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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA REGIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE/PRODEMA

USO DE PROBIÓTICOS NO CULTIVO DE Litopenaeus


vannamei E ASPECTOS SOCIAIS E AMBIENTAIS DA
CARCINICULTURA NO LITORAL SUL DO RIO GRANDE
DO NORTE, BRASIL
A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTERNATIVA PARA A COTONICULTURA FAMILIAR
SUSTENTÁVEL

A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTERNATIVA PARA A COTONICULTURA FAMILIAR


SUSTENTÁVEL A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTER PARA A COTONICULTURA
FAMILIAR SUSTENTÁVELAAA

ALINE HORÁCIO DA COSTA

2016
Natal – RN
Brasil
Aline Horácio da Costa

USO DE PROBIÓTICOS NO CULTIVO DE Litopenaeus vannamei


E ASPECTOS SOCIAIS E AMBIENTAIS DA CARCINICULTURA
NO LITORAL SUL DO RIO GRANDE DO NORTE, BRASIL
A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTERNATIVA PARA A COTONICULTURA FAMILIAR
SUSTENTÁVEL

A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTERNATIVA PARA A COTONICULTURA FAMILIAR


SUSTENTÁVEL A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTER PARA A COTONICULTURA
FAMILIAR SUSTENTÁVELAAA
Dissertação apresentada ao Programa Regional de
Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio
Ambiente, da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte (PRODEMA/UFRN), como parte dos
requisitos necessários à obtenção do título de
Mestre.

Orientador: Prof. Dra. Cibele Soares Pontes

2016
Natal – RN
Brasil
AGRADECIMENTOS

A Deus pelo dom da vida e por me permitir cursar uma pós-graduação.


Ao meu esposo Pedro Henrique, aos meus pais Carlos e Edilza e demais familiares pelo apoio
em todos os momentos desses dois intensos anos.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo auxílio
financeiro.
Ao Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente
(PRODEMA-UFRN) pela competência de seus coordenadores, professores e secretários, pois
repercute em nossa satisfação por fazer parte desse programa.
À professora Cibele por aceitar me orientar, me fazer amadurecer e por toda a paciência nos
difíceis momentos.
À professora Karina por nunca ter se recusado a me ajudar nas horas solicitadas e pelo
aprendizado que obtive.
Às professoras Ivaneide, Fabiana e Karina pela participação em minha banca de qualificação
e por todas as contribuições dadas ao trabalho.
A todos os meus colegas do PRODEMA pela amizade, pelos momentos de alegria e de
descontração e pelo conhecimento compartilhados em sala de aula e fora dela.
À Jaqueline por nos permitir desenvolver a primeira parte da pesquisa na Larvi Aquicultura e
Projetos LTDA e a todos os funcionários que compõem essa empresa, especialmente Honara,
por toda a ajuda nos dias que estive lá.
A todos os carcinicultores entrevistados por terem aceitado participar da segunda etapa da
nossa pesquisa.
Às queridas Myrla e Elaine pelo auxílio na fase de campo.
A Walter por toda a ajuda e rapidez com as análises estatísticas.
As minhas amigas Manu e Leilinha porque sempre estiveram dispostas a me ouvir e auxiliar
nas horas que precisei.
RESUMO

USO DE PROBIÓTICOS NO CULTIVO DE Litopenaeus vannamei E ASPECTOS


SOCIAIS E AMBIENTAIS DA CARCINICULTURA NO LITORAL SUL DO RIO
GRANDE NO NORTE, BRASIL

A principal característica para que uma produção seja considerada sustentável é assumir que a
natureza é finita, evitando-se desta forma o crescimento sem limites. A busca da
sustentabilidade na carcinicultura tem sido uma preocupação constante dos órgãos ambientais.
A utilização de probióticos tem sido atualmente apontada como uma eficiente forma de
tratamento da matéria orgânica presente na coluna d’água e no solo dos viveiros,
possibilitando a minimização da utilização de água nos cultivos, que é um dos requisitos
fundamentais para tornar a carcinicultura ambientalmente responsável. Os probióticos
também atuam como produto natural na profilaxia das enfermidades, promovendo um melhor
crescimento dos organismos aquáticos cultiváveis. Dessa forma, a primeira parte desta
pesquisa teve como objetivo avaliar os efeitos de dois probióticos comerciais, de diferentes
composições, sobre o potencial zootécnico e resistência a estresse de larvas e pós-larvas da
espécie Litopenaeus vannamei cultivadas em escala comercial. A segunda parte investigou as
práticas de manejo adotadas pelos micro produtores de camarão do litoral Sul do Rio Grande
do Norte, caracterizando-se também os aspectos sociais e ambientais da carcinicultura
percebidos por esses produtores. Na primeira fase, os cultivos da espécie Litopenaeus
vannamei tiveram início na fase larval (náuplio V), com duração de 18 dias, quando foram
submetidos a dois tratamentos: P1 - probiótico um; P2 - probiótico dois. As unidades
experimentais consistiram em seis tanques de 15.000 L, com três repetições para cada
tratamento. Os probióticos foram aplicados diariamente conforme recomendação dos
fabricantes, sendo os parâmetros salinidade, temperatura, pH e oxigênio dissolvido
monitorados. As pós-larvas submetidas ao P2 apresentaram valores médios maiores (p < 0,05)
para comprimento (em PL 1 e PL 5), pesos úmido e seco (em PL 5) e percentual de
metamorfose (90%) em relação ao outro tratamento; as demais variáveis não diferiram. As
sobrevivências finais foram 56,4% e 64,9% para pós-larvas submetidas ao P1 e ao P2,
respectivamente. Observou-se que o probiótico 2 foi mais efetivo na melhoria dos parâmetros
bióticos. Na segunda fase, foram realizadas 27 entrevistas através de formulários semi-
estruturados, com produtores do litoral Sul do Rio Grande do Norte. Constatou-se que 85,2%
dos produtores são homens, com baixa taxa de analfabetismo (3,7%), com renda de 2 a 5
salários mínimos (44,4%) e que 22,2% têm a carcinicultura como principal fonte de renda.
Verificou-se que menos de 50% receberam assistência técnica no último ano e poucas são as
medidas de biossegurança adotadas pelos mesmos. Com relação às boas práticas de manejo
recomendadas pela Associação Brasileira de Produtores de Camarão (ABCC), apenas 11,1%
dos carcinicultores fazem uso de probióticos e essa variável não possui relação com a renda
mensal familiar ou ainda com as taxas de sobrevivência obtidas nos cultivos. Práticas de
manejo como fertilização da água e calagem do solo, assim como questionamentos sobre a
problemática ambiental também não apresentaram relação com a escolaridade, havendo um
manejo homogêneo entre os entrevistados. As micro propriedades produtoras de camarão,
representativas da região do litoral Sul do Rio Grande do Norte, apontam a necessidade de
orientação e apoio do governo e da devida assistência técnica para que possam implementar
boas práticas de manejo, de forma a se adequar à carcinicultura responsável recomendada pela
ABCC.

Palavras-chave: Camarão cinza. Camarão branco. Antibióticos. Perfil socioeconômico.


Práticas de manejo. Meio ambiente.
ABSTRACT

USE OF PROBIOTICS IN THE CULTIVATE OF Litopenaeus vannamei AND SOCIAL


AND ENVIRONMENTAL ASPECTS OF THE SHRIMP FARMING IN SOUTH
REGION OF THE RIO GRANDE DO NORTE, BRAZIL

The main feature for a production to be considered sustainable is to assume that nature is
finite, avoiding thus the unlimited growth. The search of the sustainability in shrimp farming
has been a constant preoccupation of environmental agencies. The use of probiotics have been
currently appointed as an efficient means of treating of the organic matter in the water column
and ponds soil, allowing to minimize the use of water in farming, which is one of the
fundamental requirements to make shrimp farming environmentally responsible. Probiotics
also act as a natural product for prophylaxis of diseases, promoting better growth of the
cultivable aquatic organisms. Thus, the first part of this research had purpose to evaluate the
effects of two commercial probiotics, which different compositions, on the zootecnical
potential and resistance to stress of larvae and post-larvae of the species Litopenaeus
vannamei in commercial scale. The second part investigated management practices adopted
by micro producers of shrimp in the southern coast Rio Grande do Norte, also characterize the
social and environmental aspects of shrimp farming perceived by these producers. In the first
phase, In the first phase, the cultivates of the species Litopenaeus vannamei began in the
larval stage (nauplius V), with duration of 18 days, this time submitted for two treatments: P1
- probiotic one; P2 - two probiotic. The experimental units consisted of six tanks of 15,000 L,
and each treatment had three repetitions. The probiotics were applied daily as recommended
by the manufacturers, and the parameters salinity, temperature, pH and dissolved oxygen
monitored. The post-larvae submitted to P2 had higher mean values (p <0.05) in length (in PL
1 and PL 5), wet and dry weights (PL 5) and metamorphosis percentage (90%) when
compared to the other treatment; the other variables did not differ. The final survivals were
56.4% and 64.9% for postlarvae submitted to P1 and P2, respectively. It was observed that the
probiotic 2 more effective in the improvement of the biotic parameters. In the second phase,
27 interviews were conducted through of semistructured questionnaires, with producers of
the South coast of Rio Grande do Norte. It was found that 85.2% of the producers are men,
with low illiteracy rate (3.7%), earning 2 to 5 minimum wages (44.4%) and 22.2% have
shrimp farming as main source of income. It was found that less than 50% received technical
assistance in the last year and few are the biosecurity measures adopted by them. With regard
to good management practices recommended by the Brazilian Association of Shrimp Farmers
(ABCC), only 11.1% of shrimp farmers make to use of probiotics and this variable has no
relationship with the monthly family income or with survival rates obtained in cultivation.
Management practices such as water fertilizing and soil liming, as well as questions about the
environmental problems also not associated with schooling, with a homogeneous
management among interviewed. The micro properties producers of shrimp, representative of
the region of the South coast of Rio Grande do Norte, point the need of guidance and support
of the government and appropriate technical assistance to enable them to implement good
management practices, in order to suit the shrimp responsible recommended by the ABCC.

Keywords: Gray shrimp. White shrimp. Antibiotics. Socioeconomic profile. Management


practices. Environment.
LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: Mapa de localização dos municípios de Senador Georgino Avelino e 19


Nísia Floresta.
FIGURA 1 - Percentuais de metamorfose encontrados no 9º e 10º dia de 37
experimento.
FIGURA 1 - Faixa etária dos micro produtores de camarão do litoral Sul do Rio 49
Grande do Norte.
FIGURA 2 - Escolaridade dos micro produtores de camarão do litoral Sul do Rio 49
Grande do Norte.
FIGURA 3 - Principais fontes de renda listadas pelos micro produtores de camarão 50
do litoral Sul do Rio Grande do Norte.
FIGURA 4 - Renda mensal familiar (%) dos micro produtores de camarão do 50
litoral Sul do Rio Grande do Norte em função do salário mínimo (SM) adotado no
Brasil no ano de 2015.
FIGURA 5 - Motivos pelos quais os micro produtores de camarão do litoral Sul do 53
Rio Grande do Norte não fazem uso de probióticos nos cultivos.
FIGURA 6 - Tempo total médio de um ciclo de cultivo realizado em micro 53
propriedades produtoras de camarão localizadas no litoral Sul do Rio Grande do
Norte.
FIGURA 7 - Sobrevivência dos cultivos realizados em micro propriedades 54
produtoras de camarão do litoral Sul do Rio Grande do Norte.
FIGURA 8 - Doenças que apareceram nas fazendas de micro produtores de 56
camarão do litoral Sul do Rio Grande do Norte.
FIGURA 9 - Itens listados pelos micro produtores de camarão do litoral Sul do Rio 57
Grande do Norte como necessários para melhorar a atividade de carcinicultura na
região.
LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - Quantidade de náuplios Artemia ofertados por indivíduo, quantidade 32


de ração (g) por tanque e frequência de arraçoamento em cada estágio de L.
vannamei em cultivo comercial, de acordo com manejo alimentar adotado pela
empresa.
TABELA 2 - Rações ofertadas em cada estágio, em cultivo comercial, de acordo 33
com manejo alimentar adotado pela empresa.
TABELA 3. Médias e desvios-padrão para os parâmetros físico-químicos da água
observados nesse estudo.
TABELA 4 - Desempenho zootécnico observado nas pós-larvas nos tratamentos 34
aplicados.
TABELA 5 - Percentuais de sobrevivência final e de pós-larvas submetidas ao teste 37
de estresse por choque salino em PL 10.
TABELA 1 - Manejo adotado em micro proriedades produtoras de camarão 51
localizadas no litoral Sul do Rio Grande do Norte.
TABELA 2 - Frequências relativas (%) e valor-p do teste Exato de Fisher de 57
associação entre a variável escolaridade e variáveis relacionadas ao manejo
empregado e questão ambiental; entre a variável uso de probióticos e renda mensal
da família e percentual de sobrevivência nos cultivos.
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO GERAL 12
CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDO 19
METODOLOGIA GERAL 20
CAPÍTULO 1 - AVALIAÇÃO DE PROBIÓTICOS SOBRE PARÂMETROS DE 27
DESEMPENHO DE PÓS-LARVAS DE Litopenaeus vannamei
RESUMO 28
ABSTRACT 28
INTRODUÇÃO 29
MATERIAL E MÉTODOS 30
RESULTADOS 35
DISCUSSÃO 37
CONCLUSÕES 39
REFERÊNCIAS 40
Figura 1. Percentuais de metamorfose encontrados no 9º e 10º dia de 37
experimento.
Tabela 1. Quantidade de náuplios Artemia ofertados por indivíduo, quantidade 32
de ração (g) por tanque e frequência de arraçoamento em cada estágio de L.
vannamei em cultivo comercial, de acordo com manejo alimentar adotado pela
empresa.
Tabela 2. Rações ofertadas em cada estágio, em cultivo comercial, de acordo 33
com manejo alimentar adotado pela empresa.
Tabela 3. Médias e desvios-padrão para os parâmetros físico-químicos da água 34
observados nesse estudo.
36
Tabela 4. Desempenho zootécnico observado nas pós-larvas nos tratamentos
aplicados.
37
Tabela 5. Percentuais de sobrevivência final e de pós-larvas submetidas ao
teste de estresse por choque salino em PL 10.
CAPÍTULO 2 - ASPECTOS SOCIAIS E AMBIENTAIS DA 44
CARCINICULTURA NO LITORAL SUL DO RIO GRANDE DO NORTE,
BRASIL
RESUMO 45
ABSTRACT 46
INTRODUÇÃO 46
METODOLOGIA 48
RESULTADOS 49
DISCUSSÃO 58
CONCLUSÕES 62
REFERÊNCIAS 63
Figura 1. Faixa etária dos micro produtores de camarão do litoral Sul do Rio 49
Grande do Norte.
Figura 2. Escolaridade dos micro produtores de camarão do litoral Sul do Rio 49
Grande do Norte.
Figura 3. Principais fontes de renda listadas pelos micro produtores de 50
camarão do litoral Sul do Rio Grande do Norte.
Figura 4. Renda mensal familiar (%) dos micro produtores de camarão do 50
litoral Sul do Rio Grande do Norte em função do salário mínimo (SM) adotado
no Brasil no ano de 2015.
Figura 5. Motivos pelos quais os micro produtores de camarão do litoral Sul 53
do Rio Grande do Norte não fazem uso de probióticos nos cultivos.
Figura 6. Tempo total médio de um ciclo de cultivo realizado em micro 53
propriedades produtoras de camarão localizadas no litoral Sul do Rio Grande
do Norte.
Figura 7. Sobrevivência dos cultivos realizados em micro propriedades 54
produtoras de camarão do litoral Sul do Rio Grande do Norte.
Figura 8. Doenças que apareceram nas fazendas de micro produtores de 56
camarão do litoral Sul do Rio Grande do Norte.
Figura 9. Itens listados pelos micro produtores de camarão do litoral Sul do 57
Rio Grande do Norte como necessários para melhorar a atividade de
carcinicultura na região.
Tabela 1. Manejo adotado em micro proriedades produtoras de camarão 51
localizadas no litoral Sul do Rio Grande do Norte.
Tabela 2. Frequências relativas (%) e valor-p do teste Exato de Fisher de 57
associação entre a variável escolaridade e variáveis relacionadas ao manejo
empregado e questão ambiental; entre a variável uso de probiótico e renda
mensal da família e percentual de sobrevivência.
CONSIDERAÇÕES FINAIS 65
REFERÊNCIAS GERAIS 66
APÊNDICE A – Roteiro de entrevista 72
APÊNDICE B - Termo de consentimento livre e esclarecido 77
12

INTRODUÇÃO GERAL

A pesca extrativista no mundo se mantém nos mesmos níveis a alguns anos, enquanto
a aquicultura é o segmento da produção de alimentos de origem animal com o crescimento
mais rápido (FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION [FAO], 2012). A aquicultura
“tem permitido a redução do extrativismo e da pesca predatória, transferindo parte do esforço
da mão-de-obra para o cultivo de organismos aquáticos, repercutindo positivamente na
preservação de diversos ecossistemas” (OSTRENSKY et. al., 2002, p. 103). Em 2007, a
captura mundial de pescado foi de 90,8 milhões de toneladas e alcançou os 91,3 milhões de
toneladas em 2012. No entanto, a produção aquícola mundial atingiu a marca dos 49,9
milhões de toneladas em 2007 e em 2012 aumentou para 66,6 milhões de toneladas, mas se
acrescentarmos aqui a produção de plantas aquáticas, esse número sobe para 91,3 milhões de
toneladas, igualando-se à captura (FAO, 2014). Com uma taxa média anual de 6,2% no
período compreendido entre 2000-2012, a aquicultura é uma atividade econômica importante
em muitos países (BALCÁZAR et al., 2006).
O Brasil apresenta vantagens excepcionais para o desenvolvimento da aquicultura
pelas condições naturais, como clima e geografia favoráveis e diversificados e rica
biodiversidade. Este potencial está relacionado à costa marítima de aproximadamente 8,5 mil
quilômetros, à sua zona econômica exclusiva (ZEE) de 3,5 milhões de km2 e à sua dimensão
territorial de, aproximadamente, 13% da água doce do planeta (ROCHA et al., 2013;
ASSOCIACAO CULTURAL E EDUCACIONAL BRASIL [ACEB], 2014). Dessa forma, o
Ministério da Pesca e Aquicultura tem como objetivo incentivar a produção nacional para que
o Brasil alcance a expectativa da Organização das Nações Unidas para Alimentação e
Agricultura (FAO) de se tornar, em 2030, um dos maiores produtores do mundo, com 20
milhões de toneladas de pescado por ano. Atualmente, o Brasil está na 17ª posição no ranking
mundial na produção de pescados em cativeiro e a 19ª na produção total de pescados (ACEB,
2014).
Como se trata de um país diversificado, cada região tem suas características no que se
refere à produção de espécies. Na Região Norte, destaca-se a produção dos peixes como o
tambaqui e o pirarucu. No Sudeste, o cultivo da tilápia fortalece a aquicultura. No Sul, os
principais são as carpas, as tilápias, as ostras e os mexilhões. No Centro-Oeste, predominam o
tambaqui, o pacu e os pintados. Já na Região Nordeste, o cultivo da tilápia e do camarão
marinho são os protagonistas (ACEB, 2014), sendo este último uma atividade do agronegócio
brasileiro de maior representatividade no Nordeste (SANTOS et al., 2009).
13

A carcinicultura marinha no Brasil deu seus primeiros passos na década de 1970 com a
produção de algumas espécies de camarões peneídeos: Marsupenaeus japonicus, Litopenaeus
schmitti, Farfantepenaeus subtilis, F. brasiliensis e F. paulensis. No entanto, apenas na
década de 90, a fase comercial da carcinocultura obteve destaque com a espécie exótica de
camarão marinho Litopenaeus vannamei (SANTOS, 2009). Alguns fatores foram essenciais
para o sucesso do cultivo, como seu rápido crescimento, altas taxas de produtividade e
rentabilidade, rusticidade e a capacidade de desenvolver-se em uma ampla faixa de variação
de salinidade (5 a 55 ppt) unidos à facilidade de nutrição e manejo nas mais diversas
condições fazem com que esta espécie seja a mais cultivada no Brasil e no mundo (FAO,
2008; SANTOS et al., 2009).
Com tantas vantagens assim, o crescimento da carcinicultura brasileira se deu de
forma exponencial e de modo semelhante ao dos países do sudeste asiático; “sem
ordenamento adequado, sem regulamentação, com forte incentivo governamental e geração de
impactos ambientais e sociais graves” (INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE
E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS [IBAMA], 2005, p. 8). Mesmo com as
experiências dos países asiáticos, o Brasil tomou um rumo semelhante, não se deteve a olhar o
passado e a construir um futuro diferente; não catastrófico (IBAMA, 2005). Isso porque o
nosso sistema capitalista foi alicerçado numa racionalidade econômica guiada pela
maximização do lucro e do excedente econômico a curto prazo, resultando em uma série de
consequências na degradação dos ecossistemas, os quais são suporte físico e vital de todo o
sistema produtivo (LEFF, 2000).
A carcinicultura, enquanto atividade dirigida por essa racionalidade econômica, tem
gerado diversos impactos ambientais e sociais. Dentre eles temos as consequências ecológicas
da conversão de ecossistemas naturais, particularmente de manguezais, para a construção de
viveiros de camarão, a salinização de lençóis freáticos e de terras agriculturáveis, a utilização
da farinha de peixe em rações de camarão, a poluição de águas costeiras devido aos efluentes
dos viveiros e conflitos sociais em áreas costeiras (FAO/NACA/UNEP/WB/WWF, 2006),
além da grave introdução de espécies exóticas, causando impactos ao ecossistema e à pesca
em geral (BARBIERI; MELO, 2006). Diante da deterioração ambiental, combinada com a
introdução de patógenos e grandes surtos de doenças, resultando em severas perdas
econômicas (BONDAD-REANTASO et al., 2005) em todo o mundo é que a sustentabilidade
dessa atividade tem sido fortemente questionada.
Quando se fala em sustentabilidade, “dificilmente um princípio ou uma causa tenha
adquirido tanta adesão e consenso, em escala planetária, quanto à necessidade de que o
desenvolvimento se dê de forma sustentável” (ASSAD; BURSZTYN, 2000, p. 35) e é em
14

meados da década de 1980 que o conceito de sustentabilidade torna-se consistente e ganha


adesões (ASSAD; BURSZTYN, 2000). O documento intitulado Nosso Futuro Comum ou
Relatório de Brundtland (1987) afirma que o desenvolvimento sustentável é “o
desenvolvimento que atende as necessidades do presente sem comprometer a possibilidade
das gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades” (COMISSÃO MUNDIAL
SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO [CMMAD], 1991, p. 46). Com rápida
e ampla repercussão internacional, esse documento lançou oficialmente a intenção de um
desenvolvimento harmônico entre sociedade, economia e meio ambiente (LOPES;
CASAGRANDE JÚNIOR; SILVA, 2014), onde o desenvolvimento sustentável pode ser
obtido pelo crescimento produtivo contínuo com responsabilidade; minimizando os impactos
ambientais e sociais (CASAGRANDE JR.; AGUDELO, 2012).
Na base da Agenda 21, documento aprovado por mais de 180 países na II Conferência
das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (1992), estão contidos os
princípios do desenvolvimento sustentável. Trata-se de um novo paradigma para abordar um
velho desafio: o desenvolvimento. Embora o termo desenvolvimento tenha sido utilizado e
confundido, por muito tempo, com progresso econômico, nesta nova visão, ultrapassa o
domínio da economia através da sua integração com as outras dimensões: a social, a
ambiental e a institucional, tendo se apoiado em novos paradigmas (BRASIL, 2012).
A principal característica de uma produção sustentável é que se assume que a natureza
é finita, descartando o crescimento sem limites. Para que a aquicultura seja realmente
sustentável deve adotar um sistema que gere renda, otimizando o uso do capital e dos recursos
naturais, promovendo o desenvolvimento humano. Valenti (2008, p. 1) define aquicultura
sustentável como

a produção lucrativa de organismos aquáticos, mantendo uma interação harmônica


duradoura com os ecossistemas e as comunidades locais. Deve ser produtiva e
lucrativa, gerando e distribuindo renda. Deve usar racionalmente os recursos
naturais sem degradar os ecossistemas no qual se insere. Deve gerar empregos e/ou
auto-empregos para a comunidade local, elevando sua qualidade de vida e deve
respeitar sua cultura.

Valenti (2008) também discorre sobre o conceito de aquicultura responsável,


afirmando ser diferente da sustentável. Aquela está relacionada à produção de organismos
aquáticos de acordo com os códigos de ética, estabelecidos por instituições sociais, tais como
sociedades de produtores, órgãos de governo, associações de consumidores ou outros da
sociedade civil. Esses códigos de ética têm o claro objetivo de estabelecer Boas Práticas de
Manejo (BPMs), a fim de minimizar o impacto ambiental, a exploração da mão-de-obra, os
15

prejuízos para as comunidades locais e sofrimento dos animais (VALENTI, 2008). A


aquicultura responsável é a mais próxima da sustentável e pode ser alcançada e praticada.
Com o objetivo de promover o saudável desenvolvimento da carcinocultura mundial
foi que o Consórcio sobre Carcinicultura e Meio Ambiente, formado pela Organização das
Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), pela Network of Aquaculture Centers
in Asia Pacific (NACA), pelo Banco Mundial, pelo World Wildlife Fund (WWF) e pelo
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), debateu o tema e apresentou,
em 2006, na III Seção do Sub-Comitê de Aquicultura, os Princípios Internacionais para a
Carcinicultura Responsável.
Esses Princípios Internacionais, ao abordarem aspectos técnicos, ambientais, sociais e
econômicos relacionados à carcinicultura, estão de acordo com um novo modelo de
desenvolvimento da atividade, tornando-a ambientalmente amigável e socialmente mais justa
(FAO/NACA/UNEP/WB/WWF, 2006). Além das comunidades tradicionais costeiras terem
benefícios com a sua expansão, através do alívio da pobreza nessas áreas, esse novo modelo
visa não comprometer o meio ambiente (FAO/NACA/UNEP/WB/WWF, 2006). Um dos
Princípios abordados nesse documento é o Uso da Água e minimizar a renovação desse
recurso nos cultivos é requisito fundamental para a carcinicultura moderna e ambientalmente
responsável. Essa prática não beneficia apenas o produtor, reduzindo custos de bombeamento
e entrada de patógenos, mas também o meio ambiente pela diminuição da descarga de
nutrientes e de matéria orgânica dos cultivos (FAO/NACA/UNEP/WB/WWF, 2006).
A Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC) também lançou, em 2012,
o documento intitulado Procedimento de Boas Práticas de Manejo e Medidas de
Biossegurança para a Carcinocultura Brasileira com o objetivo de promover, a todos os
empreendimentos que compõem a atividade, uma orientação abrangente e segura de como
prevenir, controlar e, se possível, erradicar as enfermidades que afetam o camarão cultivado.
Assim, a regularidade e a sustentabilidade da produção seriam assegurados (ABCC, 2012).
Dentre as recomendações citadas, o documento aponta os probióticos como a forma moderna
para o tratamento da matéria orgânica na coluna d’água e no solo dos viveiros através do uso
contínuo e sistemático e como produto natural na profilaxia das enfermidades (ABCC, 2012).
Desde que o uso de antibióticos tem sido desencorajado, os probióticos são percebidos
como uma alternativa sustentável (LAZADO; CAIPANG, 2014) e têm sido extensivamente
usados na aquicultura (VINE; LEUKES; KAISER, 2006) em substituição aos antibióticos. Os
probióticos foram definidos originalmente (LILLY; STILLWELL, 1965) como “substâncias
produzidas por um protozoário que estimulavam o crescimento de outro”. Fuller (1989)
expandiu a definição para “microrganismos vivos utilizados na alimentação, que afetam
16

beneficamente o animal hospedeiro por melhorar seu balanço microbiano intestinal”. Em uma
redefinição, adaptada para a aquicultura, os probióticos são “células microbianas
administradas de tal modo a entrar no trato gastrointestinal, sendo mantidas vivas, com o
objetivo de melhorar a saúde" (GATESOUPE,1999). Essas células podem proteger seu
hospedeiro de patógenos pela produção de metabólitos que inibem a colonização ou o
crescimento de outros microrganismos ou pela competição por recursos como nutrientes ou
espaço (VINE; LEUKES; KAISER, 2006).
A definição de probiótico para ambientes aquáticos necessita ser modificada, pois os
organismos aquáticos estabelecem uma intrínseca relação com o ambiente externo, quando
comparados com os animais terrestres (KESARCODI-WATSON et al., 2008). Verschuere et
al. (2000) sugeriu a definição

microorganismos vivos que têm efeito benéfico sobre o hospedeiro, seja


modificando a comunidade microbiana associada ao hospedeiro ou ao ambiente, seja
melhorando o consumo ou absorção do alimento, seja fortalecendo o sistema
imunológico, ou ainda melhorando a qualidade do ambiente de cultivo.

Os efeitos benéficos dos probióticos incluem ainda a prevenção de doenças intestinais,


e com isso vêm sendo amplamente utilizados para o controle de doenças em muitos países
desenvolvidos (NEWAJ-FYZUL; AL-HARBI; AUSTIN, 2014), além de promover maior
crescimento e eficiência alimentar (VENKAT; SAHU; JAIN, 2004). Os probióticos têm sido
introduzidos nos cultivos de peixe, camarão e moluscos como aditivos para a alimentação
animal ou diretamente na água de cultivo (WANG; XU; XIA, 2005) ou no solo de tanques ou
viveiros (LEONEL OCHOA-SOLANO; OLMOS-SOLTO, 2006).
Diversos estudos têm comprovado a eficácia do uso de probióticos em melhorar o
desempenho zootécnico em organismos aquáticos. Entre eles, podemos citar o estudo
realizado por Zokaeifar et al. (2012), que mostrou que os juvenis de L. vannamei que
receberam a dieta suplementada com cepas de Bacillus subtilis apresentaram valores
significativamente superiores de peso final, ganho de peso, taxa de crescimento específico e
sobrevivência em comparação com o grupo controle. A combinação de bactéria fotossintética
e o Bacillus sp. em diferentes concentrações, adicionadas ao cultivo de L. vannamei, mostrou
que todas as dietas suplementadas com probióticos aumentaram a performance de crescimento
em camarões, com os valores de Peso Final, Ganho de Peso Diário e Taxa Relativa de Ganho
de Peso superiores aos do grupo controle (WANG, 2007). Em um estudo mais recente,
juvenis de bacalhau alimentados com cepas de Enterococcus apresentaram aumento na
performance de crescimento (LAUZON et al., 2010).
Diferentes bactérias do gênero Lactobacillus foram testadas no cultivo de pós larvas
de Macrobrachium rosenbergii, indicando incrementos positivos quanto ao desempenho
17

zootécnico dos camarões em relação ao grupo controle; sem probiótico (VENKAT; SAHU;
JAIN, 2004). Em outro estudo, um isolado bacteriano composto de B. subtilis, extraído do
intestino do camarão, foi administrado na ração para juvenis de M. rosenbergii e verificou-se
que as propriedades probióticas desse isolado levaram a aumento do ganho de peso, consumo
de ração, conversão alimentar e sobrevivência desses animais (KEYSAMI;
MOHAMMADPOUR; SAAD, 2012).
O uso de probióticos também tem sido especialmente associado a melhorias na
qualidade da água (WANG; LI; LIN, 2008; SHAILENDER, 2012), como a remoção de
matéria orgânica (SUHENDRA et al., 1997). Esses estudiosos observaram que o uso rotineiro
de probióticos em cultivos de camarão em West Java resultavam em redução do acúmulo de
matéria orgânica, melhorando a qualidade da água e as condições ambientais. O uso de
Bacillus sp. melhorou a qualidade da água, as taxas de sobrevivência e de crescimento e a
saúde de juvenis de Penaeus monodon, além de reduzir o patógeno vibrios (DALMIN et al.,
2001). O uso de probióticos comerciais no cultivo de L. vannamei reduziu as concentrações
de nitrogênio e fósforo e aumentou os rendimentos de camarão (WANG; XU; XIA, 2005).
Wang e He (2009) também reportaram que a aplicação de probióticos comerciais na água no
cultivo de L. vannamei diminuiram significativamente as concentrações de nitrogênio total e
carbono orgânico total do sedimento, sendo observados também a redução de fósforo total e
fósforo inorgânico total em certos períodos do cultivo. Em um recente estudo, observou-se
redução significativa das concentrações de amônia e nitrato quando comparados o uso de
probióticos com o grupo controle no cultivo da mesma espécie. (RAHIMAN et al., 2010).
O uso de probióticos também tem sido reportado em larvicultura de camarão e os
principais objetivos incluem melhorar o crescimento, a sobrevivência e a atividade enzimática
digestiva (GUO et al., 2009; ZHOU; WANG; LI, 2009). A alta taxa de sobrevivência e o
melhor crescimento de larvas do camarão branco indiano, Fenneropenaeus indicus, foram
observados no grupo que receberam alimento enriquecido com probiótico comercial (ZIAEI-
NEJAD et al., 2006). A aplicação do probiótico B. coagulans SC8168 como aditivo na água
aumentou significativamente a taxa de sobrevivência de larvas e a atividade de enzimas
digestivas em L. vannamei (ZHOU; WANG; LI, 2009). Resultados benéficos também foram
encontrados utilizando-se probióticos comerciais em cultivos de larvas e pós larvas de M.
rosenbergii, apresentando aumento na sobrevivência (SHAILENDER, 2012). Liu et al. (2010)
observaram que a administração do probiótico B. subtilis E20 na larvicultura de L. vannamei
resultou no desenvolvimento larval acelerado e em aumento da taxa de sobrevivência larval.
Portanto, o uso de probióticos vem atraindo um grande interesse na indústria da
aquicultura (TINH et al., 2008). Nesse contexto e diante dos problemas de produção
18

enfrentados pela carcinicultura, como a ocorrência dos surtos de doenças, foi que a ABCC
(2012) recomendou o uso desses suplementos tanto na fase de larvicultura como de engorda.
Pela gama diversificada de probióticos disponível no mercado para os carcinicultores
(AKHTER et al., 2015) torna-se fundamental a realização de estudos que examinem a eficácia
do uso de probióticos na larvicultura de espécies comerciais de camarão.
Dessa forma, a primeira parte da pesquisa teve como objetivo avaliar os efeitos de dois
probióticos comerciais de diferentes composições sobre o potencial zootécnico e a resistência
a estresse de larvas e pós-larvas da espécie Litopenaeus vannamei cultivadas em escala
comercial. A segunda parte investigou as práticas de manejo adotadas pelos micro produtores
de camarão do litoral Sul do Rio Grande do Norte, caracterizando-se também os aspectos
sociais e ambientais da carcinicultura percebidos por esses produtores.
19

CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDO

A área de estudo abrangeu o município de Senador Georgino Avelino (06°09’46,8”


latitude Sul e 35°07’22,8” longitude Oeste) e Genipapeiro (Distrito de Nísia Floresta -
6°05’27,6” latitude Sul e 35°12’32,4” longitude Oeste). A localidade foi escolhida em função
da grande quantidade de fazendas, consideradas de micro porte, de camarão já instaladas e em
operação.
Segundo Censo de 2010, a população total residente de Georgino Avelino é de 3.904
pessoas com densidade demográfica de 151,31 hab/km2 (INSTITUTO BRASILEIRO DE
GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA [IBGE], 2010). O município situa-se na mesorregião Leste
Potiguar e na microrregião Litoral Sul, limitando-se com os municípios de Nísia Floresta,
Tibau do Sul, Arês e o Oceano Atlântico, abrangendo uma área de 25,934 km². O município
de Nísia Floresta com área de 307,841 km2 e densidade demográfica de 77,26 km2 conta com
uma população de 23.784 habitantes segundo o mesmo Censo (IBGE, 2010). Nísia Floresta
também situa-se na mesorregião Leste Potiguar e na microrregião Macaíba e possui vários
distritos, dentre eles Genipapeiro.
Os municípios de Senador Georgino Avelino e Nísia Floresta têm contribuído
substancialmente para a carcinicultura no estado e, segundo dados do IBGE, em 2014 eles
alcançaram a produção de 2.000 e 1.700 toneladas de camarão, respectivamente. Quantidades
inferiores, apenas, as de Mossoró (3.190 ton) e Canguaretama (2.950 ton) (IBGE, 2015).

Figura 1: Mapa de localização dos


municípios de Senador Georgino
Avelino e Nísia Floresta.
Google Maps.
20

METODOLOGIA GERAL

A pesquisa conta com duas fases: experimental (Capítulo 1) e observacional descritiva


(Capítulo 2).

Fase experimental
O estudo foi realizado na Larvi Aquicultura e Projetos LTDA, um laboratório comercial
de produção de pós-larvas de camarão localizado no município de Macau, Rio Grande do
Norte. A espécie utilizada no experimento foi o camarão marinho L. vannamei, nas fases de
náuplio V até pós-larva 10 (PL 10), com duração de 18 dias.

Povoamento dos tanques


Náuplios em estágio V, em salinidade 35 ppt, foram obtidos em um laboratório de
reprodução e produção de larvas de L. vannamei e transportados até o local do experimento.
Em seguida, foram lavados até que toda a água do transporte fosse renovada pela água
utilizada na larvicultura e aclimatados, durante duas horas, para a salinidade 34 ppt, salinidade
utilizada no cultivo em função das características da água captada no ambiente pelo
laboratório. Posteriormente, foram transferidos para os seis tanques de cultivo com volume de
10.000 L de água e cada unidade experimental recebeu aproximadamente 4.000.000 de
náuplios, resultando na densidade de estocagem inicial de, aproximadamente, 400 larvas.L-1.
À água de cultivo, foram adicionadas as microalgas Chaetoceros muelleri e Thalassiosira
fluviatilis nas concentrações de 4 x 104 células ml-1 e 0,5 x 104 células ml-1, respectivamente.
Os tanques de cultivo contaram com aeração constante e começaram a receber a adição de
probióticos na água antes mesmo do povoamento. A água dos tanques foi renovada
diariamente a partir do estágio de PL 1, a uma taxa de 90%, sendo retirados por sifonagem os
restos de alimento, fezes e mudas do fundo.

Procedimento Experimental
O delineamento experimental foi inteiramente casualizado e as unidades experimentais
consistiram em 6 tanques de 15.000 L. Foram aplicados dois tratamentos, que consistiu em
dois tipos de probióticos comerciais com composições distintas, com três repetições cada. O
tratamento com o P1 consistiu na adição do probiótico comercial Epicin G2 (Epicore
Networks Eastampton, Estados Unidos) contendo Bacillus subtilis, B. licheniformis,
Lactobacillus acidophilus, B. pumilus e Saccharomyces cerevisiae. No tratamento com o P2,
foi utilizado o probiótico comercial ProBacyl (Bern&Roc Aquacultura Ltda, Ceará-Mirim,
21

Brasil) com uma mistura de B. subtilis, B. licheniformis, Pediococcus acidilactici e bactérias


probióticas (total). Diariamente, em cada tanque foram adicionados os probióticos ao cultivo,
duas vezes ao dia (8:00 e 15:00 h), nas quantidades de 2 g.1000 L-1 para ambos os
tratamentos.

Manejo alimentar na larvicultura


Em todas as unidades experimentais, diariamente foram realizadas contagens em
câmara de Neubauer das densidades das microalgas utilizadas (C. muelleri e T. fluviatilis),
realizando-se a complementação das mesmas sempre às 07:00 e 14:00 h, com o objetivo de
manter as densidades acima estipuladas, nos tanques de cultivo. No estágio de Protozoea 2,
iniciou-se a oferta de rações industrializadas. O manejo alimentar seguiu o protocolo
determinado pela empresa e consistiu na oferta de náuplios de Artemia a partir do estágio de
Protozoea 3 (Z 3), com complementação de dieta seca nos estágios de Misis e Pós-larva
(Tabelas 1 e 2). Os náuplios de Artemia (Mackay) congelados e vivos foram ofertados,
respectivamente, de Z 3 a PL 1 e de PL 2 a PL 8.
Tabela 1. Quantidade de náuplios Artemia ofertados por indivíduo, quantidade de ração (g)
por tanque e frequência de arraçoamento em cada estágio de L. vannamei em cultivo
comercial, de acordo com manejo alimentar adotado pela empresa.
Frequência de
Náuplios de Quantidade de
Dia Estágio arraçoamento/
Artemia/indivíduo ração/tanque (g)
dia
1 N5 - - -
2 Z1 - - -
3 Z2 - 24 4x
4 Z2 - 40 4x
5 Z3 2 78 6x
6 M1 17 87 6x
7 M2 17 128 8x
8 M3 27 168 8x
9 PL 1 27 184 8x
10 PL 2 28 286 11 x
11 PL 3 28 319 11 x
12 PL 4 28 363 11 x
13 PL 5 40 385 11 x
14 PL 6 40 450 10 x
15 PL 7 28 480 10 x
16 PL 8 28 500 10 x
17 PL 9 - 660 12 x
18 PL 10 - 684 12 x
Fonte: Larvi Aquicultura e Projetos LTDA
22

g = grama; N = Náuplio; Z = Protozoea; M = Misis; PL = Pós-larva

Tabela 2. Rações ofertadas em cada estágio, em cultivo comercial, de acordo com manejo
alimentar adotado pela empresa.
Dia Estágio Ração ofertada (Fabricante)
1 N5 -
2 Z1 -
3 Z2 Royal Caviar 5 - 50 (Bernaqua), LZ < 50 (Zeigler), Car 1 (Inve),
Minipro 0 (Maripro as)
4 Z2 Royal Caviar 5 - 50 (Bernaqua), LZ < 50 (Zeigler), Car 1 (Inve),
Minipro 0 (Maripro as)
5 Z3 Royal Caviar 50 - 100 (Bernaqua), LHF 1 (Epicore), LZ < 100
(Zeigler), Minipro 1 (Maripro as), CD 2 (Inve)
6 M1 Royal Caviar 50 - 100 (Bernaqua), LHF 1 (Epicore), LZ < 100
(Zeigler), Minipro 1 (Maripro as), CD 2 (Inve)
7 M2 Royal Caviar 100 - 200 (Bernaqua), LHF 2 (Epicore), LZ 100 - 150
(Zeigler), Minipro 1 (Maripro as), CD 3 (Inve)
8 M3 Royal Caviar 100 - 200 (Bernaqua), LHF 2 (Epicore), LZ 100 - 150
(Zeigler), Minipro 1 (Maripro as), CD 3 (Inve)
9 PL 1 Royal Caviar 100 - 200 (Bernaqua), LHF 2 (Epicore), LZ 100 - 150
(Zeigler), Minipro 1 (Maripro as), CD 3 (Inve)
10 PL 2 Sea Food 200 - 300 (Bernaqua), LHF 2 (Epicore), LZ 100 - 150
(Zeigler), Minipro 2 (Maripro as), PL 150 (Inve),
11 PL 3 Sea Food 200 - 300 (Bernaqua), LHF 2 (Epicore), LZ 150 - 250
(Zeigler), Minipro 2 (Maripro as), PL 150 (Inve),
12 PL 4 Epibal 300 (Epicore), Sea Food 200 - 300 (Bernaqua), LHF 2
(Epicore), LZ 150 - 250 (Zeigler), Minipro 2 (Maripro as), PL 150
(Inve),
13 PL 5 Epibal 300 (Epicore), Sea Food 200 - 300 (Bernaqua), LHF 3
(Epicore), LZ 150 - 250 (Zeigler), Minipro 2 (Maripro as)
14 PL 6 Epibal 300 (Epicore), LZ 250 - 450 (Zeigler), Flake (Mackay), S-PAK
2/5 (Inve)
15 PL 7 Epibal 300 (Epicore), LZ 250 - 450 (Zeigler), Flake (Mackay), S-PAK
2/5 (Inve)
16 PL 8 Epibal 500 (Epicore), LZ 250 - 450 (Zeigler), Flake (Mackay), S-PAK
2/5 (Inve), PL 300 (Inve), Minipro 3 (Maripro as)
17 PL 9 Epibal 500 (Epicore), LZ 250 - 450 (Zeigler), Flake (Mackay), S-PAK
2/5 (Inve), PL 300 (Inve), Sea Food 300 - 500 (Bernaqua)
18 PL 10 Epibal 500 (Epicore), LZ 250 - 450 (Zeigler), Flake (Mackay), S-PAK
2/5 (Inve), Sea Food 300 - 500 (Bernaqua), Minipro 3 (Maripro as)
Fonte: Larvi Aquicultura e Projetos LTDA
N = Náuplio; Z = Protozoea; M = Misis; PL = Pós-larva
23

Parâmetros físico-químicos
A salinidade (ppt), temperatura (oC) e oxigênio dissolvido (mg.L-1) foram controlados
diariamente, sendo verificados às 07:00 e 17:00 h, enquanto o pH foi medido nos estágios de
Protozoea 1, Misis 1, PL 1, PL 5 e PL 10. Os valores médios estão dentro das condições
ideais para o cultivo de L. vannamei (VAN WKY and SCARPA, 1999; KUBITZA, 2003;
NUNES e ANDREATTA, 2011) (Tabela 3). A salinidade foi monitorada através de
refratômetro (pHep5, Hanna instruments), a temperatura e o oxigênio dissolvido através de
oxímetro (Handy Polaris, OxyGuard) e o pH com pHmetro (STX-3, Vee Gee Scientific).

Tabela 3. Médias e desvios-padrão para os parâmetros físico-químicos da água observados


nesse estudo.
Tratamentos
Parâmetros
Probiótico 1 Probiótico 2
Salinidade (ppt) 32,79 ± 1,21 32,85 ± 1,34
Temperatura (°C) 29,18 ± 0,64 29,41 ± 0,58
pH 7,65 ± 0,23 7,69 ± 0,26
Oxigênio dissolvido (mg L-1) 6,59 ± 0,60 6,52 ± 0,65

Desempenho Zootécnico
O comprimento total foi mensurado nos estágios PL 1, PL 5 e PL 10 relacionados ao 1º,
5º e 10º dia após início da metamorfose das larvas do tanque ao primeiro estágio de pós-larva,
em papel milimetrado, sendo para isto coletados aleatoriamente 30 indivíduos de cada
unidade experimental. Para a determinação do peso úmido e seco, nos estágios acima citados,
as pós-larvas foram retiradas aleatoriamente com a ajuda de um bécker, na quantidade de 10
amostras de 15 PL´s de cada unidade experimental. No laboratório, as PL´s foram secas em
papel filtro e embaladas em papéis alumínio pré-pesados e, em seguida, pesadas em balança
analítica de precisão (AY220, Shimadzu) para a obtenção do peso úmido. Posteriormente,
foram levadas à estufa de circulação forçada, onde foram submetidas por 24 h à temperatura
de 60 oC e, depois, novamente pesadas para obtenção do peso seco.
Ao final do experimento, foram mensurados o ganho de peso (1) (KURESHY and
DAVIS, 2002), a taxa de crescimento específico (2) (TCE) (WU and DONG, 2002) e o
percentual de sobrevivência final (3) (adaptado de SILVA et al., 2009):
24

Em que: Ln = Logaritmo neperiano; Pi = Peso inicial; Pf = Peso final; t = tempo de


experimento.

Em que: Ni = Número de larvas povoadas no início do experimento; Nf = Número de


pós-larvas estimadas no final do experimento.

Para determinar Nf, a população de cada unidade experimental foi concentrada em três
caixas de 500 L cada. Após homogeneização, foram coletadas quatro amostras de água de 145
ml e contadas as pós-larvas presentes. Posteriormente, realizou-se uma estimativa do número
total de animais a partir das médias obtidas.
Para calcular o percentual de metamorfose, foram coletados 50 indivíduos,
aleatoriamente, de cada tanque no 9º e 10º dia de cultivo, avaliando-se assim o perfil de
natação e a anatomia externa para determinar o estágio de desenvolvimento no qual o animal
se encontrava.

Teste de estresse (adaptado de TACKAERT et al., 1989)


Realizou-se teste de estresse a partir de choque iônico. Desta forma, 30 indivíduos
foram retirados aleatoriamente de cada unidade experimental e colocados em água doce por
30 minutos, retornando para a água salgada por igual período de tempo. Logo em seguida, foi
verificada a sobrevivência em cada uma das amostras.

Análise Estatística
Todos os dados foram inicialmente submetidos aos testes de normalidade (Komolgorov-
Smirnov), homocedasticidade (Levene) e independência (gráfico dos resíduos x ordem de
coleta). Para as variáveis que não apresentaram violações sérias dos pressupostos exigidos foi
aplicado o teste t de Student (paramétrico). Para as variáveis que tiveram problemas nesse
diagnóstico, U de Mann-Whitney, qui-quadrado (χ²) e teste exato de Fisher (não-
25

paramétricos) foram utilizados. Em todos os testes, o nível de significância adotado foi 0,05 e
o software utilizado foi o MINITAB 17. A sobrevivência final foi analisada descritivamente.

Fase observacional descritiva


O estudo foi realizado no mês de setembro de 2015 durante reuniões que estavam
ocorrendo em função do cadastramento de micro produtores de camarão do litoral Sul pelo
Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte -
IDEMA.
A pesquisa foi realizada por meio de um processo de amostragem aleatória simples, na
qual os entrevistados foram selecionados aleatoriamente de uma listagem disponibilizada pelo
IDEMA. O cálculo do tamanho da amostra resultou em 27 micro produtores de um total de
39, o que representa 69% de toda a população em estudo. Todos, após terem sido
devidamente explicados sobre a pesquisa e seus objetivos, foram, então, solicitados a assinar
o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
A pesquisa foi feita através de entrevistas semiestruturadas, com a aplicação de
questionários (Apêndice) contendo perguntas sobre características socioeconômicas dos
produtores (sexo, idade, renda, etc.), infraestrutura da fazenda, práticas de manejo, medidas de
biossegurança adotadas, medição de parâmetros físico-químicos da água e uso de novas
tecnologias de produção, entre outras. Abordamos também no nosso instrumento de pesquisa
questões específicas sobre a problemática ambiental envolvendo os impactos da carcinicultura
e a geração de lixo durante os ciclos de cultivo.
Os métodos estatísticos utilizados foram a estatística descritiva, por meio de
frequências absolutas e relativas organizadas em tabelas e gráficos, e o teste Exato de Fisher
que é utilizado para testar a significância da associação observada entre variáveis categóricas
numa tabela cruzada ou de contingência. Vale ressaltar que para as variáveis com múltiplas
respostas, considerou-se cada categoria como sendo uma variável dicotômica (Sim/Não) e que
para realizar os testes foi necessário agrupar categorias das variáveis Escolaridade, Renda
mensal da família, Uso de probióticos e Percentual de sobrevivência nos cultivos. Todos os
testes estatísticos foram realizados com um nível de significância 0,05 e o software utilizado
foi o SPSS versão 20.
26
27

CAPÍTULO 1 - AVALIAÇÃO DE PROBIÓTICOS SOBRE PARÂMETROS DE


DESEMPENHO DE PÓS-LARVAS DE Litopenaeus vannamei

ESTE ARTIGO ESTÁ SUBMETIDO AO BOLETIM DO INSTITUTO DE PESCA E,


PORTANTO, ESTÁ FORMATADO DE ACORDO COM AS RECOMENDAÇÕES DESTE
PERIÓDICO (ftp://ftp.sp.gov.br/ftppesca/NovasInstrucoes_aos_Autores_19nov15.pdf)
28

1 AVALIAÇÃO DE PROBIÓTICOS SOBRE PARÂMETROS DE DESEMPENHO DE


2 PÓS-LARVAS DE Litopenaeus vannamei
3

4 RESUMO
5 O objetivo do trabalho foi a avaliação da diferença entre o tratamento com o probiótico 1 (P1)
6 em relação ao tratamento com o probiótico 2 (P2) no cultivo larval de Litopenaeus vannamei,
7 estes foram cultivados por 18 dias. O tratamento com o P1 consistiu na adição do probiótico
8 comercial Epicin G2 (Epicore Networks Eastampton, Estados Unidos) contendo Bacillus
9 subtilis, B. licheniformis, Lactobacillus acidophilus, B. pumilus e Saccharomyces cerevisiae. No
10 tratamento com o P2, foi utilizado o probiótico comercial ProBacyl (Bern&Roc Aquacultura
11 Ltda, Ceará-Mirim, Brasil) com uma mistura de B. subtilis, B. licheniformis, Pediococcus
12 acidilactici e bactérias probióticas (total). As unidades experimentais consistiram em seis
13 tanques de 15.000 L, e cada tratamento contou com três repetições. Os probióticos foram
14 aplicados diariamente na água, avaliando-se o potencial zootécnico e resistência a estresse
15 iônico de larvas e pós-larvas (PL). Os parâmetros salinidade, temperatura, pH e oxigênio
16 dissolvido foram controlados. As pós-larvas submetidas ao P2 apresentaram valores médios
17 maiores (p < 0,05) para comprimento (PL 1 e PL 5), pesos úmido e seco (PL 5) e percentual de
18 metamorfose (90%) em relação ao outro tratamento, as demais variáveis não diferiram. A
19 sobrevivência final foi de 56,4% e 64,9% para pós-larvas submetidas ao P1 e ao P2,
20 respectivamente. Dessa forma, o probiótico 2 apresentou melhores resultados que o P1 para
21 o cultivo de L. vannamei em sistema de larvicultura comercial em algumas fases de
22 desenvolvimento.
23 Palavras-chave: Litopenaeus vannamei; performance de crescimento; sobrevivência
24

25

26 PROBIOTICS EVALUATION ON PERFORMANCE PARAMETERS OF POST- LARVAE


27 OF Litopenaeus vannamei
28

29 ABSTRACT
30 The objective of the search was evaluation of the difference between treatment with the
31 probiotic 1 (P1) in relation when treatment with probiotic 2 (P2) in the larvae cultivation of
32 the Litopenaeus vannamei, these were culture for 18 days. The treatment with P1 consisted in
33 the addition of the commercial probiotic Epicin G2 (Epicore Networks Eastampton, Estados
34 Unidos) containing Bacillus subtilis, B. licheniformis, Lactobacillus acidophilus, B. pumilus and
35 Saccharomyces cerevisiae. In the treatment with P2, was utilized commercial probiotic ProBacyl
29

36 (Bern&Roc Aquacultura Ltda, Ceará-Mirim, Brazil) with a mixture of B. subtilis, B.


37 licheniformis, Pediococcus acidilactici and probiotic bacteria (total). The experimental units
38 consisted of six tanks of 15,000 L, and each treatment had three repetitions. The probiotics
39 were applied daily in the water, evaluating the zootechnical potential and resistance to stress
40 larvae and post-larvae (PL). The parameters salinity, temperature, pH and oxygen dissolved
41 were controlled. The post-larvae submitted for P2 presented medium values higher (p < 0,05)
42 to length (PL 1 and PL 5), humid and dry weights (PL 5) and metamorphosis percentage
43 (90%) compared to the other treatment, but as other variables did not differ. The final
44 survival was 56,4% and 64,9% to post-larvae submitted to P1 and P2, respectively. Thus, the
45 probiotic 2 showed better results than P1 for cultivation of L. vannamei in commercial
46 hatchery system at some stages of development.
47

48 Keywords: Litopenaeus vannamei; growth performance; survival


49
50
51 INTRODUÇÃO
52

53 Durante muitas décadas, os antibióticos foram utilizados como estratégia para


54 combater doenças em organismos aquáticos e também para aumentar o crescimento e a
55 conversão alimentar (PANDIYAN et al., 2013), o que causou o desenvolvimento e a
56 disseminação de patógenos resistentes (CABELLO, 2006), resultando em fortes críticas
57 quanto à eficácia desses produtos. Desta forma, o uso de antibióticos tem sido desencorajado,
58 ao mesmo tempo em que os probióticos surgem como uma alternativa sustentável
59 (LAZADO and CAIPANG, 2014) e vem sendo extensivamente usados na aquicultura (VINE
60 et al., 2006).
61 Os probióticos foram definidos originalmente (LILLY and STILLWELL, 1965) como
62 “substâncias produzidas por um protozoário que estimulavam o crescimento de outro”.
63 FULLER (1989) expandiu a definição para “microrganismos vivos utilizados na alimentação,
64 que afetam beneficamente o animal hospedeiro por melhorar seu balanço microbiano
65 intestinal”. Em uma redefinição, adaptada para a aquicultura, os probióticos são “células
66 microbianas administradas de tal modo a entrar no trato gastrointestinal, sendo mantidas
67 vivas, com o objetivo de melhorar a saúde" (GATESOUPE,1999).
68 Quando comparados aos animais terrestres, os organismos aquáticos possuem uma
69 relação mais estreita com o ambiente em que vive (KESARCODI-WATSON et al., 2008), de
70 forma que VERSCHUERE et al. (2000) definiu os probióticos como sendo “microorganismos
71 vivos que têm efeito benéfico sobre o hospedeiro, seja modificando a comunidade
30

72 microbiana associada ao hospedeiro ou ao ambiente, melhorando o consumo ou absorção do


73 alimento, fortalecendo o sistema imunológico, ou ainda melhorando a qualidade do
74 ambiente de cultivo".
75 O aumento do uso de probióticos em cultivos de camarão tem sido relacionado com a
76 busca de uma aquicultura ambientalmente amigável (VINE et al., 2006; KESACORDI-
77 WATSON et al., 2008) e seus efeitos benéficos relatados incluem incremento da
78 decomposição de matéria orgânica, redução nas concentrações de nitrogênio e fósforo,
79 controle de amônia, levando a uma menor incidência de doenças, maior sobrevivência dos
80 animais e consequente aumento da produção (BOYD and MASSAAUT, 1999).
81 As pesquisas sobre o uso de probióticos em larvicultura de organismos aquáticos se
82 iniciaram no final da década de 1980 (VINE et al., 2006) e a manipulação da microbiota larval
83 com probióticos tem sido sugerida como uma estratégia para preventivamente colonizar as
84 larvas com microorganismos benéficos (VERSCHUERE et al., 1999). O uso de probióticos
85 reportado para larvicultura de camarão tem como principais objetivos melhorar o
86 crescimento, a sobrevivência, a atividade enzimática digestiva e a resposta imune (ZIAEI-
87 NEJAD et al., 2006; RAVI et al., 2007; GUO et al., 2009; ZHOU et al., 2009; LIU et al., 2010;
88 SHAILENDER, 2012).
89 Portanto, como o uso de probióticos vem atraindo um grande interesse na indústria da
90 aquicultura (TINH et al., 2008) e uma gama diversificada desse produto está disponível no
91 mercado para os produtores de camarão (AKHTER et al., 2015), é fundamental a realização
92 de estudos que avaliem o uso de probióticos na larvicultura de espécies comerciais de
93 camarão. Dessa forma, nossa pesquisa teve como objetivo avaliar os diferentes efeitos do
94 tratamento com o probiótico 1 em relação ao tratamento com o probiótico 2, através do uso de
95 probióticos comerciais de diferentes composições, sobre o potencial zootécnico e resistência a
96 estresse iônico de larvas e pós-larvas de Litopenaeus vannamei cultivadas em escala comercial.
97

98 MATERIAL E MÉTODOS
99

100 O estudo foi realizado na Larvi Aquicultura e Projetos LTDA, um laboratório comercial
101 de produção de pós-larvas de camarão localizado no município de Macau, Rio Grande do
102 Norte. A espécie utilizada no experimento foi o camarão marinho L. vannamei, nas fases de
103 náuplio V até pós-larva 10 (PL 10), com duração de 18 dias.
104
105 Povoamento dos tanques
31

106 Náuplios em estágio V, em salinidade 35 ppt, foram obtidos em um laboratório de


107 reprodução e produção de larvas de L. vannamei e transportados até o local do experimento.
108 Em seguida, foram lavados até que toda a água do transporte fosse renovada pela água
109 utilizada na larvicultura e aclimatados, durante duas horas, para a salinidade 34 ppt,
110 salinidade utilizada no cultivo em função das características da água captada no ambiente
111 pelo laboratório. Posteriormente, foram transferidos para os seis tanques de cultivo com
112 volume de 10.000 L de água e cada unidade experimental recebeu aproximadamente
113 4.000.000 de náuplios, resultando na densidade de estocagem inicial de, aproximadamente,
114 400 larvas.L-1. À água de cultivo, foram adicionadas as microalgas Chaetoceros muelleri e
115 Thalassiosira fluviatilis nas concentrações de 4 x 104 células ml-1 e 0,5 x 104 células ml-1,
116 respectivamente. Os tanques de cultivo contaram com aeração constante e começaram a
117 receber a adição de probióticos na água antes mesmo do povoamento. A água dos tanques
118 foi renovada diariamente a partir do estágio de PL 1, a uma taxa de 90%, sendo retirados por
119 sifonagem os restos de alimento, fezes e mudas do fundo.
120
121 Procedimento Experimental
122 O delineamento experimental foi inteiramente casualizado e as unidades experimentais
123 consistiram em 6 tanques de 15.000 L. Foram aplicados dois tratamentos, que consistiu em
124 dois tipos de probióticos comerciais com composições distintas, com três repetições cada. O
125 tratamento com o P1 consistiu na adição do probiótico comercial Epicin G2 (Epicore
126 Networks Eastampton, Estados Unidos) contendo Bacillus subtilis, B. licheniformis,
127 Lactobacillus acidophilus, B. pumilus e Saccharomyces cerevisiae. No tratamento com o P2,
128 foi utilizado o probiótico comercial ProBacyl (Bern&Roc Aquacultura Ltda, Ceará-Mirim,
129 Brasil) com uma mistura de B. subtilis, B. licheniformis, Pediococcus acidilactici e bactérias
130 probióticas (total). Diariamente, em cada tanque foram adicionados os probióticos ao cultivo,
131 duas vezes ao dia (8:00 e 15:00 h), nas quantidades de 2 g.1000 L-1 para ambos os tratamentos.
132

133 Manejo alimentar na larvicultura


134 Em todas as unidades experimentais, diariamente foram realizadas contagens em
135 câmara de Neubauer das densidades das microalgas utilizadas (C. muelleri e T. fluviatilis),
136 realizando-se a complementação das mesmas sempre às 07:00 e 14:00 h, com o objetivo de
137 manter as densidades acima estipuladas, nos tanques de cultivo. No estágio de Protozoea 2,
138 iniciou-se a oferta de rações industrializadas. O manejo alimentar seguiu o protocolo
139 determinado pela empresa e consistiu na oferta de náuplios de Artemia a partir do estágio de
140 Protozoea 3 (Z 3), com complementação de dieta seca nos estágios de Misis e Pós-larva
32

141 (Tabelas 1 e 2). Os náuplios de Artemia (Mackay) congelados e vivos foram ofertados,
142 respectivamente, de Z 3 a PL 1 e de PL 2 a PL 8.
143

144 Tabela 1. Quantidade de náuplios Artemia ofertados por indivíduo, quantidade de ração (g)
145 por tanque e frequência de arraçoamento em cada estágio de L. vannamei em cultivo
146 comercial, de acordo com manejo alimentar adotado pela empresa.
Frequência de
Náuplios de Quantidade de
Dia Estágio arraçoamento/
Artemia/indivíduo ração/tanque (g)
dia
1 N5 - - -
2 Z1 - - -
3 Z2 - 24 4x
4 Z2 - 40 4x
5 Z3 2 78 6x
6 M1 17 87 6x
7 M2 17 128 8x
8 M3 27 168 8x
9 PL 1 27 184 8x
10 PL 2 28 286 11 x
11 PL 3 28 319 11 x
12 PL 4 28 363 11 x
13 PL 5 40 385 11 x
14 PL 6 40 450 10 x
15 PL 7 28 480 10 x
16 PL 8 28 500 10 x
17 PL 9 - 660 12 x
18 PL 10 - 684 12 x
147 Fonte: Larvi Aquicultura e Projetos LTDA
148 g = grama; N = Náuplio; Z = Protozoea; M = Misis; PL = Pós-larva
149

150
33

151 Tabela 2. Rações ofertadas em cada estágio, em cultivo comercial, de acordo com manejo
152 alimentar adotado pela empresa.
Dia Estágio Ração ofertada (Fabricante)
1 N5 -
2 Z1 -
3 Z2 Royal Caviar 5 - 50 (Bernaqua), LZ < 50 (Zeigler), Car 1 (Inve),
Minipro 0 (Maripro as)
4 Z2 Royal Caviar 5 - 50 (Bernaqua), LZ < 50 (Zeigler), Car 1 (Inve),
Minipro 0 (Maripro as)
5 Z3 Royal Caviar 50 - 100 (Bernaqua), LHF 1 (Epicore), LZ < 100 (Zeigler),
Minipro 1 (Maripro as), CD 2 (Inve)
6 M1 Royal Caviar 50 - 100 (Bernaqua), LHF 1 (Epicore), LZ < 100 (Zeigler),
Minipro 1 (Maripro as), CD 2 (Inve)
7 M2 Royal Caviar 100 - 200 (Bernaqua), LHF 2 (Epicore), LZ 100 - 150
(Zeigler), Minipro 1 (Maripro as), CD 3 (Inve)
8 M3 Royal Caviar 100 - 200 (Bernaqua), LHF 2 (Epicore), LZ 100 - 150
(Zeigler), Minipro 1 (Maripro as), CD 3 (Inve)
9 PL 1 Royal Caviar 100 - 200 (Bernaqua), LHF 2 (Epicore), LZ 100 - 150
(Zeigler), Minipro 1 (Maripro as), CD 3 (Inve)
10 PL 2 Sea Food 200 - 300 (Bernaqua), LHF 2 (Epicore), LZ 100 - 150 (Zeigler),
Minipro 2 (Maripro as), PL 150 (Inve),
11 PL 3 Sea Food 200 - 300 (Bernaqua), LHF 2 (Epicore), LZ 150 - 250 (Zeigler),
Minipro 2 (Maripro as), PL 150 (Inve),
12 PL 4 Epibal 300 (Epicore), Sea Food 200 - 300 (Bernaqua), LHF 2 (Epicore),
LZ 150 - 250 (Zeigler), Minipro 2 (Maripro as), PL 150 (Inve),
13 PL 5 Epibal 300 (Epicore), Sea Food 200 - 300 (Bernaqua), LHF 3 (Epicore),
LZ 150 - 250 (Zeigler), Minipro 2 (Maripro as)
14 PL 6 Epibal 300 (Epicore), LZ 250 - 450 (Zeigler), Flake (Mackay), S-PAK
2/5 (Inve)
15 PL 7 Epibal 300 (Epicore), LZ 250 - 450 (Zeigler), Flake (Mackay), S-PAK
2/5 (Inve)
16 PL 8 Epibal 500 (Epicore), LZ 250 - 450 (Zeigler), Flake (Mackay), S-PAK
2/5 (Inve), PL 300 (Inve), Minipro 3 (Maripro as)
17 PL 9 Epibal 500 (Epicore), LZ 250 - 450 (Zeigler), Flake (Mackay), S-PAK
2/5 (Inve), PL 300 (Inve), Sea Food 300 - 500 (Bernaqua)
18 PL 10 Epibal 500 (Epicore), LZ 250 - 450 (Zeigler), Flake (Mackay), S-PAK
2/5 (Inve), Sea Food 300 - 500 (Bernaqua), Minipro 3 (Maripro as)
153 Fonte: Larvi Aquicultura e Projetos LTDA
154 N = Náuplio; Z = Protozoea; M = Misis; PL = Pós-larva
155

156 Parâmetros físico-químicos


157 A salinidade (ppt), temperatura (oC) e oxigênio dissolvido (mg.L-1) foram controlados
158 diariamente, sendo verificados às 07:00 e 17:00 h, enquanto o pH foi medido nos estágios de
34

159 Protozoea 1, Misis 1, PL 1, PL 5 e PL 10. Os valores médios estão dentro das condições ideais
160 para o cultivo de L. vannamei (VAN WKY and SCARPA, 1999; KUBITZA, 2003; NUNES e
161 ANDREATTA, 2011) (Tabela 3). A salinidade foi monitorada através de refratômetro
162 (pHep5, Hanna instruments), a temperatura e o oxigênio dissolvido através de oxímetro
163 (Handy Polaris, OxyGuard) e o pH com pHmetro (STX-3, Vee Gee Scientific).
164
165 Tabela 3. Médias e desvios-padrão para os parâmetros físico-químicos da água observados
166 nesse estudo.

Tratamentos
Parâmetros
Probiótico 1 Probiótico 2
Salinidade (ppt) 32,79 ± 1,21 32,85 ± 1,34
Temperatura (°C) 29,18 ± 0,64 29,41 ± 0,58
pH 7,65 ± 0,23 7,69 ± 0,26
Oxigênio dissolvido (mg L-1) 6,59 ± 0,60 6,52 ± 0,65
167

168 Desempenho Zootécnico


169 O comprimento total foi mensurado nos estágios PL 1, PL 5 e PL 10 relacionados ao 1º,
170 5º e 10º dia após início da metamorfose das larvas do tanque ao primeiro estágio de pós-
171 larva, em papel milimetrado, sendo para isto coletados aleatoriamente 30 indivíduos de cada
172 unidade experimental. Para a determinação do peso úmido e seco, nos estágios acima
173 citados, as pós-larvas foram retiradas aleatoriamente com a ajuda de um bécker, na
174 quantidade de 10 amostras de 15 PL´s de cada unidade experimental. No laboratório, as PL´s
175 foram secas em papel filtro e embaladas em papéis alumínio pré-pesados e, em seguida,
176 pesadas em balança analítica de precisão (AY220, Shimadzu) para a obtenção do peso úmido.
177 Posteriormente, foram levadas à estufa de circulação forçada, onde foram submetidas por 24
178 h à temperatura de 60 oC e, depois, novamente pesadas para obtenção do peso seco.
179 Ao final do experimento, foram mensurados o ganho de peso (1) (KURESHY and
180 DAVIS, 2002), a taxa de crescimento específico (2) (TCE) (WU and DONG, 2002) e o
181 percentual de sobrevivência final (3) (adaptado de SILVA et al., 2009):

182
183 Em que: Ln = Logaritmo neperiano; Pi = Peso inicial; Pf = Peso final; t = tempo de
184 experimento.
35

185
186 Em que: Ni = Número de larvas povoadas no início do experimento; Nf = Número de
187 pós-larvas estimadas no final do experimento.
188

189 Para determinar Nf, a população de cada unidade experimental foi concentrada em três
190 caixas de 500 L cada. Após homogeneização, foram coletadas quatro amostras de água de
191 145 ml e contadas as pós-larvas presentes. Posteriormente, realizou-se uma estimativa do
192 número total de animais a partir das médias obtidas.
193 Para calcular o percentual de metamorfose, foram coletados 50 indivíduos,
194 aleatoriamente, de cada tanque no 9º e 10º dia de cultivo, avaliando-se assim o perfil de
195 natação e a anatomia externa para determinar o estágio de desenvolvimento no qual o
196 animal se encontrava.
197

198 Teste de estresse (adaptado de TACKAERT et al., 1989)


199 Realizou-se teste de estresse a partir de choque iônico. Desta forma, 30 indivíduos
200 foram retirados aleatoriamente de cada unidade experimental e colocados em água doce por
201 30 minutos, retornando para a água salgada por igual período de tempo. Logo em seguida,
202 foi verificada a sobrevivência em cada uma das amostras.
203

204 Análise Estatística


205 Todos os dados foram inicialmente submetidos aos testes de normalidade
206 (Komolgorov-Smirnov), homocedasticidade (Levene) e independência (gráfico dos resíduos
207 x ordem de coleta). Para as variáveis que não apresentaram violações sérias dos pressupostos
208 exigidos foi aplicado o teste t de Student (paramétrico). Para as variáveis que tiveram
209 problemas nesse diagnóstico, U de Mann-Whitney, qui-quadrado (χ²) e teste exato de Fisher
210 (não-paramétricos) foram utilizados. Em todos os testes, o nível de significância adotado foi
211 0,05 e o software utilizado foi o MINITAB 17. A sobrevivência final foi analisada
212 descritivamente.
213

214 RESULTADOS
215

216 Desempenho Zootécnico


217 Nos estágios PL 1 e PL 5, referentes ao 9o e 13o dia de experimento, as pós-larvas que
218 receberam o probiótico 2 apresentaram valores médios de comprimento (Tabela 4) maiores
36

219 do que as tratadas com o probiótico 1 (teste t de Student, p < 0,05). No estágio PL 10 (décimo
220 oitavo dia de experimento), não houve diferença estatística entre os tratamentos (teste t de
221 Student, p > 0,05).
222

223 Tabela 4: Desempenho zootécnico observado nas pós-larvas nos tratamentos aplicados.

Tratamentos
Probiótico 1 Probiótico 2
Comprimento total (mm)
PL 1 4,66 ± 0,58a 4,83 ± 0,52b
PL 5 6,02 ± 0,67a 6,22 ± 0,58b
PL 10 8,13 ± 0,68a 8,00 ± 0,86a
Peso úmido (mg)
PL 1 5,46 ± 1,42a 6,29 ± 3,99a
PL 5 10,08 ± 1,80a 12,20 ± 4,88b
PL 10 27,55 ± 4,15a 27,56 ± 5,62a
Ganho de peso úmido (mg) 22,72 ± 3,90a 21,27 ± 6,16a
TCE (peso úmido) % dia-1 9,80 ± 1,49a 8,69 ± 2,26a
Peso seco (mg)
PL 1 0,91 ± 0,37a 0,89 ± 0,38a
PL 5 1,91 ± 0,49a 2,33 ± 0,60b
PL 10 6,41 ± 0,89a 6,57 ± 1,34a
Ganho de peso seco (mg) 5,64 ± 0,88a 5,68 ± 1,19a
TCE (peso seco) % dia-1 12,11 ± 2,16a 11,63 ± 2,57a
224 *PL: pós-larva.
225 Letras diferentes sobrescritas indicam diferença significativa ao nível de 5% entre os tratamentos.
226

227 Animais dos estágios PL 1 e PL 10 não diferiram entre os tratamentos para os valores
228 médios de peso úmido (respectivamente, testes t de Student e U de Mann-Whitney, p > 0,05).
229 Já em estágio PL 5 houve diferença entre os tratamentos (teste t de Student, p < 0,05). Em
230 relação ao peso seco, o resultado foi o mesmo (Tabela 4).
231 Os valores médios de ganho de peso úmido e seco (Tabela 4) não apresentaram
232 diferenças entre os dois tratamentos (teste t de Student, p > 0,05) e em relação à TCE, os
233 valores médios encontrados (Tabela 4) também não diferiram entre os tratamentos aplicados
234 (teste t de Student, p > 0,05).
235 Os percentuais de metamorfose (Figura 1) encontrados no nono dia de experimento
236 não diferiram entre os tratamentos (teste Qui-quadrado χ², p > 0,05). No entanto, no décimo
237 dia, o percentual encontrado nas unidades experimentais que receberam o probiótico 2 (90%)
238 foi significativamente superior ao apresentado nas unidades que receberam o probiótico 1
239 (78%) (teste Qui-quadrado χ², p < 0,05). Vale ressaltar que o intervalo de 95% de confiança
37

240 para essa diferença é [3,8%;20,2%] e a chance de a larva virar pós-larva no décimo dia de
241 experimento utilizando o probiótico 2 é 2,5 vezes maior do que utilizando o probiótico 1.
242

(b)
100%
(a) 90,0%
90%
(a) (a) 78,0%
80%
69,3% 71,3%
70%

Pecentual de Pl's
60%
Probiótico 1
50%
Probiótico 2
40%
30%
20%
10%
0%
9º dia 10º dia
243
244 Figura 1. Percentuais de metamorfose encontrados no 9º e 10º dia de experimento.
245 Letras diferentes sobre as barras indicam diferenças significativas ao nível de 5% através do
246 teste Qui-quadrado (χ²).
247

248 A diferença no percentual de sobrevivência (Tabela 5) para as pós-larvas submetidas


249 aos probióticos 1 e 2 corresponde a, aproximadamente, 340.000.
250

251 Teste de estresse


252 Os indivíduos submetidos ao teste de estresse por choque salino em Protozoea 1, Misis
253 1, PL 1 e PL 5 apresentaram mortalidade de 100%. O único estágio que apresentou
254 sobrevivência foi PL 10 (Tabela 5), mas os percentuais encontrados para as PL’s
255 sobreviventes não diferiram entre os tratamentos (teste exato de Fisher, p > 0,05).
256

257 Tabela 5: Percentuais de sobrevivência final e de pós-larvas submetidas ao teste de estresse


258 por choque salino em PL 10.
Tratamentos
Probiótico 1 Probiótico 2
Sobrevivência final (%) 56,4 64,9
Sobrevivência após teste de estresse em
PL* 10 (%) 93,5a 91a
259 *PL: pós-larva.
260 Letras iguais sobrescritas indicam diferença não significativa ao nível de 5% entre os tratamentos.
261

262 DISCUSSÃO
263
38

264 Segundo Luo et al., apud LUIS-VILLASEÑOR et al. (2012), a microbiota interna dos
265 animais aquáticos cultivados está relacionada e é influenciada pela comunidade bacteriana
266 presente no ambiente de cultivo, interferindo totalmente na nutrição, imunidade e resistência
267 à doenças. Dessa forma, para que os organismos aquáticos permaneçam saudáveis,
268 repercutindo positivamente na produção, é necessário um propício ambiente de cultivo, que
269 pode ser conseguido através da adição de bactérias benéficas, como exemplo.
270 NIMRAT et al. (2012) investigaram os efeitos de diferentes composições de Bacillus spp.
271 sobre o crescimento e sobrevivência de estágios larvais e pós-larvais de L. vannamei. No
272 estágio pós-larval, todos os tratamentos com probióticos apresentaram melhores resultados
273 que o grupo controle (sem adição de probiótico). Esses autores também observaram
274 diferenças, entre os próprios tratamentos probióticos utilizados, para os valores de peso
275 final, comprimento final e percentuais de ganho de peso e comprimento, diferindo dos dados
276 obtidos nesse experimento que mostrou diferenças em animais apenas em PL 1 e PL 5.
277 ZIAEI-NEJAD et al. (2006) relataram que nem o peso úmido nem a sobrevivência do camarão
278 Fenneropenaeus indicus, nas fases de misis 1 a PL 14, diferiam (p > 0,05) entre os dois
279 tratamentos utilizados (probiótico comercial adicionado na água ou na alimentação, através
280 de artêmia enriquecida), embora ambos tenham sido superiores aos do grupo controle.
281 RENGPIPAT et al. (1998) também verificaram que pós-larvas de Penaeus monodon
282 alimentados com dietas contendo probióticos Bacillus sp. não diferiram no crescimento e
283 sobrevivência entre os três tratamentos probióticos utilizados, mas os valores encontrados
284 nesses tratamentos foram superiores aos do grupo controle. Em outro estudo com camarões
285 de água doce, pós-larvas de Macrobrachium rosenbergii que foram alimentadas com dietas
286 suplementadas com L. acidophilus, L. sporogenes e L. sporogenes não apresentaram diferença (p
287 > 0,05) para ganho de peso e taxa de crescimento específico entre os tratamentos probióticos
288 (VENKAT et al., 2004).
289 NIMRAT et al. (2011) observaram que o crescimento e as taxas de crescimento
290 específico e de sobrevivência em pós-larvas (PL 1 a PL 21) do camarão branco não diferiram
291 entre alguns tratamentos probióticos utilizados no experimento, assim como o observado em
292 nosso estudo, quando a taxa de crescimento específico, o comprimento final, o peso final e os
293 ganhos de peso não diferiram entre os tratamentos utilizados. Em outro estudo, juvenis de L.
294 vannamei alimentados com dietas suplementadas com Bacillus subtilis, cepas L10 and G1,
295 também não apresentaram diferenças (p > 0,05) para os valores médios de peso final, ganho
296 de peso e taxa de crescimento específico (ZOKAEIFAR et al., 2012).
297 A taxa de desenvolvimento larval está intrinsicamente relacionada à metamorfose e no
298 estudo realizado por LUIS-VILLASEÑOR et al. (2011), a taxa de desenvolvimento larval de L.
39

299 vannamei não diferiu significativamente (p > 0,05) entre os dois tratamentos com adição de
300 probióticos comerciais, sendo um deles utilizado nesse estudo; o probiótico 1. O mesmo pode
301 ser observado no nosso estudo para o nono dia de cultivo, não havendo diferença estatística
302 (p > 0,05) entre os percentuais de metamorfose encontrados. No entanto, no mesmo estudo,
303 corroborando com o nosso resultado para o décimo dia, larvas submetidas aos tratamentos
304 com quatro cepas isoladas de Bacillus apresentaram diferença (p > 0,05) para a taxa de
305 desenvolvimento larval entre os tratamentos (LUIS-VILLASEÑOR et al., 2011), ou seja,
306 algumas bactérias probióticas podem propiciar melhores taxas de desenvolvimento larval do
307 que outras, o que para uma larvicultura em escala comercial é de grande importância.
308 Estudos realizados por GUO et al. (2009), determinaram que o uso de B. fusiformis aumentou
309 a sobrevivência e acelerou a metamorfose de larvas de P. monodon e L. vannamei.
310 Com relação à sobrevivência, o percentual obtido nos tanques que receberam o
311 probiótico 2 foi semelhante ao encontrado no estudo realizado por CASTEX et al. (2009). Eles
312 apresentaram taxa de sobrevivência final de 64% para tanques que receberam dieta
313 suplementada com cepas de P. acidilactici (espécie contida apenas no probiótico 2) no cultivo
314 de L. stylirostris. Em resultados similares aos encontrados no nosso estudo, larvas de L.
315 vannamei submetidas ao probiótico Bacillus YC5-2 apresentaram sobrevivência de 67%,
316 seguida de, aproximadamente, 57% para aquelas submetidas ao probiótico comercial Alibio
317 (LUIS-VILLASEÑOR et al., 2011).
318 O teste de estresse é bastante utilizado pelos laboratórios comerciais e consiste numa
319 ferramenta útil durante o processo produtivo, pois possui a capacidade de distinguir pós-
320 larvas saudáveis de outras debilitadas. A capacidade osmorregulatória de larvas de
321 camarões peneídeos é limitada, diferentemente da dos juvenis e adultos, e a habilidade para
322 tolerar baixas salinidades se desenvolve somente após a metamorfose para pós-larva e
323 aumenta com idade (SAMOCHA et al., 1998). Portanto, essas podem ter sido as causas das
324 mortalidades nos estágios larvais e nos pós-larvais PL 1 e PL 5. No estudo realizado por
325 BUGLIONE et al. (2008), as pós-larvas de L. vannamei que tiveram alimentação suplementada
326 por L. plantarum apresentaram 87,86% de sobrevivência após teste de estresse salino em PL
327 20, sendo o percentual observado inferior aos encontrados nesse estudo. LIU et al. (2010)
328 afirmaram que a utilização de probióticos melhora a resistência ao estresse tanto em peixes
329 quanto em camarões, em especial L. vannamei.
330

331 CONCLUSÃO
332
40

333 Dentre os probióticos comerciais utilizados no estudo, o probiótico 2 apresentou


334 melhores resultados que o P1 para o cultivo de L. vannamei em sistema de larvicultura
335 comercial quando avaliados os estágios de PL 1 e PL 5. Entretanto, ao término do
336 experimento (PL 10), os parâmetros de crescimento (comprimento, peso, taxa de crescimento
337 específico e ganho de peso) avaliados não diferiram entre os dois tratamentos. Recomenda-se
338 que a decisão de utilização pelo produtor leve em consideração a viabilidade econômica e a
339 facilidade de obtenção do produto.
340

341 REFERÊNCIAS
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44

CAPÍTULO 2 – ASPECTOS SOCIAIS E AMBIENTAIS DA


CARCINICULTURA NO LITORAL SUL DO RIO GRANDE DO NORTE,
BRASIL

ESTE ARTIGO ESTÁ SUBMETIDO À REVISTA CAMPO-TERRITÓRIO:


REVISTA DE GEOGRAFIA AGRÁRIA E, PORTANTO, ESTÁ FORMATADO DE
ACORDO COM AS RECOMENDAÇÕES DESTE PERIÓDICO
(http://www.seer.ufu.br/index.php/campoterritorio/about/submissions#authorGuidelines
)
45

ASPECTOS SOCIAIS E AMBIENTAIS DA CARCINICULTURA NO


LITORAL SUL DO RIO GRANDE DO NORTE, BRASIL

SOCIAL AND ENVIRONMENTAL ASPECTS OF SHRIMP


FARMING ON THE SOUTHERN COAST OF RIO GRANDE DO
NORTE, BRAZIL

Aline Horácio da Costa


Mestranda do programa de pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA -
UFRN).
linehoracio7@gmail.com
Karina Ribeiro
Doutora em Aquicultura (UNESP-CAUNESP) e professora EBTT da UFRN
ribeiro_k@hotmail.com;
Cibele Soares Pontes
Doutora em Psicobiologia (UFRN) e professora adjunta da UFRN
cibelepontes2006@yahoo.com.br

Resumo

A busca da sustentabilidade na carcinicultura tem sido uma preocupação constante por


parte dos produtores. Desta forma, a fim de avaliar a interação dos micro produtores de
camarão do litoral Sul do Rio Grande do Norte junto aos padrões de responsabilidade
ambiental recomendados pela Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC),
aplicou-se questionários com o intuito de caracterizar as práticas de manejo adotadas,
além de conferir os aspectos sociais e ambientais percebidos por eles produtores em
função da atividade. Para tanto, foram entrevistados 27 produtores, sendo 85,2%
homens, com baixa taxa de analfabetismo (3,7%), renda de 2 a 5 salários mínimos
(44,4%). Entre os entrevistados, 22,2% têm a carcinicultura como principal fonte de
renda. Verificou-se que menos de 50% receberam assistência técnica no último ano e
poucas são as medidas de biossegurança adotadas pelos mesmos. Com relação às boas
práticas de manejo recomendadas pela ABCC, 11,1% dos carcinicultores fazem uso de
probióticos e essa variável não possui relação com a renda mensal familiar ou ainda
com as taxas de sobrevivência obtidas nos cultivos. Práticas de manejo, como
fertilização da água e calagem do solo, assim como questionamentos sobre a
problemática ambiental também não apresentaram relação com a escolaridade, havendo
um manejo homogêneo entre os entrevistados. As micro propriedades produtoras de
camarão, representativas da região do litoral Sul do Rio Grande do Norte, apontam a
necessidade de orientação e apoio do governo e da devida assistência técnica para que
possam implementar boas práticas de manejo, de forma a se adequar à carcinicultura
responsável recomendada pela ABCC.

Palavras-chave: Carcinicultor. Perfil socioeconômico. Práticas de manejo.


46

Abstract

The seeking for sustainability in shrimp farming has been a constant concern by
producers. Thus, in order to evaluate the interaction of shrimp micro producers in the
Southern coast of Rio Grande do Norte with the environmental responsibility standards
recommended by the Brazilian Association of Shrimp Farmers (ABCC), questionnaires
were applied in order to characterize the management practices, check over socials and
environmental aspects perceived by the producers according to each activity. For this
purpose, we interviewed 27 producers, from which 85.2% were men, with low illiteracy
rate (3.7%), income from 2 to 5 minimum wages (44.4%). Among the interviewed, 22.2%
have shrimp farming as their main source of income. It was found that less than 50%
received technical assistance in the last year and few are the biosecurity measures
adopted by them. With regard to good management practices recommended by the
ABCC, 11.1% of shrimp farmers use probiotics and this variable has no link to the
monthly family income or survival rates obtained in cultivation. Management practices,
such as water fertilizing and soil liming, as well as questions about the environmental
problems were not associated with schooling, with a homogeneous management among
interviewed. The micro properties producers of shrimp representing the Southern coast of Rio
Grande do Norte point the need of guidance and support of the government and
appropriate technical assistance to enable them to implement good management
practices, in order to suit the shrimp responsible recommended by the ABCC.

Keywords: Shrimp producer. Socioeconomic profile. Management practices.

Introdução

A aquicultura é uma atividade econômica importante na produção de pescado


(CAVALLI e FERREIRA, 2010) e um dos seus principais ramos é a criação de
camarão. A carcinicultura marinha no Brasil teve seu início na década de 1970, mas
começou a se destacar comercialmente apenas a partir da década de 90 com a
introdução da espécie exótica de camarão marinho Litopenaeus vannamei. Alguns
fatores foram essenciais para o estabelecimento da atividade, como o rápido
crescimento dessa espécie, altas taxas de produtividade e rentabilidade, rusticidade e
capacidade de desenvolver-se em uma ampla faixa de variação de salinidade. Além
disso, a facilidade de nutrição e manejo nas mais diversas condições faz com que esta
espécie seja a mais cultivada no Brasil e no mundo (FAO, 2008; SANTOS et al., 2009).
O crescimento da carcinicultura brasileira se deu de forma exponencial,
destacando-se pela velocidade de ampliação da área ocupada pelas fazendas de engorda,
47

como também do número de fazendas, da produção e das exportações. Durante muito


tempo, a produção e o desempenho financeiro dessa atividade repercutiram em
resultados positivos, por outro lado o rápido e indiscriminado crescimento acabou
gerando problemas de ordem ambiental, econômica e social (RIBEIRO et al., 2014).
O estado do Rio Grande do Norte, que até 2009 liderou a produção nacional de
camarão, atualmente ocupa a segunda posição, ficando atrás apenas do Ceará. Apesar da
série de problemas enfrentados pela carcinicultura norte-rio-grandense, o estado ainda
possui grande quantidade de produtores de camarão e esses estão distribuídos em polos
camaroneiros.
O polo Sul, localizado no litoral Sul do estado, é o único composto por um
elevado número de micro produtores, onde a maioria vem sofrendo com doenças que
dizimam muitas vezes toda a produção e resulta em severas perdas econômicas. São
considerados empreendimentos de micro porte aqueles onde a carcinicultura é
“realizada em viveiros ou tanques especiais, construídos em terreno natural, cuja
somatória da área inundada produtiva, excluídos os canais de abastecimento,
reservatórios e bacia de sedimentação, seja inferior ou igual a 5,0 (cinco) hectares”
(RIO GRANDE DO NORTE, 2015).
Portanto, com o objetivo de promover, para todos os empreendimentos que
compõem a atividade, uma orientação abrangente e segura de como prevenir, controlar
e, se possível, erradicar as enfermidades que afetam o camarão cultivado, a Associação
Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC) lançou, em 2012, o documento intitulado
Procedimento de Boas Práticas de Manejo e Medidas de Biossegurança para a
Carcinocultura Brasileira. Assim, a regularidade e a sustentabilidade da produção
seriam asseguradas (ABCC, 2012).
Dessa forma, entendemos que para a atividade de carcinicultura se desenvolver
dentro dos padrões de responsabilidade em função da busca da sustentabilidade é
necessária a adoção das recomendações contidas nesse documento. Com base neste,
elaboramos um questionário objetivando conhecer as práticas de manejo adotadas pelos
micro produtores de camarão do litoral sul do Rio Grande do Norte e, em paralelo,
caracterizar os aspectos sociais e ambientais da carcinicultura percebidos por esses
produtores.
48
49

Metodologia

Área de estudo
A área de estudo abrangeu o município de Senador Georgino Avelino
(06°09’46,8” latitude Sul e 35°07’22,8” longitude Oeste) e Genipapeiro (Distrito de
Nísia Floresta - 6°05’27,6” latitude sul e 35°12’32,4” longitude oeste). A localidade foi
escolhida em função da grande quantidade de fazendas, consideradas de micro porte, de
camarão já instaladas e em operação.
Aplicação das entrevistas e análises estatísticas
O estudo foi realizado no mês de setembro de 2015 durante reuniões que
estavam ocorrendo em função do cadastramento de micro produtores de camarão do
litoral Sul pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio
Grande do Norte - IDEMA.
A pesquisa foi realizada por meio de um processo de amostragem aleatória
simples, na qual os entrevistados foram selecionados aleatoriamente de uma listagem
disponibilizada pelo IDEMA. O cálculo do tamanho da amostra resultou em 27 micro
produtores de um total de 39, o que representa 69% de toda a população em estudo.
Após explicação pública sobre a pesquisa e seus objetivos, os participantes foram
convidados a participar e, então, solicitados a assinar o Termo de Consentimento Livre
e Esclarecido (TCLE).
Em seguida, foram aplicadas entrevistas semiestruturadas, com a utilização de
questionários contendo perguntas sobre características socioeconômicas dos produtores,
infraestrutura da fazenda, práticas de manejo, medidas de biossegurança adotadas,
medição de parâmetros físico-químicos da água e uso de novas tecnologias de produção,
entre outras. No questionário, foram também abordadas questões específicas sobre a
problemática ambiental envolvendo os impactos da carcinicultura e a geração de lixo
durante os ciclos de cultivo.
Os dados serão apresentados através de estatística descritiva, por meio de
frequências absolutas e relativas organizadas em tabelas e gráficos, e analisados pelo
teste Exato de Fisher com relação à significância da associação observada entre
variáveis categóricas numa tabela cruzada ou de contingência. Para as variáveis com
múltiplas respostas, considerou-se cada categoria como sendo uma variável dicotômica
50

(Sim/Não) e que para realizar os testes foi necessário agrupar categorias das variáveis
escolaridade, renda mensal da família, uso de probióticos e percentual de sobrevivência
nos cultivos. Todos os testes estatísticos foram realizados com um nível de significância
0,05 e o software utilizado foi o SPSS versão 20.

Resultados

Os produtores, em sua maior parte, tinham entre 31-40 anos e 51-60 anos
(Figura 1), a maioria são do sexo masculino (85,2%) e casados (88,9%).

Figura 1. Faixa etária dos micro Figura 2. Escolaridade dos


produtores de camarão do litoral Sul microprodutores de camarão do litoral Sul
do Rio Grande do Norte. do Rio Grande do Norte.

40
35
29,6 29,6
Superior completo 11,1
30
Percentual

25 44,4
18,5 18,5 Médio completo/incompleto
20
Escolaridade

Fundamental 40,7
15 completo/incompleto
10
3,7 Analfabeto 3,7
5
0 0 10 20 30 40 50
26 a 30 31 a 40 41 a 50 51 a 60 61 anos Percentual
anos anos anos anos ou mais
Faixa etária

Todos os entrevistados (100%) residem em imóvel próprio, com famílias


compostas de três a cinco pessoas (59,3%). Observou-se que 66,7% têm entre um e três
filhos, existindo apenas três famílias (11,1%) com mais de cinco pessoas. Apesar de não
ser característica da atividade o baixo grau de informação entre os produtores de
camarão, um dos entrevistados afirmou ser analfabeto (Figura 2).
Dentre os micro produtores, 70,4% informaram não receber benefícios do
governo, enquanto 25,9% são aposentados e 3,7% recebem benefícios do programa
bolsa família. As principais fontes de renda listadas pelos produtores estão apresentadas
51

na Figura 3, sendo a atividade de carcinicultura considerada a principal atividade


econômica para 22,2% dos entrevistados.

Figura 3. Principais fontes de renda listadas pelos micro produtores de camarão do


litoral Sul do Rio Grande do Norte.

Vendas 3,7
Pesca, carcinicultura e agricultura 7,4
Principal fonte de renda

Pesca apenas 3,7


Funcionalismo público 25,9
Emprego e carcinicultura 3,7
Emprego apenas 3,7
Comércio 3,7
Carcinicultura apenas 22,2
Autônomo 3,7
Aposentadoria 22,2

0 5 10 15 20 25 30
Percentual

A origem da terra que cultivam é, em sua maioria, de herança (59,6%), seguida


de compra (25,9%), arrendamento (7,4%), posse (3,7%) e doação (3,7%). Com relação
à renda mensal familiar, a maior parte recebe de dois a cinco salários mínimos (Figura
4).

Figura 4. Renda mensal familiar (%) dos micro-produtores de camarão do litoral Sul do
Rio Grande do Norte em função do salário mínimo (SM) adotado no Brasil no ano de
2015.

50 44,4

40
Percentual

25,9
30 22,2
20
10 3,7 3,7

0
Até 1 SM De 1 a 2 De 2 a 5 De 5 a 10 Acima de
SM SM SM 10 SM
Renda mensal da família
52

Verificamos que 85,2% dos entrevistados que estão com os viveiros em plena
atividade, enquanto 14,8% estão parados em função de altas mortalidades nos cultivos
ou ainda por embargo pelo órgão ambiental competente. Um total de 48,1% relatou que
a família também trabalha nos cultivos, 88,9% dos entrevistados não possuem
empregados e os que têm (11,1%) não assinam a carteira de trabalho.
Em relação à analise das técnicas de produção adotadas, os resultados obtidos
encontram-se na Tabela 1.

Tabela 1. Manejo adotado em micro proriedades produtoras de camarão localizadas no


litoral Sul do Rio Grande do Norte.
(*) Os resultados de frequência avaliados estão relacionados a 100% dos entrevistados.

Frequência
Questões Respostas relativa
(%)*
Como você cultiva os camarões? Viveiro escavado 100,0
Sim 11,1
Utiliza água de poço no cultivo?
Não 88,9
Faz algum tipo de tratamento na água antes
Não 100,0
de bombeá-las para os viveiros?
Sim 18,5
Faz fertilização da água?
Não 81,5
Usa disco de Secchi? Não 100,0
Sim 77,8
Faz calagem do solo?
Não 22,2
Sim 92,6
Adquire pós-larvas livres de enfermidades?
Não 7,4
Larvicultura
Onde adquire as Pl’s? 100,0
comercial
Sim 70,4
Realiza aclimatação das pós-larvas?
Não 29,6
Qual a duração da fase berçário? Não tem berçário 100,0

Compra sozinho 88,9


Como é o planejamento para a compra de Compra
ração? associado a outro 3,7
produtor
Outro 7,4
Você escolhe a ração em função:
Sim 11,1
53

Não 88,9
da facilidade de encontrar no mercado
Sim 74,0
do preço
Não 26,0
Sim 51,9
da qualidade (percentual de proteína)
Não 48,1
Duas vezes 92,6
Qual a frequência da oferta de alimento/dia?
Outro 7,4
Quantas vezes faz o ajuste de ração em um Diariamente 96,3
ciclo de cultivo
Três vezes 3,7
Como fornece a ração? Bandeja 100,0
Sim 92,6
A sobra de ração é retirada?
Não 7,4
Uma vez por
18,5
semana
A cada 15 dias 48,1
Com qual frequência realiza biometrias Uma vez por
7,4
durante o cultivo? mês
Outros 11,1
Não realiza
14,8
biometria
Faz medição de quais parâmetros físico-
químicos da água?
Sim 11,1
Temperatura
Não 88,9
Sim 37,0
Salinidade
Não 63,0
Sim 3,7
pH
Não 96,3
Sim 11,1
Oxigênio dissolvido
Não 88,9
Sim 11,1
Alcalinidade
Não 88,9
Sim 3,7
Dureza
Não 96,3
Sim 3,7
Turbidez
Não 96,3
Sim 3,7
Amônia tóxica
Não 96,3
Sim 3,7
Nitrito
Não 96,3
O que faz para controlar a matéria orgânica
no fundo dos viveiros?
Sim 92,6
Retira
Não 7,4
54

Usa probióticos Não 100,0


Sim 88,9
Deixa secar ao sol
Não 11,1
Sim 3,7
Não controla
Não 96,3
Faz uso de probióticos com qual finalidade?
Sim 3,7
Melhoria na qualidade de água
Não 96,3
Sim 7,4
Maior crescimento
Não 92,6
Sim 88,9
Não faz uso
Não 11,1

Para os entrevistados que não fazem uso de probióticos (Tabela 1), os motivos
são apresentados na Figura 5.

Figura 5. Motivos pelos quais os micro Figura 6. Tempo total médio de um ciclo de
produtores de camarão do litoral Sul do Rio cultivo realizado em micro propriedades
Grande do Norte não fazem uso de produtoras de camarão localizadas no litoral
probióticos nos cultivos. Sul do Rio Grande do Norte.
(*) Percentual em relação ao total de
entrevistados que não faz uso de probióticos.
Múltiplas respostas.

50
44,4
45
100
40
62,5
80 35
Percentual*

Percentual

60 37,5 30
33,3 22,2
25
40
20
20 15 11,1
10 7,4 7,4 7,4
0
5
0

Tempo total médio de um ciclo de cultivo


Motivo de não fazer uso de probióticos
55

Os cultivos, que no momento de crescimento da atividade na região,


ultrapassavam 90 dias, hoje têm seus dias abreviados (Figura 6) em função do
recorrente aparecimento de doenças, e muitas vezes contam com baixas sobrevivências
(Figura 7).

Figura 7. Sobrevivência dos cultivos realizados em micro propriedades produtoras de


camarão do litoral Sul do Rio Grande do Norte.

77,8

50

40
Percentual

30

20
7,4 7,4 7,4
10

0
Até 30% De 31 a 50% De 51 a 70% Mais de 70%
Sobrevivência dos cultivos

Para 96,3% dos entrevistados, o percentual de sobrevivência diminuiu


consideravelmente nos últimos cinco anos e 3,7% afirmaram estar ainda em seu terceiro
ciclo de cultivo. O tempo de cultivo (Figura 6), nesse caso, está relacionado com a
sobrevivência, uma vez que quando os camarões começam a morrer, a retirada dos
animais dos viveiros é feita emergencialmente.
Quando questionados, sobre a que se pode atribuir essa variação da
sobrevivência, 81,5% consideraram a incidência de doenças, 11,1% a água contaminada
e 7,4% ao solo envelhecido, enquanto 11,1% não souberam responder.
Sobre a despesca, quase todos os entrevistados (92,6%) a realiza de forma total,
enquanto 7,4% parcial. A despesca parcial foi justificada em ser realizada em virtude do
pagamento de despesas do próprio cultivo. Ainda em relação à produção, na maioria dos
casos (88,9%), é comprada por atravessadores, que a escoam para o comércio, sendo
relativamente baixa a venda direta aos consumidores (11,1%). Todo o camarão
produzido é comercializado inteiro (100%).
56

No que diz respeito à questão ambiental, 81,5% dos produtores afirmaram


possuir licença ambiental, embora os micro empreendedores estejam passando por um
processo de ajuste legal em função da Lei Cortez Pereira. Questionou-se ainda a visão
dos produtores quanto aos impactos negativos da carcinicultura junto ao meio ambiente,
sendo que a maioria (88,9%) não vê a atividade como impactante. Entretanto, 3,7% dos
entrevistados acreditam que destrói áreas de manguezal, 3,7% acham que piora a
qualidade da água no entorno da fazenda e 3,7% não souberam responder.
Ao serem questionados quanto ao uso de bacias de sedimentação, 96,3% dos
entrevistados afirmaram que sua fazenda não possui e, portanto, os efluentes são
despejados diretamente no manguezal. Muitos dos entrevistados afirmam que não
geraram impactos ambientais uma vez que não usam produtos químicos, enquanto que
os outros produtores (médios e grandes) os utilizam. Um total de 93,6% dos
entrevistados acham que o cultivo não gera muito lixo (resíduos sólidos) e 88,9% não
consideram necessário haver um programa de reciclagem, pois todo o lixo produzido já
é reutilizado por eles, como os sacos de ração e de pós-larvas.
Sobre a assistência recebida no último ano, 33,3% afirmaram terem sido
assistidos pelo Serviço Brasileiro de apoio às Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE,
enquanto 3,7% pela ABCC e 7,4% pela Cooperativa dos Produtores de Camarão
Marinho do Estado do Rio Grande do Norte – Coopercam. No entanto, nenhum dos
produtores citou o extinto Ministério da Pesca e Aquicultura ou qualquer outra
assistência.
No que diz respeito às medidas de biossegurança, nenhuma fazenda possui
controle e acesso de veículos e visitantes, rodolúvio, pedilúvio e os controles de pragas,
animais silvestres e domésticos. Entretanto, 100% dos entrevistados monitoram a saúde
dos animais diariamente com análises visuais, mas não fazem qualquer tipo de análise
laboratorial, pois 96,3% afirmaram não ter acesso aos meios e 59,3% consideram caro.
Um total de 100% dos produtores afirmou já ter vivenciado enfermidades em suas
fazendas (Figura 8) e que não fizeram nenhuma análise para determinar o tipo de
doença e 88,9% afirmaram que não usaram antibióticos.
57

Figura 8. Doenças que apareceram nas fazendas de micro produtores de camarão do


litoral Sul do Rio Grande do Norte.
(*) Múltiplas respostas.

100 81,5
90
80
Percentual

70
60
50 33,3
40
30
20 7,4 3,7 11,1
3,7
10
0
Mancha NIM NHP Vibrioses Infestação Não
branca por sabem
Gregarina
Doenças*

Devido ao surgimento dessas doenças, 85,2% dos entrevistados já tiveram que


desativar o(s) viveiro(s) por algum tempo, acarretando em prejuízos. Em todos os surtos
ocorridos, 100% dos produtores realizaram uma despesca emergencial, sendo a água do
cultivo lançada sem tratamento no meio ambiente. Um total de 59,3% comunicou às
fazendas vizinhas que estavam com animais doentes. Aqueles que não comunicaram
(40,7%) disseram que não havia necessidade, pois todos já ficam sabendo,
principalmente, quando as garças começam a sobrevoar os viveiros.
Para melhorias na atividade de carcinicultura, os entrevistados listaram alguns
itens (Figura 9). Com relação ao acesso a crédito bancário para a aquicultura, apenas
25,9% o obtiveram. No entanto, todos os produtores afirmaram que sua fazenda
beneficia a comunidade do entorno pela geração de emprego temporário e renda para a
população, principalmente, nas épocas de despesca e preparação dos viveiros para os
cultivos. Um produtor (3,7%) ainda citou a venda de camarão barato para os moradores
da região.
58

Figura 9. Itens listados pelos micro produtores de camarão do litoral Sul do Rio Grande
do Norte como necessários para melhorar a atividade de carcinicultura na região.
(*) Múltiplas respostas.

Necessários para melhorar a Maior exportação 40,7

Aumento do preço no mercado 11,1


carcinicultura

85,2
Diminuição do custo da ração

Acompanhamento dos cultivos 85,2


pelos orgãos ambientais
92,6
Incentivos do governo

0 20 40 60 80 100
Percentual*

De acordo com correlações realizadas (Tabela 2), e com o teste Exato de Fisher,
não há indícios de associação linear (p>0,05) entre o nível de escolaridade e todas as
variáveis ligadas ao manejo empregado pelos produtores, ou seja, o manejo independe
do grau de escolaridade do micro produtor. Para as variáveis sobre a questão ambiental,
os resultados foram semelhantes: independem da escolaridade. Ao realizar o mesmo
teste para as variáveis renda mensal da família e porcentagem de sobrevivência contra o
uso de probióticos, verificou-se que também não há evidências de associação.

Tabela 2. Frequências relativas (%) e valor-p do teste Exato de Fisher de associação


entre a variável escolaridade e variáveis relacionadas ao manejo empregado e questão
ambiental; entre a variável uso de probióticos e renda mensal da família e percentual de
sobrevivência nos cultivos.
Resp. = Resposta
(*) Teste Exato de Fisher
SM = salário mínimo

Escolaridade
Até 1 0 Valor-p*
Manejo empregado Resp. 20 grau ou mais
grau
Q13 Utiliza água de poço no Sim 8,3% 13,3%
0,5863
cultivo? Não 91,7% 86,7%
Sim 16,7% 20,0%
Q15 Faz fertilização da água? 0,6121
Não 83,3% 80,0%
59

Sim 66,7% 86,7%


Q17 Faz calagem do solo? 0,2188
Não 33,3% 13,3%
Q30 O que faz para controlar a Sim 83,3% 100,0%
matéria orgânica no fundo do 0,1880
Não 16,7% 0,0%
viveiro? Retira
Sim 91,7% 86,7%
Deixa secar ao sol 0,5863
Não 8,3% 13,3%
Sim 8,3% 0,0%
Não controla 0,4444
Não 91,7% 100,0%
Questão ambiental
Q39a Destruição do Sim 0,0% 6,7%
0,5556
ecossistema manguezal Não 100,0% 93,3%
Q39b Piora da qualidade da Sim 0,0% 6,7%
0,5556
água no entorno da fazenda Não 100,0% 93,3%
Sim 100,0% 80,0%
Q39g Não gera impactos 0,1556
Não 0,0% 20,0%
Q40 Você acha que o cultivo Sim 0,0% 6,7%
0,5556
gera muito lixo? Não 100,0% 93,3%
Q41 Você acha necessário que
Sim 8,3% 13,3%
houvesse um programa de
0,5863
reciclagem do lixo produzido
Não 91,7% 86,7%
durante o cultivo?
Uso de probióticos
Valor-p*
Sim Não
Até 2
0,0% 54,2%
SM
Q8 Renda mensal da família Acima 0,1244
de 2 100,0% 45,8%
SM
Até 30% 33,3% 83,3%
Q33 Qual é a porcentagem de Acima
0,1145
sobrevivência? de 66,7% 16,7%
30%

Discussão

A carcinicultura é uma das atividades comerciais que mais crescem no Nordeste


brasileiro, sendo de grande representatividade no cenário nacional (CAVALCANTI,
2012). Scorvo Filho et al. (2010) afirmaram que a carcinicultura tem se moldado a
novos padrões, com uso de menor densidade de estocagem nos viveiros e manejos
60

sanitários e profiláticos. Na nossa pesquisa, pudemos observar que, no caso das micro
propriedades de produção de camarão do litoral Sul, a diminuição da densidade de
estocagem é um reflexo do surgimento das doenças que resulta em quedas na
produtividade e no lucro. Para a maioria dos produtores entrevistados, a carcinicultura já
foi a sua principal fonte de renda. Já sobre a mudança para manejos sanitários e
profiláticos citados por Scorvo Filho et al. (2010), isso ainda não aconteceu na região
estudada devido a condição financeira dos produtores e a única medida citada pelos
produtores foi a calagem do solo. Esta pratica é comumente empregada para a correção
do pH em aquicultura e consiste na adição de calcário agrícola, tanto na água quanto no
fundo dos viveiros. O uso de calcário ou cal hidratada promovera a correção do pH ou a
desinfeccção, respectivamente.
Alguns dos resultados da expansão acelerada da carcinicultura no Brasil foram a
geração de emprego e a absorção da população local com nível básico de escolaridade
(COSTA e SAMPAIO, 2004). Isso porque os empregos diretos gerados pela
carcinicultura demandam, em sua maioria, pouco grau de instrução formal, pois as
atividades desenvolvidas são basicamente de arraçoamento, monitoramento da
qualidade da água e biometria do camarão (FIGUEIRÊDO et al., 2004). Assim, de
acordo com o grau de escolaridade apresentado, observamos que a minoria possui baixo
nível de escolaridade, sendo 3,7% analfabeto e 37% concluintes do ensino médio. Tais
resultados demonstram que, ao invés de empregados, houve o fortalecimento de
empreendimentos próprios.
A comercialização de camarão no Brasil hoje envolve o mercado interno, que é
o principal mercado para diversos produtores de camarão (SCORVO FILHO et al.,
2010). Os dados apresentados demonstram que a maioria dos entrevistados escoa toda a
produção para os atravessadores, corroborando com Lopes e Baldi (2013), que ao
entrevistarem representantes do setor de aquicultura, observaram que os agentes
intermediários são componentes dessa estratégia de exploração do mercado nacional. Os
produtores de camarão marinho de Requenguela/CE também não se preocupam com a
comercialização do produto, pois existe um parceiro que garante a compra da produção
(REIS, 2008).
A comunidade de Requenguela, localizada no município de Icapuí – Ceará, é
composta por aproximadamente 35 famílias e a principal fonte de renda está na pesca da
lagosta e na aquicultura (REIS, 2008) e no nosso estudo pelos menos 37% dos
entrevistados citaram carcinicultura ou pesca como principal fonte de renda. A
61

Associação dos Produtores de Camarão Marinho de Requenguela é formada por


associados de 20 famílias, os quais possuem baixa escolaridade, tendo esse fato
dificultado a credibilidade inicial do grupo para receber crédito bancário. Esses
produtores, assim como no nosso estudo também utilizam comedouros fixos no manejo
alimentar, mas além da ração, ofertam alimento natural como a artêmia (recolhido no
ambiente próximo aos viveiros).
Semelhantemente aos produtores de camarão do litoral Sul do Rio Grande do
Norte, os quais despejam os efluentes dos cultivos diretamente no manguezal por causa
da falta de bacia de sedimentação, os produtores da comunidade Requenguela descartam
os efluentes sem tratamento prévio nos rios das proximidades (REIS, 2008). Sobre isso,
o art. 14 da Resolução CONAMA n0 312 de 2002 dispõe que

os projetos de carcinicultura, a critério do órgão licenciador, deverão


observar, dentre outras medidas de tratamento e controle dos efluentes, a
utilização das bacias de sedimentação como etapas intermediárias entre a
circulação ou o deságue das águas servidas ou, quando necessário, a
utilização da água em regime de recirculação (BRASIL, 2002).

Segundo a Lei Cortez Pereira, na sessão II, em cultivo com tanques escavados, a
produção de espécies exóticas de camarão deve obedecer aos seguintes requisitos:

haver solidez necessária à contenção de água, que garanta a sua estabilidade,


comprovada por cálculos de engenharia com recolhimento de Anotação de
Responsabilidade Técnica (ART); proteção dos taludes e gabiões contra a
erosão; dispositivos de proteção contra a fuga de camarões para o meio
ambiente tais como telas, filtros, redes, tanques de peixes nativos predadores;
derivação das águas de drenagem para bacias de sedimentação, ou
diretamente para rios ou estuários se apresentarem qualidade igual ou
superior recebidas no ato de captação (RIO GRANDE DO NORTE, 2015).

Dessa forma, não fica clara a obrigatoriedade das bacias de sedimentação para os
micro produtores. Entretanto, segundo o artigo 8 da mesma lei, apenas os
empreendimentos de médio, grande e excepcional porte ficam obrigados a implantarem
bacia de sedimentação independente da densidade utilizada (RIO GRANDE DO
NORTE, 2015). Podemos inferir a necessidade dos micro produtores em realizar as
análises de água ficando assim resguardados para eventuais fiscalizações.
62

No censo realizado em 2011 pela ABCC em convênio com o Ministério da


Pesca e Aquicultura, 24% dos micro produtores de camarão do estado do Rio Grande do
Norte fazem uso de probióticos no solo, na água ou na ração, percentual este superior ao
encontrado no nosso trabalho para a região estudada. Apenas 1% de todos os micro
produtores norte-rio-grandenses faz uso de berçários, mas a realização de análises
presuntivas é rotina para 52% dos entrevistados (ABCC/MPA, 2011), percentual
inferior ao observado no nosso estudo que foi de 100%. Segundo o mesmo documento,
dos 72% dos micro produtores entrevistados que possuem licença ambiental, apenas 3%
tiveram acesso a financiamento bancário para a atividade de carcinicultura
(ABCC/MPA, 2011), percentual bem inferior ao encontrado na nossa pesquisa.
A baixa taxa de assistência técnica recebida pelos micro produtores da região
escolhida demonstra o quanto os órgãos governamentais e ambientais estão omissos à
atividade de carcinicultura e o quanto a luta desses produtores é árdua, pois encontram-
se sozinhos, sem apoio algum. Isso pode estar repercutindo no tipo de atividade
praticada na região, pois trata-se de uma carcinicultura rudimentar e artesanal, uma vez
que nenhuma fazenda possui aquelas medidas de biossegurança já citadas anteriormente
nos nossos resultados.
Sobre o tempo médio de um ciclo de cultivo, no estudo realizado por Figueirêdo
et al. (2004) para fazendas de camarão em águas interiores, na região do Baixo
Jaguaribe – Ceará, é entre 90 e 150 dias; esse mesmo intervalo de dias também era
observado no período citado nas micro propriedades produtoras de camarão estudadas
em nossa pesquisa. Das fazendas investigadas por Figueirêdo et al. (2004), 10 (cerca de
30%) praticam a agricultura de sequeiro e irrigada na região enquanto apenas alguns
entrevistados (7,4%) no nosso estudo também trabalham com a agricultura.
No nosso estudo, todos os produtores são moradores da região e a maioria
proprietários das áreas de cultivo. Reis (2008) afirma que

a sustentabilidade da carcinicultura está vinculada a três variáveis básicas:


ambiental, financeira e social. O princípio básico para este resultado é que o
empreendimento pertença à comunidade local, pois esta tem interesse na
continuidade, visando à sua prosperidade na forma de empregos para os
próprios componentes familiares. Este vínculo da comunidade com sua terra
propicia maiores cuidados em relação ao uso racional dos recursos naturais e
às melhorias sócio-econômicas, tornando a carcinicultura sustentável; ao
contrário, proprietários de empreendimentos dissociados da localidade,
63

buscando por um retorno financeiro mais imediato, acabam pondo em


segundo plano os aspectos sociais e ambientais (REIS, 2008).

Sampaio et al., (2008) investigaram os impactos socioeconômicos do cultivo do


camarão marinho em alguns municípios selecionados do Nordeste brasileiro e no
momento em que perguntaram aos entrevistados sobre o principal efeito da
carcinicultura no município, em unanimidade responderam: aumento no emprego. O
mesmo pode ser observado no nosso estudo quando perguntamos de que forma sua
fazenda beneficia a comunidade do entorno e todos os entrevistados responderam:
geração de emprego e renda.
A carcinicultura poderá mudar radicalmente o quadro socioeconômico rural de
muitas regiões brasileiras, mas somente quando for efetivamente incentivada, apoiada e
financiada. Essa atividade pode ainda se transformar numa alternativa à substituição do
seguro defeso dos pescadores, o qual já alcançou a marca dos R$ 2 bilhões (ABCC,
2015). Alguns produtores entrevistados em nossa pesquisa antes eram apenas
pescadores e viram na carcinicultura uma oportunidade de obter melhores condições de
vida, pois a pesca extrativista não conseguia mais suprir todas as suas necessidades.
Dessa forma, corroborando com Reis (2008), podemos inferir que a carcinicultura pode
ser uma alternativa à própria atividade pesqueira devido à diminuição dos estoques
naturais.
Os micro produtores de camarão entrevistados necessitam de incentivos dos
órgãos governamentais para, então, viabilizar a realização de uma atividade responsável
ambientalmente e suprir suas necessidades, pra que não se vejam obrigados a degradar
as áreas de manguezal (como exemplos, pelo aumento ilegal das áreas de cultivo ou
despejo de efluentes sem tratamento) e com isso todos nós sejamos afetados.

Conclusões

Os micro produtores de camarão do litoral Sul do Rio Grande do Norte têm


vivenciado altas taxas de mortalidade nos cultivos devido às doenças que surgiram nos
últimos anos. Esse fato tem prejudicado o desenvolvimento da atividade na região, na
qual tem-se observado ciclos de cultivo cada vez mais curtos e com baixa lucratividade
e, em muitas vezes, até com prejuízos aos produtores. Esses, em sua maioria, não
dispõem de recursos para a adoção de medidas de biossegurança e o uso de novas
tecnologias de produção, as quais são essenciais para o controle de enfermidades e
64

sucesso da produção. Embora no passado tal atividade tenha gerado muito lucro para os
produtores, observou-se que poucos possuem mais de um viveiro e quase todos têm a
carcinicultura como uma complementação da renda familiar. As micro propriedades
produtoras de camarão, representativas da região do litoral Sul do Rio Grande do Norte,
apontam a necessidade de orientação e apoio do governo e da devida assistência técnica
para que possam implementar boas práticas de manejo, de forma a se adequar à
carcinicultura responsável recomendada pela ABCC.

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65

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66

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A carcinicultura marinha é uma atividade muito importante, pois além de


atender aos interesses das crescentes demandas nacional e mundial por frutos do mar,
ainda propicia impacto positivo de ordem social e econômica nas regiões em que é
praticada, através da geração de empregos e renda para a população local. Entretanto,
poucos são os estudos que objetivam investigar o perfil socioeconômico dos produtores
de camarão, assim como suas práticas de manejo e as medidas de biossegurança
adotadas em suas fazendas. Apenas dessa maneira, com um estudo detalhado e
continuado, saberemos qual tipo de impacto essa atividade poderá provocar ao meio
ambiente, provavelmente também relacionado à falta de assistência técnica recebida.
Enquanto tantos carcinicultores de micro porte permanecem sem qualquer tipo
de assistência, o uso de novas tecnologias de produção, como os probióticos que têm
sido amplamente relatados pela literatura especializada, vem de encontro a uma
carcinicultura responsável e se constitui numa alternativa para melhores resultados nos
cultivos. No entanto, esses micro produtores carecem, além da assistência técnica, de
apoio financeiro por meio de incentivos governamentais, pra que esses venham a tornar
as novas tecnologias mais acessíveis, incentivando, assim, melhores práticas de manejo
e visando contribuir com a continuidade da atividade de carcinicultura.
67

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72

APÊNDICES
73

Roteiro de Entrevista

Questionário aplicado aos micro-produtores de camarão do litoral Sul do Rio Grande


do Norte

Sobre o perfil sócio-econômico dos produtores:


Nome: ____________________________________________________________
Idade: ____________________________ Sexo ( ) masc. ( ) fem.
Estado Civil: ______________________
1. Reside em imóvel próprio?
( ) Sim ( ) Não
2. Quantas pessoas compõem essa família?
( ) 1 pessoa ( ) 2 pessoas ( ) 3 a 5 pessoas ( ) acima de 5
3. Escolaridade dos entrevistados:
( ) Analfabeto ( ) Ens. Médio incompleto
( ) Ens. Fund. completo ( ) Ens. Superior incompleto
( ) Ens. Fund. incompleto ( ) Ens. Superior completo
( ) Ens. Médio completo
4. Tem quantos filhos?
( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) mais de 4 ( ) não tem filhos
5. Recebe qual benefício do governo?
( ) Bolsa família
( ) Bolsa escola
( ) Aposentadoria
( ) Outro: ___________________________________
( ) Não recebe benefício
6. Origem da terra em que cultiva?
( ) Herança ( ) Posse ( ) Doação ( ) Compra ( ) Arrendamento
( ) Outra: _______________
7. Qual a sua principal fonte de renda?
____________________________________________________________
8. Renda mensal da família:
( ) até 1 salário mínimo ( ) 1 a 2 salários ( ) 2 a 5 salários ( ) 5 a 10 salários ( )
acima de 10 salários
Sobre a propriedade e infra-estrutura da fazenda:
9. Todos os viveiros estão em funcionamento? ( ) Sim ( ) Não
9.1. Em caso negativo, por quê? _________________________________
10. Sua família trabalha com você? ( ) Sim ( ) Não
11. Possui quantos empregados?
( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) mais de 3 ( ) não tem empregado
11.1.Todos têm carteira assinada? ( ) Sim ( ) Não
Sobre o manejo empregado:
12. Como você cultiva os camarões?
( ) Viveiro escavado ( ) Gaiolas
( ) Viveiro de alvenaria ( ) Outra: __________________
( ) Tanques-rede
13. Utiliza água de poço no cultivo? ( ) Sim ( ) Não
14. Faz algum tipo de tratamento na água antes de bombeá-las para os
viveiros?
( ) Sim ( ) Não
74

15. Faz fertilização da água? ( ) Sim ( ) Não


16. Usa disco de Secchi? ( ) Sim ( ) Não
17. Faz calagem do solo? ( ) Sim ( ) Não
18. Adquire pós-larvas livres de enfermidades? ( ) Sim ( ) Não
19. Onde adquire as Pl’s?
( ) Laboratório próprio ( ) Larvicultura comercial
20. Realiza aclimatação das pós-larvas? ( ) Sim ( ) Não
21.Qual a duração da fase berçário?
( ) 10 dias ( ) 15 dias ( ) 20 dias ( ) Outro: ______ ( ) Não tem berçário
22. Como é o planejamento para a compra de ração?
( ) Compra sozinho
( ) Compra associado a outro produtor
( ) Outro: _________________________________________
23. Você escolhe a ração em função:
( ) da facilidade de encontrar no mercado
( ) do preço
( ) da qualidade (percentual de proteína)
( ) Outro: ______________________________
24. Qual a frequência da oferta de alimento/dia?
( ) Duas vezes ( ) Cinco vezes
( ) Três vezes ( ) Mais de cinco vezes
( ) Quatro vezes ( ) Outro: _________________
25. Quantas vezes faz o ajuste de ração em um ciclo de cultivo?
( ) Diariamente ( ) Quatro vezes
( ) Duas vezes ( ) Mais de quatro vezes
( ) Três vezes
26. Como fornece a ração?
( ) Bandeja ( ) Voleio ( ) Outra: ____________________________
27. A sobra de ração é retirada? ( ) Sim ( ) Não
28. Com qual frequência realiza biometrias durante o cultivo?
( ) Uma vez por semana
( ) A cada 15 dias
( ) Uma vez por mês
( ) Outro: ________________________________________
( ) Não realiza biometrias
29. Faz medição de quais parâmetros físico-químicos da água?
( ) Temperatura ( ) Dureza
( ) Salinidade ( ) Turbidez
( ) pH ( ) Amônia tóxica
( ) Oxigênio dissolvido ( ) Nitrito
( ) Alcalinidade ( ) Outro: _________________
30. O que faz para controlar a matéria orgânica no fundo dos viveiros?
( ) Retira ( ) Outro: _________________
( ) Usa probióticos ( ) Não controla
( ) Deixa secar ao sol
31. Faz uso de probióticos com qual finalidade?
( ) Melhoria na qualidade de água
( ) Reduzir o aparecimento de doenças
( ) Maior crescimento
( ) Outro: _____________________________________
75

( ) Não faz uso


31.1. Se não faz uso, por quê?
( ) Não conhece
( ) É caro
( ) Não acha necessário/eficaz
( ) Outro: __________________________
Sobre a produção, despesca, outras medidas de biossegurança e BPM:
32. Qual o tempo total de um ciclo de cultivo?
( ) Até 50 dias ( ) 60 dias ( ) 70 dias ( ) 80 dias ( ) 90 dias ( ) Outro: _____
33. Qual é a porcentagem de sobrevivência?
( ) Até 30% ( ) 61% a 70%
( ) 31% a 40% ( ) 71% a 80%
( ) 41% a 50% ( ) 81% a 90%
( ) 51% a 60% ( ) Maior de 91%
33.1.Nos últimos 5 anos, essa porcentagem:
( ) Aumentou ( ) Diminuiu
33.2.A que você atribui essa variação?
( ) Solo envelhecido
( ) Água contaminada
( ) Incidência de doenças
( ) Outro: _____________________________________
( ) Não sabe
34. A despesca é: ( ) Total ( ) Parcial
35. Qual o destino da produção de camarão?
( ) Venda direta para consumidores
( ) Venda para a Cooperativa
( ) Empresa privada
( ) Para o poder público
( ) Para atravessador/Intermediário
( ) Consumo
( ) Outro: __________________________
36. Como vende o camarão produzido?
( ) Inteiro ( ) Sem cabeça ( ) Filé ( ) Outro: ________________
Sobre a questão ambiental:
37. Possui licença ambiental? ( ) Sim ( ) Não
38. Possui bacia de sedimentação? ( ) Sim ( ) Não
39. Você acha que a carcinicultura gera quais impactos negativos ao meio
ambiente?
( ) Destruição do ecossistema manguezal
( ) Piora da qualidade da água no entorno da fazenda
( ) Diminuição das áreas de lazer
( ) Produção de lixo sólido
( ) Morte de outros animais (perda de biodiversidade)
( ) Outro: _____________________
( ) Não gera impactos
( ) Não sabe
40. Você acha que o cultivo gera muito lixo? ( ) Sim ( ) Não
41. Você acha necessário que houvesse um programa de reciclagem do lixo
produzido durante o cultivo? ( ) Sim ( ) Não
Sobre a assistência técnica e parcerias:
76

42. Assistência técnica, recebida no último ano, para desenvolver a atividade de


carcinocultura:
( ) Cooperativa
( ) Sindicato
( ) ABCC
( ) Ministério da Pesca e Aquicultura
( ) SEBRAE
( ) Outra: _______________________________
Sobre o controle de enfermidades:
43. Sua fazenda tem:
( ) Controle de acesso de veículos
( ) Controle e acesso de visitantes
( ) Rodolúvio
( ) Pedilúvio
( ) Controle de pragas
( ) Controle de animais silvestres
( ) Controle de animais domésticos
( ) Outro: _________________________-
44. A saúde dos animais é monitorada com qual a frequência?
( ) Diariamente com análises ( ) Quinzenalmente
visuais ( ) Mensalmente
( ) Semanalmente ( ) Outro: ______________
( ) A cada 10 dias ( ) Não monitora
45. Faz quais análises?
( ) Apenas microscópicas ( ) Outro: _____________
( ) Apenas presuntivas ( ) Não faz análises
( ) Microscópicas e presuntivas
45.1. Se não faz, por quê?
( ) É caro
( ) Não tem acesso aos meios de análises
( ) Mexe com os animais (estressa-os)
( ) Dá muito trabalho
( ) Tem medo de aumentar as doenças
( ) Outro: ____________________________________
46. Qual (is) doença (s) apareceu (ram) na sua fazenda?
( ) Mancha branca
( ) NIM
( ) NHP
( ) Vibrioses
( ) Infestação por gregarina
( ) Outra: ________________
( ) Não apareceu doença
( ) Não sabe
77

47. Você já fez uso de antibióticos? ( ) Sim ( ) Não


48. Teve que parar de usar o viveiro por algum tempo? ( ) Sim ( ) Não
49. Quando detectou a doença, você:
( ) Realizou a despesca emergencial e a água foi lançada sem tratamento no ambiente
( ) Realizou a despesca emergencial e a água lançada foi tratada com cloro antes do
descarte no ambiente
( ) Comunicou às fazendas vizinhas que estava com animais doentes
( ) Outro: ______________________________
Outros:
50. O que você acha que pode melhorar a atividade de carcinicultura?
( ) Incentivos do governo
( ) Acompanhamento dos cultivos pelos órgãos ambientais
( ) Diminuição do custo da ração
( ) Melhoria do preço no mercado interno
( ) Maior exportação
( ) Outro: _______________________________
51. Teve acesso a algum crédito bancário para a aquicultura?
( ) Sim ( ) Não
52. Você acha que sua fazenda beneficia a comunidade do entorno de que forma?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
78

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE

Esclarecimentos

Este é um convite para você participar da pesquisa: Caracterização da carcinicultura no litoral


Sul do Rio Grande do Norte (RN), Brasil, que tem como pesquisadora responsável Aline Horácio da
Costa.
Esta pesquisa pretende traçar o perfil socioeconômico de micro produtores de camarão de
uma região no litoral Sul do RN e identificar as práticas de manejo empregadas por esses produtores.
O motivo que nos leva a fazer este estudo é a carência de trabalhos que relatem como a
atividade de carcinicultura é desenvolvida na região escolhida.
Caso você decida participar, você deverá responder as perguntas da entrevista que
elaboramos.
Durante a realização, você apenas deverá estar atento às questões perguntadas e a previsão
de riscos é mínima, ou seja, o risco que você corre é semelhante àquele sentido num exame físico ou
psicológico de rotina.
Pode acontecer um desconforto por causa de alguma pergunta, você tem o direito de se
recusar a responder todas as perguntas que lhes cause constrangimento de qualquer natureza. O
desconforto será minimizado pois passaremos para a pergunta seguinte e você terá como benefício a
participação em uma pesquisa pioneira na região, podendo, posteriormente, ser beneficiado através
de projetos governamentais.
Em caso de algum problema que você possa ter, relacionado com a pesquisa, você terá
direito a assistência gratuita que será prestada através de esclarecimentos por um acompanhante da
pesquisadora.
Durante todo o período da pesquisa você poderá tirar suas dúvidas ligando para Aline
Horácio da Costa e o telefone para contato é (84) 8871-7082.
Você tem o direito de se recusar a participar ou retirar seu consentimento, em qualquer fase
da pesquisa, sem nenhum prejuízo para você.
Os dados que você irá nos fornecer serão confidenciais e serão divulgados apenas em
congressos ou publicações científicas, não havendo divulgação de nenhum dado que possa lhe
identificar.
Esses dados serão guardados pelo pesquisador responsável por essa pesquisa em local
seguro e por um período de 5 anos.
Se você tiver algum gasto pela sua participação nessa pesquisa, ele será assumido pelo
pesquisador e reembolsado para você.
Se você sofrer algum dano comprovadamente decorrente desta pesquisa, você será
indenizado.
Qualquer dúvida sobre a ética dessa pesquisa você deverá ligar para o Comitê de Ética em
Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, telefone 3215-3135.
Este documento foi impresso em duas vias. Uma ficará com você e a outra com o
pesquisador responsável Aline Horácio da Costa.
79

Consentimento Livre e Esclarecido

Após ter sido esclarecido sobre os objetivos, importância e o modo como os dados serão
coletados nessa pesquisa, além de conhecer os riscos, desconfortos e benefícios que ela trará para
mim e ter ficado ciente de todos os meus direitos, concordo em participar da pesquisa Caracterização
da carcinicultura no litoral Sul do Rio Grande do Norte, Brasil, e autorizo a divulgação das
informações por mim fornecidas em congressos e/ou publicações científicas desde que nenhum dado
possa me identificar.

Natal, ____________________________________.

Assinatura do participante da pesquisa

Impressão
datiloscópica do
participante

Declaração do pesquisador responsável

Como pesquisador responsável pelo estudo Caracterização da carcinicultura no litoral Sul do


Rio Grande do Norte, Brasil, declaro que assumo a inteira responsabilidade de cumprir fielmente os
procedimentos metodologicamente e direitos que foram esclarecidos e assegurados ao participante
desse estudo, assim como manter sigilo e confidencialidade sobre a identidade do mesmo.
Declaro ainda estar ciente que na inobservância do compromisso ora assumido estarei
infringindo as normas e diretrizes propostas pela Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde
– CNS, que regulamenta as pesquisas envolvendo o ser humano.

Natal, _________________________________.

Assinatura do pesquisador responsável

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