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INTERSECCIONALIDADE E SAÚDE MENTAL: UM OLHAR PARA A RAÇA E

GÊNERO [NO CAPS] PELOS CAMINHOS DO PENSAMENTO DESCOLONIAL

Carolina Nunes Ramos1


Zuleika Köhler Gonzales 2
Resumo: O estudo proposto irá abordar a experiência obtida através de um estágio curricular no curso de
Psicologia, em um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS II) da região metropolitana do Rio Grande do Sul. Por
meio da vivência neste espaço, foi possível formular problematizações acerca das demandas do local, bem como
observar um número significante de mulheres acessando o serviço. Como campo de estágio, o CAPS
proporcionou a análise das categorias de gênero e raça do público em atendimento. Como efeito destes
encontros, o atravessamento étnico-racial e de gênero destacavam-se como um dos fatores que se inscreviam no
sofrimento das usuárias. Crenshaw (2002, p. 174) afirma a interseccionalidade como “atenção às várias formas
pelas quais o gênero intersecta-se com uma gama de outras identidades e ao modo pelo qual essas intersecções
contribuem para a vulnerabilidade particular de diferentes grupos de mulheres”. Referenciando-nos em autores
como Mignolo (2007) e Fanon (2005) colocamos em evidência para o debate, o pensamento descolonial, como
contexto que propicia um olhar crítico a estes atravessamentos na vida humana, onde este modo de pensar
contra-hegemônico permite visibilizar a exploração e violência que incidem sobre tais sujeitos. Trata-se de um
pensamento que se posiciona pelas opções descoloniais e que se configura pelas exterioridades pluriversais que
rodeiam a modernidade imperial ocidental. Os resultados deste artigo demonstram que as questões de gênero e
raça passam a compor linhas de compreensão sobre os sujeitos em sofrimento psíquico, tensionando o debate
acerca de uma prática psi que visibilize as violências que marcam as vidas destas pessoas e lute pela garantia de
seus direitos.

Palavras-chave: Interseccionalidade. Gênero. Raça. Saúde mental. Pensamento descolonial

Encontro com o campo da Saúde Mental

O trabalho retomará a reflexão da interseccionalidade na experiência de um estágio de


Psicologia situado no campo da saúde mental. No decorrer desse momento de formação e
prática psi, colocou-se relevante neste processo a articulação da Psicologia com as relações de
gênero e étnico-raciais, pensando uma problematização acerca do cuidado e à
despatologização do sofrimento psíquico advindo do racismo e da violência de gênero. Para
tal desnaturalização dos movimentos de preconceito e de não-reconhecimento, o pensamento
descolonial, juntamente ao feminismo descolonial nos abre brechas para pensarmos na
visibilização das intersecções de raça e gênero nos deixando mais atentas/os às modalidades
específicas de sofrimento que atingem as mulheres.

1
Graduada em Psicologia pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS) em São Leopoldo, Brasil.
2
Doutora em Psicologia Social e Institucional. Professora de psicologia na Universidade do Vale do Rio dos
Sinos (UNISINOS) em São Leopoldo, Brasil.
1
Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),
Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X
Ao falar de saúde mental Lancetti e Amarante (2006) trazem a discussão para um
campo profissional, uma grande área do conhecimento e de ações “que se caracterizam por
seu caráter amplamente inter e transdisciplinar e intersetorial” (p. 616), onde inúmeros
saberes se entrecruzam, como: medicina, psicologia, história, filosofia entre outros. Na
experiência pioneira vivida por Franco Basaglia na Itália, rompeu-se com o paradigma
psiquiátrico, propondo uma transformação desse modelo assistencial aos considerados
doentes mentais. A partir disso, o campo da saúde mental sintonizado com os pressupostos da
Reforma psiquiátrica vem articulando-se de forma a visibilizar o sujeito para além de
diagnósticos e patologias, percebendo-o em sua totalidade. Em múltiplos procedimentos e
com uma proposta multidisciplinar, uma comunidade é acompanhada nas tramas que
organizam as suas vidas e que podem decorrer para situações de sofrimento psíquico.
Segundo Bezerra Jr (2007), a Reforma Psiquiátrica se desdobra em vários planos, situados em
diversos campos. Ele especifica que “no plano assistencial, trata–se de pensar não apenas
formas inovadoras de organização da atenção, mas também modelos de cuidado e intervenção
adequados aos novos dispositivos – muito diferentes tanto dos ambientes hospitalares quanto
dos espaços ambulatoriais tradicionais”, e quanto aos objetivos, diz Bezerra Jr que estes são
mais abrangentes que os da clínica individual tradicional. A reforma psiquiátrica se contrapõe
ao modelo hospitalocêntrico e manicomial – calcado pela exclusão, opressão e reducionismo
cientificista moderno.
Pautada pela reforma psiquiátrica, a política de assistência à saúde mental vigente em
nosso país, orienta-se pelos princípios fundamentais do Sistema Único de Saúde
(universalidade, eqüidade e integralidade), e propõe a desinstitucionalização –
compreendendo o convívio das pessoas com sofrimento psíquico nos territórios em que
habitam e uma grande intervenção e modificação nas formas culturalmente validadas de
compreensão da loucura. Segundo Lancetti e Amarante (2006, p. 623) Basaglia afirmava em
“colocar a doença entre parênteses para que se pudesse tratar e lidar com sujeitos concretos
que sofrem e experimentam o sofrimento”.
Antes do encontro com o campo da saúde mental, outras experiências ao longo da
formação em Psicologia proporcionaram um encontro intenso com o tema das relações étnico-
raciais. A inserção neste assunto implicou a formular muitas questões a respeito do contexto
dos sujeitos afrodescendentes, as quais estávamos pouco sintonizadas/os no cenário
acadêmico. Dessa forma foi possível perceber com maior agudez os contrastes sociais entre
esta população e a população branca. Para elucidar brevemente esse contexto, o Relatório
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Anual de Desigualdades Raciais no Brasil (2010) aponta disparidades referentes ao acesso da
população negra em relação à população branca ao sistema de saúde, ao mercado de trabalho,
à previdência social, à educação e à justiça.
Na chegada ao campo da saúde mental através da experiência de estágio, chamava-me
atenção o atravessamento étnico-racial e de gênero como fatores relevantes no adoecimento
psíquico sobre a população afrodescendente. Outra questão observada neste campo foi contar
com um número menor de usuárias/os negras/os acessando o serviço, em comparação à
população branca que era atendida. Nos encontros com mulheres negras, o racismo aparecia
como um dos fatores que se inscreviam em seu sofrimento. A consequência destes
atendimentos e as questões que observei no espaço de estágio mobilizaram a problematizar a
temática étnico-racial e de gênero no contexto da saúde mental, estabelecendo concordância
com Basaglia em despatologizar este sofrimento, onde Lancetti e Amarante (2006, p.623)
apontam:
Trata-se, aparentemente, de uma operação simples, mas na prática ela revela
grande riqueza, pois o profissional de saúde mental, que antes tinha diante de
si um esquizofrênico um catatônico, um alienado, um incapaz de Razão e
Consciência, encontra subitamente uma pessoa com nome, sobrenome,
endereço, familiares, amigos, projeto, desejos.

Para além de lógicas psicopatologizantes e individualizantes, segue a problematização


da visibilização do sofrimento psíquico, considerando as construções sociais de hierarquia de
raça e relações de gênero, através do pensamento descolonial.

Interseccionalidade: Uma discussão de gênero e raça

Como estratégia de ampliar a discussão sobre interseccionalidade é relevante retomar


historicamente de quais sujeitos estamos situando nesta experiência. Por isso, trazemos
primeiramente elementos históricos do processo de colonização ocorrido nos continentes
latino-americanos e africanos com vistas a situar os motivos que constituem a
problematização que se faz importante neste trabalho, que é a perpetuação de estados de
colonialidade em nossa sociedade. Tal movimento produz um apagamento das diferenças dos
grupos humanos, invisibilizando suas diferenças e a desigualdade entre eles.
Ao retornar ao período de colonização na América Latina, e mais tarde na África, onde
foram exploradas suas riquezas e seus povos, constata-se a finalidade dos invasores europeus
ao tentarem constituir a Europa como centro de todo o poder econômico sobre o mercado
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mundial. (QUIJANO, 2005) Para a dominação dos territórios e matérias-primas, necessitava-
se de um plano que debilitasse os movimentos de resistência que os povos autóctones
empreendiam em suas disputas com os colonizadores. Ao observar a resistência destes povos,
os europeus passariam a tecer estratégias que tinham como alvo não apenas a conquista de
territórios, mas principalmente o domínio sobre a população autóctone. (FANON, 1980) A
proposta de operacionalização desta estratégia estaria comprometida com o ataque aos
sistemas de valores do povo autóctone, os quais nutriam sentido às suas vidas, à defesa por ela
e seu povo. Assim, o plano colonizador contava com destruição da cultura (línguas, crenças,
ancestralidade, costumes) desses sujeitos. Seguiam como legítimos unicamente os valores
eurocêntricos, sendo estes impostos como parâmetro para vida de todos os povos. A lógica
que não compartilhasse semelhança com este sistema era classificada inferior. Logo, o
colonizado teria os sentidos de sua vida esvaziados, conseguindo manter pouca ou nenhuma
resistência às lutas contra o processo de colonização. (FANON, 1979)
Assiste-se à destruição dos valores culturais, das modalidades de existência.
A linguagem, o vestuário, as técnicas são desvalorizados. (...) A primeira
necessidade é a sujeição, no sentido mais rigoroso, da população autóctone.
Para isso, é preciso destruir os seus sistemas de referência. A expropriação, o
despojamento, o assassinato objetivo, desdobram-se numa pilhagem dos
esquemas culturais ou, pelo menos, condicionam essa pilhagem. O panorama
social é desestruturado, os valores ridicularizados, esmagados, esvaziados.
(FANON. 1980, p. 37-42).
Munanga (2004) explica que desde o surgimento do termo “raça”, este possuía a
função de justificar através de traços físicos e biológicos a hierarquização entre as raças. É
importante sinalizar que essa mensuração desenvolvida pelos cientistas europeus nos séculos
XVIII-XIX, fazia uma relação entre o biológico e características psicológicas, intelectuais e
morais. Passava-se a legitimar a noção de uma supremacia racial, onde existiam povos
superiores aos da raça “negra”, “amarela” e todos os povos não incluídos nos parâmetros
eurocêntricos. Aos sujeitos da raça “branca” fora decretado o lugar de superioridade, e
consequentemente, de humanidade. Embora a ideia de raça tenha sido abandonada
posteriormente pela ciência, tal fato não garantiu o desaparecimento de práticas racistas.
(MUNANGA, 2004)
“O mundo colonizado é um mundo cindido em dois” (FANON, 1979, p. 28). Desta
forma Fanon ilustra como o racismo foi necessário para fomentar processos de
subalternização, onde os povos são separados dicotomicamente: humanos e não humanos.
Portanto o objetivo do colonizador tem sua centralidade, na destituição da humanidade dos
povos não ocidentais. Sendo assim, o colonizador procura estratégias da negação da

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humanidade do colonizado sob várias modalidades de violência, todas elas centras em práticas
de desumanização, garantindo uma lógica que perdura até hoje: a lógica da colonialidade.
Walter Mignolo (2007, p.33) situa colonialidade:

Colonialismo refere-se a períodos históricos específicos e a lugares


de domínio imperial (espanhol, holandês, britânico e, desde o início do sec.
XX, estadunidense); a colonialidade, em mudança, denota a estrutura lógica
do domínio colonial que subjaz no controle espanhol, holandês, britânico e
estadunidense da economia e da política que se estende a quase todo mundo.

Ao compreender a lógica da colonialidade torna-se evidente o quanto seu


funcionamento se atualizou no decorrer do tempo a fim de estabelecer a exploração da vida
humana, usando o racismo como meio para justificar tamanha violência. Deste modo, ao se
propor pensar descolonialmente significa pensar a partir de uma exterioridade a um domínio
colonial – trata-se não somente de uma relação dentro x fora, centro x periferia ou até mesmo
de uma postulação salvífica e messiânica de que o discurso moderno estabeleceu nos centros
hegemônicos para alcançar o sujeito que está fora e em sua exterioridade. Entende-se, com
isto, que a pretensão de teorias democráticas universais ao mesmo tempo que constrói
identidades racializadas que foram erigidas pela hegemonia das categorias de pensamento,
histórias e experiências do ocidente, produziu também formas subalternas de dominação
(Nolasco, 2016).
Para entender o racismo e a violência de gênero que atravessam a vida das mulheres
negras, colocando-as em situações de intenso sofrimento, Lugones (2014) nos apresenta o
movimento feminista descolonial. O movimento que a autora destaca faz uma leitura das
heranças coloniais que em nossos dias ainda subjugam os sujeitos que escapam de certo
modelo de humanidade. Afirma a autora: “Sob o quadro conceitual de gênero imposto, os
europeus brancos burgueses eram civilizados; eles eram plenamente humanos.” (2014, p.938)
A concepção colonial de humanidade relaciona-se com o capitalismo colonial e imperialista,
onde coloca as mulheres não brancas em uma posição de inferioridade, onde são consideradas
como seres não humanos. Ao seguir a lógica colonial, encontramos a construção de um
modelo de humanidade que está centrado no homem branco, burguês, heterossexual.

Os povos indígenas das Américas e os/as escravizado/as eram


classificados/as como espécies não humanas – como animais,
incontrolavelmente sexuais, selvagens. O homem europeu, burguês, colonial
moderno tornou-se um sujeito/agente, apto a decidir, para a vida pública e ao
governo, um ser de civilização, heterossexual, cristão, um ser de mente e
razão. A mulher europeia burguesa não era entendida como seu
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complemento, mas como alguém que reproduzia raça e capital por meio de
sua pureza sexual, sua passividade, e por estar atada ao lar a serviço do
homem branco europeu burguês (LUGONES, 2014, p.936)

Segundo Lugones (2008, p.77) o movimento feminista negro das mulheres norte e latino-
americanas tem oferecido contribuições para pensarmos a interseccionalidade: “Estes quadros
analíticos têm enfatizado o conceito de intersccionalidade e demonstrou a exclusão histórica,
teórica e prática das mulheres não-brancas de lutas libertadoras levadas a cabo em nome de
mulheres.”3
Assim, a autora traz para a discussão uma modalidade de colonialidade que nos ajuda
a pensar no sofrimento e lugar que as mulheres negras possuem em nossa sociedade, a
colonialidade de gênero: “Diferente da colonização, a colonialidade do gênero ainda está
conosco; é o que permanece na intersecção de gênero/raça/classe como construtos centrais do
sistema de poder capitalista mundial”. (LUGONES, 2014, p.939)
A ideia de raça produzida a partir da lógica colonial estabeleceu relações de
subalternização entre homens e mulheres também, pois tal relação está ancorada na dimensão
patriarcal. O efeito das relações de subalternização e privilégio postas nestas condições,
construíram uma série de violências advindas deste regime de dominação do homem sobre a
mulher, como por exemplo, o controle sobre o corpo feminino, bem como de sua sexualidade.
(LUGONES, 2014)
Neste contexto, a violência contra as mulheres perpetuam-se através destes modos de
dominação. Porém as mulheres negras e indígenas sofrem com uma dupla opressão: a de
gênero e a de raça. Tal violência ocorre em nossa sociedade através de uma ficção que
“mulher” seria um termo universal, garantindo práticas universalistas. Tal universalidade está
articulada a ideia de raça, colocando as mulheres brancas em um lugar de privilégio em
relação às não brancas, onde estariam imunes a determinadas formas de opressão ao serem
valorizadas através da ideia racista de que suas vidas tem valor, por pertencerem ao modelo
de raça humana. Ao mesmo tempo, como resultado destes processos de hierarquização racial
entre brancas e não brancas, a colonialidade produz a condição de não humana para as
últimas, ou seja, a desumanização das mulheres negras e indígenas. Assim, estabelece-se a
negação de seus saberes, a negação de si e de seus corpos.

3 Citação traduzida pela autora.


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A Invenção de Práticas no Campo Psi: Visibilizando intersecções e horizontes descoloniais

Pensar em horizontes descoloniais para a invenção de práticas no campo Psi é


demarcar uma posição de resistência frente a movimentos e perspectivas de mundo (e de
sujeito) baseadas em totalitarismos. Sintonizadas/os ao feminismo descolonial, podemos
propor uma transformação das relações de colonialidade, as quais subalternizam as mulheres
negras e também as mulheres indígenas. Tal movimento contribui para o debate de
interseccionalidade entendendo a especificidade do sofrimento em uma sociedade que vive e
atualiza as heranças coloniais, e que não as reconhece, e consequentemente, fomenta a
exclusão.
Através da discussão de interseccionalidade e pensamento descolonial, surge para a
Psicologia no campo da saúde mental a demanda de ampliar estratégias na clínica a fim de
estar sensível a tais modalidades de sofrimento, bem como criar condições de um trabalho em
rede que convoque coletivos que possam estabelecer a acolhida deste grupo de mulheres
discriminadas por raça e gênero.

Referências

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Acesso em: 30/06/217.
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LUGONES, María. Rumo a um feminismo descolonial. Revista Estudos Feministas,
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MIGNOLO, Walter D. La idea de América Latina. La herida colonial y la opción


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NOLASCO, Edgar Cézar. Pensamento fronteiriço e estética descolonial. Revista Z Cultural –


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QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In:LANDER,


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Relatório Anual de Desigualdades Raciais no Brasil; 2009-2010: Constituição cidadã,
seguridade social e seus efeitos sobre as assimetrias de cor ou raça. Rio de Janeiro: Editora
Garamond, 2010.

INTERSECTIONALITY AND MENTAL HEALTH: A VIEW AT RACE AND


GENDER [IN THE CAPS] BY THE PATHWAYS OF DESCOLONIAL THINKING

The proposed study will address an experience obtained through a non-psychology course in a
Psychosocial Care Center (CAPS II) in the metropolitan region of Rio Grande do Sul.
Through this experience, it was possible to formulate the related questions with local
demands, as well as observing a significant number of women accessing the service. As
internship camp, the CAPS provided an analysis of the gender categories and an assessment
of the attending public. As a result of the meetings, the ethnic-racial and gender crossings
were highlighted as one of the factors that were inscribed in pacient’s psychic suffering.
Crenshaw (2002, p.174) affirms intersectionality as "attention to the various ways in which
gender intersects with a range of other identities and at the same time for intersectoral
qualities contribute to a particular vulnerability of different groups of women." Referring to
authors such as Mignolo (2007) and Fanon (2005), we highlight the debate, decolonial
thinking, as a context that provides a critical look at these crossings in human life, where this
counter-hegemonic way of thinking makes visible the exploitation and violence that affect
such subjects. It is a thought that stands for the decolonial options and is shaped by the
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pluriversal exteriorities that surround western imperial modernity. The results of this article
demonstrate that the issues of gender and race begin to compose lines of understanding about
subjects in psychological distress, stressing the debate about a psi practice that shows the
violence that marks the lives of these people and fight for the guarantee of their rights.
Keywords: Intersectionality. Gender. Race. Decolonial thinking.

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