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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO

Escola Paulista de Enfermagem

Marina Doreto Silva

A Solidão da Mulher Negra

São Paulo

2021
Marina Doreto Silva

A Solidão da Mulher Negra

Trabalho de conclusão de curso


apresentado à Universidade Federal de
São Paulo – Escola Paulista de
Enfermagem, para obtenção do Título de
Bacharelado em Enfermagem.

Orientadora: Prof. Dra. Vanessa Ribeiro Neves


Coorientador: Prof. Dr. Anderson da Silva Rosa

São Paulo

2021
AGRADECIMENTO

Agradeço a Deus por ter me guiado até aqui e a minha família por todo o amor e
devoção. Minha gratidão aos meus orientadores e a colega Julia Couto, por ter
partilhado comigo essa temática tão importante. Por fim, agradeço a cada amigo
que tocou a minha vida durante essa graduação, vocês engrandeceram o meu
processo de construção pessoal e profissional.
“As palavras gostam mesmo
é do léxico da mocidade”
(Vitor Emiliano dos Santos Júnior)
A Solidão da Mulher Negra

Resumo

Este estudo tem por objetivo descrever e analisar a produção científica sobre a
solidão da mulher negra e seus reflexos nas relações sociais e saúde. A mulher
negra enfrenta realidades diferentes que a colocam diante da solidão desde a
diáspora africana, ao olhar para historicidade do fenômeno de maneira ampla, são
notórios resquícios de desigualdades, preconceitos e violências, além da
interseccionalidade de marcadores sociais como gênero, classe e raça que
interferem na maneira como essas mulheres se sentem acolhidas ou preteridas nas
relações sociais, de trabalho e cuidados com a saúde. Os resultados apontam que
à mulher negra não é permitido sofrer, pois vive sob os estereótipos da
super-mulher e da hipersexualização que acarretam sentimentos de preterimento
nas relações afetivas. Vivenciam múltiplas violências no ambiente doméstico, no
trabalho, meio acadêmico e serviços de saúde. Ainda assim, a produção científica
sobre a solidão da mulher negra é incipiente e pode denotar a naturalização do
sofrimento e das questões de saúde mental que acarreta.

Palavras-chave: solidão, mulher negra, afetividade, classe, raça e gênero.

Introdução

O processo de racialização entendido como o desdobramento do colonialismo


consiste na produção de lugares sociais dos sujeitos cujas experiências de viver,
adoecer e morrer apresentam semelhanças.1,2 É oportuno destacar que as
subjetividades racializadas como o Outro forjam as sociedades pós-modernas ao
que Ngûgî wa Thiong´o denomina por efeito bomba cultural, no qual o aniquilamento
de crenças, idiomas, ambientes e tradições de luta causam, em última instância, um
sentimento de terra devastada aos grupos sociais racializados3.

Outrossim, o racismo como dispositivo de poder e privilégio do grupo social


hegemônico apresenta contumaz capacidade de atualização e reificação. Para
Almeida (2018)4, são três as concepções que concernem as práxis racistas, a saber:
individualista, institucional e estrutural. Na primeira tem-se a relação entre o racismo
e a Subjetividade, na segunda o Estado performa como agente executor e
perpetuador do racismo enquanto na última a Economia estabelece o meio para
manutenção das hierarquizações e desigualdades pautadas na racialização.

Para Kilomba (2019)5, o “sujeito branco” projeta sobre o “sujeito negro” tudo o que
teme aceitar a respeito de si mesmo: “no mundo conceitual branco, o sujeito negro é
identificado como o objeto “ruim”, incorporando os aspectos que a sociedade branca
tem reprimido e transformando em tabu, isto é, agressividade e sexualidade”5. Este
movimento do sujeito branco de olhar para si, como ideal do Ego em detrimento do
Outro racializado, dá-se no interior das relações intersubjetivas e seus efeitos
alcançam também as subjetividades dos sujeitos negros6,7.
As desiguais experiências sofridas por sujeitos negros e negras resultado do não
lugar social imposto pelo racismo produzem distorções, ora pela subhumanização
que corrobora as práticas de extermínio objetivo (necropolítica) e simbólico
(epistemicídio), ora pela hiperhumanização5.

Entende-se a interseccionalidade como a associação, entrecruzamento ou ainda


sobreposição das avenidas identitárias, é o meio de ação pelo qual operam racismo
e patriarcalismo, onde se assentam as desigualdades que compõem e se organizam
em níveis sociais, raça, etnia, cor, gênero e demais marcadores sociais.8. Ainda
considerando o instrumento analítico interseccional, na pandemia da COVID-19 a
letalidade de gestantes e puérperas era muito mais alta do que a letalidade média
(4,5%), 9,8% e 22,3% respectivamente; quando analisado na dimensão racial, as
negras possuem uma mortalidade de 13,9% frente a 9,8% encontrada entre as
brancas9.

Quanto à saúde mental e seus correlatos: afetos, emoções e sentimentos, as


mulheres negras como outsider elaboram suas experiências afetivas neste trânsito
de opressões decorrentes do racismo e reelaborações de si e do coletivo nas
tecnologias de reexistência. A afetividade, entendida como elemento indispensável
para a dinâmica das relações intersubjetivas, nos leva a duas grandes categorias:
relações afetivas sexualizadas e não sexualizadas10. Em ambas, os sistemas de
opressão atuam ativamente, ora silenciando, ora invisibilizando os sujeitos
racializados, de tal sorte que o binômio amor e dor são representativos.

No interior das relações subjetivas a racialização informa quem são os sujeitos


dignos ao exercício pleno dos afetos, ao passo que são as subjetividades que
nomeiam as suas emoções e sentimentos, produzindo linguagens e, em última
análise, discursos. Portanto, quando os sistemas de opressão atuam na capacidade
de sentir, nomear e experienciar os cotidianos de afetividade, nos deparamos
novamente com o fenômeno de aniquilamento, ou seja, o sentimento de terra
devastada.

No que tange ao processo comum às relações afetivas sexualizadas, ou seja, a


escolha da pessoa desejada e os esforços igualmente descritos nesta “tradição de
amor e dor”, as mulheres negras encontram nas relações pautadas na política
sexual o chamado preterimento afetivo, que pode ser constatado nos dados do
IBGE do ano de 2010 acerca do estado conjugal das brasileiras segundo raça,
gênero e idade; nele mulheres brancas em união conjugal correspondem a 12,53%,
enquanto as pretas e pardas são 1,72% e 10,37% respectivamente. Quanto aos
índices de mulheres que não vivem em união conjugal, temos o seguinte cenário: as
brancas representam 12,56%, pretas e pardas 2,10% e 11,27%11.

É sabido que na escolha afetiva o objeto desejado racializado sofre ação do


chamado colorismo, no qual quanto mais o fenótipo da pessoa negra se aproximar
da branca, menor será a sua rejeição imediata nas relações afetivas
sexualizadas12,13. Assim sendo, chegamos à solidão da mulher negra, a qual resulta
de um caminhar marcado seja pela política sexual excludente, seja pela
perpetuação das práticas racistas estruturais e institucionais que reiteram este não
lugar. Portanto, questiona-se: qual é o reflexo dessa solidão nas relações que a
mulher negra estabelece?

Objetivo

Descrever e analisar a produção científica sobre a solidão da mulher negra e seus


reflexos nas relações sociais e saúde.

Método

O presente estudo configura-se numa revisão integrativa da literatura, que permite


uma abordagem ampla e sucinta do tema estudado, sem minimizar sua
importância14. Este método aprofunda o entendimento do tema de pesquisa, tendo
como base pesquisas anteriores, possibilita a discussão e constrói reflexões que
fomentam a realização de estudos futuros. Assim sendo, buscou-se a identificação
de pesquisas que abordassem a Solidão da Mulher Negra e seus reflexos em suas
relações, entre os anos de 2000 a 2021.

Este recorte temporal foi estabelecido considerando que no ano de 1997 a


publicação de “O livro da Saúde das Mulheres Negras”15 foi marco para o mercado
editorial, ao reunir textos de mulheres afro-brasileiras e afro-americanas acerca do
“direito à saúde, ao amor e à profissionalização”, além de demarcar uma nova fase
na luta organizada do movimento negro por meio de ações institucionais e
institucionalizadas, como a implementação da Lei 10.639 (Brasil, 2003)16 que
acarreta a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afrobrasileira, das
políticas de ações afirmativas para acesso ao ensino superior e da Política Integral
da Saúde da População Negra. Assim o sistemático apagamento e silenciamento
impingido a esse grupo social seria subvertido em palavras-lei de reexistência.
Ainda sobre o livro15, ele foi organizado por Maisa Mendonça, Evelyn C. White e
Jurema Werneck, trazendo à baila o axioma “nossos passos vêm de longe” e ainda
asseverando:

que os colonizadores não entenderam a profundidade das nossas alianças. Quando nos
arrastaram da África para os portos do Haiti, Jamaica, Cuba, Mississipi e o Brasil, não
sabiam que nossos corações separados continuariam a bater como se estivessem em um só
corpo. E que nossas vozes, mesmo fraturadas, continuariam cantando em uníssono
(Mendonça, Werneck e White,2000, p.7)15.

A construção deste estudo foi realizada em seis etapas: 1) estruturação da questão


de partida; 2) deliberação dos critérios de inclusão e exclusão dos estudos ou busca
na literatura; 3) representação dos estudos incluídos em formato de quadro ou
instrumento para coleta de dados; 4) avaliação crítica dos achados; 5) análise dos
resultados; 6) apresentação da revisão encontrada17. A questão de partida “A
mulher negra sente-se sozinha?” foi responsável pela escolha dos descritores, os
quais tiveram a seguinte combinação: “mulher negra” AND “solidão”, “mulher negra”
AND “afetividade”; “mulher negra” AND “racismo”; “racismo” AND “afetividade”,
“mulher negra” AND “emoções”, “black woman” AND “loneliness”, “black woman”
AND “racism”, “racism” AND “affection”, “black woman” AND “emotions” e “black
woman” AND “affection”. Tais estratégias de busca foram utilizadas nas bases
SciELO, Scopus Elsevier e Sociological Abstracts. Foram incluídos artigos que
respondessem à questão norteadora, disponíveis para acesso via Internet, nos
idiomas português, inglês e espanhol, publicados entre 2000 e 2021.

Figura 1 - Fluxograma de seleção das publicações.


Resultados

Conforme apresentado no fluxograma Prisma, a estratégia de busca apresentada,


foram selecionados 17 artigos científicos. A descrição de tais estudos é mostrada no
quadro a seguir:

Quadro 1: Descrição dos artigos selecionados na revisão integrativa.


Título/autor/ano/país
/periódico Objetivo Principais Resultados Conclusão
Com base no racismo
institucional vivenciado por
essas mulheres no serviço de
“A minha vida não pode Esse estudo entrevistou oito As jovens negras e de classes saúde, a rede de apoio
parar”: itinerários jovens na faixa etária de 19 a populares narram itinerários incipiente, a solidão e
abortivos de mulheres 28 anos, de classe média e mais longos em relação às isolamento na tomada de
jovens18 popular, sendo cinco negras e jovens brancas, dispõem de uma decisão, é necessário adotar
Lima NDF, Cordeiro RLM / três brancas, visando a rede de apoio mais precária e um ponto de vista racial nos
2020 / Brasil / Revista de análise do percurso abortivo seus processos decisórios são estudos brasileiros sobre o
Estudos Feministas dessas mulheres. mais imediatos. aborto.
É de extrema importância
Ao entrevistar mulheres Violência verbal e psicológica investigar o sofrimento
negras, buscou-se verificar se foram um achado de todas as vivenciado pelas pessoas
o ideal de brancura está narrativas, além da violência negras que sofrem racismo, tal
A violência doméstica e introjetado no caso de vítimas física infligida pelos qual a forma com que elas
racismo contra mulheres da violência doméstica, além companheiros. A violência agregam o ideal de branquitude,
negras19 de investigar e pesquisar o familiar foi assunto recorrente na visando a adaptação e negando
Carrijo C, Martins PA / 2020 histórico de violência racial e história das famílias das a violência sofrida. Sugere-se a
/ Brasil / Revista de violência doméstica na vida entrevistadas, perpassando elaboração e implementação de
Estudos Feministas dessas mulheres negras. várias gerações. políticas públicas nesse sentido.
Entender as experiências
vividas por três mulheres
Black Undergraduate negras na graduação em O sentimento de solidão é
Women and Their Sense STEM (Science, Technology, experimentado pelas mulheres
of Belonging in STEM at Engineering and que optam por graduação em
Predominantly White Mathematics), explorando STEM, elas se sentem
Institutions20 como as microagressões Indicaram que ocorreram deslocadas e não pertencentes
Dortch D, Patel C / 2017 / raciais e de gênero discriminação racial e de gênero, e às vezes deixam de concluir
EUA / NASPA - Journal influenciam a forma como elas isolamento, marginalização e seus cursos devido ao
About Women in Higher experimentam o sentimento alienação resultantes de isolamento e às microagressões
Education de pertencimento. microagressões. raciais.

Uma análise da peça As escolhas afetivas não


Engravidei, pari cavalos e A solidão não se estabelece acontecem ao acaso, mas são
aprendi a voar sem asas, de somente através de relações pautadas em questões raciais,
Cidinha da Silva, sob o viés sexuais, mas, também, nas de gênero e de classe. São
Engravidei, pari cavalos e da afetividade e solidão da afetivas entre as mulheres e as apresentadas no texto
aprendi a voar sem asas mulher negra. São famílias; a gravidez, ainda que construções que em conjunto
reflexões acerca da examinadas as teorias raciais interrompida, se faz presente na com os estereótipos sobre as
afetividade e solidão da que abordam a temática e vida de todas as mulheres; além mulheres negras, vinculados ao
mulher negra21 suas repercussões nas da solidão causada pela servilismo profissional e sexual,
Ferreira LR / 2018 / Brasil / relações das mulheres diáspora, verifica-se uma solidão impactam diretamente suas
Darandina negras. da rejeição afetiva. escolhas afetivas.
Inspira uma abertura de
Os resultados foram analisados diálogos dentro da comunidade
Neste artigo, as autoras utilizando uma lente de mulheres negras
Frenemies in the exploram suas experiências interseccional com foco no acadêmicas, com a esperança
Academy: Relational com a dinâmica relacional enfrentamento. A análise dos de fomentar mais discussões,
Aggression among Black agressiva em ambientes de dados resultou em quatro temas, evolução e mudança. É
Women Academicians 22 trabalho no ensino superior. que foram enquadrados em necessária a transformação do
Williams W, Elas coletaram dados por como lidar com a chamada sistema, que torna o
Packer-Williams C / 2019 / meio de narrativas pessoais “dinâmica de inimigos” entre comportamento agressivo, um
EUA / The Qualitative acadêmicas na forma de indivíduos e contextos caminho viável para o poder ou
Report periódicos. vivenciados. sobrevivência.

“It Feels So Good”:


Pleasure in Last Sexual
Encounter Narratives of A partir da categoria chave O estudo amplia o olhar sobre a
Black University prazer, surgiram três Sexualidade Negra, pois inclui e
Students23 Através de entrevistas, o subcategorias que mostraram a estuda o prazer. Salienta-se o
Hargons CN, Mosley DV, artigo analisou o real importância do prazer mútuo, o achado que emergiu deste
Meiller C, Stuck J, significado de prazer sexual relegar do prazer ao estudo sobre as mulheres
Kirkpatrick B, Adams C, et nas narrativas dos últimos desempenho masculino e a relegarem o prazer ao
al. / 2018 / EUA / Journal of encontros de universitários esperança ou expectativa da desempenho sexual dos
Black Psychology negros. possibilidade prazerosa. homens.

Meninas negras e
política: combatendo o A intervenção aproximou as
racismo e fomentado a meninas de espaços do poder Foi despertado nessas meninas
participação delas no Relata a conduta representativo, possibilitando negras o desejo de se achegar
espaço público24 empoderadora de uma que elas formassem uma nova à política, para que possam ter
Silva OHF, Caetano RSO, intervenção pedagógica que imagem e modelo para o futuro, um papel decisório em suas
Nanô JPL / 2020 / Brasil / visou aproximar meninas colocando-as como famílias e comunidades e se
Cadernos Pagu negras da política. protagonistas na política. tornarem agentes de mudança.

O crescimento da afeição pela


temática do feminismo negro no
O texto aponta a importância de Brasil desperta esperança. Os
O gênero negro: O estudo versa sobre a se valorizar os espaços já resultados benéficos das cotas
apontamentos sobre duplicidade de ser mulher e conquistados pelas mulheres raciais, a renovação das lutas
gênero, feminismo e ser negra, sob a ótica negras, conciliada à relevância contra a violência de gênero ou,
negritude25 filosófica e histórica de de se obter novos espaços. mesmo, a visibilidade midiática
Fernandes DA / 2016 / mulheres que lançaram as Ressalta ainda a importância de conseguida por atrizes e
Brasil / Revista Estudos bases do feminismo brasileiro não se unificar o vivenciar da jornalistas negras, são
Feministas e estadunidense. negritude. exemplos deste novo momento.

O peso do corpo negro


feminino no mercado da Investigou como o corpo
saúde: mulheres, negro é compreendido dentro
profissionais e feministas dos serviços de saúde, pelos É importante abordar a mulher
em suas perspectivas26 gestores das políticas Notou-se que as mulheres em todas as suas dimensões
Carneiro R/ 2017/ Brasil / públicas, pelas feministas negras sentiam-se solitárias e sociais, sem invisibilizá-la e
Mediações - Revista de negras e pelas mulheres que receavam ser maltratadas nos lendo-a como um todo em suas
Ciências Sociais são assistidas na saúde. serviços de saúde. intersecções.

Embora as mulheres negras


sejam positivamente
Representação e representadas em alguns dos A maior parte dos estereótipos
estereótipos de mulheres filmes analisados, na grande identificados não são
negras no cinema Observa-se aqui a maioria foram associadas a transgressivos. Antes, são a
brasileiro27 representação das mulheres posições de subalternidade e continuidade dos preconceitos
Candido MR, Feres Júnior negras nas telas brasileiras de falta de reconhecimento social, tradicionalmente já reafirmados
J / 2019 / Brasil / Revista cinema e como este grupo é tendo protagonizado apenas 7% e estabelecidos em nossa
Estudos Feministas estereotipado e tipificado. do total das tramas estudadas. sociedade.
Classe, cor e gênero são
Rés negras, juízes fatores preponderantes que
brancos: Uma análise da Averiguar qual o real padrão Observou semelhança na influenciam na aplicabilidade
interseccionalidade de racial no imaginário da nossa história de vida das das leis penais, na ação da
gênero, raça e classe na sociedade, tendo em vista o entrevistadas, bem como em seu justiça e na privação de
produção da punição em quadro prisional sem percurso dentro do sistema liberdade, refletindo na
uma prisão paulistana28 proporcionalidade de prisional, sua punição pelos predominância de mulheres
Alves D / 2017 / Colombia / mulheres negras privadas de crimes e em seus marcadores negras nas estatísticas
Revista CS liberdade no Brasil. sociais. prisionais.

Rethinking Strength:
Black Women’s
Perceptions of the
‘‘Strong Black Woman’’ O estudo objetivou examinar As descobertas do estudo
Role29 as percepções das mulheres reforçam a importância de que
Nelson T, Cardemil EV, negras a respeito do papel da O discurso da "mulher negra os profissionais que lidam com
Adeoye CT / 2016 / EUA / "mulher negra forte" ou forte'' é difundido entre mulheres as mulheres negras entendam a
Psychology of Women supermulher através de negras, que o abordam com dificuldade das mesmas em
Quarterly entrevistas. grande familiaridade. buscarem saúde física e mental.

A internalização do esquema Aquelas que internalizam o


da Mulher Negra Forte (SBW) esquema SBW podem ser rudes
está associada a resultados consigo mesmas, não estar
psicológicos negativos. Assim, cientes de sua dor e
a pesquisa buscou necessidades emocionais, e
The Misunderstood associações entre o esquema não se sentirem conectadas
Schema of the Strong SBW e depressão, ansiedade com os outros, características
Black Woman30 e solidão. Também foram Os resultados sugerem que que refletem baixa
Liao KY-H, Wei M, Yin M / testados quatro mediadores aceitar o esquema SBW está autocompaixão e podem abrir
2019 / EUA / Psychology of entre o esquema e os relacionado a sintomas de caminho para problemas de
Women Quarterly resultados psicológicos. depressão e ansiedade e solidão saúde mental.

Nessa esfera social,


preconceito e discriminação
Vivências de racial apresentam
Discriminação e características específicas,
Resistência de uma Aborda as experiências de Sofia sente-se excluída e Sofia é inferiorizada pelas
Prostituta Negra31 uma mulher negra que é solitária por não se sentir parte outras profissionais do sexo que
Banuth RF, Santos MA / profissional do sexo, do grupo das mulheres brancas, são brancas e também vivencia
2016 / Brasil / Psicologia: resistindo ao viver anseia em não sofrer mais com violências enquanto profissional
Ciência e Profissão discriminada e excluída. desprezo e zombaria. do sexo.

Evidenciam a desvalorização do
Aprofunda a temática das trabalho informal e das
trabalhadoras domésticas, trabalhadoras, que relatam em As desigualdades e a ausência
com foco em seus contratos suas narrativas como as de privilégios têm um impacto
Vivências E Narrativas De informais e riscos oferecidos à desigualdades sociais tem direto no meio de vida e na
Trabalhadoras saúde. Revela a vivência da impacto em suas vidas, gênero, saúde das trabalhadoras
Domésticas Diaristas32 exclusão social, racismo, classe, ocupação, local de domésticas. Em uma sociedade
Cardoso ÍL, Guimarães violência de gênero e moradia e raça. Referem o racista, machista e desigual,
SMF / 2019 / Brasil / violência nas relações de sentimento de apagamento essas mulheres demandam
Revista de Ciências Sociais trabalho. moral, político e social. políticas públicas efetivas.

Mulheres profissionais negras Os resultados sugerem que os


relatam que precisam se desafios do local de trabalho
Keep Your ‘N’ in Check: transformar para serem A análise dos autores dos profissional são moldados de
African American Women bem-vindas e aceitas, aspectos do comportamento no maneiras importantes por raça e
and the Interactive principalmente no ambiente local de trabalho revela que as gênero. Para trabalhadoras
Effects of Etiquette and de trabalho. O objetivo deste mulheres negras misturam negras, o local de trabalho cria
Emotional Labor33 artigo é descrever as etiqueta e gerenciamento de questões específicas que
Durr M, Harvey Wingfield experiências dessas mulheres emoções para ganhar aceitação podem não estar presentes
AM / 2011 / EUA / Critical de acordo com as e promoções, o que fortalece a para outros grupos de
Sociology oportunidades de promoção. solidariedade raça / etnia. raça/gênero.
Apresenta o padrão conjugal O poliamor é um estado
Poliamor, trazendo debates e Notou-se que muitos homens no conjugal utópico que favorece
Quando o amor é o interpretações de adeptos e grupo percebem o seu privilégio homens brancos e de classe
problema: feminismo e feministas, visando saber se é de gênero, ao passo que as alta, o mesmo não se aplica às
poliamor em debate34 conciliável ao feminismo e mulheres brancas têm mulheres negras, com
Pilão AC / 2019 / Brasil / contextualizá-lo em gênero, dificuldade em reconhecer seus deficiência, gordas ou de baixa
Revista Estudos Feministas raça e classe social. privilégios. posição econômica.

A maioria dos artigos selecionados foram publicados em 2019 (29,4% - 5 artigos),


seguidos por publicações de 2020 (17,6% - 3 artigos), de 2017 (17,6% - 3 artigos) e
2016 (17,6% - 3 artigos), referente ao período de de 2018 foram selecionados dois
artigos (11,8%) e de 2011 um (5,9%). Os estudos são majoritariamente brasileiros
(58,8% - 10 artigos), mas foram selecionadas seis publicações norte-americanas
(35,3%), além de uma colombiana (5,9%). A Revista Estudos Feministas
destacou-se entre as demais por apresentar cinco publicações (29,4%), seguida por
Psychology of Women Quarterly com dois artigos (11,8%).

Em relação aos termos utilizados nos títulos dos estudos, somente três (17,6%)
mencionaram “solidão”, “amor” e “racismo”. Outros oito estudos (47%) trouxeram em
seu título a expressão “mulher negra”.

Discussão

Classe, raça e gênero mesclam-se nos textos selecionados. A mulher negra não é
vista somente pelo seu corpo ou apenas por sua condição de ser mulher, nem
exclusivamente como negra, antes é vista na intersecção desses marcadores
sociais. Nessas dimensões, que constroem o sistema de opressão, ela é preterida e
colocada em situações de vulnerabilidade por um, dois ou três desses fatores25,28,31.
Percebemos esse entrecruzamento das avenidas identitárias ao analisarmos que as
situações vividas moldam as dinâmicas sociais e suas relações afetivas22,33.

As relações humanas são pautadas pela necessidade de interação e da construção


de relacionamentos. Sobre isso, Arendt (2007)35 diz que a condição humana é o
resultado de todas as coisas com as quais temos contato e, nessa conformidade,
isso define o caráter da nossa existência e a própria existência em si. Assim, a
mulher negra vivencia a necessidade de vinculação com outras pessoas, de não
querer vivenciar a solidão, sendo particularmente afetada em sua condição humana
por suas vivências, como nos diz Freud: “as impressões e vivências exteriores
podem fazer exigências de intensidade diferente a cada pessoa, e aquilo de que a
constituição de uma ainda consegue dar conta pode ser uma tarefa pesada demais
para a outra” (Freud,1940,p.86)36.

Dessa forma, é necessário ponderar sobre os acontecimentos que trouxeram


impacto na construção da identidade da mulher negra e como, baseado nisso, se
desenvolvem suas relações como um todo. As relações de afeto demandam
sentimentos íntimos e intensos, porém, nem todas essas relações são iguais. Tais
relações podem ocorrer de maneira não sexualizada (nas quais os sentimentos são
exteriorizados na forma de afeto), de forma sexualizada (quando os sentimentos são
sexualmente expressos) e de modo exclusivamente sexual (característico das
relações do mercado capitalista)10. Desse modo, temos que as relações são
esboçadas por processos que marcam a identidade da mulher negra, nos quais a
supressão do corpo leva à supressão do próprio eu.

Relações afetivas não sexualizadas


Historicamente, o papel da mulher negra se construiu como reprodutora biológica, a
quem se destina o subemprego, tema que se destaca nos artigos19,24,28,31,32 pela
ausência de carteira de trabalho assinada, ocupações precárias e a ausência de
direitos básicos. Destacam-se as trabalhadoras domésticas, cujo trabalho foi
perpetuado como feminino e estigmatizado desde o período em que os corpos
negros eram colonizados, escravizados e silenciados para servir em diversas
funções32. Além do rebaixamento do valor de sua força e de jornadas de trabalho
longas e intensas, elas se vêem oprimidas racialmente, pois o racismo atua como
facilitador de sua colocação profissional em subempregos, em que são expostas a
um sistema de alienação que lhes nega sua própria identidade37.

O subemprego, o desemprego e um padrão de baixa escolaridade ficam evidentes


na temática da violência doméstica e familiar. As mulheres que têm menos acesso a
recursos e rede de apoio são as mais atingidas, pois dependem financeiramente de
parceiros e não contam com apoio ou vínculo familiar18,19,21. Ressalta-se aqui o
impacto do mito da democracia racial na atuação do Poder Judiciário frente à
violência doméstica:

A forma com que o Poder Judiciário trata historicamente as denúncias de racismo e de


violência contra as mulheres e sua composição majoritariamente de homens brancos não
devem ser entendidas como coincidência, mas como parte do processo histórico e político
que marca a construção do Estado brasileiro e que demonstra a ausência de vontade política
em combater essas exclusões, deixando nítido o fato de que este é dominado por grupos
raciais específicos. (Oliveira,2016)38

Em vista disso, ao se submeterem ao processo do aborto, essa ausência da rede de


apoio das mulheres negras torna-se mais explícita, fazendo com que elas se
destaquem entre os casos de mortalidade materna19,20. Some-se à rede de apoio
incipiente os impactos das demais situações vivenciadas pela mulher negra, nas
quais ela também é vítima do racismo e do sexismo, que resultam em
microagressões raciais de gênero, além de processos silenciadores que a
marginalizam39.

Vale lembrar que desde os anos 1990 as organizações têm adotado discursos em
que valorizam a diversidade, porém não trouxeram de fato uma ressignificação do
papel da mulher negra na sociedade40. As mulheres negras que conseguem
alcançar o espaço acadêmico ainda sentem que sua identidade está oprimida e
marginalizada, elas são alvo de microagressões através da exclusão e do
isolamento22, ao ter sua presença no campus questionada pelos funcionários e
demais estudantes, e até mesmo ao serem indagadas se sua admissão deu-se pela
cor da pele e não por mérito acadêmico20. Estas microagressões se perpetuam nas
relações de trabalho, em que o homem branco é visto como o mais apto para
exercer uma determinada função e a mulher negra como a menos capaz,
fomentando o sistema de opressão24.

Por fim, salienta-se que as mulheres não são vistas como capazes de refletir de
forma objetiva, de se expressarem ou reivindicarem mudanças nas questões que
afetam essas relações, porém essa é uma forma de deslegitimar e enfraquecer a
mulher negra, para que ela não se oponha à dominação do outro25.

A maioria dos artigos versa sobre problemas e situações em que a mulher negra
sente-se sozinha, sem, entretanto, falar sobre o porquê de existir a solidão da
mulher negra, nota-se a escassez de publicações que abordem, de fato, essa
temática. Logo, torna-se explícita a violência da não nomeação, na qual se aborda
tudo o que acontece, mas não se nomeia a solidão da mulher negra, dificultando o
estudo epidemiológico do fenômeno, bem como de seus mecanismos de
funcionamento e repercussões na saúde da mulher negra.
Assim, cabe refletir sobre o papel que deve ser desempenhado pelo restante da
sociedade da qual faz parte a mulher negra. É fundamental ponderar sobre
privilégios para desconstruir ideias que estão obsoletas e construir novos
posicionamentos, deixando de lado a neutralidade. Sobre isso, vale frisar que:

Todas/os nós falamos de um tempo e lugar específicos, de uma história e uma realidade
específicas - não há discursos neutros. Quando acadêmicas/os brancas/os afirmam ter um
discurso neutro e objetivo, não estão reconhecendo o fato de que elas e eles também
escrevem de um lugar específico que, naturalmente, não é neutro nem objetivo ou universal,
mas dominante. É um lugar de poder (Kilomba, 2019, p.58)5.

O sistema de opressão não favorece a mulher negra, que vivencia a duplicidade de


optar por ficar sozinha - por não se sentir pertencente aos lugares, instituições e
pessoas - e a exclusão imposta pela sociedade - pelos mais diversos
acontecimentos e questões do cotidiano, que a oprimem e invisibilizam. Assim, mais
por imposição do que por opção as mulheres se silenciam e podem vivenciar
diferentes níveis de solidão12. E, deste modo, se cada situação ou momento da vida
da mulher negra pode agregar novos marcadores sociais que se entrecruzam e
afetam suas relações e saúde, de que forma a mulher negra poderá ser amparada?
Conclui-se que é vão disputar a importância entre os marcadores (raça, cor e
classe), é necessário entrecruzá-los. Dessa forma, a mulher negra poderá ser
entendida e acolhida entre as avenidas identitárias.

Relações afetivas sexualizadas

A dominação da mulher negra é um resquício do período colonial que visa legitimar


sua subjugação, em decorrência dos processos históricos, ela foi colocada e
conservada na posição de objeto de fascínio e medo25,27. No tocante às relações
afetivas sexualizadas, o corpo dela é sempre visto como o que não se recusa e está
sempre disponível34. Assim, intenta-se que a mulher não tenha controle do próprio
corpo ou vontade própria, sendo vista como inferior por sua raça, classe e gênero41.

A mulher negra sofre não só com os homens que a buscam e desejam ter múltiplas
parceiras, como também com a hipersexualização e objetificação34. Isso é
demonstrado nos artigos à medida que esse estereótipo é reforçado no interior das
relações, em que a mulher negra é tida majoritariamente como infiel pelo parceiro e
tem seu caráter sempre posto à prova, sem receber afeto ou apoio19,32.
A falta de apoio também é assunto recorrente nos relatos que narram a assistência
à saúde de mulheres negras. A violência obstétrica se mostra ligada ao isolamento
e solidão, no direito a um acompanhante que é negado e na sensação de
impotência experienciada por aquelas que não podem pagar por um serviço de
saúde privado26, essa forma de violência é um problema de saúde pública
protagonizado pelas mulheres negras42. A partir da ausência de governo sobre o
próprio corpo na assistência à saúde, o acesso ao cuidado torna-se permeado por
desigualdades, reafirmadas pelo abandono e isolamento no momento do parto26. A
violência obstétrica é vivenciada de tal forma, que perpetua o estigma da mulher
negra forte e da supermulher29. As estruturas de nossa sociedade estão assentadas
em pré-concepções, é com base em construções sociais que classificamos e
enquadramos as pessoas em categorias e criamos expectativas e exigências a
serem alcançadas, ou seja, estigmas43. À vista disso, as normas que estabelecemos
em relação à identidade de cada indivíduo compreendem a mulher negra como
dotada de um limiar de dor sobre-humano, todavia a não exteriorização de seus
sentimentos leva ao sofrimento psíquico e aos agravos de saúde mental29,30,44.

O estigma também se faz presente na temática da inter-racialidade em vários


trechos dos textos, á medida que o homem negro se relaciona com a mulher branca
visando ascenção e aceitação social e, como consequência, a mulher negra se vê
preterida nas relações. Também em decorrência disso, as mulheres negras colocam
o prazer em segundo plano ou o relegam a um parceiro ou parceira23. Esse
preterimento se faz presente inclusive nas vivências das prostitutas negras: as
mesmas relatam que os clientes preferem as mulheres brancas21,31. Ademais,
mulheres negras se casam mais tarde em comparação às brancas, e isso se dá
porque o preterimento do homem negro a ela ocorre em todos os estratos sociais12.

Considerações Finais

À mulher negra não é permitido sofrer e, como nos expõe Braga (2017)45 , na
atualidade ainda prevalecem “discursos que atravessam o tempo e guardam sua
força na medida em que trabalham em sua manutenção na dispersão do tempo
histórico”, nossa sociedade não eliminou sua herança racista e excludente, ela a
atualiza e conserva em nossos dias. Os estudos selecionados apresentaram os
impactos dessa historicidade, eles expuseram a hipersexualização da mulher
negra25,26,34, perpetuada através de estereótipos que reproduzem também o estigma
da supermulher29,30 e a incipiência de rede de apoio18,19,21,31,32, tão recorrente nos
textos. Eles evidenciaram o preterimento afetivo do qual são vítimas as mulheres
negras, além das microagressões vivenciadas21,27,31 no meio acadêmico20,22 e no
local de trabalho22,31,32,33, por fim, discorreram sobre a violência doméstica19,,
familiar19 e obstétrica18,21,.

Espera-se que este trabalho suscite pesquisas que possam aprofundar o tema e,
assim como o presente estudo, trazer à tona esta temática tão velada e demonstrar
que as mulheres negras estão sozinhas e se sentem sozinhas. Por fim, sugere-se a
discussão da temática no espaço acadêmico, tal qual sua expansão para a
sociedade.

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