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CARTILHA DE

GERENCIAMENTO
DE RESÍDUOS DE
SERVIÇOS DE
SAÚDE (RSS)
MARÇO 2021

anahp
anos

anahp anos
Expediente
CONTEÚDO
Comitê de Sustentabilidade Anahp
Alessandra Azevedo
Ingrid Cicca
Victor Kenzo
Vitor Silva
Larissa Monteiro
Clayton Ribeiro
Marconi Freitas

EDIÇÃO
Érika Souza
Ingrid Cicca

REVISÃO
Ana Paula Machado
Gabriela Nunes

DIAGRAMAÇÃO
Luis Henrique de Souza Lopes

AVISO LEGAL
Este material foi produzido pelo Comitê de Sustentabilidade da Anahp –
Associação Nacional de Hospitais Privados. O documento pode conter
informações confidenciais e/ou privilegiadas. Se você não for o destinatário
ou a pessoa autorizada a receber este documento, não deve usar, copiar
ou divulgar as informações nele contidas ou tomar qualquer ação baseada
nessas informações, sob o conhecimento de que qualquer disseminação,
distribuição ou cópia deste conteúdo é proibida.

MARÇO 2021
SOBRE A ANAHP
A Associação Nacional de Hospitais Privados – Anahp é a entidade
representativa dos principais hospitais privados de excelência do país.
Criada em 11 de maio de 2001, durante o 1º Fórum Top Hospital, em
Brasília, e fundada em 11 de setembro do mesmo ano, a Anahp surgiu para
defender os interesses e necessidades do setor de saúde e expandir as
melhorias alcançadas pelas instituições privadas para além das fronteiras
da saúde suplementar, favorecendo a todos os brasileiros.

Atualmente, a entidade ocupa uma função estratégica no desdobramento


de temas fundamentais à sustentabilidade do sistema. Representante
de hospitais reconhecidos pela certificação de qualidade e segurança
no atendimento hospitalar, a Anahp está preparada para fortalecer o
relacionamento setorial e contribuir para a reflexão sobre o papel da saúde
privada no país.

CONSELHO DE
ADMINISTRAÇÃO
Presidente: Eduardo Amaro | Hospital e Maternidade Santa Joana (SP)
Vice-presidente: Henrique Neves | Hospital Israelita Albert Einstein (SP)

Délcio Rodrigues Pereira | Hospital Anchieta (DF)


Fernando Torelly | Hospital do Coração - HCor (SP)
Henrique Moraes Salvador | Hospital Mater Dei (MG)
Paulo Azevedo Barreto | Hospital São Lucas (SE)
Paulo Chapchap | Hospital Sírio-Libanês (SP)
Paulo Junqueira Moll | Hospital Barra D’Or (RJ)
APRESENTAÇÃO
A Cartilha de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (RSS),
desenvolvida pelo Comitê de Sustentabilidade da Anahp, tem como
objetivo abordar os principais temas e procedimentos relacionados ao
manejo ambientalmente adequado dos resíduos gerados nas atividades
operacionais e administrativas dos estabelecimentos de saúde.

No decorrer deste documento, serão apresentadas orientações gerais


sobre as etapas de gerenciamento como segregação, acondicionamento,
armazenamento, alternativas para tratamento de resíduos, destinação
final, licenças ambientais, documentação, entre outros aspectos.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 6

CONCEITOS EM GESTÃO E GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS 7

BENEFÍCIOS DO GERENCIAMENTO ADEQUADO DE RESÍDUOS 9

CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS 10

ETAPAS DO MANEJO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE (RSS) 12

SEGREGAÇÃO DOS RESÍDUOS 13

ACONDICIONAMENTO 23

RESÍDUOS INFECTANTES 23
RESÍDUOS PERFUROCORTANTES 23
RESÍDUOS QUÍMICOS 23
OUTROS TIPOS DE RESÍDUOS 23

TRATAMENTO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE (RSS) 28

DISPOSIÇÃO FINAL DE RESÍDUOS 31

MONITORAMENTO E RASTREABILIDADE 33

DOCUMENTAÇÃO 34

AUDITORIAS AMBIENTAIS 38

TREINAMENTOS 39

GESTÃO DE INDICADORES 40

REQUISITOS LEGAIS 41

REFERÊNCIAS 45
INTRODUÇÃO
Os hospitais são reconhe-
cidos como instituições
que podem gerar grande
impacto ambiental, pois
operam ininterruptamente
durante todo o ano, sen-
do grandes consumidores
de materiais e de recursos
naturais (água e energia),
além de grandes gerado-
res de resíduos e efluentes
líquidos. Sem atuar com
responsabilidade sobre os
possíveis impactos am-
bientais, a operação de um (consumo de materiais e retamente por atividades
hospital pode contribuir financeiros), evitando des- ligadas ao gerenciamento
fortemente para o esgota- perdícios. de resíduos sólidos. Assim,
mento dos recursos natu- esperamos que estas orien-
rais e mudanças climáticas Dada a relevância do assun- tações sejam úteis para
e, consequentemente, pro- to, a Anahp – Associação o setor e que, de alguma
mover efeitos negativos à Nacional de Hospitais Priva- forma, possa auxiliar no en-
saúde humana. dos, desenvolveu esta carti- tendimento dos principais
lha contemplando concei- aspectos de gestão que
Um dos aspectos ambien- tos, definições, legislações, envolvem o gerenciamento
tais mais relevantes para o tecnologias, procedimentos ambientalmente adequado
setor de saúde é a gestão e melhores práticas de ges- e responsável de resíduos
dos resíduos, tendo em tão de resíduos em confor- de saúde. Entendemos que
vista a importância para a midade com as normas e equipes treinadas, cons-
saúde e segurança dos tra- resoluções ambientais. cientes e atualizadas quan-
balhadores, à saúde pública to a essa temática, bem
em geral e proteção ao meio A publicação foi desenvolvi- como o uso de ferramentas
ambiente. O bom gerencia- da pensando nos gestores de gestão, implementadas
mento de resíduos também e nos profissionais que atu- a partir de bases científicas,
contribui para a melhor am em estabelecimentos técnicas, normativas e le-
eficiência operacional e de assistência à saúde e gais, são fundamentais nes-
melhor gestão de recursos que são responsáveis di- te processo.

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CONCEITOS
EM GESTÃO E
GERENCIAMENTO
DE RESÍDUOS
Dentre os objetivos defi- parágrafo 2º, consta a sição final ambientalmente
nidos na Política Nacio- “não geração, redução, adequada dos rejeitos”, que
nal de Resíduos Sólidos reutilização, reciclagem e corresponde à priorização
(PNRS), estabelecido pela tratamento dos resíduos da gestão dos resíduos con-
Lei 12.305/10, artigo 7º, sólidos, bem como dispo- forme ilustrado a seguir.

Figura 1 | Priorização da gestão dos resíduos

Não geração Redução Reutilização Reciclagem Tratamento Disposição Final

Fonte: Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).

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Cartilha de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (RSS)

Um dos aspectos funda- recursos e redução do des- tos, permitindo aumentar


mentais a serem observa- perdício a partir de revisão a sua vida útil por meio da
dos no processo de ges- de processo de compras. reintrodução no ciclo pro-
tão é a minimização dos dutivo. A PNRS define a
resíduos enviados para os Há algumas alternativas logística reversa como um
aterros, especialmente dos que podem ser utilizadas “instrumento de desenvol-
resíduos perigosos, poten- pelas instituições, como vimento econômico e so-
cializando a reutilização e a a coleta seletiva por meio cial caracterizado por um
reciclagem de materiais, de da segregação adequada conjunto de ações, proce-
forma que sejam redirecio- dos resíduos e melhor pro- dimentos e meios destina-
nados ao ciclo produtivo e cesso de tratamento, pos- dos a viabilizar a coleta e
utilizados para outros fins. sibilitando a redução do a restituição dos resíduos
volume de resíduos desti- sólidos ao setor empresa-
O inventário dos resíduos nados para os aterros sani- rial, para reaproveitamen-
gerados pela instituição é tários. Outra alternativa, a to, em seu ciclo ou em ou-
uma importante ferramen- logística reversa constitui tros ciclos produtivos, ou
ta que auxilia na identifica- em um instrumento para outra destinação final am-
ção de oportunidades de aplicação da responsabili- bientalmente adequada”
redução de resíduos e até dade compartilhada pelo (Lei nº 12.305/10, artigo 3º,
mesmo na otimização de ciclo de vida dos produ- parágrafo 8º).

Logística
reversa

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BENEFÍCIOS DO
GERENCIAMENTO
ADEQUADO DE
RESÍDUOS
O gerenciamento ade- aquática, através de emis-
quado dos resíduos de sões de GEE (Gases de
serviços de saúde confe- Efeito Estufa), como dióxi-
re benefícios como: do de carbono proveniente
do processo de incinera-
• Conformidade legal: ção. Realizar a destinação
que orienta sobre a correta adequada dos resíduos de
segregação, armazenamen- acordo com sua classifica-
to, tratamento, transporte ção, conforme especifica-
e disposição final dos resí- do no item a seguir Classifi-
duos de saúde. No Brasil, há cação de resíduos, e dentro perigosos. Assim, as boas
um conjunto de leis e nor- das condições de segu- práticas em gestão de re-
mas que orientam sobre as rança preconizadas pelas síduos, em todas as suas
diretrizes para a gestão de legislações, torna a gestão etapas, podem contribuir
resíduos sólidos da saúde de resíduos mais eficiente, para a redução de despe-
(confira na página 43). consequentemente, cau- sas e desperdícios;
sando menos impacto ao
• Impacto ambiental: meio ambiente. • Impacto social: o ma-
os resíduos hospitalares nuseio correto de resíduos
podem ser prejudiciais ao • Impacto financeiro: reduz o risco de exposição
meio ambiente e o seu tra- os custos associados aos e lesões a profissionais da
tamento pode envolver uso resíduos hospitalares in- saúde e pacientes, e a dis-
intensivo de energia (como fecciosos podem ser cin- seminação de micro-orga-
autoclavagem) ou promo- co vezes maiores do que nismos contaminantes no
ver poluição do ar, solo ou a de outros resíduos não meio ambiente.

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CLASSIFICAÇÃO
DOS RESÍDUOS
A classificação é uma etapa A n o r m a A B N T N BR a estrutura e composi-
muito relevante no processo 10004:2004 c l a ssi - ção química;
de gerenciamento de resídu- f i c a o s re s í d uo s e m :
os, pois auxilia as etapas se- C l a s s e I – P e r i go so s a possibilidade de apro-
guintes do processo como e C l a s s e I I – Nã o p e - veitamento para trans-
segregação, identificação, r i g o s o s . N e s s a cl a s- formação;
acondicionamento, armaze- s i f i c a ç ã o s ã o l eva do s
namento, coleta, transporte e m c o n s i d e ra ç ã o o s os potenciais riscos
e disposição final ambiental- s e gu i n t e s a s p e c t o s : existentes para o meio
mente adequada. ambiente.

Resíduos

Classe I - Perigoso Classe II - Não perigoso

Capaz de causar dano à saúde


humana ou ao meio ambiente

Apresentam características como: II A - Não inertes II B - Inertes

Infamabilidade Podem ter São resíduos que não


Corrosividade propriedades como: se degradam ou não se
decompõem quando
Reatividade
Biodegrabilidade dispostos no solo, como
Toxicidade restos de construção,
Combustibilidade
Patogenicidade entulho de demolição,
Solubilidade em água pedras e areia de
escavação

Fonte: ABNT NBR 10004:2004.

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Cartilha de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (RSS)

Exemplos de resíduos por classe

Resíduos Classe

Resíduos de serviços de saúde (infectante, químico e perfurocortante) Classe I


Pilhas e baterias Classe I
Cartuchos de impressora Classe I
Lâmpadas fluorescentes Classe I
Miscelâneas contaminadas (estopas, toalhas, EPIs, latas de tinta, filtros de óleo etc.) Classe I

Óleo lubrificante (óleo queimado) Classe I


Recipientes de produtos químicos Classe I
Resíduo oleoso do sistema separador de água e óleo (CSAO) Classe I

Tambor metálico contaminado Classe I


Resíduos de tintas Classe I
Telhas de amianto Classe I

Restos de alimentos Classe II A


Resíduos sanitários Classe II A
Óleo vegetal usado (óleo de cozinha) Classe II A

Gorduras Classe II A
Papel e papelão Classe II A
Orgânico/varrição (restos de comida, papel com gordura) Classe II A

Tijolos Classe II B
Vidros Classe II B
Metais ferrosos Classe II B

Produtos têxteis Classe II B


Entulho da construção civil Classe II B
Polímeros Classe II B

Lona usada (não contaminada) Classe II B

Madeira Classe II B
Sucata de metais ferrosos Classe II B
Sucata de metais não ferrosos Classe II B

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ETAPAS DO MANEJO
DE RESÍDUOS
DE SERVIÇOS DE
SAÚDE (RSS)
Todas as etapas relativas ciamento ambiental de de resíduos, bem como
ao manejo dos resíduos todo e qualquer estabe- de todos os passos para
devem estar descritas no lecimento de saúde. Nele a segregação correta na
Plano de Gerenciamento deverão constar todos os fonte geradora, acondicio-
de Resíduos de Serviços processos utilizados pelo namentos, coletas, arma-
de Saúde (PGRSS). O do- estabelecimento de saú- zenamentos, transportes,
cumento é parte integran- de para a não-geração ou reciclagens, tratamentos e
te do processo de licen- minimização de geração disposições finais.

Exemplo etapas de manejo de RSS

Segregação Armazenamento externo

Coleta interna II Coleta externa


Acondicionamento

Armazenamento Tratamento
temporário
Identificação

Coleta interna I Disposição final

Fonte: Figura baseada no modelo apresentado na dissertação de ALMEIDA (2003).

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SEGREGAÇÃO
DOS RESÍDUOS
A segregação dos resídu- rísticas físicas, químicas, 358/2005, estabelecem
os consiste na separação biológicas, o seu estado que os resíduos de serviços
dos resíduos no momento físico e os riscos envolvi- de saúde devem ser clas-
e local de sua geração, de dos. As resoluções ANVISA sificados em cinco grupos,
acordo com as caracte- RDC 222/2018 e CONAMA conforme citação a seguir:

Classificação dos resíduos de serviços de saúde

Classe Grupo
(ABNT NBR 10004:2004) (RDC 222/2018) Característica

Potencialmente infectantes: resíduos com a possível presença


de agentes biológicos que, por suas características, podem apre-
sentar risco de infecção. O Grupo A subdivide-se em: A1, A2, A3, A4
Classe I A
e A5, de acordo com os riscos relacionados à presença de agentes
biológicos (ANVISA, 2018). O subgrupo A2 não se aplica aos servi-
ços de assistência à saúde humana, mas a de animais.

Químicos: resíduos contendo produtos químicos que apresentam


periculosidade à saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo
Classe I B de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reativi-
dade, toxicidade, carcinogenicidade, teratogenicidade, mutageni-
cidade e quantidade.

Rejeitos radioativos: qualquer material que contenha radionuclí-


Competência deo em quantidade superior aos níveis de dispensa especificados
C
exclusiva da CNEN em norma da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e para
os quais a reutilização é imprópria ou não prevista.

Comuns: resíduos que não apresentam risco biológico, químico ou


Classe II A D radiológico à saúde ou ao meio ambiente, podendo ser equiparados
aos resíduos domiciliares e com grande potencial de reciclagem.

Classe I E Perfurocortantes: materiais perfurocortantes ou escarificantes.

Fonte: ANVISA (2018) e ABNT (2004).

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Cartilha de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (RSS)

CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE (RSS)

Os resíduos potencialmen- à saúde pública e ao meio térias, fungos, vírus, micro-


te infectantes são aqueles ambiente devido à presença plasmas, príons, parasitas ou
que podem apresentar risco de agentes biológicos (bac- outros organismos).

Subgrupo A Tipos de resíduos gerados

Culturas e estoques de micro-organismos.

Resíduos de fabricação de produtos biológicos, exceto os medicamen-


tos hemoderivados.

Descarte de vacinas de micro-organismos vivos, atenuados ou inativados;


meios de cultura e instrumentais utilizados para transferência, inoculação
ou mistura de culturas; resíduos de laboratórios de manipulação genética.

Resíduos resultantes da atividade de ensino e pesquisa ou atenção à


saúde de indivíduos ou animais, com suspeita ou certeza de contami-
A1 nação biológica por agentes classe de risco 4; micro-organismos com
relevância epidemiológica e risco de disseminação ou causador de do-
ença emergente que se torne epidemiologicamente importante ou cujo
mecanismo de transmissão seja desconhecido.

Bolsas transfusionais contendo sangue ou hemocomponentes rejeita-


das por contaminação, por má conservação, ou com prazo de validade
vencido, e aquelas oriundas de coleta incompleta.

Sobras de amostras de laboratório contendo sangue ou líquidos cor-


póreos, recipientes e materiais resultantes do processo de assistência
à saúde, contendo sangue ou líquidos corpóreos na forma livre.

Carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos provenientes de


animais submetidos a processos de experimentação com inoculação
de microrganismos, bem como suas forrações, e os cadáveres de ani-
A2 mais suspeitos de serem portadores de microrganismos de relevância
epidemiológica e com risco de disseminação, que foram submetidos
ou não a estudo anatomopatológico ou confirmação diagnóstica.
Não há geração em ambiente hospitalar.

Peças anatômicas (membros) do ser humano; produto de fecundação


sem sinais vitais, com peso menor que 500 gramas, estatura menor que
A3 25 centímetros ou idade gestacional menor que 20 semanas, que não
tenham valor científico ou legal e não tenha havido requisição pelo pa-
ciente ou seus familiares.

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Cartilha de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (RSS)

Kits de linhas arteriais, endovenosas e dialisadores, quando descartados.

Filtros de ar e gases aspirados de área contaminada; membrana fil-


trante de equipamento médico-hospitalar e de pesquisa, entre ou-
tros similares.

Sobras de amostras de laboratório e seus recipientes contendo fezes,


urina e secreções, provenientes de pacientes que não contenham e nem
sejam suspeitos de conter agentes classe de risco 4, e nem apresentem
relevância epidemiológica e risco de disseminação, ou micro-organismo
causador de doença emergente que se torne epidemiologicamente im-
A4 portante ou cujo mecanismo de transmissão seja desconhecido ou com
suspeita de contaminação com príons.

Resíduos de tecido adiposo proveniente de lipoaspiração etc.

Recipientes e materiais resultantes do processo de assistência à saúde,


que não contenha sangue ou líquidos corpóreos na forma livre.

Peças anatômicas (órgãos e tecidos), incluindo a placenta, e outros re-


síduos provenientes de procedimentos cirúrgicos ou de estudos anato-
mopatológicos ou de confirmação diagnóstica.

Bolsas transfusionais vazias ou com volume residual pós transfusão.

Órgãos, tecidos e fluidos orgânicos de alta infectividade para príons, de


casos suspeitos ou confirmados, bem como quaisquer materiais resul-
A5 tantes da atenção à saúde de indivíduos ou animais, suspeitos ou con-
firmados, e que tiveram contato com órgãos, tecidos e fluidos de alta
infectividade para príons.

Fonte: ANVISA RDC 222/2018.

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Cartilha de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (RSS)

Acondicionamento

São exemplos de recipien- tificação é imprescindível. envolvidos diretamente


tes para acondicionamen- Tanto os sacos quanto no gerenciamento de re-
to de resíduos: lixeiras, os recipientes usados no síduos com informações
tambores, bombonas, sa- acondicionamento dos para o correto manejo
cos de lixo, big bag, sacos resíduos devem estar de- nas etapas de coleta in-
de ráfia, caçambas, entre vidamente identificados, terna e externa dos RSS,
outros. O recipiente a ser com símbolos, cores e em consonância com as
adotado dependerá das frases pré-estabelecidas, resoluções da ANVISA
características do resíduo que subsidiam os profis- RDC 222/2018 e CONAMA
gerado e sua correta iden- sionais de saúde e aqueles 358/2005.

Sacos Recipientes

Devem ser constituídos de material re- Devem ser resistentes o suficiente às


sistente a ruptura e vazamento, imper- ações de punctura, ruptura e para evi-
meável, respeitando a capacidade de tar vazamentos, e compatíveis com a
armazenamento de cada saco. geração diária de cada tipo de resíduo.

Sob hipótese alguma os sacos devem Os resíduos líquidos devem ser acon-
ser reaproveitados ou esvaziados. dicionados em recipientes resistentes,
rígidos e estanques, com tampa ros-
Quanto à cor do saco para os resíduos queada e vedante e compatível com o
infectantes (Grupo A), o uso deve es- líquido armazenado.
tar embasado nos art. 15 e 16 da RDC
222/2018.

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Cartilha de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (RSS)

QUÍMICOS (GRUPO B)

A RDC n° 222/2018 e cas que podem apresentar de, reatividade e toxicidade


CONAMA n° 358/2005 risco à saúde pública e ao (Classe I – Perigosos). São
definem os resíduos quí- meio ambiente devido às exemplos de resíduos quí-
micos como aqueles que suas características de in- micos estes listados na ta-
contêm substâncias quími- flamabilidade, corrosivida- bela a seguir:

Área geradora Resíduos químicos (Grupo B)

Resíduos farmacêuticos: produtos hormonais; antimicro-


bianos; citostáticos e antineoplásicos.

Medicamentos vencidos, interditados, não utilizados, alte-


Farmácia / Arsenais / rados e impróprios para o consumo.
Almoxarifados
Imunomoduladores; digitálicos; antirretrovirais e os resídu-
os e insumos farmacêuticos dos medicamentos
controlados pela Portaria MS nº 344/1998.

Hotelaria / Higiene / Produtos de higiene e limpeza: resíduos de saneantes,


Governança desinfetantes e resíduos contendo metais pesados.

Efluentes de equipamentos: efluentes dos equipamen-


tos automatizados utilizados em análises clínicas.
Laboratórios de
análises clínicas Resíduos de laboratórios: reagentes de laboratórios, in-
clusive os recipientes contaminados por estes.

Outras áreas Demais produtos considerados perigosos: conforme


(Manutenção, classificação da NBR 10.004/2004 dependendo de suas
Engenharia Clínica etc.) características de inflamabilidade (ex.: éter), corrosividade
(ex.: ácidos e bases), reatividade e toxicidade.

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Cartilha de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (RSS)

Riscos químicos

O manuseio, a embalagem, e encaminhados para reci- No rótulo do produto;


a rotulagem, o transporte clagem. Já os classificados
e a destinação final do re- como perigosos, a segre- Nas FISPQ’s ou MSDS
síduo dependem de suas gação deve ser feita com (Fichas de Informação
características de pericu- base na compatibilidade de Segurança de Pro-
losidade. Os resíduos quí- química e na destinação. dutos Químicos);
micos podem ser classifi- As informações relaciona- Em frases de Risco e
cados como não perigosos das aos riscos químicos Segurança;
e perigosos. Os não perigo- e orientações quanto ao
Pictogramas;
sos devem ser segregados, descarte adequado po-
embalados, identificados dem ser obtidas: Código NFPA etc.

Exemplos de pictogramas de risco

Explosivo Inflamável Oxidante Gás sob pressão

Tóxico Corrosivo Perigo Cuidado Poluente

Exemplos de produtos químicos perigosos

Éteres, hidrocarbonetos, isopropanol, tintas, removedo-


Inflamável res, desengraxante, acetato de metila, base seladora, pa-
raformol 4%.

Hidróxido de amônio, hidróxido de sódio e hipoclorito de


Corrosivo
sódio, ácidos.

Acetona, formaldeído, xilol, glutaraldeído, brometo de
Tóxico e
inflamável etídio, éter etílico, acrilamida, beta mercapto, ciclofosfa-
mida, fenol etc.

Reativo Peróxido de hidrogênio.

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Cartilha de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (RSS)

COMUNS (GRUPO D)

Os resíduos comuns res- à saúde ou ao meio am- ministrativas constituem


pondem pela maior parte biente e devem ser segre- resíduos comuns. Caso um
dos resíduos gerados na gados considerando o po- resíduo comum venha a ser
prestação de serviços de tencial de reciclagem. São contaminado com resíduo
assistência à saúde; são resíduos similares ao lixo perigoso, torna-se igual-
aqueles que não apresen- doméstico ou aos Resídu- mente perigoso e deve ser
tam qualquer risco biológi- os Sólidos Urbanos (RSU); tratado e destinado ade-
co, químico ou radiológico os resíduos das áreas ad- quadamente.

Lista de materiais recicláveis e não recicláveis (rejeito)

Materiais Reciclável (coleta seletiva) Não reciclável (aterro sanitário)

Jornais Papel carbono


Revistas Celofane
Cadernos Papel plastificado
Livros Papel vegetal
Papéis de escritório Papéis sujos e guardanapos
Embalagens Papel higiênico

PAPEL Papelão Etiquetas adesivas


Longa Vida (Tetra Pak®) Fotos
Embalagens secundárias de
medicamentos não contami-
nadas (devem ser obrigato-
riamente descaracterizadas,
conforme art. 62 da RDC
222/2018)

Plásticos em geral Espumas


Sacos e sacolas Isopor
Potes e tampas Acrílico
Garrafas PET Adesivos

PLÁSTICO Embalagens de produtos de Tomadas


limpeza (desde que não clas-
Embalagens com material
sificados como resíduos quí-
corrosivo e tóxico
micos, conforme citado na
página 18)
Mantas de SMS

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Cartilha de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (RSS)

Latas em geral Latas de aerossol


Peças de alumínio, cobre, Latas de tinta
chumbo e bronze
Pilhas e baterias
Fios
Esponjas de aço
METAL Pequenas sucatas de metal
Grampos e clipes

Garrafas Espelhos
Frascos em geral Porcelana e cerâmica
Copos Lâmpada
VIDRO Cacos Cristal e vidro plano
Folhas

Flores
Sementes
Ossos
ORGÂNICO Sobras de alimentos
Restos de podas de árvore e
jardinagem

PLÁSTICO ORGÂNICO PAPEL METAL


VIDRO

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Cartilha de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (RSS)

PERFUROCORTANTES (GRUPO E)

Os materiais perfurocor- ruptura e vazamento com contendo a simbologia de


tantes ou escarificantes simbologia de substância infectante.
tais como lâminas de infectante.
barbear, agulhas, escal- Esses resíduos, estando
pes, ampolas de vidro, Devem ser segregados e com sobra de medicamen-
brocas, lâminas de bistu- acondicionados, no local tos classificados como
ri, pontas diamantadas, de geração, imediata- perigosos, devem ser acon-
lancetas etc. devem ser mente após o uso em re- dicionados em recipiente
descartados em recipien- cipiente rígido, estanque, rígido de cor laranja, estan-
tes identificados, rígidos, resistente a punctura, que, vedado e identificado
providos com tampa, ruptura e vazamento, im- com a simbologia de subs-
resistentes à punctura, permeável, com tampa, tância tóxica.

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Cartilha de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (RSS)

OUTROS TIPOS DE RESÍDUOS

Explantes

Antes de abordar especifi- químico ou radioativo, rompida e retida antes


camente sobre o descarte podendo ser enca- da entrega”.
de explantes é importante minhados para trata-
ter a compreensão da de- mento de acordo com Em hipótese alguma
finição de um implante, a RDC 15/2012. Esses o material deverá ser
que consiste em um dis- materiais devem per- enviado para coopera-
positivo médico feito para manecer sob a guarda tivas de catadores de-
substituir ou atuar como da área responsável nominadas “ferro ve-
uma estrutura biológica em local seguro até a lho”, conforme a RDC
ausente no corpo. Esse etapa de coleta para 15/2012. Especial aten-
dispositivo pode ser de tratamento externo. ção deve ser dada aos
uso permanente ou tem- artigos constituídos
porário, que nesse caso Caso o material venha por mais de uma peça.
deixa de ser necessário, a ser requerido pelo Eles deverão ser des-
por exemplo, após a con- paciente, a entrega de- montados de forma
solidação de uma fratura. verá ser feita através que inviabilize, poste-
Dessa forma, o explante de solicitação formal riormente, montagem
consiste na retirada de e entregue mediante do produto, conforme
um implante através de assinatura em Termo o § 2º da RDC 15/2012:
procedimento cirúrgico. de Recebimento, de “Os explantes cons-
acordo com o art. 110 tituídos de compo-
As etapas para o trata- da RDC 15/2012: “O nentes desmontáveis,
mento de explantes, con- material explantado após a esterilização,
siste em: poderá ser entregue não devem ser acon-
ao paciente mediante dicionados na mesma
Após a retirada do im- solicitação formal”. Ao embalagem, de forma
plante do paciente por entregar o material re- a impedir a remonta-
procedimento cirúrgi- querido para o pacien- gem do produto”.
co, os materiais deve- te, a embalagem de
rão ser encaminhados esterilização deverá O material poderá ser
para a Central de Ma- ser rompida, conforme enviado para recicla-
terial e Esterilização § 2º da RDC 15/2012: “A gem desde que a em-
(CME) para o procedi- entrega dos explantes presa esteja devida-
mento de limpeza, se- deverá ser precedida mente licenciada para
guido de esterilização. de assinatura de ter- tal atividade e o esta-
Concluída essa etapa, mo de recebimento belecimento de saúde
os artigos são con- e responsabilidade e mantenha registros dos
siderados materiais a embalagem de es- itens que foram envia-
sem risco biológico, terilização deverá ser dos para reciclagem.

22
ACONDICIONAMENTO
Resíduos infectantes

O art. 16 da RDC
222/2018 estabelece
que sempre que hou-
ver a obrigação do tra-
tamento dos RSS do
Grupo A, estes devem
ser acondicionados em
sacos vermelhos com
simbologia de risco bio-
lógico. O saco vermelho Resíduos químicos de forma a não possibili-
pode ser substituído tar vazamentos;
pelo saco branco leitoso Para o acondicionamen-
com simbologia de risco to seguro de substâncias Embalagens vazias de
biológico sempre que as químicas, o recipiente produtos químicos pe-
regulamentações esta- deve atender aos seguin- rigosos devem ser tra-
duais, municipais ou do tes critérios: tados da mesma forma
Distrito Federal exigi- que a substância que
rem o tratamento indis- Ser quimicamente com- as contaminou.
criminado de todos os patível com a substân-
RSS do Grupo A, exceto cia a ser acondicionada;
para acondicionamento
dos RSS do subgrupo A5. Ser estanque, ou seja, ter Outros tipos de
capacidade de conter os resíduos químicos
Em relação aos resíduos resíduos em seu interior;
do Grupo A que não pre- Ainda em relação aos resídu-
cisam ser obrigatoria- Ter resistência física a os químicos, citamos a seguir
mente tratados, confor- pequenos choques; alguns tipos comumente pre-
me art. 15 da resolução, sentes no setor de manuten-
devem ser acondiciona- Ter durabilidade; ção dos estabelecimentos
dos em saco branco lei- de saúde e que, devido ao ris-
toso com simbologia de As embalagens conten- co à saúde pública e ao meio-
risco biológico, a exem- do resíduos químicos -ambiente, faz-se necessário
plo dos resíduos do sub- perigosos devem estar alguns cuidados especiais,
grupo A4. íntegras e bem vedadas, detalhados a seguir.

23
Cartilha de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (RSS)

Baterias

As baterias de chumbo-áci- de chumbo e ácido sulfúrico. tas três substâncias, alguns


do possuem no seu interior Tendo em vista o significativo cuidados essenciais estão
chumbo metálico, peróxido impacto à saúde humana des- descritos na tabela abaixo.

Manuseio Acondicionamento Armazenamento Transporte

Evite inclinar as ba- Acondicione as ba- Empilhe as baterias Ao realizar o trans-


terias para que não terias que apresen- sempre na posição porte de baterias
ocorra vazamen- tarem vazamento, horizontal, preferen- usadas, isolar os ter-
to do ácido, bem rachaduras ou au- cialmente sobre pa- minais utilizando fita
como não remova sência de tampa em letes e longe de ob- isolante.
ou quebre a tampa recipientes fecha- jetos metálicos para
da bateria. dos, à prova d’água e evitar o contato de O transporte deve-
resistentes ao ácido. seus terminais. rá ser efetuado por
Não exponha a bate- empresa devida-
ria ao calor. Podem ser usadas Disponha as baterias mente licenciada
embalagens de polie- preferencialmente para tal atividade.
Não movimente as tileno, polipropileno, em uma única ca-
baterias pelos polos. ebonite, resina em mada, pois o empi-
fibra de vidro e vidro. lhamento aumenta o
risco de curto-circui-
Não utilize recipien- to e de vazamento da
tes metálicos, pois solução ácida.
estes reagem com
o ácido. As baterias inservíveis
nunca devem ser ar-
mazenadas próximas
a substâncias incom-
patíveis, conforme
orientações contidas
na FISPQ. Também
não deve haver nas
proximidades nenhu-
ma fonte de ignição
tais como calor, cha-
mas ou faíscas.

Manter material para


neutralizar o eletróli-
to próximo ao local de
armazenamento das
baterias, para uso em
casos emergenciais.

24
Cartilha de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (RSS)

Lâmpadas fluorescentes

São lâmpadas de alta efici- interior mercúrio, sódio ou Podem ser tubulares, circu-
ência que possuem no seu outros vapores metálicos. lares ou compactas.

Manuseio Acondicionamento Armazenamento Transporte

Manuseie com cuida- Preferencialmente, As lâmpadas fluo- Proteja de choques


do e atenção evitan- acondicione em em- rescentes e de des- durante o trans-
do a quebra da lâm- balagem original (ou carga gasosa que es- porte, para evitar
pada fluorescente. em embalagem com tiverem quebradas que as lâmpadas se
maior similaridade deverão ser sepa- quebrem.
possível). radas das demais e
acondicionadas em
Jamais quebre as tambores ou bom-
lâmpadas. bonas com tampa.

Acondicione as
lâmpadas separa-
das dos coletores
de vidros.

25
Cartilha de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (RSS)

Resíduos de equipamentos eletrônicos

Deve-se dar atenção es- podem possuir materiais no meio ambiente, podem
pecial à destinação des- de caráter tóxico ao ser ter esses elementos libe-
ses resíduos, pois seus humano, logo, se lança- rados em solos e cursos
componentes internos dos de maneira indevida da água.

Manuseio Acondicionamento Armazenamento Transporte

Não quebre, picote, Acondicione equi- Não armazene re- O transporte deve-
amasse ou desmonte pamentos e placas síduos eletrônicos rá ser efetuado por
resíduos de equipa- de tamanho peque- a céu aberto ou em empresa devida-
mentos eletrônicos. no em recipientes contato com água mente licenciada
rígidos (ex.: bom- ou outros líquidos. para tal atividade.
Caso esteja visível, bonas, caixas etc.),
remova baterias e para facilitar seu
pilhas dos equipa- manuseio.
mentos eletrônicos
e os descarte con-
forme orientação
específica.

26
Cartilha de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (RSS)

Pilhas e baterias portáteis

Pilhas e baterias, quando o meio-ambiente e para a seu interior. Essas instru-


descartadas de maneira saúde pública, pois podem ções não se aplicam a ba-
indevida, são um risco para possuir metais pesados no terias de chumbo-ácido.

Manuseio Acondicionamento e armazenamento Transporte

Durante o manuseio Todas as pilhas e baterias inservíveis geradas O transporte de-


de grandes quan- nas atividades devem ser depositadas em co- verá ser efetuado
tidades de pilhas e letores internos de cor laranja e devidamente por empresa de-
baterias inservíveis é identificados. vidamente licen-
obrigatório o uso de ciada para tal ati-
EPIs, que devem ser vidade.
recomendados pelo
técnico de segurança
do trabalho do local.

27
TRATAMENTO
DE RESÍDUOS
DE SERVIÇOS DE
SAÚDE (RSS)
Tecnologias de
tratamento serviços de saúde estão tratamento de resíduos
o processo de desinfec- de serviços de saúde
O tratamento de resídu- ção química ou térmica. permitem um encami-
os de serviços de saúde As tecnologias de desin- nhamento dos resíduos
consiste na redução ou fecção mais conhecidas tratados para o circuito
eliminação de contamina- são a autoclavagem, o normal de resíduos sóli-
ção por meio de processo uso do micro-ondas e dos urbanos (RSU), sem
que modifique a caracte- a incineração. Estes re- qualquer risco para a
rística do risco associado cursos alternativos de saúde pública.
ao resíduo. Pode ser feito
diretamente no estabe-
lecimento gerador ou em
outro local devidamen-
te licenciado pelo órgão
competente, observados,
nestes casos, os poten-
ciais de contaminação e as
condições de segurança
para o transporte entre o
estabelecimento gerador
e o local do tratamento.

Entre os tipos de trata-


mento de resíduos de

28
Cartilha de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (RSS)

DESINFECÇÃO TÉRMICA

Autoclave - Admissão de vapor: 3, de acordo com o definido


introdução de vapor na pela EPA. Esse sistema de
A descontaminação com autoclave e aumento gra- tratamento deve estar licen-
utilização de vapor em dual da pressão de forma ciado pelo órgão ambiental
altas temperaturas (au- a criar condições para o competente.
toclavagem) é um trata- contato entre o vapor e os
mento que consiste em resíduos e para destruição Após processados, esses
manter o material conta- de invólucros que limitem o resíduos sólidos tratados
minado em contato com acesso do vapor a todas as devem ser encaminhados
vapor d’água a uma tem- superfícies. para disposição final licen-
peratura elevada, durante ciada pelo órgão ambiental
período suficiente para - Exposição: manutenção competente. Os efluentes
destruir potenciais agen- de temperaturas e pressões líquidos gerados pelo sis-
tes patogênicos ou redu- elevadas durante um deter- tema de autoclavagem de-
zi-los a um nível que não minado período de tempo vem ser tratados, se neces-
constitua risco. até se concluir o processo sário, e atender aos limites
de descontaminação. De de emissão dos poluentes
O processo de autoclava- acordo com a carga a tratar, estabelecidos na legislação
gem inclui ciclos de com- o operador define o tempo e ambiental vigente, antes de
pressão e de descompres- a temperatura de cada ciclo. seu lançamento em corpo
são de forma a facilitar o de água ou rede de esgoto.
contato entre o vapor e os - Exaustão lenta: liberta-
resíduos. Os valores usuais ção gradual do vapor que
de pressão são da ordem passa por um filtro poroso
dos 3 a 3,5 bar e a tem- com uma malha suficien- Micro-ondas
peratura atinge os 135ºC. temente fina para impedir
Este processo tem a van- a passagem de micro-orga- Tratamento com utilização
tagem de ser familiar aos nismos para o exterior da de micro-ondas de baixa
técnicos de saúde, que o autoclave. Diminuição gra- ou de alta frequência é uma
utilizam para processar dual até atingir a pressão de tecnologia relativamente
diversos tipos de materiais 1 atmosfera. recente de tratamento de
hospitalares. O processo resíduos de serviços de saú-
normal de autoclavagem - Arrefecimento da carga: de e consiste na desconta-
comporta basicamente as redução da carga até uma minação dos resíduos com
seguintes operações: temperatura que permita emissão de ondas de alta ou
a retirada dos resíduos da de baixa frequência, a uma
- Pré-vácuo inicial: criam- autoclave. Para verificar as temperatura elevada (entre
-se condições de pressões condições de funcionamen- 95ºC e 105ºC).
negativas de forma que na to dessas unidades pode ser
fase seguinte o vapor entre feito um teste, de forma a ser Os resíduos devem ser
em contato com os resíduos. atingido o nível de inativação submetidos previamente

29
Cartilha de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (RSS)

a processo de trituração e prefixado. O processo se dá No segundo estágio, as tem-


umidificação. Para verificar pela oxidação dos resídu- peraturas chegam a 1.000ºC
as condições de funciona- os com a ajuda do oxigênio – 1.200ºC. Após a incineração
mento dessas unidades contido no ar. dos RSS, os poluentes gaso-
pode ser feito um teste, de sos gerados devem ser pro-
forma a ser atingido o nível A incineração dos resíduos é cessados em equipamento
de inativação 3, de acordo um processo físico-químico de controle de poluição
com o definido pela EPA. de oxidação a temperatu- (ECP) antes de serem libera-
Esse sistema de tratamento ras elevadas que resulta na dos para a atmosfera, aten-
deve estar licenciado pelo transformação de materiais dendo aos limites de emissão
órgão ambiental competen- com redução de volume dos estabelecidos pelo órgão de
te. Após processados, esses resíduos, destruição de ma- meio ambiente. Dentre os
resíduos tratados devem ser téria orgânica, em especial poluentes produzidos des-
encaminhados para aterro de organismos patogênicos. tacam-se ácido clorídrico,
sanitário licenciado pelo ór- ácido fluorídrico, óxidos de
gão ambiental. A concepção de incineração enxofre, óxidos de nitrogênio,
em dois estágios segue os metais pesados, particula-
seguintes princípios: tempe- dos, dioxinas e furanos.
ratura, tempo de resistência
Incineração e turbulência. No primeiro es- No sistema de incineração
tágio, os resíduos na câmara ocorre a geração de cinzas
É um processo de tratamen- de incineração de resíduos e escórias da câmara de
to de resíduos sólidos que se são submetidos a tempe- incineração de resíduos e
define como a reação quí- ratura mínima de 800ºC, outros poluentes sólidos do VIDR

mica em que os materiais resultando na formação de ECP, bem como efluentes lí-
orgânicos combustíveis são gases que são processados quidos gerados da atividade
gaseificados, num período na câmara de combustão. desse sistema de tratamen-
to. Além da emissão atmos-
férica, a incineração gera cin-
zas provenientes da queima.
Essas cinzas e escórias, em
geral, contêm metais pesa-
dos em alta concentração e
não podem, por isso, ir para
aterros sanitários, sendo ne-
cessário um aterro especial
para resíduos perigosos. Os
efluentes líquidos gerados
pelo sistema de incineração
devem atender aos limites
de emissão de poluentes
estabelecidos na legislação
ambiental vigente.

30
DISPOSIÇÃO FINAL
DE RESÍDUOS
As formas de disposição fi- tes líquidos e emissões procedimentos específicos
nal dos resíduos de serviços gasosas. Seu recobrimento de engenharia para o confi-
de saúde atualmente utili- é feito diariamente com ca- namento destes.
zadas são: aterro sanitário, mada de solo, compactada
aterro de resíduos perigo- com espessura de 20 cm,
sos Classe I (para resíduos para evitar proliferação de
industriais, resíduos quími- moscas; aparecimento de Lixão ou vazadouro
cos etc.), aterro controlado, roedores, moscas e baratas;
lixão ou vazadouro e valas. espalhamento de papéis, Este é considerado um mé-
lixo, pelos arredores; polui- todo inadequado de dispo-
ção das águas superficiais e sição de resíduos sólidos e
subterrâneas. se caracteriza pela simples
Aterro sanitário descarga sobre o solo, sem
O principal objetivo do medidas de proteção ao
É um processo utilizado aterro sanitário é dispor os meio ambiente e à saúde.
para a disposição de re- resíduos no solo de forma A ação é altamente prejudi-
síduos sólidos no solo de segura e controlada, garan- cial devido ao aparecimen-
forma segura e controlada, tindo a preservação am- to de vetores indesejáveis,
garantindo a preservação biental e a saúde. mau cheiro, contaminação
ambiental e a saúde pública. das águas superficiais e
subterrâneas, presença de
O sistema está funda- catadores, risco de explo-
mentado em critérios de Aterro de resíduos sões, devido à geração de
engenharia e normas ope- perigosos - Classe I gases (CH4) oriundos da
racionais específicas. Este (aterro industrial) degradação do lixo.
método consiste na com-
pactação dos resíduos em Técnica de disposição fi-
Importante! O Projeto de
camada sobre o solo devi- nal de resíduos químicos
Lei nº 4162/2019, em trami-
damente impermeabiliza- no solo, sem causar danos tação no Senado Federal,
do (empregando-se, por ou riscos à saúde pública, estabelece novos prazos,
exemplo, um trator de estei- minimizando os impactos entre 2021 e 2024, para o
encerramento dos lixões.
ra) e no controle dos efluen- ambientais e utilizando

31
Cartilha de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (RSS)

Aterro controlado da ABNT, é chamada de teriormente, ser usada


Célula Especial de RSS na cobertura diária dos
Trata-se de um lixão melho- e é empregada em pe- resíduos. Os veículos de
rado. Neste sistema os resí- quenos municípios. Con- coleta depositam os resí-
duos são descarregados no siste no preenchimento duos sem compactação
solo, com recobrimento de de valas escavadas im- diretamente no interior
camada de material inerte, permeabilizadas, com da vala e, no final do dia,
diariamente. Esta forma largura e profundidade é efetuada sua cobertura
não evita os problemas de proporcionais à quanti- com terra, podendo ser
poluição, pois é carente de dade de lixo a ser ater- feita manualmente ou
sistemas de drenagem, tra- rada. A terra é retirada por meio de máquinas.
tamento de líquidos, gases, com retroescavadeira
impermeabilização etc. ou trator que deve ficar
próximo às valas e, pos-

Valas sépticas

Esta técnica, com a im-


permeabilização do solo
de acordo com a norma

32
MONITORAMENTO
E RASTREABILIDADE
Para atendimento da cor- trole documental e au- mas sempre tendo em
responsabilidade pelos ditorias in loco. Com um mente o grau de risco a ser
resíduos gerados prevista check list definido e cri- submetido.
na Política Nacional de Re- térios estabelecidos, ava-
síduos Sólidos, é necessá- liando o nível de compro- Hoje, há disponível no
rio monitorar toda a cadeia metimento dos parceiros mercado dispositivos de
de destinação de resíduos. e fornecedores com a rastreabilidade de cami-
Desde os procedimentos legislação ambiental. No nhões, mas, na impos-
internos de segregação entanto, é possível ir além, sibilidade de adotá-los,
e acondicionamento, o checando também a le- é possível incorporar
transporte correto e res- gislação trabalhista, se- pequenas ações, como
ponsável até a destinação gurança do trabalho, res- acompanhar um cami-
adequada deve ser garan- ponsabilidade social, boas nhão de resíduos por
tido pelo gerador. Assim práticas, entre outros. amostragem para verifi-
sendo, é importante de- car o seu percurso, soli-
senvolvermos procedi- A partir desta primeira citar um relatório fotográ-
mentos próprios que as- avaliação, é possível aju- fico, ou seja, há diversas
segurem o monitoramento dar no desenvolvimento formas de buscar uma
destes serviços. de fornecedores, abrindo destinação de resíduos
planos de ações para ade- correta e que vai além das
O monitoramento pode quar possíveis não con- responsabilidades das
ser feito através do con- formidades encontradas, instituições de saúde.

33
Cartilha de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (RSS)

DOCUMENTAÇÃO

Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS)

A elaboração do PGRSS é considerar a compatibili- características e riscos,


obrigatória e deve ser feita dade com as normas locais no âmbito dos estabele-
conforme as resoluções da relativas à coleta, ao trans- cimentos, devem estar
ANVISA RDC nº 222/2018, porte e à disposição final contempladas no PGRSS.
CONAMA nº 358/2005, nor- estabelecidas pelos órgãos Conforme o art. 7º da RDC
mas do Ministério do Tra- locais responsáveis por es- 222/2018, o PGRSS deve
balho e Emprego (NR-32), sas etapas. ser monitorado e mantido
entre outras. Além destas atualizado, conforme pe-
regulamentações, a unida- Todas as etapas relativas riodicidade definida pelo
de geradora de resíduos ao gerenciamento dos re- responsável por sua elabo-
de serviços de saúde deve síduos, observadas suas ração e implantação.

Etapas Etapas
intraestabelecimento extraestabelecimento

Classificação/segregação Coleta externa

Acondicionamento/identificação Transporte externo

Coleta interna Tratamento


extraestabelecimento

Armazenamento temporário
Disposição final

Tratamento intraestabelecimento
(quando necessário)

Abrigo externo

34
Cartilha de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (RSS)

Responsabilidades - PGRSS

O estabelecimento de 222/2018, o responsável implantação, implemen-


saúde deve indicar, con- legal ou técnico perante o tação e monitoramento
forme art. 10 da RDC processo de elaboração, do PGRSS.

Importante!

Embora a RDC 222/2018 não cite diretamente a obrigatoriedade do


responsável técnico, tal abordagem consta em outros requisitos le-
gais, a saber:

CONAMA 358/2005:

- Art. 5º “O PGRSS deverá ser elaborado por profissional de nível su-


perior, habilitado pelo seu conselho de classe, com apresentação de
Anotação de Responsabilidade Técnica - ART, Certificado de Respon-
sabilidade Técnica ou documento similar, quando couber.”

- Art. 3º “Cabe aos geradores de resíduos de serviço de saúde e ao


responsável legal, referidos no art. 1º desta Resolução, o gerencia-
mento dos resíduos desde a geração até a disposição final, de forma
a atender aos requisitos ambientais e de saúde pública e saúde ocu-
pacional, sem prejuízo de responsabilização solidária de todos aque-
les, pessoas físicas e jurídicas que, direta ou indiretamente, causem
ou possam causar degradação ambiental, em especial os transporta-
dores e operadores das instalações de tratamento e disposição final,
nos termos da Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981.”

LEI 12.305/2010

- Art. 22 “Para a elaboração, implementação, operacionalização e


monitoramento de todas as etapas do plano de gerenciamento de
resíduos sólidos, nelas incluído o controle da disposição final am-
bientalmente adequada dos rejeitos, será designado responsável
técnico devidamente habilitado.”

35
Cartilha de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (RSS)

Manifesto de Transporte de Resíduos (MTR)

As etapas de coleta e trans- formados dados relativos Os demais procedimen-


porte externo dos resíduos ao gerador, tipo e quantida- tos, como a emissão do
devem ser controladas atra- de dos resíduos, dados do Certificado de Destinação
vés do Manifesto de Trans- transportador e do local de Final (CDF) é emitido pelo
porte de Resíduos (MTR). destinação ou disposição receptor (destinatário fi-
final. Uma via impressa do nal). O documento eletrô-
O gerador é o responsável MTR deverá acompanhar nico deve permanecer em
pela emissão do MTR. No o transporte, apenas para arquivo pelo prazo míni-
documento devem ser in- fins de fiscalização. mo de cinco anos.

Gerador emite MTR

Transportador

Destinador final

36
Cartilha de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (RSS)

Importante!

A emissão de MTR Eletrônico passou a ser legalmente exigido em


todo o território nacional desde 1º de janeiro de 2021, conforme Por-
taria MMA nº 280, de 29 de junho de 2020 (DOU de 30/06/2020 Se-
ção I Pág. 95).

Para os estados que já dispunham de ferramenta on-line, a exem-


plo do Rio de Janeiro (INEA) e São Paulo (SIGOR), os procedimentos
quanto à geração do MTR não foram alterados. Permanece o mesmo,
ou seja, MTR sendo gerado nos sistemas locais. Para as demais regi-
ões que não dispõem de sistema eletrônico, deverá ser usado exclu-
sivamente o Sistema de Informações sobre a Gestão dos Resíduos
Sólidos - Sinir.

Para mais informações, acesse o site do Sistema de Informações so-


bre a Gestão dos Resíduos Sólidos - Sinir (https://sinir.gov.br/ )

Certificado de Destinação Final (CDF)

A empresa responsável serviço, o Certificado de documento deve perma-


pela destinação final deve Destinação Final a partir do necer em arquivo pelo pra-
emitir, após a prestação do recebimento do resíduo. O zo mínimo de cinco anos.

37
AUDITORIAS
AMBIENTAIS

A importância das auditorias ambientais internas e externas

A ABNT NBR ISO 9000 As auditorias ambientais Prevenção de aciden-


define a auditoria como podem ser realizadas tes ambientais;
sendo um processo sis- objetivando a avalia-
temático, independente ção do estabelecimento Assessoramento aos
e documentado para ob- de saúde em relação às gestores na imple-
ter evidência objetiva em fontes de poluição, efi- mentação de melho-
relação a certos requisi- ciência dos sistemas de rias na qualidade am-
tos estabelecidos a fim controle de poluentes, biental da instituição;
de avaliá-los. Pode ser riscos, legislação e de-
interna (primeira parte), sempenho ambientais. Avaliação, controle e
ou seja, executada dire- Quando os critérios das redução do impacto
tamente pela empresa, auditorias são os requisi- ambiental das ativi-
ou externa (segunda ou tos da legislação vigente, dades;
terceira parte), avaliada atribui-se como audito-
por terceiros (auditores ria de conformidade le- Minimização dos re-
independentes) e requer gal ambiental. Dentre os síduos, efluentes lí-
o uso de metodologia principais objetivos da quidos e emissões
para aplicação. auditoria ambiental de atmosféricas gerados
conformidade legal des- pela instituição;
As diretrizes para a im- tacam-se:
plementação de pro- Estímulo ao uso de
gramas de auditorias A provisão de infor- tecnologias limpas e
internas ou externas de mação à alta admi- de matérias-primas
sistema de gestão de nistração da institui- menos agressivas ao
qualidade e/ou ambien- ção de que os riscos meio ambiente;
tal podem ser consul- estão sendo con-
tadas na ABNT NBR ISO trolados adequada- Utilização racional de
19011:2018. mente; recursos.

38
TREINAMENTOS
Os treinamentos das equi- que atuam diretamente no desperdícios e processo
pes são essenciais para atendimento a pacientes operacional.
garantir o bom gerencia- (assistencial e corpo clí-
mento dos resíduos de nico), assim como tercei- Especialmente no caso de
saúde. Importante envol- ros. Além de contribuírem posições que se verificam
ver todos os colaborado- com a correta segregação maior turnover, o treina-
res da instituição, inclusi- dos resíduos, podem con- mento deve ser realizado
ve administrativo, e todos tribuir com ideias e alter- com regularidade.
os profissionais da saúde nativas para redução de

39
GESTÃO DOS
INDICADORES
Para melhor gerenciamen- kg por paciente-dia por tunidades de redução de
to dos resíduos, é funda- tipo de resíduos; desperdícios e alterna-
mental que a instituição tivas para destinação de
defina indicadores e metas Participação percentu- resíduos. Deve buscar
corporativas, que também al de cada tipo de resí- como objetivo enviar a
sejam acompanhados pela duo no total; menor quantidade possí-
liderança da empresa. vel para o aterro sanitá-
% de reciclagem. rio e, deste modo, avaliar
Sugestões de indicadores: alternativas para reutili-
A partir da melhor gestão zação ou reciclagem dos
kg por leito operacional da informação, a empre- resíduos gerados pela
por tipo de resíduo; sa pode identificar opor- instituição.

As instituições associadas à Anahp podem fazer


monitoramento de seus resultados comparati-
vamente a outros hospitais por meio do Sistema
de Indicadores Hospitalares Anahp (SINHA).

40
REQUISITOS LEGAIS
Para os serviços de cole- A licença de operação é im- documentos pertinentes. No
ta, transporte, tratamen- prescindível, pois é o docu- caso da destinação de resí-
to e disposição final de mento emitido pelo órgão duos perigosos em que haja
resíduos de serviços de ambiental competente, auto- transporte do resíduo para
saúde, a empresa respon- rizando a empresa a executar outros estados, é preciso que
sável deve apresentar as suas atividades. Para qualquer a empresa responsável pela
devidas licenças e outras operação de destinação de logística possua a Autorização
autorizações necessárias, resíduos é necessário que Ambiental para o Transporte
conforme exemplificados a contratada apresente a li- Interestadual de Produtos Pe-
na tabela abaixo. cença de operação e demais rigosos , emitido pelo IBAMA.

Coleta Transporte Tratamento Disposição final

Alvará de funciona- Alvará de funciona-


mento mento

CNPJ CNPJ

Licença de operação Licença de operação Licença de operação Licença de opera-


ção (aterro)

Autorização de Cadastro Técnico Cadastro Técnico


funcionamento Federal do IBAMA Federal do IBAMA
– CTF (no caso de – CTF (no caso de
transporte de RSS transporte de RSS
perigosos) perigosos)

Contrato Social + Certificado Nacional Certificado de Res-


Estatuto de Transportadores ponsabilidade Téc-
Rodoviários de Car- nica (ART)
gas da ANTT (no caso
de transporte para
tratamento de RSS
em outro local que
não seja o estado de
origem)

41
Cartilha de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (RSS)

Inspeção do veícu- Contrato Social + Licença sanitária Licença sanitária


lo de coleta (para Estatuto
coleta de resíduos
perigosos)

Documentação do Certificado de Apro-


motorista e do veí- vação do Bombeiro
culo (para coleta de (AVCB)
resíduos perigosos)

Importante! A destinação final por meio de prestadores de ser-


viços não exime o gerador de sua responsabilidade sobre seus
resíduos. O gerador dos resíduos permanece responsável por es-
tes e eventuais danos ou acidentes decorrentes, mesmo após ter
efetuado a destinação final por terceiros devidamente licencia-
dos pelos órgãos ambientais competentes (§ 1º do artigo 14 da Lei
6.938/81 - Política Nacional do Meio Ambiente).

O que é o Cadastro Técnico Federal (CTF) do IBAMA?

De acordo com a legislação ambiental, algumas atividades são


consideradas potencialmente poluidoras e dessa forma torna-se
obrigatório o registro junto ao Cadastro Técnico Federal (CTF) do
IBAMA. No anexo I da Instrução Normativa nº 6/2013 do ins-
tituto é possível consultar a relação das atividades enquadradas
nesta categoria.

42
Cartilha de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (RSS)

Uma série de leis federais, Sólidos (PNRS), instituída principais leis e normas que
estaduais e municipais, em 2010. Especificamen- devem ser seguidas por es-
decretos, resoluções (AN- te sobre gerenciamento tabelecimentos de saúde.
VISA, CONAMA), normas de resíduos de serviços de Importante salientar que
técnicas, instruções nor- saúde, as referências são cada instituição observe,
mativas e portarias do IBA- a Resolução ANVISA nº em complemento a essas
MA tratam da gestão dos 222/2018 e CONAMA 358. referências, às legislações
resíduos sólidos no Brasil. A locais dos municípios onde
lei mais abrangente é a Po- No quadro a seguir, apre- operam e ocorre a geração
lítica Nacional de Resíduos sentamos um resumo das dos resíduos.

Legislação Descrição

Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei nº


Lei nº 12.305/2010
9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências.

Decreto Federal Estabelece normas para execução da Política Nacional de Resídu-


7.404/2010 os Sólidos, de que trata a Lei nº 12.305/2010

Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de


Lei nº 9.605 /1998
condutas e atividades lesivas ao meio ambiente.

Instrução Normativa
IBAMA 13/2012 Lista Brasileira de Resíduos Sólidos

Instrução Normativa Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente


IBAMA nº 6/2013 Poluidoras e Utilizadoras de Recursos Ambientais – CTF/APP

Regulamenta as Boas Práticas de Gerenciamento dos Resíduos de


RDC nº 222/2018
Serviços de Saúde e dá outras providências

Dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos dos


CONAMA 358/2005
serviços de saúde e dá outras providências

Estabelece o código de cores para os diferentes tipos de resídu-


CONAMA 275/2001 os, a ser adotado na identificação de coletores e transportadores,
bem como nas campanhas informativas para a coleta seletiva

Polícia Federal – Submete a controle e fiscalização os produtos


Portaria nº 1.274/2003
químicos relacionados

Institui o Manifesto de Transporte de Resíduos - MTR nacional,


como ferramenta de gestão e documento declaratório de implan-
Portaria nº 280/2020
tação e operacionalização do plano de gerenciamento de resídu-
os, dispõe sobre o Inventário Nacional de Resíduos Sólidos

43
Cartilha de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (RSS)

ABNT NBR 10004:2004 Resíduos Sólidos – Classificação

Armazenamento de Resíduos Sólidos Perigosos -


ABNT NBR 12235:1992
Procedimento

ABNT NBR 12807:2013 Resíduos de Serviço de Saúde - Terminologia

ABNT NBR 12808:2016 Resíduos de Serviço de Saúde - Classificação

Resíduos de Serviço de Saúde - Gerenciamento de Resíduos de


ABNT NBR 12809:2013
Serviço de Saúde Intraestabelecimento

ABNT NBR 12810:2016 Resíduos de Serviços de Saúde - Gerenciamento


Emenda 1:2020 Extra Estabelecimentos - Requisitos

ABNT NBR 13221:2021 Transporte Terrestre de Produtos Perigosos - Resíduos

ABNT NBR 13853-1:2018 Recipientes para Resíduos de Serviços de Saúde Perfurantes ou


Errata 1:2020 Cortantes - Requisitos e Métodos de Ensaio

ABNT NBR 14064:2015 Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos - Diretrizes do Aten-


Versão corrigida:2015 dimento à Emergência

ABNT NBR 14619:2018 Transporte Terrestre de Produtos Perigosos - Incompatibilidade


Química

ABNT NBR 14652:2019 Implementos Rodoviários - Coletor Transportador de Resíduos de


Serviços de Saúde - Requisitos de Construção e Inspeção

ABNT NBR 15480:2018 Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos - Programa de Ge-


Versão corrigida:2018 renciamento de Risco e Plano de Ação de Emergência

Identificação para o transporte terrestre, manuseio, movimenta-


ABNT NBR 7500:2020
ção e armazenamento de produtos

ABNT NBR 7501:2020 Transporte Terrestre de Produtos Perigosos – Terminologia

Transporte Terrestre de Produtos Perigosos — Ficha de emergên-


ABNT NBR 7503:2020
cia — Requisitos mínimos

Sacos Plásticos para Acondicionamento de Lixo - Requisitos e Mé-


ABNT NBR 9191:2008
todos de Ensaio

Conjunto de Equipamentos para Emergências no


ABNT NBR 9735:2020
Transporte Terrestre de Produtos Perigosos

44
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, V. L. DAES. Modelo para diagnóstico ambiental em estabelecimen-
tos de saúde. 2003. 131 f. Dissertação (Pós-Graduação em Engenharia de Produ-
ção) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. Disponível em:
http://www.abepro.org.br/biblioteca/TN_STP_234_366_28905.pdf

BRASIL. (2001) Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Resolução nº


275, de 25 de abril de 2001. Estabelece código de cores para diferentes tipos de
resíduos na coleta seletiva. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 19 de junho de 2001.

BRASIL. (2004) Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Resolução da


Diretoria Colegiada n° 222, de 28 de março de 2018. Dispõe sobre o Regula-
mento Técnico para o gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde. Diário Ofi-
cial da União, Brasília, DF, 29 de março de 2018.

BRASIL. (2005) Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Resolução nº


358, de 29 de abril de 2005. Dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos
resíduos dos serviços de saúde e dá outras providências. Diário Oficial da União,
Brasília, DF, 4 de maio de 2005.

BRASIL. (2006) Ministério da Saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Bra-


sília: Ministério da Saúde, 2006. Manual de gerenciamento de resíduos de ser-
viços de saúde. Disponível em:
http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/manuais/manual_gerenciamento_residuos.pdf

BRASIL. (2012) Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Resolução da Di-


retoria Colegiada nº 15, de 15 de março de 2012. Dispõe sobre requisitos de boas
práticas para o processamento de produtos para saúde e dá outras providências.

45
Cartilha de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (RSS)

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Lei nº 12.305, de 02 de agosto de 2019. Ins-


titui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro
de 1998; e dá outras providências.

LIMA L.; JUNIOR J.; LUNA Y. Desenvolvimento sustentável, sustentabilidade e saúde:


uma revisão. Revista Ciência e Sustentabilidade. Volume 4, número 2, pp. 133-
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MELLO, J.; COLLEGE, R. Sustainability in health care organizations: successes,


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volume 14, número 2, Abril 2019.

WEST, E.; WOOLRIDGE, A.; IBARROLA, P. How to manage healthcare waste and
reduce its environmental impact. In Practice. Volume 42, Número 2, pp. 303—
308, Junho 2020.

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anahp
anos

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