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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

INSTITUTO DE ASTRONOMIA, GEOFÍSICA E CIÊNCIAS ATMOSFÉRICAS

TESE DE DOUTORADO

MECANISMOS FOCAIS E ESFORÇOS LITOSFÉRICOS


NO BRASIL

Afonso Emidio de Vasconcelos Lopes

Orientador: Prof. Dr. Marcelo Assumpção

Tese apresentada ao Instituto de Astronomia,


Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade
de São Paulo, como parte dos requisitos para
obtenção do título de Doutor em Ciências.

SÃO PAULO
Novembro, 2008
i

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha esposa Luciana e a minha filha Júlia, sem as quais não

teria um motivo real para me superar e inovar em um mundo de desafios e oportunidades.

A melhor maneira de prever o futuro é inventá-lo!


(Alan Kay, cientista norte americano)

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


ii

AGRADECIMENTOS

Gostaria de expressar os meus sinceros agradecimentos a todas as pessoas que realmente


puderam contribuir durante as diferentes etapas envolvidas desde o começo até o fim desta
Tese. Inicio pela minha família, que sempre esteve ao meu lado em todos os momentos, e em
especial a minha esposa Luciana e a minha filha Júlia, pelo amor e apoio incondicional.

Ao meu orientador e amigo, Professor Dr. Marcelo Assumpção pela valiosa orientação no
desenvolvimento deste trabalho e pelo permanente estímulo e amizade, sem os quais
provavelmente hoje eu não seria um sismólogo e não teria uma visão científica plena.

Ao meu sócio e amigo, Professor Dr. Jesus Berrocal pela grande amizade e pelo apoio durante
toda a fase de escrita deste trabalho, e por estarmos juntos todos os dias superando novos
desafios na construção de uma empresa que visa o desenvolvimento de pesquisas e inovações na
área de geofísica no Brasil.

Agradeço à FAPESP pela bolsa de Doutorado Direto (03/12204-8) e pela reserva técnica
utilizada para a participação de congressos e trabalhos de campo. Agradeço a mesma agência de
fomento pelo apoio a abertura da BERROCAL VASCONCELOS, Soluções Geofísicas e
Tectônicas, através da flexibilidade dada formalmente para que eu participasse de forma ativa
nas atividades da empresa.

Gostaria de agradecer aos meus colegas de pós-graduação pelo companheirismo ao longo desses
quatro anos, em especial aos amigos de laboratório Marcelo Bianchi, George Sand França,
Thiago Nobre Costa, Iván Zevallos Abarca, Marcelo Peres Rocha, Meijan An, Mei Feng e
Marcus Vinicius Lima. Também gostaria de agradecer aos técnicos do Laboratório de
Sismologia, José Roberto Barbosa, Célia Fernandes, Cleusa Barbosa, Luis Galhardo e Dennis
Schramm, pelo suporte técnico e amizade.

E por fim, agradeço ao Departamento de Geofísica do Instituto de Astronomia, Geofísica e


Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG-USP) e aos seus professores, por
oferecerem uma ótima infra-estrutura de apoio aos estudantes de pós-graduação.

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


iii

SUMÁRIO

DEDICATÓRIA i

AGRADECIMENTOS ii

RESUMO vi

ABSTRACT vii

LISTA DE FIGURAS viii

LISTA DE TABELAS ix

LISTA DE ANEXOS x

CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO 1

CAPÍTULO 2 - TENSÕES INTRAPLACA 5

2.1 Tipos de Esforços Litosféricos ........................................................................... 7

2.2 Esforços Tectônicos e Sismicidade Intraplaca .................................................. 11

2.3 Esforços no Mundo (Word Stress Map)............................................................. 12

2.4 Modelos Numéricos de Esforços ...................................................................... 17

2.4.1 Modelos Regionais de Esforços ............................................................. 19

2.4.2 Modelos Globais de Esforços ................................................................ 20

CAPÍTULO 3 - METODOLOGIA 25

3.1 Determinação Hipocentral ................................................................................. 25

3.2 Determinação da Estrutura de Velocidade da Crosta Superior ......................... 27

3.3 Mecanismo Focal com Ondas P e S .................................................................. 36

3.4 Mecanismo Focal com Ondas de Superfície ..................................................... 39

CAPÍTULO 4 - SISMICIDADE & MECANISMOS FOCAIS 44

4.1 Sismicidade e Mecanismo Focal em Belo Jardim-PE (2004) ........................... 44

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4.1.1 Evolução da Sismicidade e o Parâmetro b ........................................... 46

4.1.2 Modelo de Velocidade das Ondas Sísmicas ......................................... 49

4.1.3 Mecanismo Focal ................................................................................. 51

4.1.4 Considerações Finais ........................................................................... 53

4.2 Sismicidade e Mecanismo Focal em Correntina-BA (2004) ............................ 54

4.2.1 Sismicidade na Região de Correntina .................................................. 56

4.2.2 Modelo de Velocidade das Ondas Sísmicas ......................................... 58

4.2.3 Avaliação da Atenuação Sísmica ......................................................... 60

4.2.4 Mecanismo Focal ................................................................................. 64

4.2.5 Considerações Finais ........................................................................... 66

4.3 Mecanismo Focal do Sismo de Brasília-DF (2000) ......................................... 67

4.3.1 Características das Ondas de Superfície ............................................. 69

4.3.2 Modelo de Velocidade das Ondas Sísmicas ......................................... 70

4.3.3 Mecanismo Focal ................................................................................. 71

4.3.4 Considerações Finais ........................................................................... 74

4.4 Estudos Adicionais de Sismicidade .................................................................. 75

4.4.1 Sismicidade de Bebedouro-SP (2005) .................................................. 75

4.4.2 Sismicidade de Elisiário/Marapoama-SP (2004) ................................. 87

4.4.3 Sismo da Zona Norte de São Paulo (2005) ........................................... 92

4.4.4 Considerações Gerais ........................................................................... 93

CAPÍTULO 5 - ESFORÇOS INTRAPLACA NO BRASIL 94

5.1 Esforços no Lineamento Pernambuco .............................................................. 94

5.2 Esforços na Porção Norte do Cráton São Francisco ......................................... 96

5.3 Esforços na Porção Ocidental da Placa Sul-Americana ................................... 99

CAPÍTULO 6 - CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS 106

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 111

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ANEXO I 126

ANEXO II 149

ANEXO III 153

ANEXO IV 170

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


vi

RESUMO
Neste trabalho foram estudados os mecanismos focais dos sismos de Belo Jardim-PE (2004),
Correntina-BA (2004) e Brasília (20/11/2000, 09:36:32 UT, 3,7 mb), e foram determinados os
tensores de esforços para a porção Leste do Lineamento Pernambuco, e para a porção central do
Cráton do São Francisco. Complementarmente foram avaliados 15 tensores de esforços da
porção ocidental da Placa Sul-Americana.

A atividade sísmica em diversas regiões do Lineamento Pernambuco, sempre na forma de


enxames sísmicos, em especial nas proximidades das cidades de Belo Jardim, Tacaimbó, São
Caetano e Caruarú, é interpretada como uma possível reativação de uma zona de fraqueza Pré-
cambriana com potencial sismogênico. O mecanismo focal de Belo Jardim indica uma falha
normal com direção E-W. Os esforços no Lineamento Pernambuco foram determinados com
três mecanismos focais da região, e são compostos por tração N-S e compressão E-W. A
compressão é interpretada como sendo causada principalmente pelo empurrão da cadeia meso-
Atlântica, e a tração N-S talvez seja resultado do espalhamento da transição continente/oceano.

A atividade sísmica de Correntina-BA (2004) iniciou-se com três sismos de magnitudes


próximas de 3,0 mb, registrados pela estação BDFB. O presente estudo foi realizado alguns
meses após os eventos principais, e a rede sismográfica local registrou apenas pequenos eventos
com magnitudes inferiores a 0,9 MC. O mecanismo focal de Correntina indica uma falha inversa
com direção NNE-SSW ou NNW-SSE, sendo que este resultado foi utilizado junto com o do
sismo de Brasília (falha inversa com direção NW-SE) e outros três mecanismos focais para a
determinação dos esforços na porção central do Cráton do São Francisco, que é composto por
compressão máxima E-W e compressão mínima vertical. A compressão E-W é interpretada
também como sendo gerada principalmente pelo empurrão da cadeia meso-Atlântica.

Os esforços estudados com sismos da região Andina mostram uma componente compressiva de
longo comprimento de onda e direção E-W, interpretada como devido principalmente às
compressões E-W exercidas pela Placa de Nazca. Esse esforço compressivo E-W sofre uma
rotação na Bacia do Amazonas, provavelmente devido ao efeito da flexura local provocada pela
carga de sedimentos da bacia e de intrusivas na crosta inferior segundo o modelo de Rift Pillow.

Palavras chave: Mecanismo focal; Sismicidade Intraplaca; Esforços Litosféricos Intraplaca;


Modelagem de Ondas de Superfície; Placa Sul-Americana; Enxame Sísmico;
Lineamento Pernambuco.

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ABSTRACT

In this work we studied three focal mechanisms: Belo Jardim-PE (2004), Correntina-BA (2004)
and Brasilia (20/11/2000, 09:36:32 UT, 3,7 mb), and determined the stress tensors for the
Eastern portion of the Pernambuco Lineament, and for the central part of the São Francisco
Craton. In addition, 15 stress tensors of the sub-Andes were evaluated.

The seismic activity several segments of Pernambuco Lineament, always as seismic swarms,
especial in the neighborhoods of Belo Jardim, Tacaimbó, São Caetano and Caruaru cities, is
interpreted as a possible reactivation of a Precambrian weakness zone with seismogenic
potential. The Belo Jardim focal mechanism indicates a normal fault with E-W strike. The
stresses in Pernambuco Lineament were determined with three focal mechanisms and are
composed of a N-S extension and an E-W compression. The compression is interpreted as being
caused mainly by the Meso-Atlantic ridge-push, and the N-S extension could be due to
spreading stresses in the continent/ocean transition.

The Correntina-BA (2004) seismic activity started with three earthquakes with magnitudes
around 3,0 mb, recorded by BDFB station. Our study was carried several months after these
main events, and the local seismographic net recorded only small events with magnitudes less
than 0,9 MC. The Correntina focal mechanism indicates an inverse fault with NNE-SSW or
NNW-SSE strikes. This result was used together with Brasilia focal mechanism (inverse fault
with NW-SE strike) and the other three focal mechanisms, for stress determination in the central
portion of the São Francisco Craton, resulting in an E-W maximum principal compression and
vertical minimum compression. The E-W compression is interpreted as being caused mainly by
the Meso-Atlantic ridge-push.

The studied stress in the Andean region shows one compressive component of long wave length
and E-W direction, which is interpreted as being due mainly the E-W compression exerted by
the Nazca Plate and Meso-Atlantic ridge-push. This E-W compressive stress shows a rotation to
NW-SE in the Amazon Basin, probably explained by local flexure stress from lower-crust rift
pillow model.

Key words: Focal mechanism; Intraplate Seismicity; Lithospheric Intraplate stress; Surface
Waves Modeling; South American plate; Seismic swarm; Pernambuco Lineament.

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LISTA DE FIGURAS

1.1: Dados de tensões disponíveis no Brasil, onde as barras pretas indicam a direção de SHMAX e
as setas brancas a do Shmin (dados observados), cujos símbolos, indicados na legenda na
parte superior direita, são: Eq.Inv - tensor de esforço com inversão de vários mecanismos
focais próximos; BO - direção do SHMAX obtida com break-outs em poços de petróleo
(média de vários poços próximos); FM - estimativa de SHMAX com apenas um mecanismo
focal (símbolos pretos foram obtidos a partir do eixo P de falha inversa, os brancos a partir
do eixo B de falha normal e os mistos a partir do eixo P de falha transcorrente); HF são
medidas de SHMAX com fraturamento hidráulico. Os símbolos coloridos da legenda CR96
model, são os esforços obtidos por Coblentz & Richardson (1996), sendo que a barra
vermelha indica compressão e seta amarela tração. Os resultados do presente trabalho não
estão incluídos nesta figura. Figura de Assumpção (1998c)............................................... 03

2.1: Modelo da Terra com vetores indicando os dois principais modelos para explicar a
movimentação das placas litosféricas. No modelo da esquerda as placas litosféricas se auto-
movimentariam, e no modelo da direita o manto transportaria a placa através de movimento
de convecção. A maioria dos trabalhos de modelagem global de esforços se propõe a
responder se realmente a movimentação das placas é um resultado autônomo ou depende
de um arraste basal do manto. Possivelmente o melhor modelo seja uma composição
complexa e não-única de vários fatores. Talvez uma composição mista de todos os
modelos, adicionada a fatores que ainda não conhecemos, seja uma boa aproximação
(figura de Bird, 2006).......................................................................................................... 06

2.2: Principais forças que compõem os esforços na litosfera. O empurrão da cadeia (ridge push)
é gerado pela elevação da cadeia meso-oceânica; o arraste basal (drag force) representa a
resistência oferecida pela astenosfera ao movimento da litosfera; a resistência à descida da
placa (slab drag) é ocasionada pela resistência à penetração da placa no manto; o puxão da
placa (slab pull) é a força gravitacional relativa à massa da placa subduzida; as células
locais de convecção denominadas slab roll back e trench suction ocorrem pela
movimentação para baixo do material mantélico que é esfriado pela placa; e a força de
resistência de colisão que é aplicada frontalmente na forma litosfera-litosfera e litosfera-
manto (collisional resistance).............................................................................................. 09

2.3: Tensões horizontais e suas relações com o fluxo do manto e movimentos das placas. Essas
tensões são compostas por duas contribuições: (a) Forças com origem na convecção do
manto ocasionada por heterogeneidades de densidade, e (b) forças opostas ao movimento
das placas. Em (c) é apresentado a somatória das forças exercidas na placa. No exemplo

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são apresentados os efeitos causados por uma anomalia de densidade na porção oeste de
uma placa que se movimenta para oeste.............................................................................. 10

2.4: Forças e esforços associados à topografia dinâmica. As trações radiais (radial tractions) são
opostas às forças de empuxo (buoyancy forces), sendo que o balanço entre essas duas
forças produz uma topografia dinâmica hd. A topografia apresentada acima produz dois
tipos de esforços no interior da placa: esforços de membrana (membrane stresses) causados
pela extensão da placa, e esforços gravitacionais (gravitational stresses) gerados pelo
gradiente topográfico. Os esforços na litosfera são constantes em toda sua espessura, não
sendo considerados os esforços devido à curvatura da Terra, nem de flexura.................... 10

2.5: As barras representam as direções de SHMAX (CASMO, 2008; Heidback et al., 2004)
obtidas com inversão de dados de mecanismos focais e com a média de mecanismos focais.
As cores das barras indicando o regime tectônico dos esforços (verde para falhas
transcorrentes, azul para inversas e vermelho para normais). Os dados de breakouts (barras
pretas) não possibilitam a determinação do tipo de regime tectônico. Os tamanhos das
barras representam a qualidade dos esforços (de A a C). As cores do mapa representam a
topografia............................................................................................................................. 13

2.6: Mapa com os dados interpolados do World Stress Map (Lithgow-Bertelloni & Guynn,
2004). As barras representam a direção do SHMAX e cores o regime tectônico (verde para
falhas transcorrentes, azul para inversas e vermelho para normais). Os dados interpolados
eliminam características locais de alguns tensores de esforços e são ideais para modelagens
globais.................................................................................................................................. 14

2.7: Malha de elementos finitos empregada por Coblentz & Richardson (1996), para calcular o
campo de esforços na Placa Sul-Americana. Os elementos de cor cinza correspondem às
porções mais jovens da placa oceânica (YOL) e da margem continental (CML). Os outros
elementos representam as porções mais antigas da placa oceânica (OOL) e litosfera
continental (CL). As forças utilizadas são representadas pelas setas, que não estão em
escala. Os resultados de Coblentz & Richardson (1996) para esta malha são mostrados na
Figura 1.1............................................................................................................................. 20

2.8: À esquerda são apresentados os campos de esforços calculados com os modelos (a) TD0,
(b) LVC+ TD0, (c) SLB+TD0 e (d) TMG+TD0. À direita estão os resultados confrontados
com os dados interpolados do World Stress Map, sendo que as barras largas representam às
direções observadas, e as barras finas as calculadas. As cores respeitam o padrão da Figura
2.5 (vermelho=normal, azul=inverso, verde=transcorrente)............................................... 23

2.9: Direção teórica do SHMAX calculado com o melhor modelo Bird (1998). O modelo 97001
tem um erro médio de 32o na direção do SHMAX, e é composto por um arraste basal ativo

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do manto nas porções continentais das placas (o manto carrega as placas). A topografia
também é considerada.......................................................................................................... 24

2.10: Compilação dos resultados dos 70 melhores modelos estudados por Bird (1998). Os
símbolos fechados (quadrados preenchidos) simbolizam modelos onde a subducção das
placas respeitam as velocidades do NUVEL-1, e os símbolos abertos (círculos) representam
modelos onde essas placas se movimentam sem vínculos. Os modelos onde o manto
inferior (400km) é estático não ajustam bem os dados (símbolos com a letra ‘S’). Os
melhores conjuntos de ajustes usam um fluxo do manto estimado com base no NUVEL-1
(símbolos com a letra ‘N’), e consideram o arraste da litosfera pelo manto apenas nas
porções continentais (‘C’). A letra ‘B’ considera o padrão de convecção do manto estimado
por Baumgardner (1988). Figura adaptada de Bird (1998)................................................. 24

3.1: Mapa de epicentros de Belo Jardim (esquerda) e corte M-N com os hipocentros
determinados com o HYPO71 (cinza) e HYPODD (vermelho). Nem todos os dados em
cinza (HYPO71) são apresentados em vermelho (HYPODD)............................................ 27

3.2: Exemplo de cálculo da velocidade de grupo. a) sismograma com as ondas de superfície. b)


a d) o mesmo sismograma filtrado (linha preta) com um filtro passa banda estreito com
período central apresentado ao lado. Para cada sismograma filtrado é calculada a sua
envoltória (linha cinza), que define a velocidade de grupo................................................. 29

3.3: a) sismograma original do sismo de Brasília-DF, que é discutido na Seção 4.3. c) curva
preliminar de dispersão (pontos) da velocidade de grupo. b) sismograma filtrado, onde
foram isoladas as ondas de superfície. d) a curva final de dispersão. Em c) e d) as cores
representam a amplitude das envoltórias para cada período, e do lado é apresentado o
sismograma utilizado........................................................................................................... 30

3.4: Modelos de velocidade, VP/VS e densidade, usados como referência. Note que esses
modelos não são reais, e foram utilizados apenas como parâmetro de comparação........... 31

3.5: Relação entre a velocidade da onda P (VP) e a densidade para diversos tipos de rochas. As
linhas azuis tracejadas delimitam o erro proposto por Barton (1986) para a relação entre VP
e a densidade (BART). Os quadrados representam valores usados nos trabalhos dos sismos
de Friuli (FRIU), da montanha Borrego (BORR) e de Brawley (BRAW) citados em Bolt
(1987). Note que as relações lineares (CML1 e CML2) e não-linear (CMNL) propostas por
Christensen & Mooney (1995) ajustam bem apenas os valores com velocidade acima de 6,0
km/s...................................................................................................................................... 32

3.6: Influência do erro da densidade nas curvas de dispersão da velocidade de fase (C) e de
grupo (U) das ondas Rayleigh. O modelo de velocidade utilizado é apresentado na Figura

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3.4, a razão VP/VS foi fixada em 1,732 para todas as camadas, e utilizamos Qα = 2,5 Qβ.
Admitiu-se uma densidade constante em todo o perfil (ρ = 2,73 g/cm3), e se aplicou um
erro de -1,0 a +1,0 g/cm3 nas densidades da primeira a terceira camada, com passo de 0,1
g/cm3. Note que a curva de dispersão da velocidade de fase é menos sensível a erros do
que a de velocidade de grupo............................................................................................... 33

3.7: Influência do erro da densidade nas curvas de dispersão da velocidade de fase (C) e de
grupo (U) das ondas Rayleigh. O modelo de velocidade utilizado é apresentado na Figura
16, a razão VP/VS foi fixada em 1,732 para todas as camadas, e utilizamos Qα = 2,5 Qβ.
Admitiu-se uma densidade constante em todo o perfil (ρ = 2,73 g/cm3), e se aplicou um
erro de -1,0 a +1,0 g/cm3 nas densidades da primeira a terceira camada, com passo de 0,1
g/cm3. Note que a curva de dispersão da velocidade de fase é menos sensível a erros do que
a de velocidade de grupo..................................................................................................... 34

3.8: Influência do erro da velocidade da onda S (modelo 1) na curva de dispersão da velocidade


de fase de ondas Rayleigh (VP/VS constante). Os erros variam de -0,6 a +0,6 km/s na
velocidade (VS) de diferentes camadas (passo de 0,06 km/s). Erros negativos são
representados pelas linhas vermelhas.................................................................................. 35

3.9: Influência do VP/VS na curva de dispersão da vel. de fase de ondas Rayleigh (variou o VS).
Os erros variam de -0,10 a +0,10 no VP/VS de diferentes camadas (passo de 0,01)........... 35

3.10: Relação entre os planos de falha (vermelho) e o auxiliar (azul) com os quadrantes de
empurrão (+) e puxão (-) em torno do hipocentro de um sismo (estrela), com destaque as
polaridades das chegadas das ondas P em cada estação sismográfica (triângulos). Os raios
sísmicos (linhas verdes) com origem nas regiões (+) possuem polaridades positivas, e nas
regiões (-), negativas. Os traços pretos, sobre a superfície, representam os sismogramas
da componente vertical em cada estação. As setas pretas indicam o movimento relativo
dos blocos para uma falha inversa.................................................................................... 36

3.11: Ilustração do conceito de strike e dip de uma falha, e sua representação no estereograma
do hemisfério focal inferior, cujas cores de preenchimento representam regiões onde a
onda P tem polaridades positivas (preto) e negativas (branco). Esse tipo de diagrama é
conhecido como beachball. Os eixos P (compressão) e T (tração), para essa falha, são
representados pelas setas................................................................................................... 37

3.12: Representação de uma falha transcorrente com componente inversa, com strike de 40o, dip
de 70o e rake de +130o. As polaridades teóricas da onda P são representadas pelos
quadrados vermelhos (polaridades positivas) e pelos círculos azuis (polaridades
negativas), sendo que o tamanho do círculo é proporcional à amplitude da onda. O plano

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de falha é dado pela linha continua e o auxiliar pela tracejada. Os eixos P e T são
indicados com letras pretas............................................................................................... 38

3.13: Os três principais tipos de falhas (de cima para baixo, temos respectivamente uma falha
normal, inversa e de componente transcorrente), e seus mecanismos focais.................... 39

3.14: Variação da forma da onda Rayleigh para diferentes direções da falha (strike), mergulhos
(dip), direções da estria (rake) e profundidade focal. A linha tracejada é o sismograma do
mecanismo focal com strike de 320o, mergulho de 30o, rake de -130o, e profundidade de 1
km. As linhas contínuas são os sismogramas para os diferentes parâmetros.................... 40

3.15: O primeiro traço é um sismograma da componente vertical de uma onda Rayleigh. No


segundo traço é apresentada a simulação do registro do mesmo movimento do chão com
um sensor L-4C. O terceiro traço é equivalente ao primeiro, incluindo um pequeno ruído
aleatório uniformemente distribuído e com máxima amplitude igual a 1,0% o valor da
máxima diferença de amplitudes observadas no sismograma........................................... 41

3.16: Cálculo do movimento do chão a partir do último traço da Figura 3.15 (sismograma com
ruído). Em 1) é apresentado o resultado obtido removendo o efeito da curva de resposta
do sensor, e em seguida é removida a tendência linear (2). Na terceira fase são testados
dois filtros passa alta, sendo o primeiro de 0,5 Hz e o segundo de 0,9 Hz. Em colorido é
apresentada a região onde ambos os sinais são comparados. A idéia é chegar na fase 3 o
mais próximo possível do sismograma real (linha tracejada)........................................... 42

4.1: a) Mapa da sismicidade do Nordeste. Os círculos são epicentros (Berrocal et al., 1984),
linhas finas são as principais falhas e zonas de cisalhamento, e as linhas cinzas grossas
representam os lineamentos Pernambuco (ao sul) e Patos (ao norte). A Província
Borborema está ao norte do Cráton do São Francisco (SFC) e a oeste da Bacia do
Parnaíba (PB). Triângulos representam os eventos magmáticos cenozóicos, e as bacias
sedimentares são a Potiguar (PotB), Araripe (ArB), Sergipe-Alagoas (SAB) e Tucano-
Jatobá (TJB). Parte do Lineamento Trans-Brasiliano é identificada por TBL e a batimetria
de 200m pela linha tracejada. Barras e setas representam os esforços da região. b) Os
lineamentos foram digitalizados a partir do modelo topográfico SRTM nas proximidades
do Lineamento Pernambuco. Os tons de cinza variam com a direção da mesma (diagrama
de tons). As principais feições do Lineamento Pernambuco são E-W (linhas pretas).
Feições menores de direções NE-SW (linhas cinza) são ofuscadas pelos grandes
lineamentos, mas podem ter papel fundamental na explicação da sismicidade na região.
Lineamentos de direção N-S são raros na região.............................................................. 45

4.2: a) Localização dos principais eventos ocorridos nos últimos anos no Lineamento
Pernambuco. Os epicentros de Belo Jardim são representados pelo círculo cinza e seu

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mecanismo focal determinado neste trabalho, sendo discutido posteriormente. Os outros


dois mecanismos focais de Caruaru-PE foram estudados por Ferreira et al. (1998; 2008).
b) Estações usadas no presente estudo da sismicidade de Belo Jardim. Os triângulos
brancos e pretos são estações analógicas e digitais, respectivamente. A estrela é uma
explosão de pedreira que foi usada no estudo do modelo de velocidade da região. Os
círculos são os epicentros dos sismos de Belo Jardim (próximo a BJ10) e Tacaimbó
(próximo a cidade). Em ambos os mapas, os tons de cinza representam a topografia, com
iluminação NW-SE........................................................................................................... 46

4.3: Distribuição temporal dos sismos de Belo Jardim. O histograma mostra a atividade sísmica
diária registrada por uma estação regional em Caruaru, a 50 km dos epicentros. As estrelas
indicam a magnitude dos maiores eventos (mb > 2,5). O pequeno retângulo, localizado no
eixo horizontal, mostra o período de operação da rede sismográfica de Belo Jardim......... 47

4.4: Exemplo de uma seção sísmica com a componente vertical de todas as estações digitais,
com o tempo teórico de percurso (linha cinza) das ondas P e S. Os nomes das estações são
indicados à direita................................................................................................................ 47

4.5: Registro em três componentes (vertical, N-S e E-W, respectivamente) da estação BJ12 para
o evento da Figura 4.4, mostrando claramente a polaridade da onda P (negativa) e o
movimento da onda S.......................................................................................................... 48

4.6: Relação Freqüência-Magnitude para 447 eventos do enxame sísmico de Belo Jardim,
registrados em 10 dias (magnitude versus número acumulativo de eventos em escala
logarítmica). A equação representa o ajuste de reta considerando o limiar de
detectabilidade da rede local de 0,55 Mc............................................................................. 48

4.7: Registro da explosão na estação BJ01, com a marca da P. Os registros nas estações BJ02 e
BJ03 são em papel esfumaçado, e a precisão na leitura é de 0,05 seg................................ 49

4.8: Cálculo da hora de origem (Ho), segundo diferentes velocidades de P, usando os dados das
três estações sismográficas. A cruz e suas coordenadas indicam a melhor solução............ 50

4.9: Diagrama de Wadati elaborado com dados de 20 sismos (64 pontos). O melhor ajuste (linha
continua) representa uma razão VP/VS de 1,66 ± 0,01, com rms de S-P igual a 0,05 seg. A
linha tracejada representa o valor padrão de VP/VS, igual a 1,732...................................... 50

4.10: a) Melhores epicentros (círculos) com pelo menos 10 leituras de P ou S e estações


sismográficas (triângulos). O quadrado é a cidade de Belo Jardim e as linhas cinza são as
principais feições topográficas do Lineamento Pernambuco. AB e MN indicam os perfis
apresentados em (c); As linhas pretas são as profundidades do plano de falha definidas
com o mecanismo focal estudado. b) acima: resíduo (rms) das distâncias hipocentrais para

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


xiv

o melhor ajuste do plano de falha usando a posição dos sismos; abaixo: ângulo d
mergulho do melhor ajuste com um determinado strike. c) Projeção dos hipocentros em
um plano vertical ao longo da direção AB (melhor ajuste dos hipocentros) e da direção
MN (melhor plano de falha obtido com a solução do mecanismo focal)......................... 51

4.11: Soluções do mecanismo focal composto para os eventos de Belo Jardim satisfazendo
todas, com exceção de uma (próxima ao limite dos planos), polaridades e todos os dados
de log(S/P). O erro máximo do log(SH/P) é igual a 0,40. Círculos e cruzes representam,
respectivamente, dilatações e compressões do primeiro movimento de ondas P dos 10
sismos utilizados............................................................................................................... 52

4.12: O retângulo azul delimita a região de estudo, as linhas contínuas representam os limites
das principais províncias tectônicas: Cráton do São Francisco (SFC); Cráton do
Amazonas (AMC); e Bacia do Paraná (PB), linhas tracejadas são os limites políticos, e os
círculos brancos são os epicentros dos sismos com magnitude superiores a 3,0 (mb). O
catálogo de sismos empregado foi o Boletim Sísmico Brasileiro..................................... 54

4.13: Mapa geológico da região de Correntina (Andrade et al., 1981; Inda & Barbosa, 1978;
Moraes Filho, 1997).......................................................................................................... 55

4.14: As estrelas são os epicentros dos eventos sísmicos registrados em Correntina-BA, e os


triângulos são as estações sismográficas. As cores indicam a topografia, sendo que a área
azul próxima às estações representa a topografia onde está o Rio Arrojado. A estação
CRTB esteve composta por um sensor triaxial banda larga (STS-2), e as demais estações
por sensores triaxiais de período curto (L4-C).................................................................. 57

4.15: Exemplos de sismogramas (componente vertical) registrados pela estação CRT1. Acima)
sismo do grupo de eventos próximo à rede sismográfica, e abaixo) sismo do segundo
grupo, a aproximadamente 35 km de distância................................................................. 57

4.16: Os traços pretos são os sismogramas, da componente vertical, de cinco eventos registrados
pela estação CRTB. Os traços vermelhos são os respectivos sismogramas filtrados com
um filtro match (Herrmann & Ammon, 2002), onde está isolada a maior parte das ondas
de superfície. As curvas de dispersão da velocidade de grupo utilizadas no processo de
filtragem são as mesmas utilizadas na determinação da curva da Figura 4.17................. 58

4.17: a) curva de dispersão (quadrados) obtida com a média das velocidades de grupo de 5
sismogramas da Figura 4.16, e suas respectivas barras de erro. A curva vermelha foi
obtida com o modelo final apresentado em b), e oferece um ótimo ajuste aos dados. b)
modelo inicial de velocidades (linha tracejada), e modelo determinado com a curva de
dispersão (linha azul) e um semi-espaço a partir de 1,2 km, determinado com testes de
determinações hipocentrais. Embora a porção cinza do modelo tenha sido determinada de

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


xv

forma independente, este modelo final ajusta bem a curva de dispersão apresentada em a)
........................................................................................................................................... 59

4.18: Diagrama de Wadati com dados de 6 sismos (12 pontos). O melhor ajuste (linha
vermelha) representa uma razão VP/VS de 1,76 ± 0,02, com desvio padrão de 0,008 seg. A
linha tracejada representa o valor típico de VP/VS, igual a 1,732..................................... 59

4.19: Sismogramas sintéticos para uma profundidade de 0,3 km e diferentes valores de Q. Os


sismogramas da porção superior possuem a mesma escala de amplitudes, e na porção
inferior, as máximas amplitudes são normalizadas para melhorar a visualização da forma
de onda. Note que o aumento de Q (diminuição da atenuação) causa um atraso aparente
na fase, porém as formas de ondas são similares. Os tempos de chegada das ondas P e S
são identificados nos sismogramas................................................................................... 61

4.20: Sismogramas sintéticos para uma profundidade de 0,8 km e diferentes valores de Q. Os


sismogramas da porção superior possuem a mesma escala, e na porção inferior estão
normalizadas. Marcas de P e S são identificadas nos sismogramas.................................. 61

4.21: Comparação de amplitudes (cores) de sismogramas sintéticos gerados para diferentes


valores de Q. Os traços pretos são os sismogramas para alguns valores de Q. Os traços
contínuos são amplitudes relativas, que correspondem à escala de cores, e os tracejados
possuem ampliação nas amplitudes mostrar a forma do sinal. A linha tracejada branca
(vertical) é a chegada da onda S. A profundidade focal foi fixada em 0,0 km................. 62

4.22: Comparação de amplitudes (cores) de sismogramas sintéticos gerados para diferentes


valores de Q. Os traços pretos são os sismogramas para alguns valores de Q. Os traços
contínuos mostram amplitudes relativas, que correspondem à escala de cores, e os
tracejados possuem ampliação nas amplitudes para mostrar a forma do sinal. A linha
tracejada branca (vertical) é a chegada da onda S. A profundidade focal foi fixada em 0,6
km...................................................................................................................................... 62

4.23: Comparação de amplitudes (cores) de sismogramas sintéticos para diferentes valores de


profundidade (HS). Os traços pretos são os sismogramas para alguns valores de
profundidades focais. Os traços contínuos mostram amplitudes relativas, que
correspondem à escala de cores, e os tracejados possuem ampliação nas amplitudes para
mostrar a forma do sinal. A linha tracejada branca é a chegada da onda S. Qβ foi fixado
em 40, e usamos Qα= 2Qβ. Acima é apresentado um exemplo de sismograma real
registrado em Correntina-BA............................................................................................ 63

4.24: Componentes vertical, radial e transversal de um sismo (26/03/2004) registrado na estação


CRT2. As escalas verticais estão normalizadas, e as ampliações ilustram as amplitudes

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


xvi

utilizadas no cálculo da razão SH/P. Note que a polaridade da P é para baixo, e a da SH é


para esquerda..................................................................................................................... 64

4.25: a) sismograma original (cinza), e filtrado com um filtro match (preto) para isolar as ondas
de superfície. b) o sismograma preto é igual ao da figura a), e o traço vermelho é o
sismograma modelado. A área em azul indica a região onde o sismograma foi ajustado.
Estação CRTB................................................................................................................... 65

4.26: a) sismograma original (cinza), e filtrado com um filtro match (preto) para isolar as ondas
de superfície. b) o sismograma preto é igual ao da figura a), e o traço vermelho é o
sismograma modelado. A área em azul indica a região onde o sismograma foi ajustado.
Estação CRT3.................................................................................................................... 65

4.27: Mecanismo Focal dos sismos de Correntina...................................................................... 66

4.28: Mapa de sismicidade com epicentros representados por círculos cinza e estações
simográficas representadas por triângulos pretos. A localização da área é apresentada no
mapa da América do Sul (in set). O epicentro do sismo de Brasília é dado pela estrela. As
estações sismográficas próximas a NP são do reservatório de Nova Ponte, as próximas a
COR são do reservatório de Corumbá, a próxima a SM é do reservatório de Serra da
Mesa, BDFB é a estação sismográfica de Brasília e as estações PAZB e PORB foram
instaladas pelo projeto de estudos Tectônicos da Província Tocantins, financiado pela
FAPESP............................................................................................................................. 67

4.29: Mapa geológico das porções Central e Sudeste da Província Tocantins e borda ocidental
do Cráton do São Francisco, com a identificação de algumas cidades (quadrados brancos)
e do epicentro do sismo estudado (estrela). Note que o epicentro do sismo de Brasília se
encontra dentro da seqüência de margem passiva Neoproterozóica da Faixa Brasília..... 68

4.30: Comparação entre o sismograma registrado pela estação BDFB, mostrado em a) e como
sombra nas demais figuras, em b) sismograma com o filtro Match mostrando o sinal de
interesse (ondas Rayleigh), em c) sismograma anterior com filtro passa baixa e em d) com
filtro passa alta de 0,3 Hz. Os sismogramas apresentados em b) e d) são utilizados
posteriormente para modelagem....................................................................................... 69

4.31: Espectros de potência dos sismogramas apresentados na Figura 4.30. As letras e legendas
são as mesmas referenciadas nessa figura. O espectro do sismograma sintético calculado
com os parâmetros focais do sismo estudado, obtidos neste trabalho, é mostrado na linha
tracejada (e). Note que, nas baixas freqüências, o espectro (e) não é afetado pela onda
com pico em torno de 12 segundos nos sismogramas filtrados das Figuras 4.30b e 4.30c
........................................................................................................................................... 70

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


xvii

4.32: A esquerda é apresentado o modelo de velocidade obtido com a inversão da curva de


dispersão da velocidade de grupo. A linha tracejada é o modelo inicial e a linha cinza
contínua é o modelo final. À direita é apresentada a curva teórica da dispersão da
velocidade de grupo das ondas Rayleigh obtida com o modelo final mostrado a esquerda
(linha continua) e os dados observados (círculos)............................................................ 71

4.33: A linha tracejada é o sismograma observado filtrado com o filtro Match (Figura 4.30b), e
os demais traços são os sismogramas sintéticos obtidos com as melhores soluções de
mecanismo focal. As diferentes tonalidades dos traços indicam o ajuste do sismograma
sintético ao sismograma observado, sendo o melhor o traço preto .................................. 72

4.34: A linha tracejada é o sismograma filtrado com o filtro Match e posteriormente filtrado
com passa alta de 0,3 Hz (Figura 4.30d). Os demais traços são os sismogramas sintéticos
obtidos com as melhores soluções de mecanismo focal. As diferentes tonalidades dos
traços indicam o ajuste do sismograma sintético ao sismograma observado duplamente
filtrado, sendo o melhor o traço preto .............................................................................. 72

4.35: Melhores mecanismos focais obtidos utilizando a) o sismograma filtrado apenas com o
filtro match, e b) o sismograma filtrado com o filtro match e com um passa alta de 0,3 Hz.
As polaridades negativas são representadas por símbolos pretos e as positivas por
símbolos brancos. A seleção de mecanismos focais com o FOCMEC utilizou apenas as
quatro polaridades representadas pelos círculos. Os quadrados são polaridades de estações
não utilizadas pelo FOCMEC. As diferentes tonalidades dos planos de falha indicam o
ajuste dos sismogramas sintéticos aos sismogramas observados, sendo a melhor solução a
do traço preto..................................................................................................................... 73

4.36: Mapa das estações sismográficas (triângulos), epicentros (círculos) e poços da Faz.
Aparecida (círculos com marcas). Poços brancos possuem vazão inferior a 50 m3/h, cinza
com vazão entre 50 m3/h e 100 m3/h, e pretos com vazão superior a 100 m3/h. As
estações sismográficas da rede telemétrica são discriminadas em vermelho.................... 76

4.37: Sismogramas registrados nas estações BEB1, BEB4 e BEB2 de Bebedouro.................... 76

4.38: Mecanismos Focais de Bebedouro-SP, classificados por rake. Em a) são apresentadas


todas as soluções; b) rake igual a 90º; c) rake entre -128º e -104º; d) rake entre -47º e 0º;
e) rake entre -71º e -55º; f) rake entre -135º e -166º......................................................... 77

4.39: Análise dos erros do log(SH/P) para todas as soluções apresentadas na Figura 4.38a. Em
a) fica destacado em azul o baixo mergulho do possível plano de falha; em b) é possível
notar que todas as soluções indicam falha normal, com rake negativo; em c) a variação de
150º no strike, mostra apenas que se trata de um plano sub-horizontal; d) Direção do vetor
deslocamento (slip), indicando movimento de descida para SW...................................... 78

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


xviii

4.40: Mecanismo focal preliminar utilizado no cálculo dos sismogramas sintéticos usados na
avaliação das ondas de superfície dos sismos de Bebedouro. O mecanismo focal
representa uma falha sub-horizontal ou vertical............................................................... 79

4.41: Modelo simplificado de velocidade utilizado na geração dos sismogramas sintéticos para
avaliação das ondas de superfície em Bebedouro............................................................. 80

4.42: Os traços pretos à esquerda são os sismogramas do modo fundamental (a.1), primeiro
(b.1), segundo (c.1), terceiro (d.1), quarto (e.1), quinto harmônico (f.1) e a soma do sexto
ao décimo harmônicos (g.1). Os traços cinza correspondem à soma de todos os
sismogramas anteriores. À direita são apresentados os espectros dos respectivos
sismogramas. Esses resultados são relativos à distância epicentral de 5 km e profundidade
de 750 metros.................................................................................................................... 81

4.43: Os traços pretos à esquerda são os sismogramas do modo fundamental (a.1), primeiro
(b.1), segundo (c.1), terceiro (d.1), quarto (e.1), quinto harmônico (f.1) e a soma do sexto
ao décimo harmônicos (g.1). Os traços cinza correspondem à soma de todos os
sismogramas anteriores. À direita são apresentados os espectros dos respectivos
sismogramas. Esses resultados são relativos à distância epicentral de 10 km e
profundidade de 750 metros.............................................................................................. 82

4.44: Os traços pretos à esquerda são os sismogramas do modo fundamental (a.1), primeiro
(b.1), segundo (c.1), terceiro (d.1), quarto (e.1), quinto harmônico (f.1) e a soma do sexto
ao décimo harmônicos (g.1). Os traços cinza correspondem à soma de todos os
sismogramas anteriores. À direita são apresentados os espectros dos respectivos
sismogramas. Esses resultados são relativos à distância epicentral de 5 km e profundidade
de 500 metros.................................................................................................................... 83

4.45: Os traços pretos à esquerda são os sismogramas do modo fundamental (a.1), primeiro
(b.1), segundo (c.1), terceiro (d.1), quarto (e.1), quinto harmônico (f.1) e a soma do sexto
ao décimo harmônicos (g.1). Os traços cinza correspondem à soma de todos os
sismogramas anteriores. À direita são apresentados os espectros dos respectivos
sismogramas. Esses resultados são relativos à distância epicentral de 10 km e
profundidade de 500 metros.............................................................................................. 84

4.46: Os traços pretos à esquerda são os sismogramas do modo fundamental (a.1), primeiro
(b.1), segundo (c.1), terceiro (d.1), quarto (e.1), quinto harmônico (f.1) e a soma do sexto
ao décimo harmônicos (g.1). Os traços cinza correspondem à soma de todos os
sismogramas anteriores. À direita são apresentados os espectros dos respectivos
sismogramas. Esses resultados são relativos à distância epicentral de 5 km e profundidade
de 150 metros.................................................................................................................... 85

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


xix

4.47: Os traços pretos à esquerda são os sismogramas do modo fundamental (a.1), primeiro
(b.1), segundo (c.1), terceiro (d.1), quarto (e.1), quinto harmônico (f.1) e a soma do sexto
ao décimo harmônicos (g.1). Os traços cinza correspondem à soma de todos os
sismogramas anteriores. À direita são apresentados os espectros dos respectivos
sismogramas. Esses resultados são relativos à distância epicentral de 10 km e
profundidade de 150 metros.............................................................................................. 86

4.48: Sismicidade do Brasil de 1724 a 2002. Os círculos são os epicentros dos sismos com
magnitude superior a 3,0 mb, os tons de cinza representam a topografia da região, e a
estrela vermelha representa o epicentro do sismo principal de Marapoama/Elisiário...... 88

4.49: Mapa com epicentros (círculos) de sismos com magnitude superior a 2,0 mb em um raio
de 200km da área de estudo. As cores representam a topografia da região, e a área de
estudo é limitada pelo retângulo azul................................................................................ 88

4.50: Os círculos são os pontos com informações macrossísmicas, e a intensidade do sismo de


06/08/2004, na escala Mercalli Modificada. A Usida Itajobi é representada pelo quadrado
verde, e as estações sismográficas pelos triângulos pretos. Cores representam a topografia
(modelo digital do SRTM), as linhas vermelhas são estimativas grosseiras das isossistas
de intensidades III e IV, e a estrela representa o epicentro macrossísmico do tremor de
06/08/2004......................................................................................................................... 89

4.51: Componente vertical de um pequeno evento ocorrido no dia 21 de agosto às 04:10 da


manhã (hora local). Esse sismo foi registrado pelas três estações. De cima para baixo são
apresentados os registros nas estações STUM, DOIS e TRES. Foi aplicado um filtro passa
banda de 1 a 50 Hz............................................................................................................ 91

4.52: O sismo ocorrido em 21/Agosto foi registrado pelas três estações sismográficas, e seu
epicentro é representado pela estrela vermelha. Tons de cinza refletem os resíduos entre
os valores de S-P observados e teóricos, e a linha verde limita a área onde os
BackAzimutes das estações DOIS e TRES se interceptam. Note que o epicentro deste
evento é bem próximo do epicentro macrossísmico do sismo mais forte (06/08/2004)... 91

4.53: Mapa topográfico da região (cores) onde se efetuou o levantamento macrossísmico. A


estação sismográfica instalada na região é representada pelo triângulo preto, e os dados de
intensidade pelos quadrados: branco para intensidade I, cinza para II, verde para III e
vermelho para III-IV (MM). A estação não detectou nenhuma réplica............................ 92

5.1: Inversão do tensor de esforço com três planos de falha (um de Belo Jardim e dois de
Caruaru). As setas pretas maiores indicam a direção do maior esforço horizontal, σ1 =
SHMAX; as setas cinzas são as direções do menor esforço principal, σ3 = Shmin. As linhas

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


xx

finas são os planos de falha, as setas pequenas representam os rakes de cada falha e as
linhas grossas são a diferença entre os rakes observados e teóricos.................................... 95

5.2: Sismicidade e esforços no Nordeste, com destaque aos mecanismos focais utilizados para a
determinação dos esforços junto ao Lineamento Pernambuco. Os círculos são epicentros
(Berrocal et al., 1984; Boletim Sísmico Brasileiro, 2007), linhas finas são as principais
falhas e zonas de cisalhamento, e as linhas cinzas grossas são os lineamentos Pernambuco
(ao sul) e Patos (ao norte). Triângulos são os magmatismos Cenozóicos. As bacias
sedimentares são Potiguar (PotB), Araripe (ArB), Sergipe-Alagoas (SAB) e Tucano-Jatobá
(TJB). Parte do Lineamento Trans-Brasiliano é identificado por TBL e a batimetria de
200m pela linha tracejada.................................................................................................... 96

5.3: Mecanismos focais (beach balls) utilizados na determinação dos esforços na porção central
do Cráton do São Francisco, no limite dos estados de Minas Gerais, Bahia e Goiás. A linha
grossa representa os limites do Cráton do São Francisco.................................................... 98

5.4: Resultados para o tensor de esforço na porção Central do Cráton do São Francisco. As
linhas representam os planos de falhas dos sismos de Correntina-BA e Brasília-DF,
determinados neste trabalho, e dos sismos de Itacarambri-MG (Chimpliganond et al.,
2008), Manga-BA (Assumpção et al., 1990) e Encruzilhada-BA (Veloso, 1990). O losango
representa a máxima compressão s1, e o circulo representa a mínima compressão s3. As
setas representam o slip dos mecanismos focais, e a linha grossa representa a diferença
entre o rake observado e o calculado................................................................................... 98

5.5: Tensores de esforços (Tabela 5.2) estudados em detalhe nas Figuras 5.6 a 5.20. O esforço
principal σ1 sempre esteve próximo à horizontal e está relacionado a todos os SHMAX. Os
tensores T1, T2, T3, T4 e T9 possuem Shmin definido pelo esforço σ3, representando
regiões com tendência a transcorrência. Todos os outros esforços possuem σ2 próximo à
horizontal........................................................................................................................... 100

5.6: Dispersão da determinação do esforço T1. Em a) todos os ângulos de rotação livres, e b)


fixando os movimentos no plano horizontal e vertical. O tamanho dos círculos representa a
qualidade da informação (círculos maiores possuem erro menor), e as cores representam σ1
(vermelho), σ2 (verde) e σ3 (azul). As setas mostram a mediana da direção do SHMAX
(valores indicados acima), e a linha cinza grossa indica o seu erro. Ao lado, é apresentado o
histograma de ϕ................................................................................................................. 101

5.7: Dispersão da determinação do esforço T2. Legenda como na Figura 5.6......................... 101

5.8: Dispersão da determinação do esforço T3. Legenda como na Figura 5.6......................... 101

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


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5.9 : Dispersão da determinação do esforço T4. Em a) todos os ângulos de rotação livres, e b)


fixando os movimentos no plano horizontal e vertical. O tamanho dos círculos representa a
qualidade da informação (círculos maiores possuem erro menor), e as cores representam σ1
(vermelho), σ2 (verde) e σ3 (azul). As setas mostram a mediana da direção do SHMAX
(valores indicados acima), e a linha cinza grossa indica o seu erro. Ao lado, é apresentado o
histograma de ϕ................................................................................................................. 102

5.10: Dispersão da determinação do esforço T5. Legenda como na Figura 5.9....................... 102

5.11: Dispersão da determinação do esforço T6. Legenda como na Figura 5.9....................... 102

5.12: Dispersão da determinação do esforço T7. Em a) todos os ângulos de rotação livres, e b)


fixando os movimentos no plano horizontal e vertical. O tamanho dos círculos representa
a qualidade da informação (círculos maiores possuem erro menor), e as cores representam
σ1 (vermelho), σ2 (verde) e σ3 (azul). As setas mostram a mediana da direção do SHMAX
(valores indicados acima), e a linha cinza grossa indica o seu erro. Ao lado, é apresentado
o histograma de ϕ............................................................................................................ 103

5.13: Dispersão da determinação do esforço T8. Legenda como na Figura 5.12..................... 103

5.14: Dispersão da determinação do esforço T9. Legenda como na Figura 5.12..................... 103

5.15: Dispersão da determinação do esforço T10. Em a) todos os ângulos de rotação livres, e b)


fixando os movimentos no plano horizontal e vertical. O tamanho dos círculos representa
a qualidade da informação (círculos maiores possuem erro menor), e as cores representam
σ1 (vermelho), σ2 (verde) e σ3 (azul). As setas mostram a mediana da direção do SHMAX
(valores indicados acima), e a linha cinza grossa indica o seu erro. Ao lado, é apresentado
o histograma de ϕ............................................................................................................ 104

5.16: Dispersão da determinação do esforço T11. Legenda como na Figura 5.15................... 104

5.17: Dispersão da determinação do esforço T12. Legenda como na Figura 5.15................... 104

5.18: Dispersão da determinação do esforço T13. Em a) todos os ângulos de rotação livres, e b)


fixando os movimentos no plano horizontal e vertical. O tamanho dos círculos representa
a qualidade da informação (círculos maiores possuem erro menor), e as cores representam
σ1 (vermelho), σ2 (verde) e σ3 (azul). As setas mostram a mediana da direção do SHMAX
(valores indicados acima), e a linha cinza grossa indica o seu erro. Ao lado, é apresentado
o histograma de ϕ............................................................................................................ 105

5.19: Dispersão da determinação do esforço T14. Legenda como na Figura 5.18................... 105

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


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5.20: Dispersão da determinação do esforço T15, com apenas dois mecanismos focais. Legenda
como na Figura 5.18....................................................................................................... 105

6.1: Modelo de esforços determinado por Meijer & Wortel (1992). As barras vermelhas são as
direções de SHMAX e as amarelas são de Shmin, com σ3 horizontal. A estrela indica a
localização do esforço determinado no Lineamento Pernambuco. ................................... 107

6.2: Estimativa da direção dos esforços apenas com mecanismos focais (individuais). A cor das
barras representa: vermelho: falha normal; azul: falha inversa; verde: falha transcorrente. O
tamanho das barras representa a qualidade do mecanismo focal, sendo que os melhores
mecanismos focais são representados por barras maiores. A área (1) aponta para os dados
utilizados na determinação do tensor de esforço no Lineamento Pernambuco, e a área (2) os
dados da região do Cráton do São Francisco. Figura de Assumpção et al. (2008)........... 109

6.3: Estimativa da direção dos esforços com vários mecanismos focais. A cor das barras
representa: amarelo: tração; azul: compressão. Os esforços determinados neste trabalho são
indicados pelas áreas (1), no Lineamento Pernambuco, e (2) na parte central do Cráton do
São Francisco. Figura de Assumpção et al. (2008)........................................................... 110

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


xxiii

LISTA DE TABELAS

4.1: Soluções finais para o mecanismo focal. Ambas as soluções têm ajuste semelhante.......... 64

4.2: Parâmetros dos mecanismos focais apresentados na Figura 4.34b. A coluna rms possui o
valor do rms entre as amplitudes do sismograma observado e do ajustado. O valor final é o
valor médio de cada parâmetro............................................................................................ 73

4.3: Resumo dos eventos estudados no período entre 18/08 e 01/09/2004. Ho é a hora UT de
origem do sismo, o rms representa o ajuste médio das diferenças S-P (em segundos), e o
Erroh é uma estimativa do erro do epicentro (em km). Dist. é a distância do epicentro à
usina Itajobi, e N é o número de estações que registraram o evento. A profundidade focal
foi fixa em 200 metros (dentro da camada de basalto)........................................................ 90

4.4: Parâmetros do evento determinados com dados macrossísmicos. A hora de origem tem um
erro da ordem de 10 minutos, e foi estimada considerando o primeiro chamado recebido
pelos Bombeiros, e o epicentro possui um erro da ordem de 5 km..................................... 92

5.1: Mecanismos focais utilizados na determinação do tensor de esforços no Lineamento


Pernambuco......................................................................................................................... 94

5.2: Mecanismos focais utilizados na determinação do tensor de esforços na porção central do


Cráton do São Francisco...................................................................................................... 97

5.3: Tensores de esforços na porção ocidental da Placa Sul-Americana. Latitude e Longitude


são as coordenadas dos esforços, Neventos é número de mecanismo focais utilizados,
SHMAX é o azimute do máximo esforço compressivo horizontal, Shmin indica qual o esforço
mais próximo de Shmin (σ2 ou σ3), R define a relação entre os esforços. A estimativa do erro
na direção do SHMAX é apresentada nas Figuras 5.6 a 5.20............................................... 100

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


xxiv

LISTA DE ANEXOS

ANEXO I Artigo sobre a Sismicidade e Mecanismo Focal dos Sismos de Belo


Jardim-PE, submetido à Geophysical Journal International em 2008... 01
ANEXO II Tabelas de coordenadas das estações sismográficas utilizadas e dos
hipocentros determinados............................................................................ 01
ANEXO III Código fonte do programa de determinação de Mecanismo Focal com
Ondas de Superfície (X-FOC) que foi desenvolvido e utilizado neste
trabalho.................................................................................................... 01
ANEXO IV Programa para o cálculo da magnitude Mc definida com os dados dos
sismos locais de Bebedouro.................................................................... 01

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


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Capítulo 1

Introdução
O conhecimento dos esforços crustais é importante para o entendimento da sismicidade
intraplaca (Zoback, 1992a) e para o estudo da dinâmica das forças responsáveis pela
movimentação e deformação das placas litosféricas (Zoback, 1992b). Nesse contexto, o estudo
dos mecanismos focais é uma das ferramentas mais utilizadas na compreensão do campo de
esforços crustais, complementando outros tipos de informações como: a) medidas in-situ
(Cornet & Valette, 1984; Stock et al., 1985; Plumb & Hichman, 1985; Read et al., 1998;
Konietzky et al., 2001), que são mais precisas, mas geralmente muito superficiais e facilmente
afetadas por fatores locais como topografia (Haimson, 2004); b) medidas de break-out em
poços de petróleo, que medem apenas a orientação da tensão máxima horizontal, mas não sua
relação com a tensão vertical (Vernik & Zoback, 1992; Zajac & Stock, 1996; Lima et al.,
1997; Zoback, 2007); e c) medidas geológicas em estruturas quaternárias (Petit, 1987;
Dumont, 1993; Doblas, 1997), de difícil observação no campo (Hiruma et al., 2001).

A primeira estimativa de um padrão de esforços no Brasil foi feita por Mendiguren &
Richter (1978) mostrando predominância de tensões compressivas. Desde então, o campo de
esforços neotectônicos vem sendo estudado principalmente com mecanismos de sismos
(Assumpção & Suárez, 1988; Assumpção et al., 1997; Assumpção, 1992, 1998a, 1998b,
1998c; Abarca, 2001; Ferreira, 1997; França et al., 2004; Nascimento et al., 2004), análise
de break-outs em poços de sondagem da Petrobrás (Lima et al., 1997), e análise de estrias em
falhas recentes (Riccomini & Assumpção, 1999). Dados geológicos geralmente concordam
com outros tipos de dados, como no Nordeste (RN e PE) onde falhas recentes na costa indicam
compressão aproximadamente E-W (Bezerra & Vita-Finzi, 2000; Sousa & Bezerra, 2005),
porém na região Sudeste esses dados mostram um padrão mais variado (Riccomini &
Assumpção, 1999; Hiruma et al., 2001), provavelmente devido a variações temporais na
dinâmica da placa sul-americana durante o Quaternário.

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Apesar desses estudos, o campo de tensões crustais no Brasil ainda é muito pouco
conhecido. A Figura 1.1 resume os dados de tensões disponíveis no Brasil, comparando-os ao
modelo teórico de Coblentz & Richardson (1996). Pode-se observar neste mapa que as tensões
crustais não são uniformes, podendo ser notada uma grande influência do efeito da costa
(tensões locais) sobreposto a um campo regional de longo comprimento de onda. Mesmo tendo
sido publicados alguns trabalhos sobre esforços no Brasil nos últimos anos, deve ser destacado
que dentre os quase duzentos tensores de esforços determinados na placa Sul-Americana
(Assumpção, 1992), apenas pouco mais de 20 amostram a porção brasileira. Isso nos mostra
que tudo o que sabemos sobre o campo de tensões crustais no Brasil, ainda é muito pouco
perante o tamanho da área de estudo. Assumpção (1998a) estudou o mecanismo focal de quatro
sismos pequenos do Sudeste, com magnitudes próximas de 3,0 mb, usando polaridades da onda
P e SH, e também a relação entre as amplitudes S/P emitidas pela fonte sísmica, resultando em
um tensor de esforço confiável na borda Sul do Cráton do São Francisco (Figura 1.1).
Infelizmente, muitos outros sismos pequenos que têm ocorrido no Brasil, muitas vezes com
magnitudes menores que 2,0 mb, não tiveram os seus mecanismos focais estudados devido ao
pequeno número de estações sismográficas atualmente existentes no país, o que impossibilita a
utilização das técnicas tradicionais baseadas nas ondas de corpo.

O principal desafio desta pesquisa é estudar os esforços crustais utilizando mecanismos


focais de sismos de magnitudes pequenas e registrados por poucas estações sismográficas,
utilizando dados de polaridade da onda P e a razão de amplitudes (SH/P). Para isso, foram
utilizadas redes sismográficas locais, que permitiram registrar eventos com magnitudes
inferiores a 1,0 mb (Belo Jardim-PE e Correntina-BA) e uma rede regional que detectou um
sismo de magnitude 3,7 mb em Brasília-DF no ano 2000. Uma abordagem complementar
empregada no estudo de sismos com magnitudes pequenas registrados em poucas estações, é a
utilização das ondas de superfície, que complementam os dados de polaridades e razões de
amplitudes das ondas P e S. As ondas de superfície (Rayleigh e Love) têm sua forma definida
pela orientação e movimentação da falha e pela estrutura de velocidade do meio onde se
propaga (Lay & Wallace, 1995). Desta forma, é necessário tomar cuidados especiais para
separar os efeitos do percurso (dispersão e atenuação inelástica) da informação relativa à fonte
sísmica (fase inicial das ondas de superfície). Neste caso, quanto mais próximo são os eventos,
menor é a influência das heterogeneidades da estrutura da crusta sobre as ondas de superfície,
garantindo melhores determinações do mecanismo focal.

No decorre deste trabalho, será apresentada a importância das ondas de superfície


(Rayleigh e Love) nos estudos de mecanismo focal, as quais trazem informações importantes
sobre a orientação e movimentação de falhas geológicas e podem ser usadas para determinar o
seu mecanismo focal. Nesta Tese também é apresentada a metodologia que utiliza as ondas de

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superfície e que é empregada no presente trabalho, a qual pode contribuir para o conhecimento
dos esforços no Brasil, mesmo considerando do baixo nível de atividade sísmica existente no
território nacional e o pequeno número de estações sismográficas.

Figura 1.1 – Dados de tensões disponíveis no Brasil, onde as barras pretas indicam a direção de
SHMAX e as setas brancas a do Shmin (dados observados), cujos símbolos, indicados
na legenda na parte superior direita, são: Eq.Inv - tensor de esforço com inversão
de vários mecanismos focais próximos; BO - direção do SHMAX obtida com break-
outs em poços de petróleo (média de vários poços próximos); FM - estimativa de
SHMAX com apenas um mecanismo focal (símbolos pretos foram obtidos a partir
do eixo P de falha inversa, os brancos a partir do eixo B de falha normal e os
mistos a partir do eixo P de falha transcorrente); HF são medidas de SHMAX com
fraturamento hidráulico. Os símbolos coloridos da legenda CR96 model, são os
esforços obtidos por Coblentz & Richardson (1996), sendo que a barra vermelha
indica compressão e seta amarela tração. Os resultados do presente trabalho não
estão incluídos nesta figura. Figura de Assumpção (1998c).

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O presente trabalho é dividido em seis capítulos, que apresentam de forma sucinta o


estado de conhecimento sobre os esforços litosféricos e importantes contribuições para o
conhecimento do campo de esforços nas regiões centro-oeste e nordeste do Brasil. No Capítulo
2 é apresentado um resumo sobre os esforços litosféricos no Mundo, e os principais modelos de
esforços existentes. No Capítulo 3 são apresentadas as principais metodologias empregadas
nesta Tese, indo desde o estudo da estrutura de velocidade das ondas sísmicas com dados de
sismos locais até a forma como se estima o tensor de esforços com diversos mecanismos focais.
No mesmo capítulo, é apresentada uma seção dedicada á metodologia empregada na
determinação do mecanismo focal de sismos locais e regionais, utilizando a modelagem de
ondas de superfície, que é uma das principais contribuições desta Tese.

No Capítulo 4 são apresentados os resultados de cada um dos ciclos de atividade


sísmica estudados e os seus respectivos mecanismos focais. Os tensores de esforços obtidos
neste trabalho são apresentados no Capítulo 5. Para finalizar, os resultados obtidos neste
trabalho são discutidos e interpretados no Capítulo 6, onde é mostrado um mapa atualizado dos
esforços no Brasil, incluindo as contribuições da presente pesquisa. O trabalho é encerrado com
as principais questões existentes sobre os esforços no Brasil e algumas recomendações sobre o
que se deve fazer em trabalhos futuros para elucidá-las.

Os anexos contêm: (1) artigo submetido para publicação em periódico internacional,


com parte dos resultados desta Tese; (2) coordenadas das estações sismográficas e dos
epicentros determinados neste trabalho; (3) o código fonte do programa X-FOC, desenvolvido
para o estudo de mecanismos focais com a modelagem de ondas de superfície; e (4) o algoritmo
para o cálculo da magnitude Mc de sismos locais, com distâncias epicentrais menores que 15
km, utilizando a amplitude das ondas de cauda.

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Capítulo 2

Tensões Intraplaca
Quando os conceitos de convecção do manto e tectônica de placas foram desenvolvidos,
acreditava-se que a convecção do manto era a grande responsável pela movimentação das placas
litosféricas, as quais se moviam de modo passivo (McKenzie, 1968, 1969b; Larson, 1991;
Rast, 1997; Sheridan, 1997). No decorrer da década de 1970, estudos mais sofisticados sobre a
convecção do manto mostraram que apenas uma fração do fluxo de calor da Terra se originava
no Núcleo, e que a maior parte das anomalias térmicas possivelmente teria origem no próprio
manto. A partir daí, os modelos numéricos mostraram pela primeira vez que as anomalias
térmicas geradas no manto poderiam soerguer as placas litosféricas, as quais se auto-
movimentariam e por conseqüência arrastariam frações do manto. Neste caso, o manto
ofereceria resistência ao movimento das placas litosféricas.

Esse conceito de placa autônoma considera que o movimento das placas é um efeito
direto do empurrão das dorsais meso-oceânicas (ridge push), explicando a causa do excesso de
compressão horizontal observado no fundo oceânico. Richardson & Coblentz (1994)
estimaram a magnitude dos esforços na Placa Sul-Americana com modelos numéricos que
explicam a transição entre o regime de esforço compressivo para extensivo na cota de 3.000
metros da Cordilheira Blanca, no Peru, e constatou-se que o esforço intraplaca da ordem de 25
MPa é compatível com a magnitude dos esforços causados pelo empurrão da cadeia meso-
atlântica para uma litosfera com espessura de 100 km.

Em 1979 surge um dos primeiros trabalhos de modelagem numérica com ajuste das
direções dos esforços principais (SHMAX) obtidos com soluções de mecanismos focais
(Richardson et al., 1979). Neste trabalho foram utilizados uma litosfera elástica de espessura
uniforme, e um manto que oferecia resistência ao movimento das placas. Infelizmente, a
idealização do problema não permitiu a predição e checagem das velocidades das placas.

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A maioria das modelagens do campo de esforços na Placa Sul-Americana indica que a


litosfera possui um campo de esforços formado principalmente pelo empurrão da dorsal meso-
atlântica e pela colisão com a Placa de Nazca, e que a força basal exercida pelo manto parece
ser de resistência ao movimento da placa, a qual arrasta o manto profundo (Richardson &
Coblentz, 1994; Meijer et al., 1997; entre outros). Deste modo, a velocidade angular do manto
decresce com o aumento da profundidade (Figura 2.1), e a astenosfera e manto inferior seriam
movimentados pelas placas litosféricas. O trabalho pioneiro de Bird (1998) apresenta
simulações que estimam o fluxo do manto e heterogeneidades laterais, e com uma análise das
diferenças entre os esforços (e velocidades) observados e teóricos, conclui que o modelo onde o
manto é passivo, não explica os esforços e velocidades atuais das placas.

Figura 2.1 – Modelo da Terra com vetores indicando os dois principais modelos para explicar a
movimentação das placas litosféricas. No modelo da esquerda as placas
litosféricas se auto-movimentariam, e no modelo da direita o manto transportaria a
placa através de movimento de convecção. A maioria dos trabalhos de modelagem
global de esforços se propõe a responder se realmente a movimentação das placas
é um resultado autônomo ou depende de um arraste basal do manto. Possivelmente
o melhor modelo seja uma composição complexa e não-única de vários fatores.
Talvez uma composição mista de todos os modelos, adicionada a fatores que ainda
não conhecemos, seja uma boa aproximação (figura de Bird, 2006).

Recentemente dois trabalhos de modelagem do campo de esforços defendem a idéia de


que o manto é um dos principais causadores dos esforços no interior das placas, sendo visto
como o principal motor no movimento das placas litosféricas (Bird, 1998; Lithgow-Bertelloni
& Guynn, 2004). Estimativas de Lithgow-Bertelloni & Guynn (2004) indicam que os
esforços causados pela astenosfera na litosfera são da ordem de quatro vezes maiores que os

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gerados pela topografia. Porém essas estimativas dependem do grau de acoplamento entre o
manto e a litosfera (viscosidade da astenosfera).

O conhecimento dos esforços crustais é importante para responder essas questões ainda
em aberto na Tectônica de Placas (Zoback, 1992b), além de ser fundamental para o
entendimento da sismicidade intraplaca (Zoback, 1992a). Além desses fatores de caráter
tectônico, o estudo do campo de esforços crustais também é importante para: 1) determinar a
posição de perfuração de túneis e minas profundas para a prospecção de minérios, com o intuito
de garantir a estabilidade da rocha e a integridade da obra; 2) permitir avaliar a permeabilidade
de fraturas e, deste modo, inferir o fluxo de fluidos em sub superfície, sendo importante para a
geologia de petróleo e hidrogeologia (Stewart & Hancok, 1994); 3) avaliação de risco sísmico
para grandes obras de engenharia (Hasui & Mioto, 1992; Assumpção, 1998c); 4) identificação
de zonas propensas a sofrerem grandes terremotos e, quem sabe no futuro, executar predições
bem sucedidas de grandes terremotos (Keilis-Borok, 1990, 1999); entre outros estudos de
importância para a geofísica, geologia e engenharias.

Segundo Heidback et al. (2004), 75% dos tensores de esforços determinados no mundo
foram obtidos com mecanismos focais. O restante dos tensores de esforços foi determinado com
breakouts de poços de petróleo (17%), indicadores geológicos (4%), fraturamento hidráulico
(2%) e outros métodos (2%). Dentro desse contexto pode-se perceber que o estudo de
mecanismos focais é uma das ferramentas mais importantes no estudo do campo de esforços
crustais. Além disso, os tensores de esforços determinados com mecanismo focais são mais
representativos do que os ensaios geotécnicos, já que os movimentos de falhas não são regidos
por esforços extremamente locais, como os que deformam poços e túneis em áreas de poucos
metros quadrados.

Neste capítulo são apresentados os principais conceitos utilizados no estudo dos esforços
litosféricos, se discute as diferentes fontes que contribuem para a formação do campo de
esforços, apresentam-se os principais modelos numéricos do campo de esforços no mundo e na
placa Sul-Americana, e o atual estado de conhecimento sobre os esforços litosféricos no Brasil e
no Mundo.

2.1 Tipos de Esforços Litosféricos


Os esforços que atuam na litosfera são compostos por uma combinação de sistemas de
esforços, os quais podem ser afetados pela variação lateral das propriedades mecânicas da
litosfera (Bott & Kusznir, 1984). Os mesmos autores apresentam uma revisão completa sobre a
origem dos esforços litosféricos, propondo duas categorias de esforços: (1) esforços renováveis
que persistem apesar da contínua relaxação dos esforços; e (2) esforços não-renováveis, os quais
podem ser dissipados pelo alívio da deformação inicial. Os dois tipos mais importantes de

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esforços renováveis são os resultados das forças que atuam nas bordas das placas litosféricas e
da compensação isostática da litosfera, incluindo a topografia e toda a massa crustal. Os
esforços não renováveis incluem esforços de curvatura, de membrana e de origem térmica. Bott
& Kusznir (1984) destacam que apenas os esforços renováveis contribuem significativamente
para a atividade tectônica. Por outro lado, os esforços de curvatura e de origem térmica são
localmente importantes na subducção da litosfera. Vale ressaltar que os esforços de curvatura da
litosfera não são significativos no interior das placas, pois a litosfera é relativamente fina
quando comparada ao raio de curvatura da Terra (Lithgow-Bertelloni & Guynn, 2004).

As placas litosféricas se movem uma com relação à outra, devido às forças que atuam
em suas bordas e no interior, as quais são as principais causadoras do que chamamos de
esforços tectônicos (Figura 2.2). A energia acumulada na forma de deformações elásticas são as
causadoras dos terremotos. Embora os esforços renováveis sejam os grandes responsáveis pelas
atividades tectônicas, os esforços não-renováveis também provocam atividades sísmicas
localizadas. Um exemplo disso é a atividade sísmica na região de Bebedouro-SP (Yamabe et
al., 2005), que é gerada pelos esforços locais não-renováveis relacionados à camada de basalto.

Segundo Bott & Kusznir (1984) o esforço cisalhante na base da litosfera, provocado
pela força de arraste basal (ou drag force, Figura 2.2) que é gerado por células de convecção ou
outro mecanismo, oferece resistência ao movimento da placa litosférica, e pode ser pequeno
devido à baixa viscosidade da astenosfera. A amplitude máxima dos esforços cisalhantes na
base da litosfera depende da dimensão horizontal das células de convecção, por exemplo, uma
célula de convecção com dimensão da ordem de 4.000 km, atuando sob uma litosfera com 100
km de espessura, geraria esforços cisalhantes na base da litosfera da ordem de 1 MPa,
implicando em um esforço máximo da ordem de 40 MPa na litosfera (Schubert et al., 1978).
Por outro lado, deve-se considerar que as células de convecção em geral possuem dimensões de
apenas algumas centenas de quilômetros, e esse tipo de esforço possui magnitude muito menor.

Os modelos numéricos de esforços de Lithgow-Bertelloni & Guynn (2004) indicam


que o manto atua de forma resistiva nas regiões oceânicas devido principalmente à baixa
viscosidade da astenosfera, porém possui uma componente importante nas porções continentais,
onde há variações significativas da espessura da litosfera, fazendo com que a mesma seja mais
“rugosa”, e aumente a contribuição das correntes de convecção nos esforços intraplaca.

Os avanços do conhecimento sobre a origem e características dos esforços litosféricos,


que decorre principalmente do aumento dos dados de esforços na crosta, do conhecimento das
velocidades atuais das placas litosféricas, e da anisotropia sísmica do manto superior, podem ser
observados nas diversas revisões sobre esforços litosféricos, incluindo as apresentadas por
Turcotte & Oxburgh (1976), Bott & Kusznir (1984) e Lithgow-Bertelloni & Guynn (2004).

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As principais forças que geram esforços tectônicos são apresentadas na Figura 2.2, com
destaque a um arraste basal (drag force) oposto ao movimento da placa litosférica oceânica, e o
empurrão da cadeia meso-oceânica (ridge push), que gera compressão na placa litosférica
oceânica.

As células de convecção formadas pela descida do material rochoso que é esfriado pela
subducção da placa litosférica (trench suction e slab roll back), são localizadas dos dois lados
da placa subduzida e possuem sentidos opostos (Figura 2.2). O puxão da placa (slab pull), que
é ocasionado pelo seu peso, também favorece o movimento de subducção. Por outro lado, a
resistência do manto à entrada da placa (slab drag) dificulta o movimento de subducção.

Figura 2.2 - Principais forças que compõem os esforços na litosfera. O empurrão da cadeia
(ridge push) é gerado pela elevação da cadeia meso-oceânica; o arraste basal
(drag force) representa a resistência oferecida pela astenosfera ao movimento da
litosfera; a resistência à descida da placa (slab drag) é ocasionada pela
resistência à penetração da placa no manto; o puxão da placa (slab pull) é a força
gravitacional relativa à massa da placa subduzida; as células locais de convecção
denominadas slab roll back e trench suction ocorrem pela movimentação para
baixo do material mantélico que é esfriado pela placa; e a força de resistência de
colisão que é aplicada frontalmente na forma litosfera-litosfera e litosfera-manto
(collisional resistance). Figura de Weil (2008).

As forças apresentadas na Figura 2.2 são muito difíceis de serem utilizadas, da forma
descrita, para a modelagem dos esforços, e Lithgow-Bertelloni & Guynn (2004) utilizaram
uma abordagem bastante interessante para simplificar esse problema. Nesse trabalho, as tensões
horizontais geradas pelo fluxo do manto na base da litosfera também possuem duas origens
(Figura 2.3). A primeira é gerada por heterogeneidades de densidade (Figura 2.3a) e pode-se
dizer que é resultado da convecção do manto (drag force positiva), e a segunda pela resistência
do manto ao movimento absoluto da placa (drag force resistiva). Nesse último caso, os esforços
são proporcionais às velocidades locais da placa (Figura 2.3b). O resultado das duas
contribuições é apresentado na Figura 2.3c.

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As tensões radiais aplicadas na base da litosfera originam dois tipos de esforços


horizontais no interior da placa (Figura 2.4). O primeiro tipo é induzido pela ação da gravidade
na topografia, e o segundo são esforços de membrana.

Figura 2.3 - Tensões horizontais e suas relações com o fluxo do manto e movimentos das
placas. Essas tensões são compostas por duas contribuições: (a) Forças com
origem na convecção do manto ocasionada por heterogeneidades de densidade, e
(b) forças opostas ao movimento das placas. Em (c) é apresentado a somatória
das forças exercidas na placa. No exemplo são apresentados os efeitos causados
por uma anomalia de densidade na porção oeste de uma placa que se movimenta
para oeste.

Figura 2.4 – Forças e esforços associados à topografia dinâmica. As trações radiais (radial
tractions) são opostas às forças de empuxo (buoyancy forces), sendo que o
balanço entre essas duas forças produz uma topografia dinâmica hd. A topografia
apresentada acima produz dois tipos de esforços no interior da placa: esforços de
membrana (membrane stresses) causados pela extensão da placa, e esforços
gravitacionais (gravitational stresses) gerados pelo gradiente topográfico. Os
esforços na litosfera são constantes em toda sua espessura, não sendo
considerados os esforços devido à curvatura da Terra, nem de flexura.

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


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2.2 Esforços Tectônicos e Sismicidade Intraplaca


Toda a sismicidade intraplaca do planeta é responsável por menos de 10% da energia
liberada pelos sismos (Johnston, 1989), porém tem grande importância devido à baixa
atenuação das ondas sísmicas na litosfera em regiões continentais estáveis. No nordeste do
Brasil, por exemplo, eventos sísmicos com magnitude 5,0 mb ocorrem a cada 5 anos ou menos,
causando intensidade de até VII MM, sendo sentidos em cidades a centenas de quilômetros do
epicentro.

Os sismos intraplaca podem ser explicados pela reativação de zonas de fraquezas pré-
existentes, concentração de esforços, ou ambos (Sykes, 1978; Hinze et al., 1988; Johnston,
1989; Hauksson, 1991). Sykes (1978) propôs que as zonas de fraquezas localizadas em
ambiente intraplaca são o local do mais recente orógeno que afetou a área, e que as intrusões
alcalinas mais recentes podem ser usadas para identificação dessas zonas de fraqueza.

Hinze et al. (1988) fez uma revisão de vários modelos de concentração de esforços
baseado em: heterogeneidades, expansão/contração termal, deformação isostática/flexural.
Johnston (1989) atribuiu que muitos dos maiores terremotos (MW ≥ 6,0) em regiões
continentais estáveis, aproveitaram antigas zonas de fraqueza onde a crosta é mais fina, ou seja,
riftes antigos. Talwani e Rajendran (1991) mostraram que terremotos intraplaca estão
relacionados com a reativação de antigas zonas de fraqueza preexistentes e com concentração de
tensões devido à intersecção de diferentes estruturas (Gangopadhyay & Talwani, 2005;
Yamini-Fard et al., 2006). No SE do Brasil, Assumpção et al. (2004) mostraram com dados de
tomografia sísmica que as áreas com o maior nível de atividade sísmica, na porção Central e
Sudeste do Brasil, têm litosfera mais fina. Como discutido por Bott & Kusznir (1984), o
afinamento litosférico provoca a amplificação dos esforços na litosfera superior.

De modo geral, acredita-se que a sismicidade intraplaca sempre ocorra em zonas de


fraqueza pré-existentes, ou em regiões onde haja concentrações anômalas de esforços que
possam gerar novos falhamentos crustais (Sykes, 1978; Gangopadhyay & Talwani, 2003).
Embora seja bastante razoável explicar a sismicidade intraplaca em função de zonas de
fraquezas e falhas pré-existentes, devemos considerar, por exemplo, que grande parte da
atividade sísmica no NE do Brasil, sempre com profundidades mais rasas que 10 km e zonas
sísmicas com área de 30-40 km de comprimento, ocorrem em locais sem clara relação com
estruturas geológicas observadas na superfície (Takeya et al., 1989; Ferreira et al., 1998).

Desta forma, o conhecimento do campo de esforços intraplaca permite conhecer os


mecanismos tectônicos que deformam as placas litosféricas, e no futuro poderá possibilitar a
determinação mais precisa do risco sísmico relacionado a grandes obras de engenharia, e a
identificação de regiões locais onde poderão ocorrer grandes sismos intraplaca.

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2.3 Esforços no Mundo (World Stress Map)


O principal dado utilizado na verificação da qualidade dos modelos numéricos de
esforços litosféricos é a direção do máximo esforço compressivo horizontal (SHMAX). Alguns
trabalhos de modelagem numérica dos esforços também empregam a direção e magnitude do
movimento das placas litosféricas (Bird, 1998). Poucos trabalhos consideram o tipo de regime
tectônico atuante na região, mas esse dado é muito importante e está começando a ser
considerado em trabalhos recentes (Lithgow-Bertelloni & Guynn, 2004). A direção dos
esforços e o regime tectônico podem ser determinados através de soluções de mecanismos
focais. A principal fonte de dados para o estudo dos esforços litosféricos no mundo é o World
Stress Map (Zoback et al., 1989; Heidback et al., 2004) e alguns modelos de velocidade das
placas litosféricas (Sella et al., 2002; DeMets et al., 1990, 1994).

O World Stress Map (WSM - Figura 2.5) foi um projeto que envolveu pesquisadores de
diversas partes do mundo, e é composto por um banco de dados com mais de 13.800 dados
sobre os esforços tectônicos na porção superior da litosfera (Heidback et al., 2004), sendo parte
do International Lithosphere Programm (Zoback et al., 1989; Zoback, 1992a). Neste mapa, os
esforços são classificados segundo sua qualidade, em categorias A, B, C, D ou E. Os valores A,
B e C são bons (erros inferiores a ±15 o, ±20o e ±25o, respectivamente), D são dados imprecisos
(erros da ordem de ±40o) e E são dados ruins ou com erros desconhecidos (Heidbach et al.,
2004). Embora as soluções de mecanismos focais individuais sejam classificadas como B ou C,
os dados obtidos com a inversão do tensor de esforço com vários mecanismos focais (distintos)
podem ser classificados como A ou B.

Embora os dados sismológicos não sejam os mais precisos, são os mais representativos
dos esforços nas placas litosféricas, pois são geradas por forças que atuam sobre grandes áreas,
muitas vezes com milhares de metros quadrados, e a profundidades inacessíveis às medidas
geotécnicas. Ou seja, enquanto os esforços que geram os sismos atuam em falhas com dezenas
de metros a centenas de quilômetros, as medidas geotécnicas avaliam apenas os esforços
atuantes em regiões realmente pontuais, e na maioria das vezes muito superficiais (algumas
dezenas de metros). Vale destacar que apenas os dados sismológicos investigam grandes
profundidades, já que os dados de breakout se limitam aos primeiros cinco quilômetros da
crosta (Zoback et al., 1989; Zoback, 2007).

Os trabalhos que estudam as características regionais dos esforços de uma placa isolada
utilizam todos os dados de esforços disponíveis para uma determinada região (Stefanick &
Jurdy, 1992; Meijer et al., 1997; Coblentz et al. 1998; entre outros). Por outro lado, modelos
globais costumam utilizar dados interpolados, que têm menos influência de variações locais dos
esforços, e são mais representativos das características dos esforços com longos comprimentos

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


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de onda (Bird, 1998; Lithgow-Bertelloni & Guynn, 2004 – veja exemplo na Figuras 2.6).
Segundo Bird & Li (1996), regiões com poucos dados, como o interior da América do Sul e
Austrália, não permitem uma boa interpolação dos esforços. Por outro lado, regiões onde ocorre
um número significativo de dados, como a porção central da região Andina, costa oeste da
América do Norte, Europa Ocidental, porção leste da África e a maior parte da China, os
tensores de esforços são bem determinados. As regiões onde os esforços são menos conhecidos
são as porções oceânicas distantes de bordas continentais ou bordas de placas.

Figura 2.5 – As barras representam as direções de SHMAX (CASMO, 2008; Heidback et al.,
2004) obtidas com inversão de dados de mecanismos focais e com a média de
mecanismos focais. As cores das barras indicando o regime tectônico dos
esforços (verde para falhas transcorrentes, azul para inversas e vermelho para
normais). Os dados de breakouts (barras pretas) não possibilitam a determinação
do tipo de regime tectônico. Os tamanhos das barras representam a qualidade dos
esforços (de A a C). As cores do mapa representam a topografia.

A Figura 2.6 mostra as direções de SHMAX do World Stress Map interpoladas por
Lithgow-Bertelloni & Guynn (2004), usando a metodologia de Bird & Li (1996), porém
levando em conta o regime de esforços tectônicos, que é um dado importante para a
compreensão dos esforços litosféricos. Note que os esforços (Figura 2.6) possuem direções
suavizadas, quando comparado o mapa original (Figura 2.5), mostrando de forma mais clara os
padrões de esforços no mundo.

Como se pode observar na Figura 2.6, a região Andina está sob compressão E-W,
possivelmente devido ao empurrão para Leste provocado pela subducção da Placa de Nazca e

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


14

pelo empurrão para Oeste da cadeia meso-Atlântica. Neste mapa também é possível perceber,
de forma mais discreta do que na Figura 2.5, os esforços extensivos nas regiões mais altas dos
Andes, e pode-se constatar que a porção Leste da África está sob um regime de esforços
extensivos, com mínima compressão horizontal (ou extensão) predominantemente perpendicular
ao Rift do Leste Africano, indicando desta forma uma direção de SHMAX paralela a esse rift.
Acima da região do Rift do Leste Africano pode-se notar que o Shmin possui direção N-S (dados
de breakouts de poços, ou seja, são dos sismos do rift - Figura 2.5), podendo indicar junto com
outros dados de esforços existentes na África (Figura 2.5), que a região se encontra
influenciada por esforços compressivos de direção E-W, com exceção da região no entorno do
Rift do Leste Africano.

Figura 2.6 – Mapa com os dados interpolados do World Stress Map (Lithgow-Bertelloni &
Guynn, 2004). As barras representam a direção do SHMAX e cores o regime
tectônico (verde para falhas transcorrentes, azul para inversas e vermelho para
normais). Os dados interpolados eliminam características locais de alguns
tensores de esforços e são ideais para modelagens globais.

A região de subducção da Placa da Scotia é caracterizada na Figura 2.6 por SHMAX


paralelo à direção de subducção e esforços compressivos. Esse padrão, mostrado anteriormente
para a região Andina, também é observado na maior parte das zonas de subducção da porção
oeste do Pacifico, no Anel de Fogo.

Embora a maioria dos dados de esforços existentes na Australia seja de breakouts de


poços (Figura 2.5), os quais não permitem identificar o regime de esforços, a Figura 2.6 e
alguns dados do porção Leste da Austrália (Figura 2.5) indicam que a região norte encontra-se

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


15

sob esforços compressivos com direções de SHMAX obedecendo aos padrões dos esforços
compressivos gerados por diferentes zonas de subducção do pacifico Oeste.

As dorsais meso-oceânicas, as quais configuram os limites divergentes das placas


litosféricas, possuem regimes tectônicos predominantemente extensivos e transcorrentes, em
geral com esforços extensivos transversais às cordilheiras, ou seja, com SHMAX paralelo as
cordilheiras (Figura 2.6). Os poucos eventos sísmicos que ocorrem na crosta oceânica, longe
das porções continentais e dos limites das placas, indicam que essas regiões estão
predominantemente condicionadas a um esforço compressivo com direção radial ao movimento
das placas litosféricas. Essa última observação é um dos itens que fortalece o modelo no qual a
convecção do manto não é, pelo menos diretamente, a principal responsável pelo movimento
das placas litosféricas.

No continente Europeu é muito difícil se observar um padrão de esforços através do


mapa da Figura 2.5, ficando mais claro no mapa da Figura 2.6 um padrão que pode ser
dividido em três regiões, que são: i) A região de influência do contato da Placa Euro-Asiática
com o Norte da Placa Africana, onde são observados esforços de regime transcorrente, com
SHMAX N-S; ii) porção central e norte da Europa, onde se apresenta um padrão de direções de
SHMAX aproximadamente NW-SE, confirmado com trabalhos de grande precisão como os de
Müller et al. (1992) e Hinzen (2003); e iii) esforços extensivos (Shmin) perpendiculares ao Mar
Mediterrâneo, próximo a Itália, Grécia e Turquia.

Embora as direções de SHMAX na porção Leste da América do Norte sejam


predominantemente E-W, indicando sobretudo os esforços gerados pelo empurrão da dorsal
meso-atlântica, estudos recentes sobre a anisotropia sísmica com ondas P (Bokelmann, 2002a)
e com ondas P e S (Bokelmann & Silver, 2002; Bokelmann, 2002b), indicam que a litosfera
continental da América do Norte está acoplada ao manto subjacente, e que as correntes de
convecção do manto profundo auxiliam o movimento dessa placa, já que as direções dos eixos
rápidos são paralelas ao movimento absoluto da Placa Norte-Americana. Essa interpretação é
questionável por não conhecermos o campo de esforços na porção central da América do Norte,
e as observações de anisotropia podem também ser interpretadas como de origem fóssil, não
tendo relação com os esforços atuais.

Fouch et al. (2000) utilizaram os dados de anisotropia sísmica, determinados com


ondas SKS, SKKS, PKS, pSKS e sSKS com períodos entre 8 e 20 segundos, para propor um
modelo teórico para explicar a anisotropia provocada pelo fluxo do manto ao redor de um corpo
3-D que representa uma litosfera com espessura de 60 km com exceção de uma região de área
circular com raio de quase 2.000 km e com espessura de 300 km. O modelo calcula o fluxo do
manto até 660 km, onde ocorre a descontinuidade manto superior/inferior e há uma mudança de
fase da Olivina para a Peroviskita, o que aumenta a viscosidade do manto de 30 a 100 vezes. Os

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


16

resultados indicam que as direções de anisotropia sísmica são paralelas ao movimento da placa
na porção mais profunda da litosfera, e que acompanha a direção das bordas da área circular
mais espessa, o que parece bastante razoável. Uma das conclusões de Fouch et al. (2000) é que
o modelo de convecção do manto e o modelo de deformação da litosfera, não explicam sozinhos
a anisotropia sísmica e os esforços observados na parte Leste da América do Norte, havendo a
necessidade de uma composição desses dois modelos.

No Brasil há poucos dados de esforços (Figura 1.1 - Assumpção & Suárez, 1988;
Assumpção et al., 1997; Assumpção, 1992, 1998a, 1998b, 1998c; Abarca, 2001; Ferreira,
1997; França et al., 2004; Nascimento et al., 2004) para se comparar com os dados de
anisotropia sísmica (James & Assumpção, 1996; Assumpção et al., 2006), porém o padrão da
direção da anisotropia sísmica encontrado por Assumpção et al. (2006) é consistente com o
modelo de Fouch et al. (2000), mostrando que a direção do eixo rápido da onda S na Bacia do
Paraná é paralela ao movimento absoluto da Placa Sul-Americana, e que nas proximidades do
Cráton do São Francisco a direção do eixo rápido respeita o padrão mostrado no modelo
numérico de Fouch et al. (2000) para fluxo astenosférico no entorno de uma litosfera mais
espessa. Os dados de anisotropia sísmica no Brasil, em especial o padrão do fluxo astenosférico
no entorno do Cráton do São Francisco (Assumpção et al., 2006), são algumas das informações
que devem ser levadas em conta em futuros modelos numéricos para o cálculos dos esforços.

A anisotropia sísmica determinada com ondas SK(K)S e PK(K)S na porção Central e


Sudeste do Brasil (Assumpção et al., 2006) indicam um fluxo astenosférico no entorno do
Cráton do São Francisco, e indicam um tempo de atraso (delay time) relativamente menor nas
áreas cratônicas (Cráton do São Francisco e Bacia do Paraná) do que na Faixa Brasília e no
Cinturão Ribeira. Essa informação é compatível com o modelo numérico de Fouch et al.
(2000), o qual mostra que o fluxo no entorno de uma região estável com litosfera espessa se dá
no entorno da mesma, e que o tempo de atraso é menor no interior de regiões estáveis, como no
interior do Cráton do São Francisco e da Bacia do Paraná.

Na Bacia do Amazonas o SHMAX parece ter direção aproximadamente N-S,


perpendicular ao Rift Paleozóico do Amazonas, representando uma rotação do SHMAX de
aproximadamente 75º com relação ao padrão regional de esforços no Brasil (Assumpção,
1992), que é o de máxima compressão E-W. Zoback & Richardson (1996), modelaram os
esforços na região utilizando um modelo de elementos finitos inferidos com dados
gravimétricos, e concluíram que os esforços locais gerados pelo rift são de 1 a 4 vezes maiores
que os esforços regionais, controlando o padrão dos esforços na região. Segundo os mesmos
autores, esse campo de esforços modificados pelo rift pode ter sido o responsável pela
ocorrência de dois sismos com magnitudes moderadas na região (5,1 e 5,5 mb - Assumpção &
Suárez, 1988) nos últimos 40 anos, e esse modelo de esforços associados a rift pillow explica a

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


17

ocorrência de grandes sismos intraplaca, como os sismos de Nova Madri (Grana &
Richardson, 1996; Zoback & Richardson, 1996), que são os maiores sismos intraplaca
ocorridos em tempos históricos (Johnston & Kantor, 1990).

A alta sismicidade ao longo da margem norte do Nordeste do Brasil, especialmente


próximo à borda da Bacia de Potiguar, tem sido explicada como uma sobreposição de vários
tipos de esforços: (1) esforço regional compressivo E-W, provocado pela cadeia meso-Atlântica;
(2) esforço local causado pela transição crosta continental/oceânica e esforço de flexura causado
pela carga de sedimento da Bacia Potiguar na plataforma continental (Assumpção, 1992;
Ferreira et al., 1998).

Uma boa compilação dos dados de esforços da Placa Sul-Americana é apresentada por
Abarca (2001), que utilizou 158 mecanismos focais de eventos com magnitudes superiores a
4,8 (mb) na determinação de 24 tensores de esforços na borda Andina da Placa Sul-Americana e
na porção Central do Brasil. Nesse trabalho é discutida uma componente regional de longo
comprimento de onda no campo de esforços no interior do continente, orientada
aproximadamente na direção E-W. Os regimes de esforços compressivos e transcorrentes
predominam, porém nas regiões alto-andinas os esforços na componente vertical são maiores
que nas componentes horizontais, o que é justificado pelo efeito gravitacional da massa
topográfica e da compensação isostática de uma crosta mais espessa, ocasionando falhamentos
normais. Na zona do maciço andino, acima de 3.000 metros de altitude, se tem reconhecido um
esforço extensional N-S, com SHMAX em geral E-W (Deverchère et al., 1989; Assumpção,
1992; Richardson & Coblentz, 1994; Abarca, 2001). Na porção Andina da placa Sul-
Americana, o padrão de fluxo mantélico é mais complexo do que na porção oriental da placa,
conforme discutido por Russo & Silver (1994) e Helffrich et al. (2002), e a influência do
arraste ou resistência basal oferecida pelo manto ao movimento da placa Sul-Americana é
bastante discutida e incerta, sendo conclusivo apenas que o fluxo do manto atua de forma ativa
na subducção da placa de Nazca.

2.4 Modelos Numéricos de Esforços


Os trabalhos de Solomon et al. (1975) e Richardson et al. (1976, 1979) foram
pioneiros no cálculo do campo de esforços litosféricos globais. Mais tarde os modelos se
tornaram regionais, e o foco passou a ser o estudo de placas isoladas (Richardson & Reding,
1991; Coblentz & Richardson, 1996; Meijer et al., 1997; Coblentz et al., 1998; Flesch et al.,
2000; Govers & Meijer, 2001; entre outros). Esses últimos modelos permitiram a inclusão de
parâmetros ainda não utilizados, como a topografia, a densidade da litosfera e o empurrão das
cadeias meso-oceânicas.

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


18

Os modelos regionais (também chamados de não-globais) em geral ajustam melhor os


dados observados e são úteis na caracterização do campo de esforços, porém têm a desvantagem
de exigirem condições de contorno adicionais nas bordas das placas, que muitas vezes não são
bem conhecidas, principalmente na questão de sua magnitude. Por outro lado, os modelos
globais, que recentemente voltaram a ganhar força com os trabalhos de Bird (1998) e Lithgow-
Bertelloni & Guynn (2004), requerem a utilização das propriedades reológicas nas bordas das
placas, as quais também não são bem conhecidas.

As equações utilizadas nos cálculos do campo de esforços são resolvidas através de


Métodos de Elementos Finitos (MEF), existindo programas que permitem fazer esse tipo de
modelagem, como o ADELI (Chéry & Hassani, 2005) e o ABAQUS (Hibbit & Sorenson,
2002). O primeiro possui código aberto e é ideal para modelagens regionais de esforços e
deformações (Tommasi & Vauchez, 2001; Provost et al., 2003; Wang et al., 2008; entre
outros), enquanto o segundo é um programa comercial, fechado e excelente para modelagens
globais (Lithgow-Bertelloni & Guynn, 2004), porém também utilizado em modelagens
regionais (Gabriel et al., 1997; Kurz et al., 2003).

Embora a maioria dos trabalhos de modelagem de esforços permita estimar a magnitude


dos esforços, os dados do WSM não permitem avaliar esse resultado, já que a maioria dos dados
de esforços não possui a sua magnitude, e os poucos que possuem (medidas in-situ) não são
representativos dos esforços na litosfera profunda. Os dados de fraturamento hidráulico
possuem magnitudes, mas são pouco representativos por serem muito rasos (estimativas
mostram que a magnitude dos esforços pode variar em uma ordem de grandeza variando a
profundidade de 1,0 km para 5,0 km - Zoback & Healy, 1992; Townend & Zoback, 2000). Já
os dados de mecanismos focais não representam o esforço total, e sim o alívio de esforço (stress
drop), que em geral é da ordem de 1 a 10 MPa (Ruff, 2002).

Uma discussão ainda em andamento é se os dados de esforços do WSM variam com a


profundidade. Como muitas modelagens não explicam mais do que 60% dos dados, alguns
autores como Lithgow-Bertelloni & Guynn (2004) defendem a idéia de que os dados do WSM
sejam representativos apenas da porção mais rasa da litosfera (primeiros 20 km). Um dos pontos
que dão força a essa hipótese são variações de até 50o na direção do SHMAX observadas em um
poço profundo nos Estados Unidos (Zoback & Healy, 1992), porém essa rotação dos esforços
em geral ocorre em regiões próximas a grandes falhas, e pode ser considerada como uma
anomalia local.

Um dos estudos mais completos da atualidade sobre a origem dos esforços litosféricos é
o desenvolvido por Lithgow-Bertelloni & Guynn (2004), onde são calculados os esforços
induzidos por fluxos no manto, heterogeneidades crustais e topografia. Os resultados são
comparados com os dados interpolados do WSM. A modelagem de Bird (1998) é semelhante,

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


19

mas não tem a mesma riqueza de detalhes. Por outro lado, Bird (1998) além de analisar os erros
nas direções dos esforços, analisa os erros das velocidades das placas, tornando os resultados
mais robustos e deixando claro que o modelo de manto estático não produz bons ajustes. As
direções dos esforços calculadas por Bird (1998) e Lithgow-Bertelloni & Guynn (2004)
possuem erros de ajuste da ordem de 45º, porém os resultados ajudam a quantificar as
contribuições do fluxo do manto nos esforços litosféricos. Ambos os trabalhos dão grande
importância às contribuições do manto para os esforços litosféricos.

A seguir serão discutidos brevemente alguns modelos regionais e globais utilizados no


estudo do campo de esforços e na avaliação das forças que atuam em diferentes placas
litosféricas, com destaque a Placa Sul-Americana.

2.4.1 Modelos Regionais

Os modelos de esforços regionais consideram as forças e geometria de apenas uma


placa litosférica, utilizando um modelo de forças dispostas nas bordas da placa, com exceção de
forças intraplaca relacionadas à topografia e a estrutura da crosta. Desta forma, a placa
litosférica é descrita por uma malha 2D de elementos finitos, e as principais forças utilizadas na
criação do campo de esforços são: (1) o empurrão da cadeia meso-oceânica; (2) a resistência
associada à falhas transformantes; (3) o arraste ou resistência basal exercida pela astenosfera;
(4) a colisão de placas em zonas de convergência; (5) variações laterais de densidade intraplaca.

Esse tipo de modelagem é bastante utilizado, sendo em geral útil para descrever o
estado dos esforços nas placas, podendo inclusive servir como um método sofisticado de
interpolação de dados. Pode-se encontrar na literatura algumas dezenas de modelagens de
esforços regionais (Flesch et al., 2000; Govers & Meijer, 2001; Coblentz & Sandiford, 1994;
Stefanick & Jurdy, 1992; Richardson & Reding, 1991; entre outros), mas para esclarecer as
principais vantagens e desvantagens desse tipo de modelagem, iremos utilizar o trabalho de
Coblentz & Richardson (1996).

A malha de elementos finitos, utilizada por Coblentz & Richardson (1996) (Figura
2.7), contém quatro tipos de elementos litosféricos: (1) placa oceânica jovem, (2) antiga, (3)
margem continental e (4) litosfera continental. A litosfera oceânica jovem (com idade menor
que 66 Ma) possui modulo de Young mais baixo (3,5 GPa) que a litosfera oceânica antiga (7,0
GPa). No modelo de esforços de Coblentz & Richardson (1996) o arraste ou resistência basal
oferecida pela astenosfera é pouco importante para o campo de esforços. A maior incerteza
desse modelo vem do pouco conhecimento sobre as forças que atuam na borda oeste da placa
Sul-Americana.

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


20

Figura 2.7 – Malha de elementos finitos empregada por Coblentz & Richardson (1996), para
calcular o campo de esforços na Placa Sul-Americana. Os elementos de cor cinza
correspondem às porções mais jovens da placa oceânica (YOL) e da margem
continental (CML). Os outros elementos representam as porções mais antigas da
placa oceânica (OOL) e litosfera continental (CL). As forças utilizadas são
representadas pelas setas, que não estão em escala. Os resultados de Coblentz &
Richardson (1996) para esta malha são mostrados na Figura 1.1.

2.4.2 Modelos Globais

Os modelos globais de esforços ganharam destaque com os trabalhos de Bird (1998) e


Lithgow-Bertelloni & Guynn (2004). Em ambos os trabalhos é demonstrado de forma bastante
clara que o manto astenosférico atua de forma ativa na formação do campo de esforços
litosféricos e no movimento das placas. Embora os trabalhos de modelagens globais sejam
eficientes fontes de informação, eles não costumam explicar os esforços com malhas menores
do que 2o.

Lithgow-Bertelloni & Guynn (2004) exploram dois modelos de heterogeneidades


litosféricas baseados em observações sísmicas e geológicas da estrutura da crosta. No primeiro,
foi usada a espessura e a densidade da crosta determinada pelo Crust 2.0 (Laske et al., 2002 –

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


21

esse modelo é chamado de TD0 e é apresentado na Figura 2.8a), e no segundo modelo


(chamado de TD5) foi imposta a isostasia ajustando-se a densidade da crosta com o modelo
isostático de Pratt. O campo de esforços gerado com o modelo TD0 ajusta melhor os dados do
que o TD5. O desequilíbrio isostático do modelo TD0 pode indicar que parte da topografia é
suportada dinamicamente pelos esforços, ou que a estrutura da crosta é incerta sob os
continentes. Bird (1998) também utiliza variação lateral da espessura da crosta e da litosfera,
porém os elementos matemáticos utilizados para descrever o planeta são muito grandes (~10o x
10o).

Outro fator considerado por Lithgow-Bertelloni & Guynn (2004) é a estimativa das
tensões geradas pelo manto na litosfera, usando dois modelos de heterogeneidades: um baseado
na história das subducções dos últimos 180 Ma (modelo chamado de SLB+TD0, Figura 2.8b),
o qual tem tido sucesso na reprodução do geóide atual (Ricard et al., 1993) e na predição das
velocidades das placas no Cenozóico (Lithgow-Bertelloni & Richards, 1998), e o outro
modelo baseado em tomografias sísmicas (Grand et al., 1997 – esse modelo é chamado de
TMG+TD0, Figura 2.8c). Um modelo similar ao SLB+TD0, mas com um canal de baixa
viscosidade (módulo de Young menor), é o LVC+TD0 (Figura 2.8d). A diminuição da
viscosidade apresentada no modelo LVC+TD0 permite reduzir o acoplamento existente entre o
manto profundo e a superfície.

Os resultados de Lithgow-Bertelloni & Guynn (2004) (Figura 2.8) mostram que a


topografia sozinha não explica os esforços litosféricos, havendo a necessidade de se considerar
o fluxo do manto profundo. Por outro lado, o melhor ajuste dos dados do WSM é dado pelo
modelo LVC+TD0, sendo este um forte indício de que o acoplamento litosfera/astenosfera não
é tão forte, e que as contribuições intraplaca são bastante significativas. Além disso, como as
contribuições do fluxo do manto possuem grandes comprimentos de onda, fica explícito que
qualquer variação abrupta dos esforços possui origem predominantemente litosférica. As
comparações dos resultados região por região sugerem que as contribuições do manto e da
litosfera como fonte do campo de esforços varia lateralmente.

Existem algumas tentativas de se determinar o campo de esforço global acrescentando-


se tensões cisalhantes na base da litosfera. Essas tensões podem ser estimadas com modelos de
fluxo no manto (Bai et al., 1992; Steinberger et al., 2001; Yoshida et al., 2001). Bird (1998)
utilizou as velocidades de subducção das placas, sem pressupor um modelo de fluxo do manto.
Lithgow-Bertelloni & Guynn (2004) utilizam um modelo de fluxo do manto gerado por um
campo de heterogeneidades atual. Steinberger et al. (2001) analisou os esforços litosféricos
gerados por tensões na base da litosfera, ocasionadas pelo fluxo do manto, induzido por
heterogeneidades de densidades inferidas com tomografia sísmica, produzindo ajustes razoáveis
para os dados de esforços. Lithgow-Bertelloni & Guynn (2004) apresentam testes similares

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


22

aos de Steinberger et al. (2001), mas optaram em dividir a contribuição do fluxo do manto para
o campo de esforços em tensões basais horizontais e radiais.

O modelo de elementos finitos usado por Bird (1998) é menos detalhado que o
Lithgow-Bertelloni & Guynn (2004) para as contribuições do manto, usando apenas um
modelo de fluxo baseado em observações do NUVEL-1 (DeMets et al., 1990). Esse modelo é
bastante simples, mas fornece fortes indícios de que o manto contribui ativamente com o campo
de esforços litosféricos nas porções continentais. A influência do fluxo do manto na litosfera
oceânica é menor do que na continental, pois é mais difícil movimentar uma placa com uma
base homogênea, a qual oferece pouca resistência ao fluxo do manto. Deste modo, o empurrão
da cadeia é o principal causador dos esforços compressivos observados na litosfera oceânica e
nas porções continentais próximas ao oceano. Na parte continental a contribuição do manto para
o campo de esforços é cerca de 2-4 vezes maior que a contribuição litosféricas. Com modelos
diferentes, Lithgow-Bertelloni & Guynn (2004) chegaram às mesmas conclusões

As heterogeneidades crustais e topográficas também contribuem para o campo de


esforços litosféricos, e não podem ser negligenciadas (Artyushkov, 1973). Bird (1998) inseriu
manualmente a topografia na malha de elementos finitos, tomando como base os dados do
ETOPO5 suavizado com um filtro gaussiano. Assim, feições de pequenos comprimentos de
onda, que tendem a serem suportadas pela flexura da litosfera, foram removidas.

O melhor modelo de Bird (1998), apresentado na Figura 2.9, usa o fluxo do manto e a
topografia no cálculo do campo de esforços. A Figura 2.10 mostra a compilação dos resultados
de Bird (1998), e mostra que os modelos com manto estático oferecem os piores ajustes, e que
os modelos que respeitam o NUVEL-1 oferecem boas soluções.

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


23

a.1) a.2)

b.1) b.2)

c.1) c.2)

d.1) d.2)

Figura 2.8 – À esquerda são apresentados os campos de esforços calculados com os modelos
(a) TD0, (b) SLB+TD0, (c) TMG+TD0 e (d) LVC+ TD0. À direita estão os
resultados confrontados com os dados interpolados do World Stress Map, sendo
que as barras largas representam às direções observadas, e as barras finas as
calculadas. As cores respeitam o padrão da Figura 2.5 (vermelho=normal,
azul=inverso, verde=transcorrente).

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


24

Figura 2.9 - Direção teórica do SHMAX calculado com o melhor modelo Bird (1998). O modelo
97001 tem um erro médio de 32o na direção do SHMAX, e é composto por um
arraste basal ativo do manto nas porções continentais das placas (o manto carrega
as placas). A topografia também é considerada.

Figura 2.10 - Compilação dos resultados dos 70 melhores modelos estudados por Bird (1998).
Os símbolos fechados (quadrados preenchidos) simbolizam modelos onde a
subducção das placas respeitam as velocidades do NUVEL-1, e os símbolos
abertos (círculos) representam modelos onde essas placas se movimentam sem
vínculos. Os modelos onde o manto inferior (400km) é estático não ajustam bem
os dados (símbolos com a letra ‘S’). Os melhores conjuntos de ajustes usam um
fluxo do manto estimado com base no NUVEL-1 (símbolos com a letra ‘N’), e
consideram o arraste da litosfera pelo manto apenas nas porções continentais
(‘C’). A letra ‘B’ considera o padrão de convecção do manto estimado por
Baumgardner (1988). Figura adaptada de Bird (1998).

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


25

Capítulo 3

Metodologia
3.1 Determinação Hipocentral
Quando um sismo é registrado por apenas uma estação sismográfica, utilizamos 1) o
movimento de partícula do chão, que permite determinar o BackAzimute (θev, em graus) do
evento, e 2) a diferença entre os tempos das ondas P e S, que chamamos de S-P, que permite
determinar a distância epicentral (∆, em quilômetros) do evento através da Equação 3.1,
considerando VP de 6,1 km/s e VP/VS igual a 1,732.

∆      8,3    (3.1)
 



Desta forma, se consideramos que a estação sismográfica esteja nas coordenadas


geográficas (xst, yst, zst), e que o hipocentro esteja localizado nas coordenadas (xev, yev, 0,0),
podemos utilizar as aproximações das Equações 3.2 e 3.3 na determinação do epicentro. Note
que neste caso, utilizamos uma aproximação onde o hipocentro é igual ao epicentro, ou seja,
quando a profundidade focal é igual a zero.

    

,
  sin /57,3 (3.2)

#  #  

,
  cos /57,3 (3.3)

Se um sismo for registrado por duas estações, um programa de determinação hipocentral


informaria dois possíveis epicentros. Neste caso, calculamos um epicentro preliminar com o
método acima para uma única estação, e o utilizamos como ponto de partida para a
determinação do hipocentro com um programa adequado, discutido adiante, que garante uma
precisão maior.

Os algoritmos mais populares para localização de hipocentros utilizam o método de


Geiger, como o programa HYPO71 (Lee & Lahr, 1975), que é utilizado neste trabalho. Esse

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26

método consiste em uma linearização da equação do tempo residual, obtido pela diferença entre
os tempos observados e calculados das ondas sísmicas, com uma série de Taylor de primeira
ordem. Desta forma, o hipocentro é obtido de forma iterativa com auxílio de uma busca
direcionada. Uma discussão detalhada sobre a formulação do método de Geiger é encontrada no
manual do programa HYPO71 (Lee & Lahr, 1975).

Embora o programa HYPO71 determine hipocentros de forma rigorosa, é importante


considerar que qualquer erro na estrutura de velocidade, ou até mesmo a presença de uma
anomalia local de velocidade sob uma estação, pode comprometer a qualidade dos hipocentros.
Por esse motivo, alguns estudos de mecanismos focais muitas vezes não fornecem dados
precisos, não sendo possível discriminar o plano de falha do plano auxiliar devido à imprecisão
dos hipocentros.

Um ótimo algoritmo de re-localização relativa de hipocentros, que utiliza o método de


diferenças duplas (DD) é apresentado por Waldhauser & Ellsworth (2000) e Waldhauser
(2001). Esse algoritmo é útil quando a separação entre dois sismos é pequena comparada com a
distância entre o evento e as estações sismográficas e o tamanho das heterogeneidades de
velocidade. Desta forma, os traçados de raios sísmicos entre a região de origem e uma mesma
estação são similares, e pode-se dizer que a diferença entre os tempos de percurso dos dois
eventos observados até uma estação é atribuída à distância entre os mesmos. Os resíduos dos
pares de sismos são minimizados com o método de gradientes conjugados, e as soluções são
obtidas de forma iterativa, ajustando-se a diferença entre diversos pares de hipocentros
(Waldhauser, 2001).

A re-localização de hipocentros com o algoritmo DD é feita com o programa HYPODD


(Waldhauser, 2001), que necessita de um hipocentro inicial, determinado com o HYPO71 (Lee
& Lahr, 1975), por exemplo. Além de atenuar os efeitos do baixo conhecimento da estrutura de
velocidade das ondas sísmicas, o HYPODD também remove eventuais erros sistemáticos, como
destaca Vasconcelos et al. (2007). Para mostrar a eficácia do HYPODD são apresentados, na
Figura 3.1, a re-localização dos hipocentros de alguns sismos de Belo Jardim-PE. Note que os
resultados permitem observar claramente o plano de falha.

Uma das limitações do HYPODD é que não podemos estudar eventos com um grande
número de S-P, e poucas leituras absolutas de P e S. Como se pode observar na Figura 3.1, nem
todos os eventos foram re-locados com o HYPODD.

Como o HYPODD se mostrou importante para o estudo preciso de mecanismos focais,


tendo sido utilizado neste trabalho para a atividade sísmica de Belo Jardim-PE, e por Balancin
(2007) e Balancin et al. (2005) para a atividade sísmica de Bebedouro-SP, foi escrito um
programa que converte os dados de saída do HYPO71 para o formato de entrada do HYPODD,
facilitando o uso do HYPODD para uma grande quantidade de dados.

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27

Figura 3.1 - Mapa de epicentros de Belo Jardim (esquerda) e corte M-N com os hipocentros
determinados com o HYPO71 (cinza) e HYPODD (vermelho). Nem todos os
dados em cinza (HYPO71) são apresentados em vermelho (HYPODD).

3.2 Determinação da Estrutura de Velocidade da Crosta Superior


A caracterização de um modelo médio da estrutura da crosta e manto superior é
importante para melhorar as determinações hipocentrais de sismos locais e regionais, as quais
são fundamentais para grande parte de nossas pesquisas. Desta forma, grande parte dos métodos
usados em sismologia, como o estudo de sismicidade, determinação de mecanismo focal (e
conseqüentemente do tensor de stress), tomografia sísmica, e outros, dependem de um bom
modelo 1D.

Por esse motivo, os modelos 1D da estrutura da crosta são importantes em sismologia, e


por isso, sua determinação é um problema bem conhecido (Kissling et al., 1984, 1994; Groot-
Hedlin & Vernon, 1998; Lopes et al., 2003; Lopes, 2003). Introduções ao problema de
determinação da estrutura de velocidade da crosta e manto superior são encontradas em
Crosson (1976), Ellsworth (1977), e em Thurber (1981), e estudos da estrutura 1D em
diversas regiões da Terra são obtidas em Reasenberg & Ellsworth (1982), Kissling & Lahr
(1991) e Lopes et al. (2003).

Um dos programas mais conhecidos para determinar modelos 1D é o VELEST (Kissling


et al., 1995), desenvolvido inicialmente com o nome de HYPO2D por Ellsworth (1977) e
Roecker (1981), e posteriormente melhorado por outros autores, como Thurber (1981) e
Kissling et al. (1984).

A abordagem do VELEST na determinação de modelos 1D é similar à de Lee & Lahr


(1975) para determinação hipocentral, ou seja, de linearização e busca iterativa. Em geral, esse
tipo de solução é muito mais perigosa na determinação de modelos 1D do que na determinação
hipocentral, devido ao tamanho do espaço de busca e quantidade de mínimos locais. Por isso, o
VELEST exige um número muito grande de leituras de P e S, e informações sobre a estrutura
média da crosta determinado por um método independente (por exemplo, refração sísmica) para
configuração de um modelo inicial.

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28

Outros métodos de determinação do modelo 1D de velocidade são apresentados por


Groot-Hedlin & Vernon (1998) e Lopes et al. (2003), que introduzem diferentes algoritmos
inteligentes na estimativa de modelos 1D. Ambas as metodologias possuem um risco menor de
cair em mínimos locais, já que trabalham com processos estocásticos de estratégias evolutivas
observadas na natureza. O algoritmo de Groot-Hedlin & Vernon (1998) necessita de um
modelo 1D inicial, que não precisa ser muito preciso, e permite determinar zonas de baixa
velocidades com bastante eficiência. Por outro lado, o algoritmo de Lopes et al. (2003) não
precisa de nenhum modelo inicial, pois utiliza apenas processos estocásticos através de um
algoritmo genético, porém esse algoritmo não aceita modelos com inversão de velocidade.

Uma abordagem alternativa muito utilizada em estudos de sismicidade, onde na maioria


das vezes o modelo de velocidade não é o interesse principal, é a execução de testes com alguns
modelos de velocidade possíveis para a região. Neste caso, são feitas determinações
hipocentrais com alguns modelos, e são avaliados os resíduos (rms) dos tempos de chegada das
ondas P e S, optando-se pelo modelo que resulta no menor resíduo. Neste trabalho abordamos o
problema de determinação do modelo 1D de quatro formas: (1) em Belo Jardim-PE utilizamos
uma explosão de pedreira bem localizada, não havendo a necessidade de métodos sofisticados;
(2) em Correntina-BA e Brasília-DF, utilizamos a modelagem da curva de dispersão da
velocidade de grupo das ondas de superfície; (3) em Bebedouro, estimou-se inicialmente a
espessura da primeira camada sedimentar e a velocidade das ondas sísmicas na camada de
basalto com o programa de Lopes et al. (2003), e posteriormente esse estudo foi estendido por
Silva Junior et al. (2008) e Souza et al. (2008), utilizando a modelagem da curva de dispersão
da velocidade de fase das ondas de superfície e a função do receptor, respectivamente; e (4) em
Elisiário-SP, onde havia poucas informações disponíveis, adotou-se um semi-espaço com
velocidade da onda P (VP) de 6,1 km/s e VP/VS igual a 1,732.

Outra forma conveniente de se estudar a estrutura de velocidade da crosta é com a


modelagem da curva de dispersão da velocidade de grupo das ondas de superfície. Esse tipo de
modelagem permite determinar a estrutura de velocidade de forma mais precisa do que com
ondas de corpo, especialmente para a porção mais rasa da crosta.

A curva de dispersão da velocidade de grupo é determinada basicamente com: 1)


filtragens, passa banda, para se isolar determinados períodos; 2) cálculo da envoltória do
sismograma filtrado; 3) determinação da velocidade de grupo considerando o tempo da
amplitude máxima da envoltória. Um exemplo é apresentado na Figura 3.2.

O programa utilizado para a determinação dessa curva de dispersão é o DO_MFT


(Herrmann & Ammon, 2002), que utiliza um filtro gaussiano múltiplo, que é discutido por
Bhattacharya (1983), Herrmann (1973), Jin & Colby (1991) e Herrmann & Ammon
(2002). O único parâmetro necessário para a execução da filtragem é o valor da largura do filtro

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29

gaussiano (α). Os melhores valores de α são discutidos por Herrmann & Ammon (2002),
sendo que 25 é um bom valor para sismos com distâncias epicentrais de 1000 km, 2,5 é bom
para sismos a 100 km, e abaixo para sismos com distâncias menores que 10 km os valores são
inferiores a 0,25. Para Correntina-BA, com distância epicentral de 5,1 km, foi utilizado um α de
0,05, e para o sismo de Brasília, que tem distância epicentral de 61 km, foi utilizado um α de
1,20 (Figura 3.3).

Figura 3.2 – Exemplo de cálculo da velocidade de grupo. a) sismograma com as ondas de


superfície. b) a d) o mesmo sismograma filtrado (linha preta) com um filtro passa
banda estreito com período central apresentado ao lado. Para cada sismograma
filtrado é calculada a sua envoltória (linha cinza), que define a velocidade de
grupo.

O programa DO_MFT utiliza a curva de dispersão obtida para executar um filtro match
que separa do sismograma original (Figura 3.3a), as ondas de superfície (Figura 3.3b). Em
seguida, costuma-se executar o DO_MFT uma segunda vez, com o sismograma filtrado (Figura
3.3b), para se determinar uma curva de dispersão sem a influência das ondas de corpo (Figura
3.3d), que é um pouco mais precisa e suavizada do que a curva de dispersão determinada
originalmente (Figura 3.3c).

A modelagem da curva de dispersão da velocidade de grupo foi executada com o


programa SURF96 (Herrmann & Ammon, 2002). Esse programa utiliza um modelo inicial,
com espessuras de camadas definidas pelo usuário. Por isso, inicialmente utilizamos um modelo
composto por várias camadas finas (com 50 metros de espessura) e muitas iterações, o que
resulta em um modelo preliminar razoável. Em seguida, definimos a espessura das camadas de
forma mais realista, identificando camadas com velocidades semelhantes, e com esse novo
modelo executa-se uma nova modelagem da curva de dispersão, que resulta em um modelo final
de melhor qualidade.

Embora o SURF96 permita executar a modelagem das curvas de dispersão das ondas
Rayleigh e Love simultaneamente, o modelo resultante para o sismo de Brasília não ajustou

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30

corretamente ambas as curvas, indicando uma possível anisotropia sísmica na região ou


simplesmente a influência de irregularidades locais na propagação da onda Love (Yu et al.,
1996). Em Correntina não foram estudadas as ondas Love, pois eram muito mais fracas que as
ondas Rayleigh, e por isso todas as modelagens foram executadas apenas com a curva de
dispersão da velocidade de grupo das ondas Rayleigh.

Figura 3.3 – a) sismograma original do sismo de Brasília-DF, que é discutido na Seção 4.3. c)
curva preliminar de dispersão (pontos) da velocidade de grupo. b) sismograma
filtrado, onde foram isoladas as ondas de superfície. d) a curva final de dispersão.
Em c) e d) as cores representam a amplitude das envoltórias para cada período, e
do lado é apresentado o sismograma utilizado.

Dois itens considerados antes de se iniciar as modelagens foram: 1) a qualidade da


relação utilizada na determinação da densidade (ρ) com a velocidade da onda P (VP); e 2) a
profundidade máxima de investigação das ondas de superfície. Esses dois tópicos foram
analisados numericamente com a avaliação da influência da estrutura da crosta na curva de
dispersão das ondas de superfície. Para isso, utilizou-se o modelo de velocidade e densidade
apresentado na Figura 3.4.

A relação entre VP e ρ foi um preocupação inicial, pois como destacado por Hinze
(2003), muitos trabalhos utilizam uma densidade de 2,67 g/cm3 para a crosta superior, mas
muitas vezes esse valor não é o mais representativo do meio, ainda mais quando realizam-se
estudos locais, como os apresentados nesta Tese. Por isso, trabalhos mais recentes, como o de
Ortiz et al. (2002), utilizam relações entre a densidade e a velocidade da onda P para
estabelecer a densidade de regiões cobertas por capas sedimentares (ρ = 2,15 ± 0,12 g/cm3), e/ou

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31

com embasamento com densidades maiores do que o normal, como o de regiões com
embasamento de Pizarras (ρ = 2,74 ± 0,06 g/cm3).

Figura 3.4 - Modelos de velocidade, VP/VS e densidade, usados como referência. Note que
esses modelos não são reais, e foram utilizados apenas como parâmetro de
comparação.

O trabalho de Christensen & Mooney (1995) enfatiza uma excelente correlação entre
as velocidades de ondas P e a densidade de rochas comuns na crosta, e fornece três relações
velocidade-densidade para os primeiros 10 km da crosta. A primeira e a segunda relação são
dadas por equações lineares, sendo que a Equação 3.4 foi determinada com dados de todos os
tipos de rochas disponíveis, e a Equação 3.5 desconsiderou as rochas vulcânicas e
monomineralicas. A Equação 3.6 é não-linear, e só é válida para rochas com VP maior que 4,0
km/s.
&  0,9893  0,2891 + (3.4)

&  0,5406  0,3601 + (3.5)

&  4,9229  13,294/+ (3.6)

Dziewonski & Anderson (1981) propõe relações entre a velocidade e a densidade


através da profundidade, mas essas relações não são boas para a crosta superior, onde os autores
propõem uma densidade constante e igual a 2,60 g/cm3. Uma compilação de dados de diversos
trabalhos (em especial o trabalho de Nafe & Drake (1957) é apresentada em Barton (1986),
onde é proposta uma relação entre densidade e velocidade com dados medidos em laboratório
(Figura 3.5).

Os limites e a relação velocidade-densidade proposta em Barton (1986) foram usados


na avaliação da rotina utilizada no pacote de Herrmann & Ammon (2002) no cálculo da
densidade em função da velocidade (Figura 3.5). Os valores obtidos com o programa de
Herrmann & Ammon (2002) são consistente com os dados empíricos de Barton (1986), e são
um pouco menores que os dados de Bolt (1987). Embora as estimativas de todas as relações
velocidade-densidade sejam consistentes com os valores do PREM (Preliminary Reference
Earth Model, Dziewonski & Anderson, 1981) para velocidades acima de 5,5 km/s, as

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32

estimativas de Christensen & Mooney (1995) são as menos adequadas para a porção mais rasa
da crosta superior.

Como pode ser observado na Figura 3.5 a relação entre VP e ρ utilizada por Herrmann
& Ammon (2002) é bastante representativa dos dados encontrados na literatura, e a influência
de um eventual erro de densidade foi analisada com os gráficos apresentados nas Figuras 3.6 e
3.7, onde são apresentadas as curvas de velocidade de fase (C) e de grupo (U) para casos onde
se variou a densidade de cada uma das camadas do modelo da Figura 3.4 entre 1,73 e 3,73
g/cm3.

Figura 3.5 – Relação entre a velocidade da onda P (VP) e a densidade para diversos tipos de
rochas. As linhas azuis tracejadas delimitam o erro proposto por Barton (1986)
para a relação entre VP e a densidade (BART). Os quadrados representam valores
usados nos trabalhos dos sismos de Friuli (FRIU), da montanha Borrego (BORR)
e de Brawley (BRAW) citados em Bolt (1987). Note que as relações lineares
(CML1 e CML2) e não-linear (CMNL) propostas por Christensen & Mooney
(1995) ajustam bem apenas os valores com velocidade acima de 6,0 km/s.

Como se pode observar nas Figuras 3.6 e 3.7, a velocidade de grupo é mais sensível a
modificações do modelo do que a velocidade de fase, implicando que se o erro da velocidade de
grupo for semelhante ao da velocidade de fase. Por outro lado, é possível se observar que as
curvas de dispersão são mais sensíveis às variações de velocidade (Figura 3.8) do que de
densidade (Figuras 3.6 e 3.7) ou da razão VP/VS (Figura 3.9).

Quanto à profundidade de investigação das ondas de superfície, sabe-se que ela depende
do período da onda (T) e da velocidade de fase (C), e sua penetração é menor que o seu
comprimento de onda. Deve-se considerar que sismos com distâncias epicentrais menores
possuem períodos menores que os eventos mais distantes, e conseqüentemente possuem
resolução maior na parte superior do modelo, mas com pouca penetração, ao contrário dos
eventos com distâncias epicentrais maiores.

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


33

Observando-se as Figuras 3.6 e 3.7, foi possível constatar que o período onde há a
maior variação da velocidade de grupo multiplicado pela sua velocidade, indica que a
profundidade máxima de investigação em geral é inferior a 1/3 desse valor. Essa observação
empírica foi utilizada como uma aproximação para se definir uma profundidade razoável de
investigação.

Figura 3.6 - Influência do erro da densidade nas curvas de dispersão da velocidade de fase (C) e
de grupo (U) das ondas Rayleigh. O modelo de velocidade utilizado é apresentado
na Figura 3.4, a razão VP/VS foi fixada em 1,732 para todas as camadas, e
utilizamos Qα = 2,5 Qβ. Admitiu-se uma densidade constante em todo o perfil (ρ =
2,73 g/cm3), e se aplicou um erro de -1,0 a +1,0 g/cm3 nas densidades da primeira a
terceira camada, com passo de 0,1 g/cm3. Note que a curva de dispersão da
velocidade de fase é menos sensível a erros do que a de velocidade de grupo.

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


34

Figura 3.7 - Influência do erro da densidade nas curvas de dispersão da velocidade de fase (C) e
de grupo (U) das ondas Rayleigh. O modelo de velocidade utilizado é apresentado
na Figura 16, a razão VP/VS foi fixada em 1,732 para todas as camadas, e
utilizamos Qα = 2,5 Qβ. Admitiu-se uma densidade constante em todo o perfil (ρ =
2,73 g/cm3), e se aplicou um erro de -1,0 a +1,0 g/cm3 nas densidades da primeira a
terceira camada, com passo de 0,1 g/cm3. Note que a curva de dispersão da
velocidade de fase é menos sensível a erros do que a de velocidade de grupo.

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


35

a) b) c)

d) e) f)

Figura 3.8 - Influência do erro da velocidade da onda S (modelo 1) na curva de dispersão da


velocidade de fase de ondas Rayleigh (VP/VS constante). Os erros variam de -0,6 a
+0,6 km/s na velocidade (VS) de diferentes camadas (passo de 0,06 km/s). Erros
negativos são representados pelas linhas vermelhas.

a) b) c)

d) e) f)

Figura 3.9 - Influência do VP/VS na curva de dispersão da vel. de fase de ondas Rayleigh
(variou o VS). Os erros variam de -0,10 a +0,10 no VP/VS de diferentes camadas
(passo de 0,01).

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36

3.3 Mecanismo Focal com Ondas P e S


Todas as regiões litosféricas do planeta estão submetidas a algum tipo de esforço
tectônico. A energia resultante desses esforços é armazenada nas rochas na forma de energia
elástica ou é dissipado por calor e deformações plásticas. A energia elástica é acumulada na
forma de deformação até atingir o ponto de ruptura da rocha, ocasionando a criação de uma
falha geológica, ou simplesmente, a movimentação de uma falha geológica pré-existente. A
orientação dessa falha geológica e o seu tipo de movimento definem o mecanismo focal de um
sismo.

A movimentação dos blocos em cada lado de um plano de falha geológica gera ondas P
cujo primeiro movimento pode ser para frente (de "empurrão" ou "positivo") ou para trás
("puxão" ou "negativo"), conforme exemplificado na Figura 3.10. Desta forma, se um sismo for
registrado por muitas estações em diferentes direções e distâncias, é possível se determinar as
direções do plano da falha e do plano auxiliar, e assim conhecer o mecanismo focal do sismo.
Além da polaridade da onda P, também se pode usar as polaridades das ondas S, apesar de
serem mais difíceis de medir nos sismogramas.

Figura 3.10 – Relação entre os planos de falha (vermelho) e o auxiliar (azul) com os quadrantes
de empurrão (+) e puxão (-) em torno do hipocentro de um sismo (estrela), com
destaque as polaridades das chegadas das ondas P em cada estação sismográfica
(triângulos). Os raios sísmicos (linhas verdes) com origem nas regiões (+)
possuem polaridades positivas, e nas regiões (-), negativas. Os traços pretos,
sobre a superfície, representam os sismogramas da componente vertical em cada
estação. As setas pretas indicam o movimento relativo dos blocos para uma falha
inversa.

Os parâmetros que definem o mecanismo focal de um sismo são (Aki & Richards,
1980): (1) a orientação da falha ou strike, que é o ângulo entre o norte geográfico e a direção da
linha de falha na superfície (valores entre 0º e 360º); (2) dip ou mergulho, que é o ângulo
medido desde a superfície até o plano de falha (valores entre 0º e 90º); e (3) o rake ou ângulo do

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37

vetor deslocamento (slip), que é o ângulo formado entre a direção da falha e a direção para onde
o bloco superior (teto) escorregou (valores entre -180º e 180º). O plano de falha e o rake
definem um plano auxiliar, que junto com o plano de falha divide a região no entorno do
hipocentro em quatro quadrantes, conforme exemplificado na Figura 3.11, e convenciona-se
pintar o quadrante dos empurrões da onda P de preto, e os dos puxões da onda P de branco. Por
esse motivo o diagrama utilizado para representar um mecanismo focal é chamado de beachball
ou "bola de praia".

Figura 3.11 - Ilustração do conceito de strike e dip de uma falha, e sua representação no
estereograma do hemisfério focal inferior, cujas cores de preenchimento
representam regiões onde a onda P tem polaridades positivas (preto) e negativas
(branco). Esse tipo de diagrama é conhecido como beachball. Os eixos P
(compressão) e T (tração), para essa falha, são representados pelas setas.

Os métodos mais tradicionais de determinação de mecanismo focal usam as utilização


das polaridades das ondas P e S as razões de amplitudes das ondas P, SV e SH, havendo
diversos trabalhos na literatura que discutem as principais características dessa metodologia de
forma completa (Stauder & Bollinger, 1964; Hirasawa, 1970; Herrmann, 1979; Kisslinger,
1980; Wang & Herrmann, 1980; Snoke et al., 1984; Nakamura, 2002; Snoke, 2003). Esses
métodos utilizam a teoria de fontes pontuais, o que é uma aproximação relativamente boa para
sismos pequenos, porém, por considerar o evento como sendo uma fonte pontual, apenas a
distribuição espacial dos hipocentros permite diferenciar o plano de falha do plano auxiliar. Um
exemplo de distribuição das polaridades das ondas P para um determinado mecanismo focal é
apresentado na Figura 3.12.

Como destacado por Von Huelsen (1993), o problema da determinação de mecanismo


focal utilizando apenas as ondas de corpo é que para uma boa solução é necessário um grande
número e uma boa distribuição de observações, o que em geral não ocorre para sismos de
magnitude moderada. Isso exige o uso de um artifício que chamamos de soluções compostas do
mecanismo focal, onde utilizamos um grupo de informações de sismos diferentes, porém com
distribuição espacial e temporal próximas, para determinar um único mecanismo de falha para
todos os eventos.

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


38

A utilização das ondas S na determinação de mecanismo focal é mais complicada do


que o uso das ondas P, porém é essencial na obtenção de soluções mais confiáveis e mais
robustas. A utilização das ondas SH em geral é mais confiável do que a das ondas SV. A onda
SV sofre conversão para P na superfície, complicando a forma de onda. Por este motivo neste
trabalho utilizamos, quando possível, a polaridade da onda P e SH e a razão de amplitude SH/P.

Figura 3.12 - Representação de uma falha transcorrente com componente inversa, com strike de
40o, dip de 70 o e rake de +130o. As polaridades teóricas da onda P são
representadas pelos quadrados vermelhos (polaridades positivas) e pelos círculos
azuis (polaridades negativas), sendo que o tamanho do círculo é proporcional à
amplitude da onda. O plano de falha é dado pela linha continua e o auxiliar pela
tracejada. Os eixos P e T são indicados com letras pretas.

Neste trabalho foi utilizado o programa FOCMEC (Snoke et al., 1984; Snoke, 2003)
para o estudo de mecanismo focal com ondas de corpo, o qual utiliza o método de Kisslinger
(1980) e Kisslinger et al. (1982). Os parâmetros de entrada do FOCMEC são: (1) número de
erros de polaridades aceitáveis em uma solução, (2) o módulo do erro entre as razões de
amplitude log(SH/P) observadas e teóricas, (3) o número de erros permitidos na razão SH/P, e
(4) a região da esfera focal a ser pesquisada (limites dos três ângulos de busca), com os seus
respectivos passos de busca. O programa também requer a razão VP/VS, para a utilização das
ondas S.

A Figura 3.13 mostra diferentes tipos de falhas e seus respectivos mecanismos focais
representados com beachballs. Uma forma fácil de identificar o tipo de falhamento é
observando a cor presente no preenchimento da área central do beachball, ou seja, se a cor
central for branca a componente normal é mais forte do que a componente transcorrente, e se a
cor for preta a componente inversa é mais forte do que a componente transcorrente. As falhas
inversas tendem a ser causadas por esforços compressivos horizontais fortes (σ1 horizontal), e as
falhas normais por esforços compressivos verticais fortes (σ1 vertical).

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


39

Figura 3.13 - Os três principais tipos de falhas (de cima para baixo, temos respectivamente uma
falha normal, inversa e de componente transcorrente), e seus mecanismos focais.

3.4 Mecanismo Focal com Ondas de Superfície


O estudo de mecanismo focal com ondas de superfície é uma solução interessante para
regiões com um baixo nível de atividade sísmica, visto que na maioria das vezes é difícil obter
um mecanismo focal confiável utilizando poucas estações sismográficas (em geral cinco ou
menos estações), poucos sismos (em geral menos de 10 sismos bem registrados) e utilizando
apenas as técnicas convencionais de estudo de mecanismo focal com polaridades e razões
amplitudes das ondas de corpo. Desta forma, para se obter um mecanismo focal confiável, deve-
se levar em conta o maior número de informações contidas nos sismogramas. Enquanto as
ondas de corpo fornecem apenas três dados por sismograma (polaridades e razão de
amplitudes), as ondas de superfície fornecem várias informações adicionais.

A utilização das ondas de superfície na determinação de mecanismo focais de sismos


magnitudes moderados (MS entre 4,5 e 5,5) já é bem estabelecida (Jiménez et al., 1989, Lay &
Wallace, 1995), havendo algumas ótimas iniciativas para o estudo de sismos de menor
magnitude (ML entre 2,5 e 5,0), como os trabalhos de Fan & Wallace (1991) e Kim & Kraeva
(1999).

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40

Normalmente, as ondas de superfície são muito sensíveis ao modelo de velocidade. Mas


quando se trata de um sismo próximo (distância epicentral menor do que 10 comprimentos de
onda), se a curva de dispersão for bem ajustada, a forma da onda Rayleigh é pouco influenciada
por pequenas variações no modelo de velocidade. Outros parâmetros físicos do meio, como a
atenuação ou VP/VS, influenciam menos do que o mecanismo focal ou a profundidade focal. Na
Figura 3.14 é apresentado um teste de sensibilidade dos sismogramas sintéticos para os
parâmetros do mecanismo focal e para a profundidade focal.

Figura 3.14 - Variação da forma da onda Rayleigh para diferentes direções da falha (strike),
mergulhos (dip), direções da estria (rake) e profundidade focal. A linha tracejada
é o sismograma do mecanismo focal com strike de 320o, mergulho de 30o, rake
de -130o, e profundidade de 1 km. As linhas contínuas são os sismogramas para
os diferentes parâmetros.

Para o uso do sismograma das ondas superficiais, é necessário primeiramente estimar a


estrutura de velocidade das camadas entre o epicentro e a estação, isolando o modo fundamental
das ondas observadas (Seção 3.2). Em seguida, o novo modelo é utilizado para se executar
novas determinações hipocentrais.

De forma iterativa, os hipocentros refinados são utilizados para se determinar uma nova
curva de dispersão, que é utilizada para isolar novamente as ondas de superfície do sismograma
original com um filtro match. Como a profundidade focal em geral é pouco precisa, são
executadas novas determinações com variações da profundidade focal. Para cada determinação
hipocentral é gerado um arquivo com os ângulos de saída das ondas sísmicas, utilizados para se
determinar um grupo de soluções associadas a esta profundidade.

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


41

Para finalizar é utilizado o programa X-FOC, desenvolvido neste trabalho (ANEXO III)
e discutido a seguir, para comparar as diversas soluções (strike, mergulho, rake e profundidade
focal) com o sismograma observado. Para finalizar é selecionado o resultado que apresenta o
melhor ajuste das ondas de superfície.

O sismograma sintético é calculado com os programas de Herrmann (2001) que usam


as funções de Green para um dado tensor de momento sísmico, dispersam as ondas até a estação
e convolvem com uma assinatura da fonte de duração finita (menor que ~0,5 s para sismos
pequenos).

Outro ponto estudado na modelagem de ondas de superfície ocorre na fase de


preparação de sismogramas. Na Figura 3.15 é apresentado um registro hipotético do
movimento do chão provocado por uma onda Rayleigh. Ao se aplicar a curva de resposta do
sensor neste registro sintético, se obtém uma nova forma de onda que denominaremos no texto
como sismograma R.I. Ao removermos a resposta do sensor do sismograma R.I., o sismograma
original é re-obtido, porém, se for adicionado um ruído aleatório e uniforme, com amplitude
máxima inferior a 1% da máxima variação de amplitude do sismograma (Figura 3.15), e se
executar a mesma remoção da reposta do instrumento, chega-se a uma resposta bastante
diferente (Figura 3.16).

Figura 3.15 - O primeiro traço é um sismograma da componente vertical de uma onda


Rayleigh. No segundo traço é apresentada a simulação do registro do mesmo
movimento do chão com um sensor L-4C. O terceiro traço é equivalente ao
primeiro, incluindo um pequeno ruído aleatório uniformemente distribuído e
com máxima amplitude igual a 1,0% o valor da máxima diferença de
amplitudes observadas no sismograma.

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


42

O primeiro resultado apresentado na Figura 3.16 possui uma componente de longo


comprimento de onda, que pode inicialmente ser atenuada com a remoção da tendência linear e
em seguida por um filtro passa-alta. Porém, dependendo do filtro utilizado, pode haver um
deslocamento do sinal no tempo acarretando em uma modelagem da forma de onda de menor
qualidade.

O problema da distorção do sinal, quando se remove a resposta do sensor, ocorre devido


ao ruído existente no sinal, que é amplificado neste procedimento. A melhor solução encontrada
para este problema é aplicar a resposta do sensor nos sismogramas sintéticos modelados ao
invés de remover a resposta do sensor dos sismogramas reais. Desta forma, o sinal modelado
nos estudos de mecanismo focal com ondas de superfície deve sempre incluir a curva de
resposta do sensor.

Figura 3.16 - Cálculo do movimento do chão a partir do último traço da Figura 3.15
(sismograma com ruído). Em 1) é apresentado o resultado obtido removendo o
efeito da curva de resposta do sensor, e em seguida é removida a tendência
linear (2). Na terceira fase são testados dois filtros passa alta, sendo o primeiro
de 0,5 Hz e o segundo de 0,9 Hz. Em colorido é apresentada a região onde
ambos os sinais são comparados. A idéia é chegar na fase 3 o mais próximo
possível do sismograma real (linha tracejada).

O programa X-FOC é um facilitador para o estudo de mecanismo focal com Ondas de


Superfície, e promove a integração dos resultados do HYPO71, FOCMEC e do pacote de
programas sismológicos de Herrmann (2001), diminuindo a complexidade no desenvolvimento
de algoritmos de busca. Outras vantagens desse programa é que é de fácil utilização, analisa

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


43

conjuntos completos de sismogramas de forma simultânea, e oferece como saída um arquivo de


resultados e um arquivo de log completo sobre o processamento interno.

Abaixo é apresentado um modelo de arquivo de entrada para o programa X-FOC. Os


itens após “#” são comentários. A primeira linha é usada para indicar se os sismogramas,
observado e sintético, serão alinhados pela hora de origem, pelo tempo da onda P, da onda S ou
pelo tempo da máxima amplitude encontrada em ambos os sismogramas dentro da janela
definida pelas marcas T8 e T9 do SAC (Seismic Analysis Code – Goldstein et al., 2001). Na
segunda linha é indicado o número de arquivos SAC que serão modelados, e na terceira linha é
apresentado o nome do programa que gera os sismogramas sintéticos, permitindo que o usuário
utilize os programas de Hermmann (2001) ou outros. São apresentados em cada linha seguinte
o nome do sismograma observado, a componente, a distância epicentral, a profundidade focal, o
azimute e o modelo de Terra. Para finalizar é apresentado na linha seguinte o número de
mecanismos focais a serem testados, seguido de linhas com os mecanismos focais (strike,
mergulho e rake), gerado pelo FOCMEC

2 #H0=0, P=1, S=2, Max(Ampl,T8-T9)=3


5 #Número de arquivos SAC
gerar_osup #Programa que irá gerar os sismogramas sintéticos
sint.z.sac sint.r.sac sint.t.sac #Nome padrão p/ Sism. Sint.
sismograma_real1.z.sac z 5.2 1.15 355 1 earthmodel.dat
sismograma_real1.t.sac t 5.2 1.15 355 1 earthmodel.dat
sismograma_real2.z.sac z 5.2 1.15 355 1 earthmodel.dat
sismograma_real2.t.sac t 5.2 1.15 355 2 earthmodel.dat
sismograma_real3.z.sac z 5.2 1.15 355 1 earthmodel.dat
4 #Número de mecanismos focais
10 20 30
10 20 40
10 20 50
10 20 60

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


44

Capítulo 4

Sismicidade, Mecanismo Focal e Esforços


4.1 Sismicidade e Mecanismo Focal em Belo Jardim-PE (2004)
A atividade sísmica de Belo Jardim-PE ocorreu no interior de uma das maiores zonas de
cisalhamento do Brasil, o Lineamento Pernambuco (Figura 4.1). Essa atividade sísmica, junto
com a de Caruaru (Ferreira et al., 1998, 2003, 2008), Tacaimbó (Vasconcelos et al., 2008) e
São Caetano (Lima Neto et al., 2007), representa uma possível reativação de uma zona de
fraqueza Pré-cambriana (Ferreira et al., 2003, 2008; Vasconcelos et al., 2008), o que configura
o Lineamento Pernambuco como sendo uma falha com movimentos quaternários, e com grande
potencial sismogênico, devendo ser levado em conta em estudos de risco sísmico.

A região de estudo está inserida na Província Borborema que é a região de maior nível
de atividade sísmica do Brasil (Figura 4.1a), havendo registros de tremores de terra em Belo
Jardim, no Boletim Sísmico Brasileiro, que datam de 1984. A Província Borborema é limitada a
leste pelo oceano Atlântico, a oeste pela bacia do Parnaíba e a sul pelo Cráton do São Francisco,
sendo uma região com formações supracrustais extensamente deformadas por tectonismo e
magmatismo policíclico (Brito Neves et al., 1999, 2000).

Os sismos de Belo Jardim e Caruaru são relacionados com o Lineamento Pernambuco


devido à proximidade geográfica dos epicentros a essa feição geológica, e pelos dados de
mecanismos focais, que são compatíveis com as observações de direção e mergulho observadas
na superfície (Figura 4.2).

A localização da área de estudo e das estações sismográficas utilizadas no trabalho são


apresentadas na Figura 4.2b. Note que a região possui grandes lineamentos E-W que ofuscam
estruturas menores com direções NE-SW. A junção dessas estruturas gera duplas zonas de
fraquezas, que podem ser uma das explicações para a sismicidade de Belo Jardim.

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


45

Figura 4.1 - a) Mapa da sismicidade do Nordeste. Os círculos são epicentros (Berrocal et al.,
1984), linhas finas são as principais falhas e zonas de cisalhamento, e as linhas
cinzas grossas representam os lineamentos Pernambuco (ao sul) e Patos (ao norte).
A Província Borborema está ao norte do Cráton do São Francisco (SFC) e a oeste
da Bacia do Parnaíba (PB). Triângulos representam os eventos magmáticos
cenozóicos, e as bacias sedimentares são a Potiguar (PotB), Araripe (ArB),
Sergipe-Alagoas (SAB) e Tucano-Jatobá (TJB). Parte do Lineamento Trans-
Brasiliano é identificada por TBL e a batimetria de 200m pela linha tracejada.
Barras e setas representam os esforços da região. b) Os lineamentos foram
digitalizados a partir do modelo topográfico SRTM nas proximidades do
Lineamento Pernambuco. Os tons de cinza variam com a direção da mesma
(diagrama de tons). As principais feições do Lineamento Pernambuco são E-W
(linhas pretas). Feições menores de direções NE-SW (linhas cinza) são ofuscadas
pelos grandes lineamentos, mas podem ter papel fundamental na explicação da
sismicidade na região. Lineamentos de direção N-S são raros na região.

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


46

Ferreira et al.
(1998)

Ferreira et al.
(2008)

Figura 4.2 - a) Localização dos principais eventos ocorridos nos últimos anos no Lineamento
Pernambuco. Os epicentros de Belo Jardim são representados pelo círculo cinza e
seu mecanismo focal determinado neste trabalho, sendo discutido posteriormente.
Os outros dois mecanismos focais de Caruaru-PE foram estudados por Ferreira et
al. (1998; 2008). b) Estações usadas no presente estudo da sismicidade de Belo
Jardim. Os triângulos brancos e pretos são estações analógicas e digitais,
respectivamente. A estrela é uma explosão de pedreira que foi usada no estudo do
modelo de velocidade da região. Os círculos são os epicentros dos sismos de Belo
Jardim (próximo a BJ10) e Tacaimbó (próximo a cidade). Em ambos os mapas, os
tons de cinza representam a topografia, com iluminação NW-SE.

4.1.1 Evolução da Sismicidade e o Parâmetro b

A Figura 4.3 mostra o número de eventos diários, com magnitudes acima de 2,4 mb,
registrados por uma estação regional localizada a 50 km dos epicentros, na cidade de Caruaru. O
enxame sísmico de Belo Jardim foi classificado como Tipo III, segundo Mogi (1963), no qual
há um aumento gradual no número e na magnitude dos eventos, com posterior diminuição após
certo período sem ocorrência de um sismo predominante.

O estudo da sismicidade de Belo Jardim foi realizado com uma rede local de 12
estações sismográficas (Figura 4.2), instalada durante 10 dias (entre 13 e 22 de novembro de

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


47

2004), sendo composta por seis estações analógicas com sensor vertical de período curto (1 Hz),
e seis estações com sensores triaxiais, com registro digital em dataloggers RefTek operando no
modo trigger com 500 amostras por segundo (veja exemplo de registros nas Figuras 4.4 e 4.5).
Todas operaram com sismômetros de período curto (1 Hz) instalados em afloramentos de rochas
graníticas/gnáissicas frescas.

Figura 4.3 – Distribuição Temporal dos sismos de Belo Jardim. O histograma mostra a
atividade sísmica diária registrada por uma estação regional em Caruaru, a 50
km dos epicentros. As estrelas indicam a magnitude dos maiores eventos (mb >
2,5). O pequeno retângulo, localizado no eixo horizontal, indica o período de
operação da rede sismográfica local em Belo Jardim.

A rede sismográfica local de Belo Jardim registrou cerca de 600 pequenos eventos,
sendo que 75 foram detectados por três ou mais estações. Os eventos registrados apenas pela
rede local tiveram suas magnitudes determinadas com a metodologia desenvolvida para
Bebedouro-SP, que utiliza a amplitude rms da cauda dos sismos entre 10 e 14 segundos após o
tempo da onda P. Essa magnitude foi denominada Mc e tem como referência a magnitude
regional brasileira (mR) de Assumpção (1983).

Figura 4.4 – Exemplo de uma seção sísmica com a componente vertical de todas as estações
digitais, com o tempo teórico de percurso (linha cinza) das ondas P e S. Os nomes
das estações são indicados à direita.

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


48

Figura 4.5 – Registro em três componentes (vertical, N-S e E-W, respectivamente) da estação
BJ12 para o evento da Figura 4.4, mostrando claramente a polaridade da onda P
(negativa) e o movimento da onda S.

Usando-se o método da máxima verossimilhança (Aki, 1965; Utsu, 1966), o valor do


parâmetro b de 0,90±0,07 para os 154 sismos com magnitudes maiores que 0,55 Mc (Figura
4.6). Outras duas séries de sismos no nordeste do Brasil, próximo a Natal (Figura 4.1),
estudados por Assumpção et al. (1989), têm valores de b de 1.12±0.04 (João Câmara 1986-
1987) e 1,09 ±0,10 (Parazinho 1973). Essas duas séries foram caracterizadas por poucos sismos
premonitores, um sismo principal e uma sequência longa de réplicas (João Câmara com dois
sismos principais com magnitudes 5,1 e 5,0 mb; Parazinho com um sismo principal de
magnitude 4,5 mb), podendo ser classificadas como enxames sísmicos dos Tipos I ou II, na
classificação de Mogi (1963). Sismos regionais próximos a Fortaleza-CE mostram valores de b
de 1,07±0,08 (Assumpção, 2003, dados não publicados).

Figura 4.6 – Relação Freqüência-Magnitude para 447 eventos do enxame sísmico de Belo
Jardim, registrados em 10 dias (magnitude versus número acumulativo de
eventos em escala logarítmica). A equação representa o ajuste de reta
considerando o limiar de detectabilidade da rede local de 0,55 Mc.

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


49

O enxame sísmico de Belo Jardim possui um valor de b um pouco menor comparado a


outras séries de sismos, assim como com relação à atividade regional do Nordeste do Brasil. O
baixo valor de b pode indicar a ocorrência de um número menor de heterogeneidades crustais
(Mogi, 1963) ou a concentração de esforços (Scholz, 1968). A concentração de esforços pode
explicar a reativação desta parte do Lineamento Pernambuco, entretanto outros lineamentos
(como o de Patos ao norte, Figura 4.1) permanecem inativos. Os valores de b podem ser
interpretados de diferentes maneiras, e estudos futuros serão necessários para confirmar ou não
esta pequena diferença sugerida na nossa estimativa, o que permitirá explorar de forma mais
clara as possíveis interpretações. Mesmo considerando as grandes incertezas, o valor estimado
de b é importante para avaliação do perigo sísmico ao longo do Lineamento Pernambuco.

4.1.2 Modelo de Velocidade das Ondas Sísmicas

Durante o monitoramento sismográfico foi registrada uma pequena explosão de pedreira


(com posição conhecida, Figura 4.2b e 4.7), que auxiliou na determinação do modelo de
velocidade das ondas sísmicas, utilizado nas determinações hipocentrais com o HYPO71. Como
as distâncias epicentrais da explosão e as chegadas da P nas três estações são conhecidas, pôde-
se calcular a hora de origem para diferentes valores de velocidade da onda P (Figura 4.8), e a
intersecção das curvas de hora de origem obtidas para diferentes estações fornece a velocidade
da onda P direta, que é igual a 5,60km/s. A estação mais distante da explosão (26,2 km) não
registrou como primeira chegada a onda P refratada, impossibilitando a determinação da
espessura da primeira camada. Porém, impondo que na máxima distância a onda refratada
ultrapassa a direta, se obtém uma espessura mínima de 2,7 km para a primeira camada. Testes
com diferentes espessuras de primeira camada mostraram que os resíduos das determinações
hipocentrais realizadas com o HYPO71 (Lee & Lahr, 1975), são minimizados para uma
camada superficial com espessura de 3,0 km, e velocidade da onda P no semi-espaço de 6,1
km/s.

N-S

E-W

Figura 4.7 - Registro da explosão na estação BJ01, com a marca da P. Os registros nas estações
BJ02 e BJ03 são em papel esfumaçado, e a precisão na leitura é de 0,05 seg.

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


50

Figura 4.8 - Cálculo da hora de origem (Ho), segundo diferentes velocidades de P, usando os
dados das três estações sismográficas. A cruz e suas coordenadas representam a
melhor solução.

O Diagrama de Wadati (Figura 4.9) foi elaborado com os dados dos 20 melhores
eventos (eventos registrados por três ou mais estações e rms do tempo de percurso inferior a
0,05 segundo), resultando de um Vp/Vs médio de 1,66 ± 0,01. O baixo valor de Vp/Vs é
geralmente observado em quase todas as áreas sísmicas do Nordeste do Brasil, incluindo
Caruaru (Ferreira et al., 1998). Isto indica uma predominância de rochas félsicas (Christensen
& Mooney, 1995), o que é consistente com os afloramentos graníticos predominantes na área.

Figura 4.9 - Diagrama de Wadati elaborado com dados de 20 sismos (64 pontos). O melhor
ajuste (linha continua) representa uma razão Vp/Vs de 1,66 ± 0,01, com rms de S-
P igual a 0,05 seg. A linha tracejada representa o valor padrão de Vp/Vs, igual a
1,732.

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


51

4.1.3 Hipocentros e Mecanismo Focal

Os hipocentros dos sismos de Belo Jardim foram determinados com o programa


HYPO71 (Lee & Lahr, 1975), e possuem incertezas de aproximadamente 200 metros na
horizontal e na profundidade. Os 10 melhores eventos registrados (com leitura de pelo menos
dez ondas P ou S e rms < 0,05 seg.) foram usados para refinar a localização hipocentral com o
HYPODD (Waldhauser, 2001). A localização dos hipocentros definiu um único plano de falha
com um strike de 285o e um mergulho íngreme de 85o, mostrado na Figura 4.10c. A
distribuição dos hipocentros definiu uma ruptura ativa com área de aproximadamente 2 km
(EW) x 2 km (vertical) e com uma profundidade média de 4,8 km (Figura 10a e 10c).

Figura 4.10 - a) Melhores epicentros (círculos) com pelo menos 10 leituras de P ou S e estações
sismográficas (triângulos). O quadrado é a cidade de Belo Jardim e as linhas
cinza são as principais feições topográficas do Lineamento Pernambuco. AB e
MN indicam os perfis apresentados em (c); As linhas pretas são as profundidades
do plano de falha definidas com o mecanismo focal estudado. b) acima: resíduo
(rms) das distâncias hipocentrais para o melhor ajuste do plano de falha usando a
posição dos sismos; abaixo: ângulo de mergulho do melhor ajuste com um
determinado strike. c) Projeção dos hipocentros em um plano vertical ao longo da
direção AB (melhor ajuste dos hipocentros) e da direção MN (melhor plano de
falha obtido com a solução do mecanismo focal).

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


52

O mecanismo focal (Figura


( 4.11)) foi estudado com 10 sismos de boa qualidade
registrados pela maioria das estações sismográficas (mínimo de 10 leituras e resíduo de tempo
rms inferior a 0,05 segundo. As polaridades das ondas P e SH, e razão de amplitudes
amp (SH/P)
desses 10 sismos foram utilizadas no estudo do mecanismo focal com o programa FOCMEC
(Snoke et al., 1984)) com a busca de direções em intervalos de 2o. As soluções permitem um
erro de polaridade de P e nenhum de SH. O limite máximo para resíduos
resíduos da razão de amplitude
log(SH/P) foi de 0,4. Os resultados obtidos com o FOCMEC indicam falha normal com strike
260o, dip 73o e rake -94o (Figura
Figura 4.11),
4.11), possuindo uma boa correlação com a distribuição
Figura 4.10c).
espacial dos hipocentros (Figura 4.10c A diferença entre os planos de falha obtidos com a
solução do mecanismo focal e com a re-locação
re locação de hipocentros com o HYPODD está dentro das
incertezas desses resultados.

Foram feitas diversas seções (a cada 10o) dos hipocentros, as quais foram utilizadas no
Figura 4.10b).
ajuste de um plano de falha (Figura 4.10b). Essa solução independente é similar à obtida com o
4.10c e indica uma falha com strike de 285o e mergulho de 85o.
Figura 4.10c),
programa FOCMEC (Figura
A diferença entre as duas soluções indica um erro da ordem de 30o para o strike e 15o para o
mergulho. Possivelmente esses erros estejam superestimados para a solução obtida com o
FOCMEC. A posição dos eventos e a projeção do plano de falha na superfície (Figura
( 4.10a)
mostram que o Lineamento Pernambuco coincide com a extrapolação do plano de falha
(mecanismo focal) até a superfície.

Figura 4.11 - Soluções do mecanismo focal composto para os eventos de Belo Jardim
satisfazendo todas, com exceção de uma (próxima ao limite dos planos),
polaridades e todos os dados de log(S/P).
log(S/P). O erro máximo do log(SH/P) é igual
a 0,40. Círculos e cruzes representam, respectivamente, dilatações e
compressões do primeiro movimento de ondas P dos 10 sismos utilizados.

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


53

4.1.4 Considerações Finais

O enxame sísmico de Belo Jardim ocorreu em uma única falha com orientação E-W
mergulhando para o Norte, com mecanismo de falhamento normal causado por uma extensão N-
S (e possível esforço compressivo E-W). Esta falha está correlacionada com o Lineamento
Pernambuco, que é observado na superfície. O enxame sísmico de Belo Jardim, junto com a
atividade sísmica próxima de Caruaru-PE e São Caetano-PE, indica uma possível reativação de
uma antiga zona de cisalhamento Neoproterozóica sob os esforços neotectônicos atuais
(Ferreira et al., 2003, 2008; Vasconcelos et al., 2008). Atualmente, o bloco norte (teto) da
falha possui um alto topográfico com relação ao bloco sul (muro). Isso provavelmente indica
que o esforço regional no passado tinha uma componente N-S compressiva, provavelmente
relacionada a uma amalgamação geral da região durante a orogênese Brasiliana, e
adicionalmente uma componente de esforço cisalhante. Por outro lado, na atualidade a extensão
N-S e o esforço compressivo E-W, estão relacionados à configuração presente das forças
atuantes na Placa Sul-Americana e o efeito local originado na margem continental.

As três atividades sísmicas recentes no Lineamento Pernambuco, com direção E-W


(Caruaru, Belo Jardim, e São Caetano), ocorreram próximas a intersecções estruturais (Figura
4.2). Este padrão indica uma possível concentração de esforços em áreas próximas a intersecção
de estruturas, como discutido no modelo de Gangopadhyay & Talwani (2005), o que
explicaria a sismicidade em regiões específicas ao longo do Lineamento Pernambuco.

Os enxames sísmicos de Caruaru (Ferreira et al., 2008), Belo Jardim (Vasconcelos et


al., 2008) e São Caetano (Lima Neto et al., 2007) possuem com profundidades hipocentrais que
variam de 3 a 6 km, e o maior sismo conhecido no Lineamento Pernambuco, até o momento,
teve magnitude 4,0 mb. Neste ponto cabe salientar que o Lineamento Pernambuco é uma
provável zona de fraqueza com extensão lateral de ruptura com algumas dezenas de
quilômetros, e por esse motivo deve ser considerado o potencial sismogênico desse Lineamento.
Por esse motivo sugerimos que sejam efetuados estudos futuros mais detalhados nessa região,
com o intuito de fornecer informações mais conclusivas, para executar avaliações mais seguras
do risco sísmico para grandes obras de engenharia a serem construídas na região. Os resultados
desta parte da presente pesquisa foram submetidos à revista Geophysical Journal International
(Vasconcelos et al., 2008).

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


54

4.2 Sismicidade e Mecanismo Focal em Correntina-BA (2004)


Em julho de 2003 ocorreram três sismos com magnitudes próximas a 3,0 mb na região
de Correntina-BA, na porção Centro-Norte do Cráton do São Francisco, nas proximidades da
divida dos estados de Minas Gerais, Goiás e Bahia (Figura 4.12). Esses eventos foram
registrados por estações sismográficas a até 630 km do epicentro. Alguns meses após o início da
atividade sísmica, o Grupo de Sismologia do IAG-USP instalou uma rede local de quatro
estações na região epicentral, registrando mais de cem eventos com magnitudes menores que
0,9 Mc (magnitude medida com a potência da cauda, ANEXO IV).

Figura 4.12 - O retângulo azul delimita a região de estudo, as linhas contínuas representam os
limites das principais províncias tectônicas: Cráton do São Francisco (SFC);
Cráton do Amazonas (AMC); e Bacia do Paraná (PB), linhas tracejadas são os
limites políticos, e os círculos brancos são os epicentros dos sismos com
magnitude superiores a 3,0 (mb). O catálogo de sismos empregado foi o Boletim
Sísmico Brasileiro.

Durante a instalação da Rede Sismográfica de Correntina, foi realizado um


levantamento macrossísmico para avaliar os efeitos dos tremores de terra na superfície. Na
Fazenda Patos, foi sentido uma espécie de “rolo compressor” passando por baixo dos pés das
pessoas logo após os “estrondos”, referindo-se provavelmente as ondas Rayleigh que são
observadas nos sismogramas. Moradores da Fazenda Tapicuru, disseram ter ouvido o
“estrondo” enquanto assistiam TV. Os relatos das pessoas próximas ao epicentro indicam
intensidades entre III e IV MM. Na Fazenda Conceição, a população local afirmou que a
atividade havia cessado, mas que em julho de 2003 houve um “terremoto” que chegou a

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


55

balançar a geladeira de um morador. Na mesma fazenda, um morador afirmou que as prateleiras


chegaram a balançar em sua casa. Na Fazenda Harmonia, os sismos de julho de 2003 foram
sentidos com intensidade III MM. Todas essas localidades estão a menos de 10 km dos sismos
estudados.

Os sismos de Correntina-BA ocorreram em um complexo gnáissico-migmatítico de


idade Arqueana, localizado próximo a borda oriental da Bacia Sedimentar Urucaia, na porção
sul da Bahia. A complexidade da região pôde ser observada nos estudos preliminares da
atenuação da energia sísmica com ondas de cauda, os quais indicaram um ambiente geológico
extremamente retrabalhado ou heterogêneo, fazendo com que os sismos tivessem caudas longas
devido ao retro-espalhamento múltiplo das ondas sísmicas.

A geologia da janela erosiva de Correntina (Figura 4.13) é composta pelo embasamento


siálico, e por rochas da Formação Correntina, que é constituída de gnaisses e migmatitos, e por
rochas supracrustais da Formação Extrema, composta por uma seqüência metassedimentar
(Andrade et al., 1981; Inda & Barbosa, 1978; Moraes Filho, 1997). E por fim, as coberturas
sedimentares que são compostas pelo Grupo Bambuí, cujo domínio é caracterizado por calcários
e dolomitos, e a oeste pelo Grupo Urucuia, com arenitos e conglomerados.

Figura 4.13 - Mapa geológico da região de Correntina (Andrade et al., 1981; Inda & Barbosa,
1978; Moraes Filho, 1997).

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


56

As rochas da área mostram, pelo menos, duas fases de deformação, sendo a primeira
compressiva e a segunda distensiva (Dávila & Kuyumjian, 2005). Considerando que o
embasamento Paleoproterozóico da região de Correntina é parcialmente coberto por rochas
sedimentares Neoproterozóicas, não deformadas, do Grupo Bambuí e por uma seqüência de
arenitos cretáceos, horizontalmente estratificados, do Grupo Urucuia, conclui-se que a fase de
deformação imposta ao embasamento e supracrustais com plutônicas associadas, ocorreu
anteriormente à deposição das rochas do Grupo Bambuí, durante o evento Transamazônico
(Dávila & Kuyumjian, 2005). Esta primeira fase deformacional originou zonas de
cisalhamento que controlam as ocorrências de ouro na região de Correntina.

A segunda fase gerou estruturas do tipo blocos de falha, com falhamentos de direção E-
W e NNE-SSW, presentes no âmbito das rochas da Formação Extrema e do Grupo Bambuí
(Dávila & Kuyumjian, 2005).

Neste trabalho serão apresentados os principais estudos sismológicos realizados em


Correntina-BA, incluindo a determinação da estrutura mais superficial da crosta, o estudo da
sismicidade local e a determinação de um mecanismo focal composto, utilizando as polaridades
das ondas P e SH, razão de amplitude (SH/P) e a modelagem das ondas de superfície. O
mecanismo focal de Correntina é utilizado no Capítulo 5 para na determinação do tensor de
esforços na porção norte do Cráton do São Francisco.

4.2.1 Sismicidade na Região de Correntina

O mapa de sismicidade da área de estudo e a topografia da região é apresentado na


Figura 4.14, e a tabelas de eventos é apresentada no ANEXO II, sendo composta por 115
sismos com magnitudes entre -1,6 e 0,9 Mc. A atividade sísmica na região se concentra nas
margens do rio Arrojado, mas também se registraram dois sismos próximos ao Rio Corrente (35
km a NW das estações). Durante o levantamento macrossísmico um morador da Fazenda Patos
(próxima a estação CRT3), que fica próxima a zona mais ativa, disse que durante um dos
“estrondos” a janela chegou a bater, o fio da antena tremeu, e que na casa de seu vizinho (500 m
ao lado) xícaras caíram. Disse ainda que sentiu uma vibração passando sob seus pés, apontou
uma direção, e disse que os “estrondos” vinham da Serra ao lado de sua casa. Os sismos
realmente estão próximos a um pequeno alto topográfico a NE da estação CRT3.

Como apenas uma estação sismográfica teve correção de tempo, devido principalmente
à falta de antenas GPS, não foi possível utilizar o programa HYPODD em nenhuma
determinação hipocentral. O modelo de velocidade das ondas sísmicas foi obtido com a
modelagem da curva de dispersão das ondas de superfície, o qual é discutido em detalhe na
Seção 4.2.3, sendo composto por três camadas superficiais, com espessuras de 250m, 600m e
300m, e velocidades da onda S (VS) de 2,1 km/s, 2,2 km/s e 2,3 km/s, respectivamente, sobre

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


57

um semi-espaço com VS de 3,46 km/s. O Digrama de Wadati, também apresentado na Seção


4.2.3, indica uma razão VP/VS de 1,76.

Figura 4.14 – As estrelas são os epicentros dos eventos sísmicos registrados em Correntina-BA,
e os triângulos são as estações sismográficas. As cores indicam a topografia,
sendo que a área azul próxima às estações representa a topografia onde está o Rio
Arrojado. A estação CRTB esteve composta por um sensor triaxial banda larga
(STS-2), e as demais estações por sensores triaxiais de período curto (L4-C). Na
Figura 4.15 são apresentados sismogramas dos eventos próximos e distantes da
estação CRT1.

Figura 4.15 – Exemplos de sismogramas (componente vertical) registrados pela estação CRT1.
acima) sismo do grupo de eventos próximo à rede sismográfica, e abaixo) sismo
do segundo grupo de eventos, a aproximadamente 35 km de distância.

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


58

4.2.2 Modelo de Velocidade das Ondas Sísmicas

O modelo de velocidade foi determinado com o programa SURF96 (Herrman &


Ammon, 2002), utilizando a modelagem da velocidade de grupo das ondas de superfície
apresentadas na Figura 4.16. Para se determinar uma curva de dispersão robusta, determinou-se
a curva de dispersão para cada um dos cinco sismogramas da estação CRTB, que é a estação
mais precisa da Rede Local, e se obteve uma curva de dispersão final composta pela média das
cinco curvas de dispersão (Figura 4.17a). Vale ressaltar que como o modelo de velocidade é
determinado de forma iterativa, como discutido na Seção 3.2, já que a curva de dispersão
depende do hipocentro e o hipocentro depende do modelo de velocidade obtido na iteração
anterior. O valor do VP/VS fixado na modelagem foi obtido com o Diagrama de Wadati (Figura
4.18), que indica um valor igual a 1,76±0,02, que é um pouco maior do que o valor típico de
1,732, mas é muito maior do que o valor de 1,64±0,01 encontrado por Assumpção et al. (1990)
para a região de Manga, no Norte de Minas Gerais, o que indica uma região com geologia
bastante diferente.

Figura 4.16 – Os traços pretos são os sismogramas, da componente vertical, de cinco eventos
registrados pela estação CRTB. Os traços vermelhos são os respectivos
sismogramas filtrados com um filtro match (Herrmann & Ammon, 2002), onde
está isolada a maior parte das ondas de superfície. As curvas de dispersão da
velocidade de grupo utilizadas no processo de filtragem são as mesmas utilizadas
na determinação da curva da Figura 4.17.

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


59

Na Figura 4.17b é apresentado o modelo de velocidade final. As três camadas


superficiais foram estimadas com a modelagem da dispersão das ondas de superfície, e a
profundidade e velocidade do semi-espaço foram determinadas através de testes de
determinações hipocentrais. O modelo final fornece determinações hipocentrais com rms de
0,012 seg. A curva de dispersão final, que inclui o semi-espaço, também ajusta os dados
observados.
a) b)

Figura 4.17 - a) curva de dispersão (quadrados) obtida com a média das velocidades de grupo
de 5 sismogramas da Figura 4.16, e suas respectivas barras de erro. A curva
vermelha foi obtida com o modelo final apresentado em b), e oferece um ótimo
ajuste aos dados. b) modelo inicial de velocidades (linha tracejada), e modelo
determinado com a curva de dispersão (linha azul) e um semi-espaço a partir de
1,2 km, determinado com testes de determinações hipocentrais. Embora a porção
cinza do modelo tenha sido determinada de forma independente, este modelo
final ajusta bem a curva de dispersão apresentada em a).

Figura 4.18 - Diagrama de Wadati com dados de 6 sismos (12 pontos). O melhor ajuste (linha
vermelha) representa uma razão VP/VS de 1,76 ± 0,02, com desvio padrão de
0,008 seg. A linha tracejada representa o valor típico de Vp/Vs, igual a 1,732.

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


60

4.2.3 Avaliação da Atenuação Sísmica

O estudo do fator de atenuação, Q, com ondas de cauda na região de Correntina, indicou


valores inconsistentes com o esperado, possivelmente devido à capacidade da região em gerar
ondas retro-espalhadas, já que as caudas dos sismos são extremamente longas. Por esse motivo,
decidiu-se executar a modelagem das ondas de superfície considerando diversos valores de Qβ
(10, 20, 30, 40, 50, 70, 100, 150 e 200), duas razões Qβ/Qα (2,0 e 2,5) e o modelo Q(f) = Q0 f η.
No inicio do trabalho suspeitou-se que os valores das profundidades focais e de Q poderiam
gerar efeitos similares nos sismogramas sintéticos, visto que o aumento da profundidade focal e
a diminuição do valor de Q atenuam as ondas de superfície de forma semelhante.

Nas Figuras 4.19 e 4.20 são apresentados alguns sismogramas sintéticos calculados
considerando profundidades focais de 0,3 km e 0,8 km, respectivamente, e diferentes valores de
Q. Nesses sismogramas é possível observar que a diminuição da atenuação (aumento de Q)
provoca um atraso aparente de fase e evidentemente um aumento das amplitudes das ondas. Por
outro lado, é possível observar nas diferenças entre as Figuras 4.19 e 4.20, que o aumento da
profundidade focal provoca uma atenuação diferente da causada pela atenuação inelástica,
podendo-se observar que as ondas com freqüências maiores são mais atenuadas do que as de
maior período. Essa observação também fica clara nas Figuras 4.21 e 4.22, onde é possível ver
o comportamento da forma de onda de um modo contínuo.

Os valores de Q acima de 50 são pouco importantes, já que não produzem grandes


variações nos sismogramas (Figuras 4.21 e 4.22). Por esse motivo, o passo de busca para os
valores de Qβ acima de 50 são maiores.

A diferença dos padrões de atenuação obtidos com diferentes Q (Figuras 4.21 e 4.22) e
diferentes profundidades focais (Figura 4.23), nos mostra que é possível se estudar mecanismos
focais com precisão, mesmo não conhecendo com exatidão a profundidade focal e o valor de Q.
A Figura 4.23 mostra também que as ondas de superfície são mais sensíveis à profundidade
focal do que à atenuação inelástica, e por este motivo a profundidade pode ser melhor
determinada com as ondas de superfície, do que com o valor de atenuação. Por outro lado, como
as ondas de superfície são menos sensíveis ao fator de atenuação e não temos interesse de
investigar esse parâmetro em detalhe, isso permite determinarmos uma boa profundidade focal
com pouca preocupação com a precisão do Q.

A modelagem dos sismogramas de Correntina com o programa X-FOC indicou valores


de Qβ igual a 40, Qβ/Qα igual a 2,0, e o valor de η foi fixado em 1,0. A profundidade focal foi
em 0,62 km, e foi fixada para todos os sismos de Correntina, já que a profundidade focal
determinada pelo HYPO71 é pouco estável, e possui estimativas de erros na vertical entre 0,4 e
3,0 km.

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


61

Figura 4.19 - Sismogramas sintéticos para uma profundidade de 0,3 km e diferentes valores de
Q. Os sismogramas da porção superior possuem a mesma escala de amplitudes, e
na porção inferior, as máximas amplitudes são normalizadas para melhorar a
visualização da forma de onda. Note que o aumento de Q (diminuição da
atenuação) causa um atraso aparente na fase, porém as formas de ondas são
similares. Os tempos de chegada das ondas P e S são identificados nos
sismogramas.

Figura 4.20 - Sismogramas sintéticos para uma profundidade de 0,8 km e diferentes valores de
Q. Os sismogramas da porção superior possuem a mesma escala, e na porção
inferior estão normalizadas. Marcas de P e S são identificadas nos sismogramas.

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


62

Figura 4.21 - Comparação de amplitudes (cores) de sismogramas sintéticos gerados para


diferentes valores de Q. Os traços pretos são os sismogramas para alguns
valores de Q. Os traços contínuos mostram amplitudes relativas, que
correspondem à escala de cores, e os tracejados possuem ampliação nas
amplitudes mostrar a forma do sinal. A linha tracejada branca (vertical) é a
chegada da onda S. A profundidade focal foi fixada em 0,0 km.

Figura 4.22 - Comparação de amplitudes (cores) de sismogramas sintéticos gerados para


diferentes valores de Q. Os traços pretos são os sismogramas para alguns
valores de Q. Os traços contínuos mostram amplitudes relativas, que
correspondem à escala de cores, e os tracejados possuem ampliação nas
amplitudes para mostrar a forma do sinal. A linha tracejada branca (vertical) é a
chegada da onda S. A profundidade focal foi fixada em 0,6 km.

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


63

Figura 4.23 - Comparação de amplitudes (cores) de sismogramas sintéticos para diferentes


valores de profundidade (HS). Os traços pretos são os sismogramas para alguns
valores de profundidades focais. Os traços contínuos mostram amplitudes
relativas, que correspondem à escala de cores, e os tracejados possuem
ampliação nas amplitudes para mostrar a forma do sinal. A linha tracejada
branca é a chegada da onda S. Qβ foi fixado em 40, e usamos Qα = 2Qβ. Acima é
apresentado um exemplo de sismograma real registrado em Correntina-BA.

4.2.4 Mecanismo Focal

Como analisamos apenas os eventos próximos às estações sismográficas, com


hipocentros distribuídos em uma área pequena, supomos que a fonte de todos os sismos seja a
mesma, e determinamos o mecanismo focal composto. Uma evidência de que a fonte sísmica é
a mesma é que as polaridades observadas em cada estação são consistentes. Inicialmente
utilizamos os seguintes dados de seis sismos registrados pelas quatro estações com o programa
FOCMEC (Snoke et al., 1984; Snoke, 2003): polaridades das ondas P e SH, e razão de
amplitude SH/P (Figura 4.24). O programa FOCMEC foi executado considerando-se várias
profundidades e aceitamos um erro máximo do log(SH/P) de 0,3 (com nenhum erro superior a

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


64

este), e não foi aceito nenhum erro de polaridade de onda P ou SH, já que optou-se em utilizar
apenas as polaridades claras e impulsivas, como apresentado na Figura 4.24.

Figura 4.24 - Componentes vertical, radial e transversal de um sismo (26/03/2004) registrado


na estação CRT2. As escalas verticais estão normalizadas, e as ampliações
ilustram as amplitudes utilizadas no cálculo da razão SH/P. Note que a
polaridade da P é para baixo, e a da SH é para esquerda.

Em seguida foram modeladas as ondas de superfície para todas as soluções selecionadas


inicialmente, com apoio do programa X-FOC, que utiliza o pacote de análise sismológica de
Herrmann e Ammon (2002). O procedimento de modelagem das ondas Rayleigh foi descrito
na Seção 3.4, e as duas melhores soluções são mostradas na Tabela 4.1 e na Figura 4.27 (os
resultados das modelagens são apresentados nas Figuras 4.25b e 4.26b). Outros parâmetros
investigados pelo programa X-FOC foi a profundidade focal, igual a 0,62 km.

Tabela 4.1 – Soluções finais para o mecanismo focal. Ambas as soluções têm ajuste
semelhante.
Strike Dip R’ake
01 342,32o 71,25o 68,83o
02 346,10o 70,32o 79,37o

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65

a)

b)

Figura 4.25 - a) sismograma original (cinza), e filtrado com um filtro match (preto) para isolar
as ondas de superfície. b) o sismograma preto é igual ao da figura a), e o traço
vermelho é o sismograma modelado. A área em azul indica a região onde o
sismograma foi ajustado. Estação CRTB.

a)

b)

Figura 4.26 - a) sismograma original (cinza), e filtrado com um filtro match (preto) para isolar
as ondas de superfície. b) o sismograma preto é igual ao da figura a), e o traço
vermelho é o sismograma modelado. A área em azul indica a região onde o
sismograma foi ajustado. Estação CRT3.

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


66

Figura 4.27 – Mecanismo Focal dos sismos de Correntina.

4.2.5 Considerações Finais

O modelo de velocidade das ondas sísmicas para a região foi determinado com a
inversão da curva de dispersão da velocidade de grupo das ondas Rayleigh, e o mecanismo focal
composto utilizou as polaridades das ondas P, SH e razão de amplitude (SH/P), de um pequeno
grupo de eventos bem registrados, e modelagem das ondas de superfície do evento do dia
24/04/2004 às 03:18:00,91 (UT). O mecanismo focal revela uma falha inversa com eixo de
pressão E-W.

Os epicentros dos sismos utilizados neste trabalho ocorreram fora da área compreendida
pela rede sismográfica local, o que inviabiliza a determinação precisa da profundidade focal dos
sismos, e por isso optou-se por incluir a profundidade focal na modelagem da forma de onda.
Em um estudo detalhado sobre a influência da profundidade e da atenuação inelástica na forma
de onda dos sismogramas, constatou-se que as respectivas influências são distintas, e podem ser
diferenciadas. Isso permitiu estudar a profundidade focal e o fator Q simultaneamente com
ondas de superfície. Desta forma, a metodologia utilizada na modelagem com as ondas de
superfície se mostrou hábil para o estudo de novos surtos de sismicidade.

Os dois melhores mecanismos focais apresentam um bom ajuste para a forma de onda, e
ambas as soluções representam falhas inversas com direção de compressão E-W. A solução do
mecanismo focal para os sismos de Correntina é bastante robusta, testes realizados para se
analisar a influência de variações dos parâmetros focais na forma de onda indicaram erros
inferiores a 20o para o rake e para o strike, e um erro de 10o para o mergulho (dip).

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67

4.3 Mecanismo Focal do Sismo de Brasília-DF


Brasília (2000)
O sismo de Brasília teve magnitude 3,7 mb e ocorreu no dia 20 de Novembro de 2000 ás
09:36:32 (UT) a 36 km a SE de Brasília-DF.
Brasília DF. O seu epicentro está localizado fora da região
sísmica na porção
ção oeste do estado de Goiás (Berrocal
( et al., 1984; Assumpção et al., 1986;
Veloso et al., 1997 - Figura 4.28),
4.28 denominada Faixa Sísmica Goiás-Tocantins
Tocantins por Berrocal et
al. (2004),, porém dentro da Província Tocantins (Figura
( 4.29).
). A Província Tocantins abrange
a
os estados de Goiás, Tocantins, Distrito Federal e parte de outros estados, sendo delimitada a
noroeste pelo Cráton Amazônico, a leste pelo Cráton do São Francisco, a norte pela Bacia do
Parnaíba e a sudoeste pela Bacia do Paraná.

Figura 4.28 - Mapa de sismicidade com epicentros representados por círculos cinza e estações
simográficas representadas por triângulos pretos. A localização da área é
apresentada no mapa da América do Sul (in( set).). O epicentro do sismo de Brasília
é dado pela
la estrela. As estações sismográficas próximas a NP são do reservatório
de Nova Ponte, as próximas a COR são do reservatório de Corumbá, a próxima a
SM é do reservatório de Serra da Mesa, BDFB é a estação sismográfica de
Brasília e as estações PAZB e PORB foram instaladas pelo projeto de estudos
Tectônicos da Província Tocantins, financiado pela FAPESP.

De acordo com Fuck et al. (1994),, a porção oriental da Província Tocantins pode ser
subdividida em quatro zonas bem definidas: Faixas Paraguai-Araguaia,
Paraguai Araguaia, Arco
Arc Magmático de
Goiás, Microcontinente (Maciço de Goiás) e Faixa Brasília (Zona Externa e Interna). A Faixa
Brasília possui cerca de 1000 km de extensão na direção N-S
N S e é limitada a leste pelo Cráton do
São Francisco, a oeste pelo Maciço de Goiás (Fuck,
( 1994).
). O limite oriental com o Cráton do
São Francisco está representado por falhas inversas, e o limite ocidental com o maciço de Goiás

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


68

é deposicional e principalmente erosivo. O Microcontinente (ou Maciço de Goiás) está


localizado na porção noroeste da Faixa Brasília, e forma um alto do embasamento arqueano que
deve ter recebido pequena cobertura sedimentar, a qual foi envolvida juntamente com o
embasamento e as faixas orogênicas vizinhas, nos dobramentos, metamorfismo e intrusões
graníticas do Ciclo Brasiliano. Esse conjunto configura um fragmento crustal complexo que
parece ter tido um comportamento independente durante o Ciclo Brasiliano, atuando como um
microcontinente (Pimentel & Fuck, 1992). O Arco Magmático de Goiás bordeja o Maciço de
Goiás a oeste e possui rochas típicas típicas de arcos oceânicos imaturos (crosta juvenil).

Figura 4.29 – Mapa geológico das porções Central e Sudeste da Província Tocantins e borda
ocidental do Cráton do São Francisco, com a identificação de algumas cidades
(quadrados brancos) e do epicentro do sismo estudado (estrela). Note que o
epicentro do sismo de Brasília se encontra dentro da seqüência de margem
passiva Neoproterozóica da Faixa Brasília.

Desta forma, o sismo estudado se encontra na Zona Externa da Faixa Brasília (Figura
4.29), próximo a borda oeste do Cráton do São Francisco. Esse sismo foi estudado
anteriormente por Lopes (2003), porém com resultados não conclusivos devido às diversas
fontes de incertezas, incluindo a profundidade focal do evento e os parâmetros de atenuação da
energia sísmica. Nesta seção apresentamos os resultados finais obtidos após um estudo
detalhado da profundidade focal (valor final de 2,2 km), do modelo de velocidade das ondas
sísmicas para a porção mais superficial da crosta usando a modelagem da dispersão velocidade

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


69

de grupo das ondas Rayleigh, e determinação do fator de atenuação (Q) para as ondas P e S
através da modelagem das ondas de superfície.

4.3.1 Características das Ondas de Superfície

As ondas de superfície do sismograma original (Figura 4.30a)) foram isoladas com auxílio
Figura 4.30b),
do filtro match (Figura 4.30b), que executa a filtragem utilizando informações da curva de
dispersão da velocidade de grupo das ondas de superfície. Como se pode observar no
sismograma filtrado com o filtro match da Figura 4.30b existe uma onda de baixa freqüência
com pico em torno de 12 segundos que parece não pertencer ao grupo de ondas de superfície e
que chega com um tempo similar ao da onda S. Essa onda foi isolada com um filtro passa baixa
de 0,3 Hz, aplicado ao sismograma filtrado da Figura 4.30b,, o qual é mostrado na Figura
4.30c. Na Figura 4.30d se apresenta o sismograma da Figura 4.30b,, filtrado com o filtro passa
sismogramas das Figuras
alta de 0,3 Hz, onde se observa as ondas de superfície isoladas. Os sismogramas
4.30b e 4.30d serão utilizados nas modelagens apresentadas posteriormente.

Figura 4.30 - Comparação entre o sismograma registrado pela estação BDFB, mostrado em a) e
como sombra nas demais figuras, em b) sismograma com o filtro fil Match
mostrando o sinal de interesse (ondas Rayleigh), em c) sismograma anterior com
filtro passa baixa e em d) com filtro passa alta de 0,3 Hz. Os sismogramas
apresentados em b) e d) são utilizados posteriormente para modelagem.

Como se pode observar no espectro de potência dos sinais analisados (Figura


( 4.31), o
conteúdo espectral do sismograma filtrado com o filtro match é maior para baixas freqüências e
menor para altas freqüências do que conteúdo do sismograma modelado, o qual será
apresentado posteriormente.
riormente. Parte do conteúdo de baixa freqüência do sinal filtrado com o filtro
match (Figura 4.30c)) foi atenuada com um filtro passa alta de 0,3 Hz, aproximando o conteúdo

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


70

dos sismogramas filtrado ao modelado para as freqüências abaixo de 0,3 Hz. Os sismogramas
sismo
utilizados na modelagem são apresentados nas Figuras 4.30b e 4.30d.

Figura 4.31 - Espectros de potência dos sismogramas apresentados na Figura 4.30.


4.30 As letras e
legendas são as mesmas referenciadas nessa figura. O espectro do sismograma
sismogram
sintético calculado com os parâmetros focais do sismo estudado, obtidos neste
trabalho, é mostrado na linha tracejada (e). Note que, nas baixas freqüências, o
espectro (e) não é afetado pela onda com pico em torno de 12 segundos nos
sismogramas filtrados das Figuras 4.30b e 4.30c.

4.3.2 Modelo de Velocidade das Ondas Sísmicas

A curva de dispersão da velocidade de grupo das ondas Rayleigh obtida de acordo com
a metodologia descrita na Seção 3.2,, e foi invertida com um o pacote de algoritmos
sismológicos de Herrmann & Ammon (2002).
(2002) Utilizou-se
se o vínculo de suavidade, fixou-se
fixou a
razão Vp/Vs em 1,71 (valor obtido com o diagrama de Wadati para a região - Lopes, 2003) e
escolheu-se
se a espessura das camadas de modo iterativo (inicialmente utilizamos camadas finas e
a espessura das camadas foram aumentadas de forma gradual segundo os resultados da
inversão). A velocidade de grupo apresentada na curva de dispersão da Figura 4.32 possui erros
que são menores que 0,2 km/s para os períodos menores que 3,0 segundos (freqüências
(freq menores
que 0,46 Hz), porém a modelagem ajusta bem até períodos de 9 segundos, embora nos períodos
maiores os erros sejam muito maiores do que 0,2 km/s. O modelo final de velocidade para a
porção mais superficial da crosta no trajeto entre o sismo de Brasília e a estação BDFB,
localizada a 62 km do evento, é apresentado na Figura 4.32.. Este modelo é importante na
determinação da profundidade focal e na modelagem das ondas de superfície.

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


71

Figura 4.32 - A esquerda é apresentado o modelo de velocidade obtido com a inversão da curva
de dispersão da velocidade de grupo. A linha tracejada é o modelo inicial e a
linha cinza contínua é o modelo final. À direita é apresentada a curva teórica da
dispersão da velocidade de grupo das ondas Rayleigh
Rayleigh obtida com o modelo final
mostrado a esquerda (linha continua) e os dados observados (círculos).

4.3.3 Mecanismo Focal

O mecanismo focal do sismo de Brasília foi determinado com as polaridades das ondas
P e modelagem das ondas Rayleigh da estação BDFB, que
que se encontra 62 km a SE do epicentro.
Utilizamos apenas as polaridades confiáveis das ondas P com o programa FOCMEC (Snoke
( et
al., 1984; Snoke, 2003),
), e excluímos as estações que pudessem estar com polaridades
invertidas. Embora algumas polaridades não tenham
tenham sido utilizadas, no final do estudo essas
polaridades serviram para dar maior confiabilidade à solução do mecanismo focal, visto que
puderam confirmar o resultado encontrado, como veremos adiante.

Os sismogramas sintéticos referentes aos mecanismos focais


focais obtidos com o FOCMEC
(Figura 4.30b)
foram comparados com o sismograma filtrado com o filtro match (Figura 4.30b e com o
sismograma da Figura 4.30b filtrado com um filtro passa alta de 0,3 Hz (Figura
Figura 4.30d).
4.30d Os 35
na Figuras 4.33 e 4.34.. Nos dois casos, os
melhores sismogramas sintéticos são apresentados nas
melhores resultados são semelhantes, e utilizamos como resultado final apenas os mecanismos
focais que estão visualmente mais próximos dos valores médios dos parâmetros focais (Figura
(
4.35).
). Note que todos os resultados
resultados são compatíveis com as polaridades das ondas P utilizadas e
das não utilizadas pelo FOCMEC, indicando uma boa consistência nos resultados obtidos com a
modelagem das ondas de superfície.

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


72

Figura 4.33 - A linha tracejada é o sismograma observado


observado filtrado com o filtro Match (Figura
(
4.30b),), e os demais traços são os sismogramas sintéticos obtidos com as melhores
soluções de mecanismo focal. As diferentes tonalidades dos traços indicam o
ajuste do sismograma sintético ao sismograma observado, sendosendo o melhor o traço
preto.

Figura 4.34 - A linha tracejada é o sismograma filtrado com o filtro Match e posteriormente
filtrado com passa alta de 0,3 Hz (Figura
( 4.30d).
). Os demais traços são os
sismogramas sintéticos obtidos com as melhores soluções
soluções de mecanismo focal.
As diferentes tonalidades dos traços indicam o ajuste do sismograma sintético ao
sismograma observado duplamente filtrado, sendo o melhor o traço preto.

Figura 4.35 e Tabela 4.2)) é bastante confiável, porém possui baixa


O mecanismo focal (Figura
resolução devido ao pequeno número de polaridades disponíveis. Como comentado
anteriormente, apenas as ondas de superfície registradas na estação BDFB puderam ser
utilizadas devido à limitação da distância epicentral imposta pela metodologia empregada.
empregad

Inicialmente executou--se
se a modelagem das ondas Love em conjunto com as ondas
Rayleigh, porém devido à limitação do espectro das ondas Love e possíveis problemas de
anisotropia, os resultados obtidos foram pouco satisfatórios. Para possibilitar a modelagem
modelag das
ondas Love e Rayleigh, houve a necessidade de se empregar filtros que deslocavam o sinal no
tempo, o que diminuía drasticamente a confiabilidade dos resultados. Desta forma optou-se
optou em
abandonar a modelagem conjunta e executar apenas a modelagem das ondas Rayleigh.

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


73

Figura 4.35 - Melhores mecanismos focais obtidos utilizando a) o sismograma filtrado apenas
com o filtro match, e b) o sismograma filtrado com o filtro match e com um
passa alta de 0,3 Hz. As polaridades negativas são representadas por símbolos
pretos e as positivas por símbolos brancos. A seleção de mecanismos focais com
o FOCMEC utilizou apenas as quatro polaridades representadas pelos círculos.
Os quadrados são polaridades de estações não utilizadas pelo FOCMEC. As
diferentes tonalidades dos planos de falha indicam o ajuste dos sismogramas
sintéticos aos sismogramas observados, sendo a melhor solução a do traço preto.

O modelo de velocidade é bastante confiável até 3 km de profundidade, visto que nesse


intervalo depende principalmente das ondas com períodos inferiores a 2,0 segundos, onde os
erros são relativamente pequenos (inferior a 0,05 km/s, segundo Lopes, 2003). A profundidade
focal foi estudada inicialmente de forma iterativo com o programa HYPO71 (Lee & Lahr,
1975), mas o resultado final, que revela uma profundidade focal igual a 2,2 km, foi obtido com
o X-FOC. Como o sismograma sintético não apresentou grandes variações com a mudança de
alguns Qβ, optou-se em fixar o valor de Qβ em 25 e Qα em 50.

Os mecanismos focais apresentados na Figura 4.35b são os mais adequados, pois


representam o melhor o sismograma observado (Tabela 4.2). Adotamos como resultado final o
seguinte mecanismo focal: strike: 278o ± 20o; dip: 70o ± 20o e rake: 66 o ± 20o, que é a média
dos resultados obtidos.

Tabela 4.2 - Parâmetros dos mecanismos focais apresentados na Figura 4.34b. A coluna rms
possui o valor do rms entre as amplitudes do sismograma observado e do ajustado.
O valor final é o valor médio de cada parâmetro.
Strike (graus) Dip (graus) Rake (graus) rms
1 278,22 71,25 68,83 0,078
2 262,61 64,34 56,31 0,078
3 296,53 80,15 79,85 0,078
4 268,20 71,25 68,83 0,079
5 274,37 64,34 56,31 0,079
6 289,37 71,25 68,83 0,079

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


74

4.3.4 Considerações Finais


O mecanismo focal determinado com a modelagem das ondas de superfície satisfaz as
polaridades das ondas P, SH e razão de amplitude SH/P, e oferece um ótimo ajuste da forma de
onda das ondas Rayleigh. Embora o mecanismo focal possa ser considerado de baixa precisão
devido ao pequeno número de estações sismográficas e prováveis imprecisões do hipocentro, a
inversão do tensor de esforços com dados de cinco (5) sismos apresentou resultados com rakes
teóricos muito próximos dos observados, inclusive para o sismo em questão (erro do rake
próximo de 2º).
O strike e mergulho dos planos principal e auxiliar não possuem uma clara correlação
com grandes feições geotectônicas, e o valor negativo encontrado para o rake indica que o
mecanismo focal do sismo de Brasília é dado por uma falha inversa, muito comum em regiões
intraplaca.
A determinação do mecanismo focal com ondas de superfície se mostrou bastante
interessante, porém esse tipo de estudo deve ser feito levando em conta todas as fontes de
incertezas envolvidas no problema, desde a eventual imprecisão do hipocentro até a validade de
um modelo de velocidade com camadas plano-paralelas.
O sismo de Brasília foi o primeiro evento a ser testado com o programa X-FOC, que foi
desenvolvido durante o presente trabalho de doutorado para determinação de mecanismo focal.
O X-FOC permite modelar um conjunto de sismogramas de forma simultânea, e dessa forma
torna possível determinar mecanismos focais utilizando a modelagem de onda de superfície em
mais de uma estação e usando as ondas Rayleigh e Love. No caso do sismo de Brasília, os
modelos de velocidades obtidos com a modelagem das curvas de dispersão da velocidade de
grupo para as ondas Rayleigh e Love são muito diferentes, indicando uma possível anisotropia
da velocidade das ondas sísmicas. Esse item impossibilitou o uso simultâneo das ondas
Rayleigh e Love na determinação do mecanismo focal.

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


75

4.4 Estudos Adicionais de Sismicidade

4.4.1 Sismicidade de Bebedouro-SP (2005)

No final de fevereiro e início de março de 2005, a Prefeitura de Bebedouro-SP, através


da SAAEB, solicitou ao IAG-USP um estudo dos tremores de terra que vinham ocorrendo na
região de Andes (sub-distrito de Bebedouro) desde o início de 2004. No dia 3 de Março de 2005
foi instalado um sismógrafo analógico na região, e foi feito um levantamento macrossísmico
inicial. Em seguida (8/Março/2005) foram instaladas mais seis estações sismográficas digitais
de período curto, e uma rede telemétrica com mais quatro estações. Na primeira fase de
monitoramento, até agosto de 2005, a região chegou a contar com oito estações simultâneas
(Figura 4.36). No presente trabalho foram analisados alguns sismos desta primeira fase de
atividade sísmica, não contemplando a migração dos epicentros observada nos anos seguinte a
2005 (Balancin, 2007; Assumpção et al., 2007). Um exemplo de sismograma de Bebedouro é
apresentado na Figura 4.37.

Até 2008 foram registrados milhares de eventos com magnitudes inferiores a 2,0 mb,
alguns tremores mais fortes com magnitudes superiores a 2,0 mb, e quatro eventos entre 2,6 e
2,9 mb. Os eventos mais fortes foram registrados pela estação de Rio Claro-SP (RCLB) a 180km
de distância, e seus registros foram utilizados na definição de uma escala de magnitude local
para a região, baseada nas amplitudes das ondas de cauda.

Os tremores mais fortes chegaram a derrubar duas pessoas no Sítio Santo Antônio
(próximo a BEB1), soltou telhas e derrubou objetos no Sítio Estância Dourada (próximo a
BEB4), e foram sentidos até 10km de distância. Esses eventos causaram pânico na população
local, fazendo com que muitos moradores abandonassem suas casas no meio da madrugada, e
procurassem abrigo em igrejas e até mesmo dentro de seus automóveis.

Segundo informações dos moradores do Sítio Santo Antônio, os tremores de terra


começaram a ser sentidos localmente entre janeiro e maio de 2004, porém apenas nos sítios do
Sr. José Cagnin (BEB1, Figura 4.36) e do Sr. Toninho Lombardo (BEB7, Figura 4.36), a
menos de 1 km dos epicentros. Depois desse período os tremores foram sentidos em julho de
2004 dentro da Fazenda Aparecida, e deixaram de serem sentidos até o final do ano de 2004. É
importante destacar que o início da atividade sísmica ocorreu nove meses após a abertura de dez
poços na Fazenda Aparecida (Figura 4.36), o que levantou a possibilidade de se tratar de uma
sismicidade induzida por poços tubulares. Aparentemente este fenômeno está se tornando
comum no Norte do estado de São Paulo, devido principalmente ao número expressivo de poços
na Bacia do Paraná (cerca de 40.000 poços em todo Estado de São Paulo).

O estudo da atividade sísmica de Bebedouro se mostrou extremamente complexo pelo


grande número de eventos e complexidade geológica. Estudos complementares estão em

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


76

andamento, tendo sido objeto de três monografias de graduação (Balancin, 2007; Souza, 2008;
Silva Junior et al., 2008).

Figura 4.36 - Mapa das estações sismográficas (triângulos), epicentros (círculos) e poços da
Faz. Aparecida (círculos com marcas). Poços brancos possuem vazão inferior a
50 m3/h, cinza com vazão entre 50 m3/h e 100 m3/h, e pretos com vazão superior
a 100 m3/h. As estações sismográficas da rede telemétrica são discriminadas em
vermelho.

Figura 4.37 - Sismogramas registrados nas estações BEB1, BEB4 e BEB2 de Bebedouro.

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


77

Embora o estudo do mecanismo focal ainda tenha grandes incertezas, uma estimativa
inicial utilizando 39 polaridades de ondas P, 8 de ondas SH e 8 razões de amplitudes SH/P
(Figura 4.38), indica um plano de falha sub-horizontal ou vertical (Figura 4.39a), com
falhamento do tipo normal (Figura 4.39b), e deslocamento do teto da falha para a direção SW
(Figura 4.39d). Esse mecanismo focal foi determinado com os dados de Balancin (2007),
utilizando o programa FOCMEC com passo de busca igual a 2º para cada parâmetro do
mecanismo focal, a aceitando 2 erros de polaridades de onda P, 1 erros de polaridade de onda
SH e 1 erros de razão de amplitude SH/P, com erro máximo de log(SH/P) de 0,6.

Este mecanismo focal é questionável, pois o modelo de velocidade não é bem


conhecido, e não foi empregada a metodologia apresentada na Seção 3.4 para a modelagem das
ondas de superfície, devido à pequena distância epicentral que impede a formação de ondas de
superfície claras. Por outro lado, o mecanismo focal da Figura 4.38, é compatível com o
esperado para os sismos que ocorrem em planos de fraturas relacionados aos inter-derrames de
basalto, quase horizontais. Neste caso o bloco superior desce com relação ao bloco inferior.

Figura 4.38 - Mecanismos Focais de Bebedouro-SP, classificados por rake. Em a) são


apresentadas todas as soluções; b) rake igual a 90º; c) rake entre -128º e -104º;
d) rake entre -47º e 0º; e) rake entre -71º e -55º; f) rake entre -135º e -166º.

Embora o mecanismo focal da Figura 4.38 não seja preciso, o mesmo foi utilizado em
testes importantes para a futura utilização da modelagem de ondas de superfície em regiões
semelhantes à de Bebedouro, com sismos ocorrendo em uma espessa camada de basalto em uma
região com inversão de velocidade das ondas sísmicas.

Note que na análise preliminar adotou o plano sub-horizontal (Figura 4.39), porém a
solução do plano auxiliar, que é vertical, ajusta da mesma forma todos dados observados, e o
mecanismo focal não deve apresentado na Figura 4.40 é utilizado apenas em um estudo de
caso.

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


78

a)

b)

c)

d)

Figura 4.39 – Análise dos erros do log(SH/P) para todas as soluções apresentadas na Figura
4.38a. Em a) fica destacado em azul o baixo mergulho do possível plano de
falha; em b) é possível notar que todas as soluções indicam falha normal, com
rake negativo; em c) a variação de 150º no strike, mostra apenas que se trata de
um plano sub-horizontal; d) Direção do vetor deslocamento (slip), indicando
movimento de descida para SW.

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


79

No decorrer do presente trabalho considerou-se apenas o modo fundamental das ondas


de superfície no cálculo do sismograma sintético, porém essa aproximação não é muito boa para
o caso dos sismos de Bebedouro-SP, onde os sismos são rasos, a geologia é extremamente
complexa e há uma notável inversão de velocidade por causa da camada de basalto. Isso fez
com que investigássemos a influência dos harmônicos superiores para este caso específico.

Sabe-se que para se determinar hipocentros com precisão é necessário ter leituras de
ondas P e S confiáveis, eventos registrados por várias estações e um bom modelo de estrutura de
velocidade. A melhor forma de se determinar um modelo de velocidade confiável é através da
modelagem da dispersão das velocidades das ondas de superfície, o que também implica na
necessidade de se conhecer o comportamento dos harmônicos superiores na formação dessas
ondas.

A seguir é apresentado um estudo sobre a influência da profundidade focal na formação


das ondas de superfície, e a contribuição dos harmônicos superiores na composição das ondas
Rayleigh em um ambiente geológico com inversão de velocidade. Os testes foram realizados
com o mecanismo focal da Figura 4.40 e o modelo de velocidade da Figura 4.41, configurado
em conformidade com a geologia da região, e diferentes estudos sismológicos (Souza et al.,
2008; Silva Junior et al., 2008).

Figura 4.40 - Mecanismo focal preliminar utilizado no cálculo dos sismogramas sintéticos
usados na avaliação das ondas de superfície dos sismos de Bebedouro. O
mecanismo focal representa uma falha sub-horizontal ou vertical.

O estudo da influência dos harmônicos superiores para o caso de Bebedouro, considerou


duas distâncias epicentrais, de 5 e 10 km, e três profundidades focais, que são de 750m (abaixo
da camada de basalto), 500m (na camada de basalto), e 150m (no topo da camada de basalto,
que é uma região que sofreu com grande intemperismo). Todos os testes (Figuras 4.42 a 4.47)
mostram as contribuições do modo fundamental e dos dez primeiros harmônicos superiores.

Nas Figuras 4.42 e 4.43 são apresentados os sismogramas sintéticos calculados com o
pacote de programas sismológicos de Herrmann (2001) para eventos com diferentes distâncias,
5 km e 10 km, respectivamente, e profundidade focal de 750 metros. Nas Figuras 4.44 e 4.45

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


80

são apresentados os sismogramas de eventos a diferentes distâncias, 5 km e 10 km,


respectivamente, e profundidade focal de 500 metros. Nas Figuras 4.46 e 4.47 são apresentados
os sismogramas de eventos a diferentes distâncias, 5 km e 10 km, respectivamente, e
profundidade focal de 150 metros.

Figura 4.41 - Modelo simplificado de velocidade utilizado na geração dos sismogramas


sintéticos para avaliação das ondas de superfície em Bebedouro.

Os resultados indicam que para profundidades focais mais rasas (150 m, Figuras 4.46 e
4.47) o modo fundamental das ondas de superfície não são visíveis, e os harmônicos superiores
aparecem no sismograma sintético, por mero efeito numérico, e desta forma seria improvável
utilizar as ondas de superfície para estudos complementares. Para profundidades focais maiores,
é possível constatar a presença das ondas de superfície (Figuras 4.42 a 4.45).

Os testes com o foco abaixo da camada de basalto (Figuras 4.42 e 4.43) mostraram que
a amplitude máxima do espectro de potência do modo fundamental é uma ordem de grandeza
maior do que os harmônicos superiores, porém, a forma de onda aparentemente é influenciada
pelo primeiro harmônico. Como não é possível identificar os harmônicos superiores nos
sismogramas (eles estão sobrepostos), não se pode utilizá-los na inversão da curva de dispersão
para a determinação do modelo de velocidade. Por este motivo, a melhor opção para se trabalhar
com esse tipo de dado é filtrando esses harmônicos superiores com um filtro passa baixa de 1,5
Hz, já que o primeiro e os demais harmônicos possuem freqüências superiores a 1,5 Hz
(Figuras 42b.2, 43b.2). A escolha desse filtro precisa ser cuidadosa, pois o mesmo influirá na
precisão do modelo de velocidade determinado com a curva de dispersão.

No caso dos eventos com foco na porção sã da camada de basalto (profundidade de


500m, Figuras 4.44 e 4.45), constatou-se que os harmônicos superiores influenciam bastante na
forma de onda, exigindo o uso de filtros muito fortes para isolar o modo fundamental das ondas
de superfície. Desta forma, os filtros necessários distorcem o sinal de forma tão rigorosa, que
dificilmente seria possível reconhecer o sismograma filtrado, e do ponto de vista do autor, não

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


81

seria interessante utilizar as ondas de superfície. Neste caso, o estudo de sismicidade em regiões
como Bebedouro tem que concentrar esforços na utilização das informações das ondas de corpo.

Figura 4.42 - Os traços pretos à esquerda são os sismogramas do modo fundamental (a.1),
primeiro (b.1), segundo (c.1), terceiro (d.1), quarto (e.1), quinto harmônico (f.1)
e a soma do sexto ao décimo harmônicos (g.1). Os traços cinza correspondem à
soma de todos os sismogramas anteriores. À direita são apresentados os
espectros dos respectivos sismogramas. Esses resultados são relativos à distância
epicentral de 5 km e profundidade de 750 metros.

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


82

Figura 4.43 - Os traços pretos à esquerda são os sismogramas do modo fundamental (a.1),
primeiro (b.1), segundo (c.1), terceiro (d.1), quarto (e.1), quinto harmônico (f.1)
e a soma do sexto ao décimo harmônicos (g.1). Os traços cinza correspondem à
soma de todos os sismogramas anteriores. À direita são apresentados os
espectros dos respectivos sismogramas. Esses resultados são relativos à distância
epicentral de 10 km e profundidade de 750 metros.

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


83

Figura 4.44 - Os traços pretos à esquerda são os sismogramas do modo fundamental (a.1),
primeiro (b.1), segundo (c.1), terceiro (d.1), quarto (e.1), quinto harmônico (f.1)
e a soma do sexto ao décimo harmônicos (g.1). Os traços cinza correspondem à
soma de todos os sismogramas anteriores. À direita são apresentados os
espectros dos respectivos sismogramas. Esses resultados são relativos à distância
epicentral de 5 km e profundidade de 500 metros.

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


84

Figura 4.45 - Os traços pretos à esquerda são os sismogramas do modo fundamental (a.1),
primeiro (b.1), segundo (c.1), terceiro (d.1), quarto (e.1), quinto harmônico (f.1)
e a soma do sexto ao décimo harmônicos (g.1). Os traços cinza correspondem à
soma de todos os sismogramas anteriores. À direita são apresentados os
espectros dos respectivos sismogramas. Esses resultados são relativos à distância
epicentral de 10 km e profundidade de 500 metros.

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


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Figura 4.46 - Os traços pretos à esquerda são os sismogramas do modo fundamental (a.1),
primeiro (b.1), segundo (c.1), terceiro (d.1), quarto (e.1), quinto harmônico (f.1)
e a soma do sexto ao décimo harmônicos (g.1). Os traços cinza correspondem à
soma de todos os sismogramas anteriores. À direita são apresentados os
espectros dos respectivos sismogramas. Esses resultados são relativos à distância
epicentral de 5 km e profundidade de 150 metros.

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


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Figura 4.47 - Os traços pretos à esquerda são os sismogramas do modo fundamental (a.1),
primeiro (b.1), segundo (c.1), terceiro (d.1), quarto (e.1), quinto harmônico (f.1)
e a soma do sexto ao décimo harmônicos (g.1). Os traços cinza correspondem à
soma de todos os sismogramas anteriores. À direita são apresentados os
espectros dos respectivos sismogramas. Esses resultados são relativos à distância
epicentral de 10 km e profundidade de 150 metros.

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


87

4.4.2 Sismicidade de Elisiário/Marapoama-SP (2004)

Alguns tremores de terra ocorreram entre os dias 06 e 13 de agosto de 2004 na região da


Usina de Açúcar e Álcool Itajobi, entre os municípios de Marapoama-SP e Elisiário-SP,
próximo a Catanduva-SP, causando medo na população e empreendedores da região. O IAG-
USP foi contatado em 13 de agosto de 2004 para avaliar a situação e estudar o fenômeno. Três
estações sismográficas foram levadas ao local em 19 de agosto de 2004, e instaladas na área
afetada pelos tremores com a intenção de registrar possíveis novos abalos sísmicos. Essa
atividade sísmica interessou o presente projeto, pois há poucos dados sobre os esforços na Bacia
do Paraná, e o estudo de um mecanismo focal para a região poderia complementar o presente
trabalho de forma positiva.

Os efeitos provocados pelos sismos sentidos pela população local, principalmente


vibração de janelas e telhados, e susto em várias pessoas que ouviram ”estrondo” e sentiram o
chão tremer, não passaram de intensidade IV MM. O maior evento (06/08/2004, 11:00 hora
local) não foi registrado pelas estações sismográficas da região Sudeste, distantes a mais de 200
km, indicando que esse evento teve magnitude inferior a 2,0 mb.

A Figura 4.48 apresenta a sismicidade do Brasil (Berrocal et al., 1984; Boletim


Sísmico Brasileiro, 2004) com a localização de Marapoama/Elisiário, mostrando que a região
Norte do estado de São Paulo está inserida dentro da Província Sismotectônica do Sudeste
(Berrocal et al., 2001), onde o nível de atividade sísmica é relativamente moderado.

A Figura 4.49 apresenta a sismicidade regional, onde se observa a ocorrência de vários


sismos pequenos na região, com destaque para o sismo de Catiguá de 28/09/2000, com
epicentro 30 km a norte e magnitude 3,4 mb. Outros casos de sismicidade importantes próximos
à região são os sismos de Nuporanga (próximos a Ribeirão Preto) ocorridos de 1977 a 1979, e
posteriormente em 1989, causados pela abertura de poços artesianos com profundidades maiores
que 100 metros em camadas de basalto (Yamabe & Hamza, 1996), e os tremores de terra
sentidos em Fernando Prestes em 1959 (Berrocal et al., 1984). Tanto os sismos de Nuporanga
como os de Fernando Prestes não ultrapassaram intensidades IV ou V MM, sendo que o maior
evento de Nuporanga teve magnitude 3,2 mb.

Durante a instalação de uma rede sismográfica local composta de três estações de


período curto, foi executado um levantamento macrossísmico do sismo mais forte sentido na
região de Elisiário-Marapoama. Pelo relato da população e informações da Usina Itajobi, foram
percebidos pelo menos seis tremores, todos com duração menor que um segundo. O maior deles
ocorreu no dia 06 de agosto perto das 11 horas da manhã (horário local). Na Figura 4.50 é
apresentado o mapa com as intensidades obtidas nas entrevistas macrossísmicas efetuadas entre
os dias 20 e 22 de agosto de 2004. Segundo as equações de Berrocal et al. (1984) para

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


88

interpretação de dados macros-sísmicos, o tamanho da área afetada (20 km2) indica uma
magnitude inferior a 2,5 mb.

Figura 4.48 - Sismicidade do Brasil de 1724 a 2002. Os círculos são os epicentros dos sismos
com magnitude superior a 3,0 mb, os tons de cinza representam a topografia da
região, e a estrela vermelha representa o epicentro do sismo principal de
Marapoama/Elisiário.

Figura 4.49 - Mapa com epicentros (círculos) de sismos com magnitude superior a 2,0 mb em
um raio de 200km da área de estudo. As cores representam a topografia da região,
e a área de estudo é limitada pelo retângulo azul.

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


89

O segundo tremor relativamente intenso ocorreu no dia 13/08/2004 por volta das 07:30
(hora local). No escritório da Usina Itajobi, este sismo provocou a queda de uma lâmpada
fluorescente de uma luminária, porém os efeitos deste evento foram menores do que o do dia 06
de agosto em quase todas as localidades. Nenhum desses dois tremores maiores foi registrado
pela estação sismográfica permanente RCLB da UNESP de Rio Claro, a 210 km de distância.

A rede sismográfica local (Figura 4.50) foi instalada nos dias 20 e 21 de agosto de
2004, e operou com trigger para eventos locais até o dia 2 de setembro de 2004. O equipamento
da estação STUM consiste em dois sismômetros tri-axiais de baixa sensibilidade (24 V/m/s) da
marca GEOSIG (Suíça), com boa resposta para freqüências acima de 4,5 Hz, e registro em
computador. As outras duas estações sismográficas foram compostas por sismômetros L4-C,
com sensibilidade de 170 V/m/s e boa resposta para freqüências acima de 1Hz, com registro em
datalogger Ref Tek.

Figura 4.50 - Os círculos são os pontos com informações macrossísmicas, e a intensidade do


sismo de 06/08/2004, na escala Mercalli Modificada. A Usida Itajobi é
representada pelo quadrado verde, e as estações sismográficas pelos triângulos
pretos. Cores representam a topografia (modelo digital do SRTM), as linhas
vermelhas são estimativas grosseiras das isossistas de intensidades III e IV, e a
estrela representa o epicentro macrossísmico do tremor de 06/08/2004.

A Figura 4.51 mostra um exemplo de registro de um pequeno evento ocorrido no dia


21 de agosto às 04:10 da manhã (horário local). Os sismogramas têm freqüências características
da ordem de 10 a 20 Hz, e a incidência da onda P é quase vertical devido ao alto contraste de
impedância entre os arenitos (e solo) que cobrem a região e a camada de basalto que se encontra
sob esses arenitos. As determinações hipocentrais foram feitas com o programa HYPO71 (Lee
& Lahr, 1975), onde se fixou a profundidade focal em 200m, com o hipocentro na camada de

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


90

basalto. As determinações hipocentrais possuem rms baixos (Tabela 4.5), porém isso não
garante uma boa qualidade dos epicentros devido à falta de correção de relógio nas três
estações, sendo usadas apenas as diferenças S-P.

Tabela 4.3 - Resumo dos eventos estudados no período entre 18/08 e 01/09/2004. Ho é a hora
UT de origem do sismo, o rms representa o ajuste médio das diferenças S-P (em
segundos), e o Erroh é uma estimativa do erro do epicentro (em km). Dist. é a
distância do epicentro à usina Itajobi, e N é o número de estações que registraram
o evento. A profundidade focal foi fixa em 200 metros (dentro da camada de
basalto).
Data Ho Lat. (S) Lon.(W) rms (s) Erroh (km) mD Dist. (km) Nst
1 21/08 07:10:05 21,1915 49,1405 0,008 0,00 0,7 0,61 3
2 31/08 14:58:32 21,1879 49,1671 0,000 0,12 0,1 3,32 1
3 31/08 15:04:56 21,1879 49,1671 0,000 0,12 0,1 3,32 1
4 31/08 15:19:36 21,1879 49,1671 0,000 0,12 0,1 3,32 1
5 31/08 15:44:15 21,1879 49,1671 0,000 0,12 0,1 3,32 1

As determinações epicentrais foram feitas com um modelo de velocidades constituído


de uma pequena camada de solo de 15 m, uma camada de arenito de 50 m, e uma camada de
basalto (tratado como um semi-espaço). Esta estrutura é baseada em informações de poços
fornecida por moradores de fazendas que possuem poços semi-artesianos, e também por
sondagens geofísicas efetuadas em Termas do Ibirá (André et al., 2003) a poucos quilômetros
da região epicentral.

Para garantir uma boa determinação epicentral utilizaram-se outros dados além da
chegada das ondas P e S, como o movimento de partícula nas componentes horizontais, com o
qual estimamos BackAzimutes. É importante destacar que em alguns casos o BackAzimute teve
qualidade duvidosa, devido principalmente à chegada quase vertical da onda P.

Além das determinações epicentrais feitas com o HYPO71, fez-se uma análise sobre o
resíduo entre os valores de S-P para diferentes fases S, com um implementado neste trabalho
para estudar diversas reflexões e fases secundárias das ondas S. A aferição da qualidade desse
epicentro determinado de forma alternativa foi feita considerando os BackAzimute das estações
DOIS e TRES, com um erro de ±20º (Figura 4.52).

O epicentro e os dados relativos às análises utilizadas se encontram na Figura 4.52


(evento do dia 21/08 - Figura 4.51), e suas coordenadas são apresentadas na Tabela 4.3. Como
comentado anteriormente, a profundidade focal foi fixada em 200m (dentro da camada de
basalto), e testes com outras profundidades focais mostram sua pequena influência na posição
do epicentro.

O mecanismo focal dos eventos de Elisiário-Marapoama não foi estudado devido à falta
de correção de relógio das estações e ao baixo número de registros, que inviabilizaram qualquer
tipo de abordagem. Além disso, as determinações hipocentrais foram prejudicadas pela alta

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


91

velocidade do basalto, que tornou difícil a leituras das ondas S. O ponto mais forte desse
trabalho foi o conhecimento da sismicidade local, e aprendizagem no uso dos sensores e
registrador GeoSIG emprestado pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul. Esse
equipamento se mostrou bastante interessante para registro de eventos locais, mas a sua
sensibilidade é muito baixa, o que impede a detecção de eventos menores.

Figura 4.51 - Componente vertical de um pequeno evento ocorrido no dia 21 de agosto às 04:10
da manhã (hora local). Esse sismo foi registrado pelas três estações. De cima para
baixo são apresentados os registros nas estações STUM, DOIS e TRES. Foi
aplicado um filtro passa banda de 1 a 50 Hz.

Figura 4.52 - O sismo ocorrido em 21/Agosto foi registrado pelas três estações sismográficas, e
seu epicentro é representado pela estrela vermelha. Tons de cinza refletem os
resíduos entre os valores de S-P observados e teóricos, e a linha verde limita a
área onde os BackAzimutes das estações DOIS e TRES se interceptam. Note que
o epicentro deste evento é bem próximo do epicentro macrossísmico do sismo
mais forte (06/08/2004).

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


92

4.4.3 Sismo da Zona Norte da Cidade de São Paulo (2005)

Um pequeno abalo sísmico ocorrido em 24 de outubro de 2005 (por volta das 22:15 - hora
local) causou susto nos moradores de diversos bairros da zona norte de São Paulo. O abalo foi
sentido por moradores dos bairros Horto Florestal, Mandaqui e Lausanne, os quais além de
sentirem o tremor ouviram um estrondo forte e seco gerado pelo sismo. Muitas pessoas saíram
de suas casas assustadas, imaginando que fosse a explosão de um botijão de gás.

O evento foi registrado pela estação de Valinhos-SP (VAOB) e no dia seguinte ao abalo o
grupo de sismologia do IAG-USP realizou um levantamento macrossísmico (Figura 4.53).
Muitas pessoas sentiram o evento, algumas viram objetos oscilando, e há apenas um relato de
queda de objeto. A natureza do evento ainda é duvidosa, mas não se constatou a realização de
explosões ou desmoronamento na região. Como o sismo foi um evento isolado, e não teve
réplicas, o epicentro foi estimado com os dados macrossísmicos (Figura 4.53 - Tabela 4.4), e
segundo as equações utilizadas por Berrocal et al. (1984) para a interpretação de dados
macrossísmicos, o tamanho da área afetada (5 km2) indica uma magnitude próxima de 2,0 mb.

Tabela 4.4 – Parâmetros do evento determinados com dados macrossísmicos. A hora de origem
tem um erro da ordem de 10 minutos, e foi estimada considerando o primeiro
chamado recebido pelos Bombeiros, e o epicentro tem um erro da ordem de 5 km.
Hora de Origem Latitude Longitude Magnitude Io Área Afetada
24/10/2005 22:15 -23,4552o -46,6230 < 2,0 mb III-IV 5 km2

Figura 4.53 - Mapa topográfico da região (cores) onde se efetuou o levantamento


macrossísmico. A estação sismográfica instalada na região é representada pelo
triângulo preto, e os dados de intensidade pelos quadrados: branco para
intensidade I, cinza para II, verde para III e vermelho para III-IV (MM). A
estação não detectou nenhuma réplica.

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


93

4.4.4 Considerações Gerais

Nesta seção 4.4 foram apresentadas três ocorrências de sismos que não tiveram os seus
mecanismos focais estudados por motivos técnicos. No caso da atividade sísmica de Bebedouro-
SP, o mecanismo focal estudado possui muitas incertezas e é pouco confiável. Os sismos de
Bebedouro vêm sendo estudados por diversos pesquisadores e alunos do IAG-USP, e
possivelmente trará informações importantes para a compreensão do funcionamento do
mecanismo de sismicidade induzida por poços tubulares na porção norte do estado de São
Paulo.

A atividade sísmica de Elisiário/Marapoama, no interior de São Paulo, não foi estudada


de forma completa, devido ao pequeno número de estações sismográficas e poucas réplicas. Os
equipamentos disponíveis na época do estudo não possuíam correção de relógio, e o restante dos
equipamentos se encontrava em operação em outras localidades. Esse estudo foi importante para
entender e testar o equipamento da GEOSIG, que é um sismógrafo de baixa sensibilidade.

A curta seção dedicada ao sismo da Zona Norte de São Paulo ocorrido em 24 de outubro
de 2005, foi incluída para preservar as informações macrossísmicas obtidas no levantamento de
campo. Os resultados do levantamento macrossísmico permitem estimar um epicentro
macrossísmico com erro provavelmente menor que 5 km.

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


94

Capítulo 5

Esforços Intraplaca no Brasil

5.1 Esforços no Lineamento Pernambuco


O campo de esforços no Lineamento Pernambuco foi estimado com a inversão de três
mecanismos focais: o de Belo Jardim-PE, apresentado na Seção 4.1, e dois mecanismos focais
de Caruaru estudados durante as atividades sísmicas de 1991 (Ferreira et al., 1998) e 2002
(Ferreira et al., 2008) (Figuras 4.2 e 5.1, Tabela 5.1). A solução dos esforços principais (σ1,
σ2, σ3) e do fator de forma φ = (σ2-σ3)/(σ1-σ3) foi obtida com o algoritmo GRIDFIX de Michael
(1984, 1987), que promove uma busca em um espaço pré-determinado de soluções (grid
search). Devido ao baixo número de mecanismos focais disponíveis, foi necessário restringir o
estudo da direção do esforço principal às direções horizontal e vertical, e utilizou-se um passo
de busca de 2º para cada ângulo a ser determinado.

Tabela 5.1 - Mecanismos focais utilizados na determinação do tensor de esforços no


Lineamento Pernambuco.
Mecanismo Focal Latitude Longitude Prof. (km) Strike Mergulho Rake
Belo Jardim, PE -8,318 -36,359 4,6 260 o
73 o
-94o
(Seção 4.1)
Caruaru, PE - 1991 -8,280 -36,005 4,0 262o 61o -81o
(Ferreira et al., 1998)
Caruaru, PE - 2002 -8,262 -35,952 5,0 232o 70o -170o
(Ferreira et al., 2008)

Na Figura 5.1 são apresentadas as direções dos esforços horizontais (σ1 e σ3) da melhor
solução obtida com o programa GRIDFIX, que ajusta os rakes dos três mecanismos focais com
um erro rms de 2o. Os esforços indicam um regime de falha normal com extensão N-S, com
magnitude semelhante à da compressão E-W (fator de forma ϕ igual a 0,5), conforme mostrado

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


95

na Figura 5.2, a qual inclui a sismicidade do Nordeste, informações geológicas/tectônicas, e os


tensores de esforços determinados em trabalho anteriores (Ferreira, 1997; Ferreira et al.,
1998).

Os esforços no Lineamento Pernambuco são contativeis com os observados na região da


Bacia Potiguar (Ferreira et al., 1998), sendo compativel com o modelo proposto por Ferreira
(1997), onde a compressão E-W está relacionada com o empurrão da cadeia meso-atlântica e a
extensão N-S é de origem local, sendo provocada pela transição continente/oceano, e pela carga
sedimentar da Bacia do Potiguar, que pode produzir esforços com magnitudes da ordem de 100
MPa. Todas as informações de esforços na região são pouco compatíveis com os modelos
numéricos encontrados na literatura, mas os modelos que oferecem as soluções mais próximas
são os de Bird (1998) e o TMG+TD0 de Lithgow-Bertelloni & Guynn (2004), que são
apresentados nas Figuras 2.9 e 2.8, respectivamente.

Figura 5.1 - Inversão do tensor de esforço com três planos de falha (um de Belo Jardim e dois
de Caruaru). As setas pretas maiores indicam a direção do maior esforço
horizontal, σ1 = SHMAX; as setas cinzas são as direções do menor esforço principal,
σ3 = Shmin. As linhas finas são os planos de falha, as setas pequenas representam os
rakes de cada falha e as linhas grossas são a diferença entre os rakes observados e
teóricos.

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


96

Figura 5.2 – Sismicidade e esforços no Nordeste, com destaque aos mecanismos focais
utilizados para a determinação dos esforços junto ao Lineamento Pernambuco.
Os círculos são epicentros (Berrocal et al., 1984; Boletim Sísmico Brasileiro,
2007), linhas finas são as principais falhas e zonas de cisalhamento, e as linhas
cinzas grossas são os lineamentos Pernambuco (ao sul) e Patos (ao norte).
Triângulos são os magmatismos Cenozóicos. As bacias sedimentares são
Potiguar (PotB), Araripe (ArB), Sergipe-Alagoas (SAB) e Tucano-Jatobá (TJB).
Parte do Lineamento Trans-Brasiliano é identificado por TBL e a batimetria de
200m pela linha tracejada.

5.2 Esforços na Porção Central do Cráton do São Francisco


O tensor de esforços na porção central do Cráton do São Francisco foi determinado com
a inversão de cinco mecanismos focais (Tabela 5.2). Os sismos de Correntina-BA e Brasília-DF
foram estudados neste trabalho, e os de Itacarambi-MG, Manga-BA e Encruzilhada-BA, foram
estudados por Chimpliganond et al. (2008), Assumpção et al. (1990) e Veloso (1990),
respectivamente.

O mecanismo focal composto do sismo de Itacarambi-MG foi determinado por


Chimpliganond et al. (2008), com uma rede sismográfica local, composta por seis estações
sismográficas triaxiais digitais, instalada pela Universidade de Brasília na região antes do sismo
principal de 9 de dezembro de 2007, com magnitude 4,9 e intensidade VII MM. Esse sismo teve
uma grande repercussão, pois ocasionou a primeira morte oficial por tremor de terra no Brasil.
A profundidade focal média dos sismos de Itacarambi-MG é de 2,0 km e a razão VP/VS na
região é de 1,72 Chimpliganond et al. (2008).

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


97

O mecanismo focal composto dos sismos de Manga-MG foi determinado por


Assumpção et al. (1990) com dados de uma rede sismográfica local, composta por cinco
estações analógicas com registro em papel esfumaçado, instalada por equipes do IAG-USP e
UnB. O diagrama de Wadati, elaborado com dados de 70 sismos registrados por pelo menos 4
estações sismográficas, indicou um VP/VS de 1,64, que é bem abaixo do valor padrão (1,732).
Os sismos de Manga ocorreram em março de 1990, e tiveram uma seqüência com pequenos
premonitores, um evento principal com magnitude 3,2 mb e uma seqüência de réplicas que
decaiu rapidamente em poucas semanas. O mecanismo focal de Encruzilhada-BA foi estudado
por Veloso (1990), e possui um mecanismo focal com qualidade duvidosa, devido
principalmente a pequena quantidade de dados.

Tabela 5.2 – Mecanismos focais utilizados na determinação do tensor de esforços na porção


central do Cráton do São Francisco.
Mecanismo Focal Latitude Longitude Prof. (km) Strike Mergulho Rake
(1) Correntina, BA -13,458 o
-44,554 o
0,6 342 o
71 o
68o
(Seção 4.2)
(2) Brasília, DF -16,062o -47,599o 2,2 280o 70o 70o
(Seção 4.3)
(3) Itacarambi, MG
(Chimpliganond et al., -15,049o -44,199o 2,0 45o 45o 120o
2008)
(4) Manga, MG
(Assumpção et al., -14,575o -44,118o 0,8 350o 65o 70o
1990)
(5) Encruzilhada, MG -15,910o -40,910o 1,0 335o 25o 90o
(Veloso, 1990)

Os eventos mais distantes da posição determinada para o tensor de esforços do Cráton


do São Francisco são os sismos de Brasília e de Encruzilhada, que dificilmente poderiam ser
considerados como parte da mesma região de estudo, porém esses dados não perturbam a
solução do tensor de esforço para a região, revelando que os esforços podem ter o mesmo
comportamento em toda a região abrangida pelos mecanismos focais (Figura 5.3), indicando
compressão E-W (Figura 5.4), compatível com os esforços observados na porção Sul do Cráton
do São Francisco (Assumpção et al., 1997; Assumpção, 1992, 1998a, 1998b, 1998c). O rms
das diferenças entre os rakes calculados e observados é próximo de 5,0o.

A direção dos esforços na região é compatível com os modelos de esforços apresentados


por Meijer et al. (1997) e Coblentz & Richardson (1996), porém a direção do SHMAX prevista
por Meijer et al. (1997) é melhor. Esse tensor de esforços também evidência que os modelos de
Bird (1998) e Lithgow-Bertelloni & Guynn (2004), não ajustão bem o tipo e direção dos
esforços na região.

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


98

Figura 5.3 - Mecanismos focais (beach balls) utilizados na determinação dos esforços na
porção central do Cráton do São Francisco, no limite dos estados de Minas
Gerais, Bahia e Goiás. A linha grossa representa os limites do Cráton do São
Francisco.

Figura 5.4 - Resultados para o tensor de esforço na porção Central do Cráton do São Francisco.
As linhas representam os planos de falhas dos sismos de Correntina-BA e Brasília-
DF, determinados neste trabalho, e dos sismos de Itacarambri-MG
(Chimpliganond et al., 2008), Manga-BA (Assumpção et al., 1990) e
Encruzilhada-BA (Veloso, 1990). O losango representa a máxima compressão s1, e
o circulo representa a mínima compressão s3. As setas representam o slip dos
mecanismos focais, e a linha grossa representa a diferença entre o rake observado e
o calculado.

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


99

5.3 Esforços na Porção Ocidental da Placa Sul-Americana


O estudo dos esforços na porção ocidental da Placa Sul-Americana (região Andina e
porção Central do Brasil) foi realizado com os mecanismos focais determinados por: (1) Univ.
Harvard; (2) Univ. de Tokyo; (3) USGS; (4) UnB; (5) Tavera (1998); e (6) Abarca (2001).
Todos os mecanismos focais são apresentados por Abarca (2001), que selecionou todos os
eventos rasos, com profundidade focal menor que 50 km, magnitudes maiores ou iguais a 5,0
mb, ocorridos entre 1990 e 1999. No total Abarca (2001) utilizou 152 mecanismos focais na
estimativa dos esforços na região. Testa Tese foi realizada uma análise de dispersão de
resultados mais robusta, que permite estimar melhor a direção e o erro do SHMAX.

Neste trabalho estimou-se a direção do SHMAX considerando três análises: 1) Análise de


Erros nos Mecanismos Focais (T1 a T6, e T8 a T14), onde considerou-se que o strike, dip e
rake, de cada mecanismo focal, podem ter um erro -5o, 0o ou +5o, e executou-se a determinação
do tensor de esforços com o programa GRIDFIX para centenas de novos conjuntos de
mecanismos focais; 2) Análise de Erros em Pequenos Conjuntos foi aplicada apenas em um
caso onde foi utilizado dois mecanismos focais (T15, no Brasil), onde considerou-se que cada
parâmetro pode ter um erro de -10o, -5o, 0o, +5o e +10o, e executou-se a determinação dos
esforços com o GRIDFIX para os 250 novos conjuntos de mecanismos focais; e 3) Bootstrap
(Hesterber et al., 2003), no qual se re-amostrou o conjunto de mecanismos focais, de forma
aleatória, na forma de subconjuntos menores, com no mínimo 6 mecanismos focais (T7).

A direção do SHMAX e o fator de forma, ϕ, foram estimados utilizando a mediana do


conjunto de dados, e o erro do SHMAX foi determinado inicialmente utilizando o desvio padrão,
e em seguida os valores encontrados foram aumentados para explicar o maior número possível
de observações, ou seja, estamos utilizando estimativa de erro bastante conservadora. Desta
forma, embora a maioria dos erros seja menor do que os esperados para um tensor de esforços,
os mesmo podem ser representativos. Os resultados são apresentados na Tabela 5.3 e na Figura
5.5, e a análise individual da dispersão dos resultados e a estimativa do erro da direção do
SHMAX são apresentados nas Figuras 5.6 a 5.20. Nestas figuras, pode-se observar que os
tensores obtidos com mais de 5 mecanismos focais possuem os esforços principais próximos à
horizontal, sendo razoável fixar a escolha dos esforços principais, para os casos onde são
utilizados menos do que 6 mecanismos focais, nas direções horizontal e vertical.

Como discutido por Abarca (2001) a Figura 5.5 mostra uma componente regional de
longo comprimento de onda no campo de esforços no interior do continente, orientada E-W. Os
regimes de esforços compressivos e transcorrentes predominam, mas no platô andino (altitudes
> 3000m) a maior componente é vertical, resultando num regime de falhamento normal
(exemplo T9).

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


100

Tabela 5.3 – Tensores de esforços na porção ocidental da Placa Sul-Americana. Latitude e


Longitude são as coordenadas dos esforços, Neventos é número de mecanismo
focais utilizados, SHMAX é o azimute do máximo esforço compressivo horizontal,
Shmin indica qual o esforço mais próximo de Shmin (σ2 ou σ3), R define a relação
entre os esforços. A estimativa do erro na direção do SHMAX é apresentada nas
Figuras 5.6 a 5.20.
Tensor Região Latitude Longitude Neventos SHMAX Shmin ϕ
T1 Venezuela -70,06 10,01 4 142o±10o σ3 0,0
T2 Norte da Colombia -72,15 7,46 5 69o±12o σ2 0,3
T3 Colombia Central -72,80 4,75 4 128o±5o σ3 0,1
T4 Sul da Colombia -75,97 2,47 3 75o±8o σ2 0,2
T5 Equador Central -78,25 -0,44 6 95o±8o σ2 0,5
T6 Sul do Equador -77,77 -2,75 7 105o±12o σ2 0,3
T7 Norte do Peru -76,92 -5,90 11 116o±5o σ2 0,5
T8 Peru Central -74,60 -10,57 12 107o±10o σ2 0,7
T9 Sul do Peru -71,66 -15,39 6 100o±18o σ3 0,6
T10 Bolívia Central -64,76 -17,89 9 48o±28o σ2 0,7
T11 Norte da Argentina -64,66 -23,77 5 66o±45o σ2 0,9
T12 Norte da Argentina -65,88 -28,17 5 128o±7o σ2 0,5
T13 Argentina Central -67,82 -31,14 5 94o±8o σ2 0,4
T14 Argentina-Chile -69,32 -33,69 6 70o±10o σ2 0,3
T15 Amazonas, Brasil -61,60 -3,00 2 156o±45o σ2 0,5

Figura 5.5 – Tensores de esforços (Tabela 5.2) estudados em detalhe nas Figuras 5.6 a 5.20. O
esforço principal σ1 sempre esteve próximo à horizontal e está relacionado a todos
os SHMAX. Os tensores T1, T2, T3, T4 e T9 possuem Shmin definido pelo esforço
σ3, representando regiões com tendência a transcorrência. Todos os outros
esforços possuem σ2 próximo à horizontal.

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


101

Figura 5.6 - Dispersão da determinação do esforço T1. Em a) todos os ângulos de rotação


livres, e b) fixando os movimentos no plano horizontal e vertical. O tamanho dos
círculos representa a qualidade da informação (círculos maiores possuem erro
menor), e as cores representam σ1 (vermelho), σ2 (verde) e σ3 (azul). As setas
mostram a mediana da direção do SHMAX (valores indicados acima), e a linha
cinza grossa indica o seu erro. Ao lado, é apresentado o histograma de ϕ.

Figura 5.7 - Dispersão da determinação do esforço T2. Legenda como na Figura 5.6.

Figura 5.8 - Dispersão da determinação do esforço T3. Legenda como na Figura 5.6.

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


102

Figura 5.9 - Dispersão da determinação do esforço T4. Em a) todos os ângulos de rotação


livres, e b) fixando os movimentos no plano horizontal e vertical. O tamanho dos
círculos representa a qualidade da informação (círculos maiores possuem erro
menor), e as cores representam σ1 (vermelho), σ2 (verde) e σ3 (azul). As setas
mostram a mediana da direção do SHMAX (valores indicados acima), e a linha
cinza grossa indica o seu erro. Ao lado, é apresentado o histograma de ϕ.

Figura 5.10 - Dispersão da determinação do esforço T5. Legenda como na Figura 5.9.

Figura 5.11 - Dispersão da determinação do esforço T6. Legenda como na Figura 5.9.

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


103

Figura 5.12 - Dispersão da determinação do esforço T7. Em a) todos os ângulos de rotação


livres, e b) fixando os movimentos no plano horizontal e vertical. O tamanho dos
círculos representa a qualidade da informação (círculos maiores possuem erro
menor), e as cores representam σ1 (vermelho), σ2 (verde) e σ3 (azul). As setas
mostram a mediana da direção do SHMAX (valores indicados acima), e a linha
cinza grossa indica o seu erro. Ao lado, é apresentado o histograma de ϕ.

Figura 5.13 - Dispersão da determinação do esforço T8. Legenda como na Figura 5.12.

Figura 5.14 - Dispersão da determinação do esforço T9. Legenda como na Figura 5.12.

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


104

Figura 5.15 - Dispersão da determinação do esforço T10. Em a) todos os ângulos de rotação


livres, e b) fixando os movimentos no plano horizontal e vertical. O tamanho dos
círculos representa a qualidade da informação (círculos maiores possuem erro
menor), e as cores representam σ1 (vermelho), σ2 (verde) e σ3 (azul). As setas
mostram a mediana da direção do SHMAX (valores indicados acima), e a linha
cinza grossa indica o seu erro. Ao lado, é apresentado o histograma de ϕ.

Figura 5.16 - Dispersão da determinação do esforço T11. Legenda como na Figura 5.15.

Figura 5.17 - Dispersão da determinação do esforço T12. Legenda como na Figura 5.15.

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


105

Figura 5.18 - Dispersão da determinação do esforço T13. Em a) todos os ângulos de rotação


livres, e b) fixando os movimentos no plano horizontal e vertical. O tamanho dos
círculos representa a qualidade da informação (círculos maiores possuem erro
menor), e as cores representam σ1 (vermelho), σ2 (verde) e σ3 (azul). As setas
mostram a mediana da direção do SHMAX (valores indicados acima), e a linha
cinza grossa indica o seu erro. Ao lado, é apresentado o histograma de ϕ.

Figura 5.19 - Dispersão da determinação do esforço T14. Legenda como na Figura 5.18.

Figura 5.20 - Dispersão da determinação do esforço T15, com apenas dois mecanismos focais.
Legenda como na Figura 5.18.

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


106

Capítulo 6

Conclusões e Considerações Finais

Os mecanismos focais estudados neste trabalho foram utilizados na determinação dos


tensores de esforços no Lineamento Pernambuco (Seção 5.1) e na porção central do Cráton do
São Francisco (Seção 5.2). O entendimento da sismicidade e dos esforços no Lineamento
Pernambuco é importante principalmente devido à extensão desta estrutura geológica, que
sugere um grande potencial sismogênico, sendo importante para a avaliação do risco sísmico
nessa região. Da mesma forma, a porção central do Cráton do São Francisco é uma região de
importância considerável, pois mesmo possuindo um baixo nível de atividade sísmica, essa
região tem um potencial sismogênico pouco conhecido, representado pelo sismo de
Itacarambi/Caraíbas-BA (09/11/2007, 02:03:29 UT, 4,9mb), que atingiu intensidade VII e
provocou a primeira fatalidade por tremor de terra no Brasil.

Na região nordeste do Brasil se encontra as mais importantes áreas sísmicas do Brasil,


sendo considerada como a região com o mais alto nível de atividade sísmica intraplaca do país,
em especial no entorno da Bacia Potiguar. Segundo Ferreira (1997), os esforços tectônicos
próximos à costa do Nordeste, especialmente na borda continental da Bacia Potiguar, são
caracterizados pelo regime de esforços transcorrente com extensão perpendicular à costa. Esse
padrão é explicado por Assumpção (1992) e Ferreira et al. (1998) como a superposição do
esforço regional compressivo (aproximadamente E-W) com o esforço local de tração causado
pela variação lateral de densidade na transição entre crosta oceânica e continental, e pela flexura
gerada pela carga sedimentar da Bacia Potiguar.

Como observado por Ferreira (1997), grande parte dos sismos da região Nordeste,
ocorrem sob a forma de enxames sísmicos, com eventos rasos (profundidades focais inferiores a
10 km) ocorrendo durante meses ou anos. Segundo o mesmo autor, a sismicidade da região
nordeste tem pouca correlação com as falhas mapeadas na superfície, porém, como a Província
Borborema foi bastante afetada durante o ciclo Brasiliano (Vauchez et al., 1995; Brito Neves et

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


107

al., 1999, 2000; Almeida et al., 2000), se acredita que a atividade sísmica na região ocorra em
zonas de fraqueza pré-existentes. Por esse motivo, o Lineamento Pernambuco é considerado um
caso especial, onde os sismos estão claramente relacionados com a estrutura observada na
superfície.

Os esforços no Lineamento Pernambuco são compostos por tração N-S, e compressão


E-W, com σ1 e σ3 horizontais, sendo que o SHMAX é compatível com os esforços provocados
pelo empurrão da cadeia meso-Atlântica, e não havendo uma explicação simples para a extensão
N-S, podendo talvez ser explicada também com os esforços provocado pela transição
continente/oceano. O modelo de Meijer & Wortel (1992) prevê uma componente de tração N-
S (Figura 6.1), mas não é tão forte quanto à observada no Lineamento Pernambuco.

Figura 6.1 – Modelo de esforços determinado por Meijer & Wortel (1992). As barras
vermelhas são as direções de SHMAX e as amarelas são de Shmin, com σ3 horizontal.
A estrela indica a localização do esforço determinado no Lineamento Pernambuco.

Os esforços na porção central do Cráton do São Francisco incluem dois mecanismos


focais que estão localizados nas faixas móveis no seu entorno, localizados fora dos limites do
Cráton, que são os de Brasília-DF e o de Encruzilhada-BA, porém o tensor de esforços, que
indica compressão E-W, é compatível com esses dois mecanismos focais. Por outro lado, o
sismo de Encruzilhada-BA apresentou um erro maior no rake, porém ainda podendo ser
considerado pequeno. Desta forma, optou-se em manter o mecanismo focal de Encruzilhada-
BA, já que o mesmo não afeta a direção do esforço SHMAX determinado com os outros quatro
mecanismos focais, e torna o resultado mais robusto. Neste caso, σ1 e σ2 são horizontais e o
SHMAX possui direção E-W.

Os tensores de esforços da região Andina (Seção 5.3) foram determinados com os


mecanismos focais de Abarca (2001), e o estudo de dispersão de resultados permitiu estimar
que os erros das direções de SHMAX são da ordem de 15º (desde 5º para um tensor bem
determinado, até 45º para os tensores determinados com poucos mecanismos focais). Seguindo

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


108

a mesma observação de Assumpção (1992) e Abarca (2001), é possível se notar nos tensores
de esforços uma componente regional de longo comprimento de onda, com direção E-W.

A direção NNW-SSE do SHMAX no estado do Amazonas (tensor T15) é paralela ao


movimento absoluto da Placa Sul-Americana, e pode estar relacionada às forças que
movimentam essa placa. Por outro lado, a rotação do SHMAX na Bacia do Amazonas, com
relação à direção de SHMAX, predominantemente E-W no Brasil, foi interpretada por Zoback &
Richardson (1996) como efeito flexural de intrusivas do rift Paleozóico do Amazonas.
Modelagens dos esforços com elementos finitos e dados gravimétricos, indicam que os esforços
locais gerados pela carga de intrusivas são de 1 a 4 vezes maiores que o esforço regional,
controlando o padrão dos esforços na região. Segundo os mesmos autores, esse campo de
esforços modificados pelo rift pode ter sido o responsável pela ocorrência de dois sismos com
magnitudes moderadas na região (5,1 e 5,5 mb - Assumpção & Suárez, 1988) nos últimos 40
anos, e esse modelo de esforços associados a rift pillow explica a ocorrência de grandes sismos
intraplaca, como os sismos de Nova Madri (Grana & Richardson, 1996; Zoback &
Richardson, 1996), que são os maiores sismos intraplaca ocorridos em tempos históricos
(Johnston & Kanter, 1990).

Segundo Johnston (1989) a atividade sísmica que ocorre no interior de áreas


continentais estáveis é dividida em províncias crustais de idades Fanerozóicas (~46%) e Pré-
cambrianas (~54%), sendo que 40% da atividade sísmica global em áreas continentais estáveis
está diretamente associada à rifts, que surgiram em períodos de extensões crustais. Isso ocorre
por ser mais fácil gerar zonas de fraquezas por extensões crustais do que por compressões.
Segundo o mesmo autor, a existência de uma região de crosta estendida associada com o
processo de rift continental é uma pré-condição importante para a ocorrência de grandes sismos
em áreas continentais estáveis, com eventos com magnitudes superiores a 7,0 (MW).

De qualquer forma, como o esforço localizado no Mato Grosso é semelhante ao da


Bacia do Amazonas, pode-se pensar que na região Centro-Norte do continente há um fenômeno
ainda pouco explicado, que pode estar relacionado com a mudança da direção do movimento da
Placa Sul-Americana nos últimos 5 Ma (Sela et al., 2002).

Embora haja alguns modelo numéricos relativamente bons para a Placa Sul-Americana,
sendo os melhores deles os de Bird (1998) e o TMG+TD0 de Lithgow-Bertelloni & Guynn
(2004), que são apresentados nas Figuras 2.9 e 2.8, respectivamente, certamente será necessário
a realização de novos modelos futuros para que seja possível explicar todas as observações da
região simultaneamente, com destaque a rotação dos SHMAX na Bacia do Amazonas.

Todos os esforços determinados nesta Tese serão incluídos no Banco de Dados do Word
Stress Map (WSM) através do CASMO (http://www-wsm.physik.uni-karlsruhe.de/pub/casmo/
casmo_frame.html), com a intenção de que futuras modelagens numéricas dos tensores de

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


109

esforços possam contemplar essas novas informações. O presente conhecimento dos esforços
intra-placa no Brasil e Andes é representado pelos mecanismos focais da Figura 6.2, e as
estimativas dos esforços são apresentadas na Figura 6.3.

(1)

(2)

Figura 6.2 – Estimativa da direção dos esforços apenas com mecanismos focais (individuais). A
cor das barras representa: vermelho: falha normal; azul: falha inversa; verde: falha
transcorrente. O tamanho das barras representa a qualidade do mecanismo focal,
sendo que os melhores mecanismos focais são representados por barras maiores. A
área (1) aponta para os dados utilizados na determinação do tensor de esforço no
Lineamento Pernambuco, e a área (2) os dados da região do Cráton do São
Francisco. Figura de Assumpção et al. (2008).

A utilização das ondas de superfície se mostrou uma metodologia importante neste


trabalho, com destaque ao estudo do mecanismo focal de Correntina-BA (Seção 4.2), que
possui uma distribuição de eventos fora da rede sismográfica, o que inviabilizaria a
determinação de um mecanismo focal apenas com as ondas de corpo. Desta forma, validou-se a
utilização do uso das ondas de superfície no estudo de mecanismos focais de sismos com

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


110

magnitudes pequenas e moderadas, o que poderá no futuro próximo, ajudar a ampliar o


conhecimento dos esforços no Brasil com o estudo de outros pequenos sismos.

(1)

(2)

Figura 6.3 – Estimativa da direção dos esforços com vários mecanismos focais. A cor das
barras representa: amarelo: tração; azul: compressão. Os esforços determinados
neste trabalho são indicados pelas áreas (1), no Lineamento Pernambuco, e (2) na
parte central do Cráton do São Francisco. Figura de Assumpção et al. (2008).

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Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


126

ANEXO I
Artigo sobre a Sismicidade e Mecanismo Focal dos Sismos de Belo Jardim-PE,
submetido à Geophysical Journal International em 2008.

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


127

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


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136

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137

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138

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Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


141

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


142

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


143

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


144

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


145

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


146

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


147

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


148

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


149

ANEXO II
Tabelas com as coordenadas das estações sismográficas utilizadas e

dos hipocentros determinados.

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


150

Coordenadas das Estações Sismográficas Utilizadas

Tabela AII.1 - Estações Sismográficas de Belo Jardim-PE.


Nome Latitude Longitude Altitude Obs
BJ01 -8.36882 -36.36979 673 S13 com RefTek
BJ02 -8.31964 -36.30758 573 Willmore com registro Analógico
BJ03 -8.30714 -36.44185 657 Willmore com registro Analógico
BJ04 -8.40284 -36.42265 659 Willmore com registro Analógico
BJ05 -8.42152 -36.34824 614 L4-C com RefTek
BJ06 -8.36986 -36.30934 655 Willmore com registro Analógico
BJ07 -8.29196 -36.37756 646 Willmore com registro Analógico
BJ08 -8.31165 -36.35766 648 Willmore com registro Analógico
BJ09 -8.28752 -36.34042 605 Willmore com registro Analógico
BJ10 -8.32425 -36.35812 598 L4-C com RefTek
BJ11 -8.28611 -36.27201 589 L4-C com RefTek
BJ12 -8.32869 -36.38405 610 L4-C com RefTek
BJ13 -8.21061 -36.26565 622 S13 com RefTek
BJ14 -8.31632 -36.25477 564 GEOSIG – Sem resgitros!

Tabela AII.2 - Estações Sismográficas de Correntina-BA.


Nome Latitude Longitude Altitude (m) Obs
CRT1 -13,5084 -44,6270 582 L4C – RefTek
CRT2 -13,4762 -44,5901 544 L4C – RefTek
CRT3 -13,4936 -44,5591 562 L4C – RefTek
CRTB -13,4321 -44,5819 558 STS2 – RefTek

Tabela AII.3 - Estações Sismográficas de Goiás.


Nome Latitude Longitude Altitude Obs
BDFB -15,6418 -48,0148 1039 UnB
PORB -13,3300 -49,0780 366 STS2 com RefTek
PAZB -15,1368 -50,8633 290 STS2 com RefTek
CORB -17,7433 -48,6892 629 STS2 com RefTek

Tabela AII.4 - Estações Sismográficas de Elisiário-SP


Nome Latitude Longitude Altitude Obs
STUM -21,2036 -49,1462 471 GEOSIG
DOIS -21,1852 -49,1644 470 L4C com RefTek
TRES -21,1741 -49,1314 466 L4C com RefTek

Tabela AII.5 - Estações Sismográficas de Bebedouro-SP


Nome Latitude Longitude Altitude Obs
BEB1 -21,0579 -48,5015 562 L4-C com RefTek
BEB2 -21,0416 -48,4787 654 L4-C com RefTek
BEB3 -21,0248 -48,5215 637 L4-C com RefTek
BEB4 -21,0753 -48,5030 559 L4-C com RefTek
BEB5 -21,0835 -48,5287 543 GEOSIG
BEB6 -21,0862 -48,4815 582 S13 com RefTek
BEB7 -21,0662 -48,4988 579 L4-C com RefTek
BEB8 -21,0577 -48,5070 546 L4-C com telemetria para BEB7
BEB9 -21,0688 -48,5137 560 L4-C com telemetria para BEB7
BEBA -21,0622 -48,5218 592 L4-C com telemetria para BEB7

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


151

Tabela AII.6 - Sismos de Belo Jardim. A coluna data mostra o mês e o dia de 2004 em que o
evento ocorreu, e Ho é a sua hora de origem. As coordenadas do evento é dada
por Latitude, Longitude e Prof. (km), sendo que o último é a profunidade em
km. MD é uma estimativa de magnitude utilizando duração (Ferreira, 1997).
Em seguida são o número de leituras de P e S (No) utilizado na determinação
hipocentral, o rms da determinação hipocentral e os erros do hipocentro na
horizontal (ERH) e na vertical (ERZ) Nesta tabela são apresentados os
hipocentros determinados por pelo menos três estações sismográficas. Os outros
464 eventos estudados com menos do que três estações sismográficas estão
apenas no arquivo pequenos_BJPE.dat.
Data Ho Latitude Longitude Prof. (km) MD No rms ERH ERZ
1113 21:23:30.42 -8,3213 -36,3603 4,53 --- 11 0,022 0,11 0,21
1113 23:04:39.02 -8,3175 -36,3600 5,30 --- 11 0,026 0,14 0,22
1114 07:01:57.48 -8,3188 -36,3568 5,09 --- 7 0,018 0,14 0,26
1114 07:02:57.38 -8,3123 -36,3558 5,20 --- 4 0,000 --- ---
1115 05:28:50.31 -8,3230 -36,3547 4,72 --- 11 0,028 0,16 0,33
1115 06:37:00.19 -8,3170 -36,2500 4,18 --- 9 0,024 0,30 0,35
1115 07:08:40.01 -8,3173 -36,3623 5,35 --- 11 0,015 0,10 0,16
1115 07:20:18.76 -8,3252 -36,3562 5,06 --- 5 0,007 0,24 0,18
1115 08:39:34.60 -8,3170 -36,2542 4,72 --- 7 0,014 0,23 0,21
1115 08:40:06.19 -8,3183 -36,2630 4,79 --- 7 0,020 0,32 0,23
1115 12:53:39.64 -8,3310 -36,3670 4,12 --- 4 0,000 --- ---
1115 15:37:35.94 -8,3312 -36,3692 3,49 --- 4 0,000 --- ---
1115 18:46:40.14 -8,2963 -36,3642 3,92 --- 4 0,000 --- ---
1116 00:56:58.49 -8,3388 -36,4832 4,00* --- 3 0,000 --- ---
1116 05:12:41.35 -8,3248 -36,3575 4,82 --- 6 0,034 1,15 0,52
1116 05:28:27.88 -8,3297 -36,3712 7,59 --- 6 0,011 0,38 0,26
1116 05:38:07.70 -8,3213 -36,3643 5,48 --- 8 0,030 0,48 0,33
1116 07:44:23.87 -8,3210 -36,3667 6,64 --- 6 0,036 0,89 0,66
1116 11:38:08.40 -8,3235 -36,3547 4,00* --- 3 0,000 --- ---
1116 22:02:19.66 -8,3177 -36,3677 6,30 1,7 18 0,032 0,14 0,17
1116 23:08:03.43 -8,3193 -36,3732 6,18 1,4 11 0,018 0,25 0,13
1116 23:54:19.36 -8,3245 -36,3788 5,48 --- 5 0,007 0,47 0,37
1117 02:16:29.45 -8,3015 -36,3833 4,00* 0,7 3 0,000 --- ---
1117 08:12:04.72 -8,3265 -36,3620 4,90 1,3 7 0,025 0,49 0,30
1117 17:48:45.42 -8,3142 -36,3712 3,48 1,5 4 0,000 --- ---
1117 20:06:54.60 -8,3048 -36,3865 4,79 1,0 4 0,000 --- ---
1117 21:14:28.88 -8,3243 -36,3613 4,90 1,7 9 0,024 0,36 0,20
1117 23:28:05.72 -8,3178 -36,3532 4,21 1,6 8 0,008 0,14 0,07
1117 23:29:38.09 -8,3127 -36,3515 3,84 1,5 6 0,013 0,39 0,27
1118 01:28:26.38 -8,3305 -36,3483 3,93 1,4 4 0,000 --- ---
1118 02:18:00.11 -8,3305 -36,3482 3,96 1,3 4 0,000 --- ---
1118 02:49:29.88 -8,3138 -36,3623 3,77 1,5 4 0,000 --- ---
1118 03:19:59.73 -8,3188 -36,3572 3,84 2,1 8 0,014 0,22 0,14
1118 03:29:17.41 -8,3192 -36,3593 4,39 2,1 9 0,016 0,24 0,17
1118 03:30:22.81 -8,3115 -36,3678 3,27 1,6 4 0,000 --- ---
1118 03:35:56.78 -8,3053 -36,3642 3,54 1,4 4 0,001 --- ---
1118 03:50:22.12 -8,3180 -36,3572 4,11 2,5 9 0,016 0,24 0,18
1118 03:55:31.47 -8,3177 -36,3598 4,13 1,8 7 0,016 0,36 0,21
1118 04:44:33.46 -8,3173 -36,3537 4,00 1,6 5 0,007 0,25 0,14
1118 06:16:01.37 -8,3165 -36,3548 3,73 1,8 10 0,021 0,26 0,21
1118 07:25:49.44 -8,3162 -36,3597 4,13 1,5 5 0,006 0,29 0,13
1118 07:37:26.80 -8,3175 -36,3562 3,95 2,1 10 0,020 0,25 0,19
1118 07:42:52.39 -8,3153 -36,3530 3,57 2,2 9 0,009 0,13 0,11
1118 08:38:05.53 -8,3205 -36,3540 3,79 2,3 11 0,023 0,26 0,18
1118 08:42:07.28 -8,3202 -36,3577 4,20 1,5 8 0,004 0,06 0,04
1118 15:29:03.65 -8,3147 -36,3577 4,03 0,8 6 0,026 0,78 0,50
1118 16:31:51.55 -8,3118 -36,3827 5,42 0,8 4 0,000 --- ---
1118 17:07:04.93 -8,3118 -36,3550 5,50 1,2 8 0,022 0,43 0,23
Continua ...

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


152

1118 20:34:07.77 -8,3267 -36,3570 5,00 1,2 6 0,020 0,74 0,31


1118 22:57:39.28 -8,3180 -36,3735 6,39 0,9 4 0,000 --- ---
1118 23:30:39.79 -8,3218 -36,3672 5,48 1,1 11 0,040 0,52 0,24
1119 03:10:24.67 -8,3148 -36,3577 3,73 1,4 5 0,001 0,07 0,03
1119 04:37:15.22 -8,2750 -36,3847 0,09 0,8 4 0,007 --- ---
1119 16:16:34.33 -8,3147 -36,3748 5,79 0,9 5 0,014 0,.90 0,40
1119 18:07:47.56 -8,3265 -36,3515 5,17 1,6 10 0,051 0,74 0,37
1119 19:14:10.14 -8,3203 -36,3622 5,47 0,9 8 0,007 0,12 0,05
1119 19:49:04.74 -8,3065 -36,3708 4,00 1,4 4 0,020 --- ---
1119 20:59:33.90 -8,3307 -36,3723 5,47 1,0 9 0,017 0,28 0,15
1119 22:39:04.83 -8,3432 -36,3862 3,32 --- 4 0,016 --- ---
1119 23:00:49.06 -8,3340 -36,3677 3,83 --- 5 0,023 1,44 1,32
1120 05:21:45.20 -8,3172 -36,3727 5,94 1,1 10 0,012 0,20 0,08
1120 06:12:09.02 -8,3223 -36,3640 4,18 1,3 8 0,027 0,51 0,26
1120 06:32:54.37 -8,3315 -36,3713 2,74 --- 4 0,000 --- ---
1120 09:50:10.55 -8,3108 -36,3775 4,21 0,1 4 0,000 --- ---
1120 17:48:27.62 -8,3172 -36,3735 5,91 1,4 10 0,016 0,24 0,13
1120 19:23:00.23 -8,3187 -36,3645 4,35 1,8 9 0,023 0,35 0,20
1120 20:02:56.40 -8,3177 -36,3747 5,91 0,5 7 0,018 0,46 0,17
1120 20:28:18.44 -8,3213 -36,3593 4,11 2,3 8 0,009 0,14 0,10
1121 12:02:34.50 -8,3175 -36,3827 6,02 1,. 4 0,000 --- ---
1121 12:02:59.75 -8,3157 -36,3768 5,95 1,7 4 0,000 --- ---

Tabela AII.7 - Sismos de Correntina. A coluna data mostra o mês e o dia de 2004 em que o
evento ocorreu, e Ho é a sua hora de origem. As coordenadas do evento é dada
por Latitude, Longitude e Prof. (km), sendo que o último é a profunidade em
km. MD é uma estimativa de magnitude utilizando duração (Ferreira, 1997).
Em seguida são o número de leituras de P e S (No) utilizado na determinação
hipocentral, o rms da determinação hipocentral e os erros do hipocentro na
horizontal (ERH) e na vertical (ERZ) Nesta tabela são apresentados os
hipocentros determinados por pelo menos três estações sismográficas. Os outros
108 eventos estudados com menos do que três estações sismográficas estão
apenas no arquivo pequenos_CORRENTINABA.dat.
Data Ho Latitude Longitude Prof. (km) MC No rms ERH ERZ
0326 04:12:16,650 -13,4525 -44,5382 0,27 -0,2+0,3 6 0,007 1,75 1,75
0420 23:03:39,260 -13,4613 -44,5442 0,14 -0,3+0,2 6 0,009 0,56 0,44
0410 04:08:04,710 -13,4617 -44,5432 2,36 -0,8+0,2 6 0,017 0,42 0,79
0402 10:46:58,250 -13,4623 -44,5543 0,17 -0,8+0,2 6 0,023 3,52 2,69
0402 07:48:41,770 -13,4622 -44,5543 0,17 -0,5+0,2 6 0,023 4,02 3,11

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


153

ANEXO III
Código fonte do programa de determinação de Mecanismo Focal com Ondas

de Superfície (X-FOC) que foi desenvolvido e utilizado neste trabalho.

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


154

////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////
// Programa X-FOC: Executa e testa sismogramas sinteticos para estudo de mecanismos //
// focais com ondas de superficie. O X-FOC foi desenvolvido para //
// executar modelagem de ondas de superficie e para facilitar a //
// implementacao de algoritmos mais robustos como algoritmo genetico //
// e outros algoritmos de busca. //
// //
// Afonso Vasconcelos //
// vasconcelos@berrocalvasconcelos.com.br //
// 09.09.2007 //
///////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////

#include <stdio.h>
#include <stdlib.h>
#include <string.h>
#include <math.h>

#define MAX_SACFILE 15 // Numero maximo de arquivos SAC a serem comparados


#define PRECISAO 0.000001 // Define minima precisao esperada
#define NPTS 1024 // Numero de pontos do sismograma sintetico (multiplo de 2)
#define MAX_SACNAME 200 // Numero maximo de caracteres do nome de um arquivo SAC
#define MAX_MODELNAME 200 // Idem – para o arquivo com o modelo de velocidade
#define MAX_PROGNAME 200 // Idem – para o nome do programa que gera os sismogramas
#define OPT_LOG 0 // 1=imprime arquivo Log, 0=Nao imprime arquivo LOG

struct sacheader
{
float delta, depmin, depmax, scale, odelta;
float b, e, o, a, int1;
float t0, t1, t2, t3, t4;
float t5, t6, t7, t8, t9;
float f, resp0, resp1, resp2, resp3;
float resp4, resp5, resp6, resp7, resp8;
float resp9, stla, stlo, stel, stdp;
float evla, evlo, evel, evdp, mag;
float user0, user1, user2, user3, user4;
float user5, user6, user7, user8, user9;
float dist, az, baz, gcarc, int2;
float int3, depmen, cmpaz, cmpinc, xminimum;
float xmaximum, yminimum, ymaximum, unf0, unf1;
float unf2, unf3, unf4, unf5, unf6;

int nzyear, nzjday, nzhour, nzmin, nzsec;


int nzmsec, nvhdr, norid, nevid, npts;
int int4, nwfid, nxsize, nysize, uni0;
int iftype, idep, iztype, uni1, iinst;
int istreg, ievreg, ievtyp, iqual, isynth;
int imagtyp, imagsrc, uni2, uni3, uni4;
int uni5, uni6, uni7, uni8, uni9;

int leven, lpspol, lovrok, lcalda, unl0;

char kstnm[8], kevnm[16];


char khole[8], ko[8], ka[8];
char kt0[8], kt1[8], kt2[8];
char kt3[8], kt4[8], kt5[8];
char kt6[8], kt7[8], kt8[8];
char kt9[8], kf[8], kuser0[8];
char kuser1[8], kuser2[8], kcmpnm[8];
char knetwk[8], kdatrd[8], kinst[8];
};

struct osup
{
char nome_sismograma[MAX_SACNAME]; // SAC que contem o sinal teorico
char nome_modelo[MAX_MODELNAME]; // Arquivo de modelo de velocidade a ser empregado
struct sacheader sach; // Cabecalho do arquivo SAC
float *amplitude; // Valores das amplitudes que compoe o arquivo SAC
struct sacheader sach_sintetico; // Cabecalho do sismograma sintetico
float *amplitude_sintetico; // amplitudes que compoe o sismograma sintetico
int cmp; // 1=vertical; 2=radial; 3=transversal
float dist; // Distancia epicentral (km)
float profocal; // Profundidade focal (km)
float azimute_evest; // Azimute (em graus) entre o evento e a estacao
int id_amplitude; // ID que define o grupo de sismogramas que serao
// tratados com a amplitude relativa
int id_normalizacao_osup; // ID do sismograma utilizado na normalizacao
// dos sinais

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


155

float amp_me; // Menor amplitude encontrada no sismograma


// observado (sismograma atual)
float amp_ma; // Maior amplitude encontrada no sismograma
// observado (sismograma atual)
int ta_me; // Amostra (representa o tempo) que possui o menor
// valor de amplitude
int ta_ma; // Amostra (representa o tempo) que possui o maior
// valor de amplitude
int ta_met; // Amostra (representa o tempo) que possui o menor
// valor de amplitude teorica
int ta_mat; // Amostra (representa o tempo) que possui o maior
// valor de amplitude teorica
int opt_mema; // Em alguns calculos indica se vamos utilizar o
// tempo da minima (ta_me) ou da maxima (ta_ma)
// amplitude
float amp_me_obs; // Menor amplitude encontrada no sismograma
// observado (utilizada na normalizacao)
float amp_ma_obs; // Maior amplitude encontrada no sismograma
// observado (utilizada na normalizacao)
float amp_me_teo; // Menor amplitude encontrada no sismograma
// calculado (teorico)
float amp_ma_teo; // Maior amplitude encontrada no sismograma
// calculado (teorico)
float janela_sinal; // Tamanho da janela T9-T8 (em segundos)
int a_janela_sinal; // Tamanho da janela T9-T9 (em amostras)
float mediana; // Mediana das amplitudes do sinal
float media; // Media das amplitudes do sinal
float tr; // Tempo de referencia (Define a distancia entre
// uma referencia e T8, sendo T8=0s);
int auxI; // Variavel auxiliar do tipo Inteiro
int auxF; // Variavel auxiliar do tipo Float
};

struct par_mecfoc
{
float strike; // Azimute do plano de falha (em graus)# 0 a 360
float dip; // mergulho do plano de falha (em graus) # 0 a 90
float rake; // Angulo do vetor slip (em graus) # -180 a 180
float tipo_erro; // 0 = Menor e melhor (erro); 1 = Maior e melhor
// (ajuste)
float rms; // Parametro que definira a qualidade da solucao
};

struct mecfoc_geral
{
float strike_me, strike_ma, strike_passo; // Define o espaco de strikes testados
float dip_me, dip_ma, dip_passo; // Define o espaco de mergulhos testados
float rake_me, rake_ma, rake_passo; // Define o espaco de rakes testados
};

/**************************************************************************************/
/* Funcao menormaior: Funcao utilizada para indicar que valor (p1 ou p2) e maior! */
/* Essa funcao e utilizada pela funcao qsort do C para ordenar um */
/* ponteiro de valores na ordem crescente. */
/**************************************************************************************/
int menormaior (const void *p1, const void *p2);

int main (void)


{
struct osup sissac[MAX_SACFILE]; // Armazena os dados de cada forma de onda que
// sera modelada
struct sacheader sach_mod; // Cabecalho do arquivo SAC que contem o
// sismograma sintetico
struct par_mecfoc mf; // Mecanismos focais pre-definidos no arquivo de
// entrada
struct mecfoc_geral mfg; // Essa struct e usada apenas quando vamos testar
// varios mecanismos focais de modo ordenado
float *amplitude_mod; // Amplitudes que compoe o sismograma sintetico
float *auxamp; // Variavel auxiliar utilizada na leitura de
// sismogramas observados
float auxgeral; // Variavel auxiliar com finalidade geral
int nsacf; // Numero de formas de onda (arquivo SAC) a serem
// modeladas

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


156

int nmecfoc; // Numero de mecanismos focais a serem testados


// (0=Grupo de Solucoes com passos constantes)
int testa_mecfoc; // Variavel auxiliar de saida que define quando
// terminamos de testar todos os mecfoc
int opt_versinal; // Define como os sinais seram alinhados (0=H0,
// 1=P, 2=S, 3=Maior amplitude entre T8 e T9)
int ai, af, daif; // Indice da amostra inicial e final da porcao do
// sismograma a ser estudada
int sort_id[MAX_SACFILE][2]; // Variavel auxiliar que ajuda a fazer o
// relacionamento entre ids de amplitudes
int ngrupos_amp; // Numero de grupos de amplitudes (numero de
// normalizacoes diferentes)
int i, ii, j, jj, k, kk; // Contadores
char auxC; // Variavel auxiliar do tipo caracter
char program_name[MAX_PROGNAME]; // Nome do programa que calcula o sismograma
// sintetico
char comand_line[MAX_PROGNAME+150];// Linha de comando a ser executada para criar os
// sismogramas sinteticos
char sac_sintetico_z[MAX_SACNAME]; // Nome do arquivo SAC com o sismograma sintetico
// (componente vertical)
char sac_sintetico_r[MAX_SACNAME]; // Nome do arquivo SAC com o sismograma sintetico
// (componente radial)
char sac_sintetico_t[MAX_SACNAME]; // Nome do arquivo SAC com o sismograma sintetico
// (componente transversal)

/*******************************/
/* Arquivos de entrada e saida */
/*******************************/
char input_xfoc_name[50]; // Nome do arquivo de entrada do x-foc (parametros)
FILE *input_xfoc; // Ponteiro para o arquivo de entrada do x-foc (parametros)
FILE *sacf; // Ponteiro para os sismogramas observados e sinteticos
FILE *xlog; // Arquivo log utilizado na identificacao de bugs

/*************************************************************/
/* Abertura do arOPT_LOGquivo log que ira armazenar todas as */
/* informacoes vinculadas a execucao do programa. */
/*************************************************************/
if((xlog = fopen("x-log.info","w")) == NULL)
{
printf("\n\n\nPermissao para gravacao negada!");
printf("FIM PREVIO ...\n\n\n");
return -1;
}

/**********************************************/
/* Leitura dos dados do arquivo de parametros */
/**********************************************/
strcpy(input_xfoc_name,"x-foc.input");
if((input_xfoc = fopen(input_xfoc_name,"r")) == NULL)
{
printf("\n\n\nProblema na abertura do arquivo %s!\n",input_xfoc_name);
printf("FIM PREVIO ...\n\n\n");
return -1;
}

/*******************************************/
/* Numero de sismogramas a serem modelados */
/*******************************************/
fscanf(input_xfoc,"%d",&opt_versinal);
fscanf(input_xfoc,"%d",&nsacf);
fscanf(input_xfoc,"%s",program_name);
fscanf(input_xfoc,"%s%s%s",sac_sintetico_z,sac_sintetico_r,sac_sintetico_t);

/**********************************************/
/* Inicializacao da variavel auxiliar de ids */
/**********************************************/
for(i = 0; i < nsacf; i++)
{
sort_id[i][0] = -12345;
sort_id[i][1] = -12345;
}

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


157

for(i = 0, ngrupos_amp = 0; i < nsacf; i++)


{
// Nome do arquivo SAC
fscanf(input_xfoc,"%s",sissac[i].nome_sismograma);

// Componente do arquivo SAC


fscanf(input_xfoc,"%c%c",&auxC,&auxC);
if (auxC == 'z' || auxC == 'Z')
{
sissac[i].cmp = 1;
}
else
{
if (auxC == 'r' || auxC == 'R')
{
sissac[i].cmp = 2;
}
else
{
if (auxC == 't' || auxC == 'T')
{
sissac[i].cmp = 3;
}
else
{
printf("\n\n\nA componente -%c- do arquivo %s nao e
valida!\n",auxC,sissac[i].nome_sismograma);
printf("FIM PREVIO ...\n\n\n");
return -1;
}
}
}

// Distancia epicentral e profunidade focal (km)


fscanf(input_xfoc,"%f%f",&sissac[i].dist,&sissac[i].profocal);

// Azimute da estacao sismografica com relacao ao evento


fscanf(input_xfoc,"%f",&sissac[i].azimute_evest);

//////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////
// ID que define o grupo de sismogramas que serao tratados com a amplitude relativa //
//////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////
fscanf(input_xfoc,"%d",&sissac[i].id_amplitude);
for (j = 0; sort_id[j][0] != -12345 && sort_id[j][0] != sissac[i].id_amplitude; j++)
{ }
if (sort_id[j][0] == -12345)
{
sort_id[j][0] = sissac[i].id_amplitude;
sort_id[j][1] = i;
ngrupos_amp++;
}

// Nome do arquivo com o modelo de velocidade


fscanf(input_xfoc,"%s",sissac[i].nome_modelo);

// Leitura dos arquivos SAC com os sismogramas observados


if ((sacf = fopen(sissac[i].nome_sismograma,"rb")) == NULL)
{
printf("\n\n\nO arquivo %s nao foi encontrado!\n",sissac[i].nome_sismograma);
printf("FIM PREVIO ...\n\n\n");
return -1;
}

// Leitura do cabecalho do arquivo SAC


fread(&sissac[i].sach,sizeof(struct sacheader),1,sacf);

if (sissac[i].sach.npts <= 0 || sissac[i].sach.delta <= 0 || sissac[i].sach.nvhdr


!= 6)
{
printf("\n\n\nAparentemente o arquivo %s nao e um arquivo
SAC!\n",sissac[i].nome_sismograma);
printf("FIM PREVIO ...\n\n\n");

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158

return -1;
}
if (sissac[i].sach.t8 < -12344 || sissac[i].sach.t9 < -12344)
{
printf("\n\n\nO sismograma %s nao tem marcas de limitacao (T8 e/ou
T9)\n",sissac[i].nome_sismograma);
printf("FIM PREVIO ...\n\n\n");
return -1;
}
if(OPT_LOG)
{
fprintf(xlog,"[i=%d] ngrupos_amp=%d sismograma=%s
cmp=%d\n",i,ngrupos_amp,sissac[i].nome_sismograma,sissac[i].cmp);
fprintf(xlog,">>> Dist=%.2f Profocal=%.2f
Azimute=%.2f\n",sissac[i].dist,sissac[i].profocal,
sissac[i].azimute_evest);
fprintf(xlog,"+++ ID_amplitude=%d ID_sort_id=%d {i=%d}
ngrupos_amp=%d\n",sissac[i].id_amplitude,sort_id[j][0],
sort_id[j][1],ngrupos_amp);
fprintf(xlog,"--- Modelo de Velocidade: %s\n",sissac[i].nome_modelo);
}

// Coloca o inicio do sismograma e todos os tempos com relacao a uma marca de ZERO.
sissac[i].sach.e -= sissac[i].sach.b;
sissac[i].sach.o -= sissac[i].sach.b;
sissac[i].sach.a -= sissac[i].sach.b;
sissac[i].sach.t0 -= sissac[i].sach.b;
sissac[i].sach.t1 -= sissac[i].sach.b;
sissac[i].sach.t2 -= sissac[i].sach.b;
sissac[i].sach.t3 -= sissac[i].sach.b;
sissac[i].sach.t4 -= sissac[i].sach.b;
sissac[i].sach.t5 -= sissac[i].sach.b;
sissac[i].sach.t6 -= sissac[i].sach.b;
sissac[i].sach.t7 -= sissac[i].sach.b;
sissac[i].sach.t8 -= sissac[i].sach.b;
sissac[i].sach.t9 -= sissac[i].sach.b;
sissac[i].sach.b -= sissac[i].sach.b;

if (OPT_LOG)
{
fprintf(xlog,"ARQUIVO SAC ORIGINAL: %s\n",sissac[i].nome_sismograma);
fprintf(xlog,"delta=%.3f\n",sissac[i].sach.delta);
fprintf(xlog,"depmin=%.3f\n",sissac[i].sach.depmin);
fprintf(xlog,"depmax=%.3f\n",sissac[i].sach.depmax);
fprintf(xlog,"scale=%.3f\n",sissac[i].sach.scale);
fprintf(xlog,"odelta=%.3f\n",sissac[i].sach.odelta);
fprintf(xlog,"B=%.3f\n",sissac[i].sach.b);
fprintf(xlog,"E=%.3f\n",sissac[i].sach.e);
fprintf(xlog,"O=%.3f\n",sissac[i].sach.o);
fprintf(xlog,"A=%.3f\n",sissac[i].sach.a);
fprintf(xlog,"INT1=%.3f\n",sissac[i].sach.int1);
fprintf(xlog,"T0=%.3f\n",sissac[i].sach.t0);
fprintf(xlog,"T1=%.3f\n",sissac[i].sach.t1);
fprintf(xlog,"T2=%.3f\n",sissac[i].sach.t2);
fprintf(xlog,"T3=%.3f\n",sissac[i].sach.t3);
fprintf(xlog,"T4=%.3f\n",sissac[i].sach.t4);
fprintf(xlog,"T5=%.3f\n",sissac[i].sach.t5);
fprintf(xlog,"T6=%.3f\n",sissac[i].sach.t6);
fprintf(xlog,"T7=%.3f\n",sissac[i].sach.t7);
fprintf(xlog,"T8=%.3f\n",sissac[i].sach.t8);
fprintf(xlog,"T9=%.3f\n\n\n",sissac[i].sach.t9);
fprintf(xlog,"NPTS=%d\n\n\n",sissac[i].sach.npts);
}

// Leitura das amplitudes do arquivo SAC


auxamp=malloc(sizeof(float)*sissac[i].sach.npts);
fread(auxamp,sizeof(float),sissac[i].sach.npts,sacf);
fclose(sacf);

if (OPT_LOG)
{
fprintf(xlog,"Amplitudes do sismograma %s
[i=%d]\n",sissac[i].nome_sismograma,i);
for(ii = 0; ii < sissac[i].sach.npts; ii++)

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


159

{
fprintf(xlog,"OBS_COMPLETO %.3f
%g\n",(float)ii*sissac[i].sach.delta,auxamp[ii]);
}
}

/***************************************************/
/* Obtem dados para fazer o alinhamento dos sinais */
/* e seleciona parte do sinal a ser modelada. */
/***************************************************/

// Calcula o tamanho da janela |T9-T8|


if (sissac[i].sach.t8 > sissac[i].sach.t9)
{
sissac[i].janela_sinal = sissac[i].sach.t8;
sissac[i].sach.t8 = sissac[i].sach.t9;
sissac[i].sach.t9 = sissac[i].janela_sinal;
}
sissac[i].janela_sinal = sissac[i].sach.t9 - sissac[i].sach.t8;
sissac[i].a_janela_sinal = 1 + (int)(sissac[i].janela_sinal /
sissac[i].sach.delta);

if (OPT_LOG)
{
fprintf(xlog,"\n\nJANELA SINAL: %.3f
%d\n\n",sissac[i].janela_sinal,sissac[i].a_janela_sinal);
}

// Calcula o tempo entre T8 e a hora de origem (H0)


if (opt_versinal == 0)
{
if (sissac[i].sach.o < -12344)
{
printf("\n\n\nO sismograma %s nao tem a hora de origem do evento
(O)!\n",sissac[i].nome_sismograma);
printf("Utilize outra opcao de alinhamento de sismogramas ou insira essa
informacao.\n");
printf("FIM PREVIO ...\n\n\n");
return -1;
}
sissac[i].tr = sissac[i].sach.t8 - sissac[i].sach.o;
}

// Calcula o tempo entre T8 e a chegada da onda P (A)


if (opt_versinal == 1)
{
if (sissac[i].sach.a < -12344)
{
printf("\n\n\nO sismograma %s nao tem a hora de chegada da onda P
(a)!\n",sissac[i].nome_sismograma);
printf("Utilize outra opcao de alinhamento de sismogramas ou insira essa
informacao.\n");
printf("FIM PREVIO ...\n\n\n");
return -1;
}
sissac[i].tr = sissac[i].sach.t8 - sissac[i].sach.a;
}

// Calcula o tempo entre T8 e a chegada da onda S (T0)


if (opt_versinal == 2)
{
if (sissac[i].sach.t0 < -12344)
{
printf("\n\n\nO sismograma %s nao tem a hora de chegada da onda S
(T0)!\n",sissac[i].nome_sismograma);
printf("Utilize outra opcao de alinhamento de sismogramas ou insira essa
informacao.\n");
printf("FIM PREVIO ...\n\n\n");
return -1;
}
sissac[i].tr = sissac[i].sach.t8 - sissac[i].sach.t0;
}

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160

//////////////////////////////////////////////////////////
// Determina a amostra inicial e final pa parte do sis- //
// mograma a ser estudada e grava a informacao dessa //
// parte na Struct de dados. //
//////////////////////////////////////////////////////////
ai = (int)((sissac[i].sach.t8) / sissac[i].sach.delta);
af = (int)((sissac[i].sach.t9) / sissac[i].sach.delta);
daif = af - ai + 1;
sissac[i].amplitude = NULL;
sissac[i].amplitude = malloc(sizeof(float)*daif);

for (j = 0; j < daif; j++)


{
if (OPT_LOG)
{
fprintf(xlog,"II s%d >> %.3f %g ",i,j*sissac[i].sach.delta,
auxamp[ai + j]);
}

sissac[i].amplitude[j] = auxamp[ai + j];


if (OPT_LOG)
{
fprintf(xlog,"%g\n",sissac[i].amplitude[j]);
}
}
free(auxamp);

//////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////
// Vamos calcular a MEDIANA das amplitudes da porcao de interesse do sismograma //
//////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////
auxamp = malloc(sizeof(float)*daif);
memcpy(auxamp, sissac[i].amplitude, daif);
qsort(auxamp, daif, sizeof(float), menormaior);
sissac[i].mediana = auxamp[daif/2];
sissac[i].amp_me = +99999999;
sissac[i].amp_ma = -99999999;
sissac[i].ta_me = -12345;
sissac[i].ta_ma = -12345;
sissac[i].opt_mema = 0;

if (OPT_LOG)
{
fprintf(xlog,"\n\n\nMEDIANA (OBS) = %.3f\n\n\n",sissac[i].mediana);
}

for (j = 0, sissac[i].media = 0; j < daif; j++)


{
sissac[i].media = sissac[i].media + sissac[i].amplitude[j];
sissac[i].amplitude[j] = sissac[i].amplitude[j] - sissac[i].mediana;

if (sissac[i].amp_me > sissac[i].amplitude[j])


{
sissac[i].amp_me = sissac[i].amplitude[j];
sissac[i].ta_me = j;
}

if (sissac[i].amp_ma < sissac[i].amplitude[j])


{
sissac[i].amp_ma = sissac[i].amplitude[j];
sissac[i].ta_ma = j;
}
}

sissac[i].media /= daif;

}
free(auxamp);

if (OPT_LOG)
{
for (j = 0; j < daif; j++)
{
fprintf(xlog,"II %.3f %d >> %g %g\n",j*sissac[0].sach.delta,daif,
auxamp[ai + j],sissac[0].amplitude[j]);
}
}

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


161

/*******************************************************************/
/* Neste ponto os sismogramas ja foram lidos e suas informacoes */
/* foram adquiridas com sucesso. Agora vamos estudar os indices */
/* dos sismogramas e decidir quais amplitudes maximas e minimas */
/* serao utilizadas na normalizacao do sinal entre 0 e 1 !!! */
/*******************************************************************/
for (i = 0; i < nsacf; i++)
{
for (j = 0, k = -12345; j < ngrupos_amp && k == -12345; j++)
{
if (sissac[i].id_amplitude == sort_id[j][0])
{
sissac[i].id_normalizacao_osup = sort_id[j][1];
sissac[i].amp_me_obs = sissac[sissac[i].id_normalizacao_osup].amp_me;
sissac[i].amp_ma_obs = sissac[sissac[i].id_normalizacao_osup].amp_ma;
sissac[i].ta_ma = sissac[sissac[i].id_normalizacao_osup].ta_ma;
sissac[i].ta_me = sissac[sissac[i].id_normalizacao_osup].ta_me;

if (opt_versinal == 3)
{
if(fabs(sissac[i].amp_ma) >= fabs(sissac[i].amp_me))
{
sissac[i].tr = sissac[i].sach.delta * sissac[i].ta_ma;
sissac[i].opt_mema = +1;
}
else
{
sissac[i].tr = sissac[i].sach.delta * sissac[i].ta_me;
sissac[i].opt_mema = -1;
}
}

k = 0;
}
}

}
if (OPT_LOG)
{
fprintf(xlog,"OK1 nsacf=%d: Sinal observado com amplitudes normalizadas
entre 0 e 1\n",nsacf);
}

/**********************************************************************/
/* Normalizacao das amplitudes dos sismogramas observados entre 0 e 1 */
/**********************************************************************/
for (i = 0; i < nsacf; i++)
{
auxgeral = sissac[i].amp_ma_obs - sissac[i].amp_me_obs;
for (j = 0; j < sissac[i].a_janela_sinal; j++)
{
if (OPT_LOG)
{
fprintf(xlog,"s%d >> %.3f %g ",
i,j*sissac[i].sach.delta,sissac[i].amplitude[j]);
}

sissac[i].amplitude[j] = (sissac[i].amplitude[j]-sissac[i].amp_me_obs)
/ auxgeral;

if (OPT_LOG)
{
fprintf(xlog,"%g\n",sissac[i].amplitude[j]);
}
}
}

/************************************************/
/* Numero de mecanismos focais a serem testados */
/************************************************/
fscanf(input_xfoc,"%d",&nmecfoc);

if (nmecfoc == 0)
{
fscanf(input_xfoc,"%f%f%f",&mfg.strike_me,&mfg.strike_ma,&mfg.strike_passo);

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


162

fscanf(input_xfoc,"%f%f%f",&mfg.dip_me,&mfg.dip_ma,&mfg.dip_passo);
fscanf(input_xfoc,"%f%f%f",&mfg.rake_me,&mfg.rake_ma,&mfg.rake_passo);
mf.strike = mfg.strike_me;
mf.dip = mfg.dip_me;
mf.rake = mfg.rake_me;
}

/****************************************************************************/
/* Testa dos mecanismo focais em questao - modelagem de ondas de superficie */
/****************************************************************************/
for (testa_mecfoc = 1; testa_mecfoc == 1; )
{

// Le o mecanismo focal a ser testado


if (nmecfoc > 0)
{
fscanf(input_xfoc,"%f%f%f",&mf.strike,&mf.dip,&mf.rake);
nmecfoc--;
}
else
{
testa_mecfoc = 0;
}
if (OPT_LOG)
{
fprintf(xlog,"\n\n\nMECFOC TESTADO [%d]: Strike=%.2f Dip=%.2f
Rake=%.2f\n",nmecfoc,mf.strike,mf.dip,mf.rake);
}

// Inicia o processo de modelagem das ondas de superficie


for (i = 0; i < nsacf; i++)
{
sprintf(comand_line,"./%s %d %.3f %.2f %.2f %.2f %s %.2f %.2f
%.2f\n",program_name,sissac[i].cmp,sissac[i].sach.delta,
sissac[i].dist,sissac[i].profocal,sissac[i].azimute_evest,
sissac[i].nome_modelo,mf.strike,mf.dip,mf.rake);

printf("TESTE (Linha de comando a ser executada): %s",comand_line);


system(comand_line);
if (OPT_LOG)
{
fprintf(xlog,"Linha de Comando [%d]:::: %s\n",i,comand_line);
}

/*****************************************************************/
/***** Le o sismograma sintetico e o acumula em uma struct *****/
/*****************************************************************/
if (sissac[i].cmp == 1)
{
if ((sacf = fopen(sac_sintetico_z,"rb")) == NULL)
{
printf("\n\n\nO arquivo %s nao foi encontrado!\n",sac_sintetico_z);
printf("FIM PREVIO ...\n\n\n");
return -1;
}
}
if (sissac[i].cmp == 2)
{
if ((sacf = fopen(sac_sintetico_r,"rb")) == NULL)
{
printf("\n\n\nO arquivo %s nao foi encontrado!\n",sac_sintetico_r);
printf("FIM PREVIO ...\n\n\n");
return -1;
}
}
if (sissac[i].cmp == 3)
{
if ((sacf = fopen(sac_sintetico_t,"rb")) == NULL)
{
printf("\n\n\nO arquivo %s nao foi encontrado!\n",sac_sintetico_t);
printf("FIM PREVIO ...\n\n\n");
return -1;
}
}

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163

// Leitura do cabecalho do arquivo SAC


fread(&sissac[i].sach_sintetico,sizeof(struct sacheader),1,sacf);

if (sissac[i].sach_sintetico.npts <= 0 || sissac[i].sach_sintetico.delta


<= 0 || sissac[i].sach_sintetico.nvhdr != 6)
{
if (sissac[i].cmp == 1)
{
printf("\n\n\nAparentemente o arquivo %s nao e um
arquivo SAC!\n",sac_sintetico_z);
}
if (sissac[i].cmp == 2)
{
printf("\n\n\nAparentemente o arquivo %s nao e um arquivo
SAC!\n",sac_sintetico_r);
}
if (sissac[i].cmp == 3)
{
printf("\n\n\nAparentemente o arquivo %s nao e um arquivo
SAC!\n",sac_sintetico_t);
}
printf("FIM PREVIO ...\n\n\n");
return -1;
}

// Coloca o inicio do sismograma e todos os tempos com relacao a uma marca de ZERO
sissac[i].sach_sintetico.e -= sissac[i].sach_sintetico.b;
sissac[i].sach_sintetico.o -= sissac[i].sach_sintetico.b;
sissac[i].sach_sintetico.a -= sissac[i].sach_sintetico.b;
sissac[i].sach_sintetico.t0 -= sissac[i].sach_sintetico.b;
sissac[i].sach_sintetico.t1 -= sissac[i].sach_sintetico.b;
sissac[i].sach_sintetico.t2 -= sissac[i].sach_sintetico.b;
sissac[i].sach_sintetico.t3 -= sissac[i].sach_sintetico.b;
sissac[i].sach_sintetico.t4 -= sissac[i].sach_sintetico.b;
sissac[i].sach_sintetico.t5 -= sissac[i].sach_sintetico.b;
sissac[i].sach_sintetico.t6 -= sissac[i].sach_sintetico.b;
sissac[i].sach_sintetico.t7 -= sissac[i].sach_sintetico.b;
sissac[i].sach_sintetico.t8 -= sissac[i].sach_sintetico.b;
sissac[i].sach_sintetico.t9 -= sissac[i].sach_sintetico.b;
sissac[i].sach_sintetico.b -= sissac[i].sach_sintetico.b;

if (OPT_LOG)
{
fprintf(xlog,"ARQUIVO SAC COM SISMOGRAMA SINTETICO:\n");
fprintf(xlog,"delta=%.3f\n",sissac[i].sach_sintetico.delta);
fprintf(xlog,"depmin=%.3f\n",sissac[i].sach_sintetico.depmin);
fprintf(xlog,"depmax=%.3f\n",sissac[i].sach_sintetico.depmax);
fprintf(xlog,"scale=%.3f\n",sissac[i].sach_sintetico.scale);
fprintf(xlog,"odelta=%.3f\n",sissac[i].sach_sintetico.odelta);
fprintf(xlog,"B=%.3f\n",sissac[i].sach_sintetico.b);
fprintf(xlog,"E=%.3f\n",sissac[i].sach_sintetico.e);
fprintf(xlog,"O=%.3f\n",sissac[i].sach_sintetico.o);
fprintf(xlog,"A=%.3f\n",sissac[i].sach_sintetico.a);
fprintf(xlog,"INT1=%.3f\n",sissac[i].sach_sintetico.int1);
fprintf(xlog,"T0=%.3f\n",sissac[i].sach_sintetico.t0);
fprintf(xlog,"T1=%.3f\n",sissac[i].sach_sintetico.t1);
fprintf(xlog,"T2=%.3f\n",sissac[i].sach_sintetico.t2);
fprintf(xlog,"T3=%.3f\n",sissac[i].sach_sintetico.t3);
fprintf(xlog,"T4=%.3f\n",sissac[i].sach_sintetico.t4);
fprintf(xlog,"T5=%.3f\n",sissac[i].sach_sintetico.t5);
fprintf(xlog,"T6=%.3f\n",sissac[i].sach_sintetico.t6);
fprintf(xlog,"T7=%.3f\n",sissac[i].sach_sintetico.t7);
fprintf(xlog,"T8=%.3f\n",sissac[i].sach_sintetico.t8);
fprintf(xlog,"T9=%.3f\n\n\n",sissac[i].sach_sintetico.t9);
fprintf(xlog,"NPTS=%d\n\n\n",sissac[i].sach_sintetico.npts);
}

/*****************************************/
/* Leitura das amplitudes do arquivo SAC */
/*****************************************/
auxamp = malloc(sizeof(float)*sissac[i].sach_sintetico.npts);
fread(auxamp,sizeof(float),sissac[i].sach_sintetico.npts,sacf);
fclose(sacf);

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


164

/***************************************************/
/* Obtem dados para fazer o alinhamento dos sinais */
/* e seleciona parte do sinal a ser modelada. */
/***************************************************/

// Determina a posicao da marca de T8 (inicial) com relacao a hora de origem (H0)


if (opt_versinal == 0 || opt_versinal == 3)
{
if (sissac[i].sach_sintetico.o < -12344)
{
printf("\n\n\nO sismograma sintetico nao tem a hora de origem
do evento (O)!\n");
printf("Utilize outra opcao de alinhamento de sismogramas ou
insira essa informacao.\n");
printf("FIM PREVIO ...\n\n\n");
return -1;
}
sissac[i].sach_sintetico.t8 =
sissac[i].sach_sintetico.o + (sissac[i].sach.t8-sissac[i].sach.o);
sissac[i].sach_sintetico.t9 =
sissac[i].sach_sintetico.t8 + sissac[i].janela_sinal;

// Apos definir um T9-T8 preliminar, buscamos uma posicao de TR para o


// calculo do T8 mais preciso. Com relacao a maxima amplitude encontrada
// no intervalo.
}

if (OPT_LOG)
{
fprintf(xlog,"T8=%.3f T9=%.3f TR=%.3f\n",sissac[0].sach_sintetico.t8,
sissac[0].sach_sintetico.t9,sissac[0].tr);
}

// Determina a posicao da marca de T8 (inicial) com relacao a chegada da onda P (A)


if (opt_versinal == 1)
{
if (sissac[i].sach_sintetico.a < -12344)
{
printf("\n\n\nO sismograma sintetico nao tem a hora de chegada da onda
P (a)!\n");
printf("Utilize outra opcao de alinhamento de sismogramas ou insira essa
informacao.\n");
printf("FIM PREVIO ...\n\n\n");
return -1;
}
sissac[i].sach_sintetico.t8 = sissac[i].sach_sintetico.a + sissac[i].tr;
sissac[i].sach_sintetico.t9 = sissac[i].sach_sintetico.t8 +
sissac[i].janela_sinal;
}

// Determina a posicao da marca de T8 (inicial) com relacao a chegada da onda S (T0)


if (opt_versinal == 2)
{
if (sissac[i].sach_sintetico.t0 < -12344)
{
printf("\n\n\nO sismograma sintetico nao tem a hora de chegada da
onda S (T0)!\n");
printf("Utilize outra opcao de alinhamento de sismogramas ou insira
essa informacao.\n");
printf("FIM PREVIO ...\n\n\n");
return -1;
}
sissac[i].sach_sintetico.t8 = sissac[i].sach_sintetico.t0 + sissac[i].tr;
sissac[i].sach_sintetico.t9 = sissac[i].sach_sintetico.t8
+ sissac[i].janela_sinal;
}

if (OPT_LOG)
{
fprintf(xlog,"\n\n\nVER_SINAL = %d
%.3f\n\n\n",opt_versinal,sissac[i].tr);
}

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


165

// Determina a amostra inicial e final pa parte do sismograma a ser estudada e


// grava a informacao dessa parte na Struct de dados.
ai = (int)((sissac[i].sach_sintetico.t8) / sissac[i].sach_sintetico.delta);
af = (int)((sissac[i].sach_sintetico.t9) / sissac[i].sach_sintetico.delta);
daif = af - ai + 1;
sissac[i].amplitude_sintetico = NULL;
sissac[i].amplitude_sintetico = malloc(sizeof(float)*daif);
sissac[i].amp_me_teo = +99999999;
sissac[i].amp_ma_teo = -99999999;
sissac[i].ta_met = -12345;
sissac[i].ta_mat = -12345;

if(OPT_LOG)
{
fprintf(xlog,"\n\n\nSismograma Sintetico: Ai = %d Af = %d\n",ai,af);
}

for (j = 0; j < daif; j++)


{
if (sissac[i].amp_me_teo > auxamp[ai + j])
{
sissac[i].amp_me_teo = auxamp[ai + j];
if (sissac[i].opt_mema == -1)
{
sissac[i].ta_met = ai + j;
}
}
if (sissac[i].amp_ma_teo < auxamp[ai + j])
{
sissac[i].amp_ma_teo = auxamp[ai + j];
if (sissac[i].opt_mema == +1)
{
sissac[i].ta_mat = ai + j;
}
}
}

if(OPT_LOG)
{
fprintf(xlog,"\n\n\nSismograma Sintetico: Ai = %d Af = %d\n",ai,af);
fprintf(xlog,"ta_met = %d ta_mat =
%d\n",sissac[i].ta_met,sissac[i].ta_mat);
}

if (opt_versinal == 3)
{
if (sissac[i].opt_mema == -1)
{
ai = sissac[i].ta_met - (int)(sissac[i].tr/sissac[i].sach.delta);
}
if (sissac[i].opt_mema == +1)
{
ai = sissac[i].ta_mat - (int)(sissac[i].tr/sissac[i].sach.delta);
}
af = ai + 1 + daif;
sissac[i].sach_sintetico.t8 = ai * sissac[i].sach_sintetico.delta;
sissac[i].sach_sintetico.t9 = sissac[i].sach_sintetico.t8
+ sissac[i].janela_sinal;
}

for (j = 0; j < daif; j++)


{
sissac[i].amplitude_sintetico[j] = auxamp[ai + j];
}
free(auxamp);

//////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////
// Vamos calcular a MEDIANA das amplitudes da porcao de interesse do sismograma //
//////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////
auxamp = malloc(sizeof(float)*daif);
memcpy(auxamp, sissac[i].amplitude_sintetico, daif);
qsort(auxamp, daif, sizeof(float), menormaior);
auxgeral = auxamp[daif/2];
free(auxamp);
sissac[i].amp_me_teo = +99999999;

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


166

sissac[i].amp_ma_teo = -99999999;
for (j = 0, auxgeral = 0; j < daif; j++)
{
sissac[i].amplitude_sintetico[j] = sissac[i].amplitude_sintetico[j]
- auxgeral;
if (sissac[i].amp_me_teo > sissac[i].amplitude_sintetico[j])
{
sissac[i].amp_me_teo = sissac[i].amplitude_sintetico[j];
sissac[i].ta_met = j;
}

if (sissac[i].amp_ma_teo < sissac[i].amplitude_sintetico[j])


{
sissac[i].amp_ma_teo = sissac[i].amplitude_sintetico[j];
sissac[i].ta_mat = j;
}
}
}

/*****************************************************************/
/* Neste ponto os sismogramas ja foram lidos e suas informacoes */
/* foram adquiridas com sucesso. Agora vamos acertar os para- */
/* metros de normalizacao segundo os indices ja estudados! */
/*****************************************************************/
for (i = 0; i < nsacf; i++)
{
sissac[i].amp_me_teo = sissac[sissac[i].id_normalizacao_osup].amp_me_teo;
sissac[i].amp_ma_teo = sissac[sissac[i].id_normalizacao_osup].amp_ma_teo;
sissac[i].ta_met = sissac[sissac[i].id_normalizacao_osup].ta_met;
sissac[i].ta_mat = sissac[sissac[i].id_normalizacao_osup].ta_mat;
}

/**********************************************************************/
/* Normalizacao das amplitudes dos sismogramas observados entre 0 e 1 */
/**********************************************************************/
for (i = 0, ii = 0, mf.tipo_erro = 0, mf.rms = 0; i < nsacf; i++)
{
auxgeral = sissac[i].amp_ma_teo - sissac[i].amp_me_teo;
if (OPT_LOG)
{
fprintf(xlog,"SINTETICO_c [%d]\n\n",i);
}
for (j = 0; j < sissac[i].a_janela_sinal; j++)
{
sissac[i].amplitude_sintetico[j] = (sissac[i].amplitude_sintetico[j]
-sissac[i].amp_me_teo) / auxgeral;

/***************************************************************/
/* Calculo do RMS entre pares de sismogramas: Compara os pares */
/* de sismogramas sinteticos e observados. */
/***************************************************************/
mf.rms += pow(sissac[i].amplitude[j]-sissac[i].amplitude_sintetico[j],2);

if (OPT_LOG)
{
fprintf(xlog,"%.3f %g %g %g %g\n",j*sissac[i].sach.delta,
sissac[i].amplitude[j],sissac[i].amplitude_sintetico[j],
pow(sissac[i].amplitude[j]-sissac[i].amplitude_sintetico[j],2),
mf.rms);
}
ii++;
}
}
if (OPT_LOG)
{
fprintf(xlog,"mf.rms=%g ii=%g -> mf.rms/ii=%g ->
rms.final=%g\n",(double)mf.rms,(double)ii,(double)mf.rms /
(double)ii, sqrt((double)mf.rms / (double)ii));
}
mf.rms = sqrt((double)mf.rms / (double)ii);

fprintf(xlog,"%.2f %.2f %.2f - %.3f\n",mf.strike,mf.dip,mf.rake,mf.rms);

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


167

// Atualiza valores de mecfoc a serem testados na proxima rodada


if (nmecfoc == 0)
{
mf.rake += mfg.rake_passo;
if (mf.rake > mfg.rake_ma)
{
mf.rake = mfg.rake_me;
mf.dip += mfg.dip_passo;
if (mf.dip > mfg.dip_ma)
{
mf.dip = mfg.dip_me;
mf.strike += mfg.strike_passo;
if (mf.strike > mfg.strike_ma)
{
testa_mecfoc = 0;
}
}
}
}

}// Conclui o FOR de testes de mecanismos focais

/****************************************************/
/* Encerra o programa x-foc de forma adequada */
/* (fecha arquivos, libera espacos na memoria, etc. */
/****************************************************/
fclose(xlog);
fclose(input_xfoc);
return 0;
}

int menormaior (const void *p1, const void *p2)


{

if(*(float *) p1 > *(float *) p2) return 1;


if(*(float *) p2 > *(float *) p1) return -1;
return 0;
}

# Programa gera_osup.c
#include <stdio.h>
#include <stdlib.h>
#include <string.h>

#define MAX_MODELNAME 200


#define MAX_COMANDLINE 500

int main (int argc, char **argv)


{

int cmp; // Componente (1=Z, 2=R, 3=T)


int npts = 2048; // Numero de pontos do sismograma sintetico (maximo
// 4096 - tem que ser um numero de potencia 2,
// ex: 1024, 2048, 4096)
float dist; // Distancia epicentral (km)
float delta; // Intervalo de amostragem do sismograma sintetico
float profocal; // Profundidade focal (km)
float az; // Azimute da estacao com relacao ao evento sismico
char velmodel[MAX_MODELNAME]; // Modelo de velocidade (nome do arquivo)
float str; // Strike do plano de falha (graus)
float dip; // Mergulho do plano de falha (graus)
float rake; // Rake do plano de falha (graus)
float t0 = 0.0; // Tempo correspondente a hora de origem no
// sismograma, em geral utilizamos 0.0.
float velr = 0.0; // Velocidade que define o inicio do sismograma
// (Ti = T0 + DIST/VELR. Se VELR=0.0, Ti=T0);
char comandline[MAX_COMANDLINE]; // Linha de comando utilizada na geracao do
// sismograma sintetico com os programas do R.B.
// Herrmann (2001)
FILE *arq; // Ponteiro (auxiliar) para arquivos de entrada e
// saida

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


168

/*******************************************/
/* Aquisicao dos argumentos do programa */
/*******************************************/
if (argc != 10)
{
printf("\n\n Use: %s CMP DIST DELTA PROFOCAL AZIMUTE STRIKE DIP
RAKE\n\n",argv[0]);
printf(" CMP - 1=Vertical, 2=Radial, 3=Transversal\n");
printf(" DELTA - Taxa de amostragem do sismograma (em segundos)\n");
printf(" DIST - Distancia epicentral (km)\n");
printf(" PROFOCAL - Profundidade Focal (km)\n");
printf(" AZIMUTE - Azimute da estacao sismografica com relacao ao
evento(graus)\n");
printf(" MODELO VEL. - Nome do arquivo que contem o modelo de velocidade\n");
printf(" STRIKE - Strike do plano de falha (em graus)\n");
printf(" DIP - Mergulho do plano de falha (em graus)\n");
printf(" RAKE - Angulo da direcao do deslocamento do plano de falha
(em graus)\n\n");
return 1;
}

cmp = atoi (argv[1]);


delta = (float)(atof (argv[2]));
dist = (float)(atof (argv[3]));
profocal = (float)(atof (argv[4]));
az = (float)(atof (argv[5]));
sprintf(velmodel,"%s",argv[6]);
str = (float)(atof (argv[7]));
dip = (float)(atof (argv[8]));
rake = (float)(atof (argv[9]));

/*******************************************/
/* Criar o arquivo de distancias rbh_dfile */
/*******************************************/
if ((arq = fopen("rbh_dfile","w")) == NULL)
{
printf("\n\n\nPERMISSAO PARA GRAVACAO NEGADA!\n");
printf("FIM PREVIO ...\n\n\n");
return -1;
}
fprintf(arq,"%5.2f %5.3f %d %6.3f %6.3f\n",dist,delta,npts,t0,velr);
fclose(arq);

/***********************************************************/
/* Prepara arquivos para o calculo do sismograma sintetico */
/***********************************************************/
if (cmp == 1 || cmp == 2)
{
sprintf(comandline,"sprep96 -M %s -HMOD 1 -HS %.2f -HR 0.0 -DT %.3f -NPTS %d –
R",velmodel,profocal,delta,npts);
}
if (cmp == 3)
{
sprintf(comandline,"sprep96 -M %s -HMOD 1 -HS %.2f -HR 0.0 -DT %.3f -NPTS %d –
L",velmodel,profocal,delta,npts);
}
system(comandline);

sprintf(comandline,"sdisp96");
system(comandline);

if (cmp == 1 || cmp == 2)
{
sprintf(comandline,"sregn96");
}
if (cmp == 3)
{
sprintf(comandline,"slegn96");
}
system(comandline);

sprintf(comandline,"spulse96 -d rbh_dfile -M 0 -D -t -l 2 -EQ -2 > rbh-pulse.sis");


system(comandline);

sprintf(comandline,"fmech96 -A %.2f -ROT -S %.2f -D %.2f -R %.2f -M0 5.0E+20 < rbh-
pulse.sis > rbh-fmech.sis",az,str,dip,rake);
system(comandline);

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


169

sprintf(comandline,"ffilt96 -A -DEMEAN -TAPER -PZ


/home/afonso/dados/polezero/polezero_L4C.pz
-W 0.01 < rbh-fmech.sis > rbh-ffilt.sis");
system(comandline);

sprintf(comandline,"f96tosac -B rbh-ffilt.sis");
system(comandline);

return 0;
}

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


170

ANEXO IV
Programa para o cálculo da magnitude Mc definida com os dados

dos sismos locais de Bebedouro.

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


171

#include <stdio.h>
#include <math.h>
#include <stdlib.h>
#include <string.h>

#define DATACONJR 10000 // Numero maximo de amplitudes dentro de uma janela RMS
#define MAXNAME 1000 // Numero maximo de caracteres numa string de caracteres
#define RAMO1 0 // Imprime testes na saida padrao (1) ou omite essa saida (0)
#define MAX -9999999 // Maxima amplitude inicial
#define HELP 1 // Numero minimo de parametros de entrada (incluindo o nome do
programa)
#define TRUE 1
#define FALSE 0

struct sacheader {
float delta,depmin,depmax,scale,odelta;
float b,e,o,a,int1;
float t0,t1,t2,t3,t4;
float t5,t6,t7,t8,t9;
float f,resp0,resp1,resp2,resp3;
float resp4,resp5,resp6,resp7,resp8;
float resp9,stla,stlo,stel,stdp;
float evla,evlo,evel,evdp,mag;
float user0,user1,user2,user3,user4;
float user5,user6,user7,user8,user9;
float dist,az,baz,gcarc,int2;
float int3,depmen,cmpaz,cmpinc,xminimum;
float xmaximum,yminimum,ymaximum,unf0,unf1;
float unf2,unf3,unf4,unf5,unf6;

int nzyear,nzjday,nzhour,nzmin,nzsec;
int nzmsec,nvhdr,norid,nevid,npts;
int int4,nwfid,nxsize,nysize,uni0;
int iftype,idep,iztype,uni1,iinst;
int istreg,ievreg,ievtyp,iqual,isynth;
int imagtyp,imagsrc,uni2,uni3,uni4;
int uni5,uni6,uni7,uni8,uni9;

int leven,lpspol,lovrok,lcalda,unl0;

char kstnm[8],kevnm[16];
char khole[8],ko[8],ka[8];
char kt0[8],kt1[8],kt2[8];
char kt3[8],kt4[8],kt5[8];
char kt6[8],kt7[8],kt8[8];
char kt9[8],kf[8],kuser0[8];
char kuser1[8],kuser2[8],kcmpnm[8];
char knetwk[8],kdatrd[8],kinst[8];
};

float rms1, rms2, rms3; // Amplitude RMS da cauda


float rmsr1, rmsr2, rmsr3; // Amplitude RMS do ruido
float media1=0, media2=0, media3=0; // Media da cauda
float mediar1=0, mediar2=0, mediar3=0; // Media do ruido
float conjunto1[DATACONJR]; // Amplitudes contidas dentro de uma determinada
// janela RMS - NS
float conjunto2[DATACONJR]; // Amplitudes contidas dentro de uma determinada
// janela RMS - EW
float conjunto3[DATACONJR]; // Amplitudes contidas dentro de uma determinada
// janela RMS - Z
float conjuntor1[DATACONJR]; // Amplitudes contidas dentro de uma determinada
// janela RMS - Janela de Ruido (4s antes da P)
float conjuntor2[DATACONJR]; // Amplitudes contidas dentro de uma determinada
// janela RMS - Janela de Ruido (4s antes da P)
float conjuntor3[DATACONJR]; // Amplitudes contidas dentro de uma determinada
// janela RMS - Janela de Ruido (4s antes da P)
float msr1, msr2, msr3; // Razao entre a magnitude do sinal e a do ruido
float mag1, mag2, mag3; // Magnitude em cada componente
float magnitude; // Magnitude adotada
float tt; // Variavel auxiliar que ira trabalhar com
// valores de tempo
float tto; // Hora de origem relativa
float tt1, tt1r; // Inicio da cauda (pode ser definido no
// sismograma SAC pela variavel T1)
float tt2, tt2r; // Final da cauda (pode ser definido no
// sismograma SAC pela variavel T2)
float *sacf=NULL; // Amplitudes lidas no arquivo SAC (amplitudes do

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


172

// sismograma - NS)
float *sacff=NULL; // Amplitudes lidas no arquivo SAC (amplitudes do
// sismograma - EW)
float *sacfff=NULL; // Amplitudes lidas no arquivo SAC (amplitudes do
// sismograma - Z)
float ruido; // Avaliacao do ruido com relacao a porcao da
// cauda utilizada no calculo da magnitude
struct sacheader sach; // Struct para leitura e armazenamento do
// cabecalho dos arquivos SAC (definicao
// detalhada logo acima)
struct sacheader sachh; // Struct para leitura e armazenamento do
// cabecalho dos arquivos SAC
struct sacheader sachhh; // Struct para leitura e armazenamento do
// cabecalho dos arquivos SAC
char fnameZ[MAXNAME]; // Nome do arquivo de entrada (vertical)
char fnameN[MAXNAME]; // Nome do arquivo de entrada (N-S)
char fnameE[MAXNAME]; // Nome do arquivo de entrada (E-W)
char sist[3*MAXNAME+5]; // Variavel auxiliar para o uso da funcao system
int ndados, ndr; // Numero de dados
int inicio, fim; // Amostra inicial e final usadas nos calculos
int inicior, fimr; // Amostra inicial e final usadas nos calculos
// (ruido antes da chegada da P)
int cont, sair, s1; // Variaveis auxiliares usadas como contadores e
// variaveis de escape
int sa1=0, sa2=0, sa3=0; // Variaveis de saida
int alo; // Produz um aviso na tela...
int exitP; // Se nao houver P o programa nao faz os calculos
// de magnitude
int opt; // 0) Nao apaga arquivos sem marcas de P; 1)
// Apaga arquivos sem marcas de P
int sis, siscont; // Numero do evento e variavel auxiliar contadora
int nw; // Numero de letras do nome do arquivo SAC
int hh, mm, ano, jd; // Tempo de chegada da onda P
float seg; // segundos de chegada da da onda P
FILE *ent; // Aponta o arquivo SAC de entrada
FILE *saida_tab; // Tabela com os dados de saida
FILE *saida_dt; // Saida com dados de magnitude detalhados
FILE *lista; // Lista de arquivos a serem analisados

float rmsmedio (float *valor,int ndados);

int main (int argc, char *argv[2]){

int conta, i, sai, ul;


float dts;

/******************/
/*Instrucao de Uso*/
/******************/
if(argc>HELP){
printf("\n\n\nInstrucao de Uso:\n");
printf("1) Leia as 3 componentes do arquivo SAC\n");
printf("2) Remova a tendencia (rtrend)\n");
printf("3) Dividir os sismogramas do L4C por 0.17 (div 0.17)\n\n\n");
exit(0);
}

// Abrindo a lista de arquivos a serem analisados


printf("Entre com a lista de arquivos a serem analisados (cmp vertical):\n>> ");
scanf("%s",fnameZ);
if((lista=fopen(fnameZ,"r"))==NULL){
printf("\n\nA lista de arquivos %s nao foi encontrada!\n");
printf("FIM PREVIO ...\n");
return -1;
}

// Abrindo arquivo para gravacao de tabela de dados uteis


printf("Entre com o nome do arquivo que armazenara uma tabela de dados uteis:\n>> ");
scanf("%s",fnameZ);
if((saida_tab=fopen(fnameZ,"w"))==NULL){
printf("\n\nPermissao para gravacao negada!\n");
printf("FIM PREVIO ...\n");
return -1;
}

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


173

// Abrindo arquivo para gravacao de dados de magnitudes detalhados


printf("Entre com o nome do arquivo que armazenara os dados de
amplitudes detalhados:\n>> ");
scanf("%s",fnameZ);
if((saida_dt=fopen(fnameZ,"w"))==NULL){
printf("\n\nPermissao para gravacao negada!\n");
printf("FIM PREVIO ...\n");
return -1;
}

printf("Deseja apagar os arquivos que nao possuam marcas de onda


P? (Sim=1;Nao=0)\n>> ");
scanf("%d",&opt);

for(cont=0;cont<MAXNAME;cont++){
fnameZ[cont]='-';
fnameN[cont]='-';
fnameE[cont]='-';
}

/****************************************************************************/
/* Este for sera utilizado para estudar todos os dados da lista de arquivos */
/****************************************************************************/
for(siscont=0,sis=0;fscanf(lista,"%s",fnameZ)==1;siscont++){

// Aviso na saida padrao


printf("Arquivo: %d - %s\n",siscont,fnameZ);

/****************************************************************/
/* Procurando posicao da identificacao da componente para troca */
/****************************************************************/
for(nw=-1;fnameZ[nw]!='-';nw++){}
strcpy(fnameN,fnameZ);
strcpy(fnameE,fnameZ);
fnameN[nw-6]='5'; // ".4.sac" = 6w
fnameE[nw-6]='6'; // ".4.sac" = 6w

/******************************************************/
/* Abrindo e lendo os dados do arquivo SAC de entrada */
/******************************************************/
if((ent=fopen(fnameZ,"rb"))==NULL){
printf("\a\nERRO 1: Erro na abertura do arquivo %s\n\n",fnameZ);
exit(-1);
}
fread(&sachhh,sizeof(struct sacheader),1,ent);
if(sachhh.npts<=0 || sachhh.delta<=0 || sachhh.nvhdr!=6){
printf("\a\nERRO 2: Aparentemente o arquivo %s nao e um arquivo
SAC\n\n",fnameZ);
exit(-2);
}
sacfff=malloc(sizeof(float)*sachhh.npts);
fread(sacfff,sizeof(float),sachhh.npts,ent);
for (i = 0; i < sachhh.npts; i++)
{
sacfff[i] /= 0.17;
}
fclose(ent);

if((ent=fopen(fnameN,"rb"))==NULL){
printf("\a\nERRO 1: Erro na abertura do arquivo %s\n\n",fnameN);
exit(-1);
}
fread(&sach,sizeof(struct sacheader),1,ent);
if(sach.npts<=0 || sach.delta<=0 || sach.nvhdr!=6){
printf("\a\nERRO 2: Aparentemente o arquivo %s nao e um
arquivo SAC\n\n",fnameN);
exit(-2);
}
sacf=malloc(sizeof(float)*sach.npts);
fread(sacf,sizeof(float),sach.npts,ent);
for (i = 0; i < sach.npts; i++)
{
sacf[i] /= 0.17;
}
fclose(ent);

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174

if((ent=fopen(fnameE,"rb"))==NULL){
printf("\a\nERRO 1: Erro na abertura do arquivo %s\n\n",fnameE);
exit(-1);
}
fread(&sachh,sizeof(struct sacheader),1,ent);
if(sachh.npts<=0 || sachh.delta<=0 || sachh.nvhdr!=6){
printf("\a\nERRO 2: Aparentemente o arquivo %s nao e um
arquivo SAC\n\n",fnameE);
exit(-2);
}
sacff=malloc(sizeof(float)*sachh.npts);
fread(sacff,sizeof(float),sachh.npts,ent);
for (i = 0; i < sachh.npts; i++)
{
sacff[i] /= 0.17;
}
fclose(ent);

exitP=FALSE;
if(sachhh.ka[0]=='P')
exitP=TRUE;
if(sachhh.ka[1]=='P')
exitP=TRUE;
if(sachhh.ka[2]=='P')
exitP=TRUE;
if(sachhh.ka[3]=='P')
exitP=TRUE;

if(exitP==TRUE){

/*************************/
/* Tempo inicial e final */
/*************************/
tt1=sach.a+10;
tt2=tt1+4;
tt1r=sach.a-4;
tt2r=sach.a;

/**************************************************************************************/
/*Determinando o inicio e o fim da cauda com relaco ao numero da amostra do sismograma*/
/**************************************************************************************/
for(cont=0,sair=0,s1=0;sair==0;cont++){
tt=sach.b+cont*sach.delta;
if(tt>tt1 && s1==0){
inicio=cont;
s1=1;
}
if(tt>tt2){
fim=cont-1;
sair=1;
}
}
if(inicio>0)
--inicio;

for(cont=0,sair=0,s1=0;sair==0;cont++){
tt=sach.b+cont*sach.delta;
if(tt1r<sach.b){
tt1r=sach.b;
s1=1;
}
else if(tt>tt1r && s1==0){
inicior=cont;
s1=1;
}
if(tt>tt2r){
fimr=cont-1;
sair=1;
}
}
if(inicior>0)
--inicior;

/******************************************************************/
/* RAMO (ramo1) PARA AVERIGUACAO DO BOM FUNCIONAMENTO DO PROGRAMA */
/******************************************************************/

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175

if(RAMO1){
printf("TB = %f %f\n",sach.b,sachh.b);
printf("TS = %f %f\n",sach.t0,sachh.t0);
printf("T0 = %f\n",tto);
printf("T1 = %f\n",tt1);
printf("T2 = %f\n",tt2);
printf("INICIO=%d FIM=%d\n",inicio,fim);
}

for(cont=inicior,ndados=0,ndr=0;cont<fim;cont++){
if(cont>=inicio){
conjunto3[cont-inicio]=sacfff[cont];
conjunto1[cont-inicio]=sacf[cont];
conjunto2[cont-inicio]=sacff[cont];
media3+=conjunto3[cont-inicio];
media1+=conjunto1[cont-inicio];
media2+=conjunto2[cont-inicio];
ndados++;
}
if(cont<fimr){
conjuntor3[cont-inicior]=sacfff[cont];
conjuntor1[cont-inicior]=sacf[cont];
conjuntor2[cont-inicior]=sacff[cont];
mediar3+=conjuntor3[cont-inicior];
mediar1+=conjuntor1[cont-inicior];
mediar2+=conjuntor2[cont-inicior];
ndr++;
}
}
media1/=ndados;
media2/=ndados;
media3/=ndados;
mediar1/=ndr;
mediar2/=ndr;
mediar3/=ndr;

for(cont=inicio;cont<fim;cont++){
conjunto1[cont-inicio]-=media1;
conjunto2[cont-inicio]-=media2;
conjunto3[cont-inicio]-=media3;
}
for(cont=inicior;cont<fimr;cont++){
conjuntor1[cont-inicior]-=mediar1;
conjuntor2[cont-inicior]-=mediar2;
conjuntor3[cont-inicior]-=mediar3;
}

rms1=rmsmedio(conjunto1,ndados);
rms2=rmsmedio(conjunto2,ndados);
rms3=rmsmedio(conjunto3,ndados);
rmsr1=rmsmedio(conjuntor1,ndr);
rmsr2=rmsmedio(conjuntor2,ndr);
rmsr3=rmsmedio(conjuntor3,ndr);

mag1=log10(rms1)+4.4;
mag2=log10(rms2)+4.4;
mag3=log10(rms3)+4.7;

msr1=log10(rmsr1)+4.4;
msr2=log10(rmsr2)+4.4;
msr3=log10(rmsr3)+4.7;

if(mag1>mag2 || mag1>mag3){
if(mag2>mag3){
magnitude=mag2;
ruido=msr2;
}
else{
magnitude=mag3;
ruido=msr3;
}
}
if(mag2>mag1 || mag2>mag3){
if(mag1>mag3){
magnitude=mag1;
ruido=msr1;
}
else{

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176

magnitude=mag3;
ruido=msr3;
}
}
if(mag3>mag1 || mag3>mag2){
if(mag1>mag2){
magnitude=mag1;
ruido=msr1;
}
else{
magnitude=mag2;
ruido=msr2;
}
}

fprintf(saida_dt,"# Numero do Arquivo: %d -


Evento: %d\n",siscont,++sis);
fprintf(saida_dt,"%s - MAG : %.1f - MAGruido :
] %.1f\n",fnameZ,mag3,msr3);
fprintf(saida_dt,"%s - MAG : %.1f - MAGruido :
%.1f >>>>> MAGNITUDE: %.1f\n",fnameN,mag1,msr1,magnitude);
fprintf(saida_dt,"%s - MAG : %.1f - MAGruido :
%.1f\n",fnameE,mag2,msr2);
fprintf(saida_dt,"--------------------------------------------------------\n");

/***************************************************/
/* Impressao de dados resumidos na forma de tabela */
/***************************************************/
ano=sachhh.nzyear;
jd=sachhh.nzjday;
hh=sachhh.nzhour;
mm=sachhh.nzmin;
seg=(float)sachhh.nzsec+0.001*(float)sachhh.nzmsec-sachhh.a;

while(seg<0){
seg+=60;
--mm;
}
while(mm<0){
mm+=60;
--hh;
}
while(hh<0){
hh+=24;
--jd;
}
while(jd<0){
jd+=365.25;
ano--;
}

fprintf(saida_tab,"%4d %3d/%4d %2d:%2d:%4.1f %4.1f %4.1f -


%s\n",sis,jd,ano,hh,mm,seg,magnitude,ruido,fnameZ);
}

else{
fprintf(saida_dt,"# Numero do Arquivo: %d\n",siscont);
fprintf(saida_dt,"%s - Este arquivo nao possui marca de P\n",fnameZ);
fprintf(saida_dt," %s %s %s\n",fnameZ,fnameN,fnameE);
fprintf(saida_dt,"--------------------------------------------------------\n");

if(opt==1){
sprintf(sist,"rm %s %s %s\n",fnameZ,fnameN,fnameE);
system(sist);
}
}
}

fclose(lista);
fclose(saida_tab);
fclose(saida_dt);
return 0;
}
//
//
//
//

Mecanismos Focais e Esforços Litosféricos no Brasil


177

float rmsmedio (float *valor,int ndados){


int contr;
float rmsm;

for(contr=0,rmsm=0;contr<ndados;contr++)
rmsm+=pow(valor[contr],2);

return sqrt(rmsm/ndados);
}

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