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CENTRO UNIVERSITÁRIO DOS GUARARAPES

BACHARELADO EM PSICOLOGIA

Psicologia, Gênero, Raça e Sexualidade

Professor: Maura Santos

ATIVIDADE

Débora Grace Martins Monteiro Teixeira - RA 1352012522


Elaine Cardoso da Silva RA1352013583
Rebeka Martins Silva. RA 1352011809

Jaboatão dos Guararapes


RACISMO E SOFRIMENTO PSÍQUICO.

O seguinte trabalho tem como objetivo apresentar questões relacionadas à


população negra, referente ao racismo, o sofrimento psíquico e a importância da
psicologia diante das ações de prevenção e enfrentamento, nesse cenário. Trazendo
uma análise do filme Mãos Talentosas.
Lançado em 2009,o filme Mãos Talentosas, retrata a história do Benjamin Carson,
um jovem negro, que cresce sem a figura paterna, onde mora com a mãe, empregada
doméstica, e o irmão mais velho, totalmente imerso num contexto de
racismo/preconceito.No ambiente escolar, passou por bullying, com relação ao meio
acadêmico, observa-se determinada professora lamentar Ben vencer de um colega
branco a disputa de uma atividade de soletrar, além de em discurso público não
aceitar “um rapaz de cor” apresentar melhor coeficiente de rendimento dentre
estudantes brancos. Enquanto profissional, médico residente, Carson é confundido
pela recepcionista do hospital como auxiliar de serviços gerais, ficando
subentendida sua ideia de correlação entre etnia e exercícios profissionais inferiores
à profissão de médico. Em outras situações, o protagonista em meio a um grupo de
pessoas brancas, no elevador do hospital, não recebe retorno de seus
cumprimentos.
O filme retrata uma realidade não tão distante do cenário da sociedade atual. A
realidade do contexto social americano não difere muito do Brasil. A sociedade
brasileira utiliza-se há séculos da desvalorização da cultura de matriz africana e de
aspectos físicos herdados pelos descendentes de africanos para discriminá-los. “A
política de branqueamento formulada após a abolição em 1888, visava à eliminação
simbólica e material da presença dos negros fazendo com que, ainda hoje, muitas
pessoas negras sejam influenciadas pela ideologia do branqueamento e tendam a
reproduzir os preconceitos do qual são vítimas” (Diretrizes Curriculares Nacionais
para a Educação das Relações étnico-Raciais e para o ensino de História e Cultura
Afro-Brasileira e Africana”, 2005, p.16).

Opressão, agressão e violência são práticas que afetam a saúde mental da pessoa
alvo. O racismo, como crença na superioridade de algumas raças sobre outras, que
justifica a desigualdade entre os grupos, é uma forma de opressão, de agressão e
de violência.
Em se tratando de saúde mental, duas dimensões são atacadas diretamente: a
identidade e a autoestima. Não possuindo referenciais identitários valorizados na
nossa sociedade (heróis, pessoas bonitas, inteligentes) resta ao grupo subalterno se
identificar com a sua “inferioridade natural” ou reivindicar para si um ideal de ego
branco. Instala-se a baixa autoestima, valorizando-se pouco e acreditando que é
inferior, gerando assim problemas emocionais e comportamentais. Como
consequências somáticas temos a depressão, o alcoolismo, a ansiedade, a
autodepreciação, síndrome do pânico. A presença do sofrimento psíquico é real.

A atuação da psicologia frente ao combate a discriminação racial faz parte do


Código de Ética profissional.

O empoderamento da população negra é mais um foco a ser abraçado no cuidado à


saúde mental. Seja pelo autoconhecimento, na luta por direitos, em meio a questões
estéticas ou noutras abordagens, o empoderamento negro tem implicações
antirracistas e coletivas.

A psicologia como uma área que estuda a mente e o comportamento humano e


suas interações com o ambiente físico e social, oferece subsídios consistentes para
explicar fenômenos como apatia social, vínculos, desenvolvimento psicossocial e os
efeitos psíquicos do racismo nas relações humanas.
Mas para isso é de extrema importância que haja uma comunicação entre outras
áreas do saber, que investigam o racismo como a história, antropologia e a literatura.
Essa comunicação tem como base compreender a estrutura e a manutenção
afetiva e cognitiva do racismo.
A Psicologia Social Comunitária é uma das principais áreas de atuação que vem
trabalhando a partir das comunidades o rompimento das barreiras sociais do
racismo através da conscientização e encaminhamentos.
É importante pensarmos que a psicologia não vai desconstruir o racismo através de
práticas tradicionais de superação subjetiva, já que é algo estruturante do nosso
cotidiano, a superação precisa ser comunitária, mesmo sabendo que a superação
subjetiva é importante, a cada nascimento sempre haverá a perturbação do
sofrimento através do racismo.
Por isso a psicologia tem um papel essencial para ajustar mecanismos coletivos de
reconhecimento social, discutindo sobre a diversidade e possibilitando espaços
sociais de acolhimento para o desenvolvimento amplo da subjetividade.
Outra área da psicologia muito importante para o combate ao racismo é na escola.
O psicólogo escolar e educacional tem como foco as relações humanas nesse
ambiente.
Assim como na sociedade a escola recebe alunos de diferentes crenças, valores e
raça, o que faz com que a comunidade escolar seja bastante diversificada e
complexa.
Entre essas diferenças, sabemos que existem as questões raciais, que são pouco
abordadas nas escolas e que precisam ser consideradas pelos profissionais de
psicologia, que muitas vezes não percebem o sofrimento desses alunos justamente
por que na sociedade existe essa compreensão.
Porém faz parte do trabalho do Psicólogo Escolar e Educacional promover espaço
para o desenvolvimento da autonomia dos envolvidos com a questão étnico-racial,
proporcionando a desconstrução dos preconceitos que permeiam as relações
intraescolares.
Portanto a melhor intervenção no ambiente escolar é propiciar a discussão e
reflexão a respeito da origem das nossas crenças a respeito dos outros, buscando a
desconstrução de rótulos repassados cotidianamente, desvelando suas origens
sociais.

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