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Ambiente
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Gerenciamento Integrado de Resíduos de Serviços de Saúde
Revisão Textual:
Prof. Me. Luciano Vieira Francisco
Revisão Técnica:
Prof.ª M.ª Josiane Travençolo Silva
Gerenciamento Integrado de
Resíduos de Serviços de Saúde
Objetivos
• Conceituar o gerenciamento integrado de Resíduos de Serviços de Saúde (RSS);
• Exemplificar atribuições dos profissionais de saúde com foco na atuação do enfermeiro
como gestor de RSS;
• Relacionar estratégias gerenciais sustentáveis para resíduos de serviços de saúde com apli-
cação no cotidiano;
• Refletir sobre a política dos 4R – Reduzir, Reutilizar, Restaurar e Reciclar;
• Contextualizar práticas educativas como estratégias de transformação.
Caro Aluno(a)!
Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl-
timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.
Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de
troca de ideias e aprendizagem.
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Gerenciamento Integrado de Resíduos de Serviços de Saúde
Os RSS têm sido uma fonte de preocupação para os gestores de saúde que estão
empenhados em solucionar, liderar e conduzir a transformação de suas instituições de
saúde, defendendo as políticas e práticas que impulsionam a saúde ambiental através
de políticas institucionais com foco na gestão ambiental, fomentando ações socioam-
bientais e, ao mesmo tempo, estimulando o uso mais consciente de recursos materiais,
evitando desperdícios, gerando menos resíduos e diminuindo os custos de gestão – prin-
cipalmente no gerenciamento externo.
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Embora se reconheça a importância da gestão dos RSS, há ainda certa dificuldade
para sua operacionalização e implantação da gestão integrada devido à pouca experiência
das administrações municipais e gestores hospitalares em equacionar com eficiência as
suas determinações, devido à diversidade de normas e regulamentações sobre o tema – e
ainda poderíamos citar a falta de conhecimento dos custos do processo.
MAIS PROJETOS
DÉCADA 90 – SISTEMATIZAÇÃO
Integração de todas as partes do sistema de
maneira pró-ativa, monitorando os respectivos
impactos ambientais.
DÉCADA 80 – PLANEJAMENTO
Tem caráter mais preventivo já que analisa
os futuros impactos ambientais. Objetiva-se
evitar os erros desde o projeto.
EFICIÊNCIA
DÉCADA 80 – PLANEJAMENTO
É a fase de inspeção totalmente reativa.
“Primeiro gera e depois pensa o que vai
ser feito com o refugo”
DÉCADA 60 – PERCEPÇÃO
Marco inicial, despertar do pensamento ecológico.
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Panorama de Resíduos de
Serviços de Saúde no Brasil
No Brasil, dos 5.565 municípios, 4.518 prestaram, em 2017, os serviços de coleta e
tratamento para os serviços atinentes ao manejo dos RSS, levando a um índice médio de
1,2 kg por habitante/ano; o dado atual representa uma diminuição na geração de 0,04%
em relação ao total gerado em 2016 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE
LIMPEZA PÚBLICA E RESÍDUOS ESPECIAIS, 2017). Mesmo com toda a discussão
do tema e regulação dos órgãos fiscalizadores, o volume de RSS tem crescido ano a ano
no setor de saúde, de modo que este dado deve ser analisado com cautela, pois embora
tenha a sua importância no contexto geral de análise de resíduos, o segmento hospitalar
utiliza-se de outros indicadores como, por exemplo, da taxa de ocupação de leito e pro-
dução de RSS, assim como do número de atendimento dia e massa de RSS.
A redução de resíduos e sua adequada segregação são essenciais para a gestão inte-
grada avançada de RSS. Assim, ao reduzir e classificar apropriadamente os resíduos, os
serviços de saúde não só evitam os custos de destinação e os riscos ambientais, como
podem reciclar grande parte, reduzindo a quantidade de matérias-primas, energia e
processamentos requeridos para repor os produtos que usam. Por outro lado, quando
os resíduos perigosos são misturados com resíduos não perigosos (que poderiam ser
reciclados), os hospitais acabam incorrendo em custos adicionais para destinar maiores
volumes de resíduos perigosos, o que pode superar em muitas vezes o custo da destina-
ção de resíduos não perigosos (NOGUEIRA, 2014).
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Ao analisar a produção e taxa de geração de RSS de 12 hospitais que já tinham PGRSS
implantados em João Pessoa, PB, por sete dias consecutivos e em 100% da totalidade
desses resíduos, através de uma avaliação quantitativa em termos de massa, considerando
que a taxa média de ocupação dos leitos foi de 82% no período, chegou-se à seguinte
situação: taxa de geração de resíduos comuns de 1,136 kg/leito/dia, taxa de geração
de resíduos infectantes de 0,338 kg/leito/dia e taxa de geração de resíduos totais de
1,474 kg/leito/dia. Concluiu-se com esse estudo que o parâmetro quantitativo mais
citado foi exatamente a taxa de geração, sempre expressa em kg/RSS/leito/dia, mas
devendo ser usada com bastante cautela (FONSECA et al., 2006).
Na Cidade de Passo Fundo, RS, foi analisada a gestão de RSS em cinco hospitais, de
modo que o estudo mostrou que todos os hospitais segregam os resíduos, porém, apre-
sentando variação considerável de 17,54% de resíduos infectantes no Hospital B e em
outro – chamado de Hospital E – 4,3%, e 6% para o Hospital A, mostrando uma segre-
gação mais eficiente e passível de considerável redução através de medidas de educação.
Os resultados ainda mostram que nenhum hospital possui integralmente um sistema de
gestão de RSS que atenda à legislação brasileira e que as inadequações na sua maioria
são por falta de informações sobre o tema (SILVA; HOPE, 2005).
Leia o Manual do panorama dos resíduos sólidos no Brasil 2017 – edição especial de
15 anos –, elaborado pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resí-
duos Especiais (Abrelpe). Disponível em: https://bit.ly/2OTA4Jt
O que você, como profissional de saúde, pode fazer no seu local de trabalho para contribuir
efetivamente no gerenciamento de RSS?
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segregar equipamentos ou frascos de soros em sistema fechado como resíduos do Grupo D
– recicláveis – se a instituição não tiver cooperativa de reciclagem interessada no recebi-
mento do insumo, ou ainda se não contar com mantas de não tecidos, utilizadas como
invólucros na Central de Material Esterilizado (CME).
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Um dos principais desafios da gestão de resíduos sólidos tem sido implantar e aper-
feiçoar ferramentas gerenciais que realizem o monitoramento e controle dos processos
de manejo de resíduos de serviços de saúde, de modo a desencadear processos de
mudanças baseados em dados reais e significativos para os serviços de saúde. Assim,
conferiremos práticas globais que podem contribuir no gerenciamento de RSS.
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Global Reporting Initiative (GRI)
Na tentativa de gerar relatórios de sustentabilidade mais completos, consistentes, con-
fiáveis e padronizados internacionalmente, a Global Reporting Initiative (GRI) lançou
as diretrizes para os relatórios de sustentabilidade. Este modelo é baseado no equilíbrio
entre os desempenhos econômico, social e ambiental – o chamado triple bottom line
(GASPARINO, 2006).
Importante considerar que para gerar um relatório gerencial se faz necessário ter um
sistema de informação que forneça dados confiáveis e que possa ser retroalimentado –
neste caso, balanças de chão calibradas, containers que se adaptam aos carrinhos de
transportes para evitar manipulação dos RSS e exposição dos trabalhadores que mane-
jam tais resíduos.
Pensando em alcançar a gestão segura e sustentável dos RSS, a OMS determina que
todos os envolvidos com o financiamento e a gestão das áreas de apoio à assistência em
saúde devem prever os custos da gestão dos RSS em seus orçamentos (WORLD HEALTH
ORGANIZATION, 2007).
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A aferição de custos por processos permite o mapeamento das atividades que o com-
põe e o levantamento dos recursos envolvidos, o que possibilita a visualização de como,
onde e porque são consumidos e, assim, pode-se avaliar a sua utilização e remodelar o
processo (OKANO; CASTILHO, 2007).
Toda atividade de saúde gera resíduos por si, de modo que se os recursos financeiros
são atribuídos de forma insuficiente para gerenciá-los no curto prazo, haverá custo fi-
nanceiro ainda maior a médio e longo prazo sobre a morbidade, mortalidade e os danos
ambientais, devendo ser o princípio norteador do gerenciamento de custos de RSS,
segundo a Organização Mundial de Saúde (2013).
Na visão de gestão de processo, muitas vezes existem etapas que podem ser elimi-
nadas ou otimizadas ao serem realizadas juntamente com outra já existente ou realizada
por outro profissional.
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Figura 2 – Subprocesso do Grupo B
Fonte: NOGUEIRA, 2014
Ligados às cirurgias são gerados resíduos como frascos vazios de formol, então acon-
dicionados em um coletor rígido com saco laranja, no abrigo intermediário e identifica-
dos com etiqueta autocolante e descartados quando atingirem a capacidade total; já a
substância química de ácido peracético, com uso relacionado à desinfecção de alto nível,
tendo validade de trinta dias após ser ativado o produto. Com isto, os frascos podem
estar vazios ou ainda preenchidos – independentemente disto, o fluxo será o mesmo,
identificado com etiqueta autocolante e descartados, no container branco infectante,
como resíduos químicos perigosos.
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Diz-se muito em reciclagem, mas de fato o que é? Como colocar em prática na área da
saúde, onde ainda é tão forte o conceito de “lixo hospitalar”? Em que a população acredita
que tudo o que vem dos serviços de saúde está contaminado.
Segundo a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) n.º 306/2004, os RSS que po-
dem ser reciclados são os do Grupo D – resíduos comuns recicláveis –, lembrando que
este grupo também inclui resíduos comuns não recicláveis.
A maior parte dos municípios criou uma estrutura de gestão de resíduos urbanos,
onde as usinas ou cooperativas de reciclagem são geridas por Organizações Não Gover-
namentais (ONG) ou outro modelo de responsabilidade social compartilhada; na Cidade
de São Paulo, por exemplo, funciona através de cooperativas por região geográfica,
de modo que um hospital da Zona Oeste só pode fazer parcerias com cooperativas da
própria região onde a instituição está inserida.
Leia sobre o projeto de compostagem caseira que impediu que 250 toneladas de resíduos
fossem descartadas em São Paulo, disponível em: https://bit.ly/3skf8Ki
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• Reciclagem de papel/papelão: é a técnica que emprega papéis usados para a
fabricação de novos papéis. A maioria dos papéis é reciclável.
Em um estabelecimento prestador de serviços de saúde a matéria-prima está nas
embalagens, no papel de escritório, incluindo os de carta, blocos de anotações,
copiadoras, impressoras, revistas, folhetos e ainda todos os tipos de papelão;
• Reciclagem de plásticos: é a conversão de resíduos plásticos descartados no lixo
em novos produtos.
Em um estabelecimento prestador de serviços de saúde podem ser encontrados:
baldes, garrafas de água mineral, frascos de detergentes e de produtos de limpeza,
garrafas de refrigerantes, sacos de leite etc. Alguns produtos de limpeza só podem
ser destinados à reciclagem após a tripla lavagem no estabelecimento gerador;
• Reciclagem de vidro: é um material não poroso e que resiste a altas temperaturas
sem que haja perda de suas propriedades físicas ou químicas. As embalagens de
vidro podem ser reutilizadas diversas vezes. O vidro é 100% reciclável.
Assim, todas as embalagens de vidro que não apresentem risco biológico, radioló-
gico ou químico, encontradas em estabelecimento prestador de serviços de saúde
podem ser recicláveis;
• Reciclagem de metais: engloba os metais ferrosos e não ferrosos. O de maior
interesse e valor comercial é o metal não ferroso, pois é grande a sua procura pelas
maiores indústrias.
Algumas embalagens, porém, não podem ser utilizadas para a reciclagem, tais como
latas de conservas alimentícias, de óleo, de tinta à base de água, de bebidas etc.;
• Reciclagem de resíduos da construção civil: é o reaproveitamento de fragmentos
ou restos de tijolo, concreto, argamassa, aço, madeira, entre outros, provenientes
do desperdício na construção, reforma e/ou demolição de estruturas da edificação,
sendo encontrados em estabelecimentos de saúde em construção ou reforma;
• Outros resíduos: tais como pilhas e baterias, lâmpadas fluorescentes e resíduos
tóxicos, contidos em embalagens como a lata de tinta, sendo passíveis de recicla-
gem com regulamentação específica.
Grande parte das vezes esses resíduos são encaminhados para reciclagem após o
processo de logística reversa, por demandarem alta tecnologia para a sua reciclagem.
Sem dúvida nenhuma o maior desafio da gestão de RSS na atualidade para os servi-
ços de saúde é gerar menos resíduos, de modo que detalharemos algumas possibilidades
de ferramentas da gestão da qualidade que são importantes como estratégias de mini-
mização de geração de RSS, podendo ser aplicadas pela instituição na identificação e
análise de processo, tais como:
• 5S: é a etapa inicial e base para a implantação da qualidade total, a metodologia 5S
é assim chamada devido à primeira letra de 5 palavras japonesas: Seiri (utilização),
Seiton (arrumação), Seiso (limpeza), Shitsuke (disciplina), Seiketsu (higiene). O Pro-
grama tem como objetivo mobilizar, motivar e conscientizar toda a empresa para a
qualidade total através da organização e disciplina no local de trabalho;
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Não importa muito o nome ou a ferramenta em uso, todas têm o mesmo objetivo,
que é mapear processos, levantar recursos envolvidos e custos, implementar melhorias
contínuas e avaliação por indicadores.
Essas ferramentas são importantes como estratégias de minimização de geração de
RSS, podendo ser aplicadas pela instituição de saúde de pequeno ou grande porte.
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planejamento, orçamentos, fórmulas de cálculo de reciclagem, otimização de sistemas
de gestão de resíduos e as avaliações de impacto ambiental.
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Uma vez que o objetivo maior é gerar mudança de comportamento humano, terá
de haver ampliação da visão de educação, com novas estratégias e inovadores recursos
pedagógicos por parte das instituições, no sentido de informar, capacitar, sensibilizar os
profissionais envolvidos com RSS, provocando tomadas de consciência desencadeadora
de ações acertadas quanto às questões trazidas ao centro desta discussão.
É necessário que estejam conscientes dos riscos envolvidos, sabendo que existem áreas
e grupos de RSS com maior risco e os tipos de RSS que são perigosos, assim como
devem ser informados sobre os procedimentos adequados em caso de acidente.
Como foi o último treinamento que você participou? Você faria igual? Por quê? Acredita
que contribui na formação dos profissionais?
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ambiental, dos aspectos técnicos, legais, financeiros, das políticas institucionais e de outros
tantos que têm relação direta com a produção dos RSS, ou ainda com os impactos decor-
rentes de falhas no processo ou de sua má gestão. Daí a extensa bibliografia que trata e o
mantém em evidência, sendo uma temática atual.
Ao mesmo tempo em que há discussão na mídia e nos serviços de saúde, existe uma
tendência de crescimento do volume de RSS, conforme já citamos, o que aponta para a
necessidade de estratégias gerenciais mais efetivas e que envolvam os profissionais de
saúde que utilizam os recursos materiais, ou seja, que geram esses resíduos ao longo do
processo assistencial.
Um dos principais desafios da gestão de resíduos sólidos tem sido implantar e aperfeiçoar
ferramentas gerenciais que realizem o monitoramento e controle dos processos de manejo
de Resíduos de Serviços de Saúde (RSS), de modo a desencadear processos de mudanças
baseados em dados reais e significativos para os serviços de saúde.
Assim, conhecemos as práticas globais mais atuais e que podem contribuir no gerencia-
mento de RSS, ficando a reflexão sobre a necessidade de ampliação da concepção de edu-
cação em saúde como potente instrumento de transformação.
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Referências
BRITO, M. A. G. M. Considerações sobre resíduos sólidos de serviços saúde. Goiás,
2000. Disponível em: <http://www.fen.ufg.br/revista/revista2_2/residuo.html>. Acesso
em: 17/05/2016.
Sites Visitados
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<http://www.who.int/water_sanitation_health/medicalwaste/hcwprinciples.pdf?ua=1>.
Acesso em: 17/05/2016.
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