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PROJETO DE INTERVENÇÃO “PROMOÇÃO DA SAÚDE

MENTAL PARA UNIVERSITÁRIOS INDÍGENAS”


Grupo: Ana Carolina Ferreira, Carolina Jones Medeiros, Guilherme
Villeroy, Maria de Fátima Delgado Lopes, Suellen Ferreira Guimarães.

Palavras-chave

indígena, universidade, psicologia

Introdução

Em 2012, a partir da lei no. 12.711, decretada pela então presidenta


Dilma Rousseff, a política de cotas tornou-se obrigatória para todas as
instituições federais de educação superior e técnicas de nível médio do Brasil.
Dessa forma, 50% das vagas oferecidas pelas instituições são reservadas para
estudantes que tenham concluído o ensino médio em escolas públicas, bem
como famílias de baixa renda. As vagas de que trata o art. 1º desta Lei serão
preenchidas, por curso e turno, por autodeclarados pretos, pardos e indígenas
e por pessoas com deficiência, em proporção ao total de vagas no mínimo igual
à proporção respectiva de pretos, pardos, indígenas e pessoas com deficiência
na população da unidade da Federação onde está instalada a instituição,
segundo o último censo da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística - IBGE. A lei endossa um dos principais direitos de cada cidadão
brasileiro, o direito à educação.
No interior das universidades do Brasil, tanto particulares quanto
públicas, fica explícito de que forma a exclusão de pessoas não brancas
funciona. A maioria expressiva de alunos e professores é de pessoas brancas,
enquanto outros cargos, historicamente considerados inferiores na hierarquia
social, ficam dispostos para as pessoas não brancas, como serviços gerais e
segurança. Com a política de cotas, o objetivo é tornar o ensino superior no
Brasil mais equânime, levando para dentro das salas de aula outras
existências, histórias e culturas. A solução não é simples, mas extremamente
complexa e atravessada por toda a história de silenciamento que nosso país
carrega. Um silenciamento que exclui, isola e mata.
A presença indígena no ensino superior revela uma série de desafios que
precisam ser abordados como parte imprescindível das discussões no contexto
acadêmico. Justamente porque revela, de muitas formas, como o Brasil se
relaciona com os saberes de suas diversas culturas. Enquanto espaço de
produção e circulação de conhecimento, é necessário que possamos trazer à
tona questões que dizem respeito à própria formação de nossas culturas e de
que forma estamos sustentando alguns saberes/poderes em lugar de privilégio,
enquanto deixamos outros à margem
Há, com a presença indígena nas universidades, além do reconhecimento de
outras formas de existências e saberes, uma importante força política que
reside na possibilidade de interlocução entre os saberes tradicionais indígenas
e os saberes dominantes da sociedade ocidental capitalista. Essa possibilidade
mostra-se como necessária para que possamos dispor em nosso país da
garantia de direitos para os povos indígenas, que há tantos anos vêm sendo
violentados de forma inescrupulosa pelos poderes do Brasil.
Os desafios encontrados pelas pessoas indígenas na universidade são
muitos, desde seu ingresso, passando por aspectos que atravessam sua
permanência no espaço, como o financeiro, a alimentação, a comunicação, as
trocas com outras pessoas não indígenas, sendo “a maior parte deles pautados
pela incompreensão e pelo desconhecimento que prevalece em relação a
esses povos”(Bergamaschi, 2013). Isso ocorre pois, como já apresentado, a
universidade no Brasil continua seguindo caminhos ancorados em uma
pseudouniversalidade e em um conhecimento que se constrói a partir do
apagamento das diferenças, visando um ideal de igualdade, que se ergue
através de uma face eurocêntrica que nem sempre está explícita.
Pensando nesses desafios, é urgente que o corpo discente e docente da
universidade brasileira seja provocado à abertura para discussões acerca da
presença de pessoas indígenas no espaço de ensino. As discussões devem
ser feitas com lideranças indígenas que estejam representando as demandas
de seu povo. São muitos os aspectos a serem pensados quando o assunto é a
permanência do estudante indígena em uma universidade, e por isso, a
urgência de levarmos essas questões para a sala de aula. Se a universidade
está comprometida com a produção de conhecimentos, esses conhecimentos
devem poder circular por diversos espaços e existências, ressaltando a
importância de considerarmos a construção histórica de nossos saberes, para
que possamos rever nossas atitudes diante do que aprendemos, ensinamos e
vivemos.
Assim, dentro da perspectiva de uma universidade realmente universal,
qual seja, intercultural e diversa, propomos um projeto de intervenção (PI)
voltado a uma instituição de ensino superior que receba uma quantidade
significativa de estudantes oriundos de nações originárias do país. Desta forma,
por meio da atuação da Psicologia, sugere-se a mediação entre esta população
e a comunidade acadêmica que os recebe, como forma de auxiliar na
adaptação de ambas as partes a este novo contexto de inclusão, promovendo
a redução do sofrimento mental do estudante indígena que já enfrenta muitos
desafios ao lidar com a rotina e as obrigações acadêmicas.

Problema

O estudante indígena enfrenta, além das demandas acadêmicas usuais,


questões delicadas de adaptação, principalmente pelo fato de ser considerado
como um “Outro”, estrangeiro ao ambiente universitário eurocentrado. O mundo
acadêmico, tradicionalmente cientificista, ocidentalizado e individualista, não
está preparado para acolhê-lo como sujeito de saber e de cultura próprios e
torna-se, assim, fortemente estressor, deixando à margem suas demandas,
invisibilizando sua existência e causando um impacto negativo em sua saúde
mental. Por isso, é importante o fomento de intervenções visando cooperar para
o processo de adaptação e acolhimento dos estudantes indígenas na instituição
de ensino superior, para sua efetiva inclusão.

Justificativa

Há necessidade de proporcionar ao estudante universitário indígena


acolhimento e inclusão que afaste o estigma da “adaptação” deste ao ambiente
acadêmico tradicional e a modificação de seus costumes culturais para se
"encaixar" ao mesmo. É imprescindível que a universidade se flexibilize, de
forma que também se modifique e se adapte aos povos indígenas e suas
culturas, demonstrando como este espaço também lhes pertence como povos
originários deste país. Além do compromisso de reparação social pela política
de exclusão e genocídio histórico, torna-se cada vez mais necessário, numa
sociedade que se pretende pluricultural, o aprendizado da cultura ancestral a
fim de enriquecer o saber universitário que, muitas vezes, limita-se por ser
considerado superior e detentor da tradição científica, segundo a lógica racional
moderna.
Ao buscar a literatura sobre o tema, percebeu-se uma carência de artigos
científicos que abordem a perspectiva da mediação do psicólogo no ambiente
acadêmico interétnico produzindo atividades e conexões que diminuam o
sofrimento mental dos estudantes oriundos das nações indígenas. Faltam
estudos suficientes para proporcionar conhecimento sólido a respeito das
populações indígenas no campo da atuação do psicólogo.
Uma das estudantes pertencentes ao grupo que propõe o presente PI,
tem desenvolvido atividades junto à Aldeia Marakanã, uma proposta de
universidade pluriétnica, de iniciativa indígena, participando da escuta das
questões oriundas do convívio desses aldeados no ambiente universitário da
cidade do Rio de Janeiro. No local foi realizado, em 12 e 13 de março de 2022
o I Encontro de Saúde Mental Indígena, que despertou interesse em conhecer
melhor um assunto pouco discutido e abordado no Curso de Psicologia em
geral. Poderíamos dizer que problematizamos também nossa formação que,
muitas vezes, elitiza a nossa prática e nos afasta de questões próprias da
realidade psicossocial brasileira que requerem um conhecimento de um
contexto étnico e regional específico, permitindo o desenvolvimento criativo de
nossas potencialidades.

Objetivo Geral:

Colaborar com a promoção da inclusão de estudantes indígenas no meio


acadêmico.

Objetivos Específicos:

1) Discutir a respeito das políticas universitárias, identificando seus limites e


potencialidades;

2) Debater coletivamente sobre autoidentificação e sua importância no


contexto universitário e nacional;

3) Auxiliar na organização e articulação de movimentos e coletivos que


visem o acesso a direitos da população indígena universitária;

4) Fomentar um espaço de acolhimento e debate sobre a problemática em


tela, voltado para os universitários indígenas.

Revisão de literatura:

“para que minhas palavras sejam ouvidas longe da floresta,


fiz com que fossem desenhadas na língua dos brancos.” 1

De 21 de maio a 08 de julho de 2021, o Conselho Federal de Psicologia


abriu uma consulta pública, com divulgação em todos os Conselhos Regionais
da Federação, para a elaboração de um documento, as Referências Técnicas
para Atuação de Psicólogas(os) Junto aos Povos Indígenas. O intento, segundo
o documento provisório até o momento criado, seria realizar

“um apanhado de reflexões de profissionais da psicologia, indígenas e


não indígenas, que têm em comum a militância junto à pauta dos povos
indígenas e suas vivências em diferentes contextos, envolvendo
diferentes etnias, no trabalho com saúde indígena, no apoio à garantia
e implementação de políticas públicas como as ações afirmativas de
educação escolar indígena (entre estas a permanência estudantil),
assistência social, educação popular e demandas da população
indígena em contexto urbano no terceiro setor, compreendendo esses
nichos de atuação a partir de uma perspectiva transdisciplinar, isto é, no
diálogo com outras ciências sociais, da saúde, humanas e os saberes
tradicionais.” (CREPOP, 2021, p.6).

Além da necessidade de se elaborar um documento que oriente “a


perspectiva ético-política da abordagem do sofrimento psíquico nas
comunidades indígenas”, (SESAI, 2019, p.7) a consulta revela a urgência de
trazer
“as entidades de representação dos povos indígenas e de toda a
diversidade do povo brasileiro, seus pensamentos e sua práxis para
dentro do Sistema Conselhos, assim como para dentro do nosso saber

e fazer.”(CREPOP, 2021,p.12)

Trata-se de um movimento considerado tardiamente necessário do ponto


de vista da prática psicológica num país com tamanha diversidade cultural e
étnica e, sobretudo, em que a população indígena se mune de tantos novos

1 Kopenawa e Albert. 2015, p. 76 apud CREPOP, 2021


instrumentos também dos “brancos” para enfrentar a dominação e invasão
cultural, econômica e territorial que os assola desde os primórdios deste país.
Assim, estão nas universidades, escolas, comércio, serviço público, justiça,
política. Como cidadãos do Estado Brasileiro, desde a Constituição de 1988,
requerem saúde e outros direitos sociais e previdenciários.
E essa mesma Constituição, na garantia de direitos à educação, saúde e
demarcação de territórios, garante, no artigo 231º, o primeiro do CAPÍTULO VIII
(dos Índios) do Título VIII (da Ordem Social), que

“São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes,


línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras
que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las,
proteger e fazer respeitar todos os seus bens.”

Neste novo contexto social, a legislação brasileira institui o respeito e o


reconhecimento do direito das culturas originárias próprias de cada etnia,
retirando, dos indígenas, o estigma de “incapazes”, na visão ainda
culturalmente evolucionista de tutelados, infantilizados, selvagens, sem
humanidade e sem direitos, que perdurava ainda na vigência do Estatuto do
Índio, Lei 6.001, de 1973. Abre-se então outra perspectiva, cabendo à
sociedade como um todo, desprender-se de velhos estereótipos e aceitar que
“não há um ideal de índio genérico, de modo que se trata de várias etnias e
diversas línguas e, portanto, diversas formas de ser e estar no mundo”
(CREPOP, 2021, p.23).
O território brasileiro comporta cerca de 305 grupos étnicos e 274 línguas
indígenas.(IDEM, p.30) Ao mesmo tempo, não se toleram mais os discursos de
adaptação ou aculturação do indígena à nossa sociedade. Temos que nos
basear, agora, na defesa de uma interculturalidade, de políticas, de sistemas de
saúde, de modalidades de assistência e de ofertas de educação que atentem
para os diversos sistemas simbólicos e diferentes cosmovisões dessas nações
indígenas de cidadãos brasileiros, presentes cada vez mais em nosso cotidiano,
seja pela presença física vizinha, seja pela ocupação de espaços da mídia, seja
pela agenda política.
“Isso significa romper com a tese da incapacidade, pautada no exótico
como prova de inferioridade social, cultural e racional e avançar para a
legitimação do múltiplo e do diverso como parte da totalidade humana.”
(IDEM, p.22)

Não é aceitável, portanto, uma inserção social deste cidadão num


ambiente que não permita a expressão própria do que seja o seu conceito de
saúde e, sobretudo, para o que interessa à intervenção de psicóloga(os), de
saúde mental. Cabe à Psicologia, nessa perspectiva, oferecer

“condições psicossociais para que a pessoa indígena possa ser


indígena em todos os espaços - como paciente em um hospital, como
estudante na Educação Básica, como acadêmica em uma universidade,
como trabalhadora em um processo seletivo, como beneficiária de
programas sociais, como moradora de um bairro ou setor nas cidades
e, principalmente, em seu próprio território.” (IDEM, p.23)

Desta forma, esta ciência não pode se isentar da premência de ouvir


esses povos em suas particularidades culturais, compreendendo, inclusive, para
o que importa ao exercício da profissão, suas noções de corpo e pessoa dentro
de uma subjetividade indígena. Essa atenção passa tanto pelas propostas de
intervenção de povos aldeados, que assim como todos os demais, tentam
resistir para “garantir a continuidade de sua existência e reprodução
sociocultural e, assim, da saúde” (IDEM, p.21), como pela necessidade de
reconhecer naquele cidadão morador, estudante, paciente ou usuário dos
serviços de atenção à saúde mental, um sujeito indígena, cujo bem estar social
implica diretamente em suas condições de saúde. Considerando uma
perspectiva da Psicologia da Libertação, que considera que "é muito mais
importante examinar a situação histórica de nossos povos e suas necessidades
do que estabelecer o âmbito específico da psicologia como ciência ou como
atividade”. (MARTÍN-BARÓ 1996, p. 7-8, apud CREPOP, p. 14), o CFP não se
mantém distante das questões indígenas, reconhecendo como adoecedor os
efeitos do desrespeito econômico e social a estas populações, com frequentes
invasões e ataques a seus ecossistemas e culturas.(CREPOP, p. 13).
Apesar de já existirem os Distritos Sanitários Especiais Indígenas desde
1999, somente em 2007, com regulamentação pela Portaria nr.2 de 28/09/2017,
é que uma diretriz para a política de atenção integral à saúde Mental das
Populações Indígenas foi criada pela Secretaria Especial de Saúde Indígena
(SESAI), que produziu um material com vistas à qualificação da abordagem do
sofrimento psíquico das populações indígenas pelos DSEI.
A conhecida “LEI AROUCA”, Nº 9.836/1999, foi a primeira iniciativa no
sentido de buscar modelos de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas no viés
de uma atenção diferenciada, como reflexo da Constituição de 1988. Sérgio
Arouca, médico sanitarista e político que a propôs, prestou à saúde mental uma
contribuição muito além da reforma sanitária. Ao olhar para a saúde mental
indígena, contribuiu também para se pensar um primeiro modelo de atenção
específica dentro do SUS: os Distritos Sanitários Especiais Indígenas, com a
descentralização da atenção à saúde indígena nos diversos estados (ABDALA,
2022)
A experiência do psicólogo Marcelo Abdala em atendimento psicossocial
às comunidades indígenas do Xingu e da Amazônia, revela a importância da
preservação cultural desses povos também no que diz respeito à saúde mental.
Há inúmeros fatores de adoecimento para as etnias indígenas, a começar pela
desapropriação territorial: “(...) território não é terra. Não é só tirá-los de onde
estão, (...) é lugar de seus alimentos e dos seres, onde estão enterrados seus
ancestrais.” Assim, há 34 DSEIs que compreendem não exatamente os Estados
da Federação, mas uma territorialidade indígena. Abdala cita os exemplos da
etnia Guarani, que está nos estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina e
dos Yanomâmis, que estão na Amazônia brasileira e venezuelana (IDEM).
Atualmente, os indicadores de saúde do SESAI apontam para os
problemas de alcoolismo, a violência decorrente do alcoolismo, muitas vezes e,
os suicídios, comuns entre muitas nações indígenas. Profundamente
relacionadas, estão, no entender deste órgão, com o preconceito sofrido nas
cidades, com a desterritorialização das aldeias e a expropriação cultural, em
ambos os lugares, determinações soócioculturais, questões de famílias e de
mudança em relação ao modo de vida tradicional de seu povo.
A perda de identidade cultural leva a efeitos como o das missões
religiosas dos padres salesianos nas aldeias amazônicas, devastador neste
sentido. Adala informa que, muitas vezes era proibido, além da manifestação
mitológica dos indígenas, até mesmo sua expressão linguística. Sua
desvinculação cultural e as doenças que os acometem representam um grande
sofrimento. Já no Parque Nacional do Xingu que, pela sua origem protegida,
afastou tais invasores, o sistema de saúde permaneceu praticamente o mesmo,
com seus pajés e cuidados tradicionais dividindo a promoção da saúde na
comunidade.(IDEM)
É bom considerar, quando se fala de saúde do indígena, que muitas
vezes, em seus sistemas culturais, a doença está relacionada a um feitiço . Por
isso, a SESAI orienta, em novo documento, sobre a Atenção Psicossocial aos
povos indígenas (SESAI, 2019) que procura complementar as possibilidades de
ação dos DSEIs que, na questão da doença mental, é fundamental enxergar a
perspectiva do coletivo. A doença em geral ultrapassa uma dimensão biológica,
assim como ultrapassa, sobretudo a doença mental, a dimensão subjetiva
individual (IDEM). O sofrimento de “um” está dentro do contexto social, será
tratado pelo Pajé. Ao se ver doente, o indivíduo indígena vai buscar o sistema
tradicional de cuidado, coletivo, de sua própria aldeia e cultura, buscando o
sistema oficial só em último caso.(ABDALA, 2022)
Desta forma, a orientação primordial é que as Equipes Multidisciplinares
de Saúde Indígena, os EMSI, que operam na linha de frente para a primeira
assistência à saúde, saibam também lidar com as questões de saúde mental,
pois já têm um conhecimento mais aprofundado das nações que habitam sua
rede de atenção, tendo a possibilidade também, de melhor comunicação com
as lideranças locais e de oferecer cuidados de forma mais abrangente e
continuada. Se isso não acontece, pode haver, na interpretação da doença do
indígena, aquilo que a antropóloga Luciana Ouriques, citada por Abdalla,
identifica como um “descompasso interpretativo”. Na medicina ocidental, com
sua referência científica e oficial de cuidado, um indígena que chega
“enfeitiçado” é medicalizado e seu delírio é tomado como uma patologia.
(ABDALA, 2022) Passa-se ao largo da estratégia própria de cada povo,
praticada tradicionalmente para o enfrentamento dos males físicos e mentais de
seus membros.
Desta forma, como enxergar o fazer do psicólogo num contexto
indígena? A aproximação da Psicologia com os povos indígenas ainda é
“tímida”, recente do ponto de vista da história da profissão, e requer
negociações de saberes. Nesta perspectiva, a Psicologia com suas concepções
epistemológicas dominantes, precisa se “reinventar” para atravessar a fronteira
da cosmovisão indígena. É como se ainda estivéssemos nos conhecendo,
sendo necessário nos despir e nos apresentarmos, expondo as nossas mais
dolorosas fragilidades. Temos, de um lado, os indígenas pedindo apoio para
enfrentamento e superação das violências e violações que sofrem há décadas;
e por outro, temos a Psicologia, assumindo que, diante de outras tantas
demandas, negligenciou seu olhar para as subjetividades indígenas. Éramos
como estranhos, mas sabemos o quanto podemos contribuir um com o outro.
Mesmo tímidos, já se processam inúmeras iniciativas para tornar esse encontro
afetivo e efetivo.

Notamos importantes encontros e diálogos frutíferos como na


aproximação com lideranças indígenas e estudantes de outras áreas de
conhecimento. Sobre esta aproximação e relação é importante a fala da
Indígena Eliene Rodrigues Putira Sacuena, que relata esse percorrer de
proximidades da Psicologia com os povos e as dificuldades e expectativas
sobre as possibilidades dessa aproximação.

[...] Eu sou Indígena da etnia Baré, consigo observar o quanto a


psicologia vem passando por uma transição que acredito ser muito
positiva, por que falo isso? pois então, antes a psicologia estava muito
longe em relação aos povos indígenas, era algo muito distante, por
exemplo só víamos um ou uma psicóloga quando acontecia um
enforcamento de uma ou um indígena, ou até mesmo outros tipos de
suicídios. Não existia uma relação para um atendimento diferenciado
que respeitasse as especificidades culturais das etnias onde o suicídio
acontecia, funcionava somente um atendimento de intervenção, algo
muito rápido e desapareciam, ninguém mais ouvia falar até outro
acontecimento de violência.

A discussão e entendimento sobre povos indígenas deveria de


fato acontecer na academia, é onde acontece toda formação desses ou
dessas profissionais. Porquê dessa forma a psicóloga ou psicólogo já
vai ter um melhor atendimento e conhecimento sobre as especificidades
culturais dos povos indígenas. Como a maioria das universidades não
têm disciplinas nesse contexto, os ou as psicólogas acima de tudo
precisam respeitar nós povos indígenas como seres humanos e que as
especificidades culturais são diversas e que o modo de vida deve ser
de fato respeitados, porém para isso é necessário buscar e entender
quem somos nós, que a minha ou meu pajé é tanto “médico” quanto o
médico na sociedade não indígena. A formação para o não indígena
interagir com nós povos indígenas é preciso se despir de tudo que vive
na sociedade não indígena para poder compreender nossas
cosmogenias e epistemologias, onde tudo na nossa cultura está
interligado com o todo no mundo ou seja território, saúde e educação,
onde o meu ser indígena não vive isoladamente e sim com a minha
música, cantos, dança, rituais, xamãs, comidas, florestas, rios, céus

Precisamos construir uma psicologia amazônica que respeite


as especificidades culturais de seus povos, onde ela passe de
interventora para atuadora continua nesses povos que precisam de um
olhar e entendimento com todo respeito. Que essa psicologia possa
dialogar com as cosmologias e epistemologias dos povos da Amazônia

(Sacuena, 2019 apud CREPOP, 2021).

Neste sentido, a referência técnica do CREPOP contou com a


colaboração direta de três psicólogos indígenas: Edinaldo Xukuru, João Irineu
Potiguara e Edilaise (Nita) do povo Tuxá. Mas, as vozes se ampliam com:
Glycya Macuxi, Vanessa Terena, Fernanda dos Santos Mendes, Thaynara
Xerente, Mirian Tembé, Hendrix Wapixana, Ezequiel Tikuna, Analice Baré,
Orayde Nambikwara e Gardeni Juruna - esses indígenas psicólogas e
psicólogos reforçam que no encontro da Psicologia com os indígenas, haja
primariamente a superação dos modelos etnocêntricos e de abordagem
clássicas; anseiam que os profissionais possam se “politizar”, superando
estigmas e preconceitos eurocêntricos, ao ponto de conhecer a história do
sujeito-indígena e do seu coletivo atrelada a toda complexidade que é o seu
existir.

Para Fernanda dos Santos Mendes, do povo Terena - única psicóloga no


Pólo Aquidauana, que atende 15 aldeias e 1 retomada no Mato Grosso do Sul,
cerca de 8 mil indígenas - “há toda uma cultura, uma psicologia indígena”. Ela
explica que “[...] a esquizofrenia para a psicologia é uma doença, mas pro povo
indígena pode ser mais espiritual”. Segundo a psicóloga, unir a psicologia e os
saberes tradicionais, “o espiritualismo”, é um grande desafio, mas afirma
também que é possível por meio da articulação com lideranças, pajés que
trabalham com ervas e outros profissionais da aldeia.

Também os pareceres técnicos psicológicos no contexto dos povos


indígenas são algo muito novo e com poucas experiências registradas na
Psicologia. Um caso recente e bastante significativo desse trabalho de relatoria
foi realizado pelo psicólogo Bruno Simões Gonçalves a pedido do Ministério
Público Federal (MPF), a fim de verificar quais foram e qual a intensidade dos
impactos psicossociais sobre a população Krenak e seu modo de vida a partir
da construção de um presídio indígena durante a ditadura entre 1969 e 1973,
conforme ele próprio explicou ao CRP-SP, em agosto de 2018, durante o ensejo
do Dia Internacional dos Povos Indígenas. Com relação aos resultados do
parecer consta que:

No caso da cultura, foi possível identificar o impacto psicossocial do


Reformatório no conjunto de práticas socioculturais e nos valores ético
espirituais – cosmovisão – Krenak, elementos fundamentais para esse
povo se reproduzir socialmente e se afirmar como povo diferenciado.
(...) Esse conjunto de efeitos encontrados é responsável por
humilhação social, rebaixamento na sociabilidade comunitária e
diminuição aguda de práticas da cultura tradicional. Tais sintomas são
responsáveis por graves prejuízos psicológicos ao povo Krenak,
constituindo um processo de traumatização psicossocial coletiva
extrema que afeta todos os âmbitos da vida social dessa população.
(GONÇALVES, 2017, p. 190).

A partir dos conceitos da psicologia social, essa realidade é analisada


com base em trabalho de campo, revisão bibliográfica e do processo judicial
(Idem, p. 187). Assim que o psicólogo também é responsável pelo parecer
utilizado em Ação Civil Pública (ACP) do Ministério Público Federal (MPF) sobre
o genocídio Xavante de Marãiwatsédé do Mato Grosso, que foram removidos
de suas terras, confinados e escravizados - processo que desencadeou
traumatização psicossocial coletiva (MARTÍN-BARÓ, 1984 apud CREPOP,
2021) e humilhação social (GONÇALVES FILHO, 1998 apud CREPOP, 2021):

Com a remoção, os Xavante Marãiwatsédé foram retirados de seu


território e deixados em outro que desconheciam totalmente. Os indígenas
foram lançados sem intermediação em um território que já estava nas mãos de
outro grupo. Ou seja, ao serem retirados de suas terras, foram expropriados dos
elementos que garantem a autonomia e o empoderamento necessários para
sua reprodução social e política. Sem capacidade de uma vida coletiva
autônoma, tem início um evidente processo de humilhação social do povo de
Marãiwatsédé[1].

A partir de tais constatações de cunho psicológico, atuações dessa


natureza abrem caminho para que a Psicologia contribua diretamente a partir de
sua elaboração de documentos com as pautas políticas dos povos, em
processos de reparação histórica e demarcação de terras indígenas junto a
povos em luta por seus territórios.

Ao mesmo tempo, fornece brechas para a “reparação psicossocial”, cujas


ações devem levar em conta o conjunto de saberes da população atingida por
meio de uma incorporação e articulação entre Psicologia e repertório de
práticas terapêuticas individuais e coletivas da comunidade (GONÇALVES, p.
194).

Nesse sentido, se faz tarefa para as e os profissionais e Sistema


Conselhos visibilizar esta possibilidade de atuação da psicologia junto aos
povos indígenas e se colocar à disposição dessas populações e das instituições
que atuam no interior do Sistema de Justiça, a fim de fazer do parecer
psicossocial uma ferramenta importante para a saúde coletiva e para a
construção do Bem Viver.
Coagidos entre o seu mundo originário, sua cultura tradicional e, muitas
vezes, o desejo ou a necessidade social, econômica e política de se inserirem
nos saberes e culturas ocidentais, os indígenas veem, constantemte, a
fragilidade do discurso que os afirma como portadores de culturas próprias e
têm que aprender não só a decifrar os signos ocidentais, mas adaptar-se a eles
como forma de legitimar sua presença nos espaços de interação.
Assim, parte-se da sensibilidade de entender que há conceitos de saúde
e de adoecimento próprios de cada povo e a carência da ajuda de profissionais
indígenas, que agregam, sem dúvida, mais valor a um saber e uma Ciência, da
qual, muitas vezes, não foge a psicologia, com uma estrutura
“sexista, racista, genocida, epistemicida,(...) intolerante com a
diversidade de pesquisadores e de saberes que podem ser produzidos
a partir da inserção de acadêmicos e professores indígenas nas
universidades.”(GROSFOGEL, 2016 apud CREPOP, p. 19).

Além disso, há a compreensão de que a situação de instabilidade social


e discriminação étnica a que os indígenas estão sujeitos, os impele para um
sofrimento psíquico além de sua compreensão, cultura, percepção de mundo e
motiva a criação de um documento que ofereça as diretrizes para a atuação no
campo da Psicologia. O Conselho Federal reconhece também a necessidade de
revisão de currículos e políticas públicas que, embora a passos lentos, vem

expressando um desejo de mudança desde 2004, quando um grupo de


caciques procurou o Conselho Federal de Psicologia em busca de
ajuda sob o argumento de que "para doença de branco índio não tem
solução sozinho". (CREPOP, p.13)2
Ao pensarmos na trajetória que o estudante indígena enfrenta até
alcançar o meio acadêmico, esse é atravessado por diversas questões sociais,
culturais, pessoais e morais que, consequentemente, relacionam-se com sua
saúde mental. Visto que para o ingresso nas universidades públicas há cotas
para este grupo, assim como no caso do Paraná há um vestibular específico
para os povos indígenas, estes possuem tanto direito quanto os demais
cidadãos em estar presente nesse meio. Entretanto, apesar dos direitos
existirem em lei e teoria, na prática nota-se o distanciamento e marginalização
destes povos que apesar de presentes, seguem invisibilizados por falta de
acolhimento e adaptação do meio, do pensamento ocidental para a sua
inclusão.
Dentre as diversas dificuldades enfrentadas para permanecer no ensino
superior se encontram: a divergência cultural sobre o sagrado, logo, rituais de
menstruação para as estudantes Indígenas e a alimentação específica dos
estudantes deste grupo que não coincide, normalmente, com o que é oferecido
e o não reconhecimento pelo órgão responsável pelas faculdades em preparar
um plano de ensino individualizado (PEI) visando acolher e respeitar esta
pluralidade cultural; os meios de transporte precários para os que são aldeados;
2 O documento cita a fonte http://www.crpsp.org.br/portal/midia/fiquedeolho_ver.aspx?id=566,
acessado em 03 de out. 2019, não disponível no momento da elaboração do presente texto.
a falta de profissionais, de haver pessoas indígenas dentre o corpo docente
para que promova um ensino equitativo, com representantes ativos (CREPOP,
2021) e as burocracias demandadas por órgãos externos que gerenciam povos
indígenas, apesar de não ser um consenso entre estes que os documentos
exigidos e políticas seguidas sejam verdadeiramente adequadas, uma vez que
buscam validar quem é e quem não é indígena a partir de uma construção
externa a cultura e prática desses povos originários. Todo este compilado de
fatores, somado ao fato de uma pessoa indígena fortemente ligada às suas
origens conviver em um meio científico e, majoritariamente, carregado pelo
conhecimento ocidental, se torna estressante a curto prazo e a médio e longo
um desgaste crescente para a sua saúde mental, tendo em vista que, em sua
grande maioria, há a presença de conflitos e atritos culturais. Logo, se torna
uma constante adaptação e luta por reconhecimento e aceitação do meio sobre
suas origens.
No Vestibular do Paraná para povos indígenas, um vestibular regional
com a participação de universidades públicas do estado, um ponto a ser
observado na ficha de inscrição, evidenciando um destes estresses constantes
enfrentados, é a obrigação de preencher a que etnia pertence, sendo que não é
algo delimitado e estático para eles. Há quem se identifique com uma mistura
de dois povos que pertencem à tribo Guarani, por exemplo, há quem se
identifique somente com uma que não é a de seu nascimento, mas ao longo da
vida construiu mais laços do que com a originária, há quem nasce de pais de
etnias distintas e opta por uma delas, apesar de ainda pertencer a outra
originalmente, dentre outras formas de identificação (COSTA; CARNIEL, 2021).
Esta cobrança parte de um órgão externo que determina a necessidade de uma
identificação única para aqueles que não se enxergam da forma como estão
exigindo, logo, cai-se novamente em um lugar de silenciamento do estudante
indígena para preservar e priorizar uma política que não o acolhe e o respeita
devidamente.
Além dessas questões, o acesso à universidade pública representa um
desafio à parte. Em um país que tem sua história marcada pela violência contra
povos originários, pessoas negras e com deficiência, as cotas surgem como
reparação histórica e uma ferramenta de ação diante de tantos anos de
preconceito. A presença indígena e negra no corpo da universidade nos
relembra da importância de considerar a diversidade como um dos pontos mais
específicos acerca da história do Brasil. O apagamento da história de nosso
país através do genocídio indígena e negro, além de extremamente violento
com as mais diversas culturas e existências que se apresentam no território
brasileiro, aparece como um projeto histórico que privilegia, desde a invasão do
país, as classes sociais mais altas e, principalmente, as pessoas brancas.
A universidade no Brasil é fruto da cultura ocidental; um espaço de saberes
selecionados, estéreis, pretensiosamente universais e neutros. Segundo Silva e
Backes (2015. Pg, 3):
A universidade ocidental foi inventada como o lugar privilegiado dos
conhecimentos universais, os saberes acadêmicos são
superiorizados, uma significação particular é universalizada.
Privilegia-se nessa seleção, apesar das diferenças, uma razão, uma
verdade, um conhecimento, uma cultura e uma identidade burguesa,
culta, erudita, masculina, branca e europeizada, a partir de referências
consagradas de instituições, obras e sujeito.

A pretensão de universalidade dos saberes ocidentais entra em questão


quando, em um espaço destinado à produção de conhecimento, culturas
distintas encontram-se e relacionam-se, revelando o projeto de manutenção de
saberes e consequentemente de poderes que regem a nossa sociedade. A
universidade, ainda inspirada nos moldes iluministas, segue à procura de uma
verdade que sustente os moldes científicos de conhecimento que privilegia
alguns saberes em detrimento de outros. Todos os saberes passam pelo filtro
da razão ocidental que delimita quais são válidos e quais não são.
Os outros saberes, não-acadêmicos, pela academia precisam ser
validados (embranquecidos) para terem força de verdade. Ocorre a
prática do racismo epistêmico, operação teórica que afirma que os
pensadores ocidentais são os únicos capazes de ter acesso à
verdade.Na maioria das vezes, não há comprometimento social. Esse
opressor cientificismo ocidental exerce uma grande força na
universidade (SILVA E BACKES apud OLIVEIRA, 2015 p.5).

Vale ressaltar que a questão do território é essencial para que possamos


começar uma discussão acerca dos povos indígenas no Brasil. Dispondo do
acesso a conhecimentos técnicos e tecnológicos, há uma ampliação da
possibilidade de garantia dos direitos indígenas, fazendo com que a presença
no espaço universitário seja um objetivo para as pessoas indígenas.
A maior presença de acadêmicos negros e indígenas na Educação
Superior, proporcionada pelo ativismo de movimentos sociais negros e
indígenas e pelas políticas de ação afirmativa (principalmente as
cotas), afetam as universidades brasileiras. Negros e indígenas vêm,
aos poucos, provocando um processo de ressignificação da
academia.(SILVA E BACKES, 2015, p.5)
Segundo Maria Aparecida Bergamaschi, o pensamento acerca da
vivência de estudantes indígenas na universidade pode ser articulado com a
noção de interculturalidade, esta entendida como movimento, processo
histórico e constituída nas relações:
Interculturalidade é uma expressão polêmica, carregada de polissemia
e conflitualidade. Explica Garcia Canclini que interculturalidade remete
“à confrontação e ao entrelaçamento, àquilo que sucede quando os
grupos entram em relações de troca”; portanto, não é apenas admitir a
existência das diferentes culturas, mas aceitar a ideia de que as
diferentes culturas estão em constante interação” (BERGAMASCHI
apud CANCLINI 2013, p.134)

Para a autora, a relação entre indígenas e não indígenas é ambígua em


relação à construção da interculturalidade. Isso pois, através das relações,
geram-se diálogos e aprendizado, bem como uma apreensão da universidade
por parte dos indígenas. Porém, é importante ressaltar que esses diálogos
partem de uma relação assimétrica, onde os povos indígenas ainda são
reduzidos a estereótipos, revelando o preconceito e discriminação.

“O apoio pedagógico consiste em algumas iniciativas, como a


designação de um professor orientador e de um estudante
monitor para acompanhar o aluno no primeiro período.
Também há na SAE uma equipe de acompanhamento
(Pedagoga, Assistente Social e Psicóloga), que controla o
desempenho de cada estudante, recebe-os e ou chama para
conversar em casos de problemas evidentes, especialmente
de infrequência às aulas. (BERGAMISCHI, 2013, p.139).”

Sendo assim, a função do psicólogo é oferecer o suporte necessário,


para auxiliar no direcionamento desses universitários através de uma
comunicação atuante com a educação indígena, aprender sobre suas pautas e
interceder pelos direitos desses estudantes, garantindo assim que eles possam
exercer sua individualidade, visibilizando-os e os incluindo dentro do ambiente
acadêmico e mediando para que as demandas dos alunos indígenas sejam
atendidas.

A atuação do psicólogo nessa situação deve ser ética e norteada pelos


princípios culturais indígenas, levando em consideração a singularidade,
ancestralidade, religiosidade, valores, crenças e costumes desses estudantes.
É necessário um olhar minucioso, pois as particularidades de cada povo exigem
acolhimentos específicos a fim de evitar situações de desamparo dessas
pessoas, contribuindo, assim para saúde mental desses alunos, o bem viver
indígena, é mais do que somente a falta dor ou enfermidade, é sobre qualidade
de vida ou bem viver dentro das comunidades. Logo, o setor de psicologia deve
também estar atento e integrado ao setor de saúde auxiliando tanto na saúde
mental quanto na saúde física dos estudantes indígenas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Bergamaschi, Maria Aparecida. Estudantes indígenas no ensino superior e os


caminhos para a interculturalidade. Presente em: Estudantes indígenas no
ensino superior: uma abordagem a partir da experiência na UFRGS /
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Comissão de Acompanhamento
dos Alunos do Programa de Ações Afirmativas. Comissão de Acesso e
Permanência do Estudante Indígena. – Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2013.

CREPOP, CENTRO DE REFERÊNCIA TÉCNICA EM PSICOLOGIA E


POLÍTICAS PÚBLICAS. Conselho Federal de Psicologia: Referências técnicas
para atuação de psicólogas(os) junto aos povos indígenas. Brasília 2021.
Acesso em 30/03/2022. Disponível em
https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2021/05/CREPOP-Povos-ind
%C3%ADgenas-consulta-p%C3%BAblica2-1.pdf

SESAI, "Atuação Psicossocial aos Povos Indígenas: Tecendo redes para


promoção do bem viver'', Secretaria Especial de Saúde Indígena, Ministério da
Saúde, Brasília, 2019.

Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos.


CONSTITUIÇÃO FEDERAL DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE
1988. Acesso em 25/04/2022. Disponível em
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.

MARCELO ABDALA, ( live saúde mental indígena) ESTÁGIO BÁSICO EM


PROCESSOS PSICOSSOCIAIS E PROMOÇÃO DA SAÚDE - 12/04 - 15:40 às
18:10. Data: 12 abr. 2022 03:41 da tarde São Paulo. Gravação da reunião:
https://animaeducacao.zoom.us/rec/share/06Hp8HHXrYYOyM_uOBK-
cIXy0URkR8kKDSZeLZPBjQxChuoYhxnN-O_aj88F-zWX.yaMI7ukhQJ6iRUpY
A presença da diferença negra e indígena na educação superior e o processo
de ressignificação da universidade brasileira.
disponível em: https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=5385392,
acesso em 23/04/22 Revista Internacional de Educação Superior, ISSN-e 2446-
9424, Vol. 1, Nº. 2, 2015 (Ejemplar dedicado a: out./dez.), págs. 120-135
COSTA, Samuel; CARNIEL, Fagner; Inclusão indígena na educação superior:
perspectivas guarani e institucionais, março de 2022. Disponível em:
<http://doi.org/10.1590/S1413-24782022270019>. Acesso em: 15/04/2022

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