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A EQUIDADE NO ESPAÇO ESCOLAR:

A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO DAS


RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS

Darlete Gomes Nascimento (Técnica Pedagógica)


Jorge Vinícius Monteiro Vianna (Técnico Pedagógico)
Valquiria Santos Silva (Gerente - GECIQ)
Gerência de Educação do Campo, Indígena e Quilombola (GECIQ)
Comissão Permanente de Estudos Afro-brasileiros (CEAFRO)
Subsecretaria de Educação Básica e Profissional (SEEB)
Estrutura Formativa
EIXO I:
Ações da SEDU para a Educação das Relações étnico-raciais
EIXO II:
Letramento Racial
EIXO III:
A Lei nº. 10.639/03 e suas Diretrizes como fruto da luta histórica do Movimento Negro
ACOLHIMENTO: FILOSOFIA UBUNTU

EU SOU
PORQUE NÓS
SOMOS
EIXO I:
AÇÕES DA SEDU PARA A
EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES
ÉTNICO-RACIAIS
PROGRAMA DE ENFRENTAMENTO AO RACISMO NAS
ESCOLAS DA REDE ESTADUAL DO ESPÍRITO SANTO
Setor responsável: Gerência de Educação do Campo, Indígena e Quilombola - GECIQ

❖ Institucionalização da Comissão Permanente de Estudos Afro-brasileiros -


CEAFRO, da Rede Estadual de Educação do Espírito Santo, através da
Portaria nº. 114-R, para implementação das Leis 10.639/2003 e 11.645/2008.
❖ Encontros formativos com a temática racial, no formato de lives.
❖ Assessoramento pedagógico para a Rede, no que concerne à temática
étnico-racial.
❖ Grupo de Estudo para Enfrentamento ao Racismo nas Escolas - GEERE:
encontros mensais para estudos, debates e discussões a respeito da
temática étnico-racial, a fim de contribuir com a formação continuada dos
profissionais da educação.
PROGRAMA DE ENFRENTAMENTO AO RACISMO NAS
ESCOLAS DA REDE ESTADUAL DO ESPÍRITO SANTO

❖ Formação Raízes - Educação das Relações Étnico-Raciais - ERER, para os


profissionais das Redes Estadual e Municipais.
❖ Criação do Grupo de Trabalho para elaboração de material pedagógico na
temática étnico-racial: Caderno Orientador para Educação das Relações
Étnico-raciais no Espírito Santo.
❖ Implementação do Piloto e da Expansão do Caderno da Gestão Escolar para
Equidade Racial: uma parceria com o Instituto Unibanco.
❖ Formação na temática das modalidades quilombola e indígena.
❖ Realizações de Oficinas sobre a temática étnico-racial nas escolas da Rede.
EIXO II:
LETRAMENTO RACIAL
DOIS MINUTOS PARA ENTENDER
A DESIGUALDADE RACIAL NO BRASIL

https://www.youtube.com/watch?v=ufbZkexu7E0
LETRAMENTO RACIAL
“O letramento racial é uma Cinco processos:
forma de responder
individualmente às tensões ▪ Reconhecimento da branquitude
raciais. Ao lado de e de seus privilégios;
respostas coletivas, na ▪ Racismo é um problema atual e
forma de cotas e políticas não simplesmente um legado
públicas, ele busca reeducar histórico;
o indivíduo em uma ▪ Identidades raciais são
perspectiva antirracista” aprendidas e resultam de
práticas sociais;
▪ Necessário apropriar-se de uma
gramática e de um vocabulário
racial;
(SCHUCMAN, 2015) ▪ Capacidade de interpretar os
códigos e práticas “racializadas”.
UMA ABORDAGEM CONCEITUAL DAS NOÇÕES
DE RAÇA, RACISMO, IDENTIDADE E ETNIA

Prof. Dr. Kabengele Munanga (USP)

ALGUNS TERMOS E CONCEITOS PRESENTES


NO DEBATE SOBRE RELAÇÕES RACIAIS NO
BRASIL: UMA BREVE DISCUSSÃO
Profª Drª Nilma Lino Gomes (UFMG)
COMO TRABALHAR COM "RAÇA" EM
SOCIOLOGIA

Profº Drº Antônio Sergio Guimarães (USP)


As descobertas do século XV colocam em dúvida o conceito
XV de humanidade.

O conceito de raça passa efetivamente a atuar nas relações


XVI entre grupos sociais.

Até o fim do século XVII, a explicação dos “outros” passava


XVII pela Teologia e pela Escritura.

A cor da pele foi considerada como um critério fundamental e


XVIII divisor d’água entre as chamadas raças.

Outros critérios morfológicos foram acrescentados aos


XIX
Construção histórica do critérios da cor.

conceito de RAÇA No século XX, descobriu-se graças aos progressos da Genética


Humana, que haviam no sangue critérios químicos mais
XX determinantes para consagrar definitivamente a divisão da
humanidade em raças estancas.

Estamos aqui! Qual o seu compromisso com a prática


XXI educacional antirracista?
O Sentido Sociológico

É um conceito carregado de ideologia, pois como todas as ideologias, ele esconde uma coisa
não proclamada: a relação de poder e de dominação (MUNANGA, 2004).

“Raça é um conceito que não corresponde a nenhuma realidade natural,


trata-se, ao contrário de, um conceito que se denota tão-somente uma
forma de classificação social, baseada numa atitude negativa frente a certos
grupos sociais l[...]” (GUIMARÃES, 1999, p. 9).
O RACISMO É ESTRUTURAL

Racismo Racismo
Individual Institucional
O RACISMO É PERIGOSO NA EDUCAÇÃO DAS
CRIANÇAS – CANAL PRETO

https://www.youtube.com/watch?v=KZGNu4NcWLs
Formas de combater o Racismo

Raça
Racismo
Racismo Individual Criminalização do Racismo
Relações
étnico-raciai
s Racismo Institucional Políticas Afirmativas

Poder Racismo Estrutural Educação


Colonialismo
Dominação

QUAIS SÃO OS OBJETIVOS DA EDUCAÇÃO


DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS?
Representações
racistas na Literatura
Infantil

(...) o menino marrom começou a entender porque é que o branco dava


uma ideia de paz, de pureza e de alegria. E porque razão o preto
simbolizava a angústia, a solidão, a tristeza.

Ele pensava: o preto é a escuridão, o olho fechado; você não vê nada.


O branco é o olho aberto, é a luz!" (ZIRALDO, 1986, p.29).
O QUE É IGUALDADE?
O QUE É EQUIDADE?
EIXO III:
A LEI Nº 10.639/03 E SUAS
DIRETRIZES COMO FRUTO
DA LUTA HISTÓRICA DO
MOVIMENTO NEGRO
MOVIMENTO
NEGRO E A
EDUCAÇÃO
Cite nomes de
História e cultura
personalidades,
afro-brasileira e
movimentos e/ou
africana no
organizações
Espírito Santo
negras no ES
Zacimba Gaba Dona Laura Felizardo
Chico Prego Dr. Gustavo Forde
Nossos Passos vêm de Longe

1849
INSURREIÇÃO DE QUEIMADO

Principal movimento contra a escravidão ocorrido no


Espírito Santo, a Insurreição de Queimado é
resultado da construção de um processo político de
conquistas e foi um marco na história da negritude
capixaba.
Fonte: NEAB/UFES
Nossos Passos vêm de Longe

Antonieta de Barros Virgínia Leone Bicudo Adélia de França


(1901-1952) (1910-2003) (1926-1976)
Nossos Passos vêm de Longe

Na década de 1950,
a pesquisa de Florestan Fernandes, encomendada
pela UNESCO, denunciou a existência do racismo,
no Brasil, influenciando as lutas políticas do
movimento negro das décadas posteriores.

?
DEMOCRACIA
RACIAL
Nossos Passos vêm de Longe
Em 1978,
o movimento foi unificado, primeiramente, como
Movimento Negro Unificado Contra a Discriminação
Racial, e, posteriormente, chamado de MNU - Movimento
Negro Unificado.

No campo educacional as principais reivindicações


estavam pautadas, sobretudo, na:
▪ Eliminação do preconceito e a discriminação na escola;
▪ Garantia acesso ao ensino formal;
▪ Reformulação dos currículos; participação dos negros
na elaboração dos currículo escolares.
MARCOS LEGAIS

Na III Conferência Mundial


A Constituição Federal contra o Racismo, a
de 1988, Discriminação Racial,
Xenofobia de 2001
Institui, no art. 5º, que “a
discriminação racial passa O Brasil teve a maior delegação
no evento e assumiu o
ser crime inafiançável e
compromisso de combater os
imprescritível, sujeito à efeitos do racismo e da
pena de reclusão, nos discriminação racial, bem como a
termos da lei”. pobreza, a partir de políticas
públicas de ação afirmativa.
MARCOS LEGAIS
2003 2008

A Lei nº. 10.639, de 09 de janeiro de 2003, alterou a Lei nº. 9.394, de 20 de


dezembro de 1996, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a
obrigatoriedade da temática História e Cultura Afro-Brasileira. Em 10 de
março de 2018, a Lei nº. 11.645 modificou os marcos legais supracitados
para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da
temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”.
AS LEIS 10.639/03 & 11.645/08
ARTIGO 26A: Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares,
torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-brasileira e Indígena.
Parágrafo Primeiro: O Conteúdo Programático deve incluir: O estudo da História da África
e dos Africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e
indígenas brasileira e o negro e o indígena na formação da sociedade nacional, resgatando
as suas contribuições nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil.
Parágrafo Segundo: Os conteúdos supracitados devem ser inseridos ministrados em
TODO CURRÍCULO ESCOLAR, em especial, nas áreas de Educação Artística, de
Literatura e História brasileiras.

ARTIGO 79B: A obrigatoriedade da Inclusão no calendário Escolar do Dia 20 de Novembro


como “Dia Nacional da Consciência Negra”.
O QUE AS DIRETRIZES NOS ENSINAM E NOS EXIGEM?
▪ A garantia do direito das populações negra e indígena de se reconhecerem na cultura
nacional requer estratégicas pedagógicas de valorização da diversidade que almejem,
sobretudo, a superação das desigualdades étnico-raciais;
▪ O reconhecimento e valorização da cultura, da história e das descendências africana e
indígena, incluindo os processos históricos de resistência realizados pelos negros e
indígenas no desenvolvimento da sociedade nacional;
▪ Sensibilidade e combate às inúmeras formas de preconceitos e discriminações raciais que
podem se manifestar no ambiente escolar de diversas formas;
▪ É função social da Escola e dos educadores zelar pelo processo de emancipação dos grupos
discriminados, sobretudo, por meio da construção de um processo de reeducação das
relações étnico-raciais pautado na superação da negação das tensas e conflituosas relações
raciais que historicamente marcaram e marcam nosso país, bem como do “eurocentrismo”.
“O que precisa ser mudada não
é a imagem dos negros, mas a
imagem negativa que a
sociedade criou e fomenta como
se fosse própria deles."

— Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva


MARCOS LEGAIS ESTADUAIS
❑ Plano Estadual de Educação do Espírito Santo (2015-2025) – Lei 10.382:

✔ Meta 7.26: Garantir nos currículos escolares conteúdos sobre a história e as culturas
afro-brasileiras e indígenas e implementar ações educacionais, nos termos das Leis n.ºs
10.639, de 09.01.2003, 11.645, de 10.03.2008, assegurando a implementação das
respectivas diretrizes curriculares nacionais, por meio de ações colaborativas com
fóruns de educação para diversidade étnico-racial, conselhos escolares, equipes
pedagógicas e a sociedade civil.
❑ Mapa Estratégico (2019-2022) / Diretrizes:

✔ Promover políticas públicas voltadas à garantia da equidade na rede


estadual;
MARCOS LEGAIS ESTADUAIS
❑ Comissão Permanentes de Estudos Afro-brasileiros (CEAFRO)
(PORTARIA Nº 114-R):
Competências:
✔ Participar do processo de discussão curricular e de formação continuada de profissionais da
educação da rede escolar pública estadual, relacionadas à Educação para as Relações
Étnico-raciais, História e Cultura Afro-brasileira e Africana;
✔ Estimular a produção de materiais didáticos que subsidiem a implementação das temáticas
étnico-raciais.
✔ Manter permanente diálogo com instituições de ensino e pesquisa,
sociedade civil organizada e participar de fóruns, conselhos e
comissões de estudo, tendo em vista a implementação de ações
concernentes aos dispositivos legais;
MARCOS LEGAIS ESTADUAIS
❑ Mapa Estratégico (2023-2026):
✔ Fortalecer e desenvolver políticas voltadas à promoção da equidade e da inclusão, com
foco em raça e gênero, mitigando as desigualdades educacionais.

❑ Diretrizes Pedagógicas (2023):


✔ No processo de Planejamento é imprescindível a busca pela promoção da igualdade
de oportunidades e pela valorização das diferenças humanas em todos os aspectos,
seja pelas diversidades étnico-raciais, culturais, sociais, intelectuais, físicas, sensoriais e
de gênero.
✔ Suportes: Programa de Enfrentamento ao Racismo nas Escolas e a
Gestão Escolar para Equidade Racial.
PROGRAMA DE ENFRENTAMENTO AO RACISMO NAS ESCOLAS:
ATRIBUIÇÕES
UNIDADE CENTRAL

▪ Elaborar material pedagógico e orientador para a Educação das Relações


Étnico-raciais (ERER) e inclusão da história e cultura africana, afro-brasileira
e indígena no currículo;
▪ Elaborar e disponibilizar formações continuadas voltadas para a Educação
das Relações Étnico-raciais (ERER), principalmente, para os professores;
▪ Elaborar e realizar oficinas formativas sobre a temática étnico-racial;
▪ Apoiar e monitorar o desenvolvimento de ações da temática étnico-racial nas
escolas e nas superintendências regionais, incentivando uma cultura de
autoavaliação;
▪ Orientar as equipes gestoras e técnicas da rede;
▪ Monitorar e avaliar o desenvolvimento das ações do Programa.
PROGRAMA DE ENFRENTAMENTO AO RACISMO NAS ESCOLAS:
ATRIBUIÇÕES
SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL DE EDUCAÇÃO

▪ Desenvolver, monitorar e avaliar ações sobre a temática étnico-raciais articuladas


com o Programa de Enfrentamento ao Racismo;
▪ Orientar e subsidiar as equipes escolares para a implementação dos marcos
legais que regem a temática racial na educação;
▪ Monitorar e tomar as medidas cabíveis quanto a ocorrência de casos de racismo.

ESCOLA
▪ Desenvolver ações e projetos de forma contínua e interdisciplinar, voltados para a
Educação das Relações Étnico-raciais, que envolvam os estudantes, professores,
famílias e a equipe gestora;
▪ Garantir a inclusão da temática “História e Cultura Afro-brasileira, Africana e
Indígena” nos conteúdos de todas as áreas de conhecimento;
▪ Acolher, registrar e tomar as medidas cabíveis quanto às denúncias de racismo.
Referências
ALMEIDA, Silvio Luiz de. Racismo estrutural. São Paulo: Sueli Carneiro; Pólen, 2019.

BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Parecer CNE/CP 3/2004. Diretrizes curriculares nacionais para a educação
das relações étnico-raciais e para o ensino de história e cultura afro-brasileira e africana. Diário Oficial [da] República
Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 19 mai. 2004.

GOMES, Nilma Lino. Alguns termos e conceitos presentes no debate sobre relações raciais no Brasil. Secretaria de
Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade. Brasília: Ministério da Educação, 2005, p. 39-62.

GUIMARÃES, Antônio Sérgio Alfredo. Como trabalhar com "raça" em sociologia. Educação e Pesquisa. São Paulo, v.
29, n. 1, p. 93-107, 2003. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ep/a/DYxSGJgkwVyFJ8jfT8wxWxC/?format=pdf&lang=pt
Acesso em: 28 de julho de 2021.

MUNANGA, Kabengele. Uma abordagem conceitual das noções de raça, racismo, identidade e etnia. Palestra
proferida no 3º Seminário Nacional Relações Raciais e Educação-PENESB-RJ, 05/11/03. Disponível em:
https://www.geledes.org.br/wp-content/uploads/2014/04/Uma-abordagem-conceitual-das-nocoes-de-raca-racismo-dentidad
e-e-etnia.pdf Acesso em 20 de dezembro de 2022.

OLIVEIRA, Iolanda. . A Construção Social e Histórica do Racismo e suas Repercussões na Educação Contemporânea.
Cadernos PENESB , v. 9, p. 257-282, 2007.

SCHUCMAN, Lia Vainer. Racismo e “Branquitude” na sociedade brasileira [Entrevista concedida a] José Tadeu Arantes.
Agência FAPES, São Paulo, 05 de fevereiro de 2015. Disponível em:
https://agencia.fapesp.br/racismo-e-branquitude-na-sociedade-brasileira/20628/ Acesso em: 19/12/2022.
Contatos
GECIQ
Telefone: (27) 3636-7867

CEAFRO
ceafro@sedu.es.gov.br

GERENTE:
Valquiria Santos Silva - vssilva@sedu.es.gov.br

TÉCNICOS:
Darlete Gomes Nascimento - dnascimento@sedu.es.gov.br
Jorge Vinícius M. Vianna - jvmviana@sedu.es.gov.br

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