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IOHANNA ROQUE DA SILVA

A HIPERSEXUALIZAÇÃO DOS CORPOS DE MULHERES


NEGRAS

Niterói
2021
IOHANNA ROQUE DA SILVA

A HIPERSEXUALIZAÇÃO DOS CORPOS DE MULHERES


NEGRAS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Centro Educacional Anhanguera de Niterói,
como requisito parcial para a obtenção do título
de graduado em Psicologia.

Orientador: Douglas Bianchi dos Santos

Niterói
2021
IOHANNA ROQUE DA SILVA

A HIPERSEXUALIZAÇÃO DOS CORPOS DE MULHERES NEGRAS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Centro Educacional Anhanguera de Niterói,
como requisito parcial para a obtenção do título
de graduado em Psicologia.

BANCA EXAMINADORA

Prof(a). Orientador Douglas Bianchi dos Santos

Prof(a). Carolline de Carvalho

Prof(a). Luana Correa Amaro

Niterói, dia de mês de 2021


AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar agradeço a Deus por ter permitido que eu chegasse até aqui,
pois acredito que sem ele e sem sua permissão nada disso seria possível. Agradeço
o seu amparo, principalmente nos momentos de aflição, quando pensei e repensei a
minha jornada neste curso.
Destino os mais sinceros agradecimentos aos meus pais, Silvio e Alcilea, pelo
exemplo de dedicação e honestidade e por apoiarem minhas escolhas. Agradeço
também à minha irmã Yasmin, meu primo Pedro Henrique, meu sobrinho Rael e meu
padrinho Alex, por me inspirarem nesta jornada e me ensinarem a exercitar o
verdadeiro significado da frase “ame e seja paciente”!
É impossível deixar de agradecer as minhas colegas de classe Alana,
Andressa, Camylla, Ingrid, Juliana e Laissa por compartilharem todas nossas
angústias e conquistas durante a graduação. Obrigada especial à professora Renata
Paes por ter sido uma ótima profissional enquanto lecionava na instituição e por isso
ter feito eu me apaixonar pela abordagem Terapia Cognitivo-Comportamental.
Gostaria de registrar minha profunda gratidão à Simone Ribeiro, minha
supervisora de estágio na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais, minha
inspiração de profissional. Obrigada por ter dividido comigo seu conhecimento, por
apostar na minha capacidade e por estar sempre disposta a incentivar, escutar,
instruir, apoiar, mas também, por cobrar e exigir sempre que necessário!
Agradeço, ainda, ao Centro Educacional Anhanguera de Niterói, instituição no
qual me orgulho de fazer parte. Sou grata por todos os amigos que fiz durante esses
5 anos, aos ótimos professores que colaboram para minha formação.
Mais uma vez, muito obrigada a todos!
SILVA, Iohanna. A hipersexualização dos corpos de mulheres negras. 2021. 24.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Psicologia) – Centro Educacional
Anhanguera de Niterói, Niterói, 2021.

RESUMO

A presente monografia tem como objetivo geral compreender os efeitos da


hipersexualização na saúde mental de mulheres negras, por meio de revisão
bibliográfica com o delineamento qualitativo, tendo caráter descritivo e reflexivo, se
dividindo em três capítulos; o primeiro aborda a construção histórica, o segundo trata
da relação de raça e gênero na reprodução desse estigma e o terceiro trata sobre os
efeitos na saúde metal. Nesse contexto, o trabalho discorre sobre como acontece a
objetificação dos corpos dessas mulheres, trazendo reflexões sobre essa marca
histórica de opressão e sexualização. A partir desse trabalho, pode ser observado que
tal fenômeno traz consequências negativas a subjetividade desse grupo, e que pode
ocasionar vulnerabilidade psicológica, e contribui para a manutenção e perpetuação
da violência racial e de gênero. Por fim, esse estudo demonstra que essa
representação distorcida sobre o corpo da mulher negra ainda é um problema atual,
e que traz percepções ao imaginário que influenciam nos aspectos psicossociais,
históricos, culturais, políticos e econômicos.

Palavras-chave: Mulher Negras. Hipersexualização. Racismo. Sexismo. Saúde


Mental.
SILVA, Iohanna. The hypersexualization of black women's bodies. 2021. 24.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Psicologia) – Centro Educacional
Anhanguera de Niterói, Niterói, 2021.

ABSTRACT

The present work aims to understand the effects of hypersexualization on the mental
health of black women, through literature review in qualitative research, characterized
as having descriptive and reflective nature, being divided into three chapters; the first
one approaches historical construction, the second one addresses the relationship of
race and gender in the reproduction of this stigma and the third one discusses such
effects on mental health. In this context, this work discusses how the objectification of
these women’s bodies occurs, bringing reflection on this historical mark of oppression
and sexualization. From this work, it can be observed that such phenomenon brings
negative consequences for the subjectivity of this group and that it can cause
psychological vulnerability, and it also contributes to the conservation and perpetuation
of racial and gender violence. Lastly, this study demonstrates that this distorted
representation of the black woman's body is still a current issue and that it brings
perceptions to the imaginary that influences psychosocial, historical, cultural, political,
and economic aspects.

Keywords: Black Women. Hypersexualization. Racism. Sexism. Mental Health.


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 13
2. CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DA HIPERSEXUALIZAÇÃO EM MULHERES
NEGRAS ................................................................................................................... 15
3. SOLIDÃO NAS LUTAS, NAS DORES E NOS AMORES ................................. 19
4. SAÚDE MENTAL VERSUS MULHER NEGRA ................................................. 23
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 27
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 28
13

1. INTRODUÇÃO

A hipersexualização é o ato de sexualizar e objetificar um indivíduo. Ou seja,


refere- se à banalização da imagem de uma pessoa, dando uma supervalorização aos
aspectos físicos e sexuais, mais do que os outros atributos que definem uma pessoa.
Apesar desse fato atingir mulheres de todas as raças e classes, as mulheres negras
ainda são o grupo mais atingido por esse fenômeno reduzidas a objetos sexuais
fornecidas aos homens, apagando toda sua história como ser humano e as
classificando em uma dicotomia moral x sem moral.
O Brasil traz herança racista de um sistema patriarcal, e quem mais sofre com
isso é a mulher negra. A condição de pobreza, desamparo, falta de status social traz
condições de vulnerabilidade, esses são alguns dos problemas que persistem nas
construções culturais e sociais. Por tanto, dar visibilidade para essa temática poderá
trazer contribuições de maneira significativa em relação ao campo de compreensão à
cerca dos impactos causados na saúde mental dessas mulheres.
E, dentro desse contexto a sua problematização é: De que forma a
hipersexualização afeta a saúde mental de mulheres negras? A objetificação do corpo
de mulheres negras as desumaniza, as difamam e traz prejuízos na construção da
subjetividade, na forma de que as se colocam na sociedade, reduz as chances no
mercado de trabalho e afetivo devido a influência desse estigma no imaginário social.
Esse estudo tem por objetivo compreender os impactos da hipersexualização
na saúde mental, mostrando como essa forma de racismo é reflexo de imposições
culturais e de como é disseminado e romantizado perante a sociedade, trazendo
reflexões acerca da violência de gênero e racial direcionada à mulher negra.
Esta monografia se subdivide nos seguintes capítulos. Na primeira parte
intitulada “Construção Histórica da Hipersexualização em Mulheres Negras” trata- se
da descrição de como ocorreu o processo de construção cultural dos estereótipos
sobre as mulheres negras. No segundo capítulo nomeado como “Solidão nas lutas,
nas dores e nos amores” trata da compreensão de como e o porquê ocorre uma
hierarquização na relação de raça e gênero na manutenção e perpetuação dos
estigmas. No terceiro capítulo intitulado como “Saúde Mental versus Mulheres Negras”
aborda as consequências causadas na saúde mental dessa população.
14

Na elaboração foi utilizado como metodologia a revisão bibliográfica, através


de um delineado qualitativo, tendo um caráter descritivo e reflexivo. Por meio desse
estudo foi explorado através dos referenciais teóricos como ocorre o processo de
hipersexualização e as consequências na vida de mulheres negras. Foram usados
como base: livros, site de banco de dados Scielo. As palavras-chaves utilizadas na
busca foram: Racismo, Hipersexualização, Mulheres Negras, Sexismo e Saúde
Mental.
15

2. CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DA HIPERSEXUALIZAÇÃO EM MULHERES


NEGRAS

Em 1500 houve a descoberta do Brasil pelos portugueses, dando início a


exploração de negros nos solos brasileiros. Africanos eram exportados e
escravizados, trabalhavam sem descanso em plantações e minerações, alimentavam
e colhiam frutos das grandes riquezas presente, para que os senhores pudessem
desfrutar. Diante disso, o negro teve um papel crucial na criação da economia
brasileira (NASCIMENTO, 2016).
O processo de exportação dos escravos tinha uma única razão, que era o
benefício que trazia para a economia. Eram designados a serem apenas a “força de
trabalho”, não eram vistos como serem humanos, não detinham de direitos e deveres,
não eram dignos a dar continuidade à sua espécie. Uma situação cruel para os dois
gêneros, mas, ainda sim, a mulher negra sofria com a exploração sexual, que seria
mais uma forma de renda e um costume comum entre os escravistas (NASCIMENTO,
2016).
As mulheres negras foram desumanizadas, exploradas nas plantações, na
prostituição, algumas no trabalho doméstico (essas eram responsáveis pela
organização e cuidados da casa grande, havia uma divisão de tarefas entre ama de
leite que seria a cuidadora dos filhos dos senhores e as que cuidavam da casa e dos
animais). Além de desempenharem as mesmas tarefas que os homens, mesmo
assim, eram desvalorizas e vendidas por menos (DAVIS, 2013).
Eram vistas apenas como uma mercadoria, criaturas repugnantes e
descontroladas sexualmente, nunca foram vistas como pessoas que detinham de seu
valor. A elas eram negado o direito de se relacionar afetivamente, viviam para
desempenhar o papel de uma máquina reprodutora, seus filhos na maioria das vezes
eram vendidos por seus senhores (DAVIS,2013).
Durante esse período essas mulheres foram alvo de estupros pelos brancos,
originando uma “nova categoria” que seria pessoas de sangue misto negros de pele
mais clara: mulatos, pardos, morenos, essas pessoas eram as que estavam entre a
senzala e casa grande, eram os que prestavam serviços como: capitão do mato,
serviço domésticos. Essa seria uma “solução” para o apagamento da população
negra, e essa prática se mante por muito tempo clareando progressivamente a
população (NASCIMENTO,2016).
16

Uma vez estabelecido, o mito da superioriedade branca demonstra sua


eficácia pelos efeitos dos estilhaçamentos, de fragmentação da identidade
racial que ele produz: o desejo de embranquecer (limpar o sangue, como se
diz no Brasil) é internalizado, com a simultanea negação da própria raça, da
prória cultura. (GONZALEZ,2011, p.73)

Com o embranquecimento da população, escravas de pele clara eram


submetidas ao julgamento dos seus senhores, mulheres com traços mais parecidos
com os dos brancos eram consideradas belas e isso era propagado por toda
sociedade. As escravas ditas como “bonitas” eram escolhidas para estar perto dos
seus “proprietários”, mesmo com esse “privilégio”, passavam pelas mesmas
atrocidades, pois não deixavam de ser mulheres negras (RIBEIRO,2018).

A designação de todas as mulheres negras como sexualmente depravadas,


imorais e perdidas teve a sua raiz no sistema esclavagista. As mulheres
brancas e os homens justificaram a exploração sexual das mulheres negras
escravizadas argumentando que elas eram as promotoras das relações
sexuais com os homens. De tal pensamento emergiu o estereótipo das
mulheres negras como sexualmente selvagens, e em termos sexuais uma
selvagem sexual, uma não-humano, um animal não podia ser violado
(HOOKS,1981, p.39).

Os estereótipos hipersexualizado das mulheres negras como “quentes”,


sensuais e sedutoras surgiram através da visão dos escravistas. Esse tipo de
estereótipo romantiza e contribui para a manutenção de um sistema de opressão e
desigualdade que violenta essas mulheres diariamente (RIBEIRO,2018).

Um exemplo dos estigmas impostos aos corpos das mulheres negras que
demonstra como funciona a imposição do lugar que devemos ocupar é o caso
da chamada Vênus Hotentote, cujo nome verdadeiro era Sarah Baartman.
Nascida em 1789 na África do Sul, foi levada, no início do século XIX, para a
Europa. Ela deu um corpo à teoria racista, sendo exibida em jaulas, salões e
picadeiros por conta de sua anatomia considerada “grotesca, bárbara,
exótica”: nádegas volumosas e genitália com grandes lábios (uma
característica presente nas mulheres do seu povo, os khoi-san). Seu corpo
foi colocado entre a fronteira do que seria uma mulher negra anormal e uma
mulher branca normal, a primeira considerada selvagem. Por fim, o corpo de
Baartman não recebeu nem um enterro digno. Após o falecimento, esqueleto,
órgãos genitais e cérebro foram preservados e exibidos em exposição em
Paris, no Museu do Homem. Até depois de morta ela foi manejada e
experimentada como espécime, peça de coleção a serviço da pesquisa e do
cientificismo branco europeu. Somente em 2002, a pedido de Nelson
Mandela seus restos mortais foram devolvidos à África do Sul. Mais de
duzentos anos depois, ela não foi considerada gente (RIBEIRO, 2018, p.95).
17

Séculos se passaram e ainda esses estereótipos recai sobre as mulheres


negras. Atualmente em novelas, filmes, series, músicas, redes sociais, carnaval os
corpos dessas mulheres são objetificados tendo grande valorização aos seus atributos
físicos, as colocando novamente no lugar de exploração. A mídia com fim de servir a
branquitude coloca mulheres negras com tom de pele mais claro em segundo plano,
vendendo uma imagem de inclusão, quando não estão sendo representadas na
hipersexualização, estão sendo colocadas no lugar de subalterna, durona, mãe,
raivosa, entre outros, reforçando os estereótipos (RIBEIRO,2018).
Esse tipo de exploração traz como consequência uma apresentação
desfavorável da mulher negra. Não é errado achar o corpo de uma mulher negra
atraente, a problemática é a fetichização quando: essa forma de racismo aprisiona as
pessoas a esses lugares específicos, as reduzindo e retirando toda sua humanidade
(RIBEIRO, 2018).
A hipersexualização de mulheres negras é apagada da história, ao mesmo
tempo em que, é vastamente estimulada (GONZALEZ,1984). A objetificação é uma
forma de violência que ainda é rentável para o meio capitalista, impulsionando a
imagem que perpassam como uma “liberdade sexual” deixando evidente esse legado
racista e sexista. (RIBEIRO,2018).

Esses são os efeitos da hegemonia da “branquitude” no imaginário social e


nas relações sociais concretas. É uma violência invisível que contrai saldos
negativos para a subjetividade das mulheres negras, resvalando na
afetividade e sexualidade destas. Tal dimensão da violência racial e as
particularidades que ela assume em relação as mulheres dos grupos raciais
não-hegemônicos vem despertando análises cuidadosas e recriação de
práticas que se mostram capazes de construir outros referenciais
(CARNEIRO, 2003, p.6).

A branquitude se coloca como centro de tudo. Não se veem como pessoas de


pele branca, se veem apenas como pessoas. Isso é o que mantém a estrutura colonial
e do racismo. Quando colocam as pessoas negras com diferentes usam a branquitude
como referência para uma norma (RIBEIRO, 2018). Assim foi mencionado que é de
suma importância o debate sobre as diferentes formas de exploração da população
negra. Dar voz a essas mulheres, as colocam como sujeito dentro da sociedade,
sendo protagonistas da sua própria história. É preciso tomar consciência dos espaços
que devem ser tomados. Valores podem ser construídos, é preciso ressignificar esses
18

papéis, isso faz parte do processo de descolonização do pensamento


(GONZALEZ,2020).
19

3. SOLIDÃO NAS LUTAS, NAS DORES E NOS AMORES

3.1 RAÇA E GÊNERO

A hierarquia social é um termo que está relacionado a subordinação de poderes


dentro de uma estrutura social. A relação de raça e gênero também é associado a
essa hierarquia (HOOKS,2019). Essa concepção consequentemente leva à
naturalização das desigualdades de direitos. De acordo com Gonzalez (2020), a
hierarquia social refuta a ideia do mito da democracia racial, onde todos deveriam ser
iguais perante a lei.
O sexismo por sua vez é uma opressão naturalizada, é algo institucionalizado,
que forma uma base para a estrutura social e política atualmente. Essa discriminação
determina que um gênero é superior ao outro, não sendo um comportamento exclusivo
dos homens (esses valores costumam ser perpetuados, principalmente, na família, e
aprendidos logo na primeira infância). É a consciência desse grau de opressão que
determina o surgimento de movimentos contra o patriarcado (CARNEIRO,2011).
Sobre o papel da mulher na sociedade, existem diversas questões que resistem
entre homens e mulheres. As diferenças salariais, oportunidades de acesso ao
mercado de trabalho, aceitação, esses são alguns exemplos de problemas.
Entretanto, a mulher negra ainda é mais atingida pelo sexismo, a falta de perspectiva,
à falta de possibilidades para novas alternativas. Essas concepções que as foram
colocadas, gera impacto direto nas suas relações internas, no mercado de trabalho e
na ascensão do ponto de vista social, político e econômico, logo, as deixando abaixo
de todos nessa hierarquia imposta pela branquitude (GONZALEZ, 2020).

Andando para trás para a escravatura, o povo branco estabeleceu uma


hierarquia social baseada na raça e no sexo que classificava os homens
brancos em primeiro, as mulheres brancas em segundo, algumas vezes
iguais aos homens negros, que eram classificados em terceiro e as mulheres
negras em último. O que isto significa em termos de política sexual de
violação é que se uma mulher branca fosse violada por um homem negro,
seria visto como mais importante, mais significativo do que milhares de
mulheres negras violadas por um único homem branco (HOOKS, 2019, p.
40).

O racismo e sexismo são práticas discriminatórias com origem no colonialismo


e na escravidão que dão origem a múltiplas formas de opressões, essa conjugação
20

foi legitimada pela ciência no estudo da evolução biológica, assim tendo o conceito de
racismo biológico tentando provar uma suposta inferioridade natural da mulher negra
(RIBEIRO, 2018).
No período que imediatamente se sucedeu à abolição, nos primeiros tempos
de “cidadãos iguais perante a lei”, coube à mulher negra arcar com a posição
de viga mestra de sua comunidade. Foi o sustento moral e a subsistência dos
demais membros da família. Isso significou que seu trabalho físico foi
decuplicado, uma vez que era obrigada a se dividir entre o trabalho duro na
casa da patroa e as suas obrigações familiares. Antes de ir para o trabalho,
havia que buscar água na bica comum da favela, preparar o mínimo de
alimento para os familiares, lavar, passar e distribuir as tarefas das filhas mais
velhas no cuidado dos mais novos. Acordar às três ou quatro horas da
madrugada para “adiantar os serviços caseiros” e estar às sete ou oito horas
na casa da patroa até a noite, após ter servido o jantar e deixado tudo limpo
(GONZALEZ, 2020, p.33).

A situação atual da mulher negra ainda não é muito diferente, mesmo com o
avanço de políticas públicas de igualdade de direitos e de participação política e
combate à intolerância e à violência. A pobreza, o analfabetismo, os homicídios e a
solidão afetiva têm cor, são exceções as conseguem romper essa barreira do
preconceito e discriminação racial (CARNEIRO, 2011).
O feminismo é o movimento social e político de mulheres que promove o
enfrentamento do machismo, luta pelo direito igualitário de todas as pessoas (sua
atuação não é sexista, ou seja, não busca impor a superioridade feminina), reivindica
a libertação dos padrões patriarcais. Entretanto, na prática acaba mais uma vez
inviabilizando as causas de mulheres negras (DAVIS, 2018).

O espanto e/ou a indignação manifestados por diferentes setores feministas


quando é explicitada a superexploração da mulher negra muitas vezes se
expressam de maneira a considerar o nosso discurso, de mulheres negras,
como uma forma de revanchismo ou de cobrança. Outro tipo de resposta que
também denota os efeitos do racismo cultural, de um lado, e do revanchismo,
de outro, é o que considera a nossa fala como sendo “emocional”
(GONZALEZ,2020, p.36).

As contradições sobre discursões feministas denunciam o racismo e sexismo.


Enquanto o movimento feminista branco está lutando pelos diretos do aborto, celibato,
criticando o casamento formal, sobre o que é a constituição de família. Mulheres
negras estão denunciando o processo de esterilização, a necessidade de
planejamento familiar, falam sobre a ausência de afeto (CARNEIRO, 2011).
A forma de como a sociedade enxerga mulheres negras como seres que não
são donas dos de si próprias, perpetua para o racismo, sexismo e objetificação dos
21

corpos dessa população. Segundo Davis (2018, p.22), “o feminismo negro emergiu
como um esforço teórico e prático de demonstrar que raça, gênero e classe são
inseparáveis nos contextos sociais em que vivemos”.

3.2 AFETIVIDADE E SOLIDÃO

A sensação de abandono é recorrente na vida de mulheres negras, sejam elas


feministas ou não, tenham elas tido “privilégios” sociais ou não. Essa exclusão gera
um impacto nas experiências afetiva-sexuais, mas também em outras dimensões da
vida. Isso porque, prevalece a concepção que a mulher negra só é boa para servir,
cuidar, para sempre estar à disposição do outro, inclusive com o seu corpo
(PACHECO, 2013).
O primeiro contato com a solidão dessas mulheres é na infância quando são
preteridas nas brincadeiras, festas juninas. Na adolescência observam meninas
brancas iniciando os primeiros namoros, enquanto meninas negras são apenas
escolhidas como as “mais feias” da turma, são constantemente colocadas na posição
de amiga (PACHECO,2013).
A falta de afetividade fica ainda mais evidente quando essas mulheres têm a
cor de pele retinta, cabelos crespos, sobrepeso ou mais idade. A sociedade tenta
provar que o amor não tem cor, mas essa ideia é refutada quando se entende que as
preferencias individuais fazem parte de uma construção social da herança patriarcal
e escravocrata (PACHECO, 2013).
Existe um ditado que foi popularizado há alguns anos que diz “Branca para
casar, preta para fornicar”, essa lógica ainda é bem comum na sociedade. A influência
da prática cultural e histórica no brasil sobre a miscigenação vem se realizando nos
últimos tempos, mais pela preferência afetiva-sexual do homem negro pela mulher
branca (PACHECO, 2013).
O critério para o preterimento dessas mulheres por homens negros seria o
desejo de ascensão social projetado na relação inter-racial. Homens negros veem
mulheres brancas como um troféu, veem nelas a possibilidade de serem aceitos pela
sociedade, além do clareamento da sua família como uma forma de inviabilizar a sua
raça (PACHECO, 2013).
22

As representações sociais e estereótipos baseados na raça e gênero ordenam


a vida dessas mulheres, as colocam fora do “mercado afetivo” e naturalizam a
hipersexualização, trazendo percepções para o imaginário social que só a mulher
branca pertence à cultura do afeto, como só elas fossem dignas do casamento e união
estável (PACHECO, 2013).
Na sociedade moderna as transformações nas relações afetivas, na família,
sexualidade foram causadas pela mudança de valores e do ideal do que seria o amor
romântico. Atualmente critérios como raça, classe, sexo, idade contam para regular
escolhas afetivas privilegiando alguns grupos, e posteriormente excluindo outros
(PACHECO, 2013).
Mulheres negras tem a solidão agravada por dois determinados momentos
dolorosos: na escravatura quando não se tinha o direito se relacionar afetivamente e
atualmente pelo preterimento em várias esferas de sua vida. Os aspectos dessa
solidão estão na construção de uma identidade étnica individual e grupal. Isso explica
os tipos de construções familiares, relações afetivas e sociais: a predominância de
famílias negras constituídas pela mãe solo, o “casamento” sem vínculo legal, a
dificuldade de se inserir no mercado de trabalho (PACHECO, 2013).
A solidão da mulher negra não está ligada somente as suas relações afetivas
a falta de representatividade também traz a ideia de que nunca serão ideais, nunca
faram parte do que é socialmente aceito. O “abandono” dos filhos quando essa mulher
tem que trabalhar por muitas horas e não tem com quem os deixar. A falta de
demonstrações de afeto por parte da família por acreditarem que homens e mulheres
negras necessitam serem fortes para a sua própria sobrevivência (PACHECO, 2013).
São muitas as questões que tornam mulheres negras vulneráveis, a solidão
está associada ao apagamento na figura destas em um contexto macrossocial. O
feminismo negro vem trazendo reflexões sobre o que é ser uma mulher negra partindo
do princípio que de que com a união, podem aprender a reelaborar o sentimento de
solidão, a criar formas de relacionar afetivamente, de ascensão social e assim
podendo trazer novas perspectivas em relação a essas mulheres (DAVIS, 2013).
23

4. SAÚDE MENTAL VERSUS MULHER NEGRA

A população negra passa por diversos tipos de estressores ao longo da vida e


o racismo é um deles. A ideologia do racismo consiste na existência de raças
inferiores, legitimando as diferenças sociais, culturais, políticas e psicológicas com
base na suposta diferença biológica. Viver em uma sociedade racista gera efeitos
nocivos na saúde mental e na subjetividade desse povo (VEIGA, 2019).

Estressores ligados a discriminação racial, podem afetar a saúde mental por


meio de múltiplas vias. Por exemplo, as relações de poder assimétricas entre
grupos discriminantes e discriminados refletidas em diferenças no status
socioeconômico e no acesso a bens e serviços, bem como a percepção de
experiências de discriminação em nível individual, podem culminar em níveis
elevados de estresse psicológico e agravos à saúde física e mental. Esse
quadro se agrava quando um grande número de eventos estressores é
percebido cotidianamente em contextos individuais ou sociais, como é o caso
das microagressões – insultos verbais ou comportamentais, intencionais ou
não, que comunicam ofensas raciais hostis, depreciativas ou negativas a uma
pessoa ou a um grupo-alvo (MARTINS; LIMA; SANTOS, 2020, p.2).

A mulher negra sendo a base da pirâmide social implica em sustentar a luta


contra discriminação de raça e gênero. O racismo e sexismo trazem impactos direto
no desenvolvimento, na autoestima e de como essas mulheres se colocam na
sociedade. Desde que nascem sofrem com o acúmulo de estereótipos como fortes,
barraqueiras, quentes, entre outros, fazendo que as cresçam acreditando fielmente
nessas concepções (CARNEIRO, 2011).
Essas mulheres também aprendem na infância com as mulheres mais velhas
que sempre devem cuidar do outro. Esse aprendizado é passado de geração para
geração. São cuidados com a saúde dos outros, afazeres domésticos, com a casa
dos patrões, dos filhos deles, seus filhos e muitas das vezes o cuidado com o
companheiro. Esses são fatores que consequentemente geram sobrecarga emocional
e ocasionam sofrimento psíquico (CARNEIRO, 2011).
O perfil de guerreira, portanto, mais que traço natural ou essência da
personalidade de mulheres negras, constituiu-se social e historicamente como uma
necessidade prática e integra um aspecto do estereótipo a elas atribuído,
frequentemente interiorizado como objeto de identificação. Esse perfil e o histórico de
superações constantes são configurados por forçosos enfrentamentos de repetidos
24

cenários de grandes vulnerabilidades ao sofrimento psíquico e ao adoecimento


(PRESTES; PAIVA, 2016, p.10).

A sociedade impõe a essas mulheres experiências desumanas, infere e as


culpabilizam pelo seu processo de adoecer. Isso se dar através da concepção que a
mulher negra “não sofre”, pelo não reconhecimento ou até mesmo pela negação da
dor. Logo, essa teoria desumaniza, fragiliza e pode trazer insegurança diante dos
próprios sentimentos pelo fato de não poder vivenciá-los (CARNEIRO, 2011).

4.1 HIPERSEXUALIZAÇÃO E SUAS CONSEQUÊNCIAS

Os estereótipos sobre os corpos de mulheres negras trazem consequências


para a saúde metal dessa população. Projetar esses estereótipos nessas mulheres
é reduzir sua humanidade, desconsiderar suas potencialidades, seus desejos,
valores e as colocar apenas como um objeto sexual para satisfazer desejos
(GONÇALVES et al, 2020).

[...] As vivências de discriminação das mulheres negras se diferenciam


daquelas vivenciadas por homens negros e mulheres brancas, pois são fruto
de um fenômeno híbrido resultante da combinação do racismo e do sexismo.
Tais experiências, denominadas de microagressões raciais de gênero,
também incluem os processos de marginalização, silenciamento e
objetificação vivenciado por essas mulheres, e podem gerar um impacto nas
relações interpessoais, levando a uma supressão das emoções e vivência de
efeitos negativos em sua saúde mental que diferem daqueles experienciados
por mulheres brancas (MARTINS; LIMA; SANTOS, 2020, p. 2).

As consequências são prejuízo na percepção da sua autoimagem e na


autoestima. A construção da sua percepção de autoimagem é distorcida, pois para
ser humanizado, precisaria corresponder à expectativa do padrão dominante, ou
seja, para ter acesso a dignidade e respeito teria que “se tornar um padrão branco”
(CARNEIRO, 2011).
De acordo com Carneiro (2003) essa forma de violência que deprecia a
figura de um indivíduo diminui sua chance de ser relacionar afetivamente
compromete a construção da sexualidade, pela influência desse estigma no
imaginário social, reduz o desenvolvimento pessoal e profissional.
25

4.2 APAGAMENTO NO CONTEXTO MACROSSICIAL

A identidade de um sujeito está ligada a um sentimento que faz com que se


identifique com algum determinado grupo social, que possui elementos e
características que façam ele se interessar e queira tomar parte daquele meio. A
identidade psicossocial é o que permite que o sujeito guie nas relações interpessoais,
e com o ambiente, estabeleça regras, limites. Nesse contexto, a identidade racial é a
uma das características que trazem a aproximação de um grupo pela semelhança
racial, tem influência direta nas crenças, valores (DALGALARRONDO, 2008).
Segundo Dalgalarrondo (2008), “a identidade psicossocial é uma fonte básica
e significativa de auto-estima, reconhecimento social e legitimação”. A falta de
afetividade em mulheres negras as coloca a margem da sociedade, à violência, as
condições de vulnerabilidade social podem ser fatores de risco para o
desencadeamento de transtornos mentais, devido à falta de pertencimento,
reconhecimento social.

4.3 AUTOESTIMA: RACISMO x MULHER NEGRA

A violência gerada pelo racismo exerce o papel de destruir a identidade do


sujeito através do ódio. Os abusos sobre os corpos e a subjetividade negra resulta em
um processo de auto-ódio. O sujeito que sofre dessa violência, por vezes, tem o
sentimento de culpa. Culpa por estar passando pela discriminação, pelos efeitos disso
na sociedade. E sente o auto-ódio pelos traumas, por se sentir falho diante de todos
os efeitos do racismo (VEIGA, 2019).
O conceito de autoestima se baseia no valor que o indivíduo atribuí a si mesmo
e na capacidade de amar a si próprio. Existem três pilares da autoestima que
influencia diretamente na vida dos indivíduos que são: conceito de si que é a visão
que o indivíduo tem de si mesmo, a autoconfiança é a convicção que o indivíduo tem
de ser capaz ou realizar algo e o amor-próprio que é o ato de amar a si mesmo
(MARTINS; LIMA; SANTOS, 2020).
A boa autoestima é fundamental para o bem-estar. A baixa autoestima traz
consigo o processo de autodepreciação que faz com que o indivíduo se sinta sem
valor, envergonhado, desvalorizado, culpado, incapaz, tenha um julgamento negativo
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sobre si mesmo. A baixa autoestima não é uma doença em si, é um sintoma. E, está
presente em algumas doenças psíquicas como depressão, transtorno de ansiedade e
transtorno de personalidade (MARTINS; LIMA; SANTOS, 2020).
Um dos impactos do racismo gerados em mulheres negras é a diminuição/falta
de confiança em si mesma, algo que por sua vez atravessa diretamente a autoestima
dessas mulheres. Ao estar em contato com ataques racistas, é possível que essas
mulheres desenvolvam sentimentos relacionados ao não reconhecimento da sua
importância enquanto pessoa, tendo uma convicção de que não mereçam ser
amadas, gerando uma visão negativa sobre si, tendo como consequência a baixa-
autoestima (MARTINS; LIMA; SANTOS, 2020).
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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desenvolvimento desse trabalho de conclusão de curso possibilitou uma


revisão acerca da hipersexualização dos corpos de mulheres negras enquanto
construção histórica, social e cultural. Tal fenômeno teve origem no período colonial,
onde escravas eram sexualizadas, exotificadas, abusadas, sobretudo, sexualmente,
eram obrigadas a viver apenas para servir os seus senhores. Com isso, construindo
uma concepção de que mulheres negras são naturalmente sexuais e disponíveis.
Mesmo com o fim da escravidão esse estigma persiste e traz consequências
negativas para a vida dessa população. Atualmente esse grupo tem dificuldade de
ocupar um lugar de igualdade, trazendo prejuízo nas relações sociais e afetivas. O
preconceito e a hipersexualização são estigmas que podem ser internalizados, e
contribui para a construção de crenças disfuncionais sobre o seu próprio ser.
Dessa forma, foi possível compreender que esse tipo de violência direcionado
a mulher negra pode ser prejudicial à saúde mental, visto que essa forma de racismo
afeta a construção da subjetividade. Há uma necessidade de quebrar os estereótipos
que estigmatizam essas mulheres através da visibilidade dessa temática, com
políticas públicas e com a valorização da história da população negra.
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