Você está na página 1de 17

1

OS IMPACTOS PSICOSSOCIAIS DO RACISMO ESTRUTURAL NA JUVENTUDE


NEGRA

Fernanda Estéfani Silva Santos 1


Franklin Santos Ferreira 2
Gabriella Cristina Martins de Sousa 3
Gesgisbel Aparecida Rosa 4

RESUMO: O presente artigo tem como objetivo discutir os impactos provocados pelo
racismo na juventude negra brasileira a partir de uma análise com vários recortes. Desta
forma, articular marcadores sociais, como raça, classe social, localização geográficas, se
entrelaçam e através de um sistema opressor produz desigualdade, exclusão e desumanização
de determinados grupos sociais. Sendo assim, este trabalho buscou, a partir de pesquisa
qualitativa, investigar em publicações cientificas e em pesquisas documentais, como o
racismo se estrutura no nosso país, e como essa prática afeta a existência de jovens negros.
Diante deste trabalho, é possível perceber um crescimento e avanço na produção científica, e
até mesmo em discussões no âmbito social, acerca dessa temática. Porém, como será
apresentado nesse estudo, a juventude negra ainda continua sendo atravessada por diferentes
tipos de violência. E é perante este cenário preocupante, que se faz necessário entendermos o
racismo com um problema social, a fim de contribuir para a discussão de estratégias
antirracista.

PALAVRAS-CHAVE: Racismo; Saúde Mental; Juventude Negra; Psicologia.

INTRODUÇÃO

A cada 23 minutos, mais uma mãe preta chora


Coração apertado e ele só foi jogar bola
Se tiver atrasado, devagar, não corre agora.
A polícia não viu que era roupa da escola?
(Bia Ferreira, Necropolítica, 2021).

Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública – FBSP (2020) a cada 21 minutos um


jovem negro é assassinado no Brasil. Conforme o mesmo Fórum, são os jovens negros as
principais vítimas da violência letal no país, sobretudo aqueles entre 20 e 24 anos, com o pico

1
Centro Universitário UNA. E-mail: fernandaessantos@hotmail.com.
2
Centro Universitário UNA. E-mail: fsantosferreira04@gmail.com.
3
Centro Universitário UNA. E-mail: gabriellamsousa@hotmail.com.
4
Centro Universitário UNA. E-mail: gesgisbelrosa@gmail.com.
2

aos 22 anos. Das vítimas de intervenção policiais 74,3% são jovens até 29 anos, e 79,1% das
vítimas são negros.

Estes dados realçam como a juventude, principalmente a juventude negra, se encontra


vulnerável e é violentada em diversos níveis. É evidente a existência de uma lacuna social, a
qual é negado à população preta acesso a oportunidades, direitos básicos e a representações
nos espaços de poder. Os jovens negros têm seus corpos associados a uma ameaça para a
sociedade, conviver com a sensação de inferioridade e não pertença, entre vários outros
atravessamentos, resulta em efeitos muitos nocivos à saúde.

Entendendo que a práxis da Psicologia possui como princípios fundamentais presentes na


Resolução CFP Nº 010/05, que instituiu o Código de Ética Profissional do Psicólogo (2005),
promover, contribuir e eliminar quaisquer tipos de discriminação, violência, opressão e tem
como apoio os valores que embasam a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1945) e
todos seus fundamentos, a Psicologia tem dever de se atentar a essa temática através da
produção e disseminação de conhecimento de forma ativa, buscando em todo o seu campo de
atuação observar como os marcadores sociais, que explicam as características que
acompanham as pessoas, podem impactar psicossocialmente a vida dos sujeitos.

Sendo assim, é de grande relevância que esse artigo seja produzido, pois ao resgatarmos os
conhecimentos já existentes acerca dessa temática, poderemos contribuir com a reflexão para
a construção de uma sociedade justa e igualitária. Pretende-se ainda, através dessa temática,
fomentar a construção de novas reflexões e quem sabe estratégias que possam de alguma
forma mitigar esse fenômeno, principalmente, no que se refere à vida de jovens negros
periféricos.

Perante tais circunstâncias, o presente trabalho tem como objetivo analisar os impactos
psicossociais do racismo estrutural na juventude negra no Brasil. Desse modo, o trabalho se
divide em três partes, na primeira, iremos apresentar brevemente a construção socio-histórica
do racismo estrutural, com a finalidade de entendermos sua estruturação e suas dimensões. No
tópico seguinte, articularemos criticamente a relação entre juventude, raça, racismo e
desigualdade social e como esses atravessamentos afetam a vida da juventude negra.
Posteriormente, faremos um recorte sobre as implicações no âmbito psicológico, apontando
3

como a prática racista pode impactar profundamente a saúde mental dos jovens negros. E por
fim, entendendo que é de extrema importância apontar que mesmo no contexto em qual
milhões de africanos foram sequestrados, se criavam várias formas de resistência e
enfrentamento ao modelo hegemônico de opressão, reafirmamos que assim persistirá até os
dias atuais.

1. ESTRUTURA DO RACISMO: UMA BREVE ANÁLISE SOCIO-HISTÓRICA

Nunca foi fácil


Nunca será
Para o povo preto
Do preconceito se libertar
Sempre foi luta
Sempre foi porrada
Contra o racismo estrutural
Barra pesada.
(Elza Soares -Negão Negra, 2020).

Existem várias definições do termo raça no decorrer da história. Etimologicamente raça é


definida como:

O conceito de raça veio do italiano razza, que por sua vez veio do latim ratio, que
significa sorte, categoria, espécie. Na história das ciências naturais, o conceito de
raça foi primeiramente usado na Zoologia e na Botânica para classificar as espécies
animais e vegetais (MUNANGA, 2004, p. 17).

Assim, a raça sempre esteve atrelada a algum tipo de conflito ou distinção de categorias. No
que tange a raça humana não seria diferente. Remonta-se ao contexto histórico do século XVI,
no qual o homem europeu em contato com outras culturas a partir da expansão mercantilista,
considerava-as menos evoluídas. Esse dogma foi perpetuado até o século XIX com o advento
do imperialismo. Conclui-se que, historicamente, a raça é essencialmente um elemento
político, haja visto que pesquisas de sequenciamento de DNA demonstram que não há
distinção biológica observada que justifique tratamento discriminatório entre seres humanos,
utilizada para tornar legítimos atos de segregação, desigualdade e extermínio das minorias
sociais (ALMEIDA, 2019).

Como mencionado por Gomes (2005, p. 45):

Por mais que os questionamentos feitos pela antropologia ou outras ciências quanto
4

ao uso do termo raça possam ser considerados como contribuições e avanços no


estudo sobre relações entre negros e brancos no Brasil, quando se discute a situação
do negro, a raça ainda é o termo mais usado nas conversas cotidianas, na mídia, nas
conversas familiares. Por que será? Na realidade, é porque raça ainda é o termo que
consegue dar a dimensão mais próxima da verdadeira discriminação contra os
negros, ou melhor, do que é o racismo que afeta as pessoas negras da nossa
sociedade (GOMES, 2005, p. 45).

Bithencourt (2018) conceitua o termo racismo como um preconceito em relação à ascendência


étnica combinado com ações discriminatórias. Segundo o autor, o racismo está relacionado ao
contexto histórico vivido e sofre modificações com o tempo.

Almeida (2019) descreve que o racismo pode ser dividido em três concepções, a saber:
individualista, institucional e estrutural. O racismo individualista pode ser visto como um
fenômeno "patológico" ou anormal, sendo o resultado de crenças individuais ou coletivas de
um grupo isolado. Portanto, o conceito de individualismo pode não reconhecer a existência de
“racismo”, mas apenas reconhecer a existência de “preconceito”, em detrimento de sua
natureza política para enfatizar a natureza psicológica do fenômeno.

Sobre o racismo institucional há uma relação entre racismo e Estado, pois o conflito racial
também faria parte do sistema. A desigualdade racial resulta, então, de uma característica da
sociedade, não apenas pelo comportamento isolado de grupos ou indivíduos racistas, mas
também, fundamentalmente, porque certos grupos raciais utilizam mecanismos institucionais
para impor seus interesses políticos e econômicos em detrimento dos outros, com o intuito de
manter sua hegemonia (ALMEIDA, 2019).

Enfim, a concepção estrutural do racismo, que é a abordagem de interesse deste trabalho pode
ser definida, de acordo com Almeida (2019), como o fruto da própria estrutura social, que
estabelece as relações políticas, econômicas, jurídicas e familiares, sendo algo além das
questões individuais, não havendo patologia social e sequer desarranjo institucional sendo
assim, visto com algo normal. Para o referido autor, o racismo estrutural se constitui através
dos elementos de ideologia, política, direito e economia.

No campo da ideologia, o racismo é reforçado pelos meios de comunicação, indústria cultural


e sistemas educacionais. Isso acaba se moldando no imaginário social, exemplo disso são os
papéis dos atores e atrizes negros em telenovelas brasileiras, que na maioria das vezes são
5

representados em papéis de ladrões ou exercendo funções menos valorizadas socialmente.


Ademais, a escola reforça essa assimilação por não apresentar as contribuições importantes do
negro na história, na literatura e nas ciências. Quanto a estrutura ideológica do racismo
estrutural, as próprias vítimas do racismo podem reproduzir imaginário social, de fato:

Pessoas negras, portanto, podem reproduzir em seus comportamentos individuais o


racismo de que são as maiores vítimas. Submetidos às pressões de uma estrutura
social racista, o mais comum é que o negro e a negra internalizem a ideia de uma
sociedade dividida entre negros e brancos, em que brancos mandam e negros
obedecem. Somente a reflexão crítica sobre a sociedade e sobre a própria condição
pode fazer um indivíduo, mesmo sendo negro, enxergar a si próprio e ao mundo que
o circunda para além do imaginário racista (ALMEIDA, 2019, p. 47).

A partir de uma dimensão política, o autor acima relaciona Estado e racismo. A sociedade
capitalista é baseada na liberdade e igualdade entre os indivíduos, assim o Estado tem como
papel garantir esses fundamentos para a população. Em particular, desvios a esses
fundamentos devido à situação de racismo devem, então, ser resolvidos pelo Estado. Nesse
contexto, o racismo e a constituição de grupos raciais discriminados, têm papéis importantes
no poder político do Estado. Em relação à defesa dos direitos, o Estado precisa estabelecer
leis e intervenções jurídicas para manter a ordem e o respeito à liberdade e igualdade dos
indivíduos. Devido a estrutura racista empregada na sociedade o poder jurídico acaba
estigmatizando as diferenças raciais.

Por fim, o último elemento que constitui o racismo estrutural é a economia. Esta se evidencia
de forma objetiva, estabelecendo vantagens para o grupo racial dominante. No Brasil a carga
tributária é arrecadada, principalmente, do salário e consumo, em razão disso acaba tornando-
se um fator decisivo para o empobrecimento da população negra. A discriminação racial
também se manifesta no mercado do trabalho e contribui na dificuldade de oportunidade no
acesso do negro em posições de melhores renumerações e de maior prestígio social
(ALMEIDA, 2019).

De fato, independentemente da produtividade, pessoas negras e mulheres recebem


estatisticamente menores salários. Nesse sentido, em resposta a essa reprodução estrutural do
racismo estabelecida há anos, várias pesquisas demonstram que a raça é um fator
determinante na desigualdade econômica e que soluções para distribuir as rendas de maneira
mais igualitária não são muito eficazes (ALMEIDA, 2019). A esse respeito, Silva (2020)
6

destaca que os privilégios sociais e econômicos têm sido historicamente a política da elite
para apoiar a discriminação racial contra os negros. Nesse contexto, as relações raciais no
Brasil estão repletas de formas de discriminação contra os negros atuando para a manutenção
dos privilégios entre brancos. Desta forma, a mobilidade social da população negra brasileira
é dificultada pelo racismo estrutural presente na sociedade, o que contribui para o ciclo da
pobreza e condenação criminal deste grupo.

2. UMA ARTICULAÇÃO CRÍTICA ENTRE RAÇA, RACISMO, JUVENTUDE E


DESIGUALDADE

Ou você coopera com essa estrutura


Ou você ajuda na demolição
Alguém avisa pro falso cristão
Que todo jovem preto um dia foi um feto
Não venha me dizer que é a favor da vida
Se quando nos assassinam, você fica quieto.
(CESAR MC, 2021).

A população negra suporta assombrosas desigualdades em diferentes campos de sua vida,


Gomes, Laborne (2018) explicam em seu trabalho que a definição de raça se transformou em
enorme mecanismo de superioridade coletivo. Essa ideia, possivelmente, surgiu após a
chegada dos Portugueses a América com as comparações entre conquistadores e
conquistados.

A formação das relações sociais fundadas na ideia de raça produziu nas Américas
novas identidades sociais – índios, negros, mestiços –, bem como redefiniu outras.
Aquilo que era considerado identidade pautada em procedência geográfica ou país
de origem, tal como espanhol, português e, posteriormente, europeu, passou também
a adquirir, em relação a essas novas identidades, uma conotação racial. Na medida
em que as relações sociais que se configuravam eram de dominação, tais identidades
foram associadas às hierarquias, aos lugares e aos papéis sociais correspondentes,
como se deles fossem constitutivas, e, por conseguinte, ao padrão de dominação que
se impunha (GOMES; LABORNE, 2018, p. 20).

Assim, a noção de raça se tornou uma importante ferramenta de controle, passando a ser
considerada como modo de classificação dos povos, das atribuições e encargos na
infraestrutura de controle instaurada (GOMES; LABORNE, 2018).

Racismo é a discriminação que traz a raça como pedra angular. O racismo se apresenta em
meio a usos propositais ou não propositais que findam em vantagens ou desvantagens a um
7

determinado grupo (ALMEIDA, 2019). Raça e racismo revelam variadas formas de poder, de
favorecimento e opressão (GOMES; LABORNE, 2018). Em complemento, Almeida (2019)
pontua que a ideia de que o racismo se faz presente na sociedade como discriminação racial e
que se estabeleceu com uma metodologia que impõe categorias de vantagens e desvantagens
que são atribuídas a determinados grupos e se perpetuam em todas as esferas da sociedade,
tais como a economia, a política e o convívio no dia a dia.

Moura (2021) destaca em seu texto que quando dialogamos sobre racismo falamos de
violência, uma vez que todo o formato de dominação é uma forma de violência, seja essa
violência física ou psicológica. Convivemos com modos descomedidos e que perturbam a
construção da subjetividade dos sujeitos.

Não há como pensar em uma forma única de existir e conviver no mundo, não se pode
determinar uma coletânea de destinos e comportamentos comuns a todas as pessoas. Raça e
gênero compõem a vida das pessoas juntamente com outros aspectos exemplificados por
Detoni (2019), tais como, “etnia, regionalização, expressões da sexualidade, classe social,
geração, profissão, deficiências” (DETONI, 2019, p. 120). Esses marcadores sociais
possibilitam vantagens, eliminações de direitos e discriminações.

O marcador social que será discutido adiante é a juventude e suas expressões. Juventude
segundo a Organização Mundial da Saúde (BRASIL, 2007) compreende as pessoas com idade
entre 15 e 24 anos. A juventude não existe de uma única maneira, cada jovem ergue sua forma
de agir, ser, conversar, de ampliar ou não sua história.

Esteves, Abramovay (2007) esclarecem que:

[...] não existe somente um tipo de juventude, mas grupos juvenis que constituem
um conjunto heterogêneo, com diferentes parcelas de oportunidades, dificuldades,
facilidades e poder nas sociedades. Nesse sentido, a juventude, por definição, é uma
construção social, ou seja, a produção de uma determinada sociedade originada a
partir das múltiplas formas como ela vê os jovens, produção na qual se conjugam,
entre outros fatores, estereótipos, momentos históricos, múltiplas referências, além
de diferentes e diversificadas situações de classe, gênero, etnia, grupo etc
(ESTEVES; ABRAMOVAY, 2007, p. 21).

O racismo, a violência e as desigualdades, refletem diretamente na vida do jovem, atingindo


suas possibilidades e caminhos (SAWAIA et. al., 2020). A pesquisa divulgada pelo IBGE
8

(2019) nos informa que 64% das pessoas desempregadas são negras, 45,6% das pessoas
negras ocupam trabalhos informais e que o rendimento médio mensal das pessoas brancas é
73% superior ao das pessoas negras. A pesquisa também informa que “a chance de uma
pessoa preta ou parda residir em um aglomerado subnormal era mais do que o dobro da
verificada entre as pessoas brancas” (IBGE, p.5, 2019).

Esses dados têm correlação direta com o desrespeito aos direitos, com a falta de
oportunidades e de políticas públicas voltadas à educação, ao trabalho e à saúde da população
negra (MOURA, 2021). Os jovens negros estão buscando entender sua realidade e encontrar
forças para sobreviver a ela:

- “Mesmo que eu sonhe com a maternidade basta um minuto para que eu repense e
desanime com isso, é desesperador”. - “É muito difícil não perder a esperança no
futuro, sabendo que não importa o que eu faça, vou sempre ser um alvo”. - “Você já
se despediu das pessoas negras que você conhece, da próxima vez pode ser que seja
eu”.- “Não consegui dormir quase nada pensando na família da Kathlen, fiquei
pensando na primeira noite sem minha irmã, depois pensei naquela ida fatídica ao
IML que foi preciso fazer. Mari nutria sonhos, Kathlen carregava o seu. É sonho
atrás de sonho sendo interrompido. Que dor! (RENATA LO PRETE, 2021).

Os relatos acima são de jovens negros que se manifestaram através das redes sociais após a
morte de Kathlen Romeu, grávida, morta pela polícia em 09/07/2021, estes relatos foram lidos
pelas autoras no Podcast O assunto no episódio de número 472 foi: “Os sonhos roubados da
juventude negra” (2021). A entrevistada do Podcast psicóloga Clélia Prestes (2021) destacou
que a ofensiva a juventude negra é um ataque a possibilidade de construção de projetos de
vida, na confiabilidade, na promoção da saúde e de direitos e na capacidade de projetar
sonhos.

A violência contra jovens negros não pode ser considerada somente de forma física, ela
também produz marcas psicológicas profundas. “Essa violência impingida diretamente sobre
os corpos negros promove dor, sofrimento, pânico, angústias, exclusão, silenciamentos para
toda a comunidade e não apenas para quem perde um familiar” (MOURA, p. 57, 2021). Esse
cenário não é novo, a juventude negra clama para que haja o enfrentamento a essas ações.

Detoni (2019) reflete sobre a busca da Psicologia por ensinamentos de outras áreas, tais como,
Sociologia, Filosofia e Antropologia a fim de refletir acerca da diversidade dos sujeitos e de
suas complexidades e distinções, segundo a autora:
9

dar-se conta dos privilégios, das vulnerabilidades, é assumir que constituímos uma
Psicologia colonizada e herdeira da escravidão, do patriarcado, e que precisar refletir
sobre si e seu ser e fazer constantemente. Por isso, não podemos mais entender o
indivíduo como neutro, é preciso atualizar as práticas da Psicologia, o que coloca
sérias limitações à construção de políticas efetivamente públicas e de garantia de
direitos (DETONI, 2019, p 126.).

As Referências Técnicas para atuação de psicólogas/os nas Relações Raciais (CFP, 2017)
discorrem sobre a imprescindibilidade de intervenção neste difícil contexto. Segundo estas
referências se fazem necessárias ações a fim de identificar a discriminação institucional,
confrontar esta discriminação, impactar os profissionais e dirigentes, perceber o cenário e
discernir os sinais relevantes.

Portanto, há uma necessidade latente de uma insurreição antirracista, para que o povo negro, e
especialmente o jovem negro, mas também a população em geral, os organismos públicos e
com destaque, os Psicólogos, tenham consciência de que só sobreviver não é suficiente,
precisamos discutir raça, racismo, juventude, igualdade, oportunidades e educação.

Lélia González (1935-1994) expõe em suas reflexões a seguinte frase “Sabe qual é o negro
mais bonito do mundo? É aquele que tem consciência de suas raízes, de suas origens culturais.
É aquele que tem a atitude de quem sabe que é ele mesmo, e não um outro determinado pelo
poder branco”. Precisamos proporcionar uma revolução para que a juventude negra ocupe os
lugares que no decorrer da história foram negados a todo povo negro.

3. O RACISMO E A SUBJETIVIDADE DAS JUVENTUDE NEGRAS NO BRASIL

Se algum sonho ousa correr, cê para ele


E manda eles debater com a bala que vara eles, mano
Infelizmente onde se sente o sol mais quente
O lacre ainda tá presente só no caixão dos adolescentes
Quis ser estrela e virou medalha num boçal
Que coincidentemente tem a cor que matou seu ancestral.
(Emicida, Ismália, 2019).

O racismo é experienciado por pessoas pretas durante toda sua vida. Essa experiência ocorre
de diversas formas, seja de forma explícita, como por exemplo, as violências físicas, e
também implícita, que se manifestam no subjetivo. Conforme discutido por Silva (2005) apud
Damasceno e Zanello (2018), um sujeito estar exposto corriqueiramente a situações de
10

humilhação e opressão pode desencadear desorganizadores dos componentes psíquico e


emocional. Sendo assim, uma pessoa preta está potencialmente vulnerável psicologicamente
pelas constantes exposições involuntárias a situações racistas. O Ministério da Saúde (2018)
corrobora esta afirmação e alerta que:

o racismo causa impactos danosos que afetam significativamente os níveis


psicológicos e psicossociais de qualquer pessoa (...). Os iimpactos do racismo geram
efeitos que incidem diretamente no comportamento das pessoas negras que
normalmente estão associados à humilhação racial e à negação de si, que podem
levar a diversas consequências inclusive às práticas de suicídio (BRASIL, 2018,
p.56).

Portanto, discutir a relação entre raça e saúde mental percebendo o impacto que o racismo
causa na juventude tem grande relevância. Um exemplo é a questão do adoecimento psíquico
que pode levar a situações de autoextermínio. De acordo com o Ministério da Saúde (2018), a
cada dez suicídios na faixa etária de 10 a 29 anos, aproximadamente, seis ocorreram com
negros. Para além, o risco de suicídio entre jovens negros de 10 a 19 anos é 67% maior se
comparado às pessoas brancas da mesma faixa etária. Ainda de acordo com o Ministério da
Saúde (2018), a proporção de suicídios entre negros aumentou de 2012 a 2016 em
comparação às demais etnias, passando de 53,3% para 55,4%.

Esses dados mostram como a violência racial desumaniza pessoas pretas, colocando-as em
posição vulnerável e criando angústias existenciais. E esses impactos, não se limitam a tal,
passam por conflitos culturais e sociais advindos das opressões e violações de direitos,
retirando assim perspectivas e oportunidades que a juventude preta teria enquanto horizonte.

Para Borges (2019) apud Brito (2019):

Uma sociedade estruturada no racismo como a brasileira inflige sofrimentos


insuportáveis para a população negra e, equivocadamente, impõe o suicídio para
essa população na medida que faz acreditar que é a única alternativa para cessar as
dores sociais e existenciais geradas pelo racismo. (...) Os adolescentes e jovens
negros têm suicidado mais porque têm sido mais expostos a violências e violações
de direitos que geram dores insuportáveis. Ao mesmo tempo, estes adolescentes e
jovens têm tido menos acesso a direitos, oportunidades e perspectivas (BRITO,
2019, p. 2)

O Racismo não somente influencia a perda de perspectivas da juventude negra, como atua
através das instituições do estado, retirando e ceifando a vida desses jovens. Conforme,
Gomes e Laborne (2018), a população pobre e majoritariamente negra se vê encurralada pela
11

desigualdade, milícias, polícia, tráfico e racismo. A consequência disso é a continuidade de


altos índices de violência e mortes, que tem como uma das principais vítimas, a juventude
negra. Segundo o Atlas de Violência (2020) entre o período de 2008 a 2018, os homicídios
entre jovens de 15 a 19 anos foi 55,6%, entre os jovens de 20 a 24 anos foram 52,2%, destes,
75,7% das vítimas de homicídio eram negras.

Vale dizer sobre a importância de traçar estratégias que criem uma rede de apoio, não só para
as vítimas em potencial, mas também para quem tem de lidar com o luto de perdas trágicas e
evitáveis. Para tal, é preciso se contrapor ao racismo estruturante, com uma base de discussão
antirracista em todos os âmbitos sociais.

Por fim, é importante que o debate sobre a juventude negra seja feito de forma que se possa
abarcar as diversas teorias, vertentes e recortes, a fim de que a discussão e análise seja a mais
ampla possível, passando pelos diversos fatores que levam as questões que atravessam as
vivências dessa população, sendo também possível elaborar estratégias de superação das
estruturas atuais dominantes.

3.1. Da Sobrevivência à Resistência: A Juventude Negra quer viver!

Porque a melhor versão de nós nunca foi na agonia


Na confusão dos ódios, na distração dos brancos
Cuide
Você é parte da minha parte viva, ô
E a gente ainda é a parte viva do mundo
(RICO DALASAM, DDGA, 2020)

Desde o período escravocrata no Brasil, pessoas pretas e pessoas aliadas da luta antirracista
buscam se opor ao modelo de dominação racista, através de elaboração de estratégias de
resistência de não compactuação ao modelo hegemônico de opressão. Estas estratégias de
combate ao racismo surgem em situações isoladas. E também de forma organizada, como,
através de movimentos sociais, militância, mandatos coletivos e afins. Moura (2021) frisa que
é importante destacar que mesmo antes dos movimentos negros organizados, os negros
sempre resistiram, sempre lutaram contra a opressão, seja através das fugas e revoltas ou
através da formação de quilombos, principal expressão da organização, luta e resistência do
povo negro.
12

Já na contemporaneidade, o movimento de resistência da negritude não se acomodou. Gomes


(2017, p.14) mostra que “o movimento da negritude é um produtor de saberes emancipatórios
e um sistematizador de conhecimentos sobre a questão racial no Brasil. Saberes transformados
em reivindicações, das quais várias se tornaram políticas de Estado nas primeiras décadas do
século XXI”. Isto é, nunca houve descanso para o povo negro, seja lutando para superar a
escravização, seja lutando para garantir direitos no campo institucional democrático.

A juventude negra busca se firmar e resistir usando instrumentos que possam propagar sua
mensagem. A arte é um dos melhores exemplos disso. Através do Rap, da poesia cantada, das
batalhas de rima, esses jovens buscam marcar sua identidade, sem esconder quem são e de
onde vieram. As letras e os versos, trazem uma mensagem empoderada e de orgulho,
buscando se colocar no presente, mas sem se esquecer do passado de lutas. A poesia Século
XXI (2017), do jovem W.J, é um exemplo de uma dor que não se esquece, nem ignora, mas se
enfrenta, virando um ato de resistência. Segue trecho:

(...)
Escravidão acabou? Quem te enganou na resposta?
Se acabou... porque eu e meu irmão sente a dor do chicote nas costas
Dói, o suor bate e arde
Podem me chamar de tudo, só não podem me chamar de covarde
Porque meu cabelo é duro e meu beiço é grande
E eu me amarro, me amarro para caralho (sic.)
Cada rima constante vale bem mais que esse carro
Porque esse carro no fumê só serve para quem tá vivo
Mas o caráter e o saber se eu morrer eu levo comigo (SLAM, 2017).

A participação em movimentos culturais de resistência funciona para o/a jovem negro/a como
uma válvula de escape, proporcionando além do lazer, oportunidades de superação diante de
tantas condições adversas do seu cotidiano (PEQUENO, 2013). Sendo assim, as estratégias
criadas pela população negra, e em específico pela juventude negra, buscam sempre a
superação do status quo, colocando em perspectiva um horizonte futuro que comumente é
retirado pelas forças e representações racistas. Por fim, a negritude segue em movimento
ressignificando a cultura e a identidade negra e pulsando a luta antirracista.

4. CONCLUSÃO

A partir dos textos, artigos e documentos que nos ajudaram a construir este trabalho, foi
possível observar a existência de literatura e fontes de pesquisas muito bem estruturadas e
13

densas, sobre a forma com que o racismo impacta os aspectos psicossociais das juventudes
negra. De modo geral, a discussão sobre racismo e sociedade não é nova e já foi discutida há
décadas. Porém, é fato que nos últimos anos, tem surgido discussões mais incisivas, no
sentido de definir a raiz do problema, a fim de adotar medidas necessárias para favorecer as
mudanças já postuladas por diferentes autores em trabalhos anteriores.

Esse cenário surge a partir do momento em que o presente reencontra sua história, e percebe
que pouco se mudou em relação a como as vidas negras são tratadas pelas instituições, pela
política e pela sociedade como um todo. Tais medidas surgem também pela necessidade de
que haja uma superação do modelo de opressão, que produz não só o extermínio da população
negra, como também sofrimentos para aqueles que resistem.

Ao articularmos a prática da Psicologia com a temática do trabalho, observamos que existem


debates bem fundamentados, porém encontramos poucas publicações sobre estratégias de
enfrentamento ao racismo. Para além, é possível entender que a formação em Psicologia ainda
apresenta uma visão eurocêntrica. Os autores mais estudados são homens brancos europeus, e
isso, consequentemente, negligência o debate racial e suas consequências. Por isso,
reafirmamos a importância de existirem profissionais e estudantes que surgem justamente
para poder discutir de uma forma crítica a temática, propondo uma nova lógica e outras
práticas psicológicas.

Esse estudo demonstrou como a estrutura do racismo gera impactos na vivência das
juventudes negras e como essas consequências já são estatisticamente contabilizadas pelos
órgãos e institutos de pesquisas. Porém, as sequelas dessa prática à saúde física e mental,
ainda são difíceis de serem percebidas e identificadas. Isso porque, a sociedade brasileira, até
o presente momento, é assombrada pelo mito da democracia racial.

Assim, é possível pensar que a busca pela superação desse sistema racista passa pela
articulação não só das pessoas que são diretamente afetadas, mas de todas. Suscitar
pensamento crítico e formular práticas de enfrentamento e combate a essa estrutura racista,
através de manifestações no âmbito individual e/ou coletivo, poderá a médio ou longo prazo
resultar em mudanças significativas nas políticas públicas para que as juventudes negras,
14

sejam potencializadas, e não estigmatizadas, e que possam usufruir, de fato, dos direitos e
oportunidades que ainda estão sendo roubados.

THE PSYCHOSOCIAL IMPACTS OF STRUCTURAL RACISM ON BLACK


YOUTH.

ABSTRACT: This article aims to discuss the impacts caused by racism on Brazilian black
youth from an analysis with several perspectives. That is, articulating how social markers,
such as race, social class, and geographic location, intertwine and, through an oppressive
system, produces inequality, exclusion, and dehumanization of certain social groups.
Therefore, this work sought, from qualitative research, to investigate in scientific publications
and in documentary research, how racism is structured in our country, and how this practice
affects the existence of black youth. In view of this work, it is possible to see a growth and
advancement in scientific production and even in discussions in the social sphere about this
theme. However, as will be shown in this study, black youth still continues to be crossed by
different types of violence. And it is in this worrying scenario that it is necessary to
understand racism as a social problem to contribute to the discussion of anti-racist strategies.

Keywords: Racism; Mental Health; Black Youth; Psychology.

REFERÊNCIAS

ABRAMOVAY, Miriam. et al. Juventudes: outros olhares sobre a diversidade. 1a Edição.


Brasília. Edições MEC/Unesco. Abril de 2007. Disponivel em: <
http://pronacampo.mec.gov.br/images/pdf/bib_volume27_juventude_outros_olhares_sobre_a
_diversidade.pdf > Acesso em 20 de outubro de 2021.

ALMEIDA, Sílvio Luiz de. Racismo estrutural. São Paulo: Sueli Carneiro; Polém, 2019.

BETHENCOURT Francisco Racismos: Das Cruzadas ao século XX. Tradução de Luís


Oliveira Santos e João Quina Edições. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.

BIA FERREIRA. E na favela mais uma chacina! necropolitica! 7 de maio 2021. Instagram:
@igrejalesbiteriana. Disponível em: < https://www.instagram.com/tv/COkwKe-H7H3/?hl=pt-
br >. Acesso em 29 setembro de 2021.

BRASIL. Ministério da Saúde. Marco legal: saúde, um direito de adolescentes. Brasília:


Editora do Ministério da Saúde, 2007.
15

BRASIL. Óbitos por suicídio entre adolescentes e jovens negros 2012 a 2016. Brasília:
Ministério da Saúde, 2018.

BRITO, Marcela. Suicídio é maior entre adolescentes e jovens negros. 2019. Disponível
em: https://www.nupad.medicina.ufmg.br/suicidio-e-maior-entre-adolescentes-e-jovens-
negros/. Acesso em 13 de Jun de 2021.

CERQUEIRA, Daniel (Coord.) BUENO, Samira (Coord). Atlas da violência. Ipea. 2020.
96p.

CESAR MC. Dai a Cesar o que é de Cesar. Produção Musical: Tibery e Felipe Artioli.:
Pineapple Storm, 2021. Disponível em: <
https://www.youtube.com/watch?v=Vx2QswxE1cg>. Acesso em 09 set. 2021.

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Relações Raciais: Referências Técnicas para


atuação de psicólogas/os. Brasília: CFP, 2017. 147 p.
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Resolução n° 010, de 21 de julho de 2005.
Aprova o Código de Ética Profissional do Psicólogo. Disponível em:
https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2012/07/codigo-de-etica-Psicologia.pdf. Acesso em
20 de maio de 2021.

DAMASCENO, Marizete Gouveia; ZANELLO, Valeska M. Loyola. Saúde Mental e


Racismo Contra Negros: Produção Bibliográfica Brasileira dos Últimos Quinze Anos.
Psicol. cienc. prof., Brasília, v. 38, n. 3, p. 450-464, set. 2018.

DETONI, Priscila Pavan. O reconhecimento dos privilégios das relações raciais e de


gênero: efeitos da branquitude e da heterocisnormatividade para a construção de
subjetividades. In: FARIAS, Graebin de Farias; FIORAVANZO Fernanda Facchin;
DETONI Priscila Pavan (Org.) A Psicologia na promoção dos Direitos Humanos:
transversalizando fazeres e saberes. Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul
Comissão de Direitos Humanos 1ª edição Porto Alegre, agosto de 2019, p. 119-126.

ELZA SOARES. Negrão Negra. São Paulo:Tambor 2020. Disponível


em:<https://www.youtube.com/watch?v=E087HGB7EU8> Acesso em 23 de outubro de
2021.

ESTEVES, Luiz Carlos Gil; ABRAMOVAY, Miriam. Juventude, Juventudes: pelos outros
e por elas mesmas. UFRRJ, 2007. Disponível em:
http://www.ia.ufrrj.br/ppgea/conteudo/conteudo-2010-2/Educacao-
MII/2SF/Juventude_juventudes.pdf
16

FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA. Anuario Brasilero de Segurança


Pública. Fundação FordOpen Society Foundations – OSF, FENAVIST, 2020.

GOMES, Nilma Lino e LABORNE, Ana Amélia de Paula. PEDAGOGIA DA


CRUELDADE: RACISMO E EXTERMÍNIO DA JUVENTUDE NEGRA. 2018.
Disponível em: < https://www.scielo.br/j/edur/a/yyLS3jZvjjzrvqQXQc6Lp9k/?lang=pt#>.
Acesso em 09 jun. 2021.

GOMES, Nilma Lino. Alguns termos e conceitos presentes no debate sobre relações
raciais no Brasil: uma breve discussão. In: Ricardo Henriques. (Org.). Educação anti-
racista: caminhos abertos pela Lei Federal no. 10.639/03. 'ed.Brasília: SECAD/MEC, 2005, v.
, p. 39-62.

GOMES, Nilma Lino. O movimento negro educador: saberes construídos nas lutas por
emancipação. Petrópolis, RJ: Vozes, 2017, p. 154.

GONZALEZ, L. Heróis de Todo Mundo. A cor da Cultura. Fundação Roberto Marinho.


Disponível em:<https://www.youtube.com/watch?v=QEij7sXdJ0s&list=PL20upv2JBXS1z-
vtjikbNEJ8hegqD_wrE&index=19>. Acessado dia 21/10/2021.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Diretoria de Pesquisas, Coordenação de


Trabalho e Rendimento, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua 2016-
2017.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Desigualdades Sociais por cor ou Raça
no Brasil. 2019. Disponível em: <
https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101681_informativo.pdf>. Acesso em 23
de out. 2021.

IGNACIO, Marcos Vinicius Marques; MATTOS, Ruben Araujo de. O Grupo de Trabalho
Racismo e Saúde Mental do Ministério da Saúde: a saúde mental da população negra
como questão. Saúde debate, Rio de Janeiro, v. 43, n. spe8, pág. 66-78, 2019.

IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Atlas da Violência. Brasília, 2020.


Mäder, Bruno Jardini(org.). Caderno de Psicologia e relações étnico-raciais: diálogos
sobre o sofrimento psíquico causado pelo racismo. Curitiba: CRP-PR, 2016.
17

MOURA, Adriana Dias de. “Nem tão ‘escura’ pra ser negra, e preta jamais”: Racismo,
subjetividade e juventude na periferia de Belém. Universidade Federal do Pará. 2021. Pag.
52-82. Disponível em: http://ppgedufpa.com.br/arquivos/File/teseadriana.pdf. Acesso em 22
de out. 2021.

MUNANGA, Kabengele. Uma abordagem conceitual das noções de raça, racismo,


identidade e etnia. In: Programa de educação sobre o negro na sociedade brasileira. (org.)
Brandão, André Augusto P. Niterói: EDUFF, 2004, p. 15-34.

O ASSUNTO: Os sonhos roubados da juventude negra. Por Renata Lo Prete: 14 jun.


2021. Podcast. Disponível em: < https://g1.globo.com/podcast/o-
assunto/noticia/2021/06/14/o-assunto-472-os-sonhos-roubados-da-juventude-negra.ghtml>.
Acesso em 04 de out. 2021.

PEQUENO, Leticia Sampaio. Juventude negra e movimentos culturais de resistência:


interfaces com o maracatu nação Iracema em fortaleza/ce. IV Seminário CETROS
Neodesenvolvimentismo, Trabalho e Questão Social 29 a 31 de maio de 2013 – Fortaleza –
CE – UECE – Itaperi 2013, p. 301.

PIETERSE, A. L., Todd, N. R., Neville, H. A., & Carter, R. T. (2012). Racismo percebido e
saúde mental entre adultos negros americanos: uma revisão meta-analítica. Psicologia de
Aconselhamento, 59 (1), pp. 1-9.

PRAÇA, Fabíola Silva Garcia. Metodologia da pesquisa científica: organização estrutural


e os desafios para redigir o trabalho de conclusão. 08, nº 1, p. 72-87, JAN-JUL, 2015.
Revista Eletrônica “Diálogos Acadêmicos” (ISSN: 0486-6266)
RICO DALASAM. ddga. Carapicuiba-SP. Dinho Souza. 2020. Disponível em: <
https://youtu.be/uDZw7BSYSwE>. Acesso em 23 de outubro de 2021.

SAWAIA, Bader et. al. Afeto & violência: lugares de servidão e resistência. Alexa
Cultural: Embu das Artes/SP, EDUA: Manaus, AM, 2020, p. 89-107.

SILVA, Larissa Maria do Nascimento da. DESIGUALDADE RACIAL NO BRASIL: a


reiteração do racismo estrutural na sociedade brasileira/João Pessoa, 2020, p.82.

SLAM Resistência + Slam Grito Filmes “WJ”. Vídeo: Fernando Salinas. Poeta: Weslley
Jesus. 2017. Disponível em < https://www.youtube.com/watch?v=68yppqmqZVE>. Acesso
em 25 out. 2021.

Você também pode gostar