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Teixeira de Freitas – BA
2024
INTRODUÇÃO
No vasto território brasileiro, onde a pluralidade cultural e étnica se entrelaça,
encontra-se um patrimônio inestimável de saberes ancestrais e tradições que são as
comunidades indígenas. A história do país é marcada pela convivência milenar desses
povos com o ambiente natural e suas crenças, culminando em uma riqueza cultural que
deve ser preservada e celebrada. Nesse contexto, a educação indígena aparece como um
pilar fundamental, não apenas para a propagação de conhecimentos, mas também para a
afirmação das identidades étnicas e o desenvolvimento de uma sociedade mais justa e
inclusiva.
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
do censo de 2022, atualmente no estado da Bahia habitam 229 mil indígenas, sendo o
segundo estado brasileiro recenseado com a maior população desse grupo ético, estão
concentrados na região no sul do estado, a capital do estado, Salvador, encontra - se o
maior contingente de pessoas que se autodeclaram indígenas. Levando em conta as
terras demarcadas na Bahia, a maioria dos povos indígenas reside principalmente em 13
municípios. Essa população segue, em termos absolutos, sendo o município de Porto
Seguro com o segundo maior concentração de pessoas que se autodeclaram, onde 5.117
indígenas habitavam as terras demarcadas, seguido pelas cidades de Santa Cruz
Cabrália, com 2.654 indígenas e Banzaê com 2.625 indígenas.
Com esse vasto território indígena a ser estudado nesta pesquisa, inicia-se com a
Constituição Brasileira de 1988, com o reconhecimento dos direitos indígenas inserido
na educação como um aspecto importante para a evolução dos seus direitos. A
Constituição estabelece diretrizes específicas para a educação indígena, reconhecendo a
importância de preservar as línguas, culturas e tradições dos povos indígenas,
conseguindo estabelecer que o ensino seja ministrado com respeito à identidade e à
realidade cultural de cada comunidade.
A promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) em
1996 no Brasil constituiu um marco legislativo que delineou os princípios e
regulamentações fundamentais para a organização do sistema educacional do país. No
que diz respeito ao domínio da educação indígena, a LDB consagrou o reconhecimento
da importância primordial de além disso, a LDB endossou a presença de professores
indígenas, a localização estratégica de estabelecimentos de ensino em terras indígenas.
As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica de 2013 destacam a
educação indígena como um direito fundamental das comunidades originárias,
confirmando a diversidade cultural, linguística e territorial dos povos indígenas. Isso
inclui a preservação dos conhecimentos tradicionais, saberes sistematizados, bem como
a valorização das línguas, tradições e estilos de vida dessas comunidades.
Adentro junto com a descolonização enfatizando as capacidades e as limitações
de compreensão e ação inerentes a cada sistema de conhecimento só podem ser
plenamente apreendidas quando esse sistema se apresenta um diálogo comparativo com
outros sistemas. Tal integração culmina na geração de experiências transformadoras que
promovem a construção de um projeto de educação popular, no qual os diversos tipos
de sabedoria e a ciência colaboram em igualdade de condições.
Segundo Masolo (2009) as disciplinas científicas possuem fundamentos
enraizados em contextos locais específicos, podem-se sustentar que, quando
comparadas entre si, podem ser consideradas como manifestações de etno-ciências.
Com as diferentes áreas da ciência têm raízes em contextos culturais específicos e, ao
compará-las, podemos ver que refletem elementos da cultura em que se desenvolvem,
em suas teorias, métodos e conceitos.
Assinalando a discussão da história da educação indígena a partir das leis, o
presente projeto, compreendendo o conhecimento da ciência, também conhecida como
visão de mundo científico, refere-se à perspectiva fundamental adotada pela ciência para
entender o mundo natural. É um conjunto de previsões, crenças e valores que moldam a
maneira como os cientistas abordam a investigação, a explicação e a compreensão dos
fenômenos naturais. A cosmovisão da ciência está enraizada em princípios como
empirismo, objetividade, racionalidade e busca por evidências empíricas verificáveis.
O ensino de ciências desempenha um papel fundamental na educação, pois
busca proporcionar aos alunos uma compreensão sólida do mundo natural que nos
cerca. Ao longo das aulas, os alunos têm a oportunidade de explorar os princípios
subjacentes às leis da natureza, desenvolver habilidades de pensamento crítico e
aprender a abordar problemas complexos de maneira sistemática. Segundo Jesus (2019)
pensar um ensino de Ciências que promova a formação cidadã exige reformular a
formação de professores no que tange às concepções e aos valores de ciência
elucidados. A formação de professores deve incluir a reflexão sobre as implicações da
ciência na sociedade, os desafios éticos envolvidos na pesquisa científica e a
importância da cidadania científica.
As escolas indígenas e a disciplina de ciências desempenham um papel crucial
na formação educacional dos povos indígenas, promovendo uma abordagem que
considera tanto a preservação das tradições culturais quanto o acesso ao conhecimento
científico moderno. Essa abordagem integrada busca respeitar as cosmologias, práticas
agrícolas, medicina tradicional e outras formas de conhecimento ancestral dos povos
indígenas, ao mesmo tempo em que oferece uma base de conhecimento nas ciências
naturais. Essa discussão será aportada pelos seguintes referenciais: Baniwa. (2019),
Munduruku (2009), Grupioni (2006), Krenak (2020).
Segundo Baniwa (2019) a escola indígena intercultural tem seguido
predominantemente a primeira abordagem, que visa capacitar os indivíduos indígenas
para promover um diálogo com menos desigualdades, menor assimetria e menos
hierarquia, tanto dentro quanto fora do ambiente aldeia/escola. Essa abordagem busca
capacitar os membros das comunidades indígenas para que possam facilitar conversas
mais equitativas, reduzindo as disparidades, minimizando as discrepâncias e diminuindo
as estruturas hierárquicas. Isso se estende tanto nos espaços da aldeia e da escola como
em contextos externos. Dessa maneira, a escola busca fortalecer a capacidade dos
indígenas de engajar-se em interações mais justas e balanceadas, promovendo uma
compreensão compartilhada entre diferentes grupos culturais.
Com o pensamento de Munduruku (2009) a educação é o fator que concretiza o
significado do ser como indivíduo, é a educação que transforma um simples ato
cotidiano em resultados diversos e variados que permitem não somente sobreviver, mas
evoluir no mundo e na mente. Ela não apenas nos capacita a adquirir competências
práticas, mas também nos incita a questionar, refletir e expandir constantemente nossos
horizontes, permitindo um desenvolvimento pessoal contínuo e uma compreensão mais
profunda do mundo ao nosso redor.
Para Grupioni (2006) a educação nas escolas indígenas é atualmente um cenário
onde se confrontam ideias e ações sobre o papel dos índios na sociedade brasileira.
Aqui, leis inovadoras se chocam com métodos antiquados, enquanto os povos indígenas
trabalham para alcançar uma cidadania renovada. Na educação oferecida pelas escolas
indígenas, observa-se um cenário em que se entrelaçam diferentes perspectivas e
iniciativas relacionadas ao papel dos indivíduos indígenas na sociedade brasileira. Esse
contexto é marcado pelo embate entre leis progressistas e abordagens ultrapassadas, ao
passo que as comunidades indígenas se empenham em buscar uma cidadania
revitalizada.
De acordo com Krenak (2020) a educação tem suas raízes na interação
constante com a vida cotidiana. Uma eventual capacidade de liderança de uma criança
surgirá a partir de experiências diárias de cooperação com os demais, em vez de ser
moldada pela competição. A base da educação reside na interação contínua com a
realidade do dia a dia. Sua compreensão reflete uma perspectiva que valoriza a
cooperação e a interdependência como resultados de desenvolvimento e liderança.
Como podemos perceber através de alguns teóricos da área indígena, que foi exposto até
aqui, há inúmeras discussões e proposições, o ensino de ciências nas escolas indígenas
tem se deparado com uma complexa problemática que requer uma abordagem sensível e
culturalmente consciente. A questão central reside na reconciliação entre os
conhecimentos tradicionais das comunidades indígenas e os conteúdos científicos
ocidentais impostos pelo currículo convencional.
Nesse contexto, surge uma indagação de como a ciências com os saberes do
ocidente é transmitida na escola indígena? Desafiando desenvolver uma pesquisa que
valorize e integre os saberes ancestrais dos povos indígenas, reconhecendo a profunda
relação que eles têm com a natureza e o ambiente ao seu redor. Muitas vezes, os
métodos de ensino padronizados não conseguem capturar a riqueza do conhecimento
transmitido oralmente pelos professores, prejudicando a compreensão das conexões
intrínsecas entre a terra, os seres vivos e o cosmos.
Acredito também que esta pesquisa possui uma significativa relevância social
para o estudo da área, uma vez que, as diversas trocas de informações que são
estabelecidas entre professor e a comunidade indígena, permitem não somente colaborar
com a comunidade com os conhecimentos científicos por trás de todos os processos
cotidianamente realizados por eles, como também retorna ao professor diversos
aspectos do conhecimento empírico por eles carregadas através de gerações.
Considerando a diversidade significativa de etnias, é fundamental abordar a
educação escolar indígena de maneira minuciosa, levando em consideração as
particularidades de cada grupo étnico. Isso implica em uma análise detalhada das
práticas educacionais internas, das estruturas de organização e tomada de decisão de
cada povo, bem como dos métodos específicos pelos quais o conhecimento é
transmitido.
OBJETIVOS
OBJETIVO GERAL
Compreender o processo de ensino das disciplinas de ciências no contexto do
Colégio Estadual Indígena Coroa Vermelha, direcionado às classes do 6º ao 9º ano.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Investigar as metodologias empregadas na ministração das aulas de
ciências naturais nas escolas;
Analisar a influência dos conteúdos curriculares do componente de
Ciências na conformação da relação entre o ser humano e o meio
ambiente, considerando os conteúdos curriculares da mesma disciplina;
METODOLOGIA
Esta pesquisa é de natureza qualitativa, pesquisa esta que abrange, “uma
metodologia de investigação que enfatiza a descrição, a indução, a teoria fundamentada
e o estudo das percepções pessoais” (BOGDAN; BIKLEN 1994, p.11.). Conseguindo
compreender o ensino dentro do colégio. A pesquisa se divide em três etapas: 1º)
seleção dos objetos de estudo; 2º) investigar a metodologia pedagógica utilizada durante
as aulas; 3º) analisar a relação estabelecida entre os saberes empíricos e científicos. A
seguir, encontra-se a descrição pormenorizada das fases:
ORÇAMENTO
DESCRIÇÃO VALORES ESTIMADOS (RS)
MATERIAL DE CONSUMO
Material de expediente 100,00
Encadernação e copias 100,00
Outros serviços 100,00
MATERIAL BIBLIOGRÁFICO
Compra de Livro 60,00
RECURSOS PARA VIAGEM
Passagens + Transporte 250,00
Diárias 550,00
Alimentação e bebida 300,00
TOTAL 1.460
KREKANK, Ailton. Futuro Ancestral. São Paulo: Editora Schwarcz S.A, 2022.