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GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
DISCIPLINA DE TÓP. ESP. EM PSICOLOGIA SOCIAL E EDUCAÇÃO
DOCENTE: JANE TERESINHA DOMINGUES COTRIN
DISCENTES: GABRIELLY FELIX TOLEDO E ISA MARIA GERVASIO SILVA
LIMA
Nesse viés, segundo Moreira e Cotrin (2016) o profissional de psicologia deve atuar
com foco nos fenômenos sociais, nas quais possuem uma perspectiva que englobe
contextualização histórica, cultural e a uma transformação possível. Diante disso, a
problematização abordada pelas autoras passa pelo encaminhamento desfreado e errôneo de
profissionais, nos quais os alunos são encaminhados pelas próprias escolas, pela família, pelo
Conselho Tutelar e pelos juízes a unidades de saúde.
De acordo com esse agravante é importante apontar o significado que alguns
profissionais de psicologia atribuem ao fracasso escolar, considerando como um fenômeno
oriundo de questões individuais ou problemas biológicos da criança; ausência de
acompanhamento dos pais e/ou familiares no processo de escolarização; baixa condição
financeira para custear os estudos e, ainda, falta de técnica adequada dos professores.
Conforme Moreira e Cotrin (2016), alegam a contribuição da psicologia para o enfrentamento
do fracasso escolar deve percorrer por um esforço comum, se dando na construção de projetos
coletivos, que rompam com as explicações que situam as origens dos problemas educacionais
no aluno e/ou em sua família, a fim de que o profissional possa prestar um serviço que não
tenha como finalidade a patologização da queixa e que o atendimento clínico não aconteça
para as demandas escolares.
Para atuar diante das queixas escolares é essencial considerar os contextos sociais,
econômicos, étnicos, políticos e culturais presentes na demanda, dado que a invisibilização e
o desenraizamento são fatores historicamente presentes no Brasil. Segundo Bosi (2003), “o
desenraizamento é a mais perigosa doença que atinge a cultura”, para além disso, ela afirma
também que a colonização causa a supressão das tradições. Nesse contexto, sabe-se que esse
processo é marcado pela morte e imposição de uma cultura europeia sobre os povos nativos,
além da apropriação das terras e exploração deles, e também do desenraizamento dos
imigrantes. Outrossim, o período dispõe poderes aos europeus sobre os pretos escravizados e
o abandono destes às margens da sociedade mesmo após a abolição da escravatura. Desse
modo, é válido ressaltar que diversas problemáticas do país se perpetuam desde então, como o
racismo, inclusive de forma estrutural e institucional, o qual infere na vivência das pessoas
pretas e dos povos indígenas, dado que a escola também é um ambiente reprodutor de
discriminações.
De tal maneira, os povos são distanciados de suas culturas e forçados a se adequar às
outras tradições, o que corrobora com a perda de suas raízes, a tentativa de branqueamento e a
não aceitação de sua presença na sociedade. Nesse ponto, Chimamanda Ngozi Adichie (2012)
aponta sobre o perigo da repercussão de uma história única, que não contempla todas as
versões, fatos ou envolvidos, assim, uma história contada de uma única forma resulta na
repetição dela como verdade absoluta e na invisibilidade desses povos, que não são ouvidos,
vistos e pensados como parte da sociedade. Contudo, esses fatores repercutem desde a
infância no ambiente escolar, à medida que a escola pretende encaixar os alunos em um
padrão comportamental único, desconsiderando a subjetividade de cada pessoa e rotulando
aqueles que se distanciam ou apresentam dificuldade em seguir a determinação.
Segundo Gonçalves Filho (2013), a invisibilidade pública está associada à humilhação
crônica social, a qual quebra o sentimento do indivíduo de possuir e pertencer. Com isso, a
escola passa a contribuir com a segregação do aluno e este a se sentir violado, além de ser
tratado como invisível também nesse espaço. Logo, é importante levar em conta que o
sofrimento decorrente do racismo e da frequente perda de direitos influenciam no emocional
do indivíduo e que muitas questões precisam ser combatidas para além dos muros da escola e
do tratamento individual do aluno “problema”.
De acordo com o CRP/SP (2016), no que diz respeito à atuação dos profissionais da
psicologia em relação aos povos indígenas, é fundamental que se compreenda os aspectos
culturais e emocionais que englobam a população que será atendida, visto que cada etnia
possui tradições e experiências próprias. Dessa forma, é necessário que os profissionais se
capacitem adequadamente para a execução das políticas de saúde e educação, ademais, os
povos indígenas precisam ser ouvidos e também participar das formulações e planejamentos.
A colega Bruna Mota trouxe na atividade 4 a experiência da antropóloga Vanessa Caldeira na
Terra Indígena Kaxixó:
GONÇALVES FILHO, J.M. A invisibilidade pública. Em: COSTA, F.B. Homens invisíveis:
relatos de uma humilhação social. 4ª. Reimp. São Paulo: Globo, 2013 . p.9- 47