,
quando descartados. filtros de ar e
gases aspirados de área contaminada;
membrana filtrante de equipamento
médico-hospitalar e de pesquisa, entre
outros similares devem ser embalados
em saco branco leitoso, que devem ser
substituídos quando atingirem 2/3 de
sua capacidade ou pelo menos 1 vez
a cada 24 horas (15)
RSS do Grupo A3 que incluem
peças anatômicas (membros) do ser
humano; feto sem sinais vitais e Gru-
po A5 que incluem órgãos, tecidos,
fluidos orgânicos, materiais perfuro-
cortantes ou escarificantes devem ser
acondicionados em saco vermelho,
que devem ser substituídos quando
atingirem 2/3 de sua capacidade ou
pelo menos 1 vez a cada 24 horas,
sendo proibido o seu esvaziamento
ou reaproveitamento (15)
Os resíduos do grupo B devem
ser acondicionados de forma isolada,
sendo observadas as exigências de
compatibilidade química dos resíduos
entre si e evitando a reação química.
Os recipientes devem ser constituídos
de material compatível com o resíduo
armazenado, respeitadas as suas
características físico-químicas e seu
estado físico, resistentes, rígidos e
estanques. Os resíduos do Grupo B
em estado sólido e líquido devem ser
acondicionados em embalagens com
capacidade até no máximo 5 Kg e 5
Lt, respectivamente (15).
Os resíduos do grupo C são com-
postos por rejeitos radioativos devem
ser acondicionados de acordo com
as exigências do CNEN (Conselho
Nacional de Energia Nuclear) (1).
Os resíduos do grupo D consistem
em todos os resíduos gerados que,
devido á suas características não ne-
cessitam de processos relacionados
ao acondicionamento, identificação e
tratamento diferenciados, sendo as-
sim, considerados como considerados
resíduos sólidos urbanos (17).
A identificação dos RSS consiste
no conjunto de medidas, que permite
o reconhecimento dos resíduos con-
NewsLab - edição 129 - 2015
tidos nas embalagens e recipientes,
fornecendo informações ao correto
manejo dos resíduos de serviços de
saúde. A identificação dos RSS deve
ser colocada nas embalagens de
forma visível e indelével em todos
os recipientes de coleta interna e ex-
terna, nos recipientes de transporte
interno e externo, bem como nos
locais de armazenamento, utilizando
símbolos, cores e frases, de acordo
com os parâmetros determinados
pelas Normas ABNT NBR 12809/1993
e NBR 7500/2009, além de outras exi-
gências relacionadas à identificação
de conteúdo e ao risco específico de
cada grupo de resíduos (14).
Pode-se utilizar adesivos na identi-
ficação dos sacos de armazenamento
e dos recipientes de transporte, desde
que os mesmos sejam resistentes aos
processos normais de manuseio das
embalagens e recipientes (2).
De acordo com a Norma ABNT
7500/2009 (ABNT, 2009) os grupos
de RSS devem ser identificados da
seguinte maneira:
Os resíduos do Grupo A é identi-
ficado pelo símbolo de substância in-
fectante, com rótulos de fundo branco,
desenho e contornos pretos (18).
Os resíduos do Grupo B devem ser
identificados através do símbolo de
risco associado e com discriminação
de substância química e frases de
risco (18).
Os resíduos do Grupo C é repre-
sentado pelo símbolo internacional
de presença de radiação ionizante
(trifólio de cor magenta) em rótulos
de fundo amarelo e contornos pretos,
acrescido da expressão “Rejeito Ra-
dioativo”(18).
Para os resíduos do Grupo D des-
tinados a reciclagem ou reutilização,
conforme a Resolução do CONAMA
275/2001, a identificação deve ser feita
nos recipientes e nos abrigos de guarda
de recipientes, usando código de cores
e suas correspondentes nomeações (2).
E, de acordo com a NBR 7500/2009,
a identificação do Grupo E deve ser
feita utilizando o símbolo de substân-
cia infectante, com rótulos de fundo
NewsLab - edição 129 - 2015
branco, desenho e contornos pretos,
acrescido da inscrição de “Resíduo
Perfurocortante”, indicando o risco
que esse resíduo apresenta. Os reci-
pientes destes resíduos devem estar
identificados de acordo com símbo-
lo internacional de risco biológico,
acrescido da inscrição de “Perfuro-
cortante” além dos riscos adicionais,
químico ou radiológico (18).
O Transporte Interno I dos RSS
(da geração a sala de resíduos) deve
ser feito após os mesmos estarem
devidamente acondicionados e iden-
tificados e deve ser realizado dentro
do roteiro e horários pré-definidos
de forma que não coincida com ho-
rário de maior fluxo de pessoas e/
ou atividades. Também devem ser
transportados separadamente de
acordo com o grupo de resíduos e em
recipientes específicos a cada grupo.
Sendo que os procedimentos devem
ser realizados de forma que não haja
o rompimento dos recipientes (5).
Os RSS devem ser devidamente
armazenados internamente na pró-
pria unidade geradora, em uma sala
apropriada conforme estabelecido
pela Norma ABNT NBR 12809/1993.
A sala de resíduo tem que estar de
acordo com as Normas e Padrões
de Construções e Instalações de
Serviços de Saúde do Ministério da
Saúde, entre elas a Resolução RDC
ANVISA 50 de 21/02/2002, sendo
que, quando a sala for exclusiva para
o armazenamento de resíduos, deve
possuir a identificação de “Sala de
Resíduos” (1).
O Transporte Interno II dos RSS
(da sala de resíduos ao abrigo ou
central de resíduos) deve obedecer
às especificações técnicas da Norma
ABNT NBR 12810/1993, devendo ser
feito de forma planejada, com menor
percurso, sempre no mesmo sentido,
sem provocar ruídos e evitando locais
com os fluxos de pessoas, alimentos,
medicamentos e outros materiais. A
este também se aplica as mesmas
determinações especificadas para o
Transporte Interno I (5,8).
O armazenamento externo dos RSS
deve ser feito em abrigos construído
exclusivamente para a guarda dos re-
cipientes de resíduos até a realização
da etapa de coleta externa observando
as especificações construtivas dispos-
tas na RDC 50/2002 e Resolução RDC
306/2004 da ANVISA, Resolução CO-
NAMA 358/2005 e das Normas ABNT
NBR 11174/1990, NBR 12235/1992 e
NBR 12809/1993. Entre outras espe-
cificações, o abrigo externo deve: ter
acesso facilitado para os veículos que
realizam a coleta externa; ser restrito
aos funcionários do gerenciamento de
resíduos; ter capacidade para armaze-
namento compatível com o volume de
resíduos gerados e com a periodicidade
de coleta do sistema de limpeza urbana
local (16).
Segundo a RDC 306/2004 a cole-
ta de resíduos de serviços de saúde
deve ser exclusiva e a intervalos não
superiores há 24 horas. Tanto a cole-
ta quanto o transporte externos dos
RSS até a unidade de tratamento ou
disposição final devem ser realizados
de acordo com as normas vigentes
utilizando-se técnicas que garantam
a preservação das condições de acon-
dicionamento e a integridade dos tra-
balhadores, da população e do meio
ambiente, devendo estar de acordo
com as orientações dos órgãos de lim-
peza urbana, sendo que as empresas
coletoras devem possuir certificação
em conformidade com as orientações
do órgão de limpeza urbana (14).
Considerações Finais
Por serem potencialmente perigosos
e infectantes os RSS se configuram
em risco de contaminação ambiental e
disseminação de doenças. Contudo, é
possível prevenir e minimizar os riscos
ao meio ambiente e à saúde humana
realizando seu manejo, tratamento e
descarte de formas adequadas. Sendo
fundamentais o conhecimento e a forma
correta de descarte RSS, bem como a
elaboração e implementação de um
PGRSS eficiente e eficaz.
Durante a elaboração deste artigo
107
também foi observado que há poucos
estudos específicos sobre descarte de
resíduos gerados em laboratórios de
análises clínicas e, dado a sua impor-
tância, faz-se necessário incentivar a
produção de estudos e/ou recomenda-
ções específicas para o gerenciamento
deste tipo de resíduo.
Não existem dados oficiais sobre a
quantidade de RSS gerados no Brasil e
sua destinação final. Dos dados dispo-
níveis sobre à destinação final dos RSS com a finalidade de alertar sobre os
no país, tem-se que: 35,1% são inci- cuidados práticos, bem como sobre a
nerados, 5,8%, autoclavado; 11,5%, regulamentação legal, de forma que se
depositados em vala séptica; 26%, torna um suporte técnico efetivo para
em aterros; 13,2, em lixões; e 5,8%, consulta pública.
submetidos à micro-ondas (JACOB &
BESEN, 2011).
Cabe ressaltar que o presente es-
tudo não tem como objetivo esgotar
todas as vertentes sobre o tema. Sendo
que o mesmo possui cunho jurídico

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108 NewsLab - edição 129 - 2015