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MINISTÉRIO DA DEFESA

EXÉRCITO BRASILEIRO

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA

CURSO DE MESTRADO EM ENGENHARIA DE TRANSPORTES

Cap TACIANA REY DE JESUS SOBRAL

CONCRETOS SOB CARGAS DE IMPACTO

PARA A SEGURANÇA DAS VIAS PÚBLICAS

Rio de Janeiro

2011
INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA

Cap TACIANA REY DE JESUS SOBRAL

CONCRETOS SOB CARGAS DE IMPACTO

PARA A SEGURANÇA DAS VIAS PÚBLICAS

Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de

Mestrado em Engenharia de Transportes do Instituto Militar de Engenharia, como

requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Ciências em Engenharia

de Transportes.

Orientador: Prof. Luiz Antonio Vieira Carneiro - D.Sc.

Co-orientação: Profa Ana Maria A. J. Teixeira - D.Sc.

Rio de Janeiro

2011
c2011

INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA


Praça General Tibúrcio, 80- Praia Vermelha
Rio de Janeiro – RJ CEP 22290-270

Este exemplar é de propriedade do Instituto Militar de Engenharia, que poderá


incluí-lo em base de dados, armazenar em computador, microfilmar ou adotar
qualquer forma de arquivamento.

É permitida a menção, reprodução parcial ou integral e a transmissão entre


bibliotecas deste trabalho, sem modificação de seu texto, em qualquer meio que
esteja ou venha a ser fixado, para pesquisa acadêmica, comentários e citações,
desde que sem finalidade comercial e que seja a referência bibliográfica completa.

Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do autor e dos


orientadores.

629.04
S677c Sobral, Taciana Rey de Jesus.
Concretos sob cargas de impacto para a segurança das
vias públicas / Taciana Rey de Jesus Sobral. - Rio de Janeiro:
Instituto Militar de Engenharia, 2011.
172p. : il., graf., tab.

Dissertação (mestrado). – Instituto Militar de Engenharia. –


Rio de Janeiro, 2011.

1. Engenharia de Transportes. 2. Concreto.


3. Fibras de Aço. 4. Cargas de Impacto. I.Título
II.Instituto Militar de Engenharia.

CDD 629.04

2
3
AGRADECIMENTOS

Agradeço a todas as pessoas que estiveram ao meu lado me incentivando e

apoiando nos momentos de dificuldade e tornaram possível a realização deste

trabalho e a oportunidade de ampliar meus horizontes.

Meus familiares, cônjuge e mestres.

Em especial ao meu Professor Orientador Major Luiz Antonio Vieira Carneiro e

à Professora Co-orientadora Capitão Ana Maria Abreu Jorge Teixeira, por suas

disponibilidades e atenções, e principalmente pelo apoio nas horas de dificuldade.

Ao Instituto Militar de Engenharia, em especial aos professores da SE-2, pelos

ensinamentos passados tanto técnicos quanto de profissionalismo e amizade, o

que os torna dignos de serem membros desse renomado Centro de Excelência.

Ao Gen Amir, ex-comandante do CAEx, e ao Gen Ratton, atual comandante do

CAEx, pela cessão das instalações do CAEx para a realização dos ensaios

balísticos.

À FAPERJ, pelo apoio financeiro referente ao projeto de pesquisa nº E-

26/190.062/2008 intitulado Concreto Blindado para Segurança e Proteção contra

Armas Balísticas.

Ao pessoal dos Laboratórios e da secretaria da SE/2 do IME, Wanderley,

Mauro, Leonardo, Cb Ariomar e Sd Willmax, pela contribuição indispensável

durante a realização da parte experimental deste trabalho.

Ao senhor José Nilson da Silveira, gerente de vendas e aplicação da Vulkan do

Brasil Ltda, pela doação das fibras de aço.

Ao senhor Engenheiro Rodrigo Menegaz Müller, Supervisor de Acessoria

Técnica/RJ da Holcim Brasil S.A., pela doação do cimento utilizado neste trabalho.

À professora Andréia Sarmento, pelo fornecimento da microssílica e

superplastificante utilizado neste trabalho.

4
Dedico este trabalho aos meus pais, Roberto

e Vera, in memorian, que sempre me apoiaram e

foram responsáveis pelas grandes decisões

tomadas que me trouxeram ao presente

momento, ao meu marido Rodrigo pela paciência,

compreensão e apoio nos momentos em que

estive ausente e ao meu filho que me trouxe a

alegria necessária para querer mais cada dia.

5
SUMÁRIO

LISTA DE ILUSTRAÇÕES ............................................................................... 10


LISTA DE TABELAS ........................................................................................ 15
LISTA DE SÍMBOLOS ..................................................................................... 17

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 21

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................................... 24


2.1. Concreto Reforçado com Fibras.......................................................... 24
2.1.1. Histórico .............................................................................................. 24
2.1.2. Composição ........................................................................................ 27
2.1.2.1. Matriz Cimentícia ................................................................................ 27
2.1.2.2. Fibras .................................................................................................. 28
2.1.3. Parâmetros Influentes no seu Comportamento .................................. 33
2.1.3.1. Módulo de Elasticidade dos Materiais ................................................ 34
2.1.3.2. Fator de Forma das Fibras ................................................................. 35
2.1.3.3. Forma Geométrica das Fibras............................................................. 37
2.1.3.4. Teor Volumétrico das Fibras................................................................ 39
2.1.3.5. Orientação das Fibras ......................................................................... 41
2.1.3.6. Massa Específica das Fibras .............................................................. 42
2.1.4. Normatização Brasileira ...................................................................... 42
2.2. Conceitos Balísticos............................................................................. 45
2.2.1. Normatização para Ensaio Balístico.................................................... 45
2.2.2. Propagação de Ondas......................................................................... 48
2.2.3. Balística .............................................................................................. 51
2.3. Munição .............................................................................................. 57
2.3.1. Constituição da Munição ..................................................................... 57
2.3.1.1. Propelente ........................................................................................... 58
2.3.1.2. Espoleta ou Cápsula ........................................................................... 58
2.3.1.3. Invólucro ............................................................................................. 59
2.3.1.4. Projéteis .............................................................................................. 61

6
2.3.2. Calibre.................................................................................................. 63
2.3.2.1. Sistema de Nomenclatura Europeu..................................................... 64
2.3.2.2. Sistema de Nomenclatura Inglês......................................................... 66
2.3.2.3. Sistema de Nomenclatura Norte-americano........................................ 67
2.3.3. Projéteis Utilizados nos Estudos ......................................................... 68
2.3.3.1. Projétil de Calibre 9 mm ...................................................................... 68
2.3.3.2. Projétil de Calibre 7,62mm .................................................................. 70
2.3.3.3. Projéteis de Calibre .50 pol.................................................................. 71
2.4. Concretos sob Ação de Cargas de Impacto ....................................... 72
2.4.1. Formulações Existentes sobre Impacto de Projéteis em Concretos .. 76
2.4.1.1. ACE (Army Corps of Engineers) apud LI et al. (2005) ……………….. 76
2.4.1.2. CHANG apud LI et al. (2005) .............................................................. 78
2.4.1.3. CEA–EDF (France Atomic Energy – Eletricité de France) apud LI et
al. (2005) .......................................................................................................... 79
2.4.1.4. CHELAPATI et al. (1972) apud LI et al. (2005) ……………………….. 79
2.4.1.5. BRL (Ballistic Research Laboratory) Modificada apud LI et al. (2005) 80
2.4.1.6. NDRC (National Defense Research Committee) Modificada apud LI
81
et al. (2005) …………………………………………………………………............
2.4.1.7 HALDAR e HAMIEH (1984) apud LI et al. (2005) …………………...... 83
2.4.1.8. PETRY Modificada apud LI et al. (2005) ……………………………..... 84
2.4.1.9. AMMANN e WHITNEY apud LI et al. (2005) ………………………….. 85
2.4.1.10. WHIFFEN (1943) apud LI et al. (2005) ……………………………….. 85
2.4.1.11. UKAEA (United Kingdom Atomic Energy Authority) apud LI et al.
86
(2005) ...............................................................................................................
2.4.1.12. BECHTEL apud LI et al. (2005) ……………………………………...... 88
2.4.1.13. STONE e WEBSTER apud LI et al. (2005) …………………………... 88
2.4.1.14. DEGEN apud LI et al. (2005) ………………………………………….. 89
2.4.1.15. ADELI e AMIN apud LI et al. (2005) ................................................. 90
2.5. Estudos Existentes sobre Cargas de Impacto em Concreto............... 94
2.5.1. POLANCO-LORIA et al. (2008)………………………………………….. 94
2.5.2. VOSSIYGUI et al. (2007)..................................................................... 94
2.5.3. ZHANG et al. (2005)............................................................................ 95
2.5.4. AGARDH e LAINE (1999) ................................................................... 96

7
2.5.5. TENG et al. (2005)………………………………………………………… 97
2.5.6 DANCYGIER (2000)……………………………………..……………….. 97
2.5.7. TELAND e SJOL (2004) ………………………………..………………... 98
2.5.8. ONG et al. (1999)…………………………………………………………. 99
2.5.9. GARCEZ et al. (2004)……………………………………………………. 99

3. PROGRAMA EXPERIMENTAL .................................................................. 101


3.1. Introdução ………………………………………………........…………..... 101
3.2. Ensaios Realizados…………………………………......………………… 102
3.3. Materiais .............................................................................................. 103
3.3.1. Concretos ............................................................................................. 103
3.3.2. Fibras de Aço ....................................................................................... 107
3.4. Descrição das Placas .......................................................................... 108
3.5. Execução das Placas ........................................................................... 109
3.6. Ensaio Balístico ................................................................................... 113
3.6.1 Caracterização dos Projéteis Empregados........................................... 116
3.7. Resultados dos Ensaios ...................................................................... 118
3.7.1. Resistência do Concreto à Compressão ............................................. 118
3.7.2. Módulo de Elasticidade Longitudinal do Concreto ............................... 120
3.7.3 . Variação de Massa das Placas de Concreto ....................................... 122
3.7.4. Comprimento de Penetração do Projétil .............................................. 126
3.7.5. Aspecto das Placas após Impacto ....................................................... 130
3.7.5.1. Placas do grupo I ................................................................................ 130
3.7.5.2. Placas do grupo II ............................................................................... 131
3.7.5.3. Placas do grupo III .............................................................................. 133
3.7.5.4. Placas do grupo IV .............................................................................. 134

4. ANÁLISE DOS RESULTADOS ................................................................... 136


4.1. Introdução ………………………...…………….………………………...... 136
4.2. Resistência Média do Concreto à Compressão .................................... 136
4.3. Módulo de Elasticidade Longitudinal do Concreto ................................ 138
4.4. Variação de Massa das Placas de Concreto ........................................ 139
4.5. Comprimento de Penetração do Projétil ............................................... 139

8
4.6. Espessura Mínima Necessária Contra Perfuração ............................... 151
4.7. Espessura Mínima Necessária Contra Estilhaçamento ........................ 158

5. CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS ............ 163

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................... 168

9
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIG 2.1 Carga deslocamento vertical para material frágil (a) e material
dúctil (b).......................................................................................... 26
FIG 2.2 Classificação das fibras.................................................................. 29
FIG 2.3 Composição química das fibras segundo BIFSA............................. 30
FIG 2.4 Alguns exemplos de fibras............................................................... 31
FIG 2.5 Gráfico do comportamento do compósito com diferentes módulos
de elasticidade................................................................................. 34
FIG 2.6 Fibra com representação da medida de comprimento e de
diâmetro equivalente a seção transversal........................................ 36
FIG 2.7 Consumo de fibra x fator de forma................................................... 36
FIG 2.8 Fibras de aço de diferentes formatos no mercado........................... 38
FIG 2.9 Gráfico de cargas de arrancamento de uma fibra com gancho e
outra reta.......................................................................................... 39
FIG 2.10 Gráfico do comportamento de compósitos reforçados com
diferentes tipos de fibras durante ensaio de tração na flexão.......... 40
FIG 2.11 Curvas típicas de tensão tração x deformação específica para
ausência, baixo e alto volume de fibras .......................................... 41
FIG 2.12 Arranjo para ensaio balístico............................................................ 47
FIG 2.13 Deformação linear de um elemento de barra submetido a uma
força F.............................................................................................. 49
FIG 2.14 Elemento de barra após uma perturbação...................................... 49
FIG 2.15 Força de reação dos elementos de barra........................................ 50
FIG 2.16 Trajeto da bala dentro do cano......................................................... 52
FIG 2.17 Projétil na saída do cano com a ação dos gases ............................ 52
FIG 2.18 Forças atuantes no projétil de 7,62mm a 850m/s, isto é, a 2,5
vezes a velocidade do som (300m/s)............................................... 53
FIG 2.19 Um projétil de 9 mm com velocidade um pouco superior................. 55
FIG 2.20 Elementos constituintes de um cartucho ......................................... 57
FIG 2.21 Espoleta............................................................................................ 59

10
FIG 2.22 Invólucro........................................................................................... 60
FIG 2.23 Projétil............................................................................................... 61
FIG 2.24 Projéteis 9mm................................................................................... 68
FIG 2.25 Projétil calibre 7,62mm..................................................................... 71
FIG 2.26 Projétil .50 pol BMG.......................................................................... 72
FIG 2.27 Efeito local da penetração (x) e o destacamento............................. 73
FIG 2.28 Efeito local da formação da crosta................................................... 74
FIG 2.29 Efeito local da perfuração................................................................. 74
FIG 2.30 Efeito local de uma falha de cisalhamento por perfuração com
formação de tronco de cone............................................................. 74
FIG 2.31 Curva Kp x fc ..................................................................................... 85
FIG 3.1 Vista dos moldes quadrados de madeira resinada utilizados 105
FIG 3.2 Moldes cilíndricos de aço................................................................. 106
FIG 3.3 Execução do ensaio de abatimento do tronco de cone do concreto
de fcm = 29,5 MPa............................................................................. 106
FIG 3.4 Fibras de aço utilizadas nos concretos............................................ 107
FIG 3.5 Forma geométrica das fibras de aço segundo fabricante................ 108
FIG 3.6 Vista da betoneira de 320 l de capacidade utilizada........................ 109
FIG 3.7 Adensamento do concreto das placas............................................. 111
FIG 3.8 Adensamento do concreto dos cilindros........................................... 111
FIG 3.9 Sequência de execução do concreto com fibras.............................. 112
FIG 3.10 Aspecto do concreto usado nas placas............................................ 113
FIG 3.11 Aspecto das placas imediatamente após a concretagem................ 113
FIG 3.12 Estrutura para o ensaio balístico...................................................... 115
FIG 3.13 Túnel para medida da velocidade de tiro......................................... 115
FIG 3.14 Pórtico em aço para colocação da placa de concreto...................... 116
FIG 3.15 Placa de 25,4 mm, sem fibras, após impacto de projétil de
7,62mm............................................................................................. 131
FIG 3.16 Placa de 38,1 mm com fibra média no teor volumétrico de fibra de
40 kg/m3 de concreto após impacto de projétil de 9
mm.................................................................................................... 131

11
FIG 3.17 Placa de concreto de 150 mm de espessura, fc = 30 MPa e teor
volumétrico de 120 kg/m3 de concreto de fibra após impacto de
projétil de .50 pol.............................................................................. 132
FIG 3.18 Placa de concreto de 150mm de espessura, teor volumétrico de
80Kg/m3 de concreto de fibras longas, após impacto por projétil
de .50pol........................................................................................... 133
FIG 3.19 Placa de concreto do grupo III sem fibra sob a ação de impacto de
projétil de .50pol............................................................................... 134
FIG 3.20 Placa de concreto de 100 mm de espessura com fc = 30MPa, teor
volumétrico de fibra de 80 kg/m3 de concreto.................................. 135
FIG 3.21 Placa de concreto de fc = 30 MPa, sem fibra, após tiro de projétil
de .50 pol.......................................................................................... 135
FIG 4.1 Valores de xp teórico segundo o ACE (Army Corps of Engineers)
apud LI et al. (2005) e experimental para as placas ensaiadas dos
grupos I a IV..................................................................................... 141
FIG 4.2 Valores de xp teórico segundo o ACE (Army Corps of Engineers)
apud LI et al. (2005) e experimental para as placas ensaiadas dos
grupos I a IV com fc de 30 MPa a 90 MPa....................................... 141
FIG 4.3 Valores de xp teórico segundo CHELAPATI et al. (1972) apud LI
et al. (2005) e experimental para as placas ensaiadas dos grupos
I a IV................................................................................................. 142
FIG 4.4 Valores de xp teórico segundo CHELAPATI et al. (1972) apud LI
et al. (2005) e experimental para as placas ensaiadas dos grupos
I a IV com fc de 30 MPa a 90 MPa .................................................. 142
FIG 4.5 Valores de xp teórico segundo BRL (Ballistic Research
Laboratory) Modificada apud LI et al. (2005) e experimental para
as placas ensaiadas dos grupos I a IV............................................. 143
FIG 4.6 Valores de xp teórico segundo BRL (Ballistic Research
Laboratory) Modificada apud LI et al. (2005) e experimental para
as placas ensaiadas dos grupos I a IV com fc de 30 MPa a 90
MPa.................................................................................................. 143

12
FIG 4.7 Valores de xp teórico segundo a NDRC (National Defense
Research Committee) Modificada apud LI et al. (2005) e
experimental para as placas ensaiadas dos grupos I a IV............... 144
FIG 4.8 Valores de xp teórico segundo a NDRC (National Defense
Research Committee) Modificada apud LI et al. (2005) e
experimental para as placas ensaiadas dos grupos I a IV com fc
de 30 MPa a 90 MPa........................................................................ 144
FIG 4.9 Valores de xp teórico segundo HALDAR e HAMIEH (1984) apud LI
et al. (2005) e experimental para as placas ensaiadas dos grupos
I a IV................................................................................................. 145
FIG 4.10 Valores de xp teórico segundo HALDAR e HAMIEH (1984) apud LI
et al. (2005) e experimental para as placas ensaiadas dos grupos
I a IV com fc de 30 MPa a 90 MPa .................................................. 145
FIG 4.11 Valores de xp teórico segundo PETRY Modificada apud LI et al.
(2005) e experimental para as placas ensaiadas dos grupos I a
IV...................................................................................................... 146
FIG 4.12 Valores de xp teórico segundo PETRY Modificada apud LI et al.
(2005) e experimental para as placas ensaiadas dos grupos I a IV
com fc de 30 MPa a 90 MPa............................................................ 146
FIG 4.13 Valores de xp teórico segundo AMMANN e WHITNEY apud LI et
al. (2005) e experimental para as placas ensaiadas dos grupos I a
IV...................................................................................................... 147
FIG 4.14 Valores de xp teórico segundo AMMANN e WHITNEY apud LI et
al. (2005) e experimental para as placas ensaiadas dos grupos I a
IV com fc de 30 MPa a 90 MPa........................................................ 147
FIG 4.15 Valores de xp teórico segundo WHIFFEN (1943) apud LI et al.
(2005) e experimental para as placas ensaiadas dos grupos I a
IV...................................................................................................... 148
FIG 4.16 Valores de xp teórico segundo WHIFFEN (1943) apud LI et al.
(2005) e experimental para as placas ensaiadas dos grupos I a IV
.com fc de 30 MPa a 90 MPa........................................................... 148

13
FIG 4.17 Valores de xp teórico segundo a UKAEA (United Kingdom Atomic
Energy Authority) apud LI et al. (2005) e experimental para as
placas ensaiadas dos grupos I a IV.................................................. 149
FIG 4.18 Valores de xp teórico segundo a UKAEA (United Kingdom Atomic
Energy Authority) apud LI et al. (2005) e experimental para as
placas ensaiadas dos grupos I a IV com fc de 30 MPa a 90
MPa.................................................................................................. 149

14
LISTA DE TABELAS

TAB 2.1 Características de algumas fibras................................................... 32


TAB 2.2 Nível de proteção do sistema de blindagem quanto ao impacto
balístico .......................................................................................... 47
TAB 2.3 Expressões existentes para avaliação do comprimento de
penetração xp ................................................................................. 91
TAB 2.4 Expressões existentes para avaliação da espessura mínima
necessária contra a perfuração tpf ................................................. 92
TAB 2.5 Expressões existentes para avaliação da espessura mínima
necessária contra o estilhaçamento te ........................................... 93
TAB 3.1 Composição por m3 de concreto das placas .................................. 105
TAB 3.2 Características das fibras de aço.................................................... 107
TAB 3.3 Placas de concreto ensaiadas ....................................................... 110
TAB 3.4 Características do projétil de 9mm................................................. 117
TAB 3.5 Características do projétil de 7,62mm............................................ 117
TAB 3.6 Características do projétil .50 BMG................................................ 117
TAB 3.7 Resultados de resistência média do concreto à compressão em
MPa das placas ensaiadas ............................................................ 118
TAB 3.8 Resultados médios de módulo de elasticidade longitudinal
secante em GPa dos concretos das placas ensaiadas ................. 120
TAB 3.9 Placas de concreto do grupo I ....................................................... 123
TAB 3.10 Placas de concreto do grupo II....................................................... 124
TAB 3.11 Placas de concreto do grupo III...................................................... 125
TAB 3.12 Placas de concreto do grupo IV..................................................... 126
TAB 3.13 Placas de concreto do grupo I ....................................................... 126
TAB 3.14 Placas de concreto do grupo II ...................................................... 127
TAB 3.15 Placas de concreto do grupo III ..................................................... 128
TAB 3.16 Placas de concreto do grupo IV...................................................... 129
TAB 4.1 Valores médios de xp teo/xp exp e de desvio padrão ........................ 150
TAB 4.2 Valores teóricos de tpf para as placas do grupo I ........................... 153

15
TAB 4.3 Valores teóricos de tpf para as placas do grupo II .......................... 154
TAB 4.4 Valores teóricos de tpf para as placas do grupo III ......................... 155
TAB 4.5 Valores teóricos de tpf para as placas do grupo IV......................... 156
TAB 4.6 Valores teóricos de te para as placas do grupo I ........................... 159
TAB 4.7 Valores teóricos de te para as placas do grupo II .......................... 160
TAB 4.8 Valores teóricos de te para as placas do grupo III ......................... 161
TAB 4.9 Valores teóricos de te para as placas do grupo IV.......................... 162

16
LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS

ABREVIATURAS

C - coeficiente da espessura do alvo de concreto e do diâmetro do projétil


d - diâmetro do projétil
dx - espessura da seção da barra
Dmáx - dimensão máxima do agregado graúdo do concreto
fc - resistência do concreto à compressão
F - força aplicada na barra
F’ - força de reação da barra
Ia - coeficiente de impacto adimensional
K, Kp - coeficientes dependentes da resistência do concreto à compressão
l - comprimento final da barra
lo - comprimento inicial da barra
m - massa do projétil
N - fator de forma da ponta do projétil
S - área da seção transversal da barra
t - espessura do alvo de concreto
te - espessura mínima necessária contra estilhaçamento
tpf - espessura mínima necessária contra perfuração
v - velocidade do projétil
xp - espessura de penetração

17
SÍMBOLOS

ρ - densidade do material
ρc - densidade do concreto
ψ - deslocamento da seção da barra
dψ - deformação da seção da barra

18
RESUMO

A violência urbana está em jornais e revistas diariamente. Os constantes

tiroteios nas vias públicas entre policias e bandidos despertam grandes

preocupações com a segurança e interesse em soluções que amenizem esses

problemas e que ajudem na proteção dos usuários, funcionários e policiais que

trabalham nestas vias, e na conservação de sua infraestrutura.

Com a motivação de propor solução para tentar contornar os problemas acima

citados, este trabalho tem por objetivo estudar o comportamento de concretos sem

ou com fibras de aço, submetidos a cargas de impacto de projéteis como uma

opção para auxiliar na segurança das vias públicas, seja dos usuários,

trabalhadores ou policiais que monitoram essas vias.

Para tal, elaborou-se um programa experimental que contemplou ensaios

balísticos em 117 placas de concretos de diferentes composições e espessuras.

Os parâmetros que foram variados neste programa experimental foram a

resistência do concreto à compressão (fc = 30 MPa, 70 MPa e 90 MPa), o tipo

(fibras longas e fibras médias) e o teor volumétrico das fibras de aço (Vf = 40 kg/m3,

80 kg/m3 e 120 kg/m3), a espessura das placas (t = 25,4 mm, 38,1 mm, 50,8 mm,

70,0 mm, 100,0 mm e 150,0 mm), e o calibre (d = .50 pol, 7,62 mm e 9 mm) e a

velocidade de impacto dos projéteis (v = 326,8 m/s a 915,5 m/s). Todas as placas

de concreto eram quadradas, de 30 cm de dimensão, e foram submetidas a apenas

um tiro próximo da sua região central.

Concluiu-se que o concreto reforçado com fibras, quando bem projetado, pode

ser uma boa solução para o uso em barreiras de proteção contra projéteis dos

calibres utilizados neste trabalho, a altas velocidades de impacto, sendo possível a

obtenção de um traço de concreto com fibras, com características específicas que

não sofra perfuração ou estilhaçamento.

19
ABSTRACT

Urban violence is in daily newspapers and magazines. The constant shootouts

on public streets between police and bandits arouse great concern about security

and also about solutions that mitigate these problems, helping to protect users, staff

and police officers working in these paths, also preserving its infrastructure.

With the motivation to propose solution to try to circumvent the above

problems, this paper aims to study the behavior of concrete with or without steel

fibers, subjected to bullet impacts as an option to assist in the safety of public roads,

its users, employees or officers who monitor these pathways.

To this end, it was developed an experimental program that included ballistic

tests on 117 concrete short plates of various compositions and thicknesses.

The parameters that were varied in this experimental program were the

compressive strength of concrete (fc = 30 MPa, 70 MPa and 90 MPa), type (long

fibers and fiber medium) and the volume ratio of steel fibers (Vf = 40 kg/m3, 80

kg/m3 and 120 kg/m3), the thickness (t = 25.4 mm, 38.1 mm, 50.8 mm, 70.0 mm,

100.0 mm and 150.0 mm) and caliber (d = .50 inch, 7.62 mm and 9 mm) and the

impact velocity of projectiles (from v = 326.8 m / s to 915.5 m / s). All concrete short

plates were square, 30 cm in size, and were subjected to only one shot near its

central region.

It was concluded that the fiber reinforced concrete can be a good solution for

use in protective barriers against the calibers used in this study, with high impact

speeds, making it possible to obtain a mix of concrete with fibers that does not

occur perforation or scabbing.

20
1. INTRODUÇÃO

As vias públicas são cenários comuns nos relatos da violência nos grandes

centros urbanos. No Rio de Janeiro, as preocupações são com as linhas amarela e

vermelha, e outras vias de grande fluxo de veículos, onde a localização permite a

ação de bandidos e troca de tiros com policiais trazendo riscos aos usuários

dessas vias.

A reportagem do jornal online “O Globo”, de 20 de fevereiro de 2009, cujo título

é “Linha Amarela também poderá ganhar muro”, retrata bem a questão da

preocupação com a segurança nas vias urbanas.

Na construção civil constantemente surgem novos materiais e novas

tecnologias, tanto de aplicação quanto de fabricação desses materiais, buscando

atender a necessidades estruturais e arquitetônicas.

A composição do concreto, que é o material mais comumente utilizado em

infraestrutura de transportes, seja armado ou protendido, devido às vantagens que

apresenta como resistência à compressão, durabilidade, facilidade executiva e

viabilidade econômica, vem sendo amplamente estudada e modificada para

aumentar as suas possibilidades de aplicação. Isso ocorre porque o concreto

simples é um material que apresenta comportamento frágil de ruptura, baixa

resistência à tração e pequena capacidade de deformação. Além disso, o

concreto, como outros materiais, sofre desgaste superficial e fissuração. Estes

tipos de problemas podem ser causados por diversos fatores como abrasão,

erosão, cavitação, cargas cíclicas, sobrecargas e cargas de impacto.

Atualmente, na busca por minimizar as fragilidades do concreto, estão sendo

utilizadas fibras dispersas e descontínuas em sua constituição, sendo chamado de

concreto reforçado com fibras (CRF). Ele tem se mostrado bastante eficaz,

21
trazendo benefícios estruturais como a redução de fissuras e o aumento da

resistência à tração na flexão.

As melhores propriedades mecânicas do CRF em relação ao convencional e os

benefícios estruturais adquiridos com a melhoria de suas propriedades estão sendo

aplicados e estudados por diversas áreas. Pode-se citar a aplicação na área de

infraestrutura de transportes, em que são necessárias estruturas resistentes às

cargas dinâmicas (portos, pistas de aeroporto, barreiras rodoviárias, cabines de

pedágios, passarelas, viadutos, postos policiais, entre outras). O concreto

reforçado com fibras já é utilizado em túneis e pode ter seus estudos de

aplicabilidade nas infraestruturas de transporte estendidos às defensas, postes e

pilares de pontes e viadutos, principalmente por serem estruturas sujeitas à cargas

de impacto.

O presente trabalho tem por objetivo estudar o comportamento do CRF

submetido à cargas de impacto de projéteis como uma opção para auxiliar na

segurança das vias públicas, seja dos usuários, trabalhadores ou policiais que

monitoram essas vias, visando sua aplicação em cabines de pedágios, em muros

de proteção de vias de risco, como a Linha Amarela e a Linha Vermelha, na cidade

do Rio de Janeiro, em barreiras rodoviárias e outros, a fim de proporcionar locais

de proteção aos usuários e o menor prejuízo à infraestrutura quando atingida.

A dissertação foi estruturada em cinco capítulos. Após a introdução feita no

primeiro capítulo, o segundo capítulo apresenta, de forma sucinta, uma revisão

bibliográfica sobre o histórico, a composição e os parâmetros que influenciam o

comportamento de concretos reforçados com fibras. Além disto, relatam-se

conceitos balísticos, as formulações encontradas na literatura sobre a avaliação do

comprimento de penetração e das espessuras mínimas necessária para não

ocorrer a perfuração e o estilhaçamento do concreto sob impacto de projéteis e

alguns estudos encontrados na literatura sobre cargas de impacto em concreto.

22
No terceiro capítulo, detalha-se o programa experimental desenvolvido neste

trabalho, com a apresentação dos materiais empregados, das descrição e

execução das placas de concreto executadas, ensaios de caracterização dos

concretos destas placas, os ensaios balísticos de 117 placas quadradas de

concretos sem ou com fibras de aço de diferentes espessuras e os resultados

obtidos nos ensaios.

A análise dos resultados obtidos dos ensaios é realizada no quarto capítulo,

por meio de comparações entre os valores dos parâmetros investigados. Além

disto, são feitas comparações entre os resultados teóricos de formulações e os

resultados experimentais encontrados dos testes balísticos na literatura.

O quinto capítulo apresenta as principais conclusões deste trabalho e algumas

sugestões para futuros estudos sobre o tema.

23
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Concreto Reforçado com Fibras

2.1.1. Histórico

O conceito de reforço com fibras nos materiais de construção não é novidade.

As fibras têm sido aplicadas em construções desde os primórdios da história. Há

evidências de que fibras de asbesto foram utilizadas para reforçar postes de argila

há 5 mil anos, tijolos de adobe (tijolos crus e secados ao sol) eram reforçados com

fibras vegetais da Babilônia e pêlos de animais eram utilizados como reforços em

argamassa de enchimento de paredes há centenas de anos.

As fibras são materiais que possuem também grande resistência à tração.

Quando adicionadas ao concreto fresco passam a fazer parte da mistura de forma

a proporcionar melhor desempenho. Este conceito existe há milhares de anos,

pois no passado já se fazia uso de palha misturada ao barro na confecção de tijolos

e peças cerâmicas, elevando a resistência ao impacto e às intempéries (variações

de umidade e temperatura), aumentando assim sua durabilidade.

A utilização da palha misturada com o barro na construção civil já ocorria no

Egito Antigo, como nos reportam as Sagradas Escrituras: “Naquele mesmo dia o

Faraó deu esta ordem aos inspetores do povo e aos capatazes: não continueis a

fornecer palha ao povo, como antes, para o fabrico dos tijolos” (Êxodo 5, 6-7). Eis

então os chamados materiais compósitos.

24
Compósito é basicamente um material em cuja composição entram dois ou

mais tipos de materiais diferentes. Alguns exemplos são metais e polímeros, metais

e cerâmicas ou polímeros e cerâmicas.

Os materiais que podem compor um material compósito podem ser

classificados em dois tipos: matriz e reforço. O material matriz é o que confere

estrutura ao material compósito, preenchendo os espaços vazios que ficam entre

os materiais reforços e mantendo-os em suas posições relativas.

Os materiais reforços são os que realçam propriedades mecânicas,

eletromagnéticas ou químicas do material compósito como um todo. Pode ainda

surgir uma sinergia entre material matriz e materiais reforços que resulte no

material compósito final, em propriedades não existentes nos materiais originais.

Hoje a utilização de compósitos cresceu em diversidade, podendo ser

encontrado em várias aplicações na construção civil como telhas, painéis de

vedação vertical e estruturas de concreto como túneis e pavimentos, onde o

concreto reforçado com fibras vem progressivamente ampliando sua aplicação.

Há quase quarenta anos, a comunidade técnica e científica despertou para o

uso do concreto reforçado com fibras através de ROMUALDI e MANDEL (1964)

que, utilizando conceitos de mecânica da fratura, previram que a resistência à

tração do concreto, na formação da primeira fissura, poderia ser significativamente

aumentada com a adição de pedaços curtos de arame metálico. Mais tarde, os

resultados dos autores não foram plenamente confirmados, como se pôde

constatar através da literatura, mas a adição das fibras mostrou a possibilidade de

se transformar o concreto, um material de comportamento frágil, num material de

comportamento pseudo-dúctil. E é esta a principal contribuição da adição de fibras

ao concreto, conforme pode ser visto na FIG. 2.1.

25
FIG. 2.1: Carga deslocamento vertical para material frágil (a) e material dúctil

(b). Fonte: (GUIMARÃES e FIGUEIREDO, 2003).

MEHTA e MONTEIRO (1994) argumentam que produtos reforçados com fibras

não apresentam melhora substancial na resistência à tração quando comparados a

misturas sem fibras.

Entretanto, mesmo que se considere que as resistências últimas não

aumentem apreciavelmente, as deformações de tração na ruptura certamente

aumentam. Então, comparado ao concreto convencional, o concreto reforçado com

fibras pode ser considerado como mais tenaz e resistente ao impacto. Ou seja, as

fibras podem potencialmente se constituir em um importante fator para controlar a

fissuração de estruturas de concreto submetidas à cargas de elevada energia,

aplicadas num curto espaço de tempo. Esta é a principal justificativa para os

estudos em andamento.

Nestes casos, a principal contribuição da fibra é transformar matrizes

tipicamente frágeis em materiais “quase dúcteis”, como definiram BENTUR e

MINDESS (1990). Este comportamento torna interessante o uso deste material nos

casos de solicitações por fadiga e impacto, quando se deseja uma maior

durabilidade pela redução da fissuração e até na redução ou substituição da

armadura secundária, como consequência da redistribuição dos esforços. Estes

26
casos são mais comuns nos elementos estruturais de superfície, ou seja,

elementos nos quais uma dimensão, a espessura, é pequena em relação às

demais (lajes, chapas e cascas), assim, as aplicações mais comuns do CRF são

em pavimentação rodoviária, pavimentação industrial e de aeroportos,

revestimentos de túneis NATM (New Austrian Tunneling Method) em concreto

projetado, segmentos de anéis de túneis, entre outros.

2.1.2. Composição

Para se entender melhor as características de um concreto reforçado com

fibras é necessário que se conheçam suas partes constituintes e suas

propriedades.

Esse tipo de concreto se constitui basicamente de matriz cimentícia e reforço

em fibras.

2.1.2.1. Matriz Cimentícia

Uma das vantagens do concreto é a capacidade de produzir estruturas com

infinitas formas. Também é capaz de apresentar uma grande variação de suas

propriedades em função do tipo de componentes principais e de suas proporções,

bem como de utilização ou não de uma grande variedade de aditivos e adições.

Essas vantagens devem-se a constituição de sua matriz cimentícia.

A matriz cimentícia do concreto é formada basicamente de três materiais:

cimento, areia e brita. Devido a sua composição, está propensa à formação de

27
fissuras que podem ou não já existir internamente. Essas fissuras prejudicam

muito mais o material quando solicitado à tração do que à compressão, pois na

tração a direção de propagação das fissuras é transversal à direção principal de

tensão e a cada nova fissura há uma diminuição da área que suportaria a carga de

tração e assim aumentam as tensões das extremidades das fissuras. Já quando o

concreto é submetido à compressão, ele rompe por surgirem inúmeras fissuras e

não por várias fissuras que se unem. Este é um comportamento de materiais

frágeis.

Esses três materiais quando adicionados a água, com ou sem outros aditivos

que podem compor o concreto, terão suas ligações mais fortes ou mais fracas,

determinando uma maior ou menor resistência do concreto à compressão ou

tração. As ligações entre esses materiais podem sofrer a influência de diversos

fatores: bolhas de ar, impurezas dos materiais, forma das fibras, tipo de fibra,

tamanho das fibras, propriedades, entre outras.

2.1.2.2. Fibras

Hoje, já existem diversos tipos de fibras no mercado que estão sendo

estudadas para utilização junto à matriz do concreto.

As fibras podem ser divididas em dois grupos: fibras naturais e fibras sintéticas,

segundo a BISFA – The Internacional Bureau for the Standardisation of man-made

fiber , como mostrado na FIG. 2.2.

As fibras classificadas como naturais podem ser subdivididas em vegetais,

animais e minerais. As fibras minerais são formadas por cadeias cristalinas com

grande comprimento, como as do asbesto. As fibras de origem animal têm cadeias

proteicas, enquanto as fibras vegetais apresentam natureza celulósica. As fibras

28
vegetais são aquelas que podem ser encontradas na natureza, como as fibras de

côco, bambu, de sisal e de algodão.

As fibras naturais são biodegradáveis, de fácil renovação e obtenção, baixo

custo, baixa densidade, altas propriedades específicas e não tóxicas. Apesar de

estas fibras sofrerem rápida degradação quando em meios alcalinos, podem sofrer

tratamentos para proteção contra a água e agentes agressivos e para melhorar a

aderência fibra-matriz. A utilização de fibras naturais pode representar uma

alternativa muito interessante para a construção no meio rural ou em construções

onde as exigências de desempenho não sejam elevadas.

FIG. 2.2: Classificação das fibras.

Fonte: MACCAFERRI (2007) – BIFSA (The International Bureau for the

standardisation of Man-made fibers).

As fibras sintéticas são aquelas industrializadas, como por exemplo: fibras de

carbono, fibras de aço, aramida, polipropileno, nylon, vidro, entre outras.Outra

29
característica que se pode estudar nas fibras são as suas composições químicas

estruturais que ajudam a compreender suas propriedades individuais. Na FIG. 2.3

são apresentados os elementos componentes de algumas fibras sintéticas.

FIG. 2.3: Composição química das fibras sintéticas segundo BIFSA.

(MACAFERRI , 2007).

A FIG. 2.4 apresenta diversos tipos de fibras disponíveis no mercado e que já

estão sendo utilizadas para compor alguns materiais.

Algumas propriedades e características das fibras estão reunidas na TAB. 2.1.

30
FIG. 2.4: Alguns exemplos de fibras (MACCAFERRI, 2007).

31
TAB. 2.1: Características de algumas fibras.
Material Diâmetro Densidade Módulo de Resistência Deformação
(µm) (g/cm3) elasticidade à tração na ruptura
(GPa) (MPa) (%)
Aço 5-500 7,84 190-210 0,5-2,0 0,5-3,5
Vidro 9-15 2,60 70-80 2-4 2-3,5
Amianto 0,02-0,4 2,6 160-200 3-3,5 2-3
Polipropileno 20-200 0,9 5-7,7 3,6 8,0
Kevlar 10 1,45 65-133 2,6 2,1-4,0
Carbono 9 1,9 230 0,9 1,0
Nylon - 1,1 4 0,3-0,5 13-15
Celulose - 1,2 10 0,4-1,0 -
Acrílico 18 1,18 14-19,5 0,7x10-3 3
Polietileno - 0,95 0,3 0,9 10
Fibra de - 1,5 71 0,8 -
madeira
Sisal N/A N/A 13-26 0,28 -0,57 3–5
Matriz de 2,50 10-45 3,7x10-3 0,02
cimento
Bagaço da 200-400 1,2-1,3 15-19 0,18-0,29 3-5
cana de
açucar
Bambu 50-400 1,5 33-40 0,35-0,5 N/A
Juta 100-200 1,02-1,04 26-32 0,25-0,35 1,5-1,9

Fonte: BENTUR e MINDESS (1990) e CAETANO et al. (2004).

No Brasil, são utilizados argamassas e concretos reforçados com fibras

sintéticas no reforço de estruturas.

32
A fibra mais utilizada na composição do concreto é a fibra de aço. Com isto,

cresceu muito a importância econômica deste material.

As vantagens do emprego do concreto reforçado com fibras de aço são bem

conhecidas do meio técnico internacional e começam a ser conhecidas

nacionalmente. Mindess chega a apontar a utilização de fibras no concreto como

de grande interesse tecnológico, mesmo em estruturas convencionais de concreto

armado, onde, em conjunto com o concreto de elevado desempenho, aumenta a

competitividade do material, quando comparado com outras tecnologias.

As fibras de aço são o foco deste trabalho e por isso merecem uma análise

individualizada para que se possa entender sua ação no comportamento do

concreto. Por isso, o próximo item aborda os principais parâmetros que

influenciam o comportamento do concreto reforçado com fibras, destacando a

utilização das fibras de aço.

2.1.3. Parâmetros Influentes no seu Comportamento

Os concretos reforçados com fibras são formados basicamente por duas fases:

a matriz e as fibras. No concreto reforçado com fibras (CRF), as fibras são

elementos descontínuos distribuídos aleatoriamente no concreto.

Quando o concreto é misturado com as fibras, há uma interação entre as

propriedades do concreto e das fibras, causando alterações no comportamento do

concreto, alterando suas propriedades para que se faça um dimensionamento

seguro das estruturas.

33
2.1.3.1. Módulo de Elasticidade dos Materiais

O módulo de elasticidade mede a relação entre a variação da tensão e a

variação da deformação específica do material em regime elástico. Quando se

analisa um material, verifica-se que quanto maior a carga aplicada e menor a

deformação do material, maior o módulo de elasticidade na direção do

carregamento, e vice-versa. Comparando o módulo de elasticidade da matriz do

concreto com o módulo de elasticidade longitudinal de algumas fibras, constata-se

que quando estas possuem módulo de elasticidade menor que o do concreto, há

pouca ou nenhuma contribuição proporcionam ao concreto com relação a sua

capacidade de deformação. Isso pode ser observado no gráfico da FIG. 2.5.

FIG. 2.5: Gráfico do comportamento do compósito com diferentes módulos de

elasticidade (CAETANO et al., 2004).

34
Segundo ARMELIN e HAMASSAKI (1990) apud FIGUEIREDO (2000), quando

o módulo de elasticidade longitudinal das fibras é menor que o da matriz, as fibras

são limitadas na sua capacidade de reforço ou pouco controlam a fissuração por

deformação plástica (TANESI, 1999 apud FIGUEIREDO, 2000). Isso ocorre

porque com a utilização de aditivos aceleradores e redutores de água no cimento,

há um ganho inicial de resistência e consequentemente de módulo de elasticidade.

Ou seja, as fibras de baixo módulo de elasticidade acabam atuando como reforço

apenas por um curto espaço de tempo. Essas fibras normalmente têm baixa

resistência mecânica.

As fibras de alto módulo de elasticidade podem atuar como reforço se, no

momento do rompimento da matriz do concreto, sua resistência não for superada.

2.1.3.2. Fator de Forma das Fibras

O fator de forma das fibras influencia diretamente no desempenho do concreto

reforçado com fibras e está diretamente ligado à geometria da fibra.

Ele é definido como a relação entre o comprimento e o diâmetro equivalente da

fibra, conforme a FIG. 2.6. Esse diâmetro equivalente é definido como aquele

correspondente a uma circunferência de mesma área que a seção transversal da

fibra.

Na FIG. 2.7 evidencia-se a influência do fator de forma no consumo de fibras

de aço do concreto reforçado.

35
FIG. 2.6 Fibra com representação das medidas de comprimento e de diâmetro

equivalente à seção transversal. Fonte: (BELGO, 2004).

FIG. 2.7: Consumo de fibra x fator de forma. Fonte: MACCAFERRI (2007) e

MCKEE (1969).

Quanto maior o fator de forma, menor a quantidade de fibras a serem

utilizadas.

Neste caso, observou-se que quanto maior o fator de forma, maior foi a

tenacidade medida, ou seja, maior a capacidade de absorver energia devido à

deformação até a ruptura. (FIGUEIREDO, 1997). Por isso, há a necessidade de

tolerâncias dimensionais para o comprimento da fibra, bem como para seu

diâmetro equivalente. Com isso, tem-se uma garantia de desempenho mínimo e

redução da variabilidade de seu comportamento. O ganho de desempenho é tão

36
maior quanto maior for o fator de forma da fibra. No entanto, quanto maior for o

fator de forma, maior será também a influência da fibra na perda de fluidez do

material. Isto ocorre pelo fato de se ter uma elevada área específica, que demanda

uma grande quantidade de água de molhagem, aumentando o atrito interno do

concreto e reduzindo a sua mobilidade e, consequentemente, a exsudação

(TANESI, 1999 apud FIGUEIREDO, 2000). Por outro lado, isto pode até ser

positivo em determinadas aplicações onde se exige um elevado nível de coesão do

material. Na produção de defensas rodoviárias por meio de formas deslizantes

onde a geometria final da peça por coesão é fundamental e a cura ocorre sem

apoio das formas, o concreto com fibras teria uma boa aplicabilidade. Outra

aplicação interessante está no concreto projetado via úmida, onde o concreto é

preparado de forma comum e a mistura é lançada por um mangote até o bico

ejetor, sendo utilizado em túneis, paredes de contenção, piscinas e em reforço de

lajes, pilares e vigas de concreto armado. Neste caso, a maior coesão pode

reduzir o volume de perda total por reflexão e desplacamento.

2.1.3.3. Forma Geométrica das Fibras

Quando se avalia o arrancamento da fibra da matriz, observa-se a influência da

forma geométrica da fibra. Um mesmo tipo de fibra pode apresentar diferentes

formas, conforme a FIG. 2.8.

37
FIG 2.8: Fibras de aço de diferentes formatos no mercado.

Um estudo realizado por NAAMAN e NAJM (1991) comparou fibras com

ganchos nas pontas, fibras retas e fibras onduladas, com relação ao ensaio de

arrancamento de uma única fibra, que resultou numa observação da resistência ao

arrancamento da fibra que acontece não só por causa da ligação por atrito entre a

matriz e a fibra (fibra reta), mas também por uma força adicional ocasionada pela

deformação mecânica da fibra. Ou seja, as fibras com ganchos nas extremidades

apresentaram uma maior capacidade de absorver energia tanto à flexão quanto à

compressão.

Esses pesquisadores verificaram também que algumas fibras tiveram seus

ganchos rompidos dentro da matriz e tiveram uma queda brusca na resistência ao

arrancamento, pois passaram a se comportar como fibras retas.

A FIG. 2.9 mostra a influência da forma geométrica da fibra de aço no valor de

carga de arrancamento. Verifica-se que as cargas de arranchamento são maiores

nos concretos com fibras com gancho do que nos concretos com fibras retas sem

ganchos.

38
FIG. 2.9: Gráfico de carga de arrancamento de uma fibra com gancho e outra

reta. Fonte: NAAMAN e NAJM (1991).

2.1.3.4. Teor Volumétrico das Fibras

O teor volumétrico das fibras na mistura determina a quantidade de fibras na

seção de ruptura. Na teoria, quanto maior o volume de fibras, melhor o

comportamento do compósito, pois será maior o número de carga a ser transferida

pelas fibras. .

Neste contexto, encontra-se o conceito denominado de volume crítico, que é o

volume para o qual a resistência residual do compósito fissurado é a mesma da

matriz.

Segundo FIGUEIREDO (2000), para uma matriz de elevada resistência à

tração, é necessária uma quantidade maior de fibras para manter o nível de

tenacidade, pois a resistência da matriz transfere maior ou menor carga às fibras.

39
Quando as fibras não suportarem a carga transferida para elas, haverá um

rompimento repentino do compósito. Outro caso é aquele em que as fibras

suportam a carga, e depois da primeira fissura o compósito continua a resistir,

porém a uma carga menor, e, após a ruptura da matriz, ocorre a transferência de

tensões através das fissuras para a matriz, até certo nível de deformação. E, no

último caso, quando há uma alta quantidade de fibras e as fibras conseguem

manter um nível de carga igual à carga de ruptura da matriz.

Na FIG. 2.10 pode ser vista a influência do volume de fibras no comportamento

de concretos reforçados com fibras submetidos a ensaios de tração na flexão.

Constata-se que, quando o volume de fibras (Vf) é acima do volume crítico, a curva

carga x flecha tem ramo ascendente. Em contra partida, quando o volume de

fibras é menor que o volume crítico, a curva carga x flecha passa a ter ramo

descendente.

Para volume de fibras igual ao volume crítico, a curva carga x flecha apresenta

patamar constante.

A FIG. 2.11 mostra curvas típicas de tensão de tração x deformação específica

de concretos sem ou com reforço de fibras. Verifica-se que, quanto maior o volume

de fibras, maior é a resistência do concreto e sua ductilidade.

FIG. 2.10: Gráfico do comportamento de compósitos reforçados com diferentes

tipos de fibras durante o ensaio de tração na flexão. Fonte: FIGUEIREDO (2000).

40
FIG. 2.11: Curvas típicas de tensão de tração x deformação específica para

ausência, baixo e alto volume de fibras. Fonte: (BENTUR e MINDESS, 1990).

2.1.3.5. Orientação das Fibras

Geralmente, para o concreto, a distribuição das fibras ocorre aleatoriamente

nas três dimensões. Porém, quando se trata de seções finas, como pavimentos e

revestimentos em concreto projetado, essa distribuição acaba sendo em duas

dimensões, o que altera a tenacidade aumentando-a, principalmente quando se

analisa um plano paralelo à direção das fibras.

A concretagem e a produção do concreto reforçado com fibras podem afetar a

distribuição das fibras na mistura, ocorrendo a segregação das fibras, uma

orientação preferencial e uma superestimação do desempenho do compósito.

Dependendo da direção do ensaio que será realizado no corpo de prova, pode

haver alteração dos resultados, pois região mais forte ou fraca em alguns pontos

do concreto está passível de surgir. A segregação e a orientação podem ser

controladas no momento do adensamento do concreto.

41
2.1.3.6. Massa Específica das Fibras

No caso de concretos plásticos, outro fator que pode gerar dificuldades de

aplicação e, consequentemente, prejuízos à trabalhabilidade do material é a baixa

massa específica da fibra, que produz uma tendência à segregação do material

(CECCATO et al., 1997). As fibras podem emergir para a superfície do concreto,

concentrando-se na parte superior, caso a mistura conte com elevada relação

água/materiais secos, por exemplo.

Fica de certa forma claro que, quanto menor for o diâmetro da fibra, maior será

a influência da mesma na perda de fluidez da mistura. De maneira similar, fibras

mais longas influenciam a consistência do concreto. Tais parâmetros podem ser

representados em conjunto através do conceito do fator de forma descrito

anteriormente. Assim, quanto maior for o fator de forma maior será o impacto na

trabalhabilidade do concreto.

Por estas razões, aponta-se a maior adição da fibra como um elemento redutor

da trabalhabilidade dos concretos, podendo ocasionar prejuízos à sua

compactação e, consequentemente, à sua durabilidade e desempenho mecânico

(BALAGURU e SHAH, 1992) incluindo aí a própria tenacidade (BENTUR e

MINDESS, 1990 e MOGUEL, 1999).

2.1.4. Normatização Brasileira

Ainda são escassas as normas que regularizam a utilização de fibras para

reforço do concreto. A fibra mais utilizada para reforço de estruturas de concreto e

que é largamente produzida no mercado é a fibra de aço. Esta tem se mostrado a

42
mais eficiente e já possui inúmeras aplicabilidades no mercado, inclusive em

túneis, pavimentos rígidos, defensas, entre outras aplicações possíveis.

A utilização do concreto reforçado com fibras de aço ocorre no Brasil há vários

anos. As aplicações são bem variadas, indo da utilização em concreto projetado

para túneis (FIGUEIREDO, 1997), passando pelo concreto para pavimentos

(PINTO Jr. e MORAES, 1996) e chegando mais recentemente ao concreto pré-

moldado, como ocorre com os tubos de água pluvial e esgoto (CHAMA NETO,

2003). No entanto, estas aplicações ocorriam sem que se dispusesse de norma

nacional publicada sobre o assunto. Dessa maneira, a produção de fibras não

precisava atender a qualquer requisito e o controle do uso do material era

praticamente inexistente por falta de referências. Algumas aplicações, como é o

caso dos tubos de concreto para obras de saneamento, têm sua aplicação

fortemente restringida por referências normativas, dado que as obras são,

normalmente, financiadas e geridas por verbas públicas. Naturalmente, esta

situação expunha o mercado a riscos de insucesso causados pela falta de

parâmetros mínimos que servissem de referência para balizar a especificação,

seleção e controle do material. Esta situação mudou em 2007, quando a ABNT

publicou as primeiras normas sobre o assunto.

O concreto reforçado com fibras de aço é o mais utilizado e mais comum.

Preocupando-se com a vasta utilização desse material surgiu a norma NBR 15530

(2007) sobre fibras de aço intitulada “Fibras de aço para concreto - Especificação”.

Esta norma estabelece parâmetros de classificação para as fibras de aço de baixo

teor de carbono e define os requisitos mínimos de forma geométrica, tolerâncias

dimensionais, defeitos de fabricação, resistência à tração e dobramento. Com isso,

procura-se garantir que o produto fornecido em conformidade com estes requisitos

tenha potencial para proporcionar um desempenho adequado ao concreto

reforçado com fibras de aço (CRFA), desde que sejam observados os cuidados

com a dosagem e controle do material. A norma se limita a tratar do produto fibra,

43
sem regular a verificação de desempenho da mesma no concreto, pois isso

depende de outros fatores como consumo de fibras e resistência da matriz. O

concreto reforçado com fibras de aço (CRFA) tem seu desempenho dependente da

interação entre fibra e matriz (FIGUEIREDO, 2005), portanto, não é possível

garantir o bom desempenho de um CRFA apenas usando-se uma fibra de boa

qualidade, mas verificando como a mesma foi corretamente especificada e dosada

e se o controle do material foi feito segundo o recomendado pela boa técnica.

Assim, deve-se ressaltar que o uso de uma fibra que atenda a norma não garantirá

o desempenho final no CRFA.

Outra norma brasileira que pode ser citada com o uso de concreto reforçado

com fibras é a NBR 8890 (2007) que trata de requisitos e métodos de ensaio para

tubos de concreto, de seção circular, para águas pluviais e esgotos sanitários.

Com relação ao dimensionamento e projetos de elementos reforçados com

fibras de aço, o que existe atualmente são orientações de um manual da

MACCAFERRI (2007). A finalidade deste manual é transmitir critérios, conceitos

gerais e metodologias para o dimensionamento, projeto e execução de obras em

concreto reforçado com fibras. São, portanto, apresentadas as informações obtidas

através de pesquisas realizadas pela Maccaferri, direcionadas ao estudo da

eficiência, resistência e comportamento de tais estruturas. O propósito da

Maccaferri é contribuir com novas informações, úteis às áreas de projeto e

execução de obras de concreto reforçado com fibras, proporcionando subsídios ao

trabalho de projetistas, consultores e construtores que atuam no segmento da

engenharia estrutural.

44
2.2. Conceitos Balísticos

Com as guerras passadas, presentes e o receio do poder de destruição de

guerras futuras, sejam elas urbanas ou não, diversos trabalhos são realizados no

mundo para estudar a resistência dos materiais aos impactos de projéteis, mísseis

e bombas, assim como a capacidade de penetração desses componentes nesses

materiais. Um desses materiais é o concreto, principal material de construção para

infraestrutura civil e militar.

Alguns desses estudos englobaram fórmulas empíricas e analíticas que visam

prever o comportamento do concreto à ação das cargas de impacto.

Diversos experimentos e simulações numéricas foram realizados para que

pudessem ser elaboradas diferentes teorias e formulações.

Essas formulações levaram em consideração o formato do projétil, a

resistência do concreto, a formação de cavidade cônica, a velocidade de impacto,

entre outros fatores, tentando englobar o maior número de fatores que intervêm na

penetração do concreto pelos projéteis.

Para a realização deste trabalho a recomendações e normas foram estudados

para um melhor entendimento dos ensaios e dos fenômenos envolvidos no mesmo.

Neste capítulo procura-se abordar de maneira sucinta esses conceitos.

2.2.1. Normatização para Ensaio Balístico

Devido à falta de uma norma brasileira que oriente os testes experimentais em

placas balísticas de concreto, foi utilizada neste estudo, como base para os

45
experimentos balísticos, a norma NBR 15000 (2005) que trata da blindagem de

vidros opacos ou transparentes.

Segundo a norma NBR 15000 (2005) os corpos de prova testados para resistir

às cargas de impacto são classificados de acordo com os níveis de proteção

apresentados na TAB. 2.3.

O ensaio balístico é composto de um cronógrafo (túnel de velocidade), um

dispositivo de apoio para o corpo de prova e folha testemunha da passagem do

projétil.

O cronógrafo é utilizado para medir a velocidade do projétil. O dispositivo de

apoio serve para apoiar o corpo de prova e deve proporcionar facilidade e rapidez

para ajustar a posição do mesmo, de modo que a face de impacto fique

perpendicular à direção da trajetória do projétil.

A folha testemunha é utilizada para verificar a passagem do projétil colocada a

15 cm de distância da face posterior do corpo de prova.

O arranjo para o ensaio pode ser observado na FIG. 2.12.

46
TAB. 2.2: Nível de proteção do sistema de blindagem quanto ao impacto balístico.

Fonte: Norma NBR 15000 (2005).


Massa do v Número de
Nível Munição
projétil (g) (m/s) impactos
.22 LRHV Chumbo 2,6 320 ±10 5
I
.38 Especial RN Chumbo 10,2 254 ± 15 5
9 FMJ 8 332 12 5
II-A
.357 Magnum JSP 10,2 381 ±12 5
9FMJ 8 358 ±15 5
II
.357 Magnum JSP 10,2 426 ±15 5
9FMJ 8 426 ±15 5
III-A
.44 Magnum SWC GC 15,6 838 ±15 5
7,62x51 FMJ
III 9,7 838 ±15 5
(.308 Winchester)

IV .3 – 06 AP 10,8 1
LRHV – Long Rifle High Velocity- Rifle de alta velocidade
RN – Round Nose – Munição para .38 especial de ponta redonda
FMJ – Full Metal Jacketed – Munição com núcleo mole (chumbo), envolto em uma concha de metal mais duro, totalmente
jaquetada
JSP – Jacketed Soft Point – Munição de.357 com ponta macia. Jaquetada com ponta macia.
SWC GC – Semi WadCutter Gás Check – Munição de .44 que tem uma ponta arredondada em um cilindro ligeiramente
maior que a ponta, tornando o projétil mais aerodinâmico. Ponta semicanto-vivo.
AP – Armor Piercing- suporta o choque de perfuração de blindagem. Perfurante.

FIG 2.12 – Arranjo para ensaio balístico

47
2.2.2. Propagação de Ondas

Um dos efeitos que se deve levar em consideração quando é feita a avaliação

do impacto de projéteis no concreto é o efeito de propagação de onda. Esta ocorre

quando uma perturbação se propaga através de um meio e a energia cinética da

porção do meio excitada é transmitida às regiões seguintes do meio, resultando na

transmissão de energia através do meio. Se, ao invés de um simples pulso, há um

movimento periódico com uma frequência bem definida, diz-se uma onda.

Para a verificação da velocidade de propagação das ondas longitudinais em

uma barra, em termos de suas propriedades mecânicas, leva-se em consideração

o módulo de elasticidade e a densidade do material.

À medida que a perturbação se propaga, os elementos da barra se deformam

(alongam ou contraem) e se deslocam. Existe então uma relação de

proporcionalidade entre o esforço (força por unidade de área) e a deformação

específica (razão entre a variação do comprimento e o comprimento inicial), até o

limite elástico do material, conforme mostra a EQ. 2.1, baseada na lei de Hooke.

F l − lo
= E. (EQ. 2.1)
S lo

onde F é a força aplicada, S a área em que atuação a força, l0 é o comprimento

inicial, l o comprimento de atuação da força e E é a constante de

proporcionalidade, característica de cada material, também conhecida como

módulo de Young.

A FIG. 2.13 mostra esquematicamente como ocorre a deformação linear de um

elemento de barra submetido a uma força de tração F.

48
FIG. 2.13: Deformação linear de um elemento de barra submetido a uma força F.

Considerando um elemento da barra de seção S na posição x, que tem uma

largura dx, após uma perturbação, este se desloca Ψ e se deforma dΨ , de modo

que a nova largura do elemento é dx+ dΨ, conforme mostra a FIG. 2.14.

FIG 2.14 Elemento de barra após uma perturbação.

A força por unidade de área necessária para produzir esta deformação é igual

a:
F dx + dψ − dx
= E. (EQ. 2.2)
S dx
F dψ
= E. (EQ. 2.3)
S dx

49
Para efeito de notação (derivada parcial), o deslocamento dx é uma função de

duas variáveis x (posição) e t (tempo).

A parte esquerda da barra exerce uma força F sobre o elemento de barra de

largura dx, enquanto a parte direita da barra exerce uma força F’ sobre este

elemento, de acordo como mostrado na FIG 2.15.

FIG. 2.15 : Força de reação dos elementos de barra.

A força resultante, segundo a FIG. 2.15, é dada por:

∂ 2ψ
F´ − F = dF = S.E. (EQ. 2.4)
∂x 2

A segunda lei de Newton afirma que a força sobre este elemento é igual ao

produto da massa (densidade por volume) pela aceleração (derivada segunda do

deslocamento) e dada por:

∂ 2ψ
dF = (ρ.S.dx ). (EQ. 2.5)
∂t 2

Igualando ambas as equações EQ 2.4 e EQ 2.5, obtém-se a equação

diferencial de um movimento ondulatório igual a:

∂ 2ψ E ∂ 2ψ
= . (EQ. 2.6)
∂t 2 ρ ∂x 2

50
O que conduz à fórmula da velocidade de propagação, dada por:

E
v= (EQ. 2.7)
ρ

onde E é o módulo de elasticidade do material ou módulo de Young e ρ é a

densidade.

2.2.3. Balística

A balística estuda o comportamento dos projéteis desde o instante em que ele

inicia seu movimento no interior da arma de fogo até o momento que ele atinge o

alvo e todos os fenômenos que envolvem a trajetória. Baseia-se em

conhecimentos de física, química, entre outras ciências.

A Balística subdivide-se em quatro seções principais:

• balística interna

• balística intermédia ou de transição

• balística externa

• balística terminal
A balística interna estuda os fenômenos que ocorrem dentro do cano de uma

arma de fogo durante o seu disparo. Mais especificamente, estuda as variações de

pressão dentro do cano, as acelerações sofridas pelos projéteis, a vibração do

cano, entre outros fatores. A FIG. 2.16 apresenta esquematicamente a trajetória

desenvolvida por uma bala dentro do cano de uma arma.

51
FIG. 2.16. Trajeto da bala dentro do cano (balística interna).

Fonte: http://www.apaginadomonteiro.net/balistica.htm - visitada em 30/07/2010.

Entende-se por balística intermédia o estudo dos fenômenos sobre os projéteis

desde o instante em que saem do cano da arma, até o momento em que deixam de

estar influenciados pelos gases remanescentes à boca da arma. Este estudo inclui

os aparelhos que atuam na boca do cano, tais como tapa-chamas, silenciadores e

afins.

A balística externa aborda o estudo das forças que atuam nos projéteis e

correspondentes movimentos destes durante a sua travessia na atmosfera, desde

o momento em que ficam livres das influências dos gases do propulsante, até aos

presumíveis choques com os seus alvos, como ilustrado na FIG. 2.17.

FIG. 2.17: Projétil na saída do cano com a ação dos gases (balística externa).

52
Quando sai do cano, o projétil fica completamente influenciado por um conjunto

de forças que facilmente passam despercebidas. Analisando matematicamente a

trajetória balística no vácuo, nota-se que:

• a forma da trajetória é parabólica;

• o ângulo de queda é igual ao de projeção;

• a velocidade de queda é igual à de projeção;

• o alcance máximo ocorre para um ângulo de 45º.

No caso de um projétil a altas velocidades no ar, o comportamento é um pouco

diferente. A força, neste caso, que deve ser levada em consideração é a

resistência do ar, que tem três componentes, conforme observa-se na FIG. 2.18:

• a força de sucção provocada pelo vácuo na base do projétil;

• a componente de compressão sobre a ponta do projétil, devido à

compressão do ar naquela zona;

• a componente de fricção do ar sobre as superfícies e protuberâncias laterais


do projétil.

FIG. 2.18: Forças atuantes no projétil de 7,62 mm a 850 m/s, isto é, a 2,5 vezes a

velocidade do som (330 m/s).

A resistência do ar provoca no projétil uma diminuição progressiva de

velocidade e a perda de precisão.

53
Para velocidades subsônicas (velocidade menor que 343m/s ou 1255km/h) do

projétil, a componente de resistência mais importante é a de sucção, enquanto para

velocidades supersônicas, a resistência por compressão é a mais importante.

No ar, as principais características da trajetória são:

• a forma assimétrica em relação ao plano vertical e transversal que passa

pelo vértice dessa trajetória;

• a velocidade de queda menor que a velocidade de projeção;

• o ângulo de queda maior que o ângulo de projeção;

• o alcance máximo sempre bastante menor do que seria a sua trajetória no

vácuo com aquela velocidade inicial e ângulo de projeção;

• o alcance máximo para um ângulo de projeção sempre menor que 45º, pois

acima de 45º.

Porém, quando os projéteis estão a velocidades baixas e são pesados, a

trajetória no ar aproxima-se da trajetória no vácuo.

A força gravitacional devida à rotação da bala a alta velocidade provoca, nos

projéteis, um movimento de oscilação e outro movimento de translação em torno de

um eixo imaginário.

Outras forças que se podem considerar são a força de atuação dos ventos, que

provoca o deslocamento da trajetória, e a força da gravidade. Todas estas forças

de influência são invisíveis e, mesmo utilizando imagens de câmara lenta, são

praticamente imperceptíveis devido à alta velocidade que acontecem.

É por isso que a forma de um projétil se reveste da maior importância, assim

como os diferentes materiais que o compõem e o seu peso.

Na FIG. 2.19 pode-se observar o movimento de um projétil de 9 mm com

velocidade ligeiramente superior à velocidade do som na atmosfera.

Os projéteis ogivais, comuns nos cartuchos de munição de armas curtas, já

possuem um desempenho balístico aperfeiçoado, se o compararmos ao projétil

54
esférico. Sua base, entretanto, causa um grande "arrasto", que pode ser visto na

FIG. 2.19 e sua ponta empurra o ar à frente de modo não muito eficaz.

FIG. 2.19: Projétil de 9 mm com velocidade pouco superior à velocidade do som.

Fonte. http://www.nennstiel-ruprecht.de/bullfly/fig3.htm.

Os projéteis do tipo boat tail, como o da FIG. 2.18, típicos dos fuzis, por terem

um formato de base mais aerodinâmico, diminuem o arrasto, mantendo a trajetória

estável a longas distâncias. A forma da ogiva (afilada) corta o ar, diminuindo sua

resistência.

A balística terminal é o estudo da interação entre os vários gêneros de projéteis

e os seus alvos. Estes se classificam em alvos duros e alvos moles, conforme são

ou não difíceis de penetrar, ou seja, conforme dispõem ou não de uma armadura

ou couraça qualquer. A balística terminal divide-se na que estuda a interação com

os alvos duros e a que interage com alvos moles, também conhecida por balística

das feridas.

Podem-se considerar como alvos duros, desde armaduras de tanques até

coletes à prova de bala. Para a sua neutralização existem vários tipos de munição,

tais como:

• projéteis cinéticos, que usam a energia cinética para perfurar através da


couraça, chamados APDS (armour-piercing discarding sabot – perfurantes com

armadura de descarte) ou APFSDS (armour-piercing fin-stabilized discarding sabot

– perfurantes com estabilizador vertical e armadura de descarte) e que, devido à

55
sua alta densidade aliada a uma área transversal baixa, conseguem uma boa

perfuração

• cargas focais, como os RPG’s que usam uma carga explosiva em forma de

cone que projeta a explosão para um único ponto, atingindo temperaturas elevadas

a uma alta velocidade de impacto.

Os alvos “falham” de diversas maneiras, sendo essas:

• falha dúctil (material macio);

• falha por fratura (material muito duro);

• falha por vazamento (quando o material é de dureza intermédia e é

“arrastado” para dentro por um projétil de ponta romba);

• falha por destacamento de uma face interior, causado por munições HESH

(high-explosive squash- head – alto explosivo de ogiva deformável), que consiste

na formação de uma crosta na parte interior da armadura que é destacada a alta

velocidade devido à onda de choque causada pelo projétil).

Por fim, consideram-se como alvos moles os animais e os seres humanos.

Aqui já não se considera o emprego de explosivos, uma vez que não é preciso

tanto para a incapacitação do alvo, e é proibido o uso de munições explosivas

contra esses alvos.

Pretende-se sempre que a energia transferida seja a maior possível para que

os projéteis nunca venham a emergir ou que, vindo a emergir, o façam

transportando o mínimo de energia cinética.

Para a incapacitação de um alvo, os fatores determinantes são: a localização e

direção; a velocidade de impacto; a energia de impacto; a densidade energética

(capacidade de perfuração); o desenho da ponta; a estabilidade do projétil após o

impacto; a estabilidade da forma do projétil ao longo da perfuração.

Ainda sobre este tema é importante ter conhecimento das cavidades que se

formam à volta da passagem (cavidade permanente) de uma bala a alta

velocidade. O tamanho da cavidade é proporcional à velocidade da bala.

56
2.3. Munição

Dentro do estudo de balística já se pode perceber que um elemento

fundamental é a munição e tudo o que engloba suas características.

2.3.1. Constituição da Munição

As munições são o conjunto de cartuchos necessários para uma arma ou uma

ação qualquer em que serão usadas armas de fogo. Cartucho é o conjunto do

projétil e os componentes necessários para lançá-lo no disparo. É constituído de

quatro partes: o propelente, o invólucro, a espoleta ou cápsula e o projétil,

conforme pode ser visto na FIG. 2.20.

FIG. 2.20: Elementos constituintes de um cartucho.

57
2.3.1.1. Propelente

Normalmente o propelente é a pólvora e, quando ocorre a queima desta, é

produzida uma grande quantidade de energia e de gases que constituem um

volume muito maior que a quantidade sólida inicial. Esse aumento de volume gera

enorme pressão no interior do estojo e então o projétil é lançado. Esse processo só

não causa danos à arma utilizada porque ocorre o destacamento do projétil.

Antigamente utilizava-se a pólvora negra, mas atualmente utiliza-se a pólvora

química ou sem fumo em armas de defesa. Essa pólvora sem fumo pode ser

classificada em dois tipos:

• de base simples: fabricada à base de nitrocelulose, que gera menos calor

durante a queima, aumentando a durabilidade da arma;

• de base dupla: fabricada com nitrocelulose e nitroglicerina, que tem


maior conteúdo energético.

2.3.1.2. Espoleta ou Cápsula

Como a pólvora é relativamente estável, isto é, sua queima só ocorre quando

sujeita a certa quantidade de calor, o cartucho dispõe de um elemento iniciador, a

espoleta, que é sensível ao atrito e gera energia suficiente para dar início à queima

do propelente. Dessa forma, basta o atrito gerado pelo amassamento da espoleta

para ocorrer a queima. O elemento iniciador geralmente está contido dentro da

espoleta, ou seja, a espoleta ou cápsula é o recipiente onde é colocada a

substância detonante (v. FIG. 2.21).

58
FIG. 2.21: Espoleta.

Existem três tipos mais comuns de espoleta ou cápsula:

• boxer: muito utilizada, tem a bigorna presa à espoleta , como utiliza um


só evento central, facilita o desespoletamento do invólucro na recarga.

• berdan: geralmente utilizada em armas de uso militar, a bigorna é um


pequeno ressalto no centro da base do invólucro estando a sua volta

dois ou mais eventos;

• bateria: utilizada em cartuchos de caça, tem a bateria incorporada na


espoleta de forma a ser impossível cair, facilitando o processo de

recarga do invólucro.

2.3.1.3. Invólucro

O invólucro, que antigamente quase não era utilizado, hoje em dia é

indispensável às armas de fogo. É o componente que une todos os demais

necessários ao disparo, e diminuindo o tempo entre os disparos facilitando o

carregamento da arma.

Os invólucros (v. FIG. 2.22) podem ser de metais, plástico ou papelão,

dependendo do armamento e da finalidade (treinamento, por exemplo).

59
FIG. 2.22: Invólucro.

Os invólucros podem ser classificados quanto a forma, quanto ao tipo de base

e quanto ao tipo de iniciação.

Quanto à forma, podem ser classificados em:

• cilíndrico: praticamente mesmo diâmetro em toda a extensão. Apesar de

não ser totalmente cilíndrico, já que deve facilitar o processo de extração.

• cônico: tem menor diâmetro na boca e é pouco comum.

• garrafa: possui um estrangulamento com o objetivo de conter maior


quantidade pólvora sem necessitar de diâmetro muito grande ou ser

muito longo. Um exemplo deste tipo de invólucro é o contido em cartucho

de fuzis.

Quanto ao tipo de base, existem quatro tipos:

• com aro: com ressalto na base (aro ou gola);

• com semi-aro: com ressalto de pequenas proporções e uma ranhura

(virola);

• sem aro: apenas com a virola;

• rebatido: a base tem diâmetro menor que o corpo do invólucro.

A base do invólucro é importante para o processo de carregamento e extração.

Sua forma determina o ponto de apoio do cartucho na câmara ou tambor, além de

possibilitar a ação do extrator sobre o invólucro.

Quanto ao tipo de iniciação:

60
• Fogo Circular (anelar): a mistura detonante é colocada no interior do

invólucro, dentro do aro, e detona quando este é amassado pelo percursor;

• Fogo Central: a mistura detonante está disposta em uma espoleta, fixada

no centro da base do invólucro.

Existem outros tipos de invólucros que não são comuns e, portanto, não serão

citados neste trabalho.

2.3.1.4. Projéteis

O projétil é a parte do cartucho que é arremessada para frente quando ocorre a

detonação. Em geral é constituído de uma massa de liga de chumbo, sendo a

única parte que passa pelo cano da arma e atinge o alvo. O projétil pode ser

observado na FIG 2.23.

FIG. 2.23: Projétil.

O projétil pode ser dividido em três partes:

• ponta: parte superior do projétil, fica quase sempre exposta, fora do

estojo;

• base: parte inferior do projétil, fica presa no estojo e está sujeita à ação

dos gases resultantes da queima da pólvora;

61
• corpo: cilíndrico, geralmente contém canaletas destinadas a receber

graxa ou para aumentar a fixação do projétil ao estojo.

Os projéteis de chumbo são mais comumente utilizados e como o nome indica,

são constituídos exclusivamente de ligas desse metal.

Podem ser encontrados diversos tipos de projéteis, destinados aos mais

diversos usos que se classificam de acordo com o tipo de ponta e quanto às

características gerais.

Quanto ao tipo de ponta, tem-se:

• ogival: uso geral, muito comum;

• canto-vivo: uso exclusivo para tiro ao alvo; tem carga reduzida e perfura
o papel de forma mais nítida;

• semi canto-vivo: uso geral;

• ogival ponta plana: uso geral; muito usado no tiro prático (IPSC) por

provocar menor número de "engasgos" com a pistola;

• cone truncado: mesmo uso anterior;

• semi-ogival: também muito usado em tiro prático;

• ponta oca: capaz de aumentar de diâmetro ao atingir um alvo humano

(expansivo), produzindo assim maior destruição de tecido.

Quanto às características gerais:

• expansiva: o projétil tem uma ponta oca e riscos na parte de fora.

Quando ele encontra um objeto aquoso ou gelatinoso como um órgão animal, abre

como se fosse uma flor, fazendo uma verdadeira cratera dentro do alvo. O dano é

tão grande que seu uso é proibido em guerras.

• encamisada: o projétil tem um revestimento de cobre, náilon ou outro

material que deslize pelo cano da arma melhor que o chumbo, com isso o tiro sai

com mais velocidade, o que melhora a precisão e o alcance do disparo;

62
• traçante: tem uma pequena quantidade de fósforo na base ou na ponta

do projétil que se incendeia no momento da combustão da pólvora ou devido ao

atrito com o ar, deixando um rastro luminoso visível a olho nu na escuridão;

• explosiva: após o disparo, a carga líquida contida no interior do projétil

(normalmente mercúrio ou glicerina) sofre uma aceleração de grande magnitude, e

se comprime para trás; quando a bala atinge o alvo, a substância se expande

adiante. Nesta expansão, o líquido empurra a ponta da bala, que se projeta para

frente. Com isso, a bala se fragmenta tal qual uma granada, podendo causar

ferimentos gravíssimos em um raio de até 20 centímetros a partir do ponto de

impacto.

2.3.2. Calibre

O calibre de uma munição é a medida padrão de seu projétil, que corresponde

à bitola ou diâmetro do projétil e ao diâmetro interno da alma da arma de fogo que

o utiliza.

Até ao final da Segunda Guerra Mundial, o centímetro era usado como unidade

de medida das munições de calibre superior a 70 mm. Na maioria dos casos atuais,

o diâmetro é expresso em milímetros. Por exemplo, uma pistola "sete sessenta e

cinco" significa que seu projétil possui um calibre 7,65 mm, e uma pistola "seis

trinta e cinco" possui um projétil de 6,35 mm

Outra unidade utilizada para exprimir o calibre é a polegada, em munições de

arma pesada, e os centésimos de polegadas, em munições de arma ligeira. Então,

quando se diz "calibre 38", está informando-se que o projétil desta munição possui

0,38 (na verdade .358, pois o pescoço do estojo é que tem .379) polegadas de

diâmetro, ou seja, aproximadamente 9,6 mm.

63
O calibre do cano raiado é medido pelo diâmetro entre os baixos relevos das

estrias, ou seja, o maior diâmetro interno desse cano. Isto é devido ao fato de que

o projétil deve adentrar no cano, sendo provido o giro do mesmo através dos altos

relevos, ocorrendo, desta maneira, as impressões mecânicas utilizadas, por

exemplo, para fins de perícia forense.

Já para as espingardas, armas de cano longo e alma lisa, o conceito de calibre

é diferente. Para estas armas, o calibre corresponde ao número de esferas de

chumbo, conseguidas com uma libra de peso, sendo de diâmetro igual ao do

diâmetro interno do cano. Por exemplo: com 453,8 gramas (1 libra) de chumbo,

fazem-se esferas com o diâmetro do cano, obtendo com isto 12 esferas, no caso.

Neste, então, o calibre é o 12 gauge, ou seja, calibre 12.

Quando as armas longas de cano de alma estriada (ou raiada) apareceram, o

calibre das suas munições foi medido pelo sistema das armas de cano de alma

lisa.

Posteriormente, à medida que os calibres destas armas foram reduzidos,

passou-se a utilizar o sistema de medida da área geográfica de proveniência.

Desde então existem três sistemas principais de nomenclatura: o central europeu

(medido no sistema métrico decimal), o inglês (medido em décimos e milésimos de

polegadas) e o norte-americano (misto).

2.3.2.1. Sistema de Nomenclatura Europeu

Este sistema de nomenclatura começou primeiro, por ser utilizado pela

indústria de armamento da Alemanha, passando posteriormente a ser também

utilizado pelos restantes países que adotaram o sistema métrico decimal de

medidas.

64
Este sistema consiste em definir a munição por dois números, separados pelo

sinal " x ". O primeiro número indica o calibre da bala e o segundo, o comprimento

do invólucro, representando, ambos, valores em milímetros. Por exemplo, a

munição 7,62 m, x 51 mm, significa que o seu projétil tem um calibre de 7,62 mm e

o seu invólucro um comprimento de 51 mm.

Na denominação de certas munições com características especiais, podem ser

acrescentadas as seguintes letras para indicar essas características:

• R: significa que o invólucro tem um rebordo para ser usada em armas

de cano móvel. A sua ausência significa que a munição tem um invólucro com

ranhura, geralmente para uso em armas de repetição por ação de ferrolho.

• P: significa que a bala termina em ponta;

• PP: significa que a bala termina em ponta e dispõe de um peso

superior ao normal.

Este sistema de nomenclatura pode ter várias variações, tais como a

substituição das vírgulas de separação decimal por pontos, a ausência da

designação da unidade medida utilizada (" mm "), a ausência de espaços (entre os

números, o " x " e os " mm "), a inclusão no final do nome do fabricante, inventor,

sistema, país ou arma que primeiro utilizou o calibre, etc.. Um bom exemplo é o

caso da antiga munição portuguesa de 6,5 mm x 58 mm, inicialmente utilizada na

arma Mauser-Vergueiro, inventada pelo capitão José Vergueiro que é identificada,

entre outras, das seguintes formas alternativas:

• 6,5 x 58 mm

• 6,5 x 58 mm Mauser-Vergueiro

• 6,5 mm Mauser-Vergueiro

• 6,5 mm Vergueiro

• 6,5 mm Português

65
• 6.5x58mm

• 6.5 x 58 Mauser-Vergueiro

2.3.2.2. Sistema de Nomenclatura Inglês

O sistema inglês baseia-se no sistema de medidas imperial, com base na

polegada. Nos calibres de armas ligeiras, são normalmente utilizadas as

centésimas e as milésimas de polegada. Neste sistema as frações de polegada são

representadas por um ponto seguido do respectivo valor, como, por exemplo, a

munição de calibre .50, significando cinqüenta centésimas de polegada e .303,

significando trezentas e três milésimas de polegada.

As munições britânicas são identificadas pelo seu calibre seguido da

denominação do seu fabricante ou inventor, como, por exemplo, .505 Gibbs.

Nas munições com características especiais, estas podem ser indicadas no

final da denominação, como nos seguintes casos:

• BP (Black Powder): munição com pólvora negra;

• NE (Nitro Express): munição com pólvora nitrocelulosa, sem fumo;

• Magnum: munição com projétil que ultrapassa os 762 m/s de

velocidade;

• Flanged: munições com rebordo;

• Belted: munições com invólucro reforçado na parte posterior.

66
2.3.2.3. Sistema de Nomenclatura Norte-americano

É um sistema semelhante ao inglês, mas com características especiais.

Inicialmente, as munições dos Estados Unidos da América eram identificadas

por três números, separados por traços (ex.: 45-70-405). O primeiro número

indicava o calibre em décimos de polegada, o segundo o peso em grãos da carga

de pólvora negra e o terceiro o peso, também em grãos, do projétil. A indicação do

valor do peso do projétil era opcional, raramente sendo incluída.

Quando as munições passaram a conter pólvora sem fumo, o seu peso deixou

de ser tão importante, sendo suprimida a sua indicação na maioria das

denominações. No entanto, algumas munições, como a .30-06 Winchester

mantiveram-na.

Algumas munições também incluem dois números nas suas denominações,

mas por outras razões. Assim, na identificação da munição .30-06 Springfield, o

segundo número refere-se ao ano da sua adoção (1906) como forma de diferenciá-

la da munição .30-03 Springfield, de calibre igual mas adotada em 1903. Outro

exemplo é a munição .30-338, significando que resulta da adaptação de um

invólucro da munição de calibre .338 a uma bala de calibre .30.

O sistema de nomenclatura dos calibres de munições para pistola é

semelhante ao dos das armas longas.

No caso da nomenclatura central européia, é mais comum nas pistolas se usar

a indicação do calibre seguida do nome do inventor, fabricante ou arma, como por

exemplo a 9 mm Parabellum, do que na designação dos calibres das armas longas.

Em relação aos revolveres é curiosa predominância do uso do sistema de

nomenclatura de calibres norte-americano, mesmo em países que, para as outras

armas, utilizam o sistema central europeu.

67
2.3.3. Projéteis Utilizados nos Estudos

Neste trabalho será focado o conhecimento das características dos projéteis

que foram utilizados nos ensaios com as placas, pois é vasta a quantidade de

projéteis existentes no mercado.

Dar-se-á ênfase aos calibres 9 mm, 7.62mm e .50 pol.

2.3.3.1. Projétil de Calibre 9 mm

O Calibre 9 mm Parabellum (também conhecido por 9 mm Para, 9 mm Luger, 9

mm NATO ou 9 x 19 mm), observado na FIG. 2.24, foi criado na Alemanha para ser

usado na Pistola Parabellum (Luger) e foi adotado pela Marinha e Exército do país

em 1904 e 1908 respectivamente. É o calibre de dotação da OTAN e de

praticamente todos os países do ocidente, inclusive o Brasil. Tornou-se famoso por

ser o calibre mais utilizado durante as guerras, no uso das pistolas e também das

submetralhadoras. Bem recentemente, as submetralhadoras eram fabricadas

primordialmente no calibre 9 mm Parabellum.

FIG. 2.24: Projéteis de 9 mm.

68
Até poucos anos atrás o calibre 9 mm era o mais cobiçado entre as armas

curtas, e o mito de melhor calibre adveio das propagandas de guerra e da tradição

das polícias serem originalmente de governos militares que prevaleceram no Brasil.

Tanto isso imperou que a Polícia Federal Brasileira, uma polícia ainda que

originalmente civil, até hoje, faz uso primordial da pistola 9 mm. A Polícia Federal

conquistou o uso exclusivo também da 357 magnum, além da pistola 9mm.

A origem da fama da pistola 9 mm se fez por ser uma excelente arma de

guerra. Seu alto poder de transfixação permitia que em um único disparo, dois

oponentes fossem atingidos. O avanço das linhas inimigas se fazia por

grupamentos, assim, mirando-se no soldado da frente, esse seria atingido,

transfixado e o soldado que viesse atrás também seria atingido, ou mesmo melhor

poder de transfixação dos uniformes com seus equipamentos transportados. Essa

característica era a mais cobiçada e na época ainda não existia o conceito de

Stopping Power. A potência de uma pistola, ou calibre, era estabelecida somente

pelo seu poder de penetração. Nem se fazia necessário Stopping Power durante os

confrontos de guerra que são feitos principalmente a longas distâncias e o alto

poder de transfixação era necessário nas frentes de combate, pois o projétil

poderia transfixar uma pequena árvore, portas, janelas ou a lataria de um veículo

para atingir o inimigo a seguir.

Nos combates, um soldado inimigo ferido causaria mais estrago que um

inimigo morto sumariamente, pois seus companheiros de companhia seriam

retardados ou ficariam dependentes do parceiro ferido, ficando eles mais

vulneráveis. Assim, o conceito de que uma arma de guerra matava sumariamente

era outro mito. A morte sumária dependeria da região atingida.

No que pese o menor poder de parada (Stopping Power), o leitor não deve se

enganar com tais características, pois a 9 mm ainda é uma arma extremamente

letal e de enorme poder de penetração, entretanto a propaganda sobre esse calibre

demonstra desconhecimento do seu melhor uso.

69
A 9 mm não é o calibre ideal para defesa pessoal, que se dá em confrontos

que variam entre 5 m e 30 m e geralmente em perímetro urbano das grandes

cidades. O risco de atingir um inocente que estaria por detrás seria iminente, além

do que o agressor poderia ser transfixado e ainda permanecer de pé para tomar a

arma de quem está com a pistola em ato de legítima defesa. Entretanto, o poder de

penetração do calibre 9 mm pode ser "modificado" com o uso de munições do tipo

"ponta oca", diminuindo assim a penetração e aumentando em muito o poder de

parada.

2.3.3.2. Projétil de Calibre 7,62mm

O 7,62 mm x 39 mm é um cartucho de fuzil, de fabricação soviética. Foi

desenvolvido durante a Segunda Guerra Mundial e utilizado na carabina SKS.

O cartucho foi influenciado por uma variedade de produtos feitos em outros

países, especialmente a bala experimental alemã GeCo 7,52 x 39 mm, e

possivelmente pela 7,92 mm x 33 mm Kurz alemã ("kurz" significa "curto" em

alemão). Posteriormente, um dos fuzis de combate mais conhecidos no mundo, o

AK-47, foi criado, sendo utilizada esta munição. Seu substituto, o 5,45 mm x 39 mm

é igual em poderio (devido a peculiar e duvidosa legalidade internacional em seu

desenvolvimento) e mais controlável no fogo automático (devido ao seu baixo

retrocesso), porém mais caro.

Em contraste com a 7,62 mm usada pela OTAN (7,62 x 51 mm), a 7,62 mm

russa é menos potente, o que também significa menor alcance e letalidade, mas

também menos retrocesso e tamanho. Quando a OTAN se deu conta destas

vantagens, mudou para 5,56 mm x 45 mm. Menor e mais leve do que o russo, mas

de alta velocidade (950 metros por segundo do 5,56 mm, em comparação com o

70
715 metros, do 7,62 mm russo). As características de letalidade dos dois cartuchos

são aproximadamente semelhantes, com o 5,56 mm apresentando uma trajetória

mais plana. Os projéteis de 7,62 mm podem ser visto na FIG. 2.25.

FIG. 2.25: Projéteis de calibre 7,62mm.

2.3.3.3. Projéteis de Calibre .50 pol

O cartucho de calibre .50 pol leva em seu nome o nome da arma para a qual foi

projetado, a .50 Browing Machine Gun. Esse cartucho foi projetado no início da

década de 1910 e posto para uso oficial a partir de 1921, sendo assim fabricado

em série. A munição é, praticamente, uma munição normal de fuzil (7,62 mm) com

maiores dimensões e maior quantidade de pólvora (12,7 mm x 99 mm NATO).

Atualmente essa munição é fabricada em várias versões: Ball (de ponta

arredondada), Traçante (para observação), Armor-Piercing (para penetração de

blindagens), incendiária (para alvos inflamáveis) e projéteis de baixo calibre.

Essa munição hoje, apresentada na FIG. 2.26, além da Browing Machine Gun,

é usada para equipar vários fuzis de precisão e outras metralhadoras calibre .50

pol.

71
FIG. 2.26: Projétil .50 pol BMG.

No uso em tiro de precisão foi registrado o novo recorde de tiro fatal em

distância, onde um atirador das Forças Canadenses matou um Talibã insurgente a

2,430 metros de distância com sua MacMillan TAC-50 na campanha do

Afeganistão.

2.4. Concretos sob Ação de Cargas de Impacto

Quando uma estrutura sofre impacto, segundo BANGASH (2009), alguns

danos locais devem ser levados em consideração. Além de incluir os efeitos

globais de cisalhamento e flexão da estrutura, esses efeitos incluem:

• a penetração: a espessura da cratera formada no alvo na área de impacto

(FIG. 2.27);

• a perfuração: a completa penetração do alvo pelo projétil com ou sem


velocidade de saída (FIG. 2.29);

72
• o estilhaçamento: o escape de material da face oposta ao impacto do
projétil (FIG. 2.28);

• o estilhaçamento por punção: o escape de material da face oposta ao

impacto na forma tronco-cônica (FIG. 2.30);

• o destacamento: o escape de material no local e na face onde o alvo é

atingido;

• a fratura radial: fraturas radiais globais partindo do ponto de impacto e

aparecendo nas faces próxima ou distal da placa de concreto ou em ambas,

quando uma fratura se desenvolve através da espessura do alvo ;

• a fratura de cone e tamponamento: formação de uma fratura tipo cone


embaixo do projétil e, possivelmente, em sequência um tampão de cisalhamento.

(FIG. 2.30)

Estes fenômenos podem ser observados nas FIG. 2.27 a FIG. 2.30.

FIG. 2.27: Efeito local da penetração (x) e o destacamento (BANGASH, 2009).

73
FIG. 2.28: Efeito local da formação da crosta (BANGASH, 2009).

FIG. 2.29: Efeito local da perfuração (BANGASH, 2009).

FIG. 2.30: Efeito local de uma falha de cisalhamento por perfuração com

formação de tronco de cone (BANGASH, 2009).

74
Os efeitos locais causam um estado de tensão complexo e transitório. As

fórmulas empíricas desenvolvidas e que serão apresentadas e utilizadas no

próximo capítulo deste trabalho são baseadas em dados de vários testes

realizados.

As previsões matemáticas desses efeitos são difíceis, pois elas devem incluir

as complexas transições de cargas que ocorrem. Um exemplo, é o fato de

existirem projéteis deformáveis e não-deformáveis, fato que influencia a

penetração, pois diminui ou aumenta a mesma e aumenta ou não o tempo de

impacto, mas não afeta a perfuração e o estilhaçamento.

No caso de mísseis macios, geralmente assume-se, em nível de impacto, uma

deformação local do projétil ou do alvo. Quando o alvo é rígido, a carga imposta a

este alvo é composta de uma força de esmagamento e uma força inercial, que é a

taxa de variação do momento do projétil.

Diferentes estudos têm sido realizados para analisar os efeitos de cargas de

impacto em estruturas de concreto. Várias fórmulas surgiram buscando englobar e

prever os efeitos que ocorrem no concreto devido a essas cargas pontuais.

Procurar-se-á neste trabalho descrever algumas dessas fórmulas e utilizá-las

nos dados do programa experimental, comparando-os com os resultados obtidos.

Alguns termos são comuns neste capítulo, ao se calcular os efeitos locias do

impacto nas placas, são eles:

• espessura de penetração (xp): é a espessura que o projétil penetra no

alvo sem que ocorra a perfuração;

• limite de estilhaçamento (te): é a espessura mínima do alvo para que

se previna os estilhaços;

• limite de perfuração (tp): é a espessura mínima do alvo para que não

ocorra a perfuração;

75
2.4.1. Formulações Existentes sobre Impacto de Projéteis em Concretos

São diversas as fórmulas que procuram prever o comportamento de um alvo de

concreto sob a ação de cargas de impacto de projéteis. Algumas delas são mais

conhecidas e utilizadas no meio acadêmico como referência.

Objetivou-se reunir formulações utilizadas para avaliar o comprimento de

penetração xp de projéteis em estruturas de concreto, além de expressões para

prever as espessuras mínimas necessárias para se evitar a perfuração (perforation)

tpf e o estilhaçamento (scabbing) te do concreto.

2.4.1.1. ACE (Army Corps of Engineers) apud LI et al. (2005)

A formulação tem fundamentação empírica, fruto de resultados experimentais

datados do ano de 1943 pelo Departamento de Artilharia do Exército dos Estados

Unidos da América e do Laboratório de Pesquisa Balística, e prevê o comprimento

de penetração xp de projéteis em alvos de concreto. Tem por base testes com altas

velocidades de impacto sobre alvos de espessuras infinitas. Como parte da EQ.

2.8 tem um fator independente da velocidade, chega-se a um valor de comprimento

de penetração diferente de zero para velocidade nula, o que demonstra falta de

fundamentação teórica.

3,5.10−4  m  0,215 1,5


xp = . 2 .d .v + 0,5.d (EQ. 2.8)
fc d 

onde:

m é a massa do projétil em kg;

76
d é o diâmetro do projétil em m;

fc é a resistência do concreto à compressão em Pa;

v é a velocidade do projétil em m/s;

Em função do comprimento de penetração do concreto, a espessura mínima

necessária de concreto para que não ocorra a perfuração é dada por:

t pf = 1,32 ⋅ d + 1,24 ⋅ x p (EQ. 2.9)

para 1,35.d < x p < 13,50.d ou 3.d < t pf < 18.d

E para que não ocorra o estilhaçamento do concreto, sua espessura mínima

necessária deve ser igual a:

t e = 2,12 ⋅ d + 1,36 ⋅ x p (EQ. 2.10)

para 0,65.d < x p < 11,75.d ou 3.d < t e < 18.d

Essas duas últimas equações (EQ. 2.9 e EQ. 2.10) foram propostas em função

de análise de regressão de dados oriundos de testes balísticos, cujos projéteis

eram cilíndricos de aço com 37 mm, 75 mm, 76,2 mm e 155 mm de calibre. Estas

equações foram modificadas no ano de 1944 para também avaliar impacto dos

mesmos projéteis de 0.50 pol de calibre, cujas formulações passaram a ser iguais

a:

t pf = 1,23 ⋅ d + 1,07 ⋅ x p (EQ. 2.11)

para 1,35.d < x < 13,5.d ou 3.d < t pf < 18.d

t e = 2,28 ⋅ d + 1,13 ⋅ x p (EQ. 2.12)

para 0,65.d < x < 11,75.d ou 3.d < t e < 18.d

77
2.4.1.2. CHANG apud LI et al. (2005)

Este autor propôs fórmulas empíricas com fatores adimensionais para prever o

comprimento de perfuração e a espessura mínima necessária contra o

estilhaçamento de alvos de concreto atingidos por projéteis de aço rígido não

deformável, que são:

0,25 0,5
u  m.v 2 
t pf =   ⋅   (EQ. 2.13)
v  d.fc 

0,18 0,4
u  m.v2 
t e = 1,84⋅   ⋅  5  (EQ. 2.14)
v  d fc 

onde:

u é a velocidade de referência, igual a 61,0 m/s.

Essas fórmulas são válidas para os seguintes intervalos, tendo por base a

variável aleatória da estatística Bayesiana: 16,0m/s ≤ v ≤ 311,8m/s;

0,11 kg ≤ m ≤ 342,9 kg ; 50,8 mm ≤ d ≤ 304,8mm ; 22,8 MPa ≤ f c ≤ 45,5 MPa ; e

5 cm ≤ h ≤ 60,9cm .

78
2.4.1.3. CEA–EDF (France Atomic Energy – Eletricité de France) apud LI et

al. (2005)

Para a obtenção desta fórmulação, vários testes foram realizados por

BERRIAUD et al. (1978), em placas sujeitas à ação de pêndulos com velocidades

entre 20 m/s e 200 m/s, tendo sido variadas a espessura das placas, a resistência

do concreto à compressão e a taxa de armadura volumétrica.

A fórmula empírica proposta para a espessura mínima necessária contra a

perfuração é dada por:

m0,5.v0,75
tpf = 0,82 ⋅ (EQ. 2.15)
ρ0,125
c .fc0,375.d0,5

onde:

ρc é a densidade do concreto, válida para os seguintes intervalos:

30 MPa < fc < 45 MPa ; 0,3.d < xp < 4.d ; e 75 kgf/m 3 < ρl < 300 kgf/m 3 , sendo ρl a

taxa de armadura volumétrica.

2.4.1.4. CHELAPATI et al. (1972) apud LI et al. (2005)

Segundo esses autores, o comprimento de penetração é dado por:


4
 4,151.10 -2.m.d0,2  v  3
x p =    (EQ. 2.16)
 d2  1000 

79
Esses autores propõem para a espessura mínima necessária contra a

perfuração a seguinte expressão:

tpf = 1,3.xp (EQ. 2.17)

2.4.1.5. BRL (Ballistic Research Laboratory) Modificada apud LI et al.

(2005)

Essa formulação, datada do ano de 1941, prevê o comprimento de penetração

de alvos de espessura infinita impactados por projéteis não deformáveis de alta

velocidade, cuja expressão é:

1,33.10−3  m  0,2 1,33


xp =  2 .d .v (EQ. 2.18)
fc d 

Fruto de um trabalho feito pelos autores sobre avaliação probabilística de risco

para estruturas nucleares, as espessuras mínimas necessárias contra a perfuração

e o estilhaçamento, em função do comprimento de penetração, é igual a:

tpf = 1,3.xp (EQ. 2.19)

t e = 2,0.x p (EQ. 2.20)

80
2.4.1.6. NDRC (National Defense Research Committee) Modificada apud LI

et al. (2005)

Essa fórmulação data do ano de 1946, foi apresentada pelo Comitê Nacional

de Pesquisa de Defesa dos EUA, tendo por base a formulação do ACE, e ainda é

aplicável em instalações de usina nuclear para projeto contra impacto.

Baseia-se em impacto de projéteis rígidos em concreto maciço e permite

avaliar o comprimento de penetração e as espessuras mínimas necessárias contra

a perfuração e o estilhaçamento de concretos. Nela, assume-se que a força de

contato entre o projétil e o alvo decresça linearmente para um valor constante

quando o comprimento de penetração é pequeno.

O comprimento de penetração é dado por:

1
1,8 2
 N.m  v  
xp = 2.d.3,8.10-5. .   (EQ. 2.21)
 d. fc  d  
xp
para ≥ 2,0
d

1,8
 -5 N.m  v 

xp = 3,8.10 . .  + d (EQ. 2.22)
 fc  d  
xp
para < 2,0
d

onde:

N é o fator de forma do projétil, sendo igual a 0,72 para projétis de ponta chata

(flat); 0,84 para projéteis de ponta esférica; 1,00 para projéteis de ponta partida

(blunt); e 1,14 para projéteis pontudos (very sharp).

81
Para as espessuras mínimas necessárias contra a perfuração e o

estilhaçamento, tem-se:

x p2
t pf = 3,19.x p − 0,718 (EQ. 2.23)
d
para x p ≤ 1,35.d ou t pf ≤ 3.d

t pf = 1,32.d + 1,24.xp (EQ. 2.24)

para 1,35.d ≤ x p ≤ 13,5.d ou 3.d < t pf < 18.d

x p2
t e = 7,91.xp − 5,06 (EQ. 2.25)
d
para x p ≤ 0,65.d ou t e ≤ 3.d

t e = 2,12.d+ 1,36.xp (EQ. 2.26)

para 0,65.d ≤ x p ≤ 11,75.d ou 3.d < t e < 18.d

Tem sido sugerido que seja feito um acréscimo de 20% a 30 % para o valor

calculado da espessura. Se a estrutura é calculada para não haver perfuração,

pode haver estilhaçamento por punção. Isso é válido tanto para projéteis

deformáveis quanto para projéteis não deformáveis.

82
2.4.1.7. HALDAR e HAMIEH (1984) apud LI et al. (2005)

Os autores propuseram o uso de um coeficiente de impacto Ia adimensional

para prever o comprimento de penetração xp, cuja formulação é:

x p = −0,0308.d +0,2251.I a .d (EQ. 2.27)

para 0,3 ≤ Ia ≤ 4,0

x p = 0,6740 .d + 0,0567 .Ia .d (EQ. 2.28)

para 4,0 < Ia ≤ 21,0

x p = 1,1875 .d + 0,0299 .Ia .d (EQ. 2.29)

para 21,0 < Ia ≤ 455,0

onde:

Ia é o coeficiente de impacto adimensional, dado por:

m.N.v 2
Ia = (EQ. 2.30)
d3 .fc

A expressão para cálculo da espessura mínima necessária contra a perfuração

é a mesma proposta pela NDRC MODIFICADA (v. EQ. 2.23 e EQ. 2.24).

Para a espessura mínima necessária contra o estilhaçamento, também as

formulações propostas pela NDRC MODIFICADA podem ser utilizadas para o caso

83
do coeficiente Ia ser menor que 21,0. Se Ia ultrapassar o valor 21,0 , a EQ. 2.31

deve ser utilizada.

te = 3,3437.d + 0,0342.Ia.d (EQ. 2.31)

para 21,0 ≤ Ia ≤ 385,0

2.4.1.8. PETRY Modificada apud LI et al. (2005)

Com base na formulação original de PETRY, datada do ano de 1910, a mais

antiga formulação disponível no meio técnico, a formulação de PETRY

MODIFICADA (v. EQ. 2.32) é a mais usada nos EUA para avaliar o comprimento

de penetração de projéteis em estruturas de concreto.

m  v2 
xp = k. . log 1 +  (EQ. 2.32)
d2  19,974 
 

onde:

k é um coeficiente dependente da resistência do concreto à compressão, igual

a:

k = 0,0795 .K p (EQ. 2.33)

sendo Kp o coeficiente que depende da resistência do concreto à compressão,

obtido a partir do gráfico da FIG. 2.32.

84
FIG. 2.31 – Curva Kp x fc.

2.4.1.9. AMMANN e WHITNEY apud LI et al. (2005)

Os autores propuseram uma formulação de forma similar à do ACE e do NDRC

MODIFICADA para prever o comprimento de penetração de pequenos fragmentos

a altas velocidades (acima de 300 m/s) em estruturas de concreto.

O comprimento de penetração xp é dado por:

6.10−4  m  0,2 1,8


xp = .N. 2 .d .v (EQ. 2.34)
fc d 

2.4.1.10. WHIFFEN (1943) apud LI et al. (2005)

A EQ. 2.35 foi proposta pelo autor inglês com base em uma extensa base de

dados oriunda de estudos de penetração de fragmentos de vários tipos de bombas

85
em estruturas de concreto armado, com diferentes calibres e dimensão máxima do

agregado graúdo do concreto.

0,1 97,51
 2,61  m   d   v  fc0,25
xp =  . .  . (EQ. 2.35)
 f   d2   Dmáx   533,4 
 c 

onde:

Dmáx é a dimensão máxima do agregado graúdo do concreto.

Essa formulação é válida para os seguintes intervalos:

5,5 MPa < fc < 69,0 MPa ; 0,14 kg < m < 9966,00 kg ; 12,7 mm < D máx < 965 ,2 mm ;

0 m / s < v < 533,4 m / s e 0,5 < d D máx < 50 .

2.4.1.11. UKAEA (United Kingdom Atomic Energy Authority) apud LI et al.

(2005)

Baseada em diversos estudos sobre proteção de estruturas de usinas

nucleares feitos no Reino Unido, a formulação para avaliar o comprimento de

penetração (EQ. 2.36 a EQ. 2.38) é uma modificação da proposta por NDRC, que

leva em conta o impacto de projéteis a velocidades mais baixas.

0,5
xp = 0,275.d − d.(0,0756 − G) (EQ. 2.36)

para G ≤ 0,0726

86
0,5
xp = d.(4.G - 0,242) (EQ. 2.37)

Para 0,0726 ≤ G ≤ 1,0605

x p = d.(G + 0,9395 ) (EQ. 2.38)

para G ≥ 1,0605

onde:
1,8
N.m  v 
−5
G = 3,8.10 . . 
d. fc  d 

As EQ. 2.36 a EQ. 2.38 foram desenvolvidas para os seguintes intervalos:

25 m/s < v < 300 m/s ; 22 MPa < fc < 44 MPa e 5000 kg/m 3 < m/d 3 < 200000 kg/m 3 .

A espessura mínima necessária contra o estilhaçamento proposta é dada por:

t e = 5.3.d.G 0,33 (EQ. 2.39)

para intervalos: 29 m/s < v < 238 m/s ; 26 MPa < fc < 44 MPa e

3000 kg/m3 < m/d3 < 222200 kg/m3 .

87
2.4.1.12. BECHTEL apud LI et al. (2005)

O autor propôs formulações para avaliação da espessura mínima necessária

contra o estilhaçamento (EQ. 2.40 e EQ. 2.41), que tiveram por base testes de

impacto de mísseis em estruturas de usinas nucleares.

38,98.m0,4 .v 0,5
te = (EQ. 2.40)
fc0,5 .d0,2

para mísseis sólidos de aço;

13,63.m0,4 .v 0,65
te = (EQ. 2.41)
fc0,5 .d0,2

para mísseis de tubos de aço.

2.4.1.13. STONE e WEBSTER apud LI et al. (2005)

Para a avaliação da espessura mínima necessária contra o estilhaçamento, a

formulação proposta é a seguinte:

1
 m.v 2  3
t e =   (EQ. 2.42)
 C 

para 20,7 MPa ≤ fc ≤ 31,0 MPa e 1,5.d ≤ t e ≤ 3,0.d

onde:

88
C é um coeficiente dependente da espessura do alvo de concreto t e do

diâmetro do projétil d, dado por:

C = 0,013. (t d) + 0,330 (EQ. 2.43)

2.4.1.14. DEGEN apud LI et al. (2005)

O autor propôs, com base em análise estatística de dados experimentais, uma

formulação para avaliação da espessura mínima necessária contra a perfuração,

igual a:

t pf = 0,69.d + 1,29.x p (EQ. 2.44)

para 2,65.d ≤ t pf ≤ 18.d ou 1,52.d ≤ x p ≤ 13,42.d ;

t pf = 2,2.d - 0,3. x p2 d (EQ. 2.45)

para tpf < 2,65.d ou x p < 1,52.d

sendo xp o comprimento de penetração dado pela formulação de NDRC

Modificada.

As EQ. 2.44 e EQ.2.45 são válidas para os seguintes intervalos:

28,4 MPa < fc < 43,1MPa ; 25,0 m/s < v < 311,8 m/s ; 0,15 m < t < 0,61m ; e

0,10 m < d < 0,31 m .

89
2.4.1.15. ADELI e AMIN apud LI et al. (2005)

Os autores propuseram expressões para avaliação do comprimento de

penetração xp (v. EQ. 2.46 e EQ. 2.47) e das espessuras mínimas necessárias

contra o estilhaçamento (v. EQ. 2.48) e a perfuração (v. EQ. 2.49), com base na

formulação de HALDAR e HAMIEH apud LI et al. (2005).

x p = 0,0416.d +0,1698.I a .d - 0,0045.I 2a .d (EQ. 2.46)

para 0,3 ≤ Ia ≤ 4,0

x p = 0,0123.d +0,1960.I a .d - 0,0080.I a2 .d + 0,0001.I 3a .d (EQ. 2.47)

para 4,0 ≤ Ia ≤ 21,0

t e = 0,9060.d + 0,3214.Ia .d − 0,0106.Ia2 .d (EQ. 2.48)

para 0,3 ≤ Ia ≤ 21,0

t pf = 1,8685.d + 0,4035.I a .d − 0,0114.I a2 .d (EQ. 2.49)

para 0,3 ≤ Ia ≤ 21,0

As EQ. 2.46 a EQ.2.49 são válidas para os seguintes intervalos:;

0,7.d < t < 18.d ; 0,11 kg < m < 343 kg ; d ≤ 0,3 m ; e x p ≤ 2.d .

As TAB. 2.4 a TAB. 2.6 agrupam resumidamente as expressões encontradas

na literatura para a avaliação do comprimento de penetração xp e das espessuras

90
mínimas necessárias contra a perfuração tpf e o estilhaçamento te de estruturas de

concreto submetidas a carga de impacto.

TAB. 2.3 –Expressões existentes para avaliação do comprimento de penetração xp.


Autor xp (m)

ACE (Army Corps of 3,5.10−4  m  0,215 1,5


xp = . 2 .d .v + 0,5.d
Engineers) apud LI et al. (2005) fc d 

4
CHELAPATI et al. (1972)  4,151.10-2.m.d0,2  v  3
xp =   
apud LI et al. (2005)  d2  1000 

BRL (Ballistic Research 1,33.10 −3  m  0,2 1,33


Laboratory) Modificada xp =  2 .d .v
apud LI et al. (2005)
fc d 

1
1,8
 N.m  v  
2

NDRC (National Defense xp = 2.d.3,8.10-5. .  


 d. fc  d  
Research Committee) Modificada para x p ≥ 2,0
apud LI et al. (2005) d
1,8
 N.m  v   para x p < 2,0
x p = 3,8.10 -5. .  + d
fc  d  d
 

x p = −0,0308.d +0,2251.I a .d para 0,3≤ Ia ≤ 4,0

xp = 0,6740.d + 0,0567.Ia.d para 4,0 < Ia ≤ 21,0


HALDAR e HAMIEH (1984)
apud LI et al. (2005)
xp = 1,1875.d + 0,0299.Ia.d para 21,0 < Ia ≤ 455,0

onde: m.N.v 2
Ia =
d3 .fc

PETRY Modificada m  v2 
apud LI et al. (2005) xp = k. 2
. log1 + 

d  19,974 

AMMANN e WHITNEY 6.10 −4  m  0,2 1,8


apud LI et al. (2005) xp = .N. 2 .d .v
fc d 

WHIFFEN (1943)  2,61   m   d


0,1
  v 
97,51
fc0 , 25
apud LI et al. (2005) xp =  . .  . 
 f   d2   Dmáx   533,4 
 c 

91
TAB. 2.4 – Expressões existentes para avaliação da espessura mínima necessária

contra a perfuração tpf.


Autor tpf (m)

ACE (Army Corps of Engineers) tpf = 1,23 ⋅ d + 1,07 ⋅ xp


apud LI et al. (2005) para 1,35.d< xp < 13,50.d ou 3.d< tpf < 18.d

0,25 0,5
u  m.v2 
CHANG tpf =   ⋅  
apud LI et al. (2005) v  d.fc 
sendo u a velocidade de referência, igual a 61,0 m/s.

CEA–EDF (France Atomic m0,5.v 0,75


Energy – Eletricité de France) tpf = 0,82 ⋅
apud LI et al. (2005) ρ0,125
c .fc0,375.d0,5

CHELAPATI et al. (1972) t pf = 1,3.x p


apud LI et al. (2005)
BRL (Ballistic Research
Laboratory) Modificada t pf = 1,3.x p
apud LI et al. (2005)
xp2
tpf = 3,19.xp − 0,718
d
NDRC (National Defense para xp ≤ 1,35.d ou t pf ≤ 3.d
Research Committee) Modificada
apud LI et al. (2005)
tpf = 1,32.d+ 1,24.xp
para 1,35.d ≤ xp ≤ 13,5.d ou 3.d < tpf < 18.d
xp2
tpf = 3,19.xp − 0,718
d
para x p ≤ 1,35.d ou tpf ≤ 3.d
HALDAR e HAMIEH (1984)
apud LI et al. (2005)
tpf = 1,32.d+ 1,24.xp
para 1,35.d ≤ xp ≤ 13,5.d ou 3.d< tpf < 18.d

tpf = 0,69.d+ 1,29.xp


para 2,65.d≤ tpf ≤ 18.d ou 1,52.d≤ xp ≤ 13,42.d;
DEGEN
apud LI et al. (2005) tpf = 2,2.d - 0,3. xp2 d
para tpf < 2,65.d ou xp < 1,52.d

sendo xp dado pela formulação de NDRC Modificada.

ADELI e AMIN tpf = 1,8685.d + 0,4035.Ia.d − 0,0114.Ia2.d


apud LI et al. (2005) para 0,3 ≤ Ia ≤ 21,0

92
TAB. 2.5 – Expressões existentes para avaliação da espessura mínima necessária

contra o estilhaçamento te.


Autor te (m)
t e = 2,28⋅ d + 1,13⋅ xp
ACE (Army Corps of Engineers)
apud LI et al. (2005) para 0,65.d < x p < 11,75.d ou 3.d< te <18.d

0,13 0,4
u  m.v2 
CHANG t e = 1,84 ⋅   ⋅  0,5 
apud LI et al. (2005) v  d fc 
sendo u a velocidade de referência, igual a 61,0 m/s.
BRL (Ballistic Research
Laboratory) Modificada t e = 2,0.x p
apud LI et al. (2005)
xp2
t e = 7,91.xp − 5,06
d
NDRC (National Defense
Research Committee) Modificada para xp ≤ 0,65.d ou t e ≤ 3.d
apud LI et al. (2005)
t e = 2,12.d+ 1,36.xp

para 0,65.d ≤ xp ≤ 11,75.d ou 3.d < t e < 18.d

te obtido segundo NDRC Modificada


para Ia < 21,0
HALDAR e HAMIEH (1984)
apud LI et al. (2005) te = 3,3437.d + 0,0342.Ia.d
para 21,0 ≤ Ia ≤ 385,0

UKAEA (United Kingdom Atomic


Energy Authority) t e = 5,3.d.G0,33
apud LI et al. (2005)
38,98.m 0,4 .v 0,5
te =
fc0,5 .d0,2

BECHTEL para mísseis sólidos de aço;


apud LI et al. (2005) 13,63.m0,4.v 0,65
te =
fc0,5.d0,2
para mísseis de tubos de aço.
1
 m.v 2  3

STONE e WEBSTER t e =  
apud LI et al. (2005)  C 
para 1,5.d ≤ t e ≤ 3,0.d , sendo C = 0,013.(t d) + 0,330

ADELI e AMIN t e = 0,9060.d + 0,3214.Ia .d − 0,0106.Ia2.d


apud LI et al. (2005)
para 0,3 ≤ Ia ≤ 21,0

93
2.5. Estudos Existentes sobre Cargas de Impacto em Concreto

2.5.1. POLANCO-LORIA et al. (2008)

Estes autores propuseram uma avaliação numérica para prever a penetração

de projéteis de 25,4mm de diâmetro em placas quadradas de 610 mm x 610 mm x

178 mm de concreto armado com barras de 5,6mm de diâmetro ensaiadas por

HANCHAK et al. (1992). Dois tipos de concreto foram utilizados (fc = 48MPa e fc =

140 MPa). Os primeiros autores se basearam no modelo proposto por

HOLMQUIST et al. (1993) e fizeram modificações que conduziram a resultados

próximos dos reais, com cerca de 8% de desvio.

2.5.2. VOSSIYGUI et al. (2007)

Os autores testaram 30 placas de concreto quadradas de 30,5 mm x 30,5mm,

com espessuras variando de 25,4 mm a 38,1 mm e fck de 30MPa a 43 MPa, onde 9

placas eram sem tecido de polipropileno ou zylon e as demais possuíam tecido de

polipropileno ou zylon em uma ou ambas as faces. Os resultados das placas com

tecido de polipropileno ou zylon foram comparados com as placas sem tecido. Os

ensaios foram feitos utilizando uma arma de gás nitrogênio com uma pressão

máxima de 10,3 MPa e projéteis de 34g, 12,7mm de diâmetro, 25,4 mm de

comprimento e ponta com ângulo de 45°, sendo apenas um caso com projétil de

ponta esférica. Os resultados mostraram que o estilhaçamento nas placas com

94
fibras na face posterior foi reduzido e os estilhaços foram contidos pelo tecido. Os

resultados de penetração foram comparados com as fórmulas empíricas.

Concluiu-se que a espessura da placa tem um efeito relevante na resistência à

penetração. Quanto a resposta dos painéis ao impacto, todos mostraram-se

quebradiços, com fissuras macroscópicas através da amostra para a face posterior.

Quanto à absorção de energia, esta decresce significativamente quando diminui-se

a espessura da placa de 38,1 mm para 25,4mm. O tecido na parte posterior foi

mais efetivo na absorção de energia. As placas com tecido de zylon foram mais

eficientes na absorção de energia que as sem tela. Por fim, as fórmulas não estão

aptas para prever os parâmetros de impacto para placas de concreto protegidas

com tecido.

2.5.3. ZHANG et al. (2005)

Os autores apresentaram os resultados de um estudo experimental sobre a

resistência ao impacto de projéteis em concretos de alta resistência (fc entre

45 MPa e 235 MPa). Os projéteis tinham 12,6 mm de calibre, com ponta ogival, e

foram conduzidos a velocidades de 620 m/s a 700 m/s. As amostras de concreto

tiveram a relação água-cimento, o agregado graúdo, a areia (natural e quartzo) e a

quantidade fibras de aço variados.

Os resultados indicaram que a profundidade de penetração e o diâmetro da

cratera nas amostras exibem uma redução global não-linear com o aumento da

resistência do concreto à compressão.

Para o concreto de resistência à compressão de 115 MPa, a profundidade de

penetração e o diâmetro da cratera foram, respectivamente, 40% e 60% inferiores

aos encontrados em concreto com uma resistência à compressão de 45 MPa. A

95
incorporação de agregado graúdo melhorou a resistência ao impacto em termos de

redução da profundidade de penetração, o diâmetro da cratera e o aumento da

propagação das trincas. A incorporação de fibras de aço no concreto reduziu a

propagação do diâmetro da cratera e das fissuras, mas não teve efeito significativo

sobre a profundidade da penetração. Na visão de custos de fabricação do concreto,

os resultados indicaram que o concreto de fck aproximado a 100MPa reforçado com

fibras é um material eficiente para a proteção contra impactos de projéteis. As

amostras de granito exibiram melhor resistência ao impacto nos concretos de alta

resistência. As profundidades de penetração e o diâmetro das crateras foram três

vezes menores que os encontrados no concreto de 45 MPa com fibras. Para o

concreto de alta resistência, estes valores foram 1,5 vezes menores que os do

concreto de 45 MPa.

O acréscimo na temperatura de cura do concreto de 30 °C a 250 °C não

influenciou a resistência do concreto ao impacto.

2.5.4. AGARDH e LAINE (1999)

Os autores simularam a perfuração por projétil (velocidade de impacto de 1500

m/s) de uma placa de concreto reforçado com fibras de 60 mm de espessura, por

meio de modelos numéricos adotando malhas tridimensionais para concreto do

software LS-DYNA (LSTC, Livermore, Junho de 1997). Utilizaram o modelo Tipo 78

"Solo / Concreto", com a erosão. Os dados foram comparados com testes em

placas de concreto com fibras de aço.

Os diâmetros das crateras de saída foram medidos e, de acordo com os

ensaios e com a simulação numérica, ficaram em torno de 180 mm e 150 mm,

respectivamente. A resistência ao cisalhamento contra pressão e a pressão contra

96
deformação volumétrica foram obtidas a partir de amostras de testes na literatura.

O modelo utilizado foi capaz de descrever o processo de perfuração

qualitativamente com um grau aceitável de precisão, apesar da ausência de

procedimentos de teste completo material. Os procedimentos de teste para o

desenvolvimento de danos contra condições (alta) pressão e erosão não estão

disponíveis.

2.5.5. TENG et al. (2005)

Estes autores propuseram um método para realizar uma análise numérica

sobre a resistência à perfuração de estruturas de contenção de concreto armado.

Estas estruturas foram submetidas a impactos normal e oblíquo, considerando a

velocidade residual e o impacto de um projétil de aço nariz ogiva com diferentes

velocidades. A simulação numérica foi realizada utilizando elementos finitos em

análise bidimensional para caso hidrodinâmico (código DYNA-2D segundo

HALLQUIST, 1990). Os resultados foram comparados com os resultados

experimentais de HANCHAK et al. (1992). Com o modelo, pôde-se avaliar a

resistência à penetração, cujo parâmetro é importante para o projeto de estruturas

de contenção em usinas nucleares.

2.5.6. DANCYGIER (2000)

Os autores discutiram os efeitos do impacto de projéteis com formatos

similares, mas não necessariamente proporcionais e não deformáveis, em barreiras

97
de concreto reforçadas. Sugeriram uma forma de avaliar a relação entre as

velocidades de projéteis não-proporcionais, pesados e leves, impactando no

mesmo alvo de concreto, de tal forma que induzem a resultados semelhantes.

Foram discutidos os resultados absoluto e relativo da espessura de penetração e

espessura limite de perfuração dos alvos.

Usando fórmulas conhecidas, as velocidades relativas dos projéteis pesados e

leves foram determinadas de tal forma que houvesse perfuração limite para alvos

idênticos. As fórmulas utilizadas foram a de HALDAR, NDRC modificada, BARR e

de HUGUES.

2.5.7. TELAND e SJOL (2004)

Estes autores avaliaram a penetração do projétil de ponta truncada em alvo de

concreto semi-infinito. Criaram um novo modelo analítico com base na fórmula de

FORRESTAL et al. (1994) e no modelo de LIXIN et al. (2000), que é baseado na

teoria da expansão da cavidade. A abordagem de FORRESTAL foi expandida para

outros tipos de geometria de ponta, em particular, os de ponta truncada.

Foram comparados os modelos analítico, o de FORRESTAL e o de LIXIN com

os dados experimentais de LIXIN, que ensaiou projéteis de ponta plana de 12 mm

de calibre, em alvos de concreto com fc = 35 MPa, com 3 massas de projétil

diferentes (20,5g, 65,8g e 122,8g). Esta comparação apresentou resultados

satisfatórios.

98
2.5.8. ONG et al. (1999)

Os autores avaliaram a resistência de placas de concreto com diferentes tipos

de fibras, submetidas a impactos de projéteis de baixa velocidade. Os tipos de

fibras foram poliolefina, PVA e aço. Os teores volumétricos das fibras examinadas

foram 0%, 1% e 2%. Um total de 10 placas quadradas de 1 m e 50 mm espessura

foram utilizadas. Para o ensaio, foi criado um aparato que simulava a queda de

projéteis de 43 kg a uma altura de 4 m.

De acordo com os resultados, as placas de concretos com fibras de aço

apresentaram desempenho superior, em termos de fissuração, de resistência à

formação do cisalhamento, de absorção de energia e de integridade no momento

do impacto, quando comparadas com as placas reforçadas com fibras de PVA e

poliolefinas. As placas reforçadas com fibras de PVA apresentaram maiores

valores da energia de fratura em relação às placas reforçadas com fibras de

poliolefina.

2.5.9. GARCEZ et al. (2004)

Os autores investigaram o comportamento de concretos com de fibras

submetidos ao impacto e realizaram uma comparação entre os resultados

experimentais e numéricos, fruto de modelagem com o uso do método de

elementos discretos.

Foram analisados os efeitos produzidos pelo impacto em uma estrutura, que

dependem das propriedades dos compósitos que a compõem, tais como

99
resistência à tração e energia específica de fratura, que por sua vez dependem da

natureza da matriz cimentícia empregada.

O esquema de carga aplicada consistiu em um deslocamento prescrito

crescente linearmente no ponto de engaste na placa do absorvedor de impacto.

Foram testadas diferentes velocidades de aplicação da carga. Observaram

pequenas mudanças no valor da carga de ruptura, na ordem de 5%. O intervalo de

integração escolhido foi de 5.10-5 s para que a carga aplicada fosse proporcional

ao tempo transcorrido desde o início do processo de carga.

Foram utilizados dois testes de impacto para a caracterização experimental do

comportamento dos compósitos: o teste de ensaio de queda de esfera e o ensaio

de pêndulo de Charpy.

Estudos com diversas fibras, entre elas aramida, polipropileno, sisal e aço

foram realizados no laboratório. Análises preliminares apontaram para a

contribuição positiva da introdução das fibras no comportamento do concreto

submetido a cargas de impacto.

100
3. PROGRAMA EXPERIMENTAL

3.1. Introdução

De acordo com a revisão bibliográfica realizada no capítulo 2 desse trabalho,

com especial atenção ao comportamento do concreto sob a ação de impactos

balísticos, verificou-se que são poucos os trabalhos que trataram de ensaios

balísticos em estruturas de concreto.

Aqueles que trataram de ensaios balísticos, abordaram concretos de baixa ou

média resistência à compressão (abaixo de 50 MPa). Além disto, a velocidade de

impacto dos projéteis não atingiu altas velocidades (acima de 600 m/s).

Sob esse cenário e visando aumentar e disponibilizar os dados experimentais

nesse assunto, elaborou-se um programa experimental que contemplou ensaios

balísticos em 117 placas de concretos de diferentes composições e espessuras.

Os parâmetros variados neste programa experimental foram a resistência do

concreto à compressão (fc = 30 MPa, 70 MPa e 90 MPa), o tipo de fibras de aço

(fibras longas e fibras médias) e o teor volumétrico das fibras de aço (Vf = 40 kg/m3,

80 kg/m3 e 120 kg/m3), a espessura das placas (t = 25,4 mm, 38,1 mm, 50,8 mm,

70,0 mm, 100,0 mm e 150,0 mm), e o diâmetro (d = .50 pol, 7,62 mm e 9 mm) e a

velocidade de impacto dos projéteis (v = 326,8 m/s a 915,5 m/s).

Todas as placas de concreto eram quadradas, de 30 cm de dimensão, e foram

submetidas a apenas um tiro próximo da sua região central.

Os ensaios realizados, os materiais utilizados na composição dos concretos, a

descrição e a execução das placas, e a montagem e os resultados dos ensaios são

apresentados a seguir.

101
3.2. Ensaios Realizados

Este trabalho experimental foi dividido em três grupos. O primeiro grupo incluiu

placas quadradas de diferentes espessuras (t = 25,4 mm, 38,1 mm e 50,8 mm) de

concreto de baixa resistência (fc = 30 MPa), sem ou com fibras de aço, tendo sido

variado o tipo (médias e longas) e o teor volumétrico das fibras de aço (Vf = 40

kg/m3 e 80 kg/m3).

Com base nos resultados desse primeiro grupo, foi implementado o segundo

grupo. Este reuniu placas de diferentes espessuras (t = 25,4 mm, 38,1 mm, 50,8

mm, 70 mm, 100 mm e 150 mm) de concretos de alta resistência (fc = 90 MPa),

tendo sido utilizadas fibras de aço de um mesmo tipo (longas), porém em um único

teor volumétrico (Vf = 120 kg/m3).

Feita a análise dos resultados do segundo grupo de placas, partiu-se para a

elaboração de um terceiro grupo de placas. Este reuniu placas de diferentes

espessuras (t = 25,4 mm, 38,1 mm, 50,8 mm, 70 mm, 100 mm e 150 mm) de

concretos de alta resistência (fc = 70 MPa e 90 MPa), tendo sido utilizadas fibras de

aço de um mesmo tipo (longas), porém em um único teor volumétrico (Vf = 80

kg/m3).

Visando a complementar os dados do grupo I, um quarto grupo de placas foi

executado com diferentes espessuras (t = 70 mm, 100 mm e 150 mm) de concretos

de baixa resistência (fc = 30 MPa), tendo sido utilizadas fibras de aço de um

mesmo tipo (longas) e um único teor volumétrico (Vf = 80 kg/m3).

Todas as placas foram submetidas a teste balístico com um tiro na sua região

central.

Para caracterização dos concretos, foram realizados ensaios de compressão

uniaxial centrada para avaliação da resistência do concreto à compressão e do

módulo de elasticidade longitudinal secante.

102
3.3. Materiais

3.3.1 Concretos

O traço do concreto de baixa resistência (fc = 30 MPa) dos grupo I e IV, em

massa, foi 1: 2,06: 3,06 (cimento: areia: agregado graúdo) e a relação água-

cimento foi de 0,56.

O cimento empregado foi CPII-E-32, a areia era natural com módulo de finura

2,88 e com dimensão característica máxima de 4,8 mm, e o agregado graúdo era

de gnaisse britado com dimensões características máximas de 9,5 mm (50% em

massa) e de 19,0 mm (50% em massa).

Para os grupos II e III, foram executados dois concretos de alta resistência.

O traço do concreto de alta resistência (fc = 70 MPa) em massa foi 1: 1,44: 2,07

(cimento + microssílica: areia: agregado graúdo), com relação água-aglomerante

de 0,32, 10% de sílica ativa e 2,0% de superplastificante com relação à massa de

cimento.

O traço do concreto de alta resistência (fc = 90 MPa) em massa foi 1: 1,31: 1,92

(cimento + microssílica: areia: agregado graúdo), com relação água-aglomerante

de 0,22, 10% de sílica ativa e 4,0% de superplastificante com relação à massa de

cimento.

Nesses concretos de alta resistência, o cimento empregado foi o CPV-ARI, a

areia era natural e foi igualmente particionada com grãos nas dimensões

características máximas de 2,4 mm, 1,2 mm, 0,6 mm e 0,3 mm, e o agregado

graúdo era de gnaisse britado com dimensão característica máxima de 9,5 mm. A

adição mineral utilizada nesses concretos foi a sílica ativa SILMIX em pó e o aditivo

103
químico foi o superplastificante sintético à base de polímeros policarboxilatos MC-

PowerFlow 2141.

As composições dos concretos por m3 encontram-se na TAB. 3.1. Foi

acrescentada água em quantidade de até 3% em peso do agregado total para a

molhagem dos agregados, pois os mesmos tinham umidade próxima a zero. Em se

tratando dos concretos com fibras, as fibras de aço foram adicionadas de forma

gradual durante a rotação da betoneira para que ficassem mais uniformemente

distribuídas e mais dispersas dentro da massa de concreto.

Para cada betonada de concreto do grupo I, foram moldadas nove placas de

concreto (v. FIG. 3.1.) e seis corpos de prova cilíndricos com dimensões de 150

mm x 300 mm (v. FIG. 3.2), conforme a norma NBR 5738 (1993). Dentre as nove

placas, cada três placas tinham a mesma espessura (25,4 mm, 38,1 mm ou 50,8

mm)

Já nos grupos II, III e IV, para cada betonada de concreto foram moldadas duas

placas de concreto para cada espessura e seis corpos de prova cilíndricos com

dimensões de 150 mm x 300 mm, conforme a norma da NBR 5738 (1993).

Cada um dos dois conjuntos de três cilindros de concreto foi usado para se

obter a resistência média do concreto à compressão e o módulo de elasticidade

longitudinal médio do concreto. Foi utilizada a prensa AMSLER com capacidade de

5000 kN do Laboratório de Materiais de Construção do IME, conforme as normas

da NBR 5739 (1994) e NBR 8522 (2003).

104
TAB.3.1 – Composição por m3 de concreto das placas.
Kg

Material Grupos I e IV Grupos II e III

fc = 30 MPa fc = 70 MPa fc = 90 MPa

Cimento CP II-E-32 332 - -

Cimento CP V-ARI - 457 547

Areia 1016 726 791

Brita 684 1039 966

Sílica Ativa - 46 55

Superplastificante - 9,1 21,9

Água 186 160 134

FIG.3.1 – Vista dos moldes quadrados de madeira resinada utilizados.

105
FIG. 3.2 – Moldes cilíndricos de aço.

Os valores médios de resistências do concreto à compressão fcm para os

concretos simples dos grupos I a IV foram iguais a 29,5 MPa, 66,8 MPa e 85,4

MPa. As resistências dos grupos I e IV, por serem concretos de mesma resistência,

forma consideradas do mesmo grupo para o cálculo da média.

Os valores de abatimento de tronco de cone (v. FIG 3.3) dos concretos simples

dos grupos I a IV foram iguais a 30 mm, 60 mm e 85 mm para os concretos de fcm

iguais a 29,5 MPa, 66,8 MPa e 85,4 MPa, respectivamente.

FIG.3.3 – Execução do ensaio de abatimento do tronco de cone do concreto de fcm

= 29,5 MPa.

106
3.3.2 Fibras de Aço

Foram utilizados dois tipos de fibras de aço HAREX da Vulkan do Brasil Ltda.

nos concretos deste trabalho, cujos dados podem ser vistos na TAB. 3.2.

TAB. 3.2 – Características das fibras de aço.


Fibra Média Fibra Longa
Dados
BSF 36 BSF49
Comprimento nominal (mm) 36 49
Diâmetro equivalente (mm) 0,714 1,040
Fator de forma 50,42 47,11
Comprimento total Ltot (mm) 36 ± 1,0 49 ± 1,0
Comprimento reto Lm (mm) 31 ± 1,6 35 ± 1,6
Comprimento gancho Le + Lk (mm) 2,5 ± 0,8 7 ± 0,8
Largura b (mm) 0,8 ± 0,08 1,7 ± 0,1
Altura d (mm) 0,50 ± 0,05 0,50 ± 0,05

As FIG. 3.4 e 3.5 mostram o aspecto e a forma geométrica, segundo fabricante,

das fibras de aço utilizadas neste trabalho.

Fibra de aço média Fibra de aço longa

FIG. 3.4 – Fibras de aço utilizadas nos concretos.

107
FIG. 3.5 – Forma geométrica das fibras de aço segundo fabricante.

3.4 Descrição das Placas

As placas de concreto simples, sem ou com fibras de aço (Vf = 40 kg/m3, 80

kg/m3 e 120 kg/m3), eram de seção quadrada de 30 cm de dimensão e com

espessura constante ao longo de toda a peça. O valor da espessura variou de

acordo com o grupo a que a placa de concreto pertencia.

Para o grupo I, as espessuras foram de 25,4 mm, 38,1 mm e 50,8 mm. No caso

dos grupos II e III, as espessuras eram iguais a 25,4 mm, 38,1 mm, 50,8 mm, 70,0

mm, 100,0 mm e 150,0 mm. Para o grupo IV, as espessuras foram de 70,0 mm,

100,0 mm e 150,0 mm.

Todas as placas foram identificadas por um código criado de acordo com a

resistência de concreto à compressão em MPa, a espessura da placa em mm, o

tipo (fibra longa ou média) e o teor volumétrico da fibra de aço em kg/m3. Sendo

assim, a placa com o código C30-25,4-AL80 equivale a uma placa de concreto com

resistência do concreto à compressão de 30 MPa, espessura de 25,4 mm e fibra de

aço longa na proporção de 80 kg/m3 de concreto. Para os concretos sem fibras,

usou-se a letra S para exemplificar concreto simples.

108
3.5 Execução das Placas

Utilizaram-se moldes quadrados de madeira resinada (v. FIG 3.1.) para a

moldagem das placas de concreto. Para tornar as fôrmas estanques e facilitar o

processo de desmoldagem, foi utilizada fita adesiva nas juntas das mesmas e

aplicada uma camada fina de óleo mineral nas suas superfícies internas.

Para o preparo do concreto (v. FIG 3.6), utilizou-se uma betoneira de 320 l de

capacidade, observando-se o tempo necessário para homogeneização dos

materiais, que foi de aproximadamente 5 minutos.

FIG. 3.6 – Vista da betoneira de 320 l de capacidade utilizada.

A tabela 3.3 resume as características das placas de concreto ensaiadas nesse

trabalho.

109
TAB 3.3 – Placas de concreto ensaiadas.
Grupo I
Concreto com fibras de aço
3 3 3 3
Concreto simples Vf = 40 kg/m Vf = 40 kg/m Vf = 80 kg/m Vf = 80 kg/m
BSF 49 BSF 36 BSF 49 BSF 36
C30-25,4-S C30-25,4-AL-40 C30-25,4-AM-40 C30-25,4-AL-80 C30-25,4-AM-80
C30-38,1-S C30-38,1-AL-40 C30-38,1-AM-40 C30-38,1-AL-80 C30-38,1-AM-80
C30-50,8-S C30-50,8-AL-40 C30-50,8-AM-40 C30-50,8-AL-80 C30-50,8-AM-80
Grupo II
Concreto com fibras de aço
Concreto simples 3
Vf = 120 kg/m BSF 49
C90-25,4-S C90-25,4-AL-120
C90-38,1-S C90-38,1-AL-120
C90-50,8-S C90-50,8-AL-120
C90-70,0-S C90-70,0-AL-120
C90-100,0-S C90-100,0-AL-120
C90-150,0-S C90-150,0-AL-120
Grupo III
Concreto com fibras de aço
Concreto simples 3
Vf = 80 kg/m BSF 49
C70-25,4-S
C70-25,4-AL-80 C90-25,4-AL-80
C90-25,4-S
C70-38,1-S
C70-38,1-AL-80 C90-38,1-AL-80
C90-38,1-S
C70-50,8-S
C70-50,8-AL-80 C90-50,8-AL-80
C90-50,8-S
C70-70,0-S
C70-70,0-AL-80 C90-70,0-AL-80
C90-70,0-S
C70-100,0-S
C70-100,0-AL-80 C90-100,0-AL-80
C90-100,0-S
C70-150,0-S
C70-150,0-AL-80 C90-150,0-AL-80
C90-150,0-S
Grupo IV
Concreto com fibras de aço
Concreto simples 3
Vf = 80 kg/m BSF 49
C30-70,0-S C30-70,0-AL-80
C30-100,0-S C30-100,0-AL-80
C30-150,0-S C30-150,0-AL-80

110
O adensamento do concreto das placas foi realizado durante e imediatamente

após o seu lançamento manual, com o uso de mesa vibratória (v. FIG 3.7 (a) e (b)).

Para o concreto dos cilindros, o adensamento foi feito por meio de vibrador de

imersão com diâmetro de 25 mm (v. FIG. 3.8). Após 24 horas, as placas e os

cilindros de concreto foram desformados e imersos em tanque com água saturada

de cal por sete dias, sendo então mantidos sob as condições ambientes de

laboratório.

(a) mesa vibratória (b) execução de adensamento

FIG.3.7 – Adensamento do concreto das placas.

FIG.3.8 – Adensamento do concreto dos cilindros.

111
A FIG. 3.9 mostra a sequência de execução dos concretos deste trabalho.

(a) brita + 1/3 da água (b) brita + 1/3 da água + cimento

(c) brita + 1/3 da água + cimento + 1/3 água (d) concreto sem fibras de aço

(e) fibras de aço (f) concreto + fibras de aço

FIG. 3.9 – Sequência de execução do concreto com fibras.

112
A FIG 3.10 mostra o aspecto do concreto utilizado na fabricação das placas e a

FIG 3.11 ilustra as placas imediatamente após a sua concretagem.

FIG. 3.10 – Aspecto do concreto usado nas placas.

FIG. 3.11 – Aspecto das placas imediatamente após a concretagem.

3.6 Ensaio Balístico

Os ensaios balísticos foram realizados no Centro de Avaliação do Exército

(CAEx) e consistiram em um tiro por placa, próximo da sua região central. Tinham

113
como finalidade analisar o comportamento das placas de concreto sem ou com

fibras de aço quanto à absorção do impacto de projéteis e avaliar o comprimento

de penetração dos projéteis ao longo da espessura e o padrão de fissuração das

placas de concreto.

Inicialmente, foram feitos tiros com projéteis de calibre de .50 pol (placas de

concreto do grupo I). Após os primeiros resultados, decidiu-se diminuir, no grupo I,

o calibre para 7,62 mm e 9 mm, pois todas as placas de concreto desse grupo

tinham sido perfuradas. As placas de concreto dos grupos II, III e IV foram

submetidas a tiros de projéteis com calibre 7,62 mm e .50 pol.

Para a realização dos tiros buscou-se utilizar a munição de características

comerciais. Para cada ensaio, pesaram-se as placas antes e após o tiro.

A estrutura para o tiro era composta de um provete, um túnel para medida da

velocidade de tiro e pórtico em aço para colocação da placa de concreto, conforme

pode ser visto na FIG. 3.12.

O provete era o aparato que continha o cano e a culatra para que o tiro

pudesse ser efetuado de acordo com as normas de segurança locais, cujo

acionamento era efetuado do lado externo da linha de tiro por meio de um cordel.

O túnel para medida da velocidade de tiro (FIG. 3.13) tinha uma medida

1,50 m, com equipamento que calcula o tempo que o projétil leva para percorrer

esta distância em milisegundos, permitindo obter a velocidade do projétil.

O pórtico em aço foi fabricado para suportar o impacto de um projétil com

calibre de .50 pol e para apoiar placas quadradas de concreto de 30 cm de

dimensão com espessura de até 20 cm.

A escolha dos calibres se deu de acordo com a tabela de classificação de

blindagem de materiais, das velocidades apresentadas e dos primeiros resultados

obtidos.

114
FIG. 3.12 – Estrutura para o ensaio balístico.

FIG.3.13 – Túnel para medida da velocidade de tiro.

115
FIG. 3.14 – Pórtico em aço para colocação da placa de concreto.

As distâncias dos alvos ao provete foram as menores distâncias permitidas

para que o tiro fosse executado com segurança e que os equipamentos permitiam.

Para o tiro de projétil de 9 mm a distância foi de 5 metros e para os tiros de .50 pol

e 7,62 mm foi de 15 metros.

3.6.1 Caracterização dos Projéteis Empregados

Os projéteis escolhidos foram de calibre 9 mm, 7,62 mm e .50 pol, que são

calibres de armas usuais (pistola, fuzil e metralhadora).

Procurou-se utilizar munição comercial, porém na ausência da mesma, foi

efetuada a montagem do cartucho com a colocação da quantidade ideal de pólvora

para a obtenção de intervalo de velocidades específicas pela equipe de técnicos do

CAEx que auxiliaram na execução dos ensaios, principalmente quanto à segurança

nos procedimentos de utilização dos provetes.

116
Nas TAB 3.4, TAB 3.5 e TAB 3.6 constam as especificações dos projéteis de

9 mm, 7,62 mm e .50pol, respectivamente.

TAB 3.4: Características do projétil de 9 mm.


Diâmetro do projétil 9,02 mm
Comprimento do estojo 19,15 mm
Diâmetro do aro 10,01 mm
Diâmetro do corpo 9,93 mm
Diâmetro da boca 9,65 mm
Tipo de iniciação Central
Massa 7,45g
Tipo do estojo Cônico, sem aro

TAB. 3.5: Características do projétil de 7,62 mm.


Diâmetro do projétil 7,82mm
Comprimento do estojo 51,18mm
Diâmetro do aro 12,01mm
Diâmetro do corpo 911,94mm
Diâmetro da boca 8,71mm
Tipo de iniciação Central
Tipo de estojo Garrafa sem aro
Massa 9,33g

TAB. 3.6: Características do projétil .50 pol BMG.


Diâmetro do projétil 12,7mm
Comprimento do estojo 99mm
Diâmetro do aro 20,4mm
Diâmetro do pescoço 14,2mm
Diâmetro do ombro 18,1mm
Tipo de iniciação Central
Massa 42,4g
Tipo de estojo Sem borda, gargalo

117
3.7 Resultados dos Ensaios

3.7.1 Resistência do Concreto à Compressão

A TAB. 3.7 apresenta os resultados médios de resistência à compressão dos

concretos das placas por grupo.

TAB. 3.7. – Resultados de resistência média do concreto à compressão em MPa

das placas ensaiadas (continua).

Grupo I fc (MPa)

C30-25,4-S
Concreto simples C30-38,1-S 29,5
C30-50,8-S
C30-25,4-AL-40
3
Vf = 40 kg/m BSF 49 C30-38,1-AL-40 29,9
C30-50,8-AL-40
C30-25,4-AM-40
3
Vf = 40 kg/m BSF 36 C30-38,1-AM-40 24,7
C30-50,8-AM-40
Concreto com fibras de aço
C30-25,4-AL-80
3
Vf = 80 kg/m BSF 49 C30-38,1-AL-80 28,9
C30-50,8-AL-80
C30-25,4-AM-80
3
Vf = 80 kg/m BSF 36 C30-38,1-AM-80 26,4
C30-50,8-AM-80

118
TAB. 3.7. – Resultados de resistência média do concreto à compressão em MPa

das placas ensaiadas (continua).

Grupo II fc (MPa)
C90-25,4-S
C90-38,1-S
C90-50,8-S
Concreto simples 85,4
C90-70,0-S
C90-100,0-S
C90-150,0-S
C90-25,4-AL-120
C90-38,1-AL-120

3
C90-50,8-AL-120
Concreto com fibras de aço Vf = 120 kg/m BSF 49 72,6
C90-70,0-AL-120
C90-100,0-AL-120
C90-150,0-AL-120

Grupo III fc (MPa)


C70-25,4-S
C70-38,1-S
C70-50,8-S
Concreto simples 66,8
C70-70,0-S
C70-100,0-S
C70-150,0-S
C70-25,4-AL-80
C70-38,1-AL-80

3
C70-50,8-AL-80
Vf = 80 kg/m BSF 49 72,8
C70-70,0-AL-80
C70-100,0-AL-80
C70-150,0-AL-80
Concreto com fibras de aço
C90-25,4-AL-80
C90-38,1-AL-80

3
C90-50,8-AL-80
Vf = 80 kg/m BSF 49 103,8
C90-70,0-AL-80
C90-100,0-AL-80
C90-150,0-AL-80

119
TAB. 3.7. – Resultados de resistência média do concreto à compressão em MPa

das placas ensaiadas (continuação).

Grupo IV fc (MPa)

C30-70,0-S
Concreto simples C30-100,0-S 30,6
C30-150,0-S
C30-70,0-AL-80
3
Concreto com fibras de aço Vf = 80 kg/m BSF 49 C30-100,0-AL-80 27,9
C30-150,0-AL-80

3.7.2 Módulo de Elasticidade Longitudinal do Concreto

Na TAB 3.8 encontram-se os resultados médios do módulo de elasticidade

longitudinal dos concretos das placas, por grupo.

TAB. 3.8 – Resultados médios de módulo de elasticidade longitudinal secante em

GPa dos concretos das placas ensaiadas (continua).

Grupo I
C30-25,4-S
Concreto simples C30-38,1-S 23,9
C30-50,8-S

120
TAB. 3.8 – Resultados médios de módulo de elasticidade longitudinal secante em

GPa dos concretos das placas ensaiadas (continua).

Grupo I
C30-25,4-AL-40
3
Vf = 40 kg/m BSF 49 C30-38,1-AL-40 24,0
C30-50,8-AL-40
C30-25,4-AM-40
3
Vf = 40 kg/m BSF 36 C30-38,1-AM-40 20,5
Concreto com C30-50,8-AM-40
fibras de aço C30-25,4-AL-80
3
Vf = 80 kg/m BSF 49 C30-38,1-AL-80 22,8
C30-50,8-AL-80
C30-25,4-AM-80
3
Vf = 80 kg/m BSF 36 C30-38,1-AM-80 21,5
C30-50,8-AM-80

Grupo II
C90-25,4-S
C90-38,1-S
C90-50,8-S
Concreto simples 43,9
C90-70,0-S
C90-100,0-S
C90-150,0-S
C90-25,4-AL-120
C90-38,1-AL-120
Concreto com 3
C90-50,8-AL-120
Vf = 120 kg/m BSF 49 41,8
fibras de aço C90-70,0-AL-120
C90-100,0-AL-120
C90-150,0-AL-120

121
TAB. 3.8 – Resultados médios de módulo de elasticidade longitudinal secante em

GPa dos concretos das placas ensaiadas (continuação).


Grupo III
C70-25,4-S
C70-38,1-S
C70-50,8-S
Concreto simples 37,4
C70-70,0-S
C70-100,0-S
C70-150,0-S
C70-25,4-AL-80
C70-38,1-AL-80
Concreto com 3
C70-50,8-AL-80
Vf = 80 kg/m BSF 49 42,2
fibras de aço C70-70,0-AL-80
C70-100,0-AL-80
C70-150,0-AL-80
C90-25,4-AL-80
C90-38,1-AL-80
Concreto com 3
C90-50,8-AL-80
Vf = 80 kg/m BSF 49 47,5
fibras de aço C90-70,0-AL-80
C90-100,0-AL-80
C90-150,0-AL-80
Grupo IV
C30-70,0-S
Concreto simples C30-100,0-S 26,3
C30-150,0-S
C30-70,0-AL-80
Concreto com 3
Vf = 80 kg/m BSF 49 C30-100,0-AL-80 25,5
fibras de aço
C30-150,0-AL-80

3.7.3 Variação de Massa das Placas de Concreto

As massas das placas de concreto, antes e após o ensaio balístico podem ser

vistas nas TAB. 3.9 a TAB. 3.12, além dos valores do diâmetro e da velocidade do

projétil.

122
Nessas tabelas, os valores nulos para massa após o tiro foram decorrentes da

ruptura total da placa de concreto, isto é, após o tiro, as placas de concreto

partiram-se e desprenderam-se do pórtico em aço que servia de apoio para as

mesmas. Assim, não foi possível avaliar a sua massa final.

TAB. 3.9 – Placas de concreto do grupo I (continua).


Diâmetro Velocidade Massa Massa Variação
Placa de concreto do projétil do projétil antes do após o de massa
(mm) (m/s) tiro (kg) tiro (kg) (kg)
Sem fibras de aço
C30-25,4-S 7,62 805,5 5,86 5,74 -0,12
12,7 882,0 6,08 5,92 -0,16
9,00 435,0 5,93 5,83 -0,10
C30-38,1-S 7,62 828,7 8,43 8,21 -0,22
12,7 877,0 8,44 8,00 -0,44
9,00 426,0 8,21 8,04 -0,17
C30-50,8-S 12,7 875,0 10,34 10,08 -0,26
9,00 416,0 10,39 10,30 -0,09
9,00 431,5 10,69 10,51 -0,18
Com fibras de aço
C30-25,4-AL-40 7,62 806,0 6,33 6,18 -0,15
12,7 881,0 6,33 6,18 -0,15
9,00 424,0 6,30 6,17 -0,13
C30-38,1-AL-40 7,62 824,6 8,39 8,13 -0,26
12,7 883,0 8,76 8,51 -0,25
9,00 432,0 9,07 8,73 -0,34
C30-50,8-AL-40 12,7 881,0 11,11 10,68 -0,43
9,00 420,0 10,63 10,56 -0,07
9,00 439,4 10,63 10,40 -0,23
C30-25,4-AM-40 7,62 844,0 6,12 5,95 -0,17
9,00 437,6 5,57 5,47 -0,10
9,00 347,0 6,07 5,98 -0,09
C30-38,1-AM-40 7,62 847,0 8,64 8,49 -0,15
9,00 435,1 8,20 8,12 -0,08
9,00 350,0 8,42 8,37 -0,05
C30-50,8-AM-40 7,62 845,0 10,78 10,47 -0,31
9,00 439,2 11,26 11,20 -0,06
9,00 337,0 11,21 10,92 -0,29
C30-25,4-AL-80 7,62 852,0 6,29 6,19 -0,10
9,00 341,0 5,78 5,65 -0,13
9,00 446,3 6,23 6,14 -0,09
C30-38,1-AL-80 7,62 843,0 8,20 8,06 -0,14
9,00 438,4 9,12 8,96 -0,16
9,00 341,0 8,28 8,16 -0,12
C30-50,8-AL-80 7,62 839,0 11,78 11,46 -0,32
9,00 442,5 11,26 11,14 -0,12
9,00 349,0 11,31 11,29 -0,02

123
TAB. 3.9 – Placas de concreto do grupo I (continuação).
Diâmetro Velocidade Massa Massa Variação
Placa de concreto do projétil do projétil antes do após o de massa
(mm) (m/s) tiro (kg) tiro (kg) (kg)
Com fibras de aço
C30-25,4-AM-80 7,62 839,0 5,78 5,64 -0,14
9,00 438,8 5,61 5,47 -0,14
9,00 349,0 5,30 5,20 -0,10
C30-38,1-AM-80 7,62 852,0 8,45 8,24 -0,21
9,00 326,8 8,72 8,67 -0,05
9,00 416,0 8,30 8,11 -0,19
C30-50,8-AM-80 9,00 417,0 11,84 11,70 -0,14
(*) duas placas adjacentes 11,59 10,94 -0,65
12,7 847,2
distantes de 5 cm entre si 11,28 10,90 -0,38

TAB. 3.10 – Placas de concreto do grupo II.


Diâmetro Velocidade Massa Massa Variação
Placa de concreto do projétil do projétil antes do após o de massa
(mm) (m/s) tiro (kg) tiro (kg) (kg)
Sem fibras de aço
C90-25,4-S 12,7 785,1 6,16 0,00 -
7,62 840,6 5,86 5,55 -0,31
C90-38,1-S 12,7 787,8 8,92 0,00 -
7,62 835,2 6,64 6,31 -0,33
C90-50,8-S 12,7 788,3 10,50 0,00 -
7,62 839,2 13,40 12,98 -0,42
C90-70,0-S 12,7 793,2 17,40 0,00 -
7,62 842,3 16,32 15,82 -0,50
C90-100,0-S 12,7 782,0 25,70 0,00 -
7,62 842,7 24,96 24,66 -0,30
C90-150,0-S 12,7 805,5 36,12 0,00 -
7,62 843,1 35,42 35,18 -0,24
Com fibras de aço
C90-25,4-AL-120 12,7 835,7 7,34 6,40 -0,94
7,62 834,2 7,16 6,94 -0,22
C90-38,1-AL-120 12,7 779,8 11,88 11,24 -0,64
7,62 839,3 9,24 8,98 -0,26
C90-50,8-AL-120 12,7 788,6 13,40 12,71 -0,69
7,62 834,7 12,90 12,32 -0,58
C90-70,0-AL-120 12,7 782,4 15,32 14,88 -0,44
7,62 837,4 17,14 16,94 -0,20
C90-100,0-AL-120 12,7 823,2 23,48 22,85 -0,63
7,62 839,6 23,64 23,42 -0,22
C90-150,0-AL-120 12,7 776,7 36,88 36,06 -0,82
7,62 835,8 36,88 36,64 -0,24

124
TAB. 3.11 – Placas de concreto do grupo III.
Diâmetro Velocidade Massa Massa Variação
Placa de concreto do projétil do projétil antes do após o de massa
(mm) (m/s) tiro (kg) tiro (kg) (kg)
Sem fibras de aço
C70-25,4-S 12,7 785,7 6,75 0,00 -
7,62 833,0 6,86 6,58 -0,28
C70-38,1-S 12,7 789,5 9,86 0,00 -
7,62 834,8 9,72 9,32 -0,40
C70-50,8-S 12,7 854,6 12,44 0,00 -
7,62 837,7 11,88 11,52 -0,36
C70-70,0-S 12,7 786,2 17,18 0,00 -
7,62 836,5 17,92 17,47 -0,45
C70-100,0-S 12,7 789,6 23,74 0,00 -
7,62 832,9 22,92 22,68 -0,24
C70-150,0-S 12,7 783,0 35,54 0,00 -
7,62 834,9 35,96 35,70 -0,26
Com fibras de aço
C70-25,4-AL-80 12,7 788,8 6,70 6,36 -0,34
7,62 837,2 7,12 6,50 -0,62
C70-38,1-AL-80 12,7 776,8 9,78 8,44 -1,34
7,62 836,5 9,56 9,32 -0,24
C70-50,8-AL-80 12,7 915,5 12,26 11,15 -1,11
7,62 838,5 12,86 12,30 -0,56
C70-70,0-AL-80 12,7 785,2 17,76 16,98 -0,78
7,62 840,8 16,56 16,30 -0,26
C70-100,0-AL-80 12,7 786,2 25,70 24,88 -0,82
7,62 837,4 24,08 23,88 -0,20
C70-150,0-AL-80 12,7 791,3 38,15 37,24 -0,91
7,62 838,2 37,52 35,36 -2,16
C90-25,4-AL-80 12,7 792,4 7,12 6,94 -0,18
7,62 833,2 6,50 6,38 -0,12
C90-38,1-AL-80 12,7 820,3 9,56 9,22 -0,34
7,62 837,7 8,18 7,93 -0,25
C90-50,8-AL-80 12,7 793,2 13,04 12,52 -0,52
7,62 835,9 12,26 11,84 -0,42
C90-70,0-AL-80 12,7 798,5 18,54 18,01 -0,53
7,62 839,3 18,76 18,62 -0,14
C90-100,0-AL-80 12,7 823,2 25,26 24,71 -0,55
7,62 836,6 25,06 24,88 -0,18
C90-150,0-AL-80 12,7 778,0 34,80 34,20 -0,60
7,62 842,5 40,38 40,18 -0,20

125
TAB. 3.12 – Placas de concreto do grupo IV.
Diâmetro Velocidade Massa Massa Variação
Placa de concreto do projétil do projétil antes do após o de massa
(mm) (m/s) tiro (kg) tiro (kg) (kg)
Sem fibras de aço
C30-70,0-S 12,7 835,5 16,24 0,00 -
7,62 836,0 15,54 15,08 -0,46
C30-100,0-S 12,7 780,7 21,40 0,00 -
7,62 845,6 23,38 22,74 -0,64
C30-150,0-S 12,7 805,5 34,36 0,00 -
7,62 840,4 34,92 34,30 -0,62
Com fibras de aço
C30-70,0-AL-80 12,7 792,2 16,98 16,25 -0,73
7,62 833,2 15,71 15,10 -0,61
C30-100,0-AL-80 12,7 779,2 23,72 23,02 -0,70
7,62 832,3 24,02 23,58 -0,44
C30-150,0-AL-80 12,7 901,6 33,86 32,95 -0,91
7,62 838,0 36,78 36,26 -0,52

3.7.4 Comprimento de Penetração do Projétil

Os resultados dos ensaios balísticos em termos de comprimento de penetração

do projétil ao longo da espessura nas placas de concreto estão reunidos nas TAB.

3.13 a TAB. 3.16, bem como o comportamento das mesmas indicando se houve

perfuração, destacamento ou estilhaçamento do concreto nas placas.

TAB. 3.13 – Placas de concreto do grupo I (continua).


Diâmetro Velocidade Comprimento
Placa de concreto do projétil do projétil de penetração Observação
(mm) (m/s) (mm)
Sem fibras de aço
C30-25,4-S 7,62 805,5 - perfuração
12,7 882,0 - perfuração
9,00 435,0 - perfuração
C30-38,1-S 7,62 828,7 - perfuração
12,7 877,0 - perfuração
9,00 426,0 19,0 estilhaçamento
C30-50,8-S 12,7 875,0 - perfuração
9,00 416,0 18,5 destacamento
9,00 431,5 17,0 destacamento

126
TAB. 3.13 – Placas de concreto do grupo I (continuação).
Diâmetro Velocidade Comprimento
Placa de concreto do projétil do projétil de penetração Observação
(mm) (m/s) (mm)
Com fibras de aço
C30-25,4-AL-40 7,62 806,0 - Perfuração
12,7 881,0 - Perfuração
9,00 424,0 - Perfuração
C30-38,1-AL-40 7,62 824,6 - Perfuração
12,7 883,0 - Perfuração
9,00 432,0 22,0 Estilhaçamento
C30-50,8-AL-40 12,7 881,0 - Perfuração
9,00 420,0 17,5 Destacamento
9,00 439,4 15,5 Destacamento
C30-25,4-AM-40 7,62 844,0 - Perfuração
9,00 437,6 - Perfuração
9,00 347,0 - Perfuração
C30-38,1-AM-40 7,62 847,0 - Perfuração
9,00 435,1 19,0 Estilhaçamento
9,00 350,0 18,5 Estilhaçamento
C30-50,8-AM-40 7,62 845,0 - Perfuração
9,00 439,2 16,0 Destacamento
9,00 337,0 14,0 Destacamento
C30-25,4-AL-80 7,62 852,0 - Perfuração
9,00 341,0 - Perfuração
9,00 446,3 - Perfuração
C30-38,1-AL-80 7,62 843,0 - Perfuração
9,00 438,4 21,5 Estilhaçamento
C30-50,8-AL-80 7,62 839,0 - Perfuração

TAB. 3.14 – Placas de concreto do grupo II (continua).


Diâmetro Velocidade Comprimento
Placa de concreto do projétil do projétil de penetração Observação
(mm) (m/s) (mm)
Sem fibras de aço
C90-25,4-S 12,7 785,1 - Ruptura
7,62 840,6 - Perfuração
C90-38,1-S 12,7 787,8 - Ruptura
7,62 835,2 - Perfuração
C90-50,8-S 12,7 788,3 - Ruptura
7,62 839,2 - Perfuração
C90-70,0-S 12,7 793,2 - Ruptura
7,62 842,3 - Perfuração
C90-100,0-S 12,7 782,0 - Ruptura
7,62 842,7 28,2 Destacamento
C90-150,0-S 12,7 805,5 - Ruptura
7,62 843,1 28,4 Destacamento

127
TAB. 3.14 – Placas de concreto do grupo II (continuação).
Com fibras de aço
C90-25,4-AL-120 12,7 835,7 - perfuração
7,62 834,2 - perfuração
C90-38,1-AL-120 12,7 779,8 - perfuração
7,62 839,3 - perfuração
C90-50,8-AL-120 12,7 788,6 - perfuração
7,62 834,7 - perfuração
C90-70,0-AL-120 12,7 782,4 - perfuração
7,62 837,4 27,0 destacamento
C90-100,0-AL-120 12,7 823,2 - perfuração
7,62 839,6 31,6 destacamento
C90-150,0-AL-120 12,7 776,7 62,4 destacamento
7,62 835,8 29,5 destacamento

TAB. 3.15 – Placas de concreto do grupo III (continua).


Diâmetro Velocidade Comprimento
Placa de concreto do projétil do projétil de penetração Observação
(mm) (m/s) (mm)
Sem fibras de aço
C70-25,4-S 12,7 785,7 - ruptura
7,62 833,0 - perfuração
C70-38,1-S 12,7 789,5 - ruptura
7,62 834,8 - perfuração
C70-50,8-S 12,7 854,6 - ruptura
7,62 837,7 - perfuração
C70-70,0-S 12,7 786,2 - ruptura
7,62 836,5 - perfuração
C70-100,0-S 12,7 789,6 - ruptura
7,62 832,9 28,8 destacamento
C70-150,0-S 12,7 783,0 - ruptura
7,62 834,9 28,4 destacamento
Com fibras de aço
C70-25,4-AL-80 12,7 788,8 - perfuração
7,62 837,2 - perfuração
C70-38,1-AL-80 12,7 776,8 - perfuração
7,62 836,5 - perfuração
C70-50,8-AL-80 12,7 915,5 - perfuração
7,62 838,5 - perfuração
C70-70,0-AL-80 12,7 785,2 - perfuração
7,62 840,8 28,5 destacamento
C70-100,0-AL-80 12,7 786,2 26,9 destacamento
7,62 837,4 25,8 destacamento
C70-150,0-AL-80 12,7 791,3 55,9 destacamento
7,62 838,2 29,4 destacamento

128
TAB. 3.15 – Placas de concreto do grupo III (continuação).
Diâmetro Velocidade Comprimento
Placa de concreto do projétil do projétil de penetração Observação
(mm) (m/s) (mm)
Com fibras de aço
C90-25,4-AL-80 12,7 792,4 - perfuração
7,62 833,2 - perfuração
C90-38,1-AL-80 12,7 820,3 - perfuração
7,62 837,7 - perfuração
C90-50,8-AL-80 12,7 793,2 - perfuração
7,62 835,9 - perfuração
C90-70,0-AL-80 12,7 798,5 - perfuração
7,62 839,3 23,2 destacamento
C90-100,0-AL-80 12,7 823,2 - perfuração
7,62 836,6 31,1 destacamento
C90-150,0-AL-80 12,7 778,0 63,5 destacamento
7,62 842,5 30,8 destacamento

TAB. 3.16 – Placas de concreto do grupo IV.


Diâmetro Velocidade Comprimento
Placa de concreto do projétil do projétil de penetração Observação
(mm) (m/s) (mm)
Sem fibras de aço
C30-70,0-S 12,7 835,5 - ruptura
7,62 836,0 - perfuração
C30-100,0-S 12,7 780,7 - ruptura
7,62 845,6 44,8 destacamento
C30-150,0-S 12,7 805,5 - ruptura
7,62 840,4 41,3 destacamento
Com fibras de aço
C30-70,0-AL-80 12,7 792,2 - perfuração
7,62 833,2 33,5 destacamento
C30-100,0-AL-80 12,7 779,2 - perfuração
7,62 832,3 41,4 destacamento
C30-150,0-AL-80 12,7 901,6 - perfuração
7,62 838,0 41,1 destacamento

129
3.7.5 Aspecto das Placas após Impacto

3.7.5.1 Placas do Grupo I

No grupo I, todas as placas com espessura de 25,4 mm sofreram perfuração,

estilhaçamento e destacamento após o impacto, independente do calibre do projétil

e do teor volumétrico de fibras de aço.

As placas de 38,1 mm de espessura com fibras de aço resistiram ao impacto

de projéteis de 9 mm, porém apresentaram estilhaçamento do concreto.

As placas de 50,8 mm de espessura resistiram ao impacto de projéteis de 9

mm sem apresentar estilhaçamento, mas ocorreu o destacamento do concreto na

face de impacto.

Todas as placas deste grupo sofreram perfuração quando impactadas pelos

projéteis de calibre 7,62 mm.

Pode-se observar, na FIG. 3.17, que a placa de 25,4 mm sem fibras sofreu

completa perfuração pelo projétil de 7,62 mm. Na FIG. 3.18, a placa de espessura

de 38,1 mm com fibras de comprimento médio e Vf = 40 kg/m3 resistiu ao impacto

do projétil de 9 mm de calibre, mas apresentou o estilhaçamento.

130
(a) face frontal após impacto (b) face posterior após impacto

FIG. 3.15 – Placa de 25,4mm, sem fibras, após impacto de projétil de 7,62mm.

(a) face frontal após impacto. (b) face posterior após impacto

FIG. 3.16 – Placa de 38,1 mm com fibra de comprimento médio e teor

volumétrico de fibra de 40 kg/m3 de concreto após impacto de projétil de 9 mm.

3.7.5.2 Placas do Grupo II

As placas do grupo II não apresentaram estilhaçamento do concreto. As

placas sem fibras de aço partiram-se quando atingidas por projéteis de .50 pol.

Para o calibre 7,62 mm, apenas as placas de espessura de 100 mm e 150 mm

131
sofreram penetração com destacamento do concreto, enquanto as restantes foram

perfuradas.

As placas com fibras não romperam ao serem atingidas por projéteis de .50 pol

de calibre. Apenas a placa de 150 mm de espessura resistiu à perfuração, sofrendo

penetração e destacamento do concreto. Quando atingidas pelo projétil de 7,62

mm de calibre, as placas de concreto de 25,4 mm, 38,1 mm e 50,8 mm de

espessura sofreram perfuração, ao passo que as de 70 mm, 100 mm e 150 mm de

espessura foram penetradas, havendo o destacamento do concreto.

A FIG. 3.17 ilustra as faces frontal e posterior de uma placa de 150 mm de

espessura com fibras longas (Vf = 120 kg/m3) e concreto com fc = 90 MPa após o

impacto de um projétil de .50 pol de calibre. Nota-se que houve o destacamento do

concreto.

(a) face frontal após impacto (b) face posterior intacta após impacto

FIG. 3.17 – Placa de concreto de 150 mm de espessura, fc = 90 MPa e teor

volumétrico de 120 kg/m3 de concreto de fibra após impacto de projétil de .50 pol.

132
3.7.5.3 Placas do Grupo III

As placas de concreto com fibras deste grupo resistiram à perfuração a partir

da espessura de 70 mm para os projéteis de 7,62 mm de calibre e a partir da

espessura de 100 mm para os projéteis de .50 pol.

O aspecto pós-impacto de uma placa de 150 mm de espessura de concreto

com fibras longas no teor Vf = 80 kg/m3 pode ser visto na FIG. 3.18. Observa-se

que houve apenas a penetração do projétil no concreto, sem haver o

estilhaçamento.

(a) face frontal após o impacto (b) face posterior após impacto

FIG. 3.18 – Placa de concreto de 150 mm de espessura, teor volumétrico de

80kg/m3 de concreto de fibras longas, após impacto por projétil de .50 pol.

Todas as placas sem fibras quando atingidas pelos projéteis de .50 pol de

calibre romperam, conforme mostra a FIG. 3.19. Quando sofreram impacto de

projéteis de 7,62 mm, resistiram à perfuração a partir da espessura de 100 mm,

havendo apenas o destacamento do concreto.

133
(a) antes do impacto (b) após o impacto

FIG. 3.19 – Placa de concreto do grupo III sem fibra sob a ação de impacto de

projétil de .50 pol.

3.7.5.4 Placas do Grupo IV

As placas deste grupo foram concretadas para complementar os resultados

das placas do grupo I. Foram executadas placas de maior espessura (70 mm, 100

mm e 150 mm) com o fim de melhor avaliar o comportamento destas em relação às

de menor espessura.

Todas as placas de concreto sem fibras romperam quando atingidas por

projéteis de .50 pol de calibre. A placa de concreto de 70 mm de espessura sofreu

perfuração ao ser impactada por projéteis de 7,62 mm de calibre, enquanto as

demais sofreram penetração e destacamento do concreto.

Houve apenas penetração com destacamento do concreto nas placas com

fibras quando atingidas por projéteis de 7,62 mm de calibre, enquanto ao serem

impactadas por projéteis de .50 pol de calibre foram perfuradas.

Na FIG. 3.22 observa-se o aspecto pós-impacto (perfuração) de uma placa de

concreto de fc = 30 MPa com fibras longas no teor Vf = 80 kg/m3 e 100 mm de

espessura submetida a impacto de projétil de .50 pol de calibre.

134
(a) antes de impacto de projétil de .50 pol. (b) após impacto de projétil de .50 pol.

FIG 3.20 – Placa de concreto do grupo IV de 100 mm de espessura com

fc = 30 MPa, teor volumétrico de fibra de 80 kg/m3 de concreto.

A FIG. 3.23 apresenta o aspecto pós-impacto de uma placa de concreto de fc =

30 MPa sem fibras de aço de 150 mm de espessura submetida a impacto de

projétil de .50 pol de calibre. Verifica-se, na FIG. 3.23a, uma intensa fissuração do

concreto, devido à sua fragilidade. Após retirada do suporte do pórtico em aço, a

placa rompeu em diversos pedaços, o que não aconteceu com as placas de

concreto de mesmas características com fibras de aço em sua composição.

(a) placa após tiro de projétil de .50 pol. (b) placa após ser retirada do suporte.

FIG 3.21 Placa de concreto de fc=30MPa, sem fibra, após tiro de projétil de .50 pol.

135
4. ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1 Introdução

Neste capítulo apresenta-se a análise dos resultados procedentes do programa

experimental desenvolvido neste trabalho, assim como a comparação destes com

os resultados teóricos de acordo com as expressões propostas para avaliação do

comprimento de penetração e das espessuras mínimas necessárias contra a

perfuração e o estilhaçamento relatadas na literatura.

4.2 Resistência Média do Concreto à Compressão

Verifica-se na TAB. 3.7 que, em geral, a adição de fibras de aço de

comprimento médio e a adição de uma grande quantidade de fibras de aço

(120kg/m3 de concreto) diminuiu a resistência à compressão dos concretos com

fibra.

Para os concretos do grupo I, no teor volumétrico de fibras de aço Vf de 40

kg/m3, a resistência à compressão dos concretos com fibras de comprimento longo

de aço aumentou em 1% com relação ao mesmo concreto sem fibras de aço, ao

passo que houve diminuição de 16% no caso de fibras de comprimento médio.

Para o Vf = 80 kg/m3, houve diminuição da resistência à compressão dos concretos

com fibras de aço em 2% (fibras longas) e em 10% (fibras médias) com relação ao

mesmo concreto sem fibras de aço. Os resultados indicam que as fibras médias

não foram eficientes para os concretos do grupo I. Com base neste resultado,

136
decidiu-se a utilização apenas de fibras de comprimento longo para as demais

concretagens.

Em se tratando dos concretos do grupo II, a adição das fibras de aço no teor de

120 kg/m3 levou a uma diminuição de cerca de 15% na resistência do concreto com

fibras em relação ao mesmo concreto sem fibras. Este fato pode ter sido em função

do elevado teor volumétrico de fibras de aço, que acabou prejudicando a

hidratação do cimento por perda de água para a superfície do aço criando um

volume maior de vazios. Decidiu-se então pela execução da concretagem de um

novo grupo com um teor volumétrico de fibras fixado em 80 kg/m3.

Para os concretos de alta resistência do grupo III, houve ganhos de 9%

(fc = 70 MPa) e 22% (fc = 90 MPa) na resistência à compressão dos concretos com

fibras longas em relação à do concreto sem fibras. Isto deve-se ao fato de

concretos de maior resistência possuírem resistência da argamassa elevada, o que

favorece uma melhor aderência da argamassa à superfície das fibras de aço. Com

isso, o mecanismo de ação de ponte entre o concreto e a fibra de aço torna-se

mais efetivo para os concretos de alta resistência.

Houve queda (9%) de resistência com a adição de fibras longas no teor

volumétrico de 80 kg/m3 nos concretos do grupo IV em relação à resistência do

mesmo concreto sem fibras de aço. Essa diminuição de resistência foi maior do

que a observada para os concretos das placas do grupo I, com o mesmo volume

de fibras longas e com a mesma dosagem, porém com menores espessuras. Isto

pode ter ocorrido devido à má distribuição das fibras nas placas do grupo IV.

137
4.3 Módulo de Elasticidade Longitudinal do Concreto

Na TAB. 3.8 são apresentados os resultados médios do módulo de elasticidade

longitudinal secante das placas ensaiadas. Verifica-se que, para os concretos de

baixa resistência do grupo I houve diminuição no módulo de elasticidade de 14%,

5% e 10%, respectivamente, dos concretos com fibras médias no teor de 40 kg/m3,

com fibra longas no teor de 40 kg/m3, com fibras longas no teor de 80 kg/m3 e com

fibras médias no teor de 80 kg/m3. O número de fibras médias adicionado ao

concreto foi muito maior que o número de fibras longas, para um mesmo teor

volumétrico de fibras, o que pode ter acarretado no aumento do número de vazios

no concreto e na diminuição do módulo de elasticidade do mesmo.

O módulo de elasticidade dos concretos com fibras longas no teor de 40 kg/m3

foi praticamente igual ao do concreto simples. Os resultados de módulo de

elasticidade obtidos para os concretos de baixa resistência (grupo I) foram

proporcionais aos resultados de resistência média à compressão apresentados na

TAB 3.7.

Houve redução (5%) no módulo de elasticidade dos concretos do grupo II com

adição de fibras longas no teor volumétrico de 120 kg/m3.

Para os concretos de alta resistência do grupo III, houve ganhos de 13% e 27%

no módulo de elasticidade dos concretos com fibras longas em relação à do

concreto sem fibras para fc = 70 MPa e fc = 90 MPa, respectivamente.

Isto mostra que o mecanismo de ação de ponte entre o concreto e a fibra de

aço é mais efetivo para os concretos de alta resistência e que há um teor

volumétrico máximo de fibras que poderá ser adicionado ao concreto para que haja

benefícios em suas propriedades mecânicas.

Houve queda (3%) no módulo de elasticidade dos concretos do grupo IV, com

adição de fibras longas no teor volumétrico de 80 kg/m3, em relação à resistência

138
do mesmo concreto sem fibras de aço, o que também foi verificado para os

concretos do grupo I.

4.4 Variação de Massa das Placas de Concreto

Das TAB. 3.9 a 3.12, constata-se que a variação de massa das placas de

concreto, isto é, a diferença entre a sua massa inicial (antes do tiro) e a sua massa

final (após o tiro) apresentou resultados dispersos.

Em geral, as placas de concreto sem ou com fibras que foram impactadas com

tiros de maior calibre tiveram maior variação de massa, como era de se esperar.

As placas menos resistentes apresentaram menor perda de massa e a medida

que as placas se apresentaram mais resistentes a perda de massa aumentou e

quanto maior o poder destrutivo e de perfuração do projétil, maior a perda de

massa no alvo. Porém, quanto maior a espessura da placa em comparação com a

espessura de perfuração limite, a perda de massa torna-se menor pois o

destacamento passa a ser apenas na face de impacto e este tende a diminuir seu

volume até um mínimo.

4.5 Comprimento de Penetração do Projétil

As FIG. 4.1 a 4.18 apresentam, por autor, os valores de comprimento de

penetração do projétil xp teórico e experimental para as placas ensaiadas dos

grupos I a IV.

139
Constata-se, nessas figuras, que as formulações propostas por todos os

autores levam a valores de comprimento de penetração do projétil xp teórico

maiores que os experimentais, isto é, todas as formulações superestimam os

valores reais de xp.

A formulação que apresentou valores teóricos de xp (xp teo) mais próximos dos

reais (xp exp) foi a de NDRC (National Defense Research Committee) Modificada

apud LI et al. (2005), tendo apresentado relação xp teo/xp exp média igual a 1,49.

Em contrapartida, a formulação de AMMANN e WHITNEY apud LI et al. (2005)

foi a que conduziu a valores teóricos de xp mais distantes dos reais.

A Tabela 4.1 reúne, por grupo de placas de concreto ensaiadas, os valores

médios da relação xp teo/xp exp e do desvio padrão para cada uma das formulações

encontradas neste trabalho.

Na FIG. 4.9 o grupo IV não foi apresentado, pois as características deste grupo

não atenderam aos intervalos sugeridos na formulação segundo HALDAR e

HAMIEH (1984) apud LI et al.

140
Grupo I (fc = 30 MPa) Grupo II (fc = 90 MPa)

Grupo III (fc = 70 MPa e 90 MPa) Grupo IV (fc = 30 MPa)

FIG. 4.1 – Valores de xp teórico segundo o ACE (Army Corps of Engineers) apud LI

et al. (2005) e experimental para as placas ensaiadas dos grupos I a IV.

FIG. 4.2. – Valores de xp teórico segundo o ACE (Army Corps of Engineers) apud

LI et al. (2005) e experimental para as placas ensaiadas dos grupos I a

IV com fc de 30 MPa a 90 MPa.

141
Grupo I (fc = 30 MPa) Grupo II (fc = 90 MPa)

Grupo III (fc = 70 MPa e 90 MPa) Grupo IV (fc = 30 MPa)

FIG. 4.3 – Valores de xp teórico segundo CHELAPATI et al. (1972) apud LI et al.

(2005) e experimental para as placas ensaiadas dos grupos I a IV.

FIG. 4.4 – Valores de xp teórico segundo CHELAPATI et al. (1972) apud LI et al.

(2005) e experimental para as placas ensaiadas dos grupos I a IV com fc

de 30 MPa a 90 MPa.

142
Grupo I (fc = 30 MPa) Grupo II (fc = 90 MPa)

Grupo III (fc = 70 MPa e 90 MPa) Grupo IV (fc = 30 MPa)

FIG. 4.5 – Valores de xp teórico segundo BRL (Ballistic Research Laboratory)

Modificada apud LI et al. (2005) e experimental para as placas

ensaiadas dos grupos I a IV.

FIG. 4.6 – Valores de xp teórico segundo BRL (Ballistic Research Laboratory)

Modificada apud LI et al. (2005) e experimental para as placas

ensaiadas dos grupos I a IV com fc de 30 MPa a 90 MPa.

143
Grupo I (fc = 30 MPa) Grupo II (fc = 90 MPa)

Grupo III (fc = 70 MPa e 90 MPa) Grupo IV (fc = 30 MPa)

FIG. 4.7. – Valores de xp teórico segundo a NDRC (National Defense Research

Committee) Modificada apud LI et al. (2005) e experimental para as

placas ensaiadas dos grupos I a IV.

FIG. 4.8 – Valores de xp teórico segundo a NDRC (National Defense Research

Committee) Modificada apud LI et al. (2005) e experimental para as

placas ensaiadas dos grupos I a IV com fc de 30 MPa a 90 MPa.

144
Grupo I (fc = 30 MPa) Grupo II (fc = 90 MPa)

Grupo III (fc = 70 MPa e 90 MPa)

FIG. 4.9. – Valores de xp teórico segundo HALDAR e HAMIEH (1984) apud LI et al.

(2005) e experimental para as placas ensaiadas dos grupos I a IV.

FIG. 4.10. – Valores de xp teórico segundo HALDAR e HAMIEH (1984) apud LI et

al. (2005) e experimental para as placas ensaiadas dos grupos I a IV

com fc de 30 MPa a 90 MPa.

145
Grupo I (fc = 30 MPa) Grupo II (fc = 90 MPa)

Grupo III (fc = 70 MPa e 90 MPa) Grupo IV (fc = 30 MPa)

FIG. 4.11. – Valores de xp teórico segundo PETRY Modificada apud LI et al. (2005)

e experimental para as placas ensaiadas dos grupos I a IV.

FIG. 4.12. – Valores de xp teórico segundo PETRY Modificada apud LI et al. (2005)

e experimental para as placas ensaiadas dos grupos I a IV com fc de

30 MPa a 90 MPa.

146
Grupo I (fc = 30 MPa) Grupo II (fc = 90 MPa)

Grupo III (fc = 70 MPa e 90 MPa) Grupo IV (fc = 30 MPa)

FIG. 4.13. – Valores de xp teórico segundo AMMANN e WHITNEY apud LI et al.

(2005) e experimental para as placas ensaiadas dos grupos I a IV.

FIG. 4.14. – Valores de xp teórico segundo AMMANN e WHITNEY apud LI et al.

(2005) e experimental para as placas ensaiadas dos grupos I a IV

com fc de 30 MPa a 90 MPa.

147
Grupo I (fc = 30 MPa) Grupo II (fc = 90 MPa)

Grupo III (fc = 70 MPa e 90 MPa) Grupo IV (fc = 30 MPa)

FIG. 4.15. – Valores de xp teórico segundo WHIFFEN (1943) apud LI et al. (2005) e

experimental para as placas ensaiadas dos grupos I a IV.

FIG 4.16 – Valores de xp teórico segundo WHIFFEN (1943) apud LI et al. (2005) e

experimental para as placas ensaiadas dos grupos I a IV com fc de 30

MPa a 90 MPa.

148
Grupo I (fc = 30 MPa) Grupo II (fc = 90 MPa)

Grupo III (fc = 70 MPa e 90 MPa) Grupo IV (fc = 30 MPa)

FIG. 4.17. – Valores de xp teórico segundo a UKAEA (United Kingdom Atomic

Energy Authority) apud LI et al. (2005) e experimental para as placas

ensaiadas dos grupos I a IV.

FIG. 4.18. – Valores de xp teórico segundo a UKAEA (United Kingdom Atomic

Energy Authority) apud LI et al. (2005) e experimental para as placas

ensaiadas dos grupos I a IV com fc de 30 MPa a 90 MPa.

149
TAB 4.1 – Valores médios de xp teo/xp exp e de desvio padrão.
Desvio
Autor Grupo xp teo/xp exp
padrão
I (C30) 2,80 0,39
II (C90) 1,94 0,21
ACE (Army Corps of Engineers)
III (C70 e C90) 2,10 0,61
apud LI et al. (2005)
IV (C30) 2,32 0,28
média 2,29 0,37
I (C30) 3,31 0,46
II (C90) 3,51 0,41
CHELAPATI et al. (1972)
III (C70 e C90) 3,86 1,00
apud LI et al. (2005)
IV (C30) 2,63 0,29
média 3,33 0,54
I (C30) 3,72 0,51
II (C90) 2,37 0,26
BRL (Ballistic Research Laboratory) Modificada
III (C70 e C90) 2,55 0,75
apud LI et al. (2005)
IV (C30) 2,89 0,36
média 2,88 0,47
I (C30) 1,81 0,27
II (C90) 1,36 0,15
NDRC (National Defense Research Committee)
III (C70 e C90) 1,47 0,40
Modificada apud LI et al. (2005)
IV (C30) 1,30 0,15
média 1,49 0,24
I (C30) 2,56 0,37
II (C90) 1,94 0,28
HALDAR e HAMIEH (1984)
III (C70 e C90) 2,03 0,62
apud LI et al. (2005)
IV (C30) - -
média 2,18 0,42
I (C30) 11,51 2,58
II (C90) 3,08 0,37
PETRY Modificada
III (C70 e C90) 3,38 0,85
apud LI et al. (2005)
IV (C30) 3,63 0,41
média 5,40 1,05
I (C30) 23,61 3,35
II (C90) 28,69 3,41
AMMANN e WHITNEY
III (C70 e C90) 30,75 8,88
apud LI et al. (2005)
IV (C30) 35,16 4,27
média 29,55 4,98
I (C30) 4,08 0,56
II (C90) 2,49 0,29
WHIFFEN (1943)
III (C70 e C90) 2,66 0,79
apud LI et al. (2005)
IV (C30) 3,24 0,42
média 3,12 0,52
I (C30) 2,01 0,28
II (C90) 2,06 0,24
UKAEA (United Kingdom Atomic Energy
III (C70 e C90) 2,21 0,63
Authority) apud LI et al. (2005)
IV (C30) 2,41 0,29
média 2,17 0,36

As formulações propostas pela NDRC (National Defense Research Committee)

Modificada apud LI et al. (2005), UKAEA (United Kingdom Atomic Energy Authority)

150
apud LI et al. (2005), HALDAR e HAMIEH (1984) apud LI et al. (2005) e ACE (Army

Corps of Engineers) apud LI et al. (2005) foram as que apresentaram os menores

valores de relação xp teo/xp exp média (1,49, 2,17, 2,18 e 2,29) e de desvio padrão

médio (0,24, 0,36, 0,42 e 0,37). Isso indica que, possivelmente, o fator de forma do

projétil, utilizado nas formulações de NDRC (National Defense Research

Committee) Modificada apud LI et al. (2005) UKAEA (United Kingdom Atomic

Energy Authority) apud LI et al. (2005) e HALDAR e HAMIEH (1984) apud LI et al.

(2005), é um parâmetro relevante na avaliação do comprimento de penetração de

projéteis em estruturas de concreto.

Destacadamente, os maiores valores de relação xp teo/xp exp média (29,55) e de

desvio padrão médio (4,98), entre todas as formulações relatadas neste trabalho

foram as de AMMANN e WHITNEY apud LI et al. (2005).

Como o valor do parâmetro Ia das formulações de HALDAR e HAMIEH (1984)

apud LI et al. (2005) e de ADELI e AMIN apud LI et al. (2005) é limitado a 455,0 e

21,0, respectivamente, e o valor experimental de Ia em certos casos (algumas

placas de concreto do grupo I e todas as do grupo IV) ultrapassam estes limites,

não se pôde obter o comprimento de penetração teórico xp teo.

Em geral, os maiores valores de desvio padrão da relação xp teo/xp exp, por

autor, ocorreram para as placas de concreto do grupo III, cujas resistências do

concreto à compressão eram iguais a 70 MPa e 90 MPa. Isto pode ser explicado

pelo fato das formulações aqui apresentadas, em sua maioria, terem sido

baseadas em concretos de baixa resistência à compressão (fc < 50 MPa).

4.6 Espessura Mínima Necessária Contra Perfuração

As TAB. 4.2 a 4.5 apresentam os valores teóricos de espessura mínima

necessária contra a perfuração para as placas de concreto dos grupos I a IV.

151
Verifica-se, nessas tabelas, que os valores teóricos variam de 38,6 mm a

289,6 mm para o grupo I, de 52,0 mm a 247,5 mm para o grupo II, de 47,1 mm a

287,5 mm para o grupo III, e de 71,4 mm a 687,5 mm, o que mostra que as

formulações tendem a valores muito discrepantes e conservadores.

De acordo com os ensaios, verificou-se para as placas de concreto do grupo I

(fc = 30 MPa com fibras longas e médias nas taxas Vf = 40 kg/m3 e 80 kg/m3), que

todas as de 25,4 mm de espessura sofreram perfuração, independentemente do

calibre do projétil utilizado.

Todas as placas de 38,1 mm de espessura que foram submetidas a impacto de

projéteis de 9,0 mm de calibre (velocidade de impacto entre 326,8 m/s e 446,3 m/s)

apresentaram estilhaçamento do concreto, enquanto as de 50,8 mm apresentaram

destacamento do concreto.

Considerando o impacto dos projéteis de 7,62 mm (velocidade de impacto

entre 805,5 m/s e 852,0 m/s) e de 12,7 mm (velocidade de impacto de 847,2 m/s a

883,0 m/s) de calibre nas placas de concreto do grupo I, todas foram perfuradas.

Constatou-se que a espessura mínima necessária das placas do grupo I, para

que não ocorra a perfuração do concreto, é de 38,1 mm, quando impactadas com

projéteis de 9 mm de calibre.

Todas as placas de concreto fc = 90 MPa do grupo II que foram impactadas

pelos projéteis de calibre 12,7 mm sofreram perfuração e ruptura (caso de concreto

sem fibras) e apenas perfuração (caso de concreto com fibras longas com Vf =

120 kg/m3), excetuando-se a placa de concreto com fibras de 150 mm de

espessura, cujo aspecto pós-impacto foi destacamento do concreto devido à

penetração do projétil de 12,7 mm de calibre.

152
TAB. 4.2 – Valores teóricos de tpf para as placas do grupo I.
Diâmetro
Placa de do tpf ACE tpf Chang tpf CEA tpf Chelapatii tpf BRL tpf NDRC tpf HH tpf Degen
concreto projétil (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm)
(mm)
Sem fibras de aço
C30-25,4-S 7,62 - 152,2 144,9 265,9 289,0 133,8 133,8 130,5
12,7 64,8 68,2 65,0 79,3 86,3 51,0 51,0 47,0
9,00 106,1 87,9 83,7 135,1 146,8 73,7 73,7 71,5
C30-38,1-S 7,62 - 151,5 144,3 263,9 286,8 133,2 133,2 129,9
12,7 63,3 67,2 64,0 77,1 84,0 50,3 50,3 46,2
9,00 - 151,3 144,0 263,1 285,9 133,0 133,0 129,7
C30-50,8-S 12,7 61,7 66,0 62,8 74,7 81,4 49,5 49,5 45,3
9,00 64,2 67,8 64,6 78,4 85,4 50,8 50,8 46,7
9,00 102,2 86,1 82,0 130,0 141,4 72,1 72,1 69,8
Com fibras de aço
C30-25,4-AL-40 7,62 101,7 85,5 81,6 130,1 140,5 72,0 72,0 69,7
12,7 - 151,0 144,0 265,5 286,6 133,3 133,3 130,0
9,00 62,7 66,5 63,4 76,6 82,9 50,0 50,0 45,9
C30-38,1-AL-40 7,62 104,8 87,0 83,0 134,2 144,9 73,2 73,2 71,0
12,7 - 151,3 144,3 266,3 287,5 133,6 133,6 130,3
9,00 64,0 67,4 64,3 78,5 85,0 50,7 50,7 46,6
C30-50,8-AL-40 12,7 - 151,0 144,0 265,5 286,6 133,3 133,3 130,0
9,00 62,0 66,0 63,0 75,6 81,9 49,7 49,7 45,6
9,00 65,2 68,3 65,1 80,3 86,9 51,3 51,3 47,2
C30-25,4-AM-40 7,62 117,5 97,4 90,7 138,4 164,4 77,7 77,7 75,7
9,00 69,9 74,9 69,8 79,9 95,1 53,0 53,0 49,0
9,00 54,0 63,0 58,6 58,6 69,9 45,3 45,3 41,0
C30-38,1-AM-40 7,62 118,0 97,7 91,0 139,0 165,2 78,0 78,0 75,9
9,00 69,4 74,6 69,5 79,3 94,4 52,8 52,8 48,8
9,00 54,5 63,4 59,0 59,3 70,7 45,5 45,5 41,2
C30-50,8-AM-40 7,62 117,7 97,5 90,8 138,6 164,6 77,8 77,8 75,7
9,00 70,2 75,1 70,0 80,3 95,6 53,2 53,2 49,2
9,00 52,4 61,6 57,3 56,4 67,2 44,4 44,4 40,1
C30-25,4-AL-80 7,62 111,0 90,7 86,1 140,1 153,9 75,7 75,7 73,5
9,00 50,2 57,4 54,5 57,3 63,1 43,5 43,5 39,1
9,00 67,3 70,3 66,7 82,0 90,3 52,2 52,2 48,1
C30-38,1-AL-80 7,62 109,5 90,0 85,5 138,2 151,7 75,1 75,1 72,9
9,00 65,9 69,4 65,9 80,1 88,1 51,5 51,5 47,4
9,00 50,2 57,4 54,5 57,3 63,1 43,5 43,5 39,1
C30-50,8-AL-80 7,62 108,8 89,7 85,2 137,3 150,8 74,8 74,8 72,6
9,00 66,6 69,8 66,3 81,1 89,2 51,9 51,9 47,8
9,00 51,4 58,4 55,5 59,1 65,1 44,2 44,2 39,8
C30-25,4-AM-80 7,62 113,2 93,8 88,1 137,3 157,7 76,3 76,3 74,1
9,00 68,3 72,6 68,2 80,2 92,3 52,5 52,5 48,4
9,00 53,1 61,2 57,4 59,1 68,1 44,9 44,9 40,6
C30-38,1-AM-80 7,62 115,5 94,9 89,1 140,1 161,0 77,2 77,2 75,1
9,00 49,6 58,2 54,7 54,1 62,4 43,0 43,0 38,6
9,00 64,3 69,8 65,5 74,7 86,0 50,6 50,6 46,4
C30-50,8-AM-80 9,00 64,5 69,9 65,6 74,9 86,3 50,6 50,6 46,5
(*) duas placas
adjacentes
12,7 - 156,1 146,5 252,0 289,6 132,8 132,8 129,5
distantes de 5 cm
entre si

153
TAB. 4.3 – Valores teóricos de tpf para as placas do grupo II.
Diâmetro tpf ACE tpf Chang tpf CEA tpf BRL tpf NDRC tpf HH
Placa de do tpf Chelapatii tpf Degen
projétil
(m (m (m (m (m (m
concreto (mm) (mm)
(mm) m) m) m) m) m) m)
Sem fibras de aço
C90-25,4-S 12,7 114,1 82,0 89,1 227,7 145,5 97,6 97,6 92,8
7,62 69,1 52,2 56,8 137,6 87,9 59,5 59,5 56,7
C90-38,1-S 12,7 114,6 82,2 89,3 228,7 146,2 97,8 97,8 93,1
7,62 68,5 52,0 56,5 136,5 87,2 59,2 59,2 56,4
C90-50,8-S 12,7 114,6 82,2 89,4 228,9 146,3 97,9 97,9 93,2
7,62 68,9 52,2 56,7 137,3 87,7 59,4 59,4 56,6
C90-70,0-S 12,7 115,5 82,6 89,8 230,8 147,5 98,3 98,3 93,6
7,62 69,2 52,3 56,9 138,0 88,2 59,6 59,6 56,8
C90-100,0-S 12,7 113,5 81,7 88,9 226,5 144,7 97,3 97,3 92,5
7,62 69,3 52,3 56,9 138,1 88,2 59,6 59,6 56,8
C90-150,0-S 12,7 117,7 83,5 90,8 235,6 150,5 99,5 99,5 94,8
7,62 69,3 52,4 56,9 138,2 88,3 59,6 59,6 56,8
Com fibras de aço
C90-25,4-AL-120 12,7 131,6 93,2 99,3 247,5 171,5 105,8 105,8 101,4
7,62 73,1 56,3 60,0 136,2 94,4 61,2 61,2 58,5
C90-38,1-AL-120 12,7 120,8 88,4 94,2 225,7 156,4 100,4 100,4 95,8
7,62 73,6 56,6 60,3 137,4 95,2 61,5 61,5 58,8
C90-50,8-AL-120 12,7 122,5 89,2 95,0 229,1 158,7 101,3 101,3 96,7
7,62 73,1 56,4 60,1 136,4 94,5 61,2 61,2 58,5
C90-70,0-AL-120 12,7 121,3 88,7 94,5 226,7 157,1 100,7 100,7 96,1
7,62 73,4 56,5 60,2 136,9 94,9 61,4 61,4 58,7
C90-100,0-AL-120 12,7 129,2 92,1 98,1 242,5 168,1 104,6 104,6 100,1
7,62 73,7 56,6 60,3 137,4 95,2 61,5 61,5 58,8
C90-150,0-AL-120 12,7 120,2 88,2 94,0 224,5 155,6 100,1 100,1 95,5
7,62 73,3 56,4 60,1 136,6 94,6 61,3 61,3 58,6

154
TAB. 4.4 – Valores teóricos de tpf para as placas do grupo III.
Diâmetro
Placa de do tpf ACE tpf Chang tpf CEA tpf Chelapatii tpf BRL tpf NDRC tpf HH tpf Degen
concreto projétil (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm)
(mm)
Sem fibras de aço
C70-25,4-S 12,7 126,2 92,7 97,8 227,9 164,7 102,8 102,8 98,2
7,62 75,5 58,7 61,9 136,0 98,2 62,2 62,2 59,5
C70-38,1-S 12,7 126,9 93,1 98,1 229,4 165,7 103,1 103,1 98,6
7,62 75,7 58,8 62,0 136,4 98,5 62,3 62,3 59,6
C70-50,8-S 12,7 140,1 98,8 104,1 255,0 184,1 109,5 109,5 105,3
7,62 76,0 58,9 62,1 137,0 99,0 62,5 62,5 59,8
C70-70,0-S 12,7 126,3 92,8 97,8 228,1 164,8 102,8 102,8 98,3
7,62 75,9 58,9 62,1 136,7 98,8 62,4 62,4 59,7
C70-100,0-S 12,7 126,9 93,1 98,1 229,4 165,8 103,1 103,1 98,6
7,62 75,5 58,7 61,9 136,0 98,2 62,2 62,2 59,5
C70-150,0-S 12,7 125,6 92,5 97,5 226,9 163,9 102,5 102,5 98,0
7,62 75,7 58,8 62,0 136,4 98,5 62,3 62,3 59,6
Com fibras de aço
C70-25,4-AL-80 12,7 122,4 89,1 94,9 229,1 158,6 101,2 101,2 96,6
7,62 73,3 56,4 60,1 136,9 94,7 61,3 61,3 58,6
C70-38,1-AL-80 12,7 120,1 88,1 93,9 224,5 155,4 100,1 100,1 95,4
7,62 73,2 56,4 60,1 136,7 94,6 61,3 61,3 58,6
C70-50,8-AL-80 12,7 147,4 99,6 106,2 279,5 193,3 113,4 113,4 109,2
7,62 73,5 56,5 60,2 137,2 94,9 61,4 61,4 58,7
C70-70,0-AL-80 12,7 121,7 88,8 94,6 227,7 157,6 100,9 100,9 96,3
7,62 73,7 56,6 60,3 137,7 95,3 61,5 61,5 58,8
C70-100,0-AL-80 12,7 121,9 88,9 94,7 228,1 157,9 101,0 101,0 96,4
7,62 73,3 56,4 60,1 136,9 94,8 61,4 61,4 58,6
C70-150,0-AL-80 12,7 122,9 89,3 95,2 230,1 159,2 101,5 101,5 96,9
7,62 73,4 56,5 60,2 137,1 94,9 61,4 61,4 58,7
Com fibras de aço
C90-25,4-AL-80 12,7 106,7 74,9 83,4 230,5 133,6 94,4 94,4 89,5
7,62 63,2 47,1 52,4 136,0 78,8 56,8 56,8 53,9
C90-38,1-AL-80 12,7 111,2 76,8 85,6 241,4 139,9 96,8 96,8 92,1
7,62 63,6 47,3 52,7 137,0 79,4 57,0 57,0 54,1
C90-50,8-AL-80 12,7 106,8 74,9 83,5 230,8 133,8 94,5 94,5 89,6
7,62 63,5 47,2 52,6 136,6 79,2 56,9 56,9 54,0
C90-70,0-AL-80 12,7 107,7 75,3 83,9 232,9 135,0 94,9 94,9 90,1
7,62 63,8 47,3 52,7 137,4 79,6 57,1 57,1 54,2
C90-100,0-AL-80 12,7 111,7 77,0 85,8 242,5 140,6 97,1 97,1 92,3
7,62 63,5 47,2 52,6 136,8 79,3 57,0 57,0 54,0
C90-150,0-AL-80 12,7 104,4 73,8 82,3 225,0 130,4 93,1 93,1 88,2
7,62 64,1 47,5 52,9 138,1 80,0 57,3 57,3 54,4

155
TAB. 4.5 – Valores teóricos de tpf para as placas do grupo IV.
Diâmetro
Placa de do tpf ACE tpf Chang tpf CEA tpf Chelapatii tpf BRL tpf NDRC tpf HH tpf Degen
concreto projétil (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm)
(mm)
Sem fibras de aço
C30-70,0-S 12,7 190,5 143,5 137,2 247,4 264,0 127,2 127,2 538,3
7,62 105,6 86,9 83,1 136,6 145,8 73,7 73,7 549,1
C30-100,0-S 12,7 174,3 136,3 130,4 226,0 241,2 120,7 120,7 470,0
7,62 107,2 87,7 83,8 138,7 148,1 74,3 74,3 561,7
C30-150,0-S 12,7 181,6 139,6 133,5 235,6 251,5 123,7 123,7 500,3
7,62 106,3 87,3 83,5 137,6 146,8 74,0 74,0 554,8
Com fibras de aço
C30-70,0-AL-80 12,7 144,4 136,5 230,4 257,6 124,5 124,5 120,9 530,8
7,62 90,8 85,8 136,0 152,0 75,0 75,0 72,8 598,2
C30-100,0-AL-80 12,7 142,6 134,8 225,4 252,0 122,9 122,9 119,2 513,5
7,62 90,7 85,8 135,8 151,8 74,9 74,9 72,7 596,9
C30-150,0-AL-80 12,7 159,1 150,4 273,8 306,0 137,8 137,8 134,7 687,5
7,62 91,2 86,2 137,1 153,2 75,3 75,3 73,1 605,1

Para o caso dos projéteis de 7,62 mm de calibre, todas as placas de concreto,

sem ou com fibras, do grupo II, foram perfuradas, excetuando-se aquelas que

tinham 100 mm e 150 mm de espessura (caso de concreto sem fibras) e 70 mm,

100 mm e 150 mm de espessura (caso de concreto com fibras). Estas sofreram

destacamento do concreto devido à penetração dos projéteis.

Conclui-se que a espessura mínima necessária das placas de concreto com

fibras de aço longas (Vf = 120 kg/m3) do grupo II, para que não ocorra a perfuração

do concreto quando o mesmo é submetido a impacto de projéteis de 12,7 mm de

calibre, é 150 mm. Para o caso de impacto de projéteis de 7,62 mm de calibre, esta

espessura cai para 100 mm (concreto sem fibras de aço) e para 70 mm (concreto

com fibras de aço e Vf = 120 kg/m3).

Todas as placas de concreto simples de fc = 70 MPa do grupo III foram

perfuradas e romperam após o impacto de projéteis de 12,7 mm de calibre. Em

contrapartida, aquelas que continham fibras de aço longas com Vf = 80 kg/m3 foram

perfuradas sem haver ruptura das mesmas. Para as placas de concreto com fibras

de aço longas com Vf = 80 kg/m3 de 100 mm e 150 mm de espessura, o impacto de

156
projéteis de 12,7 mm de calibre apenas provocou o destacamento do concreto

devido à sua penetração.

Em se tratando do impacto de projéteis de 7,62 mm de calibre, todas as placas

de concreto simples de fc = 70 MPa do grupo III foram perfuradas, com exceção

das de 100 mm e 150 mm de espessura. Estas sofreram destacamento do

concreto em função da penetração destes projéteis. Para as placas de concreto

com fibras de aço longas com Vf = 80 kg/m3, apenas as de 25,4 mm, 38,1 mm e

50,8 mm de espessura foram perfuradas, enquanto as de 70 mm, 100 mm e

150 mm de espessura tiveram destacamento do concreto devido à penetração dos

projéteis de 7,62 mm de calibre.

Todas as placas de concreto com fibras longas (Vf = 80 kg/m3) de fc = 90 MPa

do grupo III foram perfuradas em função do impacto de projéteis de 12,7 mm de

calibre, a menos da placa de 150 mm de espessura, que sofreu destacamento do

concreto devido à penetração do projétil.

No caso do impacto de projéteis de 7,62 mm de calibre, as placas de concreto

com fibras longas (Vf = 80 kg/m3) de fc = 90 MPa do grupo III de 25,4 mm, de 38,1

mm e 50,8 mm foram perfuradas, enquanto as placas de 70 mm, 100 mm e

150 mm sofreram destacamento do concreto devido à penetração do projétil.

Infere-se que a espessura mínima necessária das placas de concreto com

fc=90MPa com fibras de aço longas (Vf = 80 kg/m3) do grupo III para que não

ocorra a perfuração do concreto quando o mesmo é submetido a impacto de

projéteis de 12,7 mm de calibre é 150 mm. No caso de projéteis de 7,62 mm de

calibre, a espessura das placas de concreto simples com fc=90MPa cai para

100 mm e a espessura das placas de concreto com fibras de aço longas

(Vf = 80 kg/m3) passa para 70 mm.

As placas de concreto simples de fc = 30 MPa do grupo IV foram perfuradas e

romperam após o impacto de projéteis de 12,7 mm de calibre. Com a adição de

fibras longas (Vf = 80 kg/m3), estas mesmas placas sofreram perfuração, mas sem

157
apresentar ruptura. Com a diminuição do calibre dos projéteis para 7,62 mm,

somente a placa de concreto simples de 70 mm de espessura foi perfurada, tendo

todas as outras restantes (sem ou com fibras) sofrido destacamento do concreto

devido à penetração do projétil.

Conclui-se que a espessura mínima necessária das placas de concreto sem

fibras do grupo IV, para que não ocorra a perfuração do concreto quando o mesmo

é submetido a impacto de projéteis de 7,62 mm de calibre, é 100 mm. Com a

adição de fibras longas (Vf = 80 kg/m3), esta espessura cai para 70 mm.

4.7 Espessura Mínima Necessária Contra Estilhaçamento

Os valores teóricos de espessura mínima necessária contra o estilhaçamento

para as placas de concreto do grupo I a IV estão reunidos nas TAB. 4.6 a TAB. 4.9.

Pode-se observar, nessas tabelas, que os valores teóricos variam de 16,9 mm

a 442,3 mm para o grupo I, de 22,3 mm a 263,8 mm para o grupo II, de 22,3 mm a

297,4 mm para o grupo III, e de 22,4 mm a 470,7 mm para o grupo IV, o que

demonstra que as expressões conduzem a valores muito discrepantes e

conservadores.

A partir dos ensaios realizados, verificou-se que a espessura mínima

necessária das placas de concreto, sem ou com fibras, do grupo I, para que não

ocorra estilhaçamento do concreto quando o mesmo é submetido a impacto de

projéteis de 9 mm de calibre, é 50,8 mm.

Para o restante dos grupos (II, III e IV) não foi observado estilhaçamento do

concreto, sem ou com fibras, após o impacto dos projéteis. Logo, sugere-se que as

espessuras mínimas necessárias contra o estilhaçamento destes concretos sejam

as mesmas propostas para se evitar a perfuração.

158
TAB. 4.6 – Valores teóricos de te para as placas do grupo I.
Diâmetro
Placa de do te ACE te Chang te BRL te NDRCi te HH te UKAEA te Bechtel te SW
concreto projétil (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm)
(mm)
Sem fibras de aço
C30-25,4-S 7,62 115,4 217,5 84,2 - 88,5 217,5 83,3 25,3
12,7 - 444,6 155,3 - 160,1 444,6 144,2 45,2
9,00 77,3 132,8 62,0 69,8 69,1 132,8 76,0 20,8
C30-38,1-S 7,62 - 225,8 86,0 - 90,0 225,8 84,5 25,3
12,7 - 441,2 154,7 - 159,6 441,2 143,8 44,5
9,00 75,7 129,2 61,2 68,2 68,3 129,2 75,2 20,2
C30-50,8-S 12,7 - 439,9 154,4 - 159,3 439,9 143,6 44,0
9,00 73,9 125,2 60,3 66,4 67,3 125,2 74,4 19,6
9,00 76,7 131,4 61,7 69,2 68,8 131,4 75,7 20,0
Com fibras de aço
C30-25,4-AL-40 7,62 114,9 116,3 216,2 84,1 - 88,4 82,7 25,3
12,7 - 204,2 440,9 154,8 - 159,6 143,1 45,2
9,00 75,0 93,9 127,5 60,9 67,3 67,9 74,6 20,5
C30-38,1-AL-40 7,62 118,1 118,1 222,8 85,5 - 89,6 83,7 25,2
12,7 - 204,5 442,3 155,0 - 159,9 143,3 44,7
9,00 76,4 95,1 130,7 61,6 68,7 68,7 75,3 20,4
C30-50,8-AL-40 12,7 - 204,2 440,9 154,8 - 159,6 143,1 44,2
9,00 74,3 93,3 125,9 60,6 66,6 67,6 74,2 19,7
9,00 77,7 96,2 133,7 62,3 70,1 69,4 75,9 20,3
C30-25,4-AM-40 7,62 - 129,4 252,9 90,4 - 93,7 93,2 26,1
9,00 82,6 103,6 146,3 64,2 78,1 71,4 83,3 20,9
9,00 65,9 88,7 107,5 55,7 60,3 62,2 74,2 17,9
C30-38,1-AM-40 7,62 - 129,7 254,1 90,6 - 93,9 93,3 25,7
9,00 82,1 103,2 145,2 64,0 77,5 71,2 83,1 20,5
9,00 66,4 89,2 108,7 56,0 60,8 62,6 74,5 17,7
C30-50,8-AM-40 7,62 - 129,5 253,3 90,5 - 93,8 93,2 25,2
9,00 82,9 103,8 147,0 64,4 78,4 71,6 83,5 20,3
9,00 64,1 86,9 103,4 54,8 58,5 61,2 73,1 17,0
C30-25,4-AL-80 7,62 - 122,3 236,7 88,1 - 91,9 86,5 26,3
9,00 61,9 82,3 97,1 53,8 55,0 60,0 68,0 17,7
9,00 79,9 98,6 138,9 63,3 72,7 70,4 77,8 21,2
C30-38,1-AL-80 7,62 - 121,5 233,4 87,5 - 91,3 86,1 25,6
9,00 78,4 97,4 135,6 62,6 71,3 69,7 77,1 20,6
9,00 61,9 82,3 97,1 53,8 55,0 60,0 68,0 17,4
C30-50,8-AL-80 7,62 - 121,1 232,0 87,2 - 91,0 85,9 25,1
9,00 79,2 98,0 137,3 62,9 72,0 70,1 77,5 20,4
9,00 63,1 83,6 100,1 54,5 56,2 60,9 68,8 17,4
C30-25,4-AM-80 7,62 - 125,5 242,7 88,8 - 92,4 89,8 26,0
9,00 81,0 101,0 142,1 63,6 75,2 70,8 80,7 20,9
9,00 64,9 86,7 104,8 55,3 58,6 61,8 72,0 18,0
C30-38,1-AM-80 7,62 - 126,8 247,7 89,8 - 93,2 90,5 25,8
9,00 61,2 82,9 96,0 53,2 55,1 59,4 69,7 16,9
9,00 76,7 97,5 132,3 61,5 70,7 68,6 78,6 19,9
C30-50,8-AM-80 9,00 76,9 97,6 132,7 61,6 70,9 68,7 78,7 19,6
(*) duas placas
adjacentes
distantes de 5 cm
12,7 - 209,0 445,5 154,2 - 159,2 149,4 43,0
entre si

159
TAB. 4.7 – Valores teóricos de te para as placas do grupo II.
Diâmetro
Placa de do te ACE te Chang te BRL te NDRCi te HH te UKAEA te Bechtel te SW
concreto projétil (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm)
(mm)
Sem fibras de aço
C90-25,4-S 12,7 132,9 124,2 223,8 115,6 116,4 125,4 79,9 41,9
7,62 80,4 78,6 135,3 70,4 77,3 76,2 50,0 26,0
C90-38,1-S 12,7 133,4 124,5 224,9 115,8 116,9 125,6 80,1 41,5
7,62 79,8 78,3 134,1 70,1 76,7 75,9 49,8 25,4
C90-50,8-S 12,7 133,5 124,5 225,0 115,9 117,0 125,7 80,1 41,0
7,62 80,3 78,5 135,0 70,3 77,1 76,1 50,0 25,1
C90-70,0-S 12,7 134,4 125,1 226,9 116,4 118,0 126,1 80,4 40,5
7,62 80,6 78,7 135,6 70,5 77,5 76,3 50,1 24,5
C90-100,0-S 12,7 132,4 123,9 222,7 115,3 115,9 125,1 79,8 39,1
7,62 80,6 78,7 135,7 70,5 77,6 76,3 50,1 23,7
C90-150,0-S 12,7 136,7 126,4 231,6 117,6 120,3 127,3 81,0 38,5
7,62 80,7 78,7 135,8 70,5 77,6 76,3 50,1 22,5
Com fibras de aço
C90-25,4-AL-120 12,7 151,4 138,2 263,8 124,6 141,1 133,6 89,5 43,7
7,62 84,7 83,4 145,2 72,3 85,5 77,9 54,0 25,9
C90-38,1-AL-120 12,7 140,1 131,9 240,6 118,7 128,3 128,3 86,4 41,2
7,62 85,2 83,8 146,4 72,6 86,3 78,2 54,2 25,5
C90-50,8-AL-120 12,7 141,8 132,9 244,2 119,6 130,3 129,1 86,9 41,0
7,62 84,7 83,5 145,3 72,3 85,6 77,9 54,0 25,0
C90-70,0-AL-120 12,7 140,6 132,2 241,7 119,0 128,9 128,5 86,6 40,1
7,62 85,0 83,6 146,0 72,5 86,0 78,1 54,1 24,4
C90-100,0-AL-120 12,7 148,9 136,8 258,6 123,3 138,1 132,5 88,8 40,5
7,62 85,3 83,8 146,5 72,6 86,3 78,2 54,2 23,6
C90-150,0-AL-120 12,7 139,4 131,6 239,3 118,3 127,6 128,0 86,2 37,5
7,62 84,8 83,5 145,6 72,4 85,8 78,0 54,1 22,3

160
TAB. 4.8 – Valores teóricos de te para as placas do grupo III.
Diâmetro
Placa de do te ACE te Chang te BRL te NDRCi te HH te UKAEA te Bechtel te SW
concreto projétil (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm)
(mm)
Sem fibras de aço
C70-25,4-S 12,7 145,7 137,1 253,3 121,2 137,2 130,6 90,4 41,9
7,62 87,2 86,2 151,1 73,4 90,6 78,9 56,3 25,9
C70-38,1-S 12,7 146,5 137,5 255,0 121,7 138,1 131,0 90,6 41,5
7,62 87,4 86,3 151,6 73,5 90,8 79,0 56,3 25,4
C70-50,8-S 12,7 160,4 145,0 283,3 128,7 154,5 137,3 94,3 43,3
7,62 87,7 86,5 152,3 73,7 91,3 79,2 56,4 25,0
C70-70,0-S 12,7 145,8 137,1 253,6 121,3 137,3 130,7 90,4 40,3
7,62 87,6 86,4 152,0 73,6 91,1 79,1 56,4 24,4
C70-100,0-S 12,7 146,5 137,5 255,0 121,7 138,1 131,0 90,6 39,4
7,62 87,2 86,2 151,1 73,4 90,5 78,9 56,3 23,5
C70-150,0-S 12,7 145,1 136,8 252,2 121,0 136,5 130,3 90,3 37,7
7,62 87,4 86,3 151,6 73,5 90,9 79,0 56,3 22,3
Com fibras de aço
C70-25,4-AL-80 12,7 141,7 132,8 244,0 119,6 130,1 129,1 86,8 42,0
7,62 84,9 83,5 145,7 72,4 85,8 78,1 54,0 26,0
C70-38,1-AL-80 12,7 139,3 131,4 239,0 118,3 127,4 127,9 86,1 41,1
7,62 84,8 83,5 145,6 72,4 85,7 78,0 54,0 25,5
C70-50,8-AL-80 12,7 168,2 146,7 297,4 132,9 160,5 141,0 93,5 45,3
7,62 85,1 83,6 146,0 72,5 86,0 78,1 54,1 25,1
C70-70,0-AL-80 12,7 141,0 132,4 242,5 119,2 129,3 128,7 86,6 40,2
7,62 85,3 83,8 146,6 72,6 86,3 78,3 54,2 24,5
C70-100,0-AL-80 12,7 141,2 132,5 242,9 119,3 129,5 128,8 86,6 39,3
7,62 84,9 83,6 145,8 72,4 85,8 78,1 54,1 23,6
C70-150,0-AL-80 12,7 142,2 133,1 245,0 119,8 130,6 129,3 86,9 38,0
7,62 85,0 83,6 146,0 72,5 85,9 78,1 54,1 22,4
Com fibras de aço
C90-25,4-AL-80 12,7 125,2 115,6 205,5 112,1 104,5 122,1 72,8 42,1
7,62 74,3 72,3 121,3 67,4 67,4 73,4 45,2 25,9
C90-38,1-AL-80 12,7 129,9 118,3 215,2 114,7 108,9 124,6 74,1 42,6
7,62 74,7 72,5 122,1 67,7 67,8 73,6 45,3 25,5
C90-50,8-AL-80 12,7 125,3 115,7 205,8 112,1 104,6 122,1 72,9 41,2
7,62 74,5 72,4 121,8 67,6 67,6 73,5 45,2 25,0
C90-70,0-AL-80 12,7 126,2 116,2 207,6 112,6 105,4 122,6 73,1 40,7
7,62 74,8 72,6 122,4 67,7 68,0 73,7 45,3 24,5
C90-100,0-AL-80 12,7 130,4 118,6 216,2 115,0 109,4 124,9 74,2 40,5
7,62 74,6 72,5 121,9 67,6 67,7 73,6 45,2 23,5
C90-150,0-AL-80 12,7 122,7 114,2 200,6 110,7 102,2 120,7 72,2 37,6
7,62 75,1 72,8 123,1 67,9 68,3 73,9 45,4 22,4

161
TAB. 4.9 – Valores teóricos de te para as placas do grupo IV.
Diâmetro
Placa de do te ACE te Chang te BRL te NDRCi te HH te UKAEA te Bechtel te SW
concreto projétil (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm)
(mm)
Sem fibras de aço
C30-70,0-S 12,7 - 195,2 406,2 148,1 - 154,1 137,8 41,9
7,62 - 118,0 224,3 85,9 - 90,0 83,3 24,4
C30-100,0-S 12,7 196,5 186,5 371,1 140,9 - 148,0 133,2 39,1
7,62 - 119,0 227,8 86,6 - 90,6 83,8 23,7
C30-150,0-S 12,7 - 190,5 386,9 144,2 - 150,8 135,3 38,5
7,62 - 118,5 225,9 86,2 - 90,3 83,5 22,4
Com fibras de aço
C30-70,0-AL-80 12,7 - 195,5 396,3 145,1 - 151,6 140,5 40,5
7,62 - 122,2 233,9 87,3 - 91,2 87,1 24,3
C30-100,0-AL-80 12,7 - 193,3 387,7 143,4 - 150,1 139,3 39,0
7,62 - 122,1 233,6 87,3 - 91,1 87,0 23,5
C30-150,0-AL-80 12,7 - 213,2 470,7 159,7 - 163,7 149,9 41,5
7,62 - 122,7 235,7 87,7 - 91,5 87,3 22,4

162
5. CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS

Este trabalho tratou de um estudo teórico e experimental de placas de concreto

com e sem fibras de aço de diferentes espessuras submetidas a impactos de três

tipo de projéteis. A partir dos ensaios realizados foi possível tirar algumas

conclusões, sendo as principais a seguir mencionadas.

Em geral, para os concretos de baixa resistência (fc = 30 MPa), a adição de

fibras de aço pouco influenciou a resistência à compressão desses concretos.

Para o concreto com Vf = 40 kg/m3, houve aumento de 1% na resistência à

compressão para fibras longas e diminuição de 16% para fibras médias. Para o

concreto com Vf = 80 kg/m3 houve diminuição de 2%na resistência à compressão

para fibras longas e 10% para fibras médias).

Para os concretos de alta resistência, fc = 70 MPa e 90 MPa, houve diminuição

de cerca de 15% na resistência à compressão para Vf = 120 kg/m3 de fibras longas

e ganhos de até 22% para Vf = 80 kg/m3 de fibras longas quando comparado ao

concreto simples (fc = 70 MPa).

Com relação ao módulo de elasticidade, houve maior redução (em até 14%) do

seu valor para os concretos com fibras médias em relação aos concretos com

fibras longas do grupo I (fc = 30 MPa com Vf = 40 kg/m3 e 80 kg/m3). No grupo II

(fc = 90 MPa com Vf = 120 kg/m3) , a redução foi de 5% em relação ao concreto

sem fibras. Para os concretos de alta resistência do grupo III, houve ganhos de

13% e 27% na resistência à compressão dos concretos com fibras longas em

relação ao concreto sem fibras, para fc = 70 MPa e fc = 90 MPa, respectivamente.

Constatou-se que a variação de massa das placas de concreto apresentou

resultados dispersos. Nas placas de concreto, sem ou com fibras, que foram

impactadas com tiros de maior calibre, via de regra tiveram maior variação de

massa, como era de se esperar. Para um determinado calibre, as placas de

163
concreto de maior espessura ou de maior resistência do concreto à compressão

tenderam a apresentar maior variação de massa.

Os concretos com fibras longas apresentaram melhores resultados, embora o

seu fator de forma seja menor do que o das fibras médias.

Foi verificado que todas as formulações superestimam os valores reais de

comprimento de penetração de projéteis em placas de concreto, apesar da maioria

delas ter sido implementada por meio de ensaios de projéteis com velocidade de

impacto menor que a deste trabalho.

A formulação que apresentou valores teóricos de comprimento de penetração

de projéteis xp mais próximos dos reais foi a da NDRC (National Defense Research

Committee) Modificada apud LI et al. (2005). Em contrapartida, a formulação da

AMMANN e WHITNEY apud LI et al. (2005) foi a que conduziu a valores teóricos

de xp mais distantes dos reais.

Em geral, os maiores valores de desvio padrão da relação xp teo/xp exp, por

autor, ocorreram para as placas de concreto do grupo III, cujas resistências do

concreto à compressão eram iguais a 70 MPa e 90 MPa. Isto pode ser explicado

pelo fato das formulações aqui apresentadas, em sua maioria, terem sido

baseadas em concretos de baixa resistência à compressão (fc < 50 MPa).

Constatou-se que a espessura mínima necessária das placas do grupo I

(fc = 30 MPa sem ou com fibras longas e médias para Vf = 40 kg/m3 e 80 kg/m3),

para que não ocorra a perfuração do concreto, é de 38,1 mm, quando impactadas

com projéteis de 9 mm de calibre.

A espessura mínima necessária das placas de concreto com fibras de aço

longas (Vf = 120 kg/m3) do grupo II, para que não ocorra a perfuração do concreto

quando o mesmo é submetido a impacto de projéteis de .50 pol de calibre, foi

150 mm. Para o caso de impacto de projéteis de 7,62 mm de calibre, esta

espessura caiu para 100 mm (concreto sem fibras de aço) e para 70 mm (concreto

com fibras de aço).

164
Inferiu-se que a espessura mínima necessária das placas de concreto com

fibras de aço longas (Vf = 80 kg/m3) do grupo III, para que não ocorra a perfuração

do concreto quando o mesmo é submetido a impacto de projéteis de .50 pol de

calibre, é 150 mm. No caso de projéteis de 7,62 mm de calibre, a espessura das

placas de concreto simples diminuiu para 100 mm e a espessura das placas de

concreto com fibras de aço longas (Vf = 80 kg/m3) passou para 70 mm.

Conclui-se que a espessura mínima necessária das placas de concreto sem

fibras do grupo IV, para que não ocorra a perfuração do concreto quando o mesmo

é submetido a impacto de projéteis de 7,62 mm de calibre, foi 100 mm. Com a

adição de fibras longas (Vf = 80 kg/m3), esta espessura caiu para 70 mm.

A partir dos ensaios realizados, verificou-se que a espessura mínima

necessária das placas de concreto, sem ou com fibras do grupo I, para que não

ocorra estilhaçamento do concreto quando o mesmo é submetido a impacto de

projéteis de 9 mm de calibre, é 50,8 mm, dentre as espessuras analisadas.

Para o restante dos grupos (II, III e IV), não foi observado estilhaçamento

concreto, sem ou com fibras após o impacto dos projéteis. Logo, sugere-se que as

espessuras mínimas necessárias contra o estilhaçamento destes concretos sejam

as mesmas propostas para se evitar a perfuração.

Dos resultados obtidos, quando se analisa o uso do concreto com fibras de aço

para proteção balística, conclui-se que é possível obter um traço para este concreto

que, ao sofrer o impacto de projéteis, não apresente estilhaçamento e/ou

destacamento na face oposta ao tiro, trazendo segurança e integridade física, sem

qualquer tipo de danos, ao usuário que se encontrar junto a esta face do concreto.

Baseado nos resultados deste trabalho, recomenda-se o uso de placas de

concreto com espessuras de 150 mm, reforçado com um volume de fibras de aço,

do tipo longa, de 80 kg/m3 e resistência à compressão acima de 70 MPa.

165
Conclui-se então que o concreto com fibras pode apresentar-se como uma

alternativa para proteção balística e como camada de absorção de impacto para

proteção estrutural.

O concreto sem fibras não apresentou resultados satisfatórios para os projéteis

de maior calibre, pois não ofereceu qualquer tipo de segurança ao usuário deste

concreto para fins de proteção balística. Logo, infere-se que a fibra de aço é um

produto de grande importância para concretos que possam a ser submetidos a

cargas de impacto balístico.

Para dar continuidade a este trabalho, sugere-se repetir os mesmos ensaios

balísticos para concretos com outros tipos de fibras disponíveis no mercado, outros

valores de resistência à compressão e reforçados externamente com compósitos

de resina e fibras de carbono e de aramida.

Também recomenda-se modificar a forma da placa de concreto, de tal maneira

que tenha a face do alvo convexa e face oposta ao tiro côncava, pois este tipo de

forma pode conduzir a menores valores de comprimento de penetração e de

espessuras mínimas necessárias contra a perfuração e o estilhaçamento com

relação aos das placas ensaiadas neste trabalho.

Outras sugestões são a criação de formulação com base nos resultados

obtidos, a execução de novos estudos do concreto reforçado com fibras de aço,

porém com resistência à compressão de 50 MPa por sua exeqüibilidade no

mercado da construção, e o estudo da influência da distância de impacto nos

resultados.

Pode-se ainda testar a velocidade das ondas longitudinais no concreto para

dados de simulação, propor um modelo de resultados para a faixa de proteção

contra munição de calibre .50 pol de proteção balística com base nos resultados

obtidos neste trabalho, utilizar uma superfície de testemunho para calcular a

velocidade dos fragmentos por lançamento de projéteis sob a ação da gravidade,

ou realizar ensaios com placas de alumínio atrás da camada de concreto para

166
analisar a influência na minimização do estilhaçamento de alta velocidade e como

alternativa de melhorar a segurança do usuário ou a utilização de ladrilhos de

cerâmica como revestimento do concreto em auxílio a blindagem na superfície de

impacto do projétil.

167
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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