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DISCURSOS RACISTA,

ETNOCENTRISTA E
EVOLUCIONISTA E SUA
CONTRAPARTE NAS
SOCIEDADES
CONTEMPORÂNEAS: A
EUGENIA, O ARIANISMO, O
COLONIALISMO, O
RELATIVISMO CULTURAL E O
MULTICULTURALISMO
DISCURSOS RACISTA,
ETNOCENTRISTA E
EVOLUCIONISTA E SUA
CONTRAPARTE NAS
SOCIEDADES
CONTEMPORÂNEAS: A
EUGENIA, O ARIANISMO, O
COLONIALISMO, O
RELATIVISMO CULTURAL E O
MULTICULTURALISMO

(EM13CHS103) Elaborar hipóteses, selecionar


evidências e compor argumentos relativos a processos
políticos, econômicos, sociais, ambientais, culturais e
epistemológicos, com base na sistematização de dados
e informações de diversas naturezas (expressões
artísticas, textos filosóficos e sociológicos,
documentos históricos e geográficos, gráficos, mapas,
tabelas, tradições orais, entre outros).
DISCURSOS RACISTA,
ETNOCENTRISTA E
EVOLUCIONISTA E SUA
CONTRAPARTE NAS
SOCIEDADES
CONTEMPORÂNEAS: A
EUGENIA, O ARIANISMO, O
COLONIALISMO, O
RELATIVISMO CULTURAL E O
MULTICULTURALISMO

Os discursos racistas, etnocêntricos e evolucionistas foram


fundamentais para a legitimação de práticas violentas de
dominação colonial, imperialismo e genocídio em diversas
partes do mundo. Esses discursos tinham como base a ideia
de superioridade de determinados grupos étnicos e raciais em
relação a outros, assim como a ideia de que as culturas
ocidentais eram superiores às demais. Esses discursos
tiveram como contraparte práticas como a eugenia, o
arianismo e o colonialismo, que buscavam impor a
supremacia de determinados grupos sobre outros.
O processo de eugenia no Brasil foi influenciado pela
Constituição de 1934, que em seu Artigo 138 previa que
"a União, os Estados e aos Municípios, nos termos das
respectivas leis caberia: a) estimular a educação
eugênica". A ideia de eugenia estava presente em
muitos países do mundo, incluindo o Brasil, e buscava
aprimorar a raça humana por meio do controle da
reprodução e da seleção de características físicas e
mentais consideradas desejáveis. No entanto, essa
prática acabou sendo utilizada como uma forma de
justificar a discriminação e a segregação racial, e
acabou sendo abandonada na maioria dos países a
partir da Segunda Guerra Mundial.
A Constituição de 1934 foi um marco importante para a
promoção da eugenia no Brasil, mas não foi a única
forma pela qual essa ideia se disseminou na sociedade
brasileira. O pensamento eugenista encontrou eco em
várias correntes políticas e científicas do país,
incluindo a medicina, a biologia, a antropologia e a
psicologia. O movimento eugenista defendia a ideia de
que certas raças eram superiores a outras e que era
necessário promover a miscigenação racial para
aprimorar a raça brasileira. Essa ideia foi amplamente
divulgada por intelectuais da época, como o médico
Renato Kehl e o antropólogo Edgard Roquette-Pinto.
No entanto, a prática da eugenia acabou sendo
utilizada para justificar a segregação racial e a
esterilização de pessoas consideradas "inferiores". A
Lei de Esterilização, aprovada em 1979, autorizava a
esterilização de pessoas consideradas "incapazes de
procriar" sem o seu consentimento, o que acabou
sendo uma forma de controle da natalidade de grupos
considerados "indesejáveis". Essa prática foi
denunciada por diversos movimentos sociais e acabou
sendo revogada em 1996.
Os impactos da eugenia e do pensamento racista e
etnocentrista ainda são sentidos na sociedade
contemporânea. Como afirma a filósofa e ativista
negra Angela Davis, "o racismo é uma construção social
que se reflete em todas as esferas da vida". Ainda hoje,
pessoas negras e indígenas sofrem com o racismo
estrutural presente na educação, no mercado de
trabalho, na saúde e em outras áreas.
É preciso estar atento a essas questões e trabalhar
para construir uma sociedade mais justa e igualitária,
que reconheça a diversidade cultural e respeite a
dignidade humana. Atualmente, ainda é possível
perceber a presença de discursos e práticas que
reproduzem ideias eugenistas e racistas na sociedade
brasileira. Isso se reflete em diversas áreas, como na
saúde pública, onde a população negra é sub-
representada e tem menos acesso a serviços de
qualidade, além de serem vítimas de racismo
institucional e negligência médica.
Além disso, há também setores da sociedade que
apoiam ideias arianas e supremacistas brancos, como
grupos neonazistas e de extrema-direita. Esses grupos
utilizam discursos de ódio e intolerância para
disseminar suas ideias, muitas vezes de forma
violenta.
Um exemplo recente foi a declaração do então
secretário especial da Cultura, Roberto Alvim, em que
citou trechos de um discurso de Joseph Goebbels,
ministro da propaganda de Adolf Hitler. Essa
declaração gerou ampla repercussão e críticas por
parte da sociedade e de autoridades, destacando a
importância de combater essas práticas e discursos
que visam a exclusão e a discriminação de grupos
étnicos e sociais.
Nesse sentido, é importante lembrar das palavras da
filósofa negra Angela Davis: "Não basta ser
antirracista, é preciso ser antirracista em todas as
nossas ações". A luta contra o racismo e a
discriminação é uma luta constante e deve envolver
ações em todas as áreas da sociedade, desde as
políticas públicas até as relações interpessoais.
Somente assim será possível construir uma sociedade
verdadeiramente igualitária e justa para todos.
Relativismo
Cultural
O relativismo cultural é uma teoria que afirma que
todas as culturas são igualmente válidas e devem ser
entendidas e respeitadas em seus próprios termos,
sem julgamentos de valor externos.
Segundo o filósofo senegalês Souleymane Bachir
Diagne, o relativismo cultural não implica que tudo seja
igual ou que não haja critérios para avaliar as culturas,
mas sim que esses critérios devem ser baseados em
valores compartilhados pelas próprias culturas, em vez
de serem impostos por uma cultura dominante. Diagne
também enfatiza a importância do diálogo
intercultural e do reconhecimento mútuo na promoção
da tolerância e do respeito pelas diferenças culturais.
Outro pensador africano que aborda o tema é o sul-
africano Kwame Anthony Appiah, que argumenta que o
relativismo cultural pode ser uma forma de combater o
imperialismo cultural e a imposição de valores
ocidentais sobre outras culturas.
Multiculturalismo
O multiculturalismo é uma abordagem que reconhece a
diversidade cultural e busca promover a igualdade de
oportunidades e o respeito às diferenças.
Segundo o filósofo nigeriano Wole Soyinka, o
multiculturalismo não significa apenas tolerar as
diferenças, mas sim celebrá-las e explorar a riqueza
que elas podem trazer. Soyinka enfatiza a importância
de uma educação que promova a compreensão
intercultural e o diálogo entre as culturas. Outro
pensador que aborda o tema é o senegalês Cheikh Anta
Diop, que argumenta que o multiculturalismo deve ser
baseado no reconhecimento da diversidade das
contribuições culturais para a humanidade e na
valorização da história e das tradições de todos os
povos. Diop defende a necessidade de uma "reescrita
da história" que inclua as contribuições das culturas
africanas para a civilização humana.
Eugenia
A eugenia é uma teoria pseudocientífica que surgiu no
final do século XIX e início do século XX, que prega a
melhoria da raça humana por meio da seleção artificial
de características consideradas desejáveis.
Embora tenha sido popularizada por cientistas e
intelectuais em todo o mundo, sua implementação
prática resultou em graves violações dos direitos
humanos e foi usada para justificar políticas genocidas.
No Brasil, a eugenia foi amplamente divulgada pela
elite intelectual no início do século XX, e resultou na
criação de diversas políticas públicas que buscavam
controlar a reprodução e a imigração de grupos
considerados indesejáveis.
Um exemplo notável é a Lei de Proteção à Raça Pura,
promulgada em 1917 no estado de São Paulo, que
buscava prevenir a "contaminação racial" por meio da
esterilização compulsória de pessoas negras, que eram
consideradas degeneradas nos termos da lei. Ainda que
a lei tenha sido revogada apenas em 1931, a
esterilização forçada de mulheres e homens negro e
indígenas continuou a ser praticada no Brasil até
recentemente, muitas vezes de forma camuflada em
políticas de saúde pública.
Como destacado pela filósofa Simone de Beauvoir, "A
eugenia é o exemplo perfeito do que se pode fazer com
uma verdadeira ideologia, que em última análise,
justifica os crimes mais hediondos". Embora a eugenia
seja vista hoje como uma teoria ultrapassada e
amplamente rejeitada, seus efeitos nocivos ainda são
sentidos em muitos países, incluindo o Brasil, onde
políticas discriminatórias continuam a afetar a vida de
grupos considerados inferiores pela elite dominante.
Em resumo, a eugenia é uma teoria que foi usada para
proteger e privilegiar pessoas brancas e baseou-se na
ideia de que a raça humana pode ser aprimorada por
meio da seleção artificial de características desejáveis.
Embora tenha sido amplamente divulgada no Brasil no
início do século XX, sua implementação prática
resultou em graves violações dos direitos humanos e
ações genocidas.
Ainda hoje, seus efeitos nocivos são sentidos em
políticas discriminatórias e excludentes,
especialmente em relação a grupos vulneráveis. É
necessário, portanto, que se continue a combater a
eugenia e seus efeitos, e a promover políticas que
busquem a inclusão e a justiça social para todos.
DISCURSOS RACISTA,
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EUGENIA, O ARIANISMO, O
COLONIALISMO, O
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