Grupo: Ana Carolina Ferreira, Carolina Jones Medeiros, Guilherme Villeroy, Maria de Fátima Delgado Lopes, Suellen Ferreira Guimarães.
Palavras-chave
indígena, universidade, psicologia
Introdução
Em 2012, a partir da lei no. 12.711, decretada pela então presidenta
Dilma Rousseff, a política de cotas tornou-se obrigatória para todas as instituições federais de educação superior e técnicas de nível médio do Brasil. Dessa forma, 50% das vagas oferecidas pelas instituições são reservadas para estudantes que tenham concluído o ensino médio em escolas públicas, bem como famílias de baixa renda. As vagas de que trata o art. 1º desta Lei serão preenchidas, por curso e turno, por autodeclarados pretos, pardos e indígenas e por pessoas com deficiência, em proporção ao total de vagas no mínimo igual à proporção respectiva de pretos, pardos, indígenas e pessoas com deficiência na população da unidade da Federação onde está instalada a instituição, segundo o último censo da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. A lei endossa um dos principais direitos de cada cidadão brasileiro, o direito à educação. No interior das universidades do Brasil, tanto particulares quanto públicas, fica explícito de que forma a exclusão de pessoas não brancas funciona. A maioria expressiva de alunos e professores é de pessoas brancas, enquanto outros cargos, historicamente considerados inferiores na hierarquia social, ficam dispostos para as pessoas não brancas, como serviços gerais e segurança. Com a política de cotas, o objetivo é tornar o ensino superior no Brasil mais equânime, levando para dentro das salas de aula outras existências, histórias e culturas. A solução não é simples, mas extremamente complexa e atravessada por toda a história de silenciamento que nosso país carrega. Um silenciamento que exclui, isola e mata. A presença indígena no ensino superior revela uma série de desafios que precisam ser abordados como parte imprescindível das discussões no contexto acadêmico. Justamente porque revela, de muitas formas, como o Brasil se relaciona com os saberes de suas diversas culturas. Enquanto espaço de produção e circulação de conhecimento, é necessário que possamos trazer à tona questões que dizem respeito à própria formação de nossas culturas e de que forma estamos sustentando alguns saberes/poderes em lugar de privilégio, enquanto deixamos outros à margem Há, com a presença indígena nas universidades, além do reconhecimento de outras formas de existências e saberes, uma importante força política que reside na possibilidade de interlocução entre os saberes tradicionais indígenas e os saberes dominantes da sociedade ocidental capitalista. Essa possibilidade mostra-se como necessária para que possamos dispor em nosso país da garantia de direitos para os povos indígenas, que há tantos anos vêm sendo violentados de forma inescrupulosa pelos poderes do Brasil. Os desafios encontrados pelas pessoas indígenas na universidade são muitos, desde seu ingresso, passando por aspectos que atravessam sua permanência no espaço, como o financeiro, a alimentação, a comunicação, as trocas com outras pessoas não indígenas, sendo “a maior parte deles pautados pela incompreensão e pelo desconhecimento que prevalece em relação a esses povos”(Bergamaschi, 2013). Isso ocorre pois, como já apresentado, a universidade no Brasil continua seguindo caminhos ancorados em uma pseudouniversalidade e em um conhecimento que se constrói a partir do apagamento das diferenças, visando um ideal de igualdade, que se ergue através de uma face eurocêntrica que nem sempre está explícita. Pensando nesses desafios, é urgente que o corpo discente e docente da universidade brasileira seja provocado à abertura para discussões acerca da presença de pessoas indígenas no espaço de ensino. As discussões devem ser feitas com lideranças indígenas que estejam representando as demandas de seu povo. São muitos os aspectos a serem pensados quando o assunto é a permanência do estudante indígena em uma universidade, e por isso, a urgência de levarmos essas questões para a sala de aula. Se a universidade está comprometida com a produção de conhecimentos, esses conhecimentos devem poder circular por diversos espaços e existências, ressaltando a importância de considerarmos a construção histórica de nossos saberes, para que possamos rever nossas atitudes diante do que aprendemos, ensinamos e vivemos. Assim, dentro da perspectiva de uma universidade realmente universal, qual seja, intercultural e diversa, propomos um projeto de intervenção (PI) voltado a uma instituição de ensino superior que receba uma quantidade significativa de estudantes oriundos de nações originárias do país. Desta forma, por meio da atuação da Psicologia, sugere-se a mediação entre esta população e a comunidade acadêmica que os recebe, como forma de auxiliar na adaptação de ambas as partes a este novo contexto de inclusão, promovendo a redução do sofrimento mental do estudante indígena que já enfrenta muitos desafios ao lidar com a rotina e as obrigações acadêmicas.
Problema
O estudante indígena enfrenta, além das demandas acadêmicas usuais,
questões delicadas de adaptação, principalmente pelo fato de ser considerado como um “Outro”, estrangeiro ao ambiente universitário eurocentrado. O mundo acadêmico, tradicionalmente cientificista, ocidentalizado e individualista, não está preparado para acolhê-lo como sujeito de saber e de cultura próprios e torna-se, assim, fortemente estressor, deixando à margem suas demandas, invisibilizando sua existência e causando um impacto negativo em sua saúde mental. Por isso, é importante o fomento de intervenções visando cooperar para o processo de adaptação e acolhimento dos estudantes indígenas na instituição de ensino superior, para sua efetiva inclusão.
Justificativa
Há necessidade de proporcionar ao estudante universitário indígena
acolhimento e inclusão que afaste o estigma da “adaptação” deste ao ambiente acadêmico tradicional e a modificação de seus costumes culturais para se "encaixar" ao mesmo. É imprescindível que a universidade se flexibilize, de forma que também se modifique e se adapte aos povos indígenas e suas culturas, demonstrando como este espaço também lhes pertence como povos originários deste país. Além do compromisso de reparação social pela política de exclusão e genocídio histórico, torna-se cada vez mais necessário, numa sociedade que se pretende pluricultural, o aprendizado da cultura ancestral a fim de enriquecer o saber universitário que, muitas vezes, limita-se por ser considerado superior e detentor da tradição científica, segundo a lógica racional moderna. Ao buscar a literatura sobre o tema, percebeu-se uma carência de artigos científicos que abordem a perspectiva da mediação do psicólogo no ambiente acadêmico interétnico produzindo atividades e conexões que diminuam o sofrimento mental dos estudantes oriundos das nações indígenas. Faltam estudos suficientes para proporcionar conhecimento sólido a respeito das populações indígenas no campo da atuação do psicólogo. Uma das estudantes pertencentes ao grupo que propõe o presente PI, tem desenvolvido atividades junto à Aldeia Marakanã, uma proposta de universidade pluriétnica, de iniciativa indígena, participando da escuta das questões oriundas do convívio desses aldeados no ambiente universitário da cidade do Rio de Janeiro. No local foi realizado, em 12 e 13 de março de 2022 o I Encontro de Saúde Mental Indígena, que despertou interesse em conhecer melhor um assunto pouco discutido e abordado no Curso de Psicologia em geral. Poderíamos dizer que problematizamos também nossa formação que, muitas vezes, elitiza a nossa prática e nos afasta de questões próprias da realidade psicossocial brasileira que requerem um conhecimento de um contexto étnico e regional específico, permitindo o desenvolvimento criativo de nossas potencialidades.
Objetivo Geral:
Colaborar com a promoção da inclusão de estudantes indígenas no meio
acadêmico.
Objetivos Específicos:
1) Discutir a respeito das políticas universitárias, identificando seus limites e
potencialidades;
2) Debater coletivamente sobre autoidentificação e sua importância no
contexto universitário e nacional;
3) Auxiliar na organização e articulação de movimentos e coletivos que
visem o acesso a direitos da população indígena universitária;
4) Fomentar um espaço de acolhimento e debate sobre a problemática em
tela, voltado para os universitários indígenas.
Revisão de literatura:
“para que minhas palavras sejam ouvidas longe da floresta,
fiz com que fossem desenhadas na língua dos brancos.” 1
De 21 de maio a 08 de julho de 2021, o Conselho Federal de Psicologia
abriu uma consulta pública, com divulgação em todos os Conselhos Regionais da Federação, para a elaboração de um documento, as Referências Técnicas para Atuação de Psicólogas(os) Junto aos Povos Indígenas. O intento, segundo o documento provisório até o momento criado, seria realizar
“um apanhado de reflexões de profissionais da psicologia, indígenas e
não indígenas, que têm em comum a militância junto à pauta dos povos indígenas e suas vivências em diferentes contextos, envolvendo diferentes etnias, no trabalho com saúde indígena, no apoio à garantia e implementação de políticas públicas como as ações afirmativas de educação escolar indígena (entre estas a permanência estudantil), assistência social, educação popular e demandas da população indígena em contexto urbano no terceiro setor, compreendendo esses nichos de atuação a partir de uma perspectiva transdisciplinar, isto é, no diálogo com outras ciências sociais, da saúde, humanas e os saberes tradicionais.” (CREPOP, 2021, p.6).
Além da necessidade de se elaborar um documento que oriente “a
perspectiva ético-política da abordagem do sofrimento psíquico nas comunidades indígenas”, (SESAI, 2019, p.7) a consulta revela a urgência de trazer “as entidades de representação dos povos indígenas e de toda a diversidade do povo brasileiro, seus pensamentos e sua práxis para dentro do Sistema Conselhos, assim como para dentro do nosso saber
e fazer.”(CREPOP, 2021,p.12)
Trata-se de um movimento considerado tardiamente necessário do ponto
de vista da prática psicológica num país com tamanha diversidade cultural e étnica e, sobretudo, em que a população indígena se mune de tantos novos
1 Kopenawa e Albert. 2015, p. 76 apud CREPOP, 2021
instrumentos também dos “brancos” para enfrentar a dominação e invasão cultural, econômica e territorial que os assola desde os primórdios deste país. Assim, estão nas universidades, escolas, comércio, serviço público, justiça, política. Como cidadãos do Estado Brasileiro, desde a Constituição de 1988, requerem saúde e outros direitos sociais e previdenciários. E essa mesma Constituição, na garantia de direitos à educação, saúde e demarcação de territórios, garante, no artigo 231º, o primeiro do CAPÍTULO VIII (dos Índios) do Título VIII (da Ordem Social), que
“São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes,
línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.”
Neste novo contexto social, a legislação brasileira institui o respeito e o
reconhecimento do direito das culturas originárias próprias de cada etnia, retirando, dos indígenas, o estigma de “incapazes”, na visão ainda culturalmente evolucionista de tutelados, infantilizados, selvagens, sem humanidade e sem direitos, que perdurava ainda na vigência do Estatuto do Índio, Lei 6.001, de 1973. Abre-se então outra perspectiva, cabendo à sociedade como um todo, desprender-se de velhos estereótipos e aceitar que “não há um ideal de índio genérico, de modo que se trata de várias etnias e diversas línguas e, portanto, diversas formas de ser e estar no mundo” (CREPOP, 2021, p.23). O território brasileiro comporta cerca de 305 grupos étnicos e 274 línguas indígenas.(IDEM, p.30) Ao mesmo tempo, não se toleram mais os discursos de adaptação ou aculturação do indígena à nossa sociedade. Temos que nos basear, agora, na defesa de uma interculturalidade, de políticas, de sistemas de saúde, de modalidades de assistência e de ofertas de educação que atentem para os diversos sistemas simbólicos e diferentes cosmovisões dessas nações indígenas de cidadãos brasileiros, presentes cada vez mais em nosso cotidiano, seja pela presença física vizinha, seja pela ocupação de espaços da mídia, seja pela agenda política. “Isso significa romper com a tese da incapacidade, pautada no exótico como prova de inferioridade social, cultural e racional e avançar para a legitimação do múltiplo e do diverso como parte da totalidade humana.” (IDEM, p.22)
Não é aceitável, portanto, uma inserção social deste cidadão num
ambiente que não permita a expressão própria do que seja o seu conceito de saúde e, sobretudo, para o que interessa à intervenção de psicóloga(os), de saúde mental. Cabe à Psicologia, nessa perspectiva, oferecer
“condições psicossociais para que a pessoa indígena possa ser
indígena em todos os espaços - como paciente em um hospital, como estudante na Educação Básica, como acadêmica em uma universidade, como trabalhadora em um processo seletivo, como beneficiária de programas sociais, como moradora de um bairro ou setor nas cidades e, principalmente, em seu próprio território.” (IDEM, p.23)
Desta forma, esta ciência não pode se isentar da premência de ouvir
esses povos em suas particularidades culturais, compreendendo, inclusive, para o que importa ao exercício da profissão, suas noções de corpo e pessoa dentro de uma subjetividade indígena. Essa atenção passa tanto pelas propostas de intervenção de povos aldeados, que assim como todos os demais, tentam resistir para “garantir a continuidade de sua existência e reprodução sociocultural e, assim, da saúde” (IDEM, p.21), como pela necessidade de reconhecer naquele cidadão morador, estudante, paciente ou usuário dos serviços de atenção à saúde mental, um sujeito indígena, cujo bem estar social implica diretamente em suas condições de saúde. Considerando uma perspectiva da Psicologia da Libertação, que considera que "é muito mais importante examinar a situação histórica de nossos povos e suas necessidades do que estabelecer o âmbito específico da psicologia como ciência ou como atividade”. (MARTÍN-BARÓ 1996, p. 7-8, apud CREPOP, p. 14), o CFP não se mantém distante das questões indígenas, reconhecendo como adoecedor os efeitos do desrespeito econômico e social a estas populações, com frequentes invasões e ataques a seus ecossistemas e culturas.(CREPOP, p. 13). Apesar de já existirem os Distritos Sanitários Especiais Indígenas desde 1999, somente em 2007, com regulamentação pela Portaria nr.2 de 28/09/2017, é que uma diretriz para a política de atenção integral à saúde Mental das Populações Indígenas foi criada pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), que produziu um material com vistas à qualificação da abordagem do sofrimento psíquico das populações indígenas pelos DSEI. A conhecida “LEI AROUCA”, Nº 9.836/1999, foi a primeira iniciativa no sentido de buscar modelos de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas no viés de uma atenção diferenciada, como reflexo da Constituição de 1988. Sérgio Arouca, médico sanitarista e político que a propôs, prestou à saúde mental uma contribuição muito além da reforma sanitária. Ao olhar para a saúde mental indígena, contribuiu também para se pensar um primeiro modelo de atenção específica dentro do SUS: os Distritos Sanitários Especiais Indígenas, com a descentralização da atenção à saúde indígena nos diversos estados (ABDALA, 2022) A experiência do psicólogo Marcelo Abdala em atendimento psicossocial às comunidades indígenas do Xingu e da Amazônia, revela a importância da preservação cultural desses povos também no que diz respeito à saúde mental. Há inúmeros fatores de adoecimento para as etnias indígenas, a começar pela desapropriação territorial: “(...) território não é terra. Não é só tirá-los de onde estão, (...) é lugar de seus alimentos e dos seres, onde estão enterrados seus ancestrais.” Assim, há 34 DSEIs que compreendem não exatamente os Estados da Federação, mas uma territorialidade indígena. Abdala cita os exemplos da etnia Guarani, que está nos estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina e dos Yanomâmis, que estão na Amazônia brasileira e venezuelana (IDEM). Atualmente, os indicadores de saúde do SESAI apontam para os problemas de alcoolismo, a violência decorrente do alcoolismo, muitas vezes e, os suicídios, comuns entre muitas nações indígenas. Profundamente relacionadas, estão, no entender deste órgão, com o preconceito sofrido nas cidades, com a desterritorialização das aldeias e a expropriação cultural, em ambos os lugares, determinações soócioculturais, questões de famílias e de mudança em relação ao modo de vida tradicional de seu povo. A perda de identidade cultural leva a efeitos como o das missões religiosas dos padres salesianos nas aldeias amazônicas, devastador neste sentido. Adala informa que, muitas vezes era proibido, além da manifestação mitológica dos indígenas, até mesmo sua expressão linguística. Sua desvinculação cultural e as doenças que os acometem representam um grande sofrimento. Já no Parque Nacional do Xingu que, pela sua origem protegida, afastou tais invasores, o sistema de saúde permaneceu praticamente o mesmo, com seus pajés e cuidados tradicionais dividindo a promoção da saúde na comunidade.(IDEM) É bom considerar, quando se fala de saúde do indígena, que muitas vezes, em seus sistemas culturais, a doença está relacionada a um feitiço . Por isso, a SESAI orienta, em novo documento, sobre a Atenção Psicossocial aos povos indígenas (SESAI, 2019) que procura complementar as possibilidades de ação dos DSEIs que, na questão da doença mental, é fundamental enxergar a perspectiva do coletivo. A doença em geral ultrapassa uma dimensão biológica, assim como ultrapassa, sobretudo a doença mental, a dimensão subjetiva individual (IDEM). O sofrimento de “um” está dentro do contexto social, será tratado pelo Pajé. Ao se ver doente, o indivíduo indígena vai buscar o sistema tradicional de cuidado, coletivo, de sua própria aldeia e cultura, buscando o sistema oficial só em último caso.(ABDALA, 2022) Desta forma, a orientação primordial é que as Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena, os EMSI, que operam na linha de frente para a primeira assistência à saúde, saibam também lidar com as questões de saúde mental, pois já têm um conhecimento mais aprofundado das nações que habitam sua rede de atenção, tendo a possibilidade também, de melhor comunicação com as lideranças locais e de oferecer cuidados de forma mais abrangente e continuada. Se isso não acontece, pode haver, na interpretação da doença do indígena, aquilo que a antropóloga Luciana Ouriques, citada por Abdalla, identifica como um “descompasso interpretativo”. Na medicina ocidental, com sua referência científica e oficial de cuidado, um indígena que chega “enfeitiçado” é medicalizado e seu delírio é tomado como uma patologia. (ABDALA, 2022) Passa-se ao largo da estratégia própria de cada povo, praticada tradicionalmente para o enfrentamento dos males físicos e mentais de seus membros. Desta forma, como enxergar o fazer do psicólogo num contexto indígena? A aproximação da Psicologia com os povos indígenas ainda é “tímida”, recente do ponto de vista da história da profissão, e requer negociações de saberes. Nesta perspectiva, a Psicologia com suas concepções epistemológicas dominantes, precisa se “reinventar” para atravessar a fronteira da cosmovisão indígena. É como se ainda estivéssemos nos conhecendo, sendo necessário nos despir e nos apresentarmos, expondo as nossas mais dolorosas fragilidades. Temos, de um lado, os indígenas pedindo apoio para enfrentamento e superação das violências e violações que sofrem há décadas; e por outro, temos a Psicologia, assumindo que, diante de outras tantas demandas, negligenciou seu olhar para as subjetividades indígenas. Éramos como estranhos, mas sabemos o quanto podemos contribuir um com o outro. Mesmo tímidos, já se processam inúmeras iniciativas para tornar esse encontro afetivo e efetivo.
Notamos importantes encontros e diálogos frutíferos como na
aproximação com lideranças indígenas e estudantes de outras áreas de conhecimento. Sobre esta aproximação e relação é importante a fala da Indígena Eliene Rodrigues Putira Sacuena, que relata esse percorrer de proximidades da Psicologia com os povos e as dificuldades e expectativas sobre as possibilidades dessa aproximação.
[...] Eu sou Indígena da etnia Baré, consigo observar o quanto a
psicologia vem passando por uma transição que acredito ser muito positiva, por que falo isso? pois então, antes a psicologia estava muito longe em relação aos povos indígenas, era algo muito distante, por exemplo só víamos um ou uma psicóloga quando acontecia um enforcamento de uma ou um indígena, ou até mesmo outros tipos de suicídios. Não existia uma relação para um atendimento diferenciado que respeitasse as especificidades culturais das etnias onde o suicídio acontecia, funcionava somente um atendimento de intervenção, algo muito rápido e desapareciam, ninguém mais ouvia falar até outro acontecimento de violência.
A discussão e entendimento sobre povos indígenas deveria de
fato acontecer na academia, é onde acontece toda formação desses ou dessas profissionais. Porquê dessa forma a psicóloga ou psicólogo já vai ter um melhor atendimento e conhecimento sobre as especificidades culturais dos povos indígenas. Como a maioria das universidades não têm disciplinas nesse contexto, os ou as psicólogas acima de tudo precisam respeitar nós povos indígenas como seres humanos e que as especificidades culturais são diversas e que o modo de vida deve ser de fato respeitados, porém para isso é necessário buscar e entender quem somos nós, que a minha ou meu pajé é tanto “médico” quanto o médico na sociedade não indígena. A formação para o não indígena interagir com nós povos indígenas é preciso se despir de tudo que vive na sociedade não indígena para poder compreender nossas cosmogenias e epistemologias, onde tudo na nossa cultura está interligado com o todo no mundo ou seja território, saúde e educação, onde o meu ser indígena não vive isoladamente e sim com a minha música, cantos, dança, rituais, xamãs, comidas, florestas, rios, céus
Precisamos construir uma psicologia amazônica que respeite
as especificidades culturais de seus povos, onde ela passe de interventora para atuadora continua nesses povos que precisam de um olhar e entendimento com todo respeito. Que essa psicologia possa dialogar com as cosmologias e epistemologias dos povos da Amazônia
(Sacuena, 2019 apud CREPOP, 2021).
Neste sentido, a referência técnica do CREPOP contou com a
colaboração direta de três psicólogos indígenas: Edinaldo Xukuru, João Irineu Potiguara e Edilaise (Nita) do povo Tuxá. Mas, as vozes se ampliam com: Glycya Macuxi, Vanessa Terena, Fernanda dos Santos Mendes, Thaynara Xerente, Mirian Tembé, Hendrix Wapixana, Ezequiel Tikuna, Analice Baré, Orayde Nambikwara e Gardeni Juruna - esses indígenas psicólogas e psicólogos reforçam que no encontro da Psicologia com os indígenas, haja primariamente a superação dos modelos etnocêntricos e de abordagem clássicas; anseiam que os profissionais possam se “politizar”, superando estigmas e preconceitos eurocêntricos, ao ponto de conhecer a história do sujeito-indígena e do seu coletivo atrelada a toda complexidade que é o seu existir.
Para Fernanda dos Santos Mendes, do povo Terena - única psicóloga no
Pólo Aquidauana, que atende 15 aldeias e 1 retomada no Mato Grosso do Sul, cerca de 8 mil indígenas - “há toda uma cultura, uma psicologia indígena”. Ela explica que “[...] a esquizofrenia para a psicologia é uma doença, mas pro povo indígena pode ser mais espiritual”. Segundo a psicóloga, unir a psicologia e os saberes tradicionais, “o espiritualismo”, é um grande desafio, mas afirma também que é possível por meio da articulação com lideranças, pajés que trabalham com ervas e outros profissionais da aldeia.
Também os pareceres técnicos psicológicos no contexto dos povos
indígenas são algo muito novo e com poucas experiências registradas na Psicologia. Um caso recente e bastante significativo desse trabalho de relatoria foi realizado pelo psicólogo Bruno Simões Gonçalves a pedido do Ministério Público Federal (MPF), a fim de verificar quais foram e qual a intensidade dos impactos psicossociais sobre a população Krenak e seu modo de vida a partir da construção de um presídio indígena durante a ditadura entre 1969 e 1973, conforme ele próprio explicou ao CRP-SP, em agosto de 2018, durante o ensejo do Dia Internacional dos Povos Indígenas. Com relação aos resultados do parecer consta que:
No caso da cultura, foi possível identificar o impacto psicossocial do
Reformatório no conjunto de práticas socioculturais e nos valores ético espirituais – cosmovisão – Krenak, elementos fundamentais para esse povo se reproduzir socialmente e se afirmar como povo diferenciado. (...) Esse conjunto de efeitos encontrados é responsável por humilhação social, rebaixamento na sociabilidade comunitária e diminuição aguda de práticas da cultura tradicional. Tais sintomas são responsáveis por graves prejuízos psicológicos ao povo Krenak, constituindo um processo de traumatização psicossocial coletiva extrema que afeta todos os âmbitos da vida social dessa população. (GONÇALVES, 2017, p. 190).
A partir dos conceitos da psicologia social, essa realidade é analisada
com base em trabalho de campo, revisão bibliográfica e do processo judicial (Idem, p. 187). Assim que o psicólogo também é responsável pelo parecer utilizado em Ação Civil Pública (ACP) do Ministério Público Federal (MPF) sobre o genocídio Xavante de Marãiwatsédé do Mato Grosso, que foram removidos de suas terras, confinados e escravizados - processo que desencadeou traumatização psicossocial coletiva (MARTÍN-BARÓ, 1984 apud CREPOP, 2021) e humilhação social (GONÇALVES FILHO, 1998 apud CREPOP, 2021):
Com a remoção, os Xavante Marãiwatsédé foram retirados de seu
território e deixados em outro que desconheciam totalmente. Os indígenas foram lançados sem intermediação em um território que já estava nas mãos de outro grupo. Ou seja, ao serem retirados de suas terras, foram expropriados dos elementos que garantem a autonomia e o empoderamento necessários para sua reprodução social e política. Sem capacidade de uma vida coletiva autônoma, tem início um evidente processo de humilhação social do povo de Marãiwatsédé[1].
A partir de tais constatações de cunho psicológico, atuações dessa
natureza abrem caminho para que a Psicologia contribua diretamente a partir de sua elaboração de documentos com as pautas políticas dos povos, em processos de reparação histórica e demarcação de terras indígenas junto a povos em luta por seus territórios.
Ao mesmo tempo, fornece brechas para a “reparação psicossocial”, cujas
ações devem levar em conta o conjunto de saberes da população atingida por meio de uma incorporação e articulação entre Psicologia e repertório de práticas terapêuticas individuais e coletivas da comunidade (GONÇALVES, p. 194).
Nesse sentido, se faz tarefa para as e os profissionais e Sistema
Conselhos visibilizar esta possibilidade de atuação da psicologia junto aos povos indígenas e se colocar à disposição dessas populações e das instituições que atuam no interior do Sistema de Justiça, a fim de fazer do parecer psicossocial uma ferramenta importante para a saúde coletiva e para a construção do Bem Viver. Coagidos entre o seu mundo originário, sua cultura tradicional e, muitas vezes, o desejo ou a necessidade social, econômica e política de se inserirem nos saberes e culturas ocidentais, os indígenas veem, constantemte, a fragilidade do discurso que os afirma como portadores de culturas próprias e têm que aprender não só a decifrar os signos ocidentais, mas adaptar-se a eles como forma de legitimar sua presença nos espaços de interação. Assim, parte-se da sensibilidade de entender que há conceitos de saúde e de adoecimento próprios de cada povo e a carência da ajuda de profissionais indígenas, que agregam, sem dúvida, mais valor a um saber e uma Ciência, da qual, muitas vezes, não foge a psicologia, com uma estrutura “sexista, racista, genocida, epistemicida,(...) intolerante com a diversidade de pesquisadores e de saberes que podem ser produzidos a partir da inserção de acadêmicos e professores indígenas nas universidades.”(GROSFOGEL, 2016 apud CREPOP, p. 19).
Além disso, há a compreensão de que a situação de instabilidade social
e discriminação étnica a que os indígenas estão sujeitos, os impele para um sofrimento psíquico além de sua compreensão, cultura, percepção de mundo e motiva a criação de um documento que ofereça as diretrizes para a atuação no campo da Psicologia. O Conselho Federal reconhece também a necessidade de revisão de currículos e políticas públicas que, embora a passos lentos, vem
expressando um desejo de mudança desde 2004, quando um grupo de
caciques procurou o Conselho Federal de Psicologia em busca de ajuda sob o argumento de que "para doença de branco índio não tem solução sozinho". (CREPOP, p.13)2 Ao pensarmos na trajetória que o estudante indígena enfrenta até alcançar o meio acadêmico, esse é atravessado por diversas questões sociais, culturais, pessoais e morais que, consequentemente, relacionam-se com sua saúde mental. Visto que para o ingresso nas universidades públicas há cotas para este grupo, assim como no caso do Paraná há um vestibular específico para os povos indígenas, estes possuem tanto direito quanto os demais cidadãos em estar presente nesse meio. Entretanto, apesar dos direitos existirem em lei e teoria, na prática nota-se o distanciamento e marginalização destes povos que apesar de presentes, seguem invisibilizados por falta de acolhimento e adaptação do meio, do pensamento ocidental para a sua inclusão. Dentre as diversas dificuldades enfrentadas para permanecer no ensino superior se encontram: a divergência cultural sobre o sagrado, logo, rituais de menstruação para as estudantes Indígenas e a alimentação específica dos estudantes deste grupo que não coincide, normalmente, com o que é oferecido e o não reconhecimento pelo órgão responsável pelas faculdades em preparar um plano de ensino individualizado (PEI) visando acolher e respeitar esta pluralidade cultural; os meios de transporte precários para os que são aldeados; 2 O documento cita a fonte http://www.crpsp.org.br/portal/midia/fiquedeolho_ver.aspx?id=566, acessado em 03 de out. 2019, não disponível no momento da elaboração do presente texto. a falta de profissionais, de haver pessoas indígenas dentre o corpo docente para que promova um ensino equitativo, com representantes ativos (CREPOP, 2021) e as burocracias demandadas por órgãos externos que gerenciam povos indígenas, apesar de não ser um consenso entre estes que os documentos exigidos e políticas seguidas sejam verdadeiramente adequadas, uma vez que buscam validar quem é e quem não é indígena a partir de uma construção externa a cultura e prática desses povos originários. Todo este compilado de fatores, somado ao fato de uma pessoa indígena fortemente ligada às suas origens conviver em um meio científico e, majoritariamente, carregado pelo conhecimento ocidental, se torna estressante a curto prazo e a médio e longo um desgaste crescente para a sua saúde mental, tendo em vista que, em sua grande maioria, há a presença de conflitos e atritos culturais. Logo, se torna uma constante adaptação e luta por reconhecimento e aceitação do meio sobre suas origens. No Vestibular do Paraná para povos indígenas, um vestibular regional com a participação de universidades públicas do estado, um ponto a ser observado na ficha de inscrição, evidenciando um destes estresses constantes enfrentados, é a obrigação de preencher a que etnia pertence, sendo que não é algo delimitado e estático para eles. Há quem se identifique com uma mistura de dois povos que pertencem à tribo Guarani, por exemplo, há quem se identifique somente com uma que não é a de seu nascimento, mas ao longo da vida construiu mais laços do que com a originária, há quem nasce de pais de etnias distintas e opta por uma delas, apesar de ainda pertencer a outra originalmente, dentre outras formas de identificação (COSTA; CARNIEL, 2021). Esta cobrança parte de um órgão externo que determina a necessidade de uma identificação única para aqueles que não se enxergam da forma como estão exigindo, logo, cai-se novamente em um lugar de silenciamento do estudante indígena para preservar e priorizar uma política que não o acolhe e o respeita devidamente. Além dessas questões, o acesso à universidade pública representa um desafio à parte. Em um país que tem sua história marcada pela violência contra povos originários, pessoas negras e com deficiência, as cotas surgem como reparação histórica e uma ferramenta de ação diante de tantos anos de preconceito. A presença indígena e negra no corpo da universidade nos relembra da importância de considerar a diversidade como um dos pontos mais específicos acerca da história do Brasil. O apagamento da história de nosso país através do genocídio indígena e negro, além de extremamente violento com as mais diversas culturas e existências que se apresentam no território brasileiro, aparece como um projeto histórico que privilegia, desde a invasão do país, as classes sociais mais altas e, principalmente, as pessoas brancas. A universidade no Brasil é fruto da cultura ocidental; um espaço de saberes selecionados, estéreis, pretensiosamente universais e neutros. Segundo Silva e Backes (2015. Pg, 3): A universidade ocidental foi inventada como o lugar privilegiado dos conhecimentos universais, os saberes acadêmicos são superiorizados, uma significação particular é universalizada. Privilegia-se nessa seleção, apesar das diferenças, uma razão, uma verdade, um conhecimento, uma cultura e uma identidade burguesa, culta, erudita, masculina, branca e europeizada, a partir de referências consagradas de instituições, obras e sujeito.
A pretensão de universalidade dos saberes ocidentais entra em questão
quando, em um espaço destinado à produção de conhecimento, culturas distintas encontram-se e relacionam-se, revelando o projeto de manutenção de saberes e consequentemente de poderes que regem a nossa sociedade. A universidade, ainda inspirada nos moldes iluministas, segue à procura de uma verdade que sustente os moldes científicos de conhecimento que privilegia alguns saberes em detrimento de outros. Todos os saberes passam pelo filtro da razão ocidental que delimita quais são válidos e quais não são. Os outros saberes, não-acadêmicos, pela academia precisam ser validados (embranquecidos) para terem força de verdade. Ocorre a prática do racismo epistêmico, operação teórica que afirma que os pensadores ocidentais são os únicos capazes de ter acesso à verdade.Na maioria das vezes, não há comprometimento social. Esse opressor cientificismo ocidental exerce uma grande força na universidade (SILVA E BACKES apud OLIVEIRA, 2015 p.5).
Vale ressaltar que a questão do território é essencial para que possamos
começar uma discussão acerca dos povos indígenas no Brasil. Dispondo do acesso a conhecimentos técnicos e tecnológicos, há uma ampliação da possibilidade de garantia dos direitos indígenas, fazendo com que a presença no espaço universitário seja um objetivo para as pessoas indígenas. A maior presença de acadêmicos negros e indígenas na Educação Superior, proporcionada pelo ativismo de movimentos sociais negros e indígenas e pelas políticas de ação afirmativa (principalmente as cotas), afetam as universidades brasileiras. Negros e indígenas vêm, aos poucos, provocando um processo de ressignificação da academia.(SILVA E BACKES, 2015, p.5) Segundo Maria Aparecida Bergamaschi, o pensamento acerca da vivência de estudantes indígenas na universidade pode ser articulado com a noção de interculturalidade, esta entendida como movimento, processo histórico e constituída nas relações: Interculturalidade é uma expressão polêmica, carregada de polissemia e conflitualidade. Explica Garcia Canclini que interculturalidade remete “à confrontação e ao entrelaçamento, àquilo que sucede quando os grupos entram em relações de troca”; portanto, não é apenas admitir a existência das diferentes culturas, mas aceitar a ideia de que as diferentes culturas estão em constante interação” (BERGAMASCHI apud CANCLINI 2013, p.134)
Para a autora, a relação entre indígenas e não indígenas é ambígua em
relação à construção da interculturalidade. Isso pois, através das relações, geram-se diálogos e aprendizado, bem como uma apreensão da universidade por parte dos indígenas. Porém, é importante ressaltar que esses diálogos partem de uma relação assimétrica, onde os povos indígenas ainda são reduzidos a estereótipos, revelando o preconceito e discriminação.
“O apoio pedagógico consiste em algumas iniciativas, como a
designação de um professor orientador e de um estudante monitor para acompanhar o aluno no primeiro período. Também há na SAE uma equipe de acompanhamento (Pedagoga, Assistente Social e Psicóloga), que controla o desempenho de cada estudante, recebe-os e ou chama para conversar em casos de problemas evidentes, especialmente de infrequência às aulas. (BERGAMISCHI, 2013, p.139).”
Sendo assim, a função do psicólogo é oferecer o suporte necessário,
para auxiliar no direcionamento desses universitários através de uma comunicação atuante com a educação indígena, aprender sobre suas pautas e interceder pelos direitos desses estudantes, garantindo assim que eles possam exercer sua individualidade, visibilizando-os e os incluindo dentro do ambiente acadêmico e mediando para que as demandas dos alunos indígenas sejam atendidas.
A atuação do psicólogo nessa situação deve ser ética e norteada pelos
princípios culturais indígenas, levando em consideração a singularidade, ancestralidade, religiosidade, valores, crenças e costumes desses estudantes. É necessário um olhar minucioso, pois as particularidades de cada povo exigem acolhimentos específicos a fim de evitar situações de desamparo dessas pessoas, contribuindo, assim para saúde mental desses alunos, o bem viver indígena, é mais do que somente a falta dor ou enfermidade, é sobre qualidade de vida ou bem viver dentro das comunidades. Logo, o setor de psicologia deve também estar atento e integrado ao setor de saúde auxiliando tanto na saúde mental quanto na saúde física dos estudantes indígenas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Bergamaschi, Maria Aparecida. Estudantes indígenas no ensino superior e os
caminhos para a interculturalidade. Presente em: Estudantes indígenas no ensino superior: uma abordagem a partir da experiência na UFRGS / Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Comissão de Acompanhamento dos Alunos do Programa de Ações Afirmativas. Comissão de Acesso e Permanência do Estudante Indígena. – Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2013.
CREPOP, CENTRO DE REFERÊNCIA TÉCNICA EM PSICOLOGIA E
POLÍTICAS PÚBLICAS. Conselho Federal de Psicologia: Referências técnicas para atuação de psicólogas(os) junto aos povos indígenas. Brasília 2021. Acesso em 30/03/2022. Disponível em https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2021/05/CREPOP-Povos-ind %C3%ADgenas-consulta-p%C3%BAblica2-1.pdf
SESAI, "Atuação Psicossocial aos Povos Indígenas: Tecendo redes para
promoção do bem viver'', Secretaria Especial de Saúde Indígena, Ministério da Saúde, Brasília, 2019.
Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos.
CONSTITUIÇÃO FEDERAL DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988. Acesso em 25/04/2022. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.
MARCELO ABDALA, ( live saúde mental indígena) ESTÁGIO BÁSICO EM
PROCESSOS PSICOSSOCIAIS E PROMOÇÃO DA SAÚDE - 12/04 - 15:40 às 18:10. Data: 12 abr. 2022 03:41 da tarde São Paulo. Gravação da reunião: https://animaeducacao.zoom.us/rec/share/06Hp8HHXrYYOyM_uOBK- cIXy0URkR8kKDSZeLZPBjQxChuoYhxnN-O_aj88F-zWX.yaMI7ukhQJ6iRUpY A presença da diferença negra e indígena na educação superior e o processo de ressignificação da universidade brasileira. disponível em: https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=5385392, acesso em 23/04/22 Revista Internacional de Educação Superior, ISSN-e 2446- 9424, Vol. 1, Nº. 2, 2015 (Ejemplar dedicado a: out./dez.), págs. 120-135 COSTA, Samuel; CARNIEL, Fagner; Inclusão indígena na educação superior: perspectivas guarani e institucionais, março de 2022. Disponível em: <http://doi.org/10.1590/S1413-24782022270019>. Acesso em: 15/04/2022