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Figura 8- Estudante da EMEF José Augusto César Salgado, 2021.

educação formal temn grande relevância para a formação de cidadãos crí

A ticos econhecedores de seus direitos civis, políticos e sociais. Torna-se,


então, fundamental a reflexão por parte de nós, profissionais da educação,
sobre a presença das formas quc conduzem às desigualdades na sociedade
etambém no espaço escolar. Compreender e reconhecer adesvantagem que constitui
o racismopara o desenvolvimento das relaçóes sociais entre negros e brancos - com
a penalização dos cidadãos negros - constitui uma ação fundamental para enfrentar
essa falta de equidade (CAVALLEIRO, 2001, p. 142).

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STA
conccitos de raça, racismo,
discutimos os
preconceito,
INa parte anterior,
minação, branqucamento,
dessas definiçõcs
branquitude, cpistemicídio elugar de
contribuirá para quc os(as) educadores(as) façam
fala. A
,discr
anáicosmespre nsáo
i-
acerca das implicações do racismo na
dinâmica social, seja no cotidiano
Unidades Educacionais, seja fora do espaço
educacional, e entendam a vividcroíticnaass
de compromisso com práticas antirracistas durante todo o calendário an..t necessidade
Apresentaremos, a seguir, discussões
eereflexões relacionadas à
1dentidade racial das pessoas negras, alénm de termos a
serem utilizados construção da
por educa
eufemismos e
dores(as) eestudantes, a fim de gue sejam evitados estereótipos ao
fazer referência à populaçáo negra. Trataremos do racismo religioso, da laicidaded
Estado e do cotidianoeducacional nas UEs, além de entatizarmos a importância
diariamente e não an
consciência negra ser construída, reconhecida e valorizada
na efeméride de 20 de novembro.

ALGUNSAPONTAMENTOS
SOBREAS FORMAS DE
DESIGNARAS PESSOAS

Em diferentes momentos formativos realizados pelo Núcleo de Educaçáo "Como para 15


Relações ÉLnico-Raciais - NEER, surgiu entre os(as) educadores(as) a pergunta:
se deve chamar os(as) estudantes: preto, pardo ou negro." As problematizaç0cs
envolvem essa pergunta passam pela conceituaçáo da raça como dispositivocampo
So de
político, conforme apresentado na Parte 1. Essas um
designações compõem do tempo.
disputas, que se transformaram (e continuam se transformando) ao longo
Por isso &importante compreendermos a complexidade envolvida, quando se
de nomear e, portanto, qualihcar grupos. Oreconhecimento em um deerni

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pertencimento racial pode signihcar
mas também pode implicar violaçáo defortalecer sua identidade pela força docoletiv.
a políticas públicas. Assim, mais do direitos e, ao mesmo temp0, asscgurat o accs
que encontrar uma resposta para cssa
precisamos trilhar um percurso de reflexões qucstå),
que nos ajude a historicizá-la ca
boas escolhas didático-pedagógicas no cotidiano escolar. tacr
Nasociedade brasileira, o pertencimento racial demarca o lugar que cada
deve ocupar e o graude humanidade que se pessOA
atribui aela. Contforme afirma
cialista em estudos sobre a branquitude, Lia Vainer
Schucman:
Sobre as características demarcadoras entre brancos e n£o bralos
compreendi que os indivíduos, querendo ou não, s£o
classiticadox
racialmente logo ao nascerem: sobre aqueles classiticados
brancos recaem atributos e significados positivos lgados à omo
racial a que pertencem, tais como identidate
inteligencia, beleza, ucar£o
progress0, moralidade etc. Esse traço de superioridade wnido nA
construçáo social da branquitude produz signiticados ompatilha
dos, dos quais os sujeitos se
sentidos e atuam sobre eles, apropriam, singularizan produzcmn
reproduzindo-os de algumafma.
(SCHUCMAN, 2020, p. 198).
Reiterando pesquisa de Lia Vainer Schucman ao analisar a
mo no Brasil, CNPreSsåo do aiv
conclui-se que os critérios para segregar e interiorizat
aparência fisica, ou seja, prevalecem a cor da pele, o tipo de vonsidema
em detrimento da herança genética. calbelo, os tras tiriais,
Desse
misturados" é um equívoco, uma vez que modo, o
fazer alusáo à trasc: "omos lus
fenotípicas. Exemplo disso é o debate em tornoracismo atua a partir das intma
do Colorismo
raçáo dapele com a condiçáo da
de melanina na epiderme das população negra, considerando que d tad
pessoas predetermina o local que clas
distribuiçáão de afetos, condiçáo socioeconômica, no aCCNSO d devemoarn
cducaçao nIr'
aspectos (DEVULSKY, 2020).
Oque apresentamos aqui não pretende
mas apenas chamar a atenção para as minimizar as conscquenwiasdo im,
suas diferentes fornlas de
entendermos que as terminologias são também cspaços de dispuitas.exwsd0aNsiM,
RACSTA
Brasileiro de Geografia e Estatística.-IBGE considera
Atualmente, oInstituto branco, preto, pardo, amarelo
para autodeclaraçáo:
OS seguintes termos
Para oIBGE,
pardas, e essa é
a população
uma
negra
conquista
é a soma das pessoas que se
histórica do Movimento Negro, que sempre Cor
devido àmiscigenação
edeto
também
e oeindigpreeata,s
autodeclaram
clara
que pessoas pretas de pele mais nominar a população não branca b negras, )
processo de construção de termos para
complexo eextenso. Ao longo de mais de um seculo, foi utlizada
grande wat brasileira fo,
fenótipos existentes.
de palavras para designar a diversidade de
D.18)
Conforme aponta o sociólogo Rafael Guerreiro Osório (2003. em texto
que discute o sistema classificatório empregado pelo lBGE para identificar o m
cimento racial:

Aclassificaçáo de "cor ou raça" empregada pelo IBGE em suas pes


quisas, ao contrário do que alguns pensam, não foi inventada er
burocratas, tendo mais de um século de história. No século XIY,
vocabulário étnicoeracial era muito mais elaborado e diversifcada
do que o correntemente empregado. Tomando, por exemplo, termos
empregados por Nina Rodrigues (1988) e presentes nas seções de
jornais analisadas por Schwarcz (1987), constata-se que hátermos
que sáo relacionados à posiçáo no sistema
escravocrata: escravo, peça
liberto, livree forro. Esses termos podem aparecer como substantivos
ou como adjetivos, como em "preto forro. Outros termos dizem
respeito à origem étnica, compreendendo fula, nagô, angola, mina.
entre outros; esses também podem aparecer como substantivoS 0u
como adjetivos ("preta mina", etc.). Hátambém os termos qu
designam vários tipos de mestiçagem: crioulo, mulato, caboau
cafuzo e mameluco. Finalmente, há os termos mais relacionados
às variaçóes da cor da pele: negro, preto, pardo, branco, retinto,
azeviche, oviano, cor retinta. Cores esdrúxulas, como: a cortostada
de lombo assado" já eram empregadas. (OSÓRIO, 2003. p. 18).
Para Sueli Carnciro, existe uma tentativa de desarticular politicamente as pessoas
negras de pele clara para não se osbrancosde
identificarem
diferentes tonalidades de pcle continuam sendocomo
brancos,
negras.os Enquanto
negros de pele maisclara
sãochamados de
pardos, morenos e outras tantas denominaçóes:
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CURRICULO DA CIDADE"|
EDUCAÇÃO A
Interior, a mula. Aautora chama a atencão para ofato de que desumanizar
e premissa para a construcão da branquitude como a
ANTIR ACISTA
tntrevista da autora em gue comenta questÔes
Memórias da
condição humana ideal

Plantação, disponivel em: https://www. abordadas


populno ação negra
seu
nacional/o-brasil-e-uma-
Performance
be/UKUa
de Grada Kilomba
OwimA9w
Artigo de
"Enquanto eu escrevo", disponível
Bianca Santana sobre o livro
cnnbrhtatspisl:./cyooutm.ub.r/
a-historia-de-sucesso-colonial- lamenta-grada-kilomba/
em:
ivro

Memórias da Plantacão,
ht ps:/ revistacult.uol.com.br/home/fome-coletiva-por-nos as-historias/ disponível en

pardoConforme aponta Petruccelli (2000), em


que édefnido
latim, pardus. como: "de cor entre o língua portuguesa e
branco ou, ainda, Caracteriza pessoas que advém branco e o preto, espanhola, o termo
fenot ípic os mais ascendent es pardos. A
de
ascendente mulato, provém do
a
pretas e tambémdiversos,
a sendo possívelpopul
a ação
presença parda éa que negro e ascendente
Vale brancas. apresentasemelhantes
de pessoas muito os trayo
a
categoriamencionar que
"pardo' atualmente parte do
sofreram um processocontde emple também os movi mento
apagamento indígenas
de suas que indígena
não reivindica que
estão aldeados que
identidades. e

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