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Profª Ms. Ana Célia T.

Carvalho Schneider
AÇÕES
INTERDISCIPLINARES
E
PROMOÇÃO DA SAÚDE
AULA 11
Unidade de Ensino:
Determinantes sociais no processo de saúde/doença,
intersecções na promoção de saúde: gênero, raça e
classe social, neoliberalismo e saúde.
Conteúdo da aula:
Determinantes sociais no processo de saúde/doença,
intersecções na promoção de saúde: gênero, raça e
classe social: raça.
.
OBJETIVOS:
• Compreender os temas transversais em saúde.
Operacionalizar os determinante sociais em saúde.
• Conhecer o conceito de gênero e seus impactos no
processo saúde-doença.
• Analisar em grupo multiprofissional em saúde estudo de
caso considerando raça
PRÉ AULA
Atividade pré-aula
A saúde ou a doença são determinadas por diversos fatores biológicos e
sociais.
Além das questões orgânicas, o local em que se vive, a classe social, o
gênero, a renda familiar, raça,
a escolaridade influenciam direta e indiretamente no modo como as
pessoas vivem, adoecem e morrem.
Para introduzir essa temática, especificamente em relação à raça, veja o
vídeo “Raça e Racismo no Brasil” com Carlos Medeiros (Café Filosófico
CPFL) no link: <https://www.youtube.com/watch?v=RFYQ6axQSho>
VÍDEO
“Raça e Racismo no Brasil” com Carlos Medeiros
(Café Filosófico CPFL) no link: <https://www.youtube.com/watch?
v=RFYQ6axQSho>
Duração 47:07 hs
RESUMO DO DEBATE
• “Não se combate o racismo sem reconhecê-lo”
• Vivemos, no Brasil, um momento extraordinário no debate sobre as questões raciais. As ações afirmativas obrigaram a
sociedade a debater uma questão antes considerada desagradável e “desnecessária” por quem via na luta do movimento negro
um “esforço” para dividir uma nação supostamente harmônica e baseada na democracia racial.
• “A discussão do racismo é fundamental não apenas para os negros, mas para o conjunto da sociedade brasileira”, disse o
jornalista Carlos Medeiros durante o Café Filosófico CPFL (video completo no final deste texto) sobre “Raça e Racismo no Brasil”,
segundo debate da série “O valor das diferenças em um mundo compartilhado”.
• “Ações afirmativas não acabam com racismo nem com o sistema público de ensino, como diziam seus opositores. Mas
proporcionam igualdade de oportunidade”, resumiu.
• Em sua fala, o palestrante disse não ter conhecido a discriminação contra negros por meio dos livros, mas por experiência
pessoal. A discriminação, porém, é muitas vezes naturalizada e nem sempre perceptível. Para compreendê-la é preciso analisar a
gramática das relações sociais no país, permeada de signos e manifestações racistas ao longo da História. “Para os teóricos
racistas, pior do que o negro eram os mestiços, considerados seres degenerados, fadados à extinção. Essa ideia criou uma
espécie de pessimismo racial no Brasil. A mestiçagem começou a ser vista como problema. Outros teorias diziam que havia
mestiços superiores, próximos de brancos, e mestiços inferiores, próximos de negros, que seriam extintos. Em contrapartida,
havia uma ideia de que o Brasil era o paraíso da tolerância porque não éramos cruéis como nos EUA”, disse.
Nos EUA, lembrou, havia milícias racistas, como a Klu-Klux-Klan, e a proibição de casamento inter-racial durante
anos. Em oposição a isso o Brasil era visto como um “polo positivo” da questão racial, embora fosse também um
país onde a discriminação era comum. “Aqui era preciso fechar os olhos para discriminações e construir uma
identidade positiva: o mito da democracia racial. Negros que ousavam denunciar a discriminação eram
considerados ‘criminosos’ ou ‘complexados’. O senso comum dizia que o Brasil deveria debater suas questões
sociais, não raciais. Como se o racismo não fosse uma questão social.”
“A maioria dos brasileiros nega ser racista, mas não quer ver as filhas casadas com negros. Isso é demonstrado em
pesquisa. Aqui, diferentemente dos EUA, brancos convivem com negros. Mas é quase sempre uma relação de
hierarquia”, afirmou.
No Brasil, lembrou, até os sindicatos tinham medo de debater o racismo com medo de “dividir” a classe operária.
Por isso ao brasileiro sempre foi mais difícil reconhecer a existência de um problema – e, consequentemente, o seu
enfrentamento.
De acordo com Medeiros, apesar do avanço do debate em torno das cotas, que levou o país a se debruçar sobre a
questão, existe hoje a impressão de que o racismo aumentou graças à internet, uma ferramenta, segundo ele,
“ambígua em relação ao enfrentamento da questão racial”.
“A violência contra mulheres, sobretudo mulheres negras, sempre existiu. Mas agora elas começaram a denunciar.
O ideal, para o grupo dominante, é que o dominado aceite a submissão”, disse. “É melhor que essas manifestações
de injúria racial apareçam do que ficarem camufladas.”
O enfrentamento, segundo o jornalista, passa por uma reunião de forças e movimentos. “Todos os movimentos –
gay, negro e feminista – têm uma bandeira em comum. Quem é racista costuma ser machista e homofóbico”, disse.
Nesse sentido, afirmou, o papel dos brancos no combate ao racismo é fundamental, afirmou. “Malcolm X dizia que
a melhor forma de um branco combater o racismo é combatê-lo dentro de casa e em suas relações.”
Outra forma de enfrentamento, segundo ele, é a crítica em relação aos estereótipos reforçados
sobretudo pelo cinema e pela TV. “As chamadas ‘favela movies’ e as novelas reforçam o estereótipo
do negro no Brasil”, disse. Para ele, a teledramaturgia nacional presta um desserviço quando cria os
chamados “vilões racistas de novela”: o sujeito mau, grosseiro, canalha, assassino E racista. Segundo
ele, é difícil, para o espectador, se identificar com esses personagens. O racista, lembrou, nem
sempre é essa pessoa agressiva – e muitos assumem postura racistas sem sequer perceber.
Ainda segundo Medeiros, a lei 10.639, que inclui nas escolas a história da escravidão e dos negros, é
hoje uma das principais ferramentas de combate ao racismo. A ideia, lembrou, sofre resistência
sobretudo de grupos religiosos intolerantes em relação à história e às religiões afro.
Ele lembrou também que ações afirmativas não são apenas cotas. Abrangem bolsas de estudo,
recrutamento em comunidades e fiscalização da discriminação no ambiente trabalho.
A aplicação das leis e projetos antirracismo, disse, passa pela visibilização e do empoderamento dos
negros no Brasil. “Em Salvador, o único prefeito negro foi nomeado na ditadura. A lei, para pegar,
precisa de força política.”
Apesar dos esforços, Medeiros disse ser difícil prometer às crianças o fim do racismo. Mas trabalhar
a autoestima delas, com consciência da história dos protagonistas negros pelo mundo, pode ser uma
forma eficiente de enfrentamento. “O filhos precisam ser preparados para uma situação (a
discriminação) que vai acontecer. Eles não podem se sentir impotentes.”
AULA
.
Roda de conversa.
Aula expositiva e dialogada sobre o tema utilizando o
material:
WERNECK, Jurema. Racismo institucional e saúde da
população negra. Saúde e Sociedade, v. 25, p. 535-549,
2016.
VAMOS REFLETIR?
“Racismo como determinante
social de
saúde”
Pós- abolição da escravatura
Mobilizações negras, principalmente no período pós-abolição, e se intensificaram na
segunda metade do século XX, com forte expressão nos movimentos populares de
saúde, chegando a participar dos processos que geraram a Reforma Sanitária e a
criação do Sistema Único de Saúde.
Hierarquias Sociais
- Revisitar o passado para entender o presente.
- O que significa ser negro no Brasil? Nos Eua? Na África?
- 1850 “ o Brasil não teria futuro em função da mestiçagem”.
- Racismo EUA x Brasil
- Leis e Costumes
- Mito da democracia racial – Identidade Nacional fantasiosa.
Escravidão – 13 de maio 1888.
- Revolução Industrial -> ampliar consumo -> “Lei para Inglês ver” ( Acima de 60
anos, ventre livre).
- Teoria das Superioridades das raças;
- Conceito de raça.
2001 Políticas de Ações
afirmativas
- Igualdade de oportunidades – meritocracia
- “Discutir racismo gera racismo”;
- Lei 10639 inclui no currículo didático a história da África.
Marcha Nacional Zumbi dos
Palmares em 1995.
Resultou na proposição de um conjunto de medidas. Entre elas, estavam: a inserção do
quesito raça/cor na Declaração de Nascidos Vivos e de Óbitos; a criação do Programa
de Anemia Falciforme (PAF) e a detecção precoce da doença via triagem neonatal a
partir do Programa Nacional a ser criado; a restruturação da atenção à hipertensão
arterial e ao diabetes mellitus; o fortalecimento e extensão do então Programa de
Saúde da Família até as comunidades quilombolas; Determinação social evidente,
como desnutrição, verminoses, gastroenterites, tuberculose e outras infecções,
alcoolismo e outras
As doenças, agravos e condições
mais frequentes na população
negra
Hipertensão arterial e diabete melito. Condições socioeconômicas desfavoráveis –
desnutrição, mortes violentas, mortalidade infantil elevada, abortos sépticos, anemia
ferropriva, DST/AIDS, doenças do trabalho, transtornos mentais resultantes da
exposição ao racismo e ainda transtornos derivados do abuso de substâncias
psicoativas, como o alcoolismo e a toxicomania.
Política Nacional de Saúde
Integral da População Negra
(PNSIPN), aprovada pelo CNS em
novembro de 2006.
- Produção do conhecimento científico
- Capacitação dos profissionais de saúde
- Informação da população
- Atenção à saúde
PNSIPN
I – garantir e ampliar o acesso da população negra residente em áreas urbanas, em
particular nas regiões periféricas dos grandes centros, às ações e aos serviços de
saúde.
II – garantir e ampliar o acesso da população negra do campo e da floresta, em
particular as populações quilombolas, às ações e aos serviços de saúde.
III – incluir o tema Combate às Discriminações de Gênero e Orientação Sexual.
IV – identificar, combater e prevenir situações de abuso, exploração e violência,
incluindo assédio moral, no ambiente de trabalho.
V – aprimorar a qualidade dos sistemas de informação em saúde, por meio da inclusão
do quesito cor em todos os instrumentos de coleta de dados adotados pelos serviços
públicos, os conveniados ou contratados com o SUS.
PNSIPN
VIII – definir e pactuar, junto às três esferas de governo, indicadores e metas para a
promoção da equidade étnico-racial na saúde.
IX – monitorar e avaliar os indicadores e as metas pactuados para a promoção da
saúde da população negra visando reduzir as iniquidades macrorregionais, regionais,
estaduais e municipais.
X – incluir as demandas específicas da população negra nos processos de regulação do
sistema de saúde suplementar.
XI – monitorar e avaliar as mudanças na cultura institucional, visando à garantia dos
princípios antirracistas e não-discriminatório; e
XII – fomentar a realização de estudos e pesquisas sobre racismo e saúde da população
negra (Brasil, 2009)
Racismo e saúde da população
negra
Pela participação expressiva da população negra no conjunto da população brasileira;
por sua presença majoritária entre usuários do Sistema Único de Saúde; por
apresentarem os piores indicadores sociais e de saúde, verificáveis a partir da
desagregação de dados segundo raça/cor;
Conceito de vulnerabilidade
O conjunto de aspectos individuais e coletivos relacionados ao grau e modo de
exposição a uma dada situação e, de modo indissociável, ao menor ou maior acesso a
recursos adequados para se proteger tanto do agravo quanto de suas consequências
indesejáveis.
Dimensões vulnerabilidade
- dimensão individual – na qual estão inseridos comportamentos que desprotegem.
- dimensão social – destaca as condições políticas, culturais, econômicas etc., a partir
do que produz e/ou legitima a vulnerabilidade
- dimensão política ou programática – refere--se à ação institucional voltada para a
geração da proteção e/ou redução da vulnerabilidade de indivíduos e grupos, na
perspectiva de seus direitos humano
Interseccionalidade
A associação de sistemas múltiplos de subordinação tem sido descrita de vários
modos: discriminação composta, cargas múltiplas, ou como dupla ou tripla
discriminação. A interseccionalidade é uma conceituação do problema que busca
capturar as consequências estruturais e dinâmicas da interação entre dois ou mais
eixos de subordinação. Ela trata especificamente da forma pela qual o racismo, o
patriarcalismo, a opressão de classe e outros sistemas discriminatórios criam
desigualdades básicas que estruturam as posições relativas de mulheres, raças, etnias,
classes e outras. Além disso, a interseccionalidade trata da forma como ações e
políticas específicas geram opressões que fluem ao longo de tais eixos, constituindo
aspectos dinâmicos ou ativos do desempoderamento (Crenshaw, 2002, p. 177).
Ações afirmativas e outras
medidas
Medidas singularizadas, baseadas em diagnósticos aprofundados e igualmente
singularizados, os quais devem fundamentar o desenho de processos, protocolos,
ações e políticas específicos segundo as necessidades e singularidades de cada grupo
populacional. É necessário, também, utilizar métodos e linguagens inteligíveis, que
respeitem e dialoguem com os diferentes valores, crenças e visões de mundo, os quais
devem ser produzidos com a participação dos sujeitos a que se quer beneficiar; além
de priorizar ou incluir diferentes grupos de mulheres negras – que vivenciam condições
semelhantes de idade, de local de moradia, de geração, de orientação sexual, de
condição física e mental etc.
A diversidade – a dificuldade de
convivência
ENFERcui
Filme “ Quanto Vale ou é por
quilo?”
- https://www.youtube.com/watch?v=400bCO
iM3TY
RESUMO DO FILME
Um filme excelente que demonstra claramente a problematização da cidadania no Brasil com a comparação entre o Brasil
colonial e o de hoje é o “Quanto vale ou é por quilo? ”, com direção de Sérgio Bianchi. O filme é uma livre adaptação do conto “Pai
contra mãe” de Machado de Assis, publicado no volume “Relíquias de Casa Velha” em 1906, entremeado com pequenas crônicas de
Nireu Cavalcanti sobre a escravidão extraídas dos Autos do Arquivo Nacional do Rio de Janeiro.
“Quanto vale ou é por quilo? ’ Faz uma analogia entre o antigo comércio de escravos e a atual exploração da miséria pelo marketing
social, que formam uma solidariedade de fachada. Trata de duas temporalidades distintas: uma que aborda o século XVIII, trazendo
a história de um capitão-do-mato captura uma escrava fugitiva, que está grávida e, após entregá-la ao seu dono, a escrava aborta o
filho que espera, assim como várias outras pequenas histórias que transitam pela dinâmica escravista. Um corte cronológico leva o
espectador aos dias atuais, onde uma ONG implanta o projeto Informática na Periferia em uma comunidade carente. Arminda, que
trabalha no projeto, descobre que os computadores comprados foram superfaturados e, por causa disto, precisa agora ser eliminada
e Candinho, um jovem desempregado cuja esposa está grávida, torna-se matador de aluguel para conseguir dinheiro para
sobreviver.
• Dessa forma o filme desenha um painel de duas épocas aparentemente distintas, mas no fundo, semelhantes na manutenção
de uma perversa dinâmica sócio-econômica, embalada pela corrupção impune, pela violência e pela apartação social.
O filme não é moralista, por isso não toma partido do certo e do errado. O filme não apresenta perspectiva, a revanche está no
fato de o explorado querer que o explorador também sofra. Mostra a lei sempre a favor dos ricos e poderosos. O seqüestro
aparece como um grito de desespero de uma sociedade que não sabe como fugir de tanta exploração. Bianchi apresenta o
capitão do mato como vivo, ativo e servindo, forçado pela situação social, aos desmandos dos grandes senhores de hoje. O
filme foi vencedor do prêmio Paratycine nas categorias de melhor filme, júri popular, melhor diretor e melhor edição.

• São apresentadas histórias que se entrelaçam sendo uma na época da escravidão e outra no contemporâneo. Vejamos
algumas histórias:
• Joana era uma escrava alforriada que foi roubada por um branco e ainda acabou sendo condenada por perturbar a paz social e
ofender ao branco Manoel Fernandes, que foi quem lhe roubara seu escravo, ou seja, a lei sempre ao lado dos poderosos.
Ainda hoje existem pessoas que acham que tanto os negros quanto mulheres, pobres, doentes, entre outros, não merecem
consideração, simplesmente por causa de suas diferenças.
• Em outro momento, Arminda fez um protesto contra o superfaturamento dos computadores denunciando Ricardo Pedrosa que
ao ser denunciado, quis dar um fim em Arminda e assim contratou Candinho para que a matasse.. È como a história do capitão
do mato que, capturou uma escrava fugida que estava grávida para entrega- lá ao dono, e receber a recompensa e com isso
vemos o individualismo e ganância que permanece nos dias atuais, no entanto, mais camuflado.
• Não dá para saber o que aconteceu no fim dessa história, se Candinho matou Arminda para
receber sua recompensa (dinheiro) com o intuito de criar seu filho com “dignidade”, ou se fez
um acordo com Arminda para receber o dinheiro de Ricardo. Tudo isso ocorreu porque
Arminda estava reivindicando o bem comum, público, pois o projeto de informática na
periferia era aberto para toda comunidade, no entanto o amor extremo pelo dinheiro e a
ambição falou mais alto e por isso houve o superfaturamento dos computadores.
• A história de Bernardino e Adão mostra que é um querendo tirar proveito da situação do outro
visando lucro, como na história do suposto escravo fugido. Nessa história, o individualismo
reina, pois cada um só pensa em si mesmo e ignora o outro
• O filme mostra a história de Candinho é um rapaz trabalhador que é apaixonado pela noiva e
o filho que vai nascer, e ao casar, se vê encurralado pela falta de dinheiro, com as cobranças
da mulher e morando de favor com a tia da sua noiva. Assim teve que virar matador para
sustentar sua família e Sergio compara essa história com a época dos capitães do mato, que
perseguiam e matavam negros a troco de dinheiro por causa da pobreza e até mesmo, poder
de servir aos nobres. Atualmente muitas pessoas acham que devem respeitar as pessoas de
seu grupo como Candinho e sua família, mas não tem esse mesmo sentimento com outros
grupos e são capazes até de prejudicar o outro se isso trouxer benefícios a si mesmo e ao
seu grupo.
• Monica Silveira era a tia da mulher de Candinho, a Clarinha. Ela fez um acordo de trabalhar em tempo integral com Noêmia, largando o patrão que
dificultava seu décimo terceiro. Em troca Noêmia faria a festa de Clarinha e Monica pagaria a festa em um ano.
• O autor compara essa história com a de Maria Antonia e Lucrecia onde Lucrecia tinha que juntar 34 mil reis para sua alforria, mas não conseguia assim,
Maria Antonia comprou Lucrecia do Senhor Caetano Cardoso e em troca Lucrecia trabalharia durante um ano com juros para Maria Antonia. O juro
renderia 2550 reis. Em três anos Lucrecia pagou sua amiga Maria Antonia, que teve um lucro de 8238 reis, 5688 reis a mais que o esperado por Maria
Antonia.
• Com isso podemos perceber que Maria Antonia não agiu com cidadania verdadeira porque só pensou em si mesma e não na Lucrecia, sendo que
Maria Antonia deu uma falsa liberdade a Lucrecia.
• O governo e algumas entidades e ONGs lucram, mas os benefícios e melhorias não chegam aos que necessitam, ou seja, do tesouro que recebem, só
chega o resto para os pobres. Muitos acham que pequenas esmolas resolvem os problemas das pessoas necessitadas e acham que os presídios são a
solução para as mazelas sociais, no entanto, não fazem nada para resgatar a cidadania dessas pessoas.
• A construção de presídios é vista como geradora de renda, pois as famílias dos detentos gastam com comida, hospedagem, transporte e gera emprego
na construção de mais e mais presídios. È feita uma comparação do sistema carcerário com o navio negreiro, no entanto os senhores alimentavam e
cuidavam dos escravos para que rendesse o trabalho e tivesse mais tempo útil e hoje, é o governo e a sociedade que mantem os presos.
• O filme nos revela a realidade dos asilos onde os idosos são muitas vezes ignorados pela própria família e pelos funcionários, sendo forçados até a
fazerem suas necessidades fisiológicas nas fraldas. É observado a falta de amor e o trabalho apenas por dinheiro e sem nenhum dom.
• “Quanto vale ou é por quilo?” mostra que há interesse financeiro em muitas boas ações e caridade e os benefícios concedidos pelo governo a essas
entidades. Além desses benefícios ainda há o que as entidades ganham por fora de maneira ilegal, como o superfaturamento de mercadoria, ou seja,
uma mercadoria que custa x e que é comprado por três vezes x.
• O filme questiona que existe de 14 a 22 mil entidades assistenciais, ONGs e associações em todo Brasil, somente em
entidades que prestam serviços a menores carentes, calcula se que seja movimentado por volta de 100 milhões de
dólares por ano, no entanto, desde 1992 o governo cadastra meninos e meninas de rua para que tenha um histórico da
vida deles, mas alega que nada mais pode ser feito por falta de verba então, cadê os milhões arrecadados para ajudar
essas crianças. Reuniões, palestras e fichas não mudarão a vida das crianças.
• De acordo com o filme há cerca de 10 mil crianças abandonadas nas ruas, sendo assim se dividíssemos o dinheiro
arrecadado (100 milhões de dólares) pelas 10 mil crianças de rua cada uma delas receberia 10 mil dólares por ano e
com esse dinheiro as crianças poderiam comprar um apartamento pequeno de 2 em 2 anos e ainda pagaria escolas
particulares até a faculdade e mesmo assim, o governo alega que não tem verba para ajudar essas crianças.
• A sociedade precisa refletir sobre como pensa, age, e tudo mais que tenha a ver como social, pois, a responsabilidade
de um Brasil descente e igual é de cada um de nós. Exercer a cidadania é ter consciência de seus direitos e obrigações
e lutar para que sejam colocados em prática. Exercer a cidadania é estar em pleno gozo das disposições
constitucionais. Preparar o cidadão para o exercício da cidadania é um dos objetivos da educação de um país, nesse
ponto, o Brasil não precisa ser um país socialista para ser um país justo, ele precisa de educação de berço.
• Enfim, nós devemos ser cidadãos mais críticos e não nos acostumar com essa situação de desigualdade e injustiças de
que fazemos parte, sendo que essa criticidade deve ser aguçada na criança desde pequena, para que quando chegar
na idade adulta, seja um cidadão reflexivo e ativo na sociedade, pois só assim pode acontecer mudanças.
Questões norteadoras:
- Quais aspectos sobre racismo no Brasil este filme mostra?

- Quais as relações desenvolvidas pelo filme sobre o período de escravidão e os


tempos atuais?
Referências

WERNECK, Jurema. Racismo institucional e saúde da população negra.


Saúde e Sociedade, v. 25, p. 535-549, 2016.
ATIVIDADE PÓS-AULA
A partir das discussões na roda de conversa e
aula expositiva os estudantes deverão buscar os
pontos levantados no pré-aula e propor respostas
para sua superação. É necessário utilizar os
conceitos e reflexões aprendidos em sala para as
proposições.

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