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A História do

Racismo no
Brasil

Passado, Persistência
e Resistência
Este trabalho tem como objetivo apresentar
uma síntese dos diversos assuntos
abordados na disciplina de Educação das
Relações Étnico-Raciais. Para tanto,
apresentaremos no decorrer do texto uma
série de discussões sobre a história do
racismo em nossa sociedade.
Nosso propósito principal é provocar nos
leitores algumas reflexões acerca do
preconceito racial no Brasil e as formas
como a população negra do país lutou e luta
para enfrentar esse cenário.

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clicando nos ícones ao longo do texto.

Lattes
Educação das relações
étnico-raciais

23 anos 21 anos
História Biologia
ES/MG ES

Ana Carolina Davi Barbosa


Moura Marques de Jesus

20 anos
História
ES/MG

Letícia da Silva
Neves Barreto

Lattes
Profa. Dra: Débora de Araujo

Universidade Federal do Espírito Santo


2021
O baobá no Senegal

É a grande árvore maternal


de corpulência de matrona,
de dar sombra embora incapaz
(pois o ano todo vai sem folhas)
pela bacia de matriarca,
pelas portinarianas coxas,
pela umidade que sugere
sua carnadura (aliás seca e oca),
vem dela um convite de abraço,
vem dela a efusão calorosa
que vem das criadoras de raça
e das senzalas sem história.
(MELO NETO, 2008, p. 531)

Um baobá no Recife e o baobá do Senegal


Sumário

01 Introdução...................................5

02 Violência Simbólica.....................7

03 Violência Física..........................13

04 Desigualdade racial....................20

05 Racismo religioso.......................30

06 Racismo na escola......................36

07 Conclusão...................................41

08 Referências.................................42
Introdução

As discussões que envolvem o conceito de raça perpassam vários


séculos da história humana, sendo que este se configura, para além de
sua dimensão semântica, como um produto do seu tempo e espaço.
Dessa forma, desde a primeira utilização do termo no campo das
ciências naturais até a construção de seu sentido moderno (de
classificação da diversidade humana em diferentes grupos), este já
possuiu muitas interpretações e valores.

Antes de tudo é importante entendermos os processos de conceituação


e classificação das coisas como algo natural ao indivíduo, uma forma
que a humanidade inventou para operacionalizar/organizar o próprio
pensamento/conhecimento. Assim, a ação de classificar os seres vivos,
baseada em diferenças e semelhanças, não seria por si só um
problema, não fosse, neste caso, a criação histórica de uma hierarquia
entre as “raças humanas" (branca, amarela e negra).

Desse modo, ultrapassando as discussões científicas sobre a existência


de raças, ou mesmo sobre a viabilidade desse conceito, o que temos
que questionar é como a união de certos atributos biológicos e certas
características morais e culturais tornam-se socialmente exaltadas
como superiores enquanto outras são sistematicamente inferiorizadas.
5
Introdução

Nesse sentido, perceber os valores


políticos e sociais por trás da ideia de
raça — quando utilizada para naturalizar
uma divisão hierarquizada entre grupos
humanos, tendo com base a união de
fatores biológicos/físicos com qualidades
psicológicas, morais, intelectuais e
culturais que formam padrões de "O primeiro ponto a entende
r é
que falar sobre racismo no Bra
sil
superioridade/interioridade — é o que é, sobretudo, fazer um deba
te
possibilita entender a essência do estrutural. É fundamental tra
zer
a perspectiva histórica
racismo dentro de uma coletividade. começar pela relação en
e
tre
escravidão e racismo, mapean
do
suas consequências."
Partindo desse ponto de vista, a proposta
desta apostila é produzir um breve debate
sobre alguns aspectos que constituem a
atuação do racismo no Brasil. Para tanto,
vamos explorar a história das relações
raciais construídas em nosso país e ver
como o preconceito racial pode se
manifestar no cotidiano do brasileiro.

6
Violência Simbólica
Dai a Cesar o que é de Cesar - Cesar Mc

A violência é um dos fenômenos mais A violência envolve não


discutidos em nossa sociedade atual. apenas os atos que atentam
Dessa forma, na tentativa de compreender contra a integridade física
suas manifestações, várias áreas do dos indivíduos, mas abrange
também os abusos
conhecimento se dedicam a estudá-la.
psicológicos por meio da
Nessa perspectiva (de estudo), a própria
intimidação, ameaça,
definição deste termo é também assunto exclusão, humilhação,
de debate e reflexões por parte daqueles negligência e/ou
que buscam entendê-lo. constrangimento.

Você conhece uma definição para


violência?

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o termo pode ser definido


como o uso de força física ou poder, em ameaça ou na prática, contra si
próprio, outra pessoa ou contra um grupo ou comunidade, que resulte ou
possa resultar em sofrimento, morte, dano psicológico, desenvolvimento
prejudicado ou privação.

7
Violência Simbólica
Bluesman

Como vimos na página anterior, as práticas de violência englobam


mais do que apenas a agressão física contra um indivíduo, daí a
importância de compreendermos esse fenômeno dentro da lógica de
poder e dominação que orienta as relações raciais em nossa
sociedade. A partir daqui, então, observaremos como a chamada
violência simbólica pode se expressar nesse contexto.

Mas o que é violência simbólica?

Esse tipo de violência, portanto, muitas vezes ignorada por aqueles


que sofrem, parte da imposição de uma cultura dominante — a qual
está envolvida no controle de aspectos como a maneira de falar, de
se vestir, de se portar, de gostar ou desgostar de algo, etc. A cultura
dominante a que nos referimos neste caso é a branca/europeia, que
dentro da hierarquia racial ocupa o lugar de maior prestígio. Em
oposição a essa, encontra-se toda e qualquer manifestação cultural
de origem negra/africana/afro-brasileira.

Apenas uma questão de cor? As teorias


raciais dos séculos XIX e XX
8
Violência Simbólica
Racista e N1ke - Guiu, DK47

A partir da atuação da violência


simbólica, desse modo, a cultura
dominante torna-se cada vez mais
legitimada. Logo, conforme a sociedade Afinal, o que é cultura?
admite aquilo que vem dos brancos como A cultura representa o
sendo a única referência do que é certo, patrimônio social de um
bom e evoluído, acaba, em paralelo, grupo, sendo a soma de
padrões dos
criando vários estereótipos acerca dos
comportamentos
negros, os quais apenas reforçam o
humanos e que envolve:
racismo.
conhecimentos,
Alguns dos estereótipos que experiências, atitudes,
acompanham a população negra valores, crenças, religião,
envolvem: a ideia da falta de capacidade língua, hierarquia,
intelectual; predisposição para realizar relações espaciais, noção
trabalhos braçais; propensão ao crime, à de tempo, conceitos de
violência, à libertinagem; associação universo.
direta com a preguiça, sujeira, miséria, Acesse
para
pobreza e a falta de "cultura"; associação saber m
ais
das palavras "negro/negra" "preto/preta"
(e seus derivados) à significados
pejorativos, etc.
9
Violência Simbólica
A Coisa Tá Preta - Rincon Sapiência

Assim, a reprodução desses estereótipos,


e o preconceito gerado em relação às
Você conhece os
pessoas negras, cria um imaginário único
perigos de uma
sobre o lugar social desses indivíduos e
história única?
daquilo que "pertence a eles".

Temos como exemplo, então, a mulher


negra, que só pode ser a empregada, na
vida real e nas telenovelas; o homem
negro, que é visto como delinquente,
Das consequências da
criminoso e violento; a criança negra, que escravatura, não temos
é mal criada e negligenciada; a dúvidas de que pior que
sexualização dos corpos negros, a pobreza, a miséria, o
principalmente no que se refere à analfabetismo, a
objetificação do corpo feminino negro, marginalização e a
doença são a perda da
como podemos observar pela figura da
auto visão de valor.
"mulata"; a reprovação de gêneros
(AZEVEDO, 1987).
musicais e da arte "favelada"; o uso de
expressões como "serviço de preto", "a
coisa tá preta", "denegrir", "cabelo ruim",
"beleza exótica", etc.
10
Violência Simbólica
Raízes - Negra Li ft. Rael

Os estereótipos, usados para humilhar, desumanizar, animalizar e


descaracterizar a população negra são reforçados e validados
socialmente, sendo que o papel da mídia, das obras literárias, das
dramaturgias e cinematográficas, assim como da própria linguagem,
não podem ser ignorados dentro desse processo.

Obs: como é por meio das


palavras que somos capazes
Clique e assista a esta
de significar o mundo, dando
série de vídeos
forma aos nossos pensamentos
1. Jim Crow
e às nossas vivências, a
2. Sambo/Coon
linguagem é uma importante 3. Golliwog/Pyckynanny
ferramenta de imposição da 4. Mammy/Aunt Jemima
cultura dominante. Dessa 5. Uncle Tom's
forma, o uso de diversas 6. Black Bucks/Mandingo
expressões reflete também o
racismo presente em nossa
sociedade.

Conheça algumas expressões de cunho


racista utilizadas em nosso dia-a-dia.
11
Violência Simbólica
AmarElo- Emicida part. Majur e Pabllo Vittar

Os três séculos de escravidão no Brasil ajudaram a formar uma


ideologia racial profundamente enraizada no imaginário brasileiro, a
qual, mesmo após a abolição — e talvez principalmente a partir daí —,
busca reafirmar o valor da branquitude como arquiteta da civilização. O
resultado desse processo, como pudemos ver até aqui, é a
estigmatização e exclusão da população negra do país, o que configura
uma das mais categóricas formas de violência.

Em contraposição à opressão sofrida, essa grande parcela da


população, ao contrário do que normalmente se faz crer pelo senso
comum, procurou maneiras de mostrar resistência. A luta pela garantia
de direitos sociais; a organização de grupos militantes negros; as
reinvindicações quanto a forma de abordagem histórica do processo
escravista e pelo reconhecimento de seus desdobramentos atuais; além
da contestação dos estereótipos raciais veiculados pelo mercado e
pela mídia são alguns exemplos de como a população negra brasileira
tem buscado resistir ao racismo. Para entendermos melhor esse
cenário, ao longo dos próximos capítulos veremos mais sobre as
manifestações, a resistência e as conquistas negras.

12
Violência Física
Nzinga Mbandi - Loma e Grupo Cantadores
do Litoral

Em geral, as relações estabelecidas entre o Rainha Nzinga Mbandi


europeu invasor e os diversos povos do Ngola Kiluanji
continente africano foi marcada pela
violência, na medida em que o escravizador,
sentindo-se superior racialmente, tinha aval
para praticar todo tipo de barbárie. Essas
ações eram perfeitamente justificáveis e
apoiadas pela Igreja Católica, que não só
legitimava o regime escravista, como também
via na catequização forçada uma
oportunidade de ganhar novos fiéis. Nzinga Mbandi (1583–
1663) foi uma rainha
O olhar colonizador excluía toda forma de guerreira que comandou os
cultura além da sua, localizando-as em reinos Ndongo e Matamba
(atual Angola). Ela utilizou
posição de inferioridade, ao ponto de serem
de diplomacia e investidas
tidas como primitivas e animalescas, assim militares para resistir à
como as pessoas inseridas nela. A partir dominação portuguesa, que
dessa relação de subjugação imposta, vários só conseguiu se instaurar
episódios de perversidade foram validados, após a sua morte.

ironicamente, por aqueles que se intitulavam


mais “evoluídos”.
13
Violência Física
Zacimba

As agressões iniciaram-se em África, com o Zacimba Gaba


sequestro de milhões de negros/as, forçados
a deixarem seus ambientes familiares,
acorrentados e destituídos até mesmo de
seus nomes.

Em meio a condições insalubres e


desumanas essas pessoas eram trazidas
para o Brasil em grandes navios, local que
sentenciava a vida de muitos daqueles que Era uma princesa da nação
não suportavam a viagem, visto que a Cabinda (Angola) forçada a
alimentação era escassa, juntamente com a viver na Fazenda José
imensa aglomeração e calor. Trancoso (Espírito santo)
em 1690. Ela ordenou uma
invasão à Casa Grande
Os que conseguiam sobreviver e chegar ao pelos escravizados, fugindo
Brasil Colônia, eram submetidos a jornadas com seu povo e fundando
exaustivas de trabalho e punições frequentes. um quilombo no território
atual de Itaúnas, tornando-
se condutora de diversas
revoltas.

14
Violência Física
Jorge Ben Jor - Zumbi (Áudio Oficial)

A desumanização do negro escravizado pelos Zeferina


escravizadores, motivada então por uma
inferioridade racial, era justificativa para a
hostilidade, já que os africanos se
aproximariam de animais, sendo mais
resistentes a dor e longos períodos de
esforço. Conforme podemos constatar por
documentações, a quantidade de
escravizados que morriam no Brasil era muito
maior quando comparada a outros países, Guerreira do século XIX
fato que denuncia as brutalidades cometidas. que fundou o Quilombo do
Urubu, atuando
É válido destacar ainda que as mulheres, decisivamente nas
insurreições negras na
estando submetidas ao mesmo cenário de
Bahia. Ela agiu reunindo
crueldade, precisavam cuidar de seus filhos, homens e mulheres,
que muitas vezes eram arrancados de seus dentres eles indígenas, ex-
braços e vendidos como mercadoria. Os escravizados e fugitivos em
casos de abusos sexuais cometidos pelos busca da libertação de
todos os negros em
homens brancos é outro fator relevante que
Salvador.
deve ser estudado.

15
Violência Física
Maria Felipa

Quando analisamos o DNA dos brasileiros, Maria Felipa


podemos notar que os genes herdados
exclusivamente por via materna (DNA
mitocondrial) são em grande maioria de
negras e indígenas, e que os genes
transmitidos pelos pais são quase todos de
colonizadores europeus. Essa descoberta
nos revela um dado assustador: a população
brasileira foi constituída como fruto da
violação dessas mulheres. Morou na ilha de Itaparica
(Bahia) e liderou grupos de
Ademais, é importante compreendermos que, moradores da ilha contra
mesmo com a dita abolição da escravatura tropas portuguesas que
atrapalhavam as atividades
em 1888, os ex-escravizados não deixaram
comerciais do local. Nas
de ser perseguidos. Essa grande parcela da batalhas, cerca de 40
população, que não tinha para onde ir, foi embarcações portuguesas
sistematicamente excluída pelos brancos, chegaram a ser queimadas
sendo marginalizada e impedida de se inserir e destruídas. Ela continuou
como liderança da ilha
socialmente. Para a elite brasileira, dessa
mesmo após a
forma, os negros eram um transtorno que Independência.
impedia o crescimento do Brasil.
16
Violência Física
Poesia Xica Manicongo

O incômodo com os negros transformou-se Xica Manicongo


em ações que objetivavam a “limpeza das
cidades”. Nesse sentido, os manicômios
serviam como centros de aprisionamento das
ditas “pessoas degeneradas”, que em sua
grande maioria, eram negras.

Com a tendência de patologização dessas


pessoas, pseudociências surgiram para
embasar tais violências. Uma dessas Considerada a primeira
"teorias" foi desenvolvida por Cesare travesti brasileira. Viveu em
Lombroso, que determinou um padrão de Salvador e recusava a
criminoso, o qual era, coincidentemente, vestir-se como “homem”,
mantendo a sua cultura de
negro. À vista disso, não é difícil entender a
origem, a dos gentios de
perseguição policial como uma consequência Angola e Congo, em que os
direta do estigma de criminoso associado aos somitigos viviam como
negros, o qual colaborou para o “mulheres”. Tornou-se
encarceramento de muitos ex-escravizados travesti pelo olhar branco
europeu, subvertendo o
sem que estes necessariamente fossem
sistema cisgênero e racista.
presos e julgados justamente.

17
Violência Física
AQUALTUNE por Sabrina Azevedo

Considerando os fatos históricos expostos até Princesa Aqualtune


aqui, pode-se notar muitas similaridades com
o que é vivido no Brasil atual. Notícias de
violência policial nas favelas estampam capas
de jornais rotineiramente. A necropolítica se
alicerça no genocídio da população negra,
que carrega ainda em si os estigmas da
escravização impostos pela sociedade
racista. As pessoas negras, que ainda são
vistas por muitos como essencialmente Teria nascido no reino do
perigosas, sofrem da legitimação da violência Congo, descendente de
pelo sociedade e pelo Estado. uma linhagem real. Liderou
Assim, as abordagens policiais e o grupos de guerreiros na
Batalha de Mbwuila
encarceramento em massa de negros não
(Ambuíla). Trazida para o
causam surpresas, nem comoção. Tende-se Brasil, ela comandou uma
a criar uma naturalização dessas agressões, fuga com outros
que são vistas como um bem necessário, escravizados em destino ao
uma luta contra o mal que deveria ser limpo Quilombo de Palmares,
lugar em que liderou uma
da sociedade. É assim que as ideias
aldeia. Foi avó de Zumbi
eugenistas ainda permeiam a vivência dos Palmares.
brasileira.
18
Violência Física
Tereza De Benguela - Uma Rainha Negra No
Pantanal

No entanto, é indispensável entendermos Rainha Tereza Benguela


que, contra todos esses séculos de investidas
impiedosas, a população negra resiste e
denuncia todos os dias o racismo estrutural,
lutando por sua sobrevivência. Núcleos de
resistências e apoio mútuo existem desde a
diáspora africana.

Os africanos e seus descendentes nunca


foram passivos, muito pelo contrário, se
Viveu no século XVIII e
mostraram determinados a superar o sistema comandou o maior
escravista de muitas maneiras, mesmo quilombo do Mato Grosso
quando precisaram tomar decisões mais (Quilombo do Quariterê),
extremas. com cerca de 3 mil
pessoas. Ela liderou toda a
parte administrativa, política
Além disso, é necessário também que se e econômica, desenvolveu
entenda que o problema do racismo não um sistema de parlamento,
compete apenas aos negros, sendo preciso além de estratégias de
estudar as relações raciais também pelo defesas. Lutou bravamente
contra a escravidão.
papel desempenhado por parte da população
branca na construção desse.
19
Desigualdade Racial
Eu não sou racista - Nego Max

O Brasil é um país racista, mas os brasileiros não são.

É impossível, no século XXI, não admitir a


existência da desigualdade racial. Em todos os Como isso é
âmbitos e esferas da sociedade pode-se encontrar possível, se o
os famosos e incontáveis "casos isolados" de Brasil é formado
discriminação. por brasileiros?
Então, por que é tão difícil admitir que o racismo
Opção A
"do Brasil" está em cada um dos indivíduos? Que O Brasil não é
está em nossos amigos, familiares e em nós racista
mesmos?
Opção B
Isso ocorre pois esse preconceito é estrutural. Ou Há brasileiros racistas
seja, é tão presente e comum que se torna
"invisível" na sociedade.

Preconceito estrutural/Racismo estrutural

É o termo usado para reforçar o fato de que existem sociedades


estruturadas com base na discriminação que privilegia algumas raças em
detrimento das outras...
20
Desigualdade Racial
Pantera negra - Emicida

A construção do racismo no Brasil é um longo


Eurocentrismo
processo que remota à chegada dos brancos
Percepção de que a
em nosso território. O modo de vida europeu foi
Europa, sua história
imposto, inicialmente aos indígenas e
e suas questões, são
posteriormente aos negros, como o único centrais em relação
modelo a ser seguido. Assim, tudo que se ao resto do mundo. É
diferenciasse desse modo era considerado a maneira de explicar
inferior. o mundo a partir da
Europa, seja através
Porém, como não é possível desconsiderar as da história, da cultura
pessoas de suas vivências, estas intimamente ou da economia.
relacionadas à sua cor. Dessa forma, o próprio
homem ou mulher preto/indígena/mestiço foi
sendo concebido como um ser inferior.

Hoje, no século XXI, apesar das mudanças


alcançadas ao longo do tempo, ainda podemos
encontrar resquícios bastante presentes dessas
visões supremacistas acerca dos negros nos
mais variados aspectos da sociedade.
21
Desigualdade Racial
Eu Só Peço a Deus - Inquérito

No período da escravidão, os escravizados não eram sequer


considerados humanos, mas sim objetos e instrumentos de
trabalho. Por isso, a ideia de desigualdade não era algo a ser
verdadeiramente imaginada. A partir da abolição da escravidão em
1888 essa concepção começou, teoricamente, a ser considerada.

Entretanto, o preconceito racial já estava profundamente


enraizado, pois os brancos jamais aceitariam ser considerados
iguais aos negros, por séculos considerados um mal necessário
para o desenvolvimento do país devido ao trabalho que eram
forçados à realizar.

Podemos perceber ,então, o que se segue à abolição como uma


verdadeira política de extermínio dos povos negros, fundamentada
em uma desumanidade e crueldade imensurável.

Após 349 anos de escravidão,


Lei n. 3353 esta foi abolida com uma única frase.
de 13 de maio de 1888 Sem nenhum tipo de retratação por
Art. 1, É declarada extinta todo o sofrimento causado ou
desde a data desta lei a promessa de uma mudança na atuação
escravidão no Brasil. do Governo em relação aos negros.
22
Desigualdade Racial
Diga Não - Bia Ferreira

Se após a abolição era necessário mão de


obra para fazendas, por que contratar
imigrantes ao invés dos ex-escravizados? Por que investir
Não há outra maneira de explicar a política de tanto esforço e
imigração adotada pelo governo brasileiro após dinheiro para
1888 a não ser pela simples vontade de buscar pessoas do
embranquecer o país. Apesar de ser uma outro lado do
verdade dura de admitir, na época os negros oceano quando
havia tanta gente
poderiam ter sidos absorvidos pela nova forma
que já conhecia as
de configuração do trabalho, porém, a partir do
atividades que
momento em que se tornaram libertos, passaram
seriam realizadas
a ser vistos como um obstáculo a ser vencido,
precisando
um verdadeiro problema a ser resolvido. trabalhar para
Assim, ao trazer uma grande quantia de brancos sustentar a si e a
– o que já ocorria ainda no período escravagista suas famílias?
– para ocupar os postos de trabalho antes
ocupados pelos negros, esperava-se que estes
últimos, sem moradia, emprego ou qualquer tipo
de assistência, seriam gradualmente eliminados
da sociedade.
Clique no país e saiba mais sobre a imigração
23
Desigualdade Racial
Calma, senhor, não atira - Lucas Penteado

A distribuição de imigrantes e pretos variou


de acordo com a região, sendo que quanto
mais ricas, mais imigrantes recebiam. Mas,
no geral, havia preferência dos brancos em
relação aos negros na ocupação dos mais
diversos locais da sociedade. Isso fez com
que os ex-escravizados, agora libertos,
fossem colocados à margem da sociedade.
Essa hierarquização das funções e,
consequentemente, dos locais em que
determinados grupos poderiam ocupar, se
modificou com o passar do tempo, mas Fonte:https://m.facebook.com/quebrandoot
abu/photos/a.575920612464330/48003285
ainda manteve sua essência 90023490/?type=3&source=57

discriminatória. Desse modo, ainda hoje, A foto de cima é de um grupo de


assessores de investimento, a de
as profissões mais valorizadas e bem baixo de uma turma de garis.

remuneradas são ocupadas por brancos.


Assim como os lugares de poder e
visibilidade, como na política e na mídia.
A redenção que não houve:
As tentativas de branqueamento da população mestiça
no Brasil no final do século XIX e inícios do século XX.
24
Desigualdade Racial
Boa esperança - Emicida

Desse modo, podemos perceber que as desigualdades econômica e


social estão intimamente relacionadas, visto que, a segregação causada
em função da cor da pele fez com que os negros fossem privados de ter
maiores oportunidades de conquistar o mínimo para viver de forma
decente e íntegra. Sem emprego e renda não tiveram condições de:

Adquirir uma moradia digna, assim, foram levados a


se estabelecer em habitações inadequadas em
Sobre as origens
regiões periféricas e desassistidas pelo Estado; da favela

Garantir a alimentação de suas famílias, ingressando


numa conjuntura marcada pela fome; Há alguma
semelhança
Ter acesso à saúde, o que ocasionou maior entre o
mortalidade que a encontrada na população branca. cenário do
século XIX e
A sociedade escravista, ao transformar o africano o do século
em escravo, definiu o negro como raça, XXI?
demarcou o seu lugar, a maneira de tratar e ser
tratado, os padrões de interação com o branco e
instituiu o paralelismo entre cor negra e posição
social inferior (SANTOS, 1983).
25
Desigualdade Racial
Minha cor vai viver - Jhony MC Feat. Pelé
Milflows

A história dos negros quase sempre foi contada Já ouviram na


e analisada a partir da visão dos brancos ou sala de aula?
das ações destes sobre aqueles. Desse modo, Os indígenas eram
criou-se um errôneo imaginário de que os povos muito preguiçosos e
indígenas, africanos e os afrodescendentes se selvagens e por isso
submetiam aos horrores da escravidão, da os africanos foram
humilhação e das tentativas de subjugação de trazidos para o
Brasil, pois eles
forma impassível e sem resistência.
eram mais "dóceis" e
No entanto, a resistência negra e indígena aos aceitavam mais
brancos se fez presente ao longo do tempo. facilmente os
Surgiram juntamente ao início das tentativas de trabalhos impostos.
dominação. As danças, tradições, fugas e Além disso, eram
rebeliões são expressões das lutas desses muito fortes e
povos por sua liberdade em um cenário tão resistentes
hostil à sua própria existência. fisicamente.
Esqu
eça
Estereótipo
Opiniões e ideias pré-definidas, generalizadas e
sem fundamentação teórica atribuídas às pessoas
ou grupos quanto ao seu comportamento, gênero,
aparência, religião, cultura, condição social, etc.
26
Desigualdade Racial
Gritaram-me negra - Victoria Santa Cruz

O movimento negro de resistência se tornou mais organizado no


Brasil a partir de 1888, sendo dividido em 4 fases brevemente
expostas.

Criação de grupos em alguns estados;

O movimento era desprovido de caráter exclusivamente 1 fase


político. Surge a imprensa negra focada no trabalho, (1889-1937)
educação, saúde, habitação, etc. da população negra;

1931- Criação da Frente Negra Brasileira. Em 1936 se


torna partido. Em 1937 é extinta.

2a fase
(1945-1964) O movimento sofreu intensa repressão política durante o
Estado Novo.
1943 - União dos Homens de Cor (UHC), um dos
principais agrupamentos da época. Buscavam elevar o
nível econômico e intelectual nos negros;
1944 - Criação do Teatro Experimental do Negro (TEN);
1950 - Criação do Conselho Nacional das Mulheres Negras.
27
Desigualdade Racial
Não passarão - Jhony MC Feat. Winnit.

Somente no final da década de 1970 o movimento


consegue se reorganizar após a desarticulação e
perseguição feita pela ditadura militar.
Formação do Centro de Cultura e Arte Negra
3a fase
(CECAN) (1972). Fundação do Instituto de Pesquisa
(1978-2000)
das Culturas Negras (IPCN) (1976);

Volta da Imprensa Negra - Árvore das Palavras (1974), O


Quadro (1974), Biluga (1974), Nagô (1975), SINBA
(1977), Pixaim (1979), Quilombo (1980), Africus (1982),
Nizinga (1984);

1978 - Fundação do Movimento Negro Unificado (MNU).

Movimento popular em construção


4a fase Uso de linguagem periférica
(2000-) Resgate da autoestima dos negros
O termo negro é cada vez mais substituído por preto

Movimento Negro Brasileiro: alguns apontamentos


históricos
28
Desigualdade Racial
Cota não é esmola- Bia Ferreira

Nos últimos anos, a população negra finalmente


conquistou alguns direitos, os quais têm contribuído,
mesmo que lentamente, para reparar a dívida histórica
que da sociedade tem com essas pessoas.
Lei nº 10.369/2003 - Estabelece a obrigatoriedade do
ensino de história e cultura afro-brasileira nas escolas;
Lei nº 11.645/2008 - Estabelece o ensino de história e
cultura afro-brasileira e indígena;

Lei nº 12.711/2012, Art. 3º - Estabelece reserva de


vagas para pessoas pretas, pardas e indígenas nas
instituições federais de ensino.

Reparação histórica

Forma de ressarcir a população negra pelos 300 anos de escravidão,


pela sua exclusão do mercado de trabalho e da vida política, pela
privação do acesso à educação e saúde, pela marginalização,
humilhação e discriminação a que fora submetida.

29
Racismo Religioso
Tudo começa pelo Respeito - Mariana Sousa

Você já parou para pensar em como seria ser Clique aqui para
sequestrado e privado de sua cultura? Foi conhecer um pouco mais
sobre as religiões
exatamente o que aconteceu com os diversos
africanas
povos africanos forçados a virem para o Brasil.
Vale ressaltar!
Ainda em África, o julgamento europeu para as Apesar da imposição do
manifestações religiosas ali praticadas era de sincretismo religioso,
ele foi utilizado como
aversão. Os elementos cultuados passaram a ser forma de resistência
associados à entidades demoníacas, visto que pelos negros, que
desviavam do olhar eurocêntrico cristão-dualista cultuavam suas
divindades através do
(Deus e Diabo). santos católicos, dando
Em solos brasileiros, com a escravização vigente, continuidade a sua
os escravizados, já batizados, eram obrigados a tradição.
Hoje esse cenário está
praticar um sincretismo religioso (uma estratégia sendo superado e
expansionista da Igreja Católica), adotando, em muitos terreiros estão
teoria, o Cristianismo como superior. O período resgatando suas
tradições originárias,
escravocrata brasileiro deu início às repressões sem a necessidade de
deliberadas das manifestações religiosas trazidas elementos cristãos
de África, visto que a colônia era dominada pela sincretizados em seus
cultos.
Igreja, não permitindo qualquer outra forma de
religiosidade. 30
Racismo Religioso
As Ayabás - Maria Bethânia

Acesse o Código
Penal de 1890

Em alguns momentos ocorria atenuação da


rigidez de vigilância sobre as manifestações “Em frente às senzalas,
culturais dos escravizados. Assim, danças e viam-se também grupos de
africanos formarem seus
festas acabavam sendo permitidas, como
batuques, cantando e
forma de evitar tensões e perda de mão de sambando sob a toada de
obra. seus lundus, cujo ritmo
bastante cadenciado e
onomatopaico,
As práticas religiosas em si eram representando os requebros
estritamente proibidas pelo Código lascivos e luxuriosos de
Canônico, tidas como magia negra e suas mucamas,
proporcionava aos
feitiçaria, por não serem cristãs. A violência,
indígenas um novo
pautada no desrespeito e silenciamento, se sentimento musical, que se
estendeu para o Brasil República, estando propagando entre os
no imaginário da população. Em 1890 mestiços, se identificou com
o sentimento pátrio,
estratégias de perseguição religiosa produzindo a nossa chula, o
estiveram presentes no Código Penal nosso tango ou o nosso
(artigos 156, 157 e 158) legitimando lundu propriamente dito”.
Guilherme de Melo, A
episódios violentos, por parte da Polícia, que
música no Brasil (1947)
tinha aval para prender aqueles que
participavam dos cultos de matriz africana,
Conheça o
que eram, em sua maioria, negros. Batuque africano
31
Racismo Religioso
Guerreiro de Aruanda - Gaspar Z'Africa Brasil e
Emicida

Mesmo em meio à um cenário extremante hostil, as religiões de matrizes


africanas permaneceram enfrentando ataques e lutando por direitos.

A Constituição de 1988 garante a


liberdade religiosa (art. 5° inciso VI) e
o Código Penal (Lei nº 2.848/1940)
Acesse a notícia aqui
define pena de detenção de um mês
a um ano, ou multa. Além disso, o
artigo 20 da Lei Preconceito ou
Racismo (nº 7.716/1989) decreta ser
crime praticar, induzir ou incitar a
discriminação ou preconceito de raça, Acesse a notícia aqui

cor, etnia, religião ou procedência


nacional. Entretanto, é comum encontrarmos
notícias que denunciam crimes contra
terreiros e barracões. Pois, de acordo
com os dados da Secretaria Especial dos
Direitos Humanos, as religiões que mais
sofrem ataques são as de matrizes
africanas. As mídias geralmente vinculam
o termo "Intolerância religiosa" para
Fonte:https://www.oreporterregional.com.br/noticia/1
designar esses crimes, mas é necessário
840/exposicao-nossa-arte-negra-reune-mestres-e- refletir um pouco mais sobre esse uso.
novas-geracoes 32
Racismo Religioso
Atotô - Kiko Dinucci & Juçara Marçal

"Varejados setenta 'terreiros' e


Intolerância religiosa presos oitenta 'macumbeiros'"
x Apesar de impactante, essa é uma
Racismo religioso manchete real de um jornal da época.
Veja a original aqui:

A intolerância religiosa aparece como uma categoria


geral, que acaba por trazer o conceito de tolerância, ao
invés do respeito. Tolerar algo mascara a intolerância,
determinando o suportar como suficiente, não alterando
o olhar preconceituoso.

O racismo religioso surge como um novo olhar para o


assunto, expondo que as violências contra religiões de
matrizes africanas estão relacionadas com a origem
africana e não apenas com os dogmas.

Levando em conta os séculos de desvalorização desses


povos, é de se pensar que a intolerância religiosa não é
suficiente para explicar esse cenário, na medida que o
racismo adentrou em distintos âmbitos sociais, sendo o
aspecto cultural religioso um deles.
33
Racismo Religioso
Oní sé a àwúre a nlá jé - OXALÁ

Conheça mais sobre


o Candomblé

Falando em cultura, os espaços das práticas Em 2005, a UNESCO


de Candomblé, assim como de outras acrescentou ao Patrimônio
Imaterial da Humanidade o
religiões, são extremamente importantes.
Ifá, um sistema divinatório
Pois, é devido à eles que tradições africanas que tem sua origem na
centenárias, as quais constituíram nossa etnia iorubá.
cultura, não foram perdidas, servindo de base
para formação da identidade nacional.

Danças, comidas, vestimentas e até mesmo o


idioma Yorubá, como outros, sobreviveram ao
tempo e investidas de apagamento. Os
terreiros constituem verdadeiros ambientes
familiares, de apoio mútuo, exercendo grande Fonte:https://julianasantiago24j.wixsite.co
m/ileaseyeyeomoeja/post/jogo-de-búzios
suporte aos negros, um mecanismo de resistir.
Você sabia?
Terreiros de Umbanda
e Candomblé vem
sendo tombados há
mais de 30 anos pelo
Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico
Fonte: https://aloalobahia.com/notas/exposicao-cores-do-sagrado-de-carybe-entra- Nacional (IPHAN)
em-cartaz-na-caixa-cultural-de-sao-paulo 34
Racismo Religioso
Deixa a Gira girar - Ana Mametto

"Ọ̀ rọ̀ wèrè ló máa ńyàtọ̀ , ti


ọlọ́ gbọ́ n máa ńbá ara wọn mu ni."

É a opinião dos tolos que gera


divergência, a dos sábios gera
união.

35
Racismo na Escola
Canção Infantil - Cesar MC part. Cristal

Como vimos até aqui, mesmo já tendo se passado mais de um século


do fim da escravidão, o racismo ainda persiste de forma estrutural.
Apesar dos anseios de alguns em construir uma sociedade igualitária,
sem qualquer distinção ou resquícios de ideais de
inferioridade/superioridade e marginalização, baseados na cor, essa não
é nossa realidade.

Levando em conta a importância das instituições escolares no processo


de formação identitária, é necessário questionar como o racismo vem
afetando os processos de ensino e as relações interpessoais nesses
ambientes.

Muitas vezes, o racismo se perpetua de forma sutil, não sendo


percebido por quem o reproduz. Porém, mesmo na sua forma mais
"atenuada", os impactos dessas frases, gestos e atitudes carregados de
violências, são gigantescos, principalmente quando a vítima exposta a
eles está em processo de construção pessoal. Assim, o olhar para essa
temática deve ser de constante atenção.

36
Racismo na Escola
Elis Mc - Vem dançar com a Elis

É delicado para uma criança agir em contextos O racismo não é um


de agressões raciais, o ignorar geralmente problema exclusivo do
negro, isso quer dizer que
aparece como estratégia de não machucar tanto.
os professores precisam
Muitas já ouviram frases como "cabelo de pico", expandir suas falas
"macaco", "seu cabelo está armado, por que não também para os alunos
alisa?", vindas dos próprios colegas, pois as brancos, demonstrando
como cada um pode agir
crianças reproduzem o que escutam e a favor de uma sociedade
presenciam em sua volta, sem ter plena melhor.
consciência de suas palavras. E apesar de
muitas vezes não terem a intenção de ofender, é
Os livros didáticos
exatamente isso que ocorre.
manifestam um
racismo acadêmico,
Cabe ao professor identificar e explicar o peso com conteúdos
dessas frases e o que podem causar ao colega. eurocêntrico,
excluindo qualquer
É importante valorizar a identidade racial negra,
contribuição trazida
apresentando a cultura afro-brasileira, através da por pessoas negras
dança, música, livros que tenham essa para a humanidade.
representatividade como protagonista. Ainda é Além disso, esses
preciso ensinar a criança a identificar quando materiais são veículos
de esteriótipos de
frases ou atos forem racistas, oferecendo apoio e
uma história única de
meios em que ela se sinta protegida, com miséria africana.
recursos para se defender.
37
Racismo na Escola
Vitória dos Nossos - Kayuá, Mazin e Black

Os episódios de racismo dentro de sala de aula podem se repetir


durante toda a trajetória escolar do indivíduo, que não recebendo
suporte algum, acaba por ser expulso (termo mais adequado para
"evasão escolar") das instituições de ensino. Os dados sociais do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (2019) demonstram
bem esse cenário, em que pretos ou pardos (compõem juntos a
categoria "negro") entre ocupam as maiores taxas de abandono e
atraso escolar.

A tendência é de transferir toda a responsabilidade para o aluno,


culpando-o por desinteresse. Porém, é evidente que a sala de aula
torna-se um ambiente hostil para permanência de pessoas negras, que
não são bem-vindas nesses locais.

Associar a desigualdade social com a cor da pele permite entender


ainda que não é interessante para o sistema racista fornecer condições
favoráveis para que essas pessoas alcancem maiores graus de
escolaridade e ocupem melhores cargos. Nota-se que grande parcela
de estudantes negros precisam também decidir entre os estudos e a
subsistência, tornando o trabalho infantil comum em muitas regiões do
Brasil.
38
Racismo na Escola
Resiliência Preta - Guiu

Ao receber esse tipo de aluno em sala de aula, o qual carrega consigo


muitas outras preocupações, como ter o que comer, o professor acaba
por desconsiderar suas condições sociais, deixando sobressair
qualquer tipo de dificuldade de aprendizagem, o que já é suficiente para
tratar o aluno como "caso perdido". Infelizmente, sabe-se da existência
de docentes racistas que mudam drasticamente o tratamento entre
estudantes brancos e negros. As agressões variam desde um abraço
negado, até mesmo a demonização de crianças mais agitadas.

Essas violências diárias na vida de uma criança ou adolescente são


capazes de destruir a autoestima dos mesmos, além de criar uma
descrença em relação à escola, que acaba por ser vista como um
espaço não adequado para eles.

Dito isso, é imprescindível que as instituições escolares passem por


uma reestruturação em relação ao racismo, que envolva os
profissionais, alunos e toda a comunidade escolar. Esses espaços não
podem ser desconsiderados como produtores desse tipo de violência,
pois somente após o reconhecimento destes como potenciais
causadores de imensos danos sociais é possível atuar de modo a
interromper o ciclo de reprodução do racismo nesses locais.
39
Racismo na Escola
Empoderada - MC Sophia

É importante ressaltar que, apesar de toda a


situação presente no texto acima, não podemos
ignorar o fato de que as instituição de ensino,
estão em constante mudanças.
Recomendação
de livro
Após muitos anos de luta, foi aprovada, em
2003, a Lei 10.639, que estabelece as diretrizes
e bases da educação nacional, para incluir no
currículo oficial da Rede de Ensino a
obrigatoriedade da temática "História e Cultura
Afro-Brasileira". Essa lei traz a necessidade de
apresentar a cultura negra não como uma peça
de trabalho, mas sim como parte da história do
nosso país e que constituiu nossas identidades.

Mesmo que ainda necessite trabalhar a


discriminação racial nas escolas, atualmente, é
possível encontrar diversos trabalhos e projetos
organizados pelas instituições de ensino com o
intuito de mudar todo esse cenário.

40
Conclusão

De acordo com o que foi apresentado neste trabalho, podemos


compreender que a construção das relações raciais no Brasil foi
marcada pela valorização e exaltação da cultura branca/europeia, de
modo que a população negra foi sendo sistematicamente excluída e
marginalizada na própria formação do país. O lugar delegado aos
negros em nossa história ajudou a fortalecer um imaginário
segregacionista que não apenas alimenta as desigualdades e o
preconceito, mas os justifica.

Assim, analisando a história do racismo no Brasil (e no mundo),


entendemos que essa se estende para além da efetiva escravização
dos negros africanos pelos europeus a partir do século XV — visto
que começa já na criação de uma ideologia de superioridade branca.
Dessa forma, somos capazes de refletir porque o racismo, pautado
então na naturalização das hierarquias raciais, expande e se expressa
no cotidiano de modos diversos. Estudar esse fenômeno pelo olhar de
cada uma de suas partes envolvida, portanto, é o que nos possibilita
entendê-lo enquanto um problema estrutural da sociedade.

41
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