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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA

TRATAMENTO DE EFLUENTES DE CAVAS DE MINERAÇÃO DE


AREIA ATRAVÉS DE PRECIPITAÇÃO QUÍMICA ALIADA À TÉCNICA
DE SEPARAÇÃO

PEDRO HENRIQUE CHAVES DE SOUZA ARAÚJO

Seropédica – RJ
Março/2023
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA

PEDRO HENRIQUE CHAVES DE SOUZA ARAÚJO

TRATAMENTO DE EFLUENTES DE CAVAS DE MINERAÇÃO DE AREIA


ATRAVÉS DE PRECIPITAÇÃO QUÍMICA ALIADA À TÉCNICA DE SEPARAÇÃO

Monografia apresentada ao Departamento de


Engenharia Química do Instituto de Tecnologia
da Universidade Federal Rural do Rio de
Janeiro como parte dos requisitos para
integralização dos créditos do Curso de
Engenharia Química
Orientador: Prof. Fabíola Oliveira da Cunha

Seropédica, RJ
Março/2023
AGRADECIMENTOS

Por cada amanhecer e anoitecer durante os passos nessa graduação, por toda força, coragem e
persistência na luta pelos meus sonhos, por cada milagre me concedido, dos vistos e dos não
conhecidos, agradeço a Deus por me amparar a cada minuto.

Grato aos meus pais, por me ajudar a crescer, me incentivar a ter sonhos e me guiar para
realizá-los. Demonstrar que, o aprendizado, mesmo com tantas desigualdades, pode combater
as injustiças, dar oportunidades de desenvolver, conhecer novos horizontes e viver a vida em
plenitude.

Aos meus irmãos Lucas e Joyce, por serem meus exemplos, símbolos de pura coragem e foco
em vencer, por sempre me incentivarem e demonstrarem que para quem tem força de vontade,
pode alcançar lugares antes inimagináveis.

A minha noiva e futura esposa Aline, por sempre estar ao meu lado desde o ensino médio, por
me acompanhar em cada passo, por me dar a oportunidade de acompanhar seu crescimento
profissional e atualmente estarmos construindo nossa família.

Aos docentes que tive a honra e oportunidade de dividir a sala de aula, e as salas da vida, por
me ensinarem não apenas sobre disciplinas, mas sobre como ser um humano mais completo,
respeitoso, cuidadoso com demais e consciente das minhas obrigações como cidadão.

A iniciação científica, em especial a minha orientadora Fabíola Cunha, por me orientar, ser
paciente e dividir conhecimento neste projeto ao longo da faculdade. Por me dar a
oportunidade de inovar, de demonstrar possibilidades e auxiliar nas novas descobertas.

A Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e ao Instituto Federal do Rio de Janeiro por
me dar oportunidade de conhecer tantas histórias, conhecimento e viver experiências que me
moldaram como profissional, e me desafiar a cada dia a evoluir.
Educação não transforma o mundo. A
educação muda as pessoas. Pessoas mudam o
mundo.
(Paulo Freire)

SUMÁRI
O

1. INTRODUÇÃO...............................................................................................................14

2. OBJETIVOS....................................................................................................................17

2.1 GERAL.......................................................................................................................17

2.2 ESPECÍFICO.............................................................................................................17

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.......................................................................................18

3.1. ÁREA DE ESTUDO: SEROPÉDICA.......................................................................18

3.2. HISTÓRIA E INDICADORES SOCIOECONÔMICOS..........................................19

3.3. USO DO SOLO..........................................................................................................22

3.4 GEOLOGIA REGIONAL..........................................................................................25

3.5. PRODUÇÃO DE AREIA NO COMPLEXO DE PIRANEMA................................28

3.6. PASSIVO GERADO – LAGOAS DE CAVAS INUNDADAS................................32

3.7. MINERAÇÃO DE AREIA: PROCESSO PRODUTIVO E CLASSIFICAÇÃO......40

3.8. LEGISLAÇÃO VIGENTE – MUNICIPAL, ESTADUAL E FEDERAL.................44

3.9. TRATAMENTO DE EFLUENTES DE EXTRAÇÃO DE AREIA POR CAVAS


INUNDADAS.......................................................................................................................51

3.9.1. Tratamento por precipitação química....................................................................54

3.9.2. Etringita: Composição química e estrutura molecular........................................57

3.9.3. Etapas do tratamento...............................................................................................60

3.10. DETERMINAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA...................................................................64

3.10.1..........................................................................................................Análise de Sulfato
64

3.10.2............................................................................................................. Análise de Alumínio


66

4. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL........................................................................68

4.1. CONSTRUÇÃO DA CURVA DE CALIBRAÇÃO – SULFATO............................68

4.2. CONSTRUÇÃO DA CURVA DE CALIBRAÇÃO – ALUMÍNIO.........................68


4.3. COLETA DE AMOSTRA.........................................................................................69

4.4. CARACTERIZAÇÃO DAS AMOSTRAS REAIS...................................................69

4.5. TRATAMENTO DAS AMOSTRAS REAIS E SINTÉTICA...................................70

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO.....................................................................................73

5.1. CURVAS DE CALIBRAÇÃO PARA SULFATO E ALUMÍNIO...........................73

5.2. COLETA DE AMOSTRAS REAIS..........................................................................74

5.3. CARACTERIZAÇÃO DAS AMOSTRAS REAIS...................................................75

5.4. TRATAMENTO DAS AMOSTRAS REAIS E SINTÉTICA...................................76

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................................78

6.1 PESQUISAS FUTURAS...........................................................................................78

6.2 PSICULTURA...........................................................................................................79

6.3 ETRINGITA COMO ADSORVENTE DE CONTAMINANTES............................81

7. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA...............................................................................85
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Lagoas formadas pela extração de areia em cava inundada......................................15


Figura 2: Pirâmide etária de Seropédica...................................................................................22
Figura 3: Mapa geológico regional da Bacia de Sepetiba-RJ...................................................26
Figura 4.Ilustração de topossequência para solos da região de Seropédica..............................27
Figura 5. Expansão da mineração de areia da Reta de Piranema dos anos de 2004 a 2020.....31
Figura 6. (A) Material retido na peneira da primeira lavagem da areia; (B) A areia na forma de
polpa passante na primeira peneira vai para um setor da cava; (C) Re-extração da extração da
areia (relavagem) na cava e novamente bombeada para as caixas; (D) Expedição do produto
por carregamento direto nos caminhões...................................................................................34
Figura 7. Processo de decapeamento do solo superficial, e a ocorrência inicial de oxidação dos
sulfetos nas laterais das cavas...................................................................................................36
Figura 8. Diagrama de Piper para as amostras das águas das lagoas de cava e dos poços.......37
Figura 9. Relação da profundidade com a formação de compostos e influência do pH na cava
inundada....................................................................................................................................38
Figura 10. Expansão da etringita em Fotomicrografia de MEV no material concreto.............58
Figura 11. Vista a-b do plano cristalino teórico de formação da Etringita. (B) Fotomicrografia
de MEV da formação cristalina do minério Etringita em solo seco.........................................59
Figura 12. Influência do pH nas concentrações de Ca2+ e Al3+ na precipitação de íons sulfato
como Etringita...........................................................................................................................61
Figura 13. Fluxograma de precipitação química por carbonato de cálcio/cal..........................62
Figura 14. Esquema do tratamento de DAM em meio alcalino. a) Ajuste em pH 12 e agitação
do sistema: 1) Medidor de pH; 2) Adição de PAC pela micropipeta; 3) Adição de leite de cal
10%; 4) Efluente a ser tratado (sintético ou amostra de DAM SS-16 ). b) Separação sólido-
líquido via microfiltração: 5) Copo de acrílico para microfiltração; 6) Bomba de vácuo; 7)
Filtrado (efluente tratado). c) Separação sólido-líquido via flotação por ar dissolvido em
escala bancada: 8) Adição de floculante não-iônico (Qemifloc PWG 1020); 9) Saída do
efluente tratado..........................................................................................................................63
Figura 15. Curva de absorbância versus concentração de glicose (mol/mL). A representa
absorbância, k, o coeficiente de absorção, e c, concentração do íon estudado.........................65
Figura 16. Análise de curva de calibração para alumínio e efluentes coletados para
determinação da concentração de alumínio disponível............................................................67
Figura 17. Alíquotas das amostras Lagoa 1, Lagoa 2 e Lagoa 3 com reagentes adicionados
para leitura de sulfato. (b) Turbidímetro utilizado para leitura de sulfato................................70
Figura 18. Alteração da coloração da amostra após adição do indicador Eriocromo Cianina R,
tendo complexação do alumínio...............................................................................................71
Figura 19. Tratamento de amostra real Lagoa 1 através da formação de Etringita..................72
Figura 20. Curva padrão de calibração para determinação de íon Sulfato por Turbidimetria..73
Figura 21. Curva padrão de calibração para determinação de íon Alumínio por
Espectrofotometria....................................................................................................................73
Figura 22. (a) Lagoa 1 localizada na Reta de Piranema, Seropédica. (b) Imagem em satélite da
Lagoa 1......................................................................................................................................74
Figura 23. Lagoa 2 localizada na Reta de Piranema, Seropédica. (b) Imagem em satélite da
Lagoa 2......................................................................................................................................74
Figura 24. Lagoa 3 localizada na Reta de Piranema, Seropédica. (b) Imagem em satélite da
Lagoa 3......................................................................................................................................75
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Principais mineradoras de areia industrial no Brasil em 2009..................................42


Tabela 2: Etapas da mineração.................................................................................................48
Tabela 3: Resultados para leitura de sulfato nas amostras reais...............................................75
Tabela 4. Resultados para leitura de alumínio nas amostras reais............................................76
Tabela 5: Dados de filtração para tratamento das amostras reais e sintéticas..........................76
Tabela 6: Peso dos papéis de filtro antes e após filtração.........................................................77
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CNEPA Centro Nacional de Estudos e Pesquisas Agropecuárias

DAM Drenagem ácidas de minas

DBO Demanda Bioquímica de Oxigênio

DNPM Departamento Nacional de Produção Mineral

DQO Demanda Química de Oxigênio

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

FEEMA Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente

INEA Instituto Estadual de Meio Ambiente

PESAGRO Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro 

PRAD Plano de Recuperação de Áreas Degradadas

PRAD Plano de Recuperação de Áreas Degradadas

ROAS Retomada do Ordenamento dos Areais de Itaguaí e Seropédica

RMRJ Região Metropolitana do Rio de Janeiro

SGM Secretaria de Geologia, Mineração e Transformação Mineral


RESUMO – redução do resumo, OLHAR NÚMERO DE CARACTERES

Até 2030, o Brasil produzirá cerca de 857 Mt de areia, segundo a Secretaria de Geologia,
Mineração e Transformação Mineral (SGM). A produção brasileira consiste principalmente
da extração de areia em leitos de rios, correspondendo a 70%, sendo as demais realizadas em
cavas secas e inundadas e outros modelos. A produção concentra-se próximo as metrópoles,
maiores consumidores do recurso, voltada principalmente a Construção Civil. Similarmente,
na Região Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ), a extração ocorre no Polígono de
Piranema, na Baixada Fluminense, utilizando do modelo de extração por cavas inundadas.
Apesar do desenvolvimento econômico, o modelo de produção e a intervenção ambiental
acarretam sérios riscos, principalmente no que tange o encerramento das atividades. No
modelo por cavas inundadas, após a decapagem inicial do solo, a extração ocorre com
máquinas pesadas e injeção de água, removendo sujidades e tratando o insumo, porém
acarretando aprofundamento do solo, com afloramento de água. O encerramento da atividade
extrativista forma o passivo ambiental, grandes áreas contaminadas principalmente por metais
pesados, como alumínio, responsável pela coloração azulada característica. A falta de
cobrança quanto a aplicação do Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD) dentro
da licença ambiental, amplia o impacto ambiental. Desta forma, o objetivo do trabalho é criar
mecanismos para o tratamento do passivo ambiental. Seguindo a metodologia criada por
Nunes (2003), com remoção do contaminante através da formação do mineral Etringita,
avaliou-se diferentes técnicas de separação sólido-líquido no tratamento por precipitação
química. Avaliou-se para tal, três amostras reais coletas no Complexo de Piranema, além de
amostra sintética, produzida através da solubilização de AlCl3 e Na2SO4. Os testes consistiram
na precipitação por hidróxido de sódio, com posterior separação sólido-líquido através de
filtração rápida em membrana, e decantação com auxiliar floculante. Determinou-se a
eficiência de remoção para os contaminantes alumínio e sulfato através de Espectrofotometria
e Turbidimetria, respectivamente. Os resultados foram satisfatórios, obtendo para as 4
amostras testadas a formação do precipitado Etringita e eficiência de remoção acima de 90%.
A separação por filtração rápida apresentou alta eficiência de remoção, porém gradientes de
separação também altos, tornando processo demorado e inviável para uso em filtração direta.
Exige-se então uso de decantadores e floculantes para aceleração da separação sólido-líquido.
O reuso da água na aplicação da psicultura auxiliaria no Payback com recuperação do uso da
terra e retorno de renda.
Palavras-chave: Cavas inundadas, passivo, alumínio, Etringita, precipitação química.

ABSTRACT

Until 2030, Brazil will produce about 857 Mt of sand, according to the Secretariat of
Geology, Mining and Mineral Transformation (SGM). The Brazilian production consists
mainly of sand extraction in river beds, corresponding to 70%, and other models. The
production is concentrated near the metropolise, mainly for civil construction. In the
Metropolitan Region of Rio de Janeiro (RMRJ), sand extraction is concentrated in the
Piranema Polygon, in the Baixada Fluminense. Despite the local economic development, the
production model and the environmental intervention bring serious risks and environmental
damage, especially when it comes to the closure of extraction activities. The extraction by
flooded pits, the main form of sand extraction in RMRJ, use of heavy machinery and water
injection for remove of dirt and treat of material. The end of the extraction activity do when a
low production of sand, this is abandoned, creating of environmental liabilities, large flooded
areas contaminated mainly by heavy metals. The lack of more forceful charges regarding the
regularization of environmental license that mining companies and not application of the Plan
for the Recovery of Degraded Areas (PRAD), contributed to the chaotic scenario of the
abandonment. Therefore, the objective of this study is to create mechanisms for the treatment
of lagoons and new ways to use to local. Based the methodology created by Nunes (2003),
which consist in the removal of metallic ions through the formation of the mineral Etringite,
the study evaluated different solid-liquid separation techniques in conjunction with the
formation Etringite. The method used three real samples collected in the Piranema Complex,
besides a synthetic sample. The tests consisted of chemical precipitation in an alkaline
medium, through the addition of calcium hydroxide, and subsequent solid-liquid separation
through rapid, decantation with non-ionic flocculant and flotation by dissolved air. The
characterization of the samples was done by turbidimetry for sulfate and spectrophotometry
for aluminum. The results were satisfactory, obtaining for the 4 samples tested the formation
of Etringite and removal efficiency for the contaminants sulfate and aluminum averages
above 90%. Separation by rapid filtration showed high removal efficiency, but also high
separation gradients, making the process time-consuming and impractical for use in direct
filtration. Therefore, the use of decanters and flocculants is required to accelerate the solid-
liquid separation. The reuse of water in the application of psychculture would help in Payback
with recovery of land use and income return.

Key words: Etringite, sand, flooded pits, environmental liabilities, sulfate, aluminum.
14

1. INTRODUÇÃO – verificação da taxa anual de produção de areia atualizada

Segundo a Secretaria de Geologia, Mineração e Transformação Mineral (SGM), o Brasil


produziu, em 2008, 280 Mt de areia para a construção civil. Considerando o crescimento em
infraestrutura, habitação e saneamento a uma taxa anual de 5,6%, em 2015 produzirá 409 Mt,
em 2022, 598 Mt e em 2030, 857 Mt (SGM, 2011). No País, 70% da extração de areia ocorre
em leito de rios e os 30% restantes em cavas secas e cavas imersas de planícies costeiras e
fundo de vales, terraços aluviais, dentre outros. (QUARESMA, 2009; BUENO, 2010).

No Rio de Janeiro, a extração encontra-se próximo aos grandes centros, por serem os maiores
consumidores desse tipo de recurso, principalmente os voltados para construção civil, como
os agregados de cimento. Em sua maioria, a extração consistia no bombeamento do material
em leitos de rio por dragas, caso observado no Rio Guandu, corpo hídrico responsável pelo
abastecimento da Região Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ), este realizado antes da
construção da adutora. Após proibição por parte do órgão ambiental do estado, 80% da
extração de areia passou a ser realizada por dragagem em cavas inundadas, principalmente no
denominado Polígono de Piranema, que abrange os municípios de Itaguaí e Seropédica
(AREIA & BRITA, 2008).

No país, existem três métodos básicos de extração deste recurso, selecionado principalmente a
depender da natureza do depósito a ser lavrado. A dragagem constitui-se da sucção do
minério, através de maquinário hidráulico, que bombeia para fora do leito do rio em forma de
polpa. Esta pode ser realizada também nas chamadas cavas inundadas, áreas onde realizou-se
o capeamento do solo até o nível freático, com o afloramento da água subterrânea, tornando
uma área alagada. A técnica de desmonte hidráulico é utilizada em cavas secas e em mantos
de alteração de maciços rochosos. O método de lavra por tiras (stripping mining) é usado em
depósitos homogêneos e de maior extensão horizontal. (CHAVES e WHITAKER, 2009)

Segundo Ferreira (2016), quando ocorre o encerramento das atividades de exploração


minerária de areia utilizando o processo por cavas inundadas, existe um entrave no que diz
respeito a posterior reutilização dos seus espaços, tendo em vista as características destas
reservas e o modo como é explorado. Este procedimento dá origem às lagoas, um grande
desafio ao setor areeiro, à administração municipal e aos órgãos de defesa do meio ambiente.
15

Similarmente, o maior responsável pelo abastecimento da RMRJ possui uma grande área
degradada formada por este passivo ambiental (Figura 1). O Polígono de Piranema é
caracterizado por lagoas de coloração azulada, devido à concentração de sulfato e alumínio,
que se apresenta com baixa solubilidade e expressiva reatividade com a superfície das
membranas celulares de organismos aquáticos, sendo tóxico para estes. Nota-se ainda a
elevada acidez, originada principalmente pela remoção de bases da superfície dos coloides do
solo, devido a hidrólise do alumínio, produzindo íons hidroxila (H+).

Figura 1: Lagoas formadas pela extração de areia em cava inundada

Fonte: ALEGRE, 2020.

Verificou-se na literatura a inexistência de medidas aplicáveis de recuperação das jazidas de


Seropédica. Observa-se ainda que, o resgate da função econômica social e ambiental da
propriedade é um dos desafios para mineração de areia em cava inundada, cuja atividade se
encontra em oposição à sustentabilidade ambiental. Lembrando que, uma das obrigações
fundamentais impostas aos titulares de concessões de lavra no Estado do Rio de Janeiro, é que
promovam a reabilitação ambiental das áreas impactadas por estas atividades de mineração,
de acordo com um Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD), previamente
elaborado e aprovado pelo INEA/DNPM (Instituto Estadual de Meio Ambiente/Departamento
Nacional de Produção Mineral) (BITAR, 1997).
16

Como forma de criar ações mitigatórias que ajudem na recuperação das áreas degradadas e no
monitoramento de água das lagoas e subterrâneas, proposta do ROAS (Retomada do
Ordenamento dos Areais de Itaguaí e Seropédica), este trabalho buscou desenvolver o
processo de precipitação química associada a técnica de separação sólido-líquido para o
tratamento dos efluentes de cava inundada, com foco nos altos potenciais de remoção de Al 3+
e SO42-, principais agentes contaminantes dessas águas com o intuito de reaproveitamento do
recurso hídrico.
17

2. OBJETIVOS
2.1 GERAL

 Criar mecanismos tecnicamente viáveis e baratos no tratamento das lagoas de cavas


inundadas através da precipitação química do minério Etringita.
 Determinar a eficácia da separação sólido-líquido por filtração direta.
 Caracterizar o sólido formado e criar possíveis destinações ambientalmente corretas
para o reaproveitamento da matéria-prima.

2.2 ESPECÍFICO

Para garantia do cumprimento dos objetivos gerais, foi-se proposto os seguintes objetivos
específicos:

 Análise da eficiência de remoção de alumínio e sulfato em amostra sintética e reais.


 Determinação do gradiente de separação sólido-líquido por filtração direta e
entendimento da viabilidade técnica e possíveis alternativas.
 Construção das curvas de equilíbrio para sulfato e alumínio dentro das técnicas
fotométricas escolhidas.
 Levantamento dos possíveis mercados nacionais para inserção do lodo químico
formado.
18

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1. ÁREA DE ESTUDO: SEROPÉDICA

Cidade pertencente a Região Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ), Seropédica possui


população estimada de 83.841 habitantes, espalhados por 18 bairros, resultando em densidade
populacional de 290,1 hab/km² em uma área de 265,189 km². Está a aproximadamente a
75.000 Km do centro do Rio de Janeiro, sendo referência na área de pesquisa e
desenvolvimento agrícola, com dois grandes centros nacionais e estaduais, respectivamente,
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) e Empresa de Pesquisa
Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro – PESAGRO, sediando também a Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). (SEROPÉDICA, IBGE)

Sendo um dos centros de investimentos em pesquisa voltada para Agricultura Familiar na


região, Seropédica tem parte de sua economia voltada para este mercado, além de ser
referência em mineração de areia, sendo a principalmente responsável pela distribuição do
agregado para construção civil no RMRJ. Próximo a maior rodovia que corta o estado, Via
Dutra (BR-116), ligando São Paulo a região, além de duas outras vias, Estrada Rio – São
Paulo (BR-465) e Arco Metropolitano do Rio de Janeiro (BR-493/RJ), possui facilidade no
escoamento de produtos e insumos, tornando-se possível local para implementação de
empreendimento logísticos e fabris.

Fazendo divisa com mais três municípios, Japeri, Paracambi e Itaguaí, anteriormente
pertencente ao mesmo, está totalmente inserida na Região Hidrográfica RH-II Guandu,
conhecido também como Guandu Mirim. O abastecimento de água potável dá-se por
consórcio com empresa privada Águas do Rio, responsável pelo abastecimento de água de
aproximadamente 80% da população da RMRJ, através da estação de tratamento de água do
Guandu. Além disso, bairro de Piranema possui aquífero ligado a bacia hidrográfica do
Guandu, utilizada para abastecimento doméstico através de poços artesianos. A variação do
nível freático local está diretamente ligada aos níveis de chuvas na região, e atualmente, pelas
ações antrópicas, ligadas ao bombeamento da água e uso pela mineração de areia por cavas
inundadas. Conforme Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), no ano de
2017, a cobertura do setor de abastecimento hídrico da região compreendia 70,1% da
população seropedicense. (APÊNDICE 18, SEROPÉDICA)
19

Como parte do Sistema Nacional de Saneamento Básico, lei 11.445/2007, fica sob
responsabilidade da prefeitura municipal o serviço de saneamento básico, divido em quatro
vertentes, abastecimento de água, citado acima, sob a gestão da empresa privada Águas do
Rio, Esgotamento Sanitário, Gestão de resíduos e Drenagem de Águas Pluviais. A coleta e
tratamento dos resíduos urbanos é aplicado no município por meio de empresa privada
ganhadora de licitação pública, sendo responsável pela coleta e transporte até Aterro
Sanitário, sendo o principal local para recebimento e tratamento dos resíduos domésticos e
urbanos da RMRJ, o Aterro Sanitário de Piranema, sob gestão da empresa Ciclus Ambiental.
(APÊNDICE 18, SEROPÉDICA; ALCANTARA, 2014)

A região ainda possui sistema de saneamento básico precário, tendo apenas 64,1% de
domicílios com esgotamento sanitário adequado, e apenas 19,7% dos domicílios urbanos em
vias públicas possuindo sistema de pavimentação com drenagem de águas pluviais, sendo
ainda grande parte destas com sistema único de esgotamento (pluvial e sanitário).
(SEROPÉDICA, IBGE)

Em consequência ao baixo desenvolvimento do sistema de saneamento básico da região, a


saúde pública ainda sofre com altos casos de doenças infeccionas e parasitárias de veiculação
hídrica. A dificuldade de pelo menos 30% da população no acesso a água potável, e grande
maioria conviver ainda com áreas com esgoto a céu aberto, dificulta o controle e redução
destes casos. De acordo com Sistema de Informações sobre Mortalidade, em 2009, o
percentual de internações ligadas a doenças infecciosas e parasitárias atingiu todas as faixas
etárias estudadas, de 1 a mais de 65 anos, demonstrando as consequências da má gestão para
toda parte populacional, porém obteve-se melhorias cruciais, principalmente pelos incentivos
a saúde na infância, não tendo casos de mortalidade nas faixas de 1 a 9 anos. A mortalidade
infantil na região teve uma redução significativa, de 21,4 óbitos por mil habitantes em 2000,
para aproximadamente 15 óbitos em 2019, de acordo com pesquisa do IBGE. (APÊNDICE
18, SEROPÉDICA; SEROPÉDICA, IBGE)

3.2. HISTÓRIA E INDICADORES SOCIOECONÔMICOS – subtopico de


Seropédica

Conhecida também por Cidade dos Jesuítas, Seropédica inicia-se com a ocupação portuguesa,
posterior a passagem indígena, pelos povos tupinambás, da família Tamoios. Seguindo o
20

sistema de capitanias hereditárias regido a época, lotes pertenciam a famílias tradicionais,


como o donatário Martim Afonso de Souza. A partir da compra e posterior doação pela viúva
de Cristóvão Monteiro, ouvidor do Rio de Janeiro, os jesuítas começaram a desenvolver o
município, principalmente através do crescimento agrícola. (HISTÓRIA&FOTOS,
SEROPÉDICA)

Como parte das explorações pela região, a construção da antiga Estrada Rio – São Paulo foi
essencial para ligar o estado do Rio de Janeiro a Ouro Preto, em Minas Gerais, devido a
descoberta e mineração de ouro. Esta ainda desenvolveu o interior do Rio de Janeiro, na
região conhecida como Sul Fluminense, principalmente no cerco conhecido por Bananal.
Posteriormente, com as altas taxações pela Coroa Portuguesa, a estrada fez-se necessária para
o escoamento do minério fugindo-se dos altos valores cobrados, ficando também conhecida
pelo Caminho das minas do Guandu. (HISTÓRIA&FOTOS, SEROPÉDICA)

Para alimentação dos exploradores tinha-se costume o plantio de roças pelo trajeto, deixando
responsáveis pelos locais, resultando nos primeiros assentamentos do município, difundindo-
se a agricultura como principal comércio local. Próximo a esta, a cidade de Bananal
desenvolveu-se com o comércio do ouro, na implementação de grandes latifúndios, tendo
duas feitorias principais na região, Bom Jardim e Peripery, responsáveis pela extração de
madeira e produção de cereais, como arroz, milho e feijão, o que auxiliou ainda mais no
desenvolvimento da região e contribuiu para o crescimento dos assentamentos. (MENDES &
FERREIRA, 2016)

Possuindo grandes áreas alagadiças, Seropédica detinha as consequências das grandes chuvas
de verão, que encharcavam e impediam o plantio em certas épocas do ano. A colonização
pelos jesuítas deu o benefício do conhecimento técnico na construção de barragens e uso de
bombeamento da água para aumento das áreas disponíveis para o plantio.

A partir da Reforma Pombalina aplicada por Marquês de Pombal, com intuito de recuperação
econômica de Portugal, aplicaram-se sanções as colônias, removendo o sistema de capitanias
hereditárias e retornando o controle a Coroa Portuguesa. O Tribunal da Relação teve como
destaque a expulsão dos jesuítas, devido conflito entre estes e colonos no uso dos indígenas
catequisados como mão de obra nas lavouras. As terras jesuítas foram doadas ou leiloadas
para colônia durante o período, tendo também aumento das taxas comerciais do ouro para
Coroa Portuguesa. Em Seropédica, os jesuítas concentravam-se na Fazenda Santa Cruz, entre
21

os períodos de 1759 ao século XIX, sendo expulsos, e seus lotes repartidos para os apoiadores
da Coroa.

Com intuito de privatização das terras, construiu-se na região a fábrica de seda, Imperial
Companhia de Seda Seropédica, tendo produção e comercialização voltada para exportação,
ampliando as formas de emprego. Após a abolição da escravatura, a Coroa perdeu força e a
economia entrou em recessão, sendo encerradas as atividades fabris. A fábrica foi repassada
ao setor público, reestruturada para uso pelo Centro Nacional de Estudos e Pesquisas
Agropecuárias (CNEPA), tornando Seropédica a primeira cidade brasileira a possuir
capacitação técnica na área agropastoril. A reforma ocorreu durante a Era Vargas, na primeira
metade do século XX, tornando posteriormente o polo universitário UFRRJ. (MENDES &
FERREIRA, 2016)

A construção das rodovias de acesso auxiliou no desenvolvimento local, tendo partido do


bairro Vila Real, atualmente Santa Sofia, a construção do primeiro loteamento voltado para os
trabalhadores responsáveis pela construção da Rodovia Dutra, criando a vila DNIT
(Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes). Na mesma época, com a
transferência do CNEPA para polo universitário, ocorreu-se a pavimentação da antiga estrada
Rio – São Paulo, expandindo a demais bairros, como o loteamento Parque Campo Lindo.
(MENDES & FERREIRA, 2016)

Fazendo parte de Itaguaí, como segundo maior distrito, Seropédica iniciou o processo de
emancipação através de comissão criada pela associação de moradores, que reivindicavam o
abandono do poder executivo na gestão e manutenção da região. As discussões iniciaram em
1984/85, tendo sua primeira tentativa de plesbicito em 1990, porém com baixa adesão dos
locais, e intervenção do governo. Em 1995 foi reivindicado novo plesbicito junto a
Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), com maior apoio da população,
com comissões distribuídas pelo distrito para comunicação e acolhimento de documentos
essenciais do reconhecimento do pedido de emancipação. Duas datas foram marcadas,
primeiramente, dia 05 de outubro de 1995, por quórum unânime, foi aprovado a criação do
projeto de lei nº 464, criando o Município de Seropédica por audiência solene na Alerj. E
conseguinte, dia 12 de outubro de 1995, a visita do governador Marcelo Allencar, em
comemoração no Km 49, sancionando a lei nº 2.446, vigorando a emancipação do município.
(MENINI, 2010)
22

De acordo com estimativa do IBGE, em 2021 Seropédica possui cerca de 83.841 habitantes,
tendo crescimento populacional de 7,23%, comparado ao valor estimado no ano de 2010.
Com população relativamente jovem, nas faixas etárias de 10 a 29 anos, tem em sua maioria
população ativa e essencial para o desenvolvimento econômico da região, como demonstrado
pela Figura 2. (SEROPÉDICA, IBGE)

Figura 2: Pirâmide etária de Seropédica

Fonte: Seropédica, IBGE.

Seguindo esta meta de desenvolvimento, Seropédica possui 18,8% da população ocupada,


destacando-se pelo alto valor do salário médio mensal dos trabalhadores formais, equivalendo
a 3,9 vezes o salário mínimo, para o ano de 2019, ficando em 3º no estado do Rio de Janeiro,
como a cidade com maior média salarial por trabalhador formal. Quando analisada para
habitante com percentual mensal de até ½ salário mínimo, no ano de 2010, o valor aumenta
para 37,4%. Tendo grandes centros industriais próximos, como o polo industrial de
Queimados, Santa Cruz e Paracambi e dois centros técnico-universitários, pôde-se contribuir
na capacitação técnica e maior disponibilidade de emprego com altos rendimentos.
Destacando-se ainda nos índices escolares, com 97,5% da população entre 6 a 14 anos com
ensino fundamental e médio completo, é o sexto da região geográfica imediata, com 14
escolas públicas para ensino médio e 43 para ensino fundamental. (SEROPÉDICA, IBGE)

3.3. USO DO SOLO


Constituída por dois principais relevos, a planície, da região da baixada, e a Serra do Mar, a
noroeste, ditam as principais formas de uso do solo na região. Caracterizada como Área de
23

Preservação Permanente, a Serra do Mar possui bioma da Mata Atlântica, com Floresta
Ombrófila Densa Submontana, essencial para o balanço hídrico e abastecimento de nutrientes
as planícies através do carreamento. Auxilia também na redução do risco de erosão dos rios e
córregos da região, retendo o arraste durante épocas chuvosas, e mantendo vivas as nascentes
locais que abastecem os corpos hídricos durante as épocas de seca, muito afetada por
queimadas. (ALCANTARA, 2014)

A planície estende-se até a Baia de Sepetiba, com geologia característica da Bacia Sedimentar
Cenozóica Flúvio-Marinha, possui como principais biomas os mangues e brejais, com
vegetação rasteira, e alguns pontos de vegetação secundária (capoeira), com parte das áreas
alagadas na época chuvosa. Destoando da área de pastagem, Seropédica possui ainda uma
Unidade de Conservação de Uso Sustentável, a Floresta Nacional Mário Xavier, com
495,99ha, fragmento do bioma Mata Atlântica, considerada também Floresta Ombrófila
Densa. (ALCANTARA, 2014; PEREIRA, 2016)

O desenvolvimento do saneamento básico através da chegada dos jesuítas na região, por volta
do século XVII foi essencial para o aumento das terras agricultáveis. Dando continuidade às
obras, através da canalização dos corpos hídricos da região, construiu-se sistemas de
drenagem, com a implementação de diques e bombeamento da água a fazendas da região. A
agricultura se estabeleceu através das explorações iniciadas por jesuítas, na época colonial, e
alcançou seu melhor estágio com a chegada da Colônia Agrícola Japonesa, com a imigração
de São Paulo. Tendo conhecimento técnico para implementação das lavouras, ampliaram a
produção, com maior eficiência na produção e gestão sustentável do uso do solo.

Em 1933, com apoio do governo estadual através da Comissão de Saneamento da Baixada


Fluminense, fez-se estudo dos aspectos físicos com intuito de levantamento das possibilidades
econômicas para região. Estipulou-se primeiramente o incentivo a obras de drenagem e
canalização de rios, com intuito de redução dos casos de malária que afetavam grande partes
dos agricultores locais, tendo também como conseguinte a ampliação das áreas agricultáveis.
Para isso, foi criada a Diretoria de Saneamento da Baixada em 1940, efetuando a construção
de pontes e diques, objetivando a melhoria da saúde pública e disponibilidade de terras para
uso agrícola. (FERREIRA, 2016)

Posteriormente, com a transferência do pólo de produção agrícola para região serrana do


Estado e o baixo investimento que a área obtinha, acarretaram a redução significativa das
24

atividades agrícolas na baixada, tendo culminado seu encerramento nos anos 60, durante os
cultivos de laranja.

Nesta mesma época, a atividade extrativa de areia crescia no Estado, principalmente pela
extração em leito de rios, tendo o benefício de ser uma areia lavada, isenta de argila, com
granulometria similar, classificada pelo próprio fluxo d’água. A extração ocorria
principalmente nos municípios de Sapucaia-RJ e Além Paraíba – MG, porém com as
restrições ambientais aplicadas pelo órgão ambiental a época, devido a transposição do rio
Paraíba do Sul para o Rio Guandu na altura de Santa Cecília, proibiu-se a aplicação do
modelo de extração em leito para o estado. (FERREIRA, 2016; MACEDO&PIMENTEL,
2004)

Em Seropédica, com o fracasso da agricultura, e a desapropriação de terras destinadas a


loteamento rural, durante a Era Vargas, em 1950, coincidente com o bairro de Piranema, fez-
se como forma alternativa, o arrendamento para mineração, visto que possuía como
característica geológica a ocorrência de argila, areia, caulim e brita na região. A atividade
extrativista de areia foi a que mais desenvolveu, através da forma de Cavas Inundadas,
iniciando pequenas fazendas, onde caminhoneiros realizam através de escavadeiras a retirada
inicial da pastagem, tendo ao longo do aprofundamento da cava, o afloramento do aquífero.
Através de uso de motobombas, e atualmente, com extrações profissionais através de
máquinas de grande porte, é realizado a extração de areia lavada em diferentes
granulometrias, tornando-se Piranema, a região responsável pelo abastecimento deste insumo
para a construção civil da RMRJ. (MARQUES, 2010)

Atualmente, a região possui uma área aplicável para extração de areia de 50 Km² dentro do
bairro de Piranema, tendo cavas chegando a 30 metros de profundidade, a depender da vazão
de extração. A atividade intensiva e extensiva trouxe benefícios econômicos para região,
desenvolvendo pequenas e médias empresas, criando outras formas de trabalho a população.
Porém, devido à falta de fiscalização e regularização quanto aos impactos ambientais diretos
na área, tem-se criado grandes áreas abandonadas, um passivo ambiental, com lagoas
contaminadas, que até o seguinte momento, não possuem uma forma clara de remediação.
(MARQUES, 2010)

Com a implementação de vias de acesso, tendo como última o Arco Metropolitano, ligando os
portos de Itaguaí a Itaboraí, outras oportunidades tornaram-se viáveis a região. A
implementação do Centro de Tratamento de Resíduos (CTR) em 2011, com o objetivo de
25

gerir de forma ambientalmente adequada os resíduos sólidos urbanos da RMRJ, reduzindo


assim os impactos causados através dos lixões, principalmente do Aterro de Gramacho, foi
uma das alternativas econômicas utilizadas. A previsão estipulada através de estudo, era de
absorver 9 mil toneladas de dejetos, tendo estabelecimento seguindo normas rígidas quanto a
contenção, tratamento do chorume e utilização dos gases gerados. Porém, estudiosos e
ambientalistas fazem críticas a implementação deste tipo de empreendimento na região, não
tendo em seu estudo técnico para licenciamento, a contabilização quanto os riscos ambientais
de vazamento do chorume, próximo ao maior aquífero da região, utilizada para abastecimento
populacional, e importante para o balanço hídrico do maior corpo hídrico, responsável pelo
abastecimento de água de toda RMRJ. Moradores ainda reclamam do mau cheiro e a
proliferação de vetores, como insetos, roedores e aves, atraídos pela exposição a céu aberto do
resíduo. (ALCANTARA, 2014)

Atraídos pela posição geográfica privilegiada do município, devido principalmente aos


acessos rodoviários, Seropédica desenvolve-se como centro logístico e industrial. A
implementação de empresas de bem de consumo e setor de vendas, como B2W, empresa de
comércio digital fundada a partir da união entre Submarino, Shoptime e Americanas, e BRF,
multinacional do ramo alimentício, ocasionaram a alavancagem do setor secundário e
terciário na região. Segundo SEBRAE (2011), são 676 estabelecimentos produtivos no setor
terciário, sendo 91,6% constituído de microempresas, 199 indústrias, principalmente do ramo
de extração mineral e 17 estabelecimentos voltados para a agropecuária. (PEREIRA, 2016)

Apesar desta, sabe-se que a cidade ainda depende do centro universitário, tendo comércio
local desenvolvido em torno do mesmo, com destaque os setores de imóveis e alimentos,
principais dependências de discentes durante o período letivo. Estes desenvolvem-se
principalmente nos Km 49, antigos bairros de Vila Real e Santa Sofia, e Km 40-42,
aproximando-se de Nova Iguaçu e Campo Grande. De acordo com IBGE (2016), o valor do
PIB equivale a R$ 2.058.456,45 (x 1000), destacando-se os setores de comércio e serviço,
mineração, logística e indústria, e em última instância a agropecuária. (ALCANTARA, 2014)

3.4 GEOLOGIA REGIONAL – geologia primeiro a tópico de trabalhos formais

A região da Baixada é caracterizada por duas frentes distintas, as regiões litorâneas, com
região de baixada e colinas isoladas, e as regiões montanhosas, do conjunto Complexo
26

Serrano-Baixada. A primeira tem traços específicos, principalmente por colinas isoladas,


devido as mesmas serem preservadas desde o período Ciclo Brasiliano, caracterizada pelo
forte alinhamento seguindo o modelo SW-NE. Esta tem importância fundamental na
construção do ciclo hidrológico da região, pois controlam a maioria dos cursos d’água,
incluído a parte superior e deságue do Rio Guandu a baia. (FERREIRA, 2016)

A Região Serrana-Baixada remete sua origem no período Crustáceo, quando iniciou o


desenvolvimento de três estruturas do peneplano superior, a Serra do Mar, Maciços Costeiros
e Bacias Marginais, gerados gradativamente. (FERREIRA, 2016)

Evento importante para o surgimento dos depósitos aluviares, contendo sedimentos e areia,
deu-se com as intrusões alcalinas, onde a movimentação de blocos normais e justapostos,
prolongaram as margens continentais, durando até o final do período Terciário. Com o avanço
das margens continentais através do deslocamento de placas, a região da baixada,
principalmente da Baia de Sepetiba, área inclusa Seropédica, tornou-se ambiente propício
para exploração mineral, referência na produção de areia para região metropolitana, sendo
responsável pelo abastecimento de 90% da frota local. (FERREIRA, 2016)

Seguindo o modelo SW-NE, influência do prolongamento das margens continentais sobre a


costa, o solo caracteriza-se em duas frentes, planossolos e latossolos, correspondente aos
argissolos, antigo podzólicos. Estes, de acordo com TEIXEIRA (2009), são produtos do
intemperismo, ação da hidrosfera, biosfera e demais energias envolvidas, criando a variedade
de solos da região, apresentado na Figura 3.(FERREIRA, 2016)
27

Figura 3: Mapa geológico regional da Bacia de Sepetiba-RJ.

Fonte: FERREIRA, 2016.

Tanto a região das colinas isoladas, quanto a baixada litorânea possui sedimentos de colúvios,
proveniente do prolongamento das placas, e consequente afogamento generalizado do relevo
por sedimentos flúvio-marinhos. Por isso, há certa característica similar entre as variações de
posição, encontrando-se solos muito argilosos a arenoso-argilosos nesta região. (COELHO et.
al, 2021) Esta variação destaca-se na paisagem a depender da posição do solo, existindo na
região variabilidade entre ambas.

Possuindo Argissolo e Planossolo na sequência topográfica, observa-se na paisagem local a


diferenciação entre ambas, a depender da altura. A Figura 4 relata a sequência natural dos
solos pertencentes a Seropédica, que influência na vegetação e em consequente, no uso da
terra. O estudo geológico então faz-se necessária para implementação de quaisquer
empreendimentos e atividades, devido possíveis impactos ao local e ao negócio. (LOROZA,
2015)
28

Figura 4.Ilustração de topossequência para solos da região de Seropédica.

Fonte: LOROZA, 2015.

O Argissolo, pertencente a áreas elevadas, possui maior riqueza em solos argilosos, de


coloração avermelhada, característica da oxidação do ferro. Devido ao baixo poder de
infiltração, há o arraste para maiores profundidades, com a mobilização da argila, tendo o
preenchimento da zona subsuperficial, caracterizada por solos arenoso-argilosos a muito
argilosos. Geralmente ácidos, possuem baixa fertilidade natural, podendo ainda ter altas
concentrações de alumínio, caracterizado com solo alítico, impactante na biota local,
bioacumulando nas raízes e folhagens, podendo ocasionar alterações morfológicas e
contaminação em larga escala. A vegetação compõe-se de arbórea estacionárias semidecidual,
resistentes a mudança brusca do clima, durante a transição entre períodos de secas
prolongadas a chuvas muito intensas. Típico desta vegetação, há perdas das folhas secas, com
formação de espinhos, pelos e escamas, necessárias para proteção e acúmulo de água, tendo
ainda a reprodução a partir da formação de sementes. (LOROZA, 2015)

O Planossolo, mais adequado para uso agrícola, possui solos mais férteis, classificados por
arenoso-argilosos a argilosos, considerado um solo alcalino, com maior disponibilidade de
minerais facilmente intemperizáveis. O processo de ferrólise descrito por Coelho e.t al (2021)
favorece a destruição do argilominerais, através da condição mais favorável para o
encharcamento do solo, que consequentemente ocasiona a redução do ferro e geração do
oxihidróxidos de ferro. Este reduz as faixas de Argissolo vermelho, contribuindo para o maior
gradiente textural dos sedimentos aluvionares, ricos em minerais e areia. Com faixa
superficial rasa e solo subsuperficial mais argiloso, devido ao intemperismo, há maior
probabilidade de encharcamento durante a épocas chuvosas, ocorrendo o aumento da
umidade, e reduzindo a área agricultável disponível. A área plana facilita a aplicação de
mecanização agrícola, tendo como vegetação característica, árvores de maior porte, arbóreas.
(LOROZA, 2015; COELHO et. al, 2021)
29

As áreas alagadiças, nos pontos mais baixos, são caracterizadas por Gleissolo, de coloração
acinzentada, com ambiente hidromórfico, dificultando a disponibilidade de oxigênio e
consequente, a oxidação do ferro. Com maiores faixas arenosas, e estando próximas ao lençol
freático, é um terreno facilmente encharcável, devido a grande proximidade com o aquífero
local, e o maior poder de infiltração de água no tipo de solo. Possui ainda, faixa superficial de
50 a 125 cm compreendida pelo acúmulo de matéria orgânica, essencial para o fornecimento
de nutrientes a vegetação, rica em espécies perenifólicas, resistentes a longos períodos sem a
perda de folhagem. Torna-se mais vantagem a atividade mineradora de areia, tendo o uso de
retroescavadeiras, e motobombas para a transferência do material, tendo como problemática
ambiental o afloramento do lençol freático, ocasionando desvio do balanço de água, a
acidificação ao longo do processo, e consequente desmobilização e solubilização de metais ao
corpo hídrico artificial, contaminando-o.(LOROZA, 2015)

3.5. PRODUÇÃO DE AREIA NO COMPLEXO DE PIRANEMA

Iniciado durante a Era Vargas, após abandono de loteamentos agrícolas dispostos para o
retorno do desenvolvimento agrícola na região, a extração mineral iniciou com o arredamento
das terras, como forma alternativa para a arrecadação por parte dos agricultores. Impulsionado
também pela proibição do órgão ambiental no estado, Instituto Estadual do Ambiente, antiga
FEEMA, para a extração de areia em leitos de rios, principalmente na zona do maior corpo
hídrico da região, o Paraíba do Sul, criou-se ambiente propício para e exploração inicial na
região de Piranema. (MARQUES, 2010)

Detentora de solos ricos em areia, quartzo e argila, além de morros com grande concentração
de brita, a região tornou-se principal fornecedora de insumo para construção civil,
principalmente graças a proximidade com a Região Metropolitana, barateando o custo no
transporte. Com uma grande reserva de areia espalhada pelo Bairro de Piranema, e em
menores escalas na Vila Real, apresenta boa qualidade para uso na construção civil, composta
principalmente de quartzo-feldspático. A areia possui percentual de mais de 80% das reservas
ricas em quartzo, apresentando grande potencial para mineração. A partir das iniciativas
públicas na ampliação das rodovias, como pavimentação da Antiga Rodovia Rio-São Paulo, e
atualmente do estabelecimento do Arco Metropolitano, ligando portos, essenciais para
escoamento, barateou-se a commodity. Com baixo valor comercial, principalmente na
30

comparação preço/volume, a areia e brita, são matérias-primas de grande volume no uso para
construção civil, exemplo deste, é que representam mais de 80% do volume aplicado em
concretos. Portanto, para ter-se vantagem comercial, necessita-se o comércio em larga escala.
Além disso, o valor do transporte representa até 2/3 do valor agregado, logo a proximidade
com a região, é essencial para o barateamento da commodity. (MARQUES, 2010)

De acordo com a Gerência de Atividades Não Industriais do Inea entre 1950 a 1985, houve
um crescimento lento dos números de mineradoras de areia na região, iniciando com 5,
crescendo a uma taxa anual de 0,36, ou seja, 1 nova a cada 3 anos. Porém, a partir dos
investimentos durante a Era Vargas, na pavimentação da Antiga Estrada Rio-São Paulo (BR-
465), ampliação da Via Dutra (BR-116), e principalmente a transferência do CNEPA ao Polo
Universitário, Seropédica, ainda distrito de Itaguaí, apresenta desenvolvimento desordenado
dos seus principais bairros, junto a isso, e dependente deste comércio, a mineração de areia no
bairro de Piranema tem seu ápice, chegando a marca de 65 empresas em 1995, ano do
plesbicito responsável pela criação e emancipação do município. (FERREIRA, 2016)

A mineração em Seropédica foi essencial para criação de emprego e renda, tendo como seus
principais investidores políticos locais, onde a mecanização simples e baixa eficiência de
produção alavancou-se para pequenas e médias empresas com processos bem definidos, uso
de maquinários eficientes na remoção inicial, captação e segregação, com uso de
retroescavadeiras, dragas e peneiras rotativas industriais. O modelo de cavas inundadas foi o
processo ideal implementado na região de Piranema, devido principalmente a proximidade do
lençol freático a superfície, tendo valores ente 2 a 7,5 metros. O extravaso da água
subterrânea auxiliava como fluído na extração da areia e lavagem dos detritos, criando um
produto puro, de boa qualidade, atraindo empresas da construção civil na compra da
commodity na região. (FERREIRA, 2016)

A prática mineradora, apesar de disponibilizar insumo essencial para as grandes obras que
ocorriam a época, chamou atenção do órgão ambiental, Fundação Estadual de Engenharia do
Meio Ambiente (FEEMA), no estudo e controle ambiental da atividade na Reta de Piranema.
Observou-se a criação de passivo ambiental no encerramento da atividade mineradora, as
lagoas artificiais, contaminadas por metais pesados, óleos e acidificadas, tendo o arrendador
recebido uma terra com impossibilidade de uso posterior, sem o plano de gestão do impacto
causado. Em decorrência desta problemática, os órgãos estaduais de meio ambiente, FEEMA,
e mineração, DPVM e DRM-RJ, realizaram trabalho de campo, levantando e elaborando
31

procedimento normativo para regularização da atividade mineradora, com o intuito principal


de licenciamento operacional das empresas, e criação de controles ambientais para sanar o
passivo, ocorrido este em 1987. (FERREIRA, 2016)

A atividade mineradora chegou a ser paralisada na região nos anos 90, sobre forte pressão dos
órgãos ambientais e sociedade, ocorrendo a falta de insumo no mercado para RMRJ,
ocasionando a paralisação temporária de diversas obras. A criação da Zona de Produção
Mineral de Areia foram uma das iniciativas criadas para delimitação do local e maior controle
na criação das diversas mineradoras, e consequente do passivo ambiental na região.
(FERREIRA, 2016)

Constato pelo processo administrativo FEEMA- E-07/202401/01, em 25 de julho de 2001,


através da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
(SEMADS), tendo como signatários FEEMA, Sindicato dos Mineradores de Areia do Estado
do Rio de Janeiro (SIMARJ), DRM-RJ e DPVM, a criação do Termo de Ajustamento de
Conduta preliminar, com o objetivo de licenciar, gerir e de criar mecanismos para a
recuperação ambiental da terra, pós encerramento da atividade mineradora. Em 2003, houve a
assinatura formal do TAC definitivo, criado o Plano de Recuperação de Área Degradada
(PRAD), assumido pelos responsáveis das mineradoras, contendo atividades a serem
implementadas para o tratamento do passivo ambiental. De acordo com ERTHAL (2005),
uma das medidas estipuladas foi o reflorestamento, primeiramente, devido a remoção inicial e
consequente remoção de vegetação local, tendo também aplicação similar ao que consta no
Plano Diretor, com criação de Áreas de Preservação Permanente (APP), Áreas de Preservação
Ambiental (APA), buscando a preservação e conservação das áreas próximas aos dois
importantes mananciais, interligados, utilizados para o abastecimento de água. (FERREIRA,
2016)

A assinatura da TAC definitiva foi essencial para a inicialização de medidas para o


licenciamento e controle ambiental das atividades mineradoras na região, ação obrigatória a
ser realizada pelos órgãos ambientais, porém tendo iniciativa lenta e descontínua na gestão.
Atualmente observa-se mais de 180 empresas catalogadas junto ao INEA no ramo da
mineração, porém apenas 14 mineradoras vinculadas na captação de água, através do termo de
Outorga de água, obrigatório a qualquer empreendimento no estado que realize captação de
água bruta. (FERREIRA, 2016; AGEVAP, 2018)
32

Tratando-se de RMRJ, o Distrito Areeiro de Seropédica e Itaguaí é responsável por 70% da


disponibilidade de areia para construção civil, gerando mais de 300 empregos a região,
produzindo anualmente cerca de 6.000.000 m³, aproximadamente 10.000.000 t de areia. Com
uma área de 50 Km², o volume calculado de cavas equivale a aproximadamente 540 Km³,
evidenciando o risco do desbalanceamento de água entre aquífero, lagoas e Guandu. Apesar
das ações emergenciais aplicadas, pouco avanço é notado na remediação e recuperação das
lagoas contaminadas. De acordo com VIÉGAS (2006) e MARQUES (2011), uma ação
conjunta e intensificada na fiscalização torna-se urgente, pois essa atividade econômica vem
ocasionando irreversíveis impactos, descaracterizando a paisagem local e contaminando o
superficial e frágil lençol freático. Observa-se na Figura 5, em comparativo com imagens
aéreas de 2004 e 2020, a ampliação das lagoas na localidade, aproximando-se do município
de Itaguaí e do Km 40, bairro Campo Lindo, ratificando a gestão lenta do órgão ambiental na
intervenção. (MARQUES, 2010; ALCANTARA, 2014)

Figura 5. Expansão da mineração de areia da Reta de Piranema dos anos de 2004 a 2020.

Fonte: Google Earth, Timelapse.

3.6. PASSIVO GERADO – LAGOAS DE CAVAS INUNDADAS

De coloração amarelada a castanha, a areia, principalmente da Reta de Piranema, é constituída


de quartzo-feldspato, tendo pequenos traços de argissolo e plenossolo, ricos em argila.
Através do beneficiamento, retrolavagem e peneiramento faz-se a purificação, aumentando o
valor agregado do produto. A cor é um dos principais parâmetros para determinação da
pureza, exigindo atenção no alcance de colorações claras a acinzentadas, que representam
compostos de melhor qualidade. (CHAVES e WHITAKER, 2009)
33

A formação dos areais, similar aos demais solos, é fruto de intemperismo, com a
desagregação da rocha matriz, através de agentes erosivos externos, como chuvas e ventos. A
areia, rica principalmente em quartzo, a sílica (SO 2), tem associação a metais através de
complexação, podendo também tornar-se fonte para extração de compostos metálicos. As
NBR’s 7225 e 7211 destacam as características granulométricas das areias industriais, e
também os principais agregados utilizados para aplicação em concretos. (CHAVES e
WHITAKER, 2009)

NBR 7225 - Materiais de pedra e agregados naturais:

 areia grossa - 2+1,2 mm,


 areia média -1,2+0,42 mm
 areia fina - 0,42+0,075 mm

NBR 7211 - Agregado para concreto:

 areia grossa;
 areia média;
 areia fina;
 areia muito fina.

Os métodos de lavra empregados na extração de areia para a construção civil descritos por
Chaves e Whitaker (2012) são basicamente três e dependem da natureza do depósito que está
sendo lavrado. O processo de dragagem é realizado em leitos de rio ou em cavas inundadas,
onde a areia em lavra se encontra abaixo do nível freático. A técnica de desmonte hidráulico é
utilizada em cavas secas e em mantos de alteração de maciços rochosos. O método de lavra
por tiras (stripping mining) é usado em depósitos homogêneos e de maior extensão horizontal.

A operação de lavra de areia por dragagem em cava inundada consiste basicamente nas etapas
de preparação, extração e beneficiamento, tendo na preparação da frente de lavra, o
decapeamento da área para remoção da vegetação e camada superficial do solo. Nesta etapa
são utilizados equipamentos como tratores de esteira, carregadeiras frontais, escavadeiras e
caminhões. No início da etapa de extração do material arenoso, utilizam-se pás carregadeiras,
e no momento que o nível freático é atingido, dragas passam a ser usadas para alargar e
aprofundar a cava. Neste momento, temos a denominada areia bruta, isto é, não beneficiada.
Entretanto, dependendo do produto desejado, haverá a necessidade da etapa de
beneficiamento da areia lavrada. Para tal, dá-se uso de peneiras, para obtenção da areia
34

graduada, por meio de uma distribuição granulométrica pré-estabelecida pelo cliente, como
para remoção de impurezas indesejáveis. Para a obtenção da areia lavrada, a areia extraída na
cava inundada é bombeada para uma caixa, na qual é colocada uma grelha fixa no seu topo
com abertura de 2,4 a 3 mm. O retido constitui a fração mais grossa (cascalho, concreções,
troncos, matéria orgânica) que é descartada, e o passante é o produto para ser estocado em silo
e comercializado. O material mais fino, overflow da caixa, é descarregado por uma tubulação
na parte superior retornando para a cava inundada. (KOPPE & COSTA, 2012)

Pode-se ainda, para obtenção de material ainda mais puro, o passante ser rebombeado a cavas
secundárias, ocorrendo a desagregação da rocha matriz, dissolvendo as impurezas,
solubilizando-as ao leito, e normalizando o tamanho dos grãos. Após, é repassado novamente
pelo sistema, tendo um produto com faixas granulométricas mais definidas e com coloração
desejada. A Figura 6 remete as etapas de extração, beneficiamento e armazenamento do
produto. (ALMEIDA&LUZ, 2009)

FLUXOGRAMA DE PROCESSO DE PRODUÇÃO DE AREIA EM CAVA – figura 6


35

Figura 6. (A) Material retido na peneira da primeira lavagem da areia; (B) A areia na forma de polpa passante na
primeira peneira vai para um setor da cava; (C) Re-extração da extração da areia (relavagem) na cava e
novamente bombeada para as caixas; (D) Expedição do produto por carregamento direto nos caminhões.

A B

C D

Fonte: ALMEIDA&LUZ, 2009.

As peneiras estáticas, ligadas a parte superior dos silos, podem possuir faixas de
granulometrias de 2 a 4 mm, geralmente, onde há o abastecimento contínuo feito por
motobomba acoplada as balsas. O material passante é seco e destinado aos caminhões para o
envio ao consumidor final, e o resíduo gerado é empilhado próximo a localidade, sendo rico
em cascalho, argila e matéria orgânica, podendo nas épocas chuvosas arrastar novamente para
a cava.

A segurança na execução da atividade mineradora em cavas tem-se ponto também importante


pela falta da estabilidade geológica do solo, tendo próximo a mesma o fluxo de maquinários
pesados, como retroescavadeiras, silos, peneiras estáticas, exigindo um solo resistente a
aplicação de força, aumentando o risco de trincas e afundamento. A decapagem em
profundidade ocorrendo nas laterais da cava cria ambiente propicio para desestabilização e
possível acidente de trabalho, sendo historicamente um empreendimento com cuidados
mínimos ao trabalhador. (MARQUES, 2010)
36

Segundo Ferreira (2016), quando ocorre o encerramento das atividades, existe um entrave no
que diz respeito a posterior reutilização dos seus espaços, tendo em vista as características
destas reservas e o modo com que é explorado. Este procedimento dá origem às lagoas, um
grande desafio ao setor areeiro, à administração municipal e aos órgãos de defesa do meio
ambiente.

A história geológica da região remete a influência da cunha salina, com prolongamento da


bacia sedimentar, resultando nas grandes reservas de areia. Estas caracterizam-se por
planossolos e gleissolos, constituídas de vegetação de mangue e pântanos. Estas áreas
alagadiças têm caráter redutor, devido ao baixo nível de assimilação do gás oxigênio, com
matéria-orgânica disponível, criando ambiente propício para processos fermentativos e
crescimento de microrganismos anaeróbios, evento característico da eutrofização. Como
compostos redutores abundantes, gera-se piritas e gás sulfídrico (H2S), possuindo também
larga escala de assimilação de sulfetos, com potencial hidrogeniônico (pH) neutro a alcalino.
Em estudo realizado por TUBBS et. al (2011), em poços verticais aplicados a mineração,
apresentaram Eh na faixa de -38 mV a -70 mV, típico de comportamento redutor, ratificando
o caráter anóxico.

A abertura da cava com extração do solo superficial cria meio para oxidação dos sulfetos
disponíveis, originando sais de sulfato, que em contato com a lagoa dissociam, hidrolisam e
formam ácido sulfúrico (H2SO4), liberando grande quantidade de hidrônio (H3O+). É por meio
deste que, ocorre o aumento da acidez, chegando a pH 3,1 e concentração de sulfatos
superiores a 90 mg/L, de acordo com TUBBS et. al (2011). Com redução do pH, inicia-se o
processo de dissolução de compostos metálicos, sendo através do alumínio, presente nos
aluminosilicatos, a formação da coloração azulada característica destas lagoas. A
disponibilidade, principalmente durante épocas chuvosas, de sulfatos, beneficia o
aparecimento do sal complexo de sulfato de alumínio (AlSO 4), bom agente coagulante,
responsável pela remoção de material suspenso, dando aspecto límpido a lagoa. A Figura 7
relata os processos iniciais de decapeamento do solo, com abertura para entrada de oxigênio,
responsável pela reação junto aos sulfetos disponíveis.
37

Figura 7. Processo de decapeamento do solo superficial, e a ocorrência inicial de oxidação dos sulfetos nas
laterais das cavas.

Fonte: MARQUES, 2010.

As águas das cavas de mineração de areia podem ser classificadas em cloretada-sulfatada-


sódica ou sulfatada-cloretada-sódica, de acordo com Tubbs et. al (2011). Em estudo realizado
para determinação de metais, pH e condutividade elétrica nas águas de cavas e poços da
região de Piranema, Tubbs et. Al (2011), verificou ligeira mudança característica entre os
poços e cavas, demonstrando que, maiores áreas superficiais dispostas para o ataque oxidativo
proporcionam aumento da acidez. O Diagrama de Piper, na Figura 8, relata a diferença
observada entre as águas de poços e cavas da região de Piranema.
38

Figura 8. Diagrama de Piper para as amostras das águas das lagoas de cava e dos poços.

Fonte: TUBSS et. al, 2011.

Nota-se ainda que, a origem da acidez das lagoas de Seropédica se inicia, ou se acentua
devido à remoção de bases da superfície dos colóides do solo, devido à hidrólise do alumínio,
que produz íons H3O+ de acordo com a equação 1 e a presença de sulfatos.

(1) Al3+ + 3 H2O → Al(OH)3 + H3O+

Essas características são similares as minas de extração de sulfetos (DAM), porém não há
qualquer similaridade nas atividades realizadas. É graças ao comportamento redutor
apresentado e a abertura para oxidação no ambiente, que garantem o aumento da concentração
de sulfatos e conseguintes mudanças.

No estudo realizado por Tubss et. al (2011), observou-se a formação de gradientes de acidez,
temperatura e salinidade ao longo da altura da cava, destacando-se principalmente em lagos
de maior tempo de exposição a atividade mineradora, tendo maior amplitude vertical. A
alteração do pH ocorre pela baixa disponibilidade do sulfato ao longo da profundidade, tendo
as áreas mais profundas um ambiente anóxico, redutor, que impossibilita a formação desse.
Além disso, os íons metálicos disponíveis, hidrolisados, possuem caráter básico, ajudando na
neutralização. Nestas faixas, pode-se observar também a decantação dos sólidos, tendo baixa
turbidez, com a formação dos oxi-hidróxidos metálicos, acelerando a decantação.
39

Durante a época de estiagem, entre julho a setembro, acentua-se o gradiente observado, pois
há redução da carga hídrica enviada a lagoa, principalmente pela rede pluvial, onde tem-se o
arraste do solo oxidado, rico em sulfato. Por conseguinte, as reações de neutralização
aumentam, chegando o pH a faixas de 5,7, registradas pelo estudo de Tubbs et. al (2011). A
evapotranspiração aumenta a concentração dos metais, tornando a lagoa mais tóxica para
utilização em psicultura, principal aplicação utilizada para recuperação do uso de lagoas
DAM. A Figura 9 relata as variações de pH ao longo da profundidade da lagoa, referentes a
formação dos compostos, junto a baixa disponibilidade de outros.

Figura 9. Relação da profundidade com a formação de compostos e influência do pH na cava inundada.

Fonte: MARQUES, 2010.

O alumínio é principalmente dependente da dissolução de silicatos e formação de sulfatos.


Em estudo realizado por Marques (2010) verificou-se o sulfato como principal fator para
disponibilidade do metal, tanto em períodos de seca e chuvosas. Pode estar complexado com
sulfato, mas também na forma de íon Al 3+, a depender da faixa de pH existente, tendo as
40

formas monoméricas Al(OH)2+ e Al(OH)2+ as mais recorrentes, até os oxi-hidróxidos Al(OH)3,


amorfa ou gibbisita. (TUBSS et. al, 2011; MARQUES&SILVA-FILHO, 2008)

Em mineralogia existe a classificação em minerais primários e secundários, onde a primeira


caracteriza como as formadas pela oxidação de minerais sulfetados. Tubbs et al. (2016)
destaca a possibilidade da vantagem natural dos metais na remoção de compostos tóxicos
através da precipitação em sais complexos, a exemplo do alumínio, que apesar de reação lenta
junto a silicatos e Magnésio, forma sais da família halotrichita-pickeringita
[Fe2+Al2(SO4)4.22H2O - MgAl2(SO4)4.22H2O]. A jarosita, metal potássico, ligado a
sulfatos, são os sais complexos que apresentam menor solubilidade ao meio, sendo possíveis
auxiliadores no tratamento dos metais. (TUBSS et. al, 2011)
A toxicidade desses metais e sulfatos presentes dependerá da condição físico-química da
lagoa, sendo a faixa de pH fator preponderante para definir as principais espécies químicas e
suas correspondentes relações e impactos ao meio. Nessas interações, observa-se três tipos
principais de mecanismos relacionados aos organismos, a bioacumulação, assimilação e
biomagnificação. Como descrito por Wang & Fischer (1999) e Markich et. al (2001), a
bioacumulação é a capacidade do poluente entrar na cadeia trófica, assimilado por ingestão,
contato com a pele e outros, tendo seu gradiente de acúmulo maior comparado ao necessário
para metabolizar ou excretar pelo organismo. Como consequência, ocorre a disfunção neural,
devido a interferência nas células neurais, através da modificação do RNA mensageiro no
núcleo da célula. (TUBSS et. al, 2011)
A assimilação está ligada a bioacumulação, pois avalia os mecanismos de absorção do
poluente, destacando três, ingestão, respiração e absorção na pele. A ingestão é a principal
responsável pelo aumento da concentração do poluente no organismo, mas pode-se observar
que para os primeiros níveis na cadeia, a absorção pelas raízes e acúmulo nas plantas são
essenciais para iniciação do processo de bioacumulação. A passagem do poluente pelos
diferentes níveis tróficos é avaliada pela biomagnificação. (TUBSS et. al, 2011)
O alumínio tem reatividade a biota aquática, tendo grande potencial de toxicidade, levando a
mortandade de peixes a depender das faixas de pH do meio. Em altas concentrações e com
valores de pH entre 4,4 e 5,2, de acordo com CAMPBELL et al. (1983) e KLÖPPEL et al.
(1990), o alumínio precipita na forma de hidróxido nas guelras dos peixes, acumulando-se e
reduzindo a osmorregulação, levando ao óbito. As espécies monoméricas são as que possuem
maior risco de intoxicação aos animais. (TUBSS et. al, 2011)
41

Nos humanos, estudos interligando o Mal de Alzheimer a bioacumulação de alumínio no


sangue observou baixa relação direta, mas acende ponto de atenção quanto aos riscos
inerentes ao consumo de certos alimentos e o contato com água contaminada. Sabe-se que, em
pessoas com problemas renais, pode-se desenvolver a hiperaluminemia, acumulando-se no
sangue, resultando em efeitos neurotóxicos. Necessita-se de aprofundamento nos dados para
entender a correlação do alumínio no corpo humano e seus mecanismos de absorção e
transformação, observado o grande risco de utilização das águas subterrâneas para
abastecimento público na Região de Piranema. (TUBSS et. al, 2011)

3.7. MINERAÇÃO DE AREIA: PROCESSO PRODUTIVO E CLASSIFICAÇÃO

Composta em sua base de dióxido de silício (SiO 2), comumente conhecida como sílica, tem
como principal mineral o quartzo, podendo existir outras variações como quartzo-feldspato e
hematita. Assimilada junto a solos, possui geralmente contaminação por argilominerais,
matéria-orgânica e sais. Existem dois tipos de sílicas, amorfas e cristalinas, sendo a primeira
de característica arredondada, influência principalmente dos ventos para sua conformação,
formada a partir de matéria prima sedimentar (diatomita), algas diatomáceas que se
fossilizaram e depositam na época geológica. Esta tem alta trabalhabilidade para uso em
argamassas e concretos, porém dificuldade na aderência dos grãos, com risco de formação de
trincas sobre o material. As cristalinas, formada diretamente do quartzo, podendo estar
consolidada ou não consolidada, tendo ótima “pega”, devido sua conformação em cristais
auxiliar na maior agregação. (ACV, 2016; LUZ&LINS, 2005)

A granulometria e a concentração de sílica são fatores essenciais para definição da aplicação


do insumo. Altas concentrações de silício demonstram pureza da matéria-prima, e lhe
conferem propriedades físico-químicas, como alta dureza, estabilidade química e resistência
térmica, necessárias para aplicação como areia industrial. Seus principais clientes são
fabricantes de vidros, cerâmicas e cimenteiras, empresas químicas como tinturarias,
fabricantes de ácidos e fertilizantes, todas exigindo características físico-químicas próprias
para aplicação. Exemplo desses, as diferentes faixas granulométricas que separam a areia
industrial em areia fina (partículas com tamanhos entre 60 e 200 μm), areia média (partículas
entre 200 e 600 μm) e areia grossa (entre 600 e 2000 μm). (LUZ&LINS, 2005; OLIVEIRA et.
al, 2014)
42

Para aplicação na construção civil, fatores físicos são mais preponderantes, comparados a
pureza do material, mas a granulometria também é parâmetro chave para a determinação da
área de aplicação. Como citado anteriormente, a NBR 7225 cita as faixas granulométricas que
classificam os tipos de areia na construção civil, assim como a NBR 7211, diferenciando-se
por considerar areias provenientes de britagem. A areia de brita é material alternativo para
aplicação na construção, proveniente da britagem de rochas silicaticas, sendo segregado o fino
para o uso, esse correspondendo a aproximadamente 10% do consumo em mercado para
Região Paulista. (CHAVES e WHITAKER, 2009; KULAIF, 2014)

O processo de beneficiamento é essencial para uso como areia industrial ou na construção


civil, pois alguns contaminantes são prejudiciais na posterior aplicação. A matéria orgânica
dificulta a pega e endurecimento do concreto. As argilas, apesar de serem benéficas como
ampliadores do volume do agregado e aumento da plasticidade do produto, em grandes
concentrações, caso envolto a areia, gera fissuras e retrações. Além dessa, influi na coloração
do material, aspecto importante na determinação da pureza do produto, ocasionando
colorações atípicas. Sais e minerais alcalinos também interferem na aplicação no concreto,
pois tem reação ao cimento, por isso uso de lavagem e desagregação são processos essenciais
no beneficiamento. (CHAVES e WHITAKER, 2009)

Com maior valor agregado ao material, devido maiores investimentos relacionados ao


beneficiamento do material, a areia industrial possui média de preço até 5 vezes maior que a
areia para construção civil, tendo seu preço em torno de US$ 11/t para o ano 2000, de acordo
com DNPM (2001). Para 2013, a DNPM precificou a areia para construção civil em torno de
R$ 32,02/t, considerando as três principais areias utilizadas. O valor agregado está ligado ao
grau de tratamento exigido ao material, consequentemente dos custos processuais para
formação do insumo, exigindo para isso, maquinário especializado para remoção específica de
certos minerais, ataques ácidos, decapagem do material, suspensão dos finos por flotação e a
separação granulométrica, através de ciclones e hidrociclones. (LUZ&LINS, 2005; KULAIF,
2014)

A produção nacional de areia industrial se concentra no sul-sudeste, tendo como principal


produtor o estado de São Paulo, que através da mineradora Mineração Jundu, detentora de
45% da produção nacional, e dona das principais minas da região, colabora para a produção
de 113,49 milhões de reais ao estado, de acordo com Departamento Nacional da Produção
Mineral (2010). As operações ocorrem na região da Depressão Periférica Paulista e parte na
Baixada Santista e região Sul-litorânea, nos municípios de Descalvado, Analândia, São Simão,
43

São Pedro e Rio Claro. Santa Catarina e Minas Gerais são outros dois estados que possuem
produções acima de R$10 milhões anualmente, correspondendo junto a São Paulo a 88% do
valor nacional produzido. Essa concentração da produção se reflete também nas principais
fornecedoras de matéria-prima, tendo como pioneira a Mineração Jundu, além de outras 9
empresas multinacionais, como descrito na Tabela 1. (LUZ&LINS, 2005)

Tabela 1: Principais mineradoras de areia industrial no Brasil em 2009.

¹ Unidade da Federação onde ocorreu a comercialização e/ou consumo da produção bruta e/ou beneficiada.
² Participação percentual da empresa no valor total da comercialização da substância.
Fonte: CORTÊS et. al, 2010.

A areia, como recurso abundante, graças à continua formação da camada de quartzo, através
do intemperismo, possui baixo risco de escassez. Porém, a medida do aumento da demanda
pelo recurso, há necessidade de extração em áreas mais distantes dos grandes centros,
encarecendo seu custo, devido ao transporte. Exemplo desse, por ser o maior produtor e
consumidor de areia para construção civil, o Estado de São Paulo, mais precisamente a
Região Metropolitana, consome do insumo de cidades vizinhas e utiliza de recursos paralelos
para continuidade das atividades. Vê-se nesse, o crescimento da utilização de areia de brita, e
estudos para reutilização de resíduos da construção civil como agregados.

A produção nacional de areia para construção relata que, a extração ocorre em todos os
estados da união, porém grande parte concentra-se no sudeste, principalmente por conta da
grande demanda do setor, exigindo ampliação das minas, maior eficiência do processo e
novas matérias primas ou reciclagem dos resíduos oriundos dessa prática, como meio
alternativo a escassez prevista para as metrópoles. Em território nacional, mais de 2500
44

empresas dedicam-se a mineração de areia, gerando 47.000 novos postos de trabalho, sendo
90% da extração aplicada no modelo de dragagem em leitos de rios e cavas inundadas. Os
estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, nessa ordem, são os maiores produtores
de areia para construção, seguindo da região sul, sendo as principais cidades, com produção
em torno de dois milhões de toneladas em 2003, Cabo Frio (RJ), Charqueadas (RS),
Seropédica (RJ), Bofete (SP) e Mogi das Cruzes (SP), todas próximas aos grandes centros
urbanos, responsáveis pela demanda exigida. (KULAIF, 2014)

Listar as cidades do rio de janeiro e empresas.

Baseado no volume produzido, a extração de areia é uma das mais importantes atividades
extrativistas no Brasil, gerando em torno de 300 milhões de toneladas, de acordo com DNPM
(2013). Esse volume compara-se a produção de minério de ferro, maior bem brasileiro.
Porém, comparando ao mercado internacional, temos equivalência a produção inglesa, país
com alta demanda, mas de tamanho geográfico menor. Recebendo grandes investimentos para
modernização das centrais extrativistas, capacitação técnica dos operadores e aquecimento do
ramo da construção civil, Estados Unidos, em 2003, produziu em torno de 800 milhões de
toneladas de areia, mais que o dobro em comparativo. Resultado desta evolução na área, a
taxa produtiva varia de 1500 – 2000 m³/homem/mês, enquanto no Brasil, gira em 250
m³/homem/mês. (JUNIOR&FERREIRA, 2012)

Apesar de grande responsável pela geração de emprego e renda, a atividade extrativista gera
impactos ambientais relacionados desde a implementação, exploração do meio, até pós
encerramento da atividade, com a formação de passivo ambiental. A dragagem em leito de
rios, método mais aplicado nacionalmente, retira a cobertura vegetal, possibilita o
assoreamento, destrói a camada superficial, impossibilitando a manutenção do bioma e
ocasionando interferência a morte de espécies. Logo, observa-se grande movimentação dos
órgãos ambientais quanto a proibição da prática, exemplo aplicado pelo Instituto Estadual do
Ambiente (INEA) no principal corpo hídrico responsável pelo abastecimento e geração de
energia elétrica para o estado do Rio de Janeiro, o .Guandu A impossibilidade criou novos
mecanismos de exploração de areia no estado, principalmente pela formação das cavas
inundadas nos municípios de Seropédica e Itaguaí, tornando-se meio para desenvolvimento
econômico da região.

A formação das cavas inundadas auxilia na extração por motobombas, dissolvendo as


impurezas, facilitando o beneficiamento do material, sendo também fluído para perfuração e
45

desprendimento da rocha matriz. Porém impossibilita o posterior uso da água, devido


contaminação principalmente por sulfatos e metais pesados, criando passivo ambiental para os
arrendatários. Especificamente para região de Piranema, a interferência no balanço hídrico
também é impacto direto na possibilidade de residir, devido a dependência quanto ao
abastecimento de água potável através de poços artesianos, sendo todo o canal hidrográfico
interligado.

Portanto, o controle e cobrança na gestão ambiental deste aspecto deve ser realizada com
muita atenção pelos órgãos mineradores e ambientais, principalmente quanto a regularização
na abertura e iniciação das atividades, e além, no encerramento, quanto ao compromisso
assumido na recuperação ambiental da área. A possibilidade, pelo menos, de criação de novos
meios para o aproveitamento da funcionalidade local e a redução quanto ao impacto ambiental
devem ser objetivos básicos para tomada de decisão do órgão quanto ao licenciamento das
atividades extrativistas.

3.8. LEGISLAÇÃO VIGENTE – MUNICIPAL, ESTADUAL E FEDERAL

Seguindo o conceito de Sustentabilidade, implementado durante a Conferência de Estocolmo,


em 1972, a principal legislação brasileira, a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 225,
impõe ao poder público e a coletividade obrigatoriedade de defender e preservar o meio
ambiente, prezando por um ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do
povo e essencial à sadia qualidade de vida, para as presentes e futuras gerações. Portanto, a
busca dos três pilares da sustentabilidade, a gestão Ambiental, Econômica e Social, seja ela a
nível local, através de micro a macro empresas, a nacional, na gerência de uma nação, é
obrigatória e necessária para continuidade de disponibilização de recursos essenciais para
vida, como indivíduo e coletividade.

Para tal, é incumbida para qualquer atividade potencialmente poluidora, ou seja, que possui
probabilidade de risco de impacto ambiental sobre o meio, de realizar Estudo de Impacto
Ambiental, com o objetivo de criar controles ambientais, ou medidas compensatórias que
mitiguem, e consigam retornar as características originais ou semelhantes da área de
abrangência. A Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA) então define o órgão
responsável pela determinação das características físicas, químicas e biológicas essenciais
para o ambiente equilibrado, feita através de legislação implementada pelo Conselho Nacional
46

de Meio Ambiente (CONAMA). A gestão e fiscalização das atividades potencialmente


poluidoras, ou seja, que alterariam as condições ambientais originais deste meio, é incumbida
ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA),
utilizando de ferramentas de controle ambiental, como o Estudo de Impacto Ambiental, e
consequente, o Relatório de Impacto Ambiental para o Licenciamento Ambiental dos
empreendimentos, garantindo a eficácia na gestão sustentável.

Além disso, entende-se que, os recursos naturais, como jazidas de mineração, são propriedade
distintas dos solos, com o intuito de exploração, e pertencem à União, e é através dela, dos
Estados, Distrito Federal e Municípios a obrigatoriedade de gerir e fiscalizar as concessões de
direito de pesquisa e exploração. O Ministério Público garante a concessão a propriedade da
lavra, e só deve ser realizada mediante a autorização ambiental e concessão, sendo geridos de
forma análoga e complementar pelos órgãos ambientais e mineradores, o IBAMA e
Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM).

Considerada de utilidade pública, de acordo com Art. 5º do Decreto-lei nº 3.365/1941, tópico


F, “o aproveitamento industrial das minas e das jazidas minerais, das águas e da energia
hidráulica”, significa que, a atividade é reconhecida por servir a sociedade de forma altruísta e
desinteressada, buscando desenvolvimento coletivo. A resolução Conama 369/2006 ratifica
esta importância, classificando-a como de interesse social, permitindo, sobre prévia
autorização do órgão ambiental, a supressão e realização de atividade extrativista em área de
preservação permanente, caso necessária. Portanto, como considerada de interesse social e
utilidade pública, é essencial sua aplicação para o desenvolvimento da coletividade, devendo-
se incentivá-la, tendo também o atendimento aos requisitos necessários para uma gestão
comprometida com o desenvolvimento sustentável, buscando o manejo sustentável local, e
acima, a preservação do meio ambiente.

No anexo VIII do PNMA, Lei nº 6.938/1981, há a classificação das atividades potencialmente


poluidoras, ordenadas por categoria, Descrição e Potencial de Poluição (pp), tendo a Extração
e tratamento de minerais, considerado “qualquer pesquisa mineral com guia de utilização;
lavra a céu aberto, inclusive de aluvião, com ou sem beneficiamento; lavra subterrânea com
ou sem beneficiamento, lavra garimpeira, perfuração de poços e produção de petróleo e gás
natural” atividade potencialmente poluidora de potencial de poluição alta. Sendo obrigatório o
envio de relatório anual sobre as atividades realizadas no ano anterior, com intuito de
acompanhamento e gestão pelo órgão fiscalizador IBAMA, tendo ainda o pagamento de taxa
47

(TCFA - Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental) previamente definida no Anexo IX,


devido ao poder de polícia dedicado a mesma para controle e fiscalização das atividades.
Além desta, as instituições de investimento, tem a obrigatoriedade, para determinação de
crédito as mineradoras, de observar projeto (PCA) que conste controles ambientais para
mitigação da degradação ambiental e analisar documentos de licenciamento ambiental para
exercer a atividade, como consta no Art. 12 da PNMA.

Compete através do Departamento Nacional de Produção Mineral a administração dos


recursos minerais, tendo como obrigatoriedade prevista pelo Decreto Lei n° 227/1967, no
capítulo I - Das Disposições Preliminares, para o aproveitamento da jazida, a necessidade de
alvará de autorização de pesquisa, emitido pelo Diretor-Geral do DNPM, e de concessão de
lavra, outorgada pelo Ministro de Estado de Minas e Energia. Além dessa, a convalidação
pelo órgão ambiental, por meio de licenciamento da atividade, sendo responsabilidade do
titular, inclusa nas atividades citadas no art. 6º (a pesquisa, a lavra, o desenvolvimento da
mina, o beneficiamento, o armazenamento de estéreis e rejeitos e o transporte e a
comercialização dos minérios) também a prevenção, mitigação e compensação dos impactos
ambientais decorrentes de cada etapa, contemplando aqueles relativos ao bem-estar das
comunidades envolvidas e ao desenvolvimento sustentável no entorno da mina. Em seu
encerramento, é obrigatório a recuperação ambiental das áreas impactadas, como citadas no
parágrafo único, alinhas I e IV desse decreto.

Seguindo o princípio da convalidação com o órgão ambiental, o Estudo de Impacto Ambiental


(EIA), com elaboração do Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), fazem parte dos
compromissos para obtenção da licença ambiental, de acordo com o Art. 2 da Conama
Nº1/1986. Considerada no inciso IX - Extração de minério, inclusive os de classe II (Classe II
- jazidas de substâncias minerais de emprego imediato na construção civil - DECRETO Nº
62.934/1968), a extração de areia pode ser considerada atividade modificadora do meio
ambiente, ou seja, atividade potencialmente poluidora, necessitando de projeto prévio para
avaliação da implementação do empreendimento, incluindo o estudo dos aspectos ambientais,
os possíveis impactos ambientais, para a redução ou medida compensatória para recuperação
das características originais.

No estudo, a análise de impacto ambiental observará a magnitude e probabilidade, a


discriminação entre benéficos e maléficos aos diferentes meios (físico, biológico e
ecossistemas naturais e socioeconômicos), se de atuação direta ou indireta, taxados em curto,
48

médio e longo prazo, tendo como obrigatoriedade a determinação de parâmetros a serem


acompanhados para análise de grau de impacto ao meio nas diferentes fases do
empreendimento. No Art. 9 da Conama Nº1/1986 relata-se os principais tópicos que devem
conter no RIMA, e consequentemente abordados durante o EIA, destacando-se as alinhas IV e
V, que levantam os prováveis impactos ambientais da implementação e operação da atividade,
observado o tempo de incidência e as técnicas utilizadas, e a possível caracterização
ambiental da área de influência da atividade. Portanto, na etapa inicial de elaboração da
documentação técnica do projeto, há identificação das linhas produtivas na pesquisa da lavra,
e consequentemente, dada entrada na licença prévia e de instalação, determinando os
aspectos, impactos ambientais e medidas de controle ambiental. Esses, para se ter uma gestão
eficaz, equilibrada e sustentável, durante toda operação até o encerramento, tendo
acompanhamento das características ambientais locais.

A CONAMA Nº10/1990 norteia as etapas de licenciamento para a extração mineral de classe


II, iniciando pela Licença Prévia, onde a depender da área de influência, porte, peculiaridades
e outros, não haverá necessidade de apresentação de RIMA, porém a entrega de Relatório de
Controle Ambiental (RCA) informando os dados levantados durante o EIA. Com aprovação
do órgão ambiental, podendo ser estadual, ou federal, a depender do tamanho da área de
interferência, sendo comunicado posteriormente a inicialização da licença de instalação (LI).

Realizado o levantamento dos aspectos, impactos e medidas compensatórias ou abandono de


certas atividades de maior grau de interferência, é construído o Plano de Controle Ambiental
(PCA), obrigatório para inicialização da fase de LI. Esse será apresentado ao órgão junto a
demais documentos comprovativos da área de abrangência, equipamentos a serem utilizados,
modo de instalação, suprimentos e fornecedores para o abastecimento. Aprovado o PCA, o
empreendedor entrará em contato junto ao órgão minerador (DNPM) para recebimento da
licença para convalidação. Concluído a implementação das medidas de controle, pode-se
iniciar a fase da Licença de Operação (LO).

O indeferimento por parte do órgão ambiental pode ocorrer em qualquer fase da licença,
sendo comunicado também ao DNPM e enviado a notificação para ajustamento aos moldes
determinados. Aplicado as devidas implementações exigidas, repassado as evidências, é dado
continuidade as fases. Deve-se ter atenção em cada fase de implementação das licenças, pois
o empreendedor assume os riscos do não cumprimento, podendo sofrer sanções, sejam elas,
penas e/ou administrativas, seja a pessoa física e/ou jurídica, com obrigatoriedade de
49

reparação do dano, caso impacto, como mencionado no caput 3 do artigo 225 da Constituição
Federal de 1988, modelo base para toda e qualquer legislação posterior.

Portanto, para cada etapa da implementação da atividade mineradora, desde a pesquisa da


lavra ao encerramento da atividade, existem licenças, documentos comprobatórios e estudos a
serem avaliados para autorizar o uso da terra. Ferreira (2016) relata na Tabela 2 cada etapa
mencionada no DNPM e as autorizações ambientais ligadas a cada fase de implementação a
atividade mineradora.

Tabela 2: Etapas da mineração.

Pesquisa Analisar as ocorrências minerais, bem


como o seu potencial geológico,
definindo a sua localização;
Definir os recursos de uma ocorrência
mineral;
Determinar as reservas de uma jazida
mineral;
Descrever as características de um corpo
mineralizado;
Prospecção É a determinação da extensão e valor do
minério localizado em uma região com
potencialidades mineiras. É o momento
que se realiza a avaliação dos depósitos,
levantamentos geológicos/topográficos
detalhados. Obter suas reservas e teores e
determinar os custos sobre a viabilidade
econômica da sua exploração.
Estudo de Viabilidade Destina-se à avaliação global do projeto
para fundamentar a tomada de decisão
entre iniciar ou abandonar a exploração
do depósito;
Entrada no órgão ambiental para o início
do licenciamento ambiental. Verificação
de necessidade ou não de estudos
ambientais aprofundados, fase de licença
50

prévia (LP).
Desenvolvimento Neste momento são então abertos os
acessos à mina, é feita a infraestrutura
para sua exploração, construção dos
acessos para movimento das máquinas e
caminhões para transporte do minério da
lavra até o início da fase de
beneficiamento. Retirada das camadas
superficiais de vegetais e abertura no
terreno das cavas até atingir o lençol
freático;
Entrada no órgão ambiental para o início
do licenciamento ambiental, fase de
licença de instalação (LI).
Exploração Trata-se da extração de minério
propriamente dito. Nesta fase são usadas
as dragas de extração, dispostas no lago
formado com o afloramento do lençol
freático.
Entrada no órgão ambiental para o início
do licenciamento ambiental, fase de
licença de operação (LO).
Beneficiamento Nessa fase a areia é peneirada e levada
por bombeamento até os silos de
armazenagem, não há adição de produtos
químicos, o tratamento é meramente
físico.
Continuidade da fase de licença de
operação (LO).
Recuperação da área degradada Trata-se da recuperação da zona afetada
pela exploração de forma a que tenha um
possível uso futuro. Nessa etapa aplica-se
um conjunto de ações necessárias para
que a área volte a estar apta para uso
51

produtivo em condições de equilíbrio


ambiental.
O uso da área de pós-mineração de areia
em Seropédica, no caso os lagos, devem
ser adicionados aos requisitos de
estabilidade geológica. O planejamento
deve contemplar o uso eficiente da mina
e finalizar quando as relações fauna, flora
e solo estiverem em equilíbrio e em
condições de sustentabilidade. Essa etapa
finda o ciclo da extração e deve ser
prevista antes mesmo do início da
atividade de jazidamento, quando se
prevê o uso futuro da área. Entrada no
órgão ambiental para o início da fase de
recuperação (LOR).
Fonte: Ferreira, 2016.

Através da Lei Estadual nº 6373/2012, em seu artigo 1º, é cobrado por parte do órgão
ambiental estadual a necessidade de licenciamento ambiental das mineradoras de areia para
imediata utilização do recurso. Compete a Gerência de Licenciamento de Atividades Não
Industriais (Gelani) e das superintendências regionais a gestão das licenças prévias (LPI) e de
instalação (LI) para atividades mineradoras em cavas inundadas. De acordo com a NOP-
INEA-42, não há necessidade de Outorga de Captação para o modelo de extração em cavas
inundadas, exigindo apenas para os modelos em cavas em leitos de rio, devido o maior
volume de polpa extraído durante atividade.

Como mencionado anteriormente, caso a prática de mineração sem a devida autorização


prévia do órgão ambiental ou concessão de lavra, ou autorização de pesquisa, resulta ao
responsável sanções civis, administrativas e reparo ao dano causado, de acordo com caput 3º
do Art. 225 da Constituição Federal de 1988. Mencionado posteriormente pelo Novo Código
de Minas, Decreto-Lei nº 227/1967 em seu Art. 52, caso prática em desacordo com o plano
aprovado pela D.N.P.M, caberá sanções administrativas das seguintes ordens:

I - Advertência;
52

II - Multa; e

III - Caducidade do título.

IV - Multa diária;

V - Apreensão de minérios, bens e equipamentos; ou

VI - Suspensão temporária, total ou parcial, das atividades de mineração.

Esses irá depender do grau do desvio e/ou da gravidade do impacto gerado ao meio,
competindo a Agência Nacional de Mineração (ANM) e Ministro de Estado de Minas e
Energia a aplicação de multa a caducidade do título. A multa pode chegar a R$
1.000.000.000,00 (um bilhão de reais), podendo dobrar o valor, caso reincidência. Deve-se
atentar também as mineradoras pertencentes ao Polígono de Piranema, quanto a comprovação
de abandono da cava, pois no Art. 65, caso comprovada caracterização formal de abandono,
pode-se resultar na caducidade do titular, encerrando quaisquer formas de extração mineral
praticadas pelo mesmo.

Similarmente, baseados na Lei de Crimes Ambientais (LEI Nº 9.605/1998) e das infrações e


sanções administrativas ao meio ambiente (DECRETO Nº 6.514/2008), nos seus respectivos
artigos 55 e 63, incumbe ao poluidor que, realizar pesquisa, lavra ou extração de minerais sem
a competente autorização, permissão, concessão ou licença da autoridade ambiental
competente ou em desacordo sujeitará a detenção de até 1 ano, com multa R$ 1.500,00 (mil e
quinhentos reais) a R$ 3.000,00 (três mil reais), por hectare ou fração. Onde, tendo
comprovação de degradação ambiental, a PNMA, em seu Art. 14, sujeitará o transgressor a
multa simples diária de 10 (dez) e, no máximo, a 1.000 (mil) Obrigações Reajustáveis do
Tesouro Nacional - ORTNs, agravada em casos de reincidência específica, para recuperação
do dano causado.

3.9. TRATAMENTO DE EFLUENTES DE EXTRAÇÃO DE AREIA POR


CAVAS INUNDADAS

Conhecidos como efluentes de DAM – Drenagem ácidas de minas, é gerado através da


oxidação a céu aberto de pares sulfetados com auxílio de bactérias, tendo como principais
contaminantes sulfatos e metais solubilizados em meio ácido, devido a formação de ácido
53

sulfúrico. De aparência branca a amarelada, a crosta oxidada em contato com águas pluviais é
arrastada para a mina, aumentando a concentração do ácido e solubilizando metais. De acordo
com Izidoro et al.(2004), esses efluentes podem ser gerados nas frentes de lavra a céu aberto
ou subterrânea, em depósitos de rejeitos e pilhas de estéreis contendo pirita e/ou marcassita.

Pode-se seguir duas frentes no tratamento dos efluentes ácidos gerados por cavas inundadas, a
primeira a prevenção, através da interrupção da reação oxidativa, indisponibilizando o agente
redutor (O2(g)), ou não permitindo o acesso, ou seja, a transferência de massa da superfície a
zona oxidativa para inicialização da reação. Exemplo desse, há a redução da velocidade de
reação quando o meio encontra-se submerso, pois necessita primeiramente da troca gasosa do
oxigênio para o meio aquoso, feito de forma lenta, para após permitir a oxidação dos sulfetos
presentes. Esse fenômeno ocorre em épocas chuvosas. No período de estiagem, há a segunda
forma de tratamento, através da neutralização parcial do meio, ocorrendo com o aumento da
concentração de metais presentes pela evapotranspiração, que ao hidrolisarem, formam oxi-
hidro, responsáveis pelo aumento do pH do meio.

Seguindo esses princípios, a reparação pode-se seguir a linha de formação de compostos


insolúveis, que através de mecanismos físicos, como flotação ou decantação, junto a adsorção
por uso de coagulantes e floculantes, realizam a separação dos sulfatos e metais presentes. A
neutralização do meio tem-se então o primeiro passo para o controle do pH e formação dos
compostos insolúveis, principalmente metais, disponíveis somente em alta acidez. Para esse
fim, segundo Izidoro et al.(2004), tornam-se viáveis o emprego de soluções alcalinas como
cal (CaO), hidróxido de cálcio (Ca(OH)2), hidróxido de sódio (NaOH), calcário (CaCO3),
carbonato de sódio (NaCO2) ou uma combinação desses reagentes, utilizando agitadores
mecânicos seguidos de tanques de sedimentação.

A eficiência da técnica de reparação por neutralização dependerá do grau de formação do lodo


industrial, tendo a necessidade de estudo para determinação do ponto ideal do pH necessário
para precipitação conjunta da maioria dos metais presentes, que por meio de interação
macromolecular, ligam-se aumentando o peso específico, acelerando o processo de
decantação. O uso da flotação em conjunto a linha de tratamento pode ser implementado, com
remoção primeiramente da carga de lodo mais densa, e arraste posterior do sólido suspenso
através do ar comprimido e uso de paletas na superfície do tanque.

Alternativamente, alguns sistemas passivos vêm ganhando força no tratamento de efluentes de


cavas, exemplo, os sistemas de terras úmidas. Terras úmidas ou Wetland baseiam-se na
54

formação de ecossistemas similares a pântanos e/ou áreas alagadiças, tendo o controle de


fluxo e condições físico-químicos, onde o maior responsável pelo tratamento do efluente se dá
pela proliferação de algas e reações biológicas no meio, com fermentação e degradação da
matéria orgânica. Seu principal uso se dá na redução da matéria orgânica disponível, ou seja,
agindo na DBO e DQO disponíveis, porém em efluentes ácidos e com altas concentrações de
metais pesados, vêm apresentando bons resultados. Porém, a medida do maior grau de
contaminação, menor é a eficiência no tratamento, logo apresentando limitada aplicação a
depender da concentração dos poluentes. Segundo Izidoro et al.(2004), esse sistema tem sido
aplicado principalmente em países industrializados, apresentando-se como nova viabilidade
em contrapartida aos sistemas convencionais.

O uso da neutralização e posterior decantação dos sólidos formados deve-se atentar a


eficiência dos coagulantes e floculantes selecionados. A aplicação do coagulante tem o intuito
de desestabilizar as repulsões de carga nas interações intermoleculares entre os sólidos
suspensos, auxiliando na formação dos coágulos sob forte agitação com aumento do choque
entre ambos. Em agitação lenta, a aplicação do floculantes, geralmente polieletrólitos,
aceleram a formação dos flocos, através das cadeias poli estendidas, com carga superficial
para a agregação dos coágulos. O agregado, de maior peso específico, tem seu tempo de
decantação reduzido, com redução do tempo espacial no reator, exigindo então menores
tanques para aplicação.

Outros tratamentos aplicados principalmente para remoção de sulfatos é o uso de Reator


Anaeróbio, que segue o princípio da fermentação para redução dos sulfatos a sulfetos, que em
ligação a metais, precipitam formando o lodo. Microorganismos redutores de sulfato agem no
processo fermentativo iniciando a liberação de enzimas responsáveis pela lise das células,
liberando substâncias ao meio, em processo conhecido como Hidrólise. Posteriormente, há
formação de ácidos orgânicos e acetatos na acidogênese e acetogênese, respectivamente, até a
formação de compostos mais simples como gases orgânicos (metano). A oxidação da matéria
orgânica como agente redutor auxilia na formação dos sulfetos, e posterior precipitação dos
metais sulfetados. Apesar do grande tempo exigido para atingir alta eficiência de remoção da
matéria orgânica presente, tem apresentado bons resultados na redução da concentração dos
íons sulfatos, de acordo com Bastos (2004).

A formação de complexos vem ganhando espaço no tratamento dos metais pesados, destaque
para os sais sulfatados, que por meio de reações de complexação, precipitação e co-
55

precipitação de diferentes íons de Alumínio com sulfatos compondo as camadas externas, há


formação de minerais insolúveis. Esses sólidos suspensos criam a possibilidade de tratamento
físico posteriormente, barateando e facilitando o uso de mecanismos simplificados de
tratamento já conhecidos e difundidos. O minério Etringita, de fórmula química
Ca6Al2(SO4)3(OH)12.26H2O, tem apresentado grandes avanços no tratamento de águas
sulfatadas, tendo estudos evidenciando as proporções mássicas de íons Cálcio, Alumínio e
Sulfato para a mobilização do complexo, com meio adequado para sua formação, com
controle de pH, velocidade de reação e grau de agitação. No estudo feito por Nunes (2003),
observou-se pH 12 como fator ideal para formação da Etringita, sólido de coloração
esbranquiçada, favorável a aplicação de métodos gravimétricos. A proporção mássica ideal
entre os íons citados acima destacou-se 2:1:1, respectivamente, tendo já grande embasamento
técnico para aplicação no tratamento de cavas inundadas de areais, tanto para controle de pH,
como redução dos metais pesados, sendo essa grande problemática para aplicação da
psicultura. A decantação, com auxílio de coagulantes e floculantes são modelos integrados ao
tratamento para posterior remoção do mineral formado, sendo parte do presente estudo a ser
apresentado. Resultados anteriores com efluentes sulfatados apresentaram remoção acima de
97%, de acordo com estudos da UFRGS (BASTOS, 2004).

3.9.1. Tratamento por precipitação química

A gestão ambiental visa empregar metodologias para tratamento e mitigação dos aspectos
ambientais antes de atingirem o ambiente, ocorrendo a degradação ambiental, e consequente o
impacto ambiental. Neste sentido, a geração de efluentes, sanitários a industriais, cria o
desafio de encontrar tratamentos viáveis economicamente e que garantam a remoção da carga
poluidora anterior ao lançamento no corpo hídrico, garantindo o controle ambiental e a
continuidade das características originais do meio. Logo, o entendimento da carga poluidora,
dos tipos de reações químicas para remoção, as formas viáveis de separação do poluente são
pontos cruciais para escolha do melhor método de tratamento. (FERRAZZO et. al, 2018)

A precipitação química se enquadra entre os métodos mais viáveis e conhecidos de tratamento


para remoção de metais e sulfatos. Seguindo quatro etapas básicas, podendo ser ainda
reformuladas com outras tecnologias, tem-se a precipitação, através da adição de produto
químico que reaja ao contaminante tornando-o insolúvel ao solvente, a coagulação, com o
56

objetivo de agregação/adsorção dos sólidos, a floculação, através da formação de flocos,


resultando em maior peso específico ao sólido e reduzindo consequentemente o tempo de
decantação, e por último, a separação física, podendo ser aplicadas meio filtrantes, flotação
por ar dissolvido, e a mais comumente utilizada, a decantação.

A precipitação ocorre quando determinado químico reage com demais contaminantes do


meio, formando substância, que em razão das características físico-química distintas do
solvente, como baixa solubilidade, descrita pelo constante de solubilidade (Kps), gera sólidos,
denominado precipitado (ZHAO et al., 2016). Comumente aplicado a íons metálicos, devido
apresentarem grande reatividade a meio alcalino originando sólidos suspensos, possuem
reação química simples, com alta velocidade de formação, tendo método convencional bem
conhecido. O controle do pH do meio na faixa ideal de formação do precipitado é ponto
prioritário do processo, tendo a escolha do insumo economicamente viável, geralmente
utilizado óxidos e hidróxidos, pensando sempre na eficiência e barateamento do processo. A
precipitação conjunta de metais também já foi evidenciada em estudos, exemplo a remoção
conjunta de Cobre (Cu) e Manganês (Mn). Porém, sem o devido estudo de faixa de pH e
quantidade de álcali a ser adicionada, pode-se ter duas problemáticas, a redissolução dos
metais presentes durante precipitação conjunta, por adsorção ou formação de complexo, e
segundo, a formação de hidroxicomplexos solúveis, obtendo a eficiência mínima na formação
dos coloides. Para isso, faz-se necessário o estudo com teste de jarro, também aplicado ao uso
na escolha do coagulante e floculante. Nesse seleciona-se a melhor dosagem dos químicos, a
velocidade de agitação na etapa lenta e os tempos de formação do floco e a decantação do
sólido. (FERRAZZO et. al, 2018).

Reações de dupla troca entre os contaminantes e o insumo adicionado formando um novo sal
insolúvel ao meio é uma das principais alternativas, a exemplo a aplicação de cloreto de bário,
que em contato com outros ânions como sais de sulfato, formam sulfato de bário, sólido
insolúvel, facilmente removível por separação física, garantindo efetividade na redução de
enxofre ao meio. (FERRAZZO et. al, 2018)

O que irá ditar o melhor mecanismo de precipitação química são o conhecimento dos
contaminantes presentes, as possibilidades viáveis de controle e adição de produtos químicos,
esses com ótima dissolução, alta velocidade de reação e formação de produtos de baixa
solubilidade. A viabilidade econômica do processo com consumo mínimo de insumos
também é crucial na sustentabilidade do processo, tendo como foco a garantia de efluente
57

tratado dentro dos parâmetros permitidos para lançamento. Nesse, então busca-se o equilíbrio
econômico do processo com a sustentabilidade ambiental, com foco na eliminação da carga
poluidora, requisitando área mínima para tratamento, a formação de lodo com destinação
ambientalmente adequada, tendo também gestão na eficiência energética do processo.
(FERRAZZO et. al, 2018)

Por ser uma técnica convencional, o tratamento por precipitação química possui baixo custo
na instalação de equipamentos, na manutenção e limpeza, e na escolha dos insumos para
formação do colóide, geralmente sendo óxido e hidróxidos, com baixo valor agregado. A
hidrodinâmica é considerada a etapa de maior investimento, devido uso de bombas para o
transporte de carga, porém tendo projeto bem mensurado, utiliza-se a força gravitacional para
o deslocamento da carga ao longo do tratamento, exigindo uso menor de bombeamento, tendo
também etapas preferíveis com escoamento laminar. (NETO et. al, 2008)

A destinação ambientalmente adequada da lama encarece o processo, devido ser classificada


como classe I, de acordo com a NBR 10.004, como resíduo perigoso. Esse tratamento pode
ser realizado por coprocessamento ou envio a aterro industrial. Por isso, linhas de estudo
buscam novos tratamentos que reduzam seu potencial de toxicidade, seja por uso de novos
precipitadores químicos ou pelo tratamento posterior da lama, todos objetivando a aplicação
como coproduto, reinserindo-o no mercado, seguindo o princípio da Produção mais Limpa
(P+L). (NETO et. al, 2008)

Na etapa de separação física, a depender do método utilizado, pode-se adicionar produtos


químicos para acelerar a segregação, dando maior efetividade no tratamento, com redução do
tempo necessário ao processo e podendo-se ainda reduzir a área aplicada a remoção. Na
decantação, o uso dos coagulantes e floculantes é aplicado na quebra do equilíbrio estático
entre as cargas dos colóides, agrupando-os mais facilmente e criando flocos com uso de
cadeias poliméricas, dando maior densidade aos sólidos formados, reduzindo o tempo espacial
necessário a decantação. Os principais coagulantes aplicados são cloretos férricos e de
alumínio, que em contato com a água hidrolisam, formando inicialmente hidróxidos com
carga superficial (carga eletrolítica) positiva e baixa viscosidade ao meio. A interação dos
íons com os coloides reduz o Ponto Zeta, medida do potencial elétrico entre a superfície
externa da partícula e do meio líquido, agregando-os em sua cadeia externa com a agitação
rápida e choque entre partículas. Essa etapa é conhecida como etapa rápida, levando alguns
58

segundos para formação dos hidróxidos, a interação coloide-coagulante e formação dos


coágulos. (KONRADT-MORAES, 2009)

Os polímeros também podem ser aplicados com coagulantes primários, tendo a vantagem de
cadeias alongadas, tendo a interação micelar nos sítios ativos, e maior probabilidade de
choque entre moléculas durante a agitação. Exemplos desses, os polímeros aniônicos podem
ser aplicados aos processos de mineração para redução do potencial Zeta positivo formado
pelos oxi-hidroxi metálicos, reduzindo a repulsão eletroestática e estérica, aglomerando-se
com a agitação rápida, produzindo os coágulos. (KONRADT-MORAES, 2009)

Existem quatro mecanismos que regem o processo de coagulação, a compressão da camada


difusa, a neutralização-adsorção, a varredura e formação de ponte e adsorção. A compressão
da camada difusa foca em reduzir a influência das cargas eletroestáticas das moléculas no
meio, adicionando um eletrólito de carga indiferente, que aumenta a densidade de carga,
comprimindo-a, assim criando maior agregação entre os coloides presentes, essa teoria foi
desenvolvida por Derjaguin, Landau, Verney e Overbeek – DLVO. Segundo Spinelli (2001),
a quantidade de eletrolítico aplicada para agregação dos coloides não depende da
concentração das substâncias ao meio, e simultaneamente, a adição excessiva de coagulante
não interfere na estabilidade das cargas resultantes, ou seja, na possível desagregação. A
adsorção e neutralização está ligada a neutralidade das cargas eletroestáticas, ou seja, ao
Ponto Zeta, que através da adição do coagulante e a agitação rápida, ocorrem choques entre as
partículas aglutinando-se. Esse mecanismo é voltado para posterior separação por filtração,
não tendo a necessidade de formação de flocos, mas do maior volume de substâncias a serem
retidas ao meio filtrante (KONRADT-MORAES, 2009). A varredura está ligada ao
mecanismo de floculação, tendo na etapa lenta a continua mistura da solução, onde
precipitado e interações entre coagulante-coagulante, coagulante-coágulo e coágulo-coágulo,
criam flocos, que graças ao aumento do peso específico decantam no meio. A escolha do
coagulante, natural ou sintético, interfere no mecanismo de adsorção e formação de pontes,
pois polímeros eletrólitos possuem sítios ativos ao longo da cadeia molecular, agindo como
ótimo coagulante, tanto no controle do Ponto Zeta, auxiliando na formação dos coágulos, no
choque e adsorção das cadeias, e posterior formação dos flocos. (KONRADT-MORAES,
2009)

A floculação, continuidade na agregação dos coágulos formados, tem o objetivo de criar os


flocos através da agitação lenta, onde o desenho dos equipamentos dá a vantagem do fluxo
59

laminar para redução do risco de desestabilização dos flocos e direcionamento para o fundo
do tanque. O tempo espacial é parâmetro básico para entendimento das velocidades de entrada
e saída do tanque, descobertas através do teste de jarro. Ao longo da etapa lenta atinge-se o
equilíbrio eletroestático do meio, através das interações entre micelas com formação dos
flocos. (KONRADT-MORAES, 2009)

3.9.2. Etringita: Composição química e estrutura molecular

A Etringita é um mineral secundário formado de solos alcalinos, proveniente da reação de


aluminato de cálcio com sulfatos. Formado a partir de soluções ricas em metais, sulfato e de
pH elevado, na faixa de 10,7 a 12,5, caracteriza-se como sólido esbranquiçado de estrutura
molecular cilíndrica, tendo no seu centro de corpo cátions metálicos, principalmente cálcio e
alumínio, podendo ser substituído também por outros íons metálicos presentes no efluente
contaminado, e compondo a parede externa ânions de sulfato e hidróxido. A etringita é o
principal cristal formado durante a pega de cimentos ricos em aluminatos, estes proveniente
de rochas ricas em cálcio. Há estudos para o entendimento do tempo de pega, pois a não
identificação do tempo ideal e a consequente disponibilidade de cálcio e sulfatos no meio,
interagindo com Etringita, ocasionam a expansão do sólido e formação de fissuras no
concreto. Em estudo realizado por Lee et al. (2005), constatou-se por fotomicrografia de
MEV a expansão da etringita e deterioração do concreto. A Figura 10 demonstra os poros
formados, devido a reatividade da etringita aos íons disponíveis.

Figura 10. Expansão da etringita em Fotomicrografia de MEV no material concreto.

Fonte: Lee et al.,2005.


60

A disponibilidade de hidroxilas, ou seja, o aumento de pH é um dos pontos essenciais para


formação da estrutura cilíndrica, além disso, auxiliam na coprecipitação conjunta de outros
metais, que em sua forma sulfatada ou alcalina, são insolúveis ao meio, interagindo com o
mineral formado. Em fotomicrografia de MEV em sólido seco, feita por Baur et al. (2004),
observa-se os cristais de Etringita formado, com formação cilíndrica, similar a estrutura
teórica descrita por Cadorin (2008).
Figura 11. Vista a-b do plano cristalino teórico de formação da Etringita. (B) Fotomicrografia de MEV da
formação cristalina do minério Etringita em solo seco.

Fonte: Cadorin, 2008.

Os efluentes de areais por serem riscos em compostos metálicos e pH ácido, proveniente


principalmente das cargas sulfatadas, torna-se um possível resíduo para o tratamento via
precipitação química com formação da Etringita. Como citado, a formação cilíndrica pode ter
substituição dos metais cálcio e alumínio em seu centro de corpo por demais cátions, nesse há
grande probabilidade de agregação por magnésio e ferro, auxiliando na remoção desses
demais contaminantes solubilizados ao meio. A precipitação química via alcalina torna-se
vantajosa no tratamento, pois os insumos utilizados, principalmente cal e carbonato de cálcio
possuem custo reduzido, comparado ao uso de outras fontes de tratamento, como via
membranas, osmose e tratamento biológico. Para entender os principais parâmetros de
controle para atingirmos o tratamento adequado do efluente de areais, deve-se entender as
etapas do processo de formação da etringita e a reação detalhada, descrita na equação 2:

(2) 6 Ca2+ + 3 SO42- + 2 Al(OH)3 + 37 H2O ↔ 3 CaO.3CaSO4.Al2O3.31H2O + 6 H3O+

Mineral composto por aluminato (AlO2-) de cálcio sulfonado, hidratado, tem-se o aumento do
pH inicial como parte essencial, devido aumento da concentração de cálcio, com a adição da
cal, e geração de hidróxido de alumínio, que consequentemente formarão sólidos superficiais,
61

a gibsita (CaSO4), e coloides, interagindo-se e aglomerando. Porém, a medida do grau de


agitação e do aumento da hidroxila disponível ao meio, há formação lenta do sólido
esbranquiçado. Portanto, o grau de agitação e tempo espacial são dois fatores básicos para a
eficiente formação. No estudo realizado por Cadorin (2008), em comparativo entre sistema
sob agitação inicial de 5 minutos e sem agitação, evidenciou-se a eficiente remoção dos
contaminantes até valores abaixo do máximo permitido para lançamento apenas para o
primeiro caso, tendo tempo de residência maior que 15 horas. Entende-se então, a necessária
agitação, em tempos de 30 a 300 minutos, como já avaliados por Álvarez-Ayuso (2005), e a
implementação de floculantes para a viabilidade técnica na remoção dos sólidos durante o
processo de separação física, por decantação ou flotação.
A estequiometria envolvida na formação da Etringita também torna-se ponto crucial, pois
determina a quantidade de cálcio a ser adicionado ao meio, diretamente ligada também ao
controle de pH via adição de carbonato de cálcio e/ou cal, e consequentemente a quantidade
de lama formada e sal disponibilizado ao meio, podendo ser problemas tanto na eficiência do
tratamento, pois apesar de removerem metais e sulfatos presentes, podem aumentar a
salinidade do meio e tornar imprópria para lançamento, como tornar o processo mais custoso,
devido aumento do volume de lodo formado. Em estudo realizado por Nunes (2003)
evidenciou-se na estequiometria mássica entre Ca:Al:SO42-, para pH 12, grande eficiência de
formação de etringita em 2:1:1.
O uso de carbonato de cálcio no processo de neutralização do efluente torna-se mais viável
economicamente, comparado a aplicação de cal, porém possui cinética lenta de formação dos
coloides de hidróxido metálicos, logo em estudo relatado por INAP (2003), mostrou-se a
utilização dos dois insumos, sendo separados em etapas de formação dos sólidos. Abaixo
segue a descrição do fluxograma:

1. Adição de carbonato de cálcio até a neutralização, resultando na precipitação de gipsita;


2. Tratamento com cal até pH 12, o que resulta na precipitação de Al(OH) 3 e aumento da
precipitação de gipsita;
3. Ajuste de pH por carbonatação, resultando na precipitação de carbonato de cálcio.

Este processo pode ser replicado ao tratamento dos efluentes de cavas inundadas, devido
seguir dois dos principais objetivos do estudo, a viabilidade econômica no tratamento, com
redução de custo na aplicação dos insumos, e segundo, a recuperação a parte do cálcio,
necessário ao processo, podendo ser reinserido através de refluxo, disponibilizando-o
62

novamente ao meio. A injeção de Dióxido de Carbono para neutralização do efluente além de


formar sais de carbonato de cálcio, recuperando-o, reduz o risco de aumento da salinidade do
meio. (LISTAR AS ETAPAS – CONECTAR 3.9.3)

3.9.3. Etapas do tratamento

Nunes (2003), em estudo de escala laboratorial utilizou o método de precipitação química


com formação de Etringita como meio de tratamento para efluentes de DAM, DAM-FAD e
sintético. O fluxograma do processo consistia na adição controlada de Hidróxido de cálcio e
Cloreto de alumínio (AlCl3) de alta pureza, de forma controlada, para o controle de pH ideal
do meio, determinado como pH e disponibilidade de íons Cálcio e Alumínio, respectivamente.
O teste de bancada utilizando béckers obteve eficiência no tratamento, comparando-se a
remoção do sulfato, de valores iniciais acima de 1700 ppm, de até 98%, não obtendo grandes
diferenças entre efluentes industriais e sintéticos. De acordo com a Error: Reference source
not found12, a estequiometria mássica que melhor apresentou eficiência na remoção de
sulfato foi de 2:1 para Ca:Al, com pH fixo em 12,0.
63

Figura 12. Influência do pH nas concentrações de Ca2+ e Al3+ na precipitação de íons sulfato como Etringita.

Fonte: Nune, 2003.

Para tratamento de efluentes de DAM, Inap (2003) utiliza-se da neutralização por carbonato
de cálcio e cal. Este processo é aplicado a efluentes com altas concentrações de sulfato, acima
de 1200 mg.L-1, sendo mais eficiente que as técnicas convencionais de precipitação por cal,
devido a formação de gibsita. A cristalização da gibsita aumenta a eficiência de remoção de
sulfato, tendo ainda a recuperação de parte do carbonato de cálcio através da neutralização por
carbonatação por injeção de Dióxido de carbono. A três etapas de tratamento constituem o uso
de carbonato de cálcio até a neutralização, com formação dos cristais, o uso de cal até pH 12
para formação da Etringita, e o ajuste de pH por carbonatação, como apresentado na Error:
Reference source not found13, fluxograma do processo.
Para formação do mineral composto por aluminato (AlO 2-) de cálcio sulfonado hidratado,
tem-se o aumento do pH inicial com a adição da cal (hidróxido de cálcio), resultando na
geração de hidróxido de alumínio, que consequentemente formarão sólidos superficiais como
a gibsita (CaSO4), e coloides, interagindo e aglomerando. Porém, ao longo do tempo
reacional, através do aumento do grau de agitação e concentração de hidroxila disponível, há
formação lenta do sólido esbranquiçado. Portanto, o grau de agitação e tempo espacial são
dois fatores básicos para a eficiente formação. No estudo realizado por Cadorin (2008), em
comparativo entre sistema sob agitação inicial de 5 minutos e sem agitação, evidenciou-se a
64

eficiente remoção dos contaminantes até valores abaixo do máximo permitido para
lançamento apenas para o primeiro caso, tendo tempo de residência maior que 15 horas.
Entende-se então a necessária agitação em tempos de 30 a 300 minutos, como já avaliados por
Álvarez-Ayuso (2005), e a implementação de floculantes para a viabilidade técnica na
remoção dos sólidos durante o processo de separação física por decantação ou flotação.

Figura 13. Fluxograma de precipitação química por carbonato de cálcio/cal.

Fonte: INAP, 2003.

Em seu estudo de precipitação/co-precipitação para tratamento de efluentes de DAM, Cadorin


(2008) utilizou FAD (Flotação por Ar dissolvido) na separação sólido-líquido. Para
neutralização e controle de pH fez-se uso de Hidróxido de Cálcio, e para disponibilidade do
alumínio aplicou sais de alumínio PAC 1018 (produto intermediário da hidrólise de Al III
com cloreto de alumínio) e Alupan K (aluminato de potássio). Anterior a separação sólido-
líquido adicionou-se floculante não-iônico Qemifloc PWG 1020 variando de 5 a 10 mg.L -1. A
dosagem definida dos íons deu-se baseada na equação 2, de formação da etringita, com
estequiométrica de 0,83:0,19:1 (Ca:Al:SO42-), tendo pH fixo em 12, estável para o mineral. A
Figura 14 apresenta o esquema em bancada montado, composto de tanque agitador utilizado
para formação da etringita, célula de flotação por ar dissolvido e tanque agitador para adição
de flotador.

Figura 14. Esquema do tratamento de DAM em meio alcalino. a) Ajuste em pH 12 e agitação do sistema: 1)
Medidor de pH; 2) Adição de PAC pela micropipeta; 3) Adição de leite de cal 10%; 4) Efluente a ser tratado
(sintético ou amostra de DAM SS-16 ). b) Separação sólido-líquido via microfiltração: 5) Copo de acrílico para
65

microfiltração; 6) Bomba de vácuo; 7) Filtrado (efluente tratado). c) Separação sólido-líquido via flotação por ar
dissolvido em escala bancada: 8) Adição de floculante não-iônico (Qemifloc PWG 1020); 9) Saída do efluente
tratado.

Fonte: Cadorin, 2008.

A técnica apresentou grande eficiência na co-precipitação de íons Fe, férrico e ferroso, e Mn,
em conjunto com a formação da etringita. Os melhores resultados foram com adição conjunta
dos sais PAC 1018 e Alupan K na proporção [PAC]:[Alu]:[SO 42-] de 2:1:1, com remoção de
68% de sulfato, de concentração inicial de 750 mg.L -1, no efluente sintético. No efluente de
DAM a remoção de sulfato alcançou 77%, tendo remoção de íons metálicos a valores acima
de 98%. A separação via FAD foi mais eficiente na remoção de turbidez, em comparativo ao
processo de sedimentação, com valor de 0,5 NTU, tendo maior compactação, sistema
contínuo de retirada de lodo com menor umidade, exigindo menores espaços para secagem do
material. A taxa de aplicação foi ainda 100 vezes maior em relação ao uso da decantação.
Portanto, a precipitação química por via de formação de Etringita mostrou-se método viável,
tanto técnico, como econômico, para remoção dos metais e sulfato presentes. Tendo o uso de
FAD maior vantagem comparativa a decantação, sendo necessário em ambos os casos o uso
de floculante, podendo ser de característica não-iônica, a exemplo aplicado por Cadorin
(2008). A faixa ideal a todos os casos observados ficou em 12,0, podendo-se utilizar da
técnica conjunta de carbonato de cálcio e cal, como controlador do pH e fonte de cálcio ao
processo.
66

3.10. PSICULTURA

A Aquicultura pode servir como ferramenta para produção de proteínas em locais


anteriormente abandonados, ajudando a suprir demandas futuras, sem necessidade de impacto
em demais áreas. Sendo que, grande parte da demanda do consumo de pescado se dá através
da aquicultura, responsável pelo abastecimento global, ou seja, dependente desse
desenvolvimento, logo a aplicação em ambientes anteriormente abandonados pode contribuir
para o crescimento contínuo da produção, como também dar continuidade no
desenvolvimento de mão de obra local e crescimento sustentável.

O Brasil destaca-se na produção agrícola e proteica, principalmente nas áreas de


bovinocultura e avicultura, sendo um dos principais responsáveis pelo abastecimento
alimentar global. Porém, devido as grandes perdas, principalmente durante o transporte dos
alimentos e a demanda crescente por alimentos, influenciada ainda pelo crescimento
populacional global, exige-se a criação de novos mecanismos para o aumento da
disponibilidade proteica. A psicultura em cavas inundadas pode tornar-se um dos modelos
mais eficientes economicamente, com baixos custos iniciais para implementação do
empreendimento, tendo maiores gastos no tratamento e controle físico-químicos das águas e
na instalação do modelo selecionado de produção.

Otchere et al (2002) cita que, a aplicação de aquicultura para uso comercial ou recreacional,
auxilia na inclusão da área as formas de uso do solo, reduzindo o impacto ambiental e criando
mecanismos para o aproveitamento da terra e o desenvolvimento socioeconômico.

Apesar do Brasil não sofrer com o uso de concorrência de locais para aplicação da psicultura,
o uso da mesma auxilia na reintrodução do local para uso recreativo e/ou produtivo,
contribuindo para redução do impacto local e a depender do uso do solo, a recuperação
ambiental através do tratamento de água e sua reinserção em circuito fechado.

Piranema possui uma grande área produtiva para uso areeiro atualmente, sendo de 11 km de
extensão, com espelhos d’água chegando a 1 km, tendo grande acúmulo de água. A reinserção
dessas zonas abandonadas para uso recreativo e pesqueiro auxiliaria na recuperação ambiental
e paisagística, criando polo produtivo de alimentos, próximos a zonas pesqueiras, e
consequentemente, de consumo desse tipo de produto, sendo área viável comercialmente para
a aplicação. Além, como os areais são as únicas formas produtivas na zona de Piranema, o
67

término com posterior formação do passivo, não só acarreta o impacto ambiental, mas
socioeconômico, com a perda de renda local, por isso a reintrodução com uso de psicultura
auxiliaria na recuperação do emprego e reintrodução do local.

Em estudo realizado por D’Souza e Miller (2004) foram observados viabilidade técnica e
econômica na implantação de psicultura com espécies de trutas em cavas de mineração de
carvão. Essas bem similares a areia em relação ao impacto ambiental, suas lagoas possuem
altas concentrações para metal Ferro e Enxofre, além de Dióxido de Carbono, responsável
pela acidez das águas, sendo necessário tratamento através aeração para oxidação, adição de
cal e agente floculante para neutralização e polimento das águas. Em comparativo, o
tratamento dessas cavas possui similaridade, podendo ser indicativo de viabilidade técnica
para aplicação no passivo ambiental em estudo.

Exemplo concreto da aplicação de psicultura em cavas inundadas de mineração de areia


ocorreu na Eslováquia, com a criação de trutas, obtendo sucesso na produção do pescado
(FAO, 1996). No Brasil, o maior estado produtor de areia também busca a recuperação
ambiental das cavas através de parcerias em estudo científico, tendo sua maior eficiência no
aproveitamento da área também na inserção da psicultura através do projeto social Vale a
Pena Viver, onde são produzidas cerca de 52 toneladas anuais de pescado no Vale do Rio
Paraíba do Sul, orientados através de discentes da Universidade do Vale do Paraíba –
UNIVAP (FIORINI, 2007).

Na aplicação da psicultura, deve-se observar os parâmetros físico-químicos do corpo hídrico,


como também a espécie e a forma de alimentação, de extensiva a intensiva. Recomenda-se o
uso de espécies já vinculadas a região, com maior similaridade as características do meio. Em
estudo aplicado por Piedras et al. (2005), a avaliação continuada de oxigênio dissolvido, pH,
Condutividade, Alcalinidade e Temperatura são fatores ambientais que podem agir
diretamente no desenvolvimento da espécie. Exemplo, as espécies Judiá aplicadas ao estudo,
não obtiveram resultados satisfatórios quanto a taxa de crescimento e ganho de peso, devido a
baixas taxas de oxigênio dissolvido, que interferem principalmente na fase juvenil da espécie.
A avaliação e tratamento da elevada acidez e altas concentrações para metais e sulfatos, tem-
se como obrigatoriedade para atingir eficiência na produção para psicultura, criando
características ideais para seu desenvolvimento.
68

3.11. ETRINGITA COMO ADSORVENTE DE CONTAMINANTES - COLOCAR


NA REVISÃO, ESTUDO DE CASO

O uso da Etringita para remoção de ânions tornou-se um dos métodos práticos para tratamento
de águas contaminadas. Molécula estável, com baixa solubilidade ao meio aquoso e alta
resistência mecânica tornou-se ideal para remoção de metais, principalmente através da
reação de formação por adsorção. Novos mecanismos são estudados para aplicação da
Etringita formada como meio reacional para adsorção de contaminantes, dando maior
proveito ao mineral formado, aplicando-o como coproduto. O uso da Etringita, formada
através de lodo de concreto calcinado, em águas residuais de boro para remoção por adsorção,
Fuchida et al.(2020) comparou a eficiência de remoção do boro por coprecipitação em
diferentes temperaturas e tempos de exposição para adsorção do íon borato.

O método de Adsorção foi aplicado através da mistura do lodo seco e moído a solução de
boro, na razão molar de Etringita : Boro de 4:1, com pH básico de 11,5, por 60 minutos.
Posteriormente filtrada sob pressão, foi analisada concentração de boro remanescente por
emissão de plasma. Simultaneamente, fez-se estudo da Etringita pelos métodos de
Termogravimetria e Difração de Raio-X para entendimento das ligações removidas ao longo
da exposição ao calor, o tempo necessário e a energia aplicada para quebra das ligações, com
intuito de entender os sítios ativos principais relacionados a adsorção dos íons borato a
Etringita para maximizar a remoção.

Foi observado através de gravimetria que o tempo de aquecimento é um fator importante para
a desidratação da etringita, e consequente disponibilidade reacional entre os íons sulfato e
borato, aumentando a eficiência de remoção de boro. Em comparativo entre aquecimentos
longos e curtos, apesar da similaridade ao longo da curva de perda de peso em relação ao
aumento de temperatura, as moléculas com maior tempo de exposição alcançaram maiores
perdas ao longo do aumento da temperatura.

As análises de Difração de Raio-X a diferentes temperaturas demonstraram que há maior


eficiência na desidratação a partir de temperaturas acima de 75ºC, dando maior possibilidade
de interação intramolecular entre os íons de interesse. Observa-se então que, aumento da
temperatura gradual, com aumento do tempo nas faixas acima de 75ºC auxiliam na calcinação
da etringita, e assim, aumentam os sítios ativos responsáveis pela remoção de boro no meio.
69

Em comparativo entre Adsorção e Coprecipitação por formação de Etringita, Fuchida et al.


(2020) obteve ótimos resultados para as amostras calcinadas a 75ºC, sendo ainda mais
eficientes que formação de Etringita, ratificando a possibilidade do uso do método de
Coprecipitação. A calcinação pelo aumento de temperatura auxilia tanto na alteração
morfológica da estrutura cristalina, como na reatividade da molécula para interagir com o
contaminante, removendo-o junto a mesma. Porém, deve-se atentar que, em temperaturas
muito elevadas, a calcinação geral da molécula de Etringita, pode tornar-se um impeditivo
para reação de troca iônica, responsável pela adsorção dos íons borato.

Como principais contaminantes, com alto grau de periculosidade, devido caracterizar-se como
radioisótopo, os metais pesados são exemplos de contaminantes que possuem largas escalas
de pesquisas para tratamento e mobilização, reduzindo os riscos ao meio ambiente e saúde
pública. Entre os mecanismos de destaque, o uso de absorventes para remoção de metais em
solução, o uso da Etringita para remoção de oxiânions tornou-se mecanismo viável para
tratamento de águas contaminadas. Em estudo de Baur & Johnson (2003), analisou-se o
mecanismo de absorção do Selênio, nas formas de Selenita (SeO32-) e Selenato (SeO42-),
oxiânios com maior instabilidade reacional, radioisótopo 79
Se, com tempo de meia vida de
3,27 x 105 anos. O experimento de sorção do Selênio em Etringita, foi preparado previamente
as soluções pré-saturadas através de agitação por 7 dias a 25ºC dos sólidos suspensos, até
adquirir equilíbrio de solução. Aplicou-se 1 mL de Na2Se(IV)O3.5H2O ou Na2Se(VI)O4 para
disponibilização dos ânions em estudo, sendo analisado a quantidade de selênio removido e
mecanismos de reação através de espectrocospia de absorção atômica e Difração de Raio-X.
Alguns resultados promissores foram identificados como, Selenita obteve melhores resultados
de sorção em comparativo ao Selenato, 5 vezes maior, chegando a cerca de 25% de absorção
da solução. A troca iônica entre sulfato e oxiânios de estudo foi o mecanismo que apresentou
maior similaridade entre os valores reais e teóricos, demonstrando que a reação principal do
mecanismo de sorção do Selênio na Etringita se dá pelos sítios ativos do sulfato. Além disso,
a sorção torna-se mais eficaz durante a formação da Etringita, devido maior disponibilidade
dos sítios ativos, sendo reduzidos ao longo da hidratação da molécula, por isso, a aplicação de
temperatura, similar ao estudo anterior, pode ser um dos passos essenciais anteriores ao uso
da Etringita formada para sorção de metais pesados.

3.12. DETERMINAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA


70

3.12.1. Análise de Sulfato

O enxofre encontra-se em grandes concentrações na forma de sulfetos e sulfatos em rochas,


fonte essencial como macronutriente nas plantas, podendo ser assimilado também por
bactérias responsáveis pela catálise das reações. Exemplo desses, em ambientes encharcados,
como mangues, onde há baixa assimilação de oxigênio, com o aumento da concentração da
matéria orgânica disponível, um dos principais efeitos observados da eutrofização é a
produção de odores, “cheiro de ovo podre”, proveniente da redução do enxofre a gás
sulfídrico (H2S).

Na mineração, o enxofre encontra-se na forma sulfetada, estabilizado a metais formando


cristais. A medida de sua extração, com o contato direto do oxigênio, há a oxidação a sulfatos,
que em solução hidrolisam formando ácidos, alterando o pH, solubilizando novos íons, e
criando o desequilíbrio químico local. O impacto ambiental dá-se desde formação de efluente
ácido a acúmulo de metais pesados ao meio, alterando parâmetros físico-químicos como
coloração aparente, turbidez, salinidade, e biológicos, com elevação da toxicidade. De acordo
com EPA (1999), o sulfato, em concentrações acima de 250 mg.L -1, já apresenta alterações
nos parâmetros organolépticos, dificultando o uso dessa água para abastecimento público, e
acima de 500 mg.L-1, ocasiona efeito laxativo em humanos e animais. Logo, é um parâmetro
químico a ser acompanhado e analisado quanto aos possíveis impactos ambientais
relacionados. A Conama 430/2011 determina que, o efluente tratado deve ter pH entre 5,00 a
9,00, além de concentração de sulfeto até 1 mg.L-1 S, sendo essa legislação a base para
estados e municípios determinarem os valores máximos permitidos de parâmetros físico-
químicos para lançamento de efluentes tratados no corpo receptor, obrigatoriamente sendo
iguais e/ou mais rigorosos que o estipulado na legislação.

Existem diversas técnicas para determinação quantitativa de enxofre, podendo ser na forma do
sal sulfato, através da quantificação total de todas as formas moleculares presentes de enxofre,
por absorção atômica, entre outras. O método turbidimétrico, descrito por Apha (1985), é um
dos principais mecanismos aplicados para quantificação de sulfato. Baseado no conceito de
Lambert-Beer, é aplicado a adição de cloreto de Bário a solução a ser analisada, ocorrendo a
formação de sulfato de Bário, sólido esbranquiçado de baixa solubilidade, que em meio ácido
estabiliza-se, ideal para quantificação do valor de absorbância de luz. A leitura em NTU, e o
uso de curva de calibração auxiliam na determinação da concentração de sulfato presente. É
71

observado através dessa lei que, a relação entre absorbância (A) e a concentração da solução é
linear crescente, logo, quanto maior a turbidez do meio, mais concentrado a solução está de
íon sulfato. A Figura 15 demonstra a representação da curva de calibração aplicada para esse
tipo de método.

Figura 15. Curva de absorbância versus concentração de glicose (mol/mL). A representa absorbância, k, o
coeficiente de absorção, e c, concentração do íon estudado.

Fonte: Espectrofotometria, UFRGS.

3.12.2. Análise de Alumínio

O alumínio possui boa disponibilidade em solos e minerais, na forma ionizada a depender do


pH do meio, e cristalizada como sais associados a outros metais. Extraído através da
mineração de jazidas, o alumínio é utilizado na indústria metalúrgica para composição de
placas, estruturas metálicas e uso como recipiente, principalmente em latas. De características
mecânicas distintas de outros metais, apresenta diversas vantagens para aplicação no ramo
industrial, tendo o conceito da economia circular para esse recurso mineral já ter tomado
grandes proporções, sendo um dos principais metais a serem reciclados no Brasil.

Apesar disso, o alumínio, a depender da sua fórmula molecular, pode ocasionar riscos de
impacto a saúde e ao meio ambiente. Exemplos desses é o efeito de bioacumulação no corpo
com interferência em células, nas reações de catálises e mecanismos celulares, e no ambiente,
através da precipitação em guelras de peixes obstruindo a assimilação de oxigênio dissolvido,
72

ocasionando o óbito do animal. Portanto, a gestão e os controles ambientais aplicados a


extração mineral devem ter grande atenção a esse metal, com a busca de tratamentos
eficientes para redução, separação e destinação ambiental correta do resíduo perigoso.
Exemplo, as minas de DAM e extração de areais no modelo de cavas inundadas possuem o
passivo ambiental com altas concentrações de metais pesados, sendo um dos principais o
alumínio. A Conama 357/2005, em sua classificação para Águas Doces, classe 3, utilizadas
para navegação e uso paisagístico, determina que, o valor máximo permitido para lançamento
em corpo hídrico seja de 0,2 mg.L-1 Al.

Na determinação da concentração de alumínio em soluções pode-se aplicar métodos


colorimétricos, utilizando o conceito similar de Lambert-Beer, como também por
espectrofotometria de absorção atômica. Titulações também podem ser utilizadas quando se
tem uma ideia da fórmula molecular presente para alumínio, podendo ser aplicado reações de
dupla troca para quantificação. O procedimento adaptado de Vogel et al. (1989) e utilizado
por Andrade et al. (2016) aplica solução indicadora Eriocromo Cianina R e curva de
calibração para determinação através de espectrofotometria. O alumínio em reação de troca
com íon hidrônio presente na molécula do indicador, altera a coloração da solução, sendo
observado e analisado essa alteração em comprimento de onda de 535 nm, observado a
absorbância gerada. A Figura 16 relata em estudo realizado por Sassi et. al (2015) a mudança
de coloração proveniente do aumento do alumínio em soluções contendo indicador Eriocromo
Cianina R.
73

Figura 16. Análise de curva de calibração para alumínio e efluentes coletados para determinação da concentração
de alumínio disponível.

Fonte: SASSI & MARTINS, 2015.


74

4. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

4.1. CONSTRUÇÃO DA CURVA DE CALIBRAÇÃO – SULFATO

Com intuito de analisar as amostras reais inicialmente aplicadas ao tratamento por decantação
com e sem uso de floculante, e posterior determinação de sulfato no sobrenadante recolhido,
escolheu-se o método turbidimétrico descrito em Apha (1985). O método baseia-se na
formação do precipitado insolúvel de BaSO4 em meio ácido, pela adição de BaCl2 à solução,
onde é feita a quantificação por absorção de luz da suspensão do precipitado estabilizado e
transformada a leitura NTU para mg/L através da curva de calibração.

Para construção da curva de calibração, determinou-se a faixa de concentração de sulfato de


acordo com Tubbs et al. (2011). Das 64 amostras recolhidas de quatro diferentes areais da
região, a faixa média e máxima para Sulfato foram 3,8 a 60,7 e 88,1 mg/L, respectivamente.
Então escolheu-se 15 pontos entre 0 a 700 mg/L para íon Sulfato. Nessa faixa, o método
utiliza dois tampões, A e B, de acordo com a concentração de sulfato acima e abaixo de 10
mg.L-1 na amostra, respectivamente.
FLUXOGRAMA DA ETAPA DE CONSTRUÇÃO DA CURVA
Em 100,0 mL de amostra, adicionou-se 20,0 mL de solução tampão A ou B e 0,2 mL a 0,3
mL de Cloreto de Bário, em agitação. O tempo de agitação deu-se por 60 ± 2 segundos, a
velocidade constante. Após finalizado, verteu-se a solução dentro da cela de absorção do
fotômetro e mediu-se a turbidez, em NTU. Determinou-se o valor de turbidez para os 15
pontos citados e montou-se a curva de calibração seguindo a equação da reta, baseada na Lei
de Lambert-Beer, onde o eixo Y representa o valor de Absorbância (NTU) para cada amostra,
o eixo X a concentração determinada para cada ponto e o coeficiente angular o coeficiente de
absorção (K).

4.2. CONSTRUÇÃO DA CURVA DE CALIBRAÇÃO – ALUMÍNIO

Similarmente, para determinação do alumínio nas amostrais originais e sobrenadante pós-


tratamento, utilizou o método espectrofotométrico descrito por Vogel et al. (1989) e utilizado
por Andrade et al. (2016). Baseado na reação de complexação com dupla troca entre hidrônio
75

e alumínio nas moléculas de Eriocromo cianina R em pH ácido, com mudança de coloração,


observando em comprimento de onda de 535 nm o valor de absorbância (NTU), determina-se
a concentração do íon através de curva de calibração.

Para construção da curva de calibração, a faixa de concentração de alumínio baseou-se


também no estudo de Tubss et al. (2011). Das 64 amostras recolhidas de quatro diferentes
areais da região, a faixa médio e máxima do cátion foram de 1,97 a 4,12 e 14,7 mg/L,
respectivamente. Então, escolheu-se 8 pontos entre 0 a 20 mg/L.

Para construção da curva, analisou-se para cada ponto determinado, uma alíquota de 10,0 mL
de amostra, acrescido de 10,0 mL de água deionizada em um balão de 100,00 mL. Em
seguida, adicionou-se 5,0 mL de Peróxido de Hidrogênio cinco volumes (5 %), 5,0 mL de
solução de Eriocromo cianina R, e ajustou-se o pH para 6,0 com auxílio de solução 0,2 M
NaOH e/ou 0,2 M de HCl. Por fim, adicionou-se 50,0 mL de Solução Tampão Fosfato para o
pH da solução regular-se em 5,9 – 6,1, avolumando para 100 mL. Mediu-se a absorbância
depois de 30 minutos com o espectrofotômetro em 535 nm. Repetiu-se a metodologia para os
demais pontos da curva e para o branco usando água destilada.

4.3. COLETA DE AMOSTRA

Considerando a aplicação para amostra real, escolheu-se três diferentes lagoas localizadas no
Polígono de Piranema, classificadas em lagoa 1, lagoa 2 e lagoa 3, nas seguintes coordenadas
geográficas: 22°49'17.8"S e 43°39'58.4"W; 22°49'00.2"S e 43°39'45.1"W; 22°49'49.0"S e
43°41'00.1"W, respectivamente. Para maior representatividade de cada cava inundada
selecionada, preferiu-se a coleta quarteada, em comparação a simples, devido à baixa
homogeneidade apresentada em estudo relatado por Marques (2010). O quarteamento definiu-
se em uma amostragem simples em três pontos distribuídos a margem, essas sendo realizadas
por balde inox, sendo posteriormente homogeneizadas e medidos pH e temperatura com
auxílio de termômetro e pHmetro portátil.

4.4. CARACTERIZAÇÃO DAS AMOSTRAS REAIS


76

Tendo a construção das curvas para Alumínio e Sulfato definidas, fez-se a caracterização das
amostras reais coletadas. Separada alíquota de 100,0 mL de cada amostra, a leitura de Sulfato
foi aplicada com Tampão A, devido a hipótese de valores acima de 10 mg.L -1 de sulfato. A
Figura 17 demonstra as três alíquotas já com reagentes adicionados para leitura no
turbidímetro e seu respectivo aparelho.

Figura 17. Alíquotas das amostras Lagoa 1, Lagoa 2 e Lagoa 3 com reagentes adicionados para leitura de sulfato.
(b) Turbidímetro utilizado para leitura de sulfato. (COLOCAR NOS RESULTADOS DE
CARACTERIZAÇÃO)

Fonte: Autoria própria.

Para alumínio, seguindo o modelo de Vogel et al. (1989), em 10,0 mL de amostra real,
realizada para Lagoa 1, 2 e 3, adicionou-se 10,0 mL de água deionizada para um balão
volumétrico de 100,0 mL. Em seguida adicionou-se 5,0 mL de Peróxido de Hidrogênio cinco
volumes (5 %), 5,0 mL de solução de Eriocromo cianina R, previamente feita no dia da
análise, e após ajustou o pH para 6,0 através de solução 0,2 M NaOH. Por fim, adicionou-se
50,0 mL de solução Tampão Fosfato para o pH da solução regular-se em 5,9 – 6,1,
avolumando para 100,0 mL. Mediu-se a absorbância depois de 30 min com o
espectrofotômetro em 535 nm. A Figura 18 relata a alteração de cor de uma das amostras
após adição do indicador Eriocromo Cianina R, onde colorações mais avermelhadas a roxas
apresentam maior concentração do contaminante.
77

Figura 18. Alteração da coloração da amostra após adição do indicador Eriocromo Cianina R, tendo
complexação do alumínio.

Fonte: Autoria própria. (DESCER PARA RESULTADOS E DISCUSSÃO)

4.5. TRATAMENTO DAS AMOSTRAS REAIS E SINTÉTICA

Baseando-se no estudo de Marques e Silva-Filho (2004), com maiores valores constados para
Alumínio e Sulfato de 15 mg/L e 90 mg/L, respectivamente, usou-se essas concentrações para
construção da amostra sintética. Em balão volumétrico de 3,0 L, adicionou-se 0,0459 g de
AlCl3 e 0,27 g Na2SO4, completando-se com água destilada.

Para formação da Etringita, a proporção mássica ideal constatada foi de 2:1:1 para Ca 2+ :
Al3+ :SO42-, sendo o alumínio o contaminante com maior valor acima do máximo permitido
para lançamento em corpo hídrico. Por isso, definiu-se a massa de Ca(OH) 2 para tratamento
através do maior contaminante. Em Becker de 1 L, adicionou-se 500,0 mL de amostra
sintética, 0,09 g hidróxido de cálcio e gotas de NaOH 0,1 M até atingir pH 12. Através de
agitador magnético, deixou-se a amostra em agitação prolongada por 3 horas e posteriormente
fez-se a separação sólido-líquido por filtração com membrana de 7,5 µm, separando o filtrado
para posterior análise de sulfato e alumínio, e sólido para caracterização.

Para as amostras reais, através da leitura de pH, definiu-se o valor de hidróxido a adicionar,
para atingir o pH ideal de formação do mineral. Em erlenmeyer de 1,0 L, adicionou 0,3704 g
de cal e agitou-se por 3 horas, sendo posteriormente filtrado e separado as fases para análise.
A Figura 19 demonstra o sistema montado para o tratamento para a amostra real Lagoa 1.
78

Figura 19. Tratamento de amostra real Lagoa 1 através da formação de Etringita.

Fonte: Autoria própria.


79

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1. CURVAS DE CALIBRAÇÃO PARA SULFATO E ALUMÍNIO

Aplicando a Lei de Beer para a relação de absorbância e concentração, observou-se a relação


linear entre as concentrações e os valores de absorbância medidos no turbidímetro e no
espectrofotômetro a 535 nm, para Sulfato e Alumínio, respectivamente. Determinou-se então
as equações da reta que relacionam as concentrações dos íons alumínio e sulfato aos
respectivos modelos de análise, tendo coeficiente de relação acima de 0,99. As Figura 20 e
Figura 21 relatam as curvas de calibração montadas para posterior determinação das
concentrações para as amostras tratadas.

Figura 20. Curva padrão de calibração para determinação de íon Sulfato por Turbidimetria.

Fonte: Autoria própria.


80

Figura 21. Curva padrão de calibração para determinação de íon Alumínio por Espectrofotometria.

Fonte: Autoria própria.

5.2. COLETA DE AMOSTRAS REAIS

As amostras foram coletadas dia 02 de julho de 2022, dia ensolarado, entre 10:00 a 12:00, em
três diferentes cavas inundadas, aplicando o método de quarteamento simples em três pontos a
margem. As Figura 22 , 23 e 24 demonstram a imagem em satélite e fotografia no dia da
coleta. A lagoa 1 e 3 apresentavam sinais de inatividade, enquanto lagoa 2 estava em uso para
dragagem de areia.

Figura 22. (a) Lagoa 1 localizada na Reta de Piranema, Seropédica. (b) Imagem em satélite da Lagoa 1.

Fonte: Autoria própria.


81

Figura 23. Lagoa 2 localizada na Reta de Piranema, Seropédica. (b) Imagem em satélite da Lagoa 2.

Fonte: Autoria própria


Figura 24. Lagoa 3 localizada na Reta de Piranema, Seropédica. (b) Imagem em satélite da Lagoa 3.

Fonte: Autoria própria

Foram realizadas leituras de temperatura (ºC) e pH através de termômetro e pHmetro portátil.


As temperaturas para Lagoa 1, 2 e 3 foram 24,7 ºC, 24,3 ºC e 24,8 ºC, respectivamente. O pH
para as três cavas inundadas foi 4,81, 4,48 e 3,97, respectivamente.

5.3. CARACTERIZAÇÃO DAS AMOSTRAS REAIS

A caracterização das amostras reais Lagoa 1, 2 e 3 foram realizadas para Alumínio e Sulfato,
seguindo o modelo de espectrofotometria e turbidimetria, respectivamente. O resultado para
Sulfato, já demonstrado pela Figura 17, relata que a Lagoa 3 possui maior concentração do
contaminante, tendo amostra com maior turvação após adição do Cloreto de Bário. O Bário
em solução com sulfato forma precipitado de coloração branca, interferindo na leitura da
turbidez. Através da equação da curva para Sulfato e do resultado de turbidez, determinou-se
a concentração em solução. A Tabela 3 relata a concentração para cada amostra real.
82

Tabela 3: Resultados para leitura de sulfato nas amostras reais.

Amostra Turbidez (NTU) [ ] Sulfato (mg.L-1)


Lagoa 1 123 29,49
Lagoa 2 100 23,98
Lagoa 3 395 94,70
Fonte: Autoria própria

Para alumínio, a Lagoa 2 foi a que apresentou maiores concentrações para Alumínio, em
comparação com as demais lagoas. Com alteração de coloração de roxo a vermelho, como
demonstrado na Figura 18, o indicador Eriocromo cianina R se complexa ao alumínio
liberando íons hidrônio em solução, e através da leitura em espectrofotômetro em
comprimento de 535 nm, leu-se a absorbância e determinou-se as respectivas concentrações
através da equação linear da curva de calibração. A Tabela 4 relata as leituras e as
concentrações de cada lagoa.

Tabela 4. Resultados para leitura de alumínio nas amostras reais.

Amostra Absorbância (NTU) [ ] Alumínio (µg.L-1)


Lagoa 1 0,016 0,184
Lagoa 2 0,026 0,299
Lagoa 3 0,003 0,0345
Fonte: Autoria própria

5.4. TRATAMENTO DAS AMOSTRAS REAIS E SINTÉTICA

As amostras reais e sintéticas após adição e período curto de agitação já apresentaram


turvação, com formação de flocos brancos, característicos do mineral Etringita. Regulou-se o
agitador em agitação lenta com intuito de prolongar o período de reação e formação das
partículas, como também a adsorção e aumento dos flocos em suspensão. Após o período de 3
horas, das 4 amostras analisadas, a Lagoa 3 apresentou maior formação de sólidos em
solução, sendo esperado, devido apresentar maiores concentrações de contaminantes, como
demonstrado pela caracterização das amostras originais. Consequentemente, na separação
sólido-líquido através de filtração, a Lagoa 3 apresentou o maior tempo de filtração (1 hora e
49 minutos) e maior concentração de sólidos retidos no papel de filtro. As três amostras reais
apresentaram sólido de coloração branca amarelada, coloração distinta da amostra sintética,
83

com menor formação de sólido, mas de coloração característica branca. Essa diferenciação
deve-se principalmente ao maior grau de pureza dos contaminantes na amostra sintética, não
tendo demais interferentes em solução, que podendo ter precipitado e adsorvido junto ao floco
formado. A Tabela 5 apresenta o tempo de filtração para cada amostra e a taxa de filtração.

Tabela 5: Dados de filtração para tratamento das amostras reais e sintéticas

Amostra Tempo de filtração (h) Taxa de filtração (m³m-2.d-1)


Lagoa 1 0,964 0,9784
Lagoa 2 0,946 0,9970
Lagoa 3 1,83 0,5154
Amostra sintética 0,413 1,1418
Fonte: Autoria própria

Para determinação dos sólidos formados fez-se pesagem do papel de filtro utilizado para
filtração de cada amostra e posteriormente após a secagem ao ar livre. Através da diferença de
peso entre papel de filtro antes e após filtragem definiu-se massa de Etringita formada. A
Tabela 66 demonstra as pesagens realizadas e a massa formada do mineral.

Tabela 6: Peso dos papéis de filtro antes e após filtração

Amostra Massa papel de Massa papel de filtro Massa Etringita (g)


filtro (g) pós filtração (g)
Lagoa 1 0,5413 0,9150 0,3737
Lagoa 2 0,5288 0,6220 0,0932
Lagoa 3 0,5297 0,8144 0,2847
Amostra sintética 0,5345 0,6481 0,1136
Fonte: Autoria própria
84

A eficiência do tratamento calculou-se através da diferença de concentração para Sulfato e


Alumínio pós-tratamento e separação sólido-líquido. Separou-se o filtrado de cada amostra
para caracterização e ratificação da formação de Etringita. Para análise de sulfato das
amostras tratadas, obteve-se 0,55 NTU, 1,15 NTU, 0,36 NTU e 0,63 NTU significando
0,1319, 0,2757, 0,0863 e 0,1510 mg.L-1 de sulfato para Lagoa 1, Lagoa 2 e Lagoa 3 e amostra
sintética, respectivamente. Então, a eficiência de remoção de Sulfato para Lagoa 1, 2 e 3, e
amostra sintética foram 99,5%, 98,85%, 99,91% e 99,83%. Destaque para lagoa 3, que devido
maior formação de sólidos, contribuiu-se também na maior eficiência de filtração,
constituindo como meio filtrante ao longo do processo de separação. Todas as amostras
tratadas enquadram-se para lançamento em corpo hídrico para parâmetro Sulfeto, de acordo
com a Conama 430/2011. Deseja-se ainda maior eficiência para remoção do Alumínio, devido
apresentar maiores riscos a saúde pública e ambiente. Nessa, a maior eficiência de remoção
deu-se para amostra sintética com 99,9%. As demais eficiências de remoção foram 61,5%,
43,8%, 0% para as respectivas Lagoa 2, 1 e 3.

COLOCAR AS FOTOS DE TRATAMENTO

Acredita-se que, devido aos baixos valores de alumínio apresentados para Lagoa 3 na amostra
real, o tratamento deve possuir um limite mínimo de concentração de alumínio em solução
para a transformação do alumínio solúvel a sais, tendo ainda para as condições de precipitação
(pH 12 e relação mássica 2:2:1) um coeficiente de solubilidade mínimo para sua permanência
em solução. Além disso, todas as três amostras reais apresentaram concentrações muito
abaixo de 15 mg.L-1, em comparativo a amostra sintética, com valores na escala da µm.L-1 , o
que pode refletir também em erros na leitura na curva padrão para alumínio, devido a faixa
escolhida ser acima das observadas. Pode-se observar também que, apesar do sulfato
apresentar grandes concentrações para as amostras reais, não há uma relação direta com
alumínio, podendo esse estar em solução com demais cátions metálicos, sendo também
precipitados ao longo do tratamento. Através de varredura, consegue-se determinar os demais
íons metálicos em solução e contabilizar a eficiência do tratamento para os demais
parâmetros. Na amostra sintética, com uma concentração de alumínio até 10 6 vezes maior,
sem interferentes, o tratamento alcançou o êxito, removendo acima de 99%. Para todas as
amostras estudadas, tivemos valores para alumínio abaixo de 0,2 mg.L-1 , representando
valores permitidos para lançamento em corpo hídrico, de acordo com CONAMA 357/2005.
A equação 3 demonstra o cálculo para Eficiência de remoção para cada contaminante.
85

M . filtração−M filtro inicial


(3) E ( % )= x 100
M filtro inicial

Apesar do controle inicial de pH em 12,0 com adição de cal para tratamento com formação da
Etringita, o pH observado para as amostras tratadas após filtração foram próximas a
neutralidade, sendo 5,13, 5,90, e 6,11 para as lagoas 1, 2 e 3, respectivamente, sendo resultado
muito satisfatório para disponibilidade posterior dessa para reuso, como aplicação em
apicultura. Esses também se enquadram na faixa de pH para lançamento em corpo hídrico, de
acordo com a Conama 430/2011.

Portanto, todas as amostras estudadas em avaliação dos parâmetros físico-químicos obtiveram


valores abaixo do permitido para lançamento, tendo tratamento por precipitação química da
Etringita e separação sólido-líquido eficiência na remoção de contaminantes e retorno dessa
água ao meio dentro das possibilidades de uso, reduzindo o passivo ambiental e criando
possibilidades de uso para terra. Com tratamento relativamente simples e análises físico-
químicas rápidas e baratas, com uso de técnica analítica de espectrofotometria, a aplicação
não exige grandes investimentos e conhecimento técnico para inicialização.

COLOCAR A TABELA DO SLIDE 14

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho conseguiu evidenciar a eficácia em laboratório do método de tratamento e


separação sólido-líquido para remoção dos compostos de sulfato e alumínio, tendo valores
acima de 90%. Porém, observa-se um gradiente de velocidade de filtração, principalmente
para cargas com grande concentração de sulfato, alto, tornando-se um processo lento e
inviável para aplicação de filtração direta para largas escalas. Necessário então a vinculação
de outros métodos mais ágeis e contribuintes para remoção dos sólidos suspensos formados,
como o uso de decantação em conjunto com a filtração rápida e aplicação de floculantes para
aceleração da formação de floco e consequente decantação. Deve-se também verificar se há,
como conseguinte, a remoção de outros contaminantes, por adsorção química, e/ou alteração
das características físico-químicas do meio com a elevação do pH.

O controle do pH é um dos custos primordiais e necessários para manter o meio eficaz para
formação da Etringita, porém devido à baixa solubilidade da cal em solução, eleva-se os
86

custos operacionais, devido a necessidade de homogeneização contínua. Logo, custos com


misturadores, manutenção preventiva, consumo elétrico são pontos a serem levantados para
entender a viabilidade econômica e o retorno financeiro do investimento.

Devido alteração das características físico-química das cavas inundadas em profundidade,


como em épocas do ano, principalmente nas épocas de estiagem, com maior concentração de
metais, há a necessidade de controle diário da dosagem de químicos. Esse controle dá-se pela
aplicação de Teste de Jarro, onde aplica-se a água bruta em diferentes dosagens de químicos,
podendo-se avaliar o tempo de decantação, o grau de agitação, a melhor concentração e
determinar a eficiência de separação sólido-líquido.

A destinação ambientalmente adequada do sólido formado (lodo químico) faz parte dos
maiores custos médios das Estações de Tratamento de Efluentes, sendo direcionados
principalmente para Aterros classe I e Incineradores. No país, o investimento na reinserção
desses resíduos no processo produtivo vem desenvolvendo-se com intuito de reduzir gastos
com o envio para Aterro e aumentar o reaproveitamento das matérias-primas, reduzindo o
impacto ambiental e o consumo primário. A grande concentração para cálcio e alumínio no
resíduo de Etringita pode ser favorável na aplicação de cimenteiras e uso como coagulantes e
floculantes químicos no tratamento de águas e efluentes. A aplicação da calcinação para
desidratação da amostra e ampliação dos sítios ativos de ligação com os contaminantes pode
ser meio para o aproveitamento do resíduo, e auxiliar na adsorção de demais contaminantes
metálicos.

Portanto, observa-se que o encerramento da atividade mineradora não fragiliza e encerra o


ciclo produtivo local, existindo outras formas de recuperar e dar-se proveito a lagoa formada.
A psicultura, além de criar novas formas de produção proteica para região, retorna com o
emprego e renda, tendo proximidade com grandes comércios pesqueiros, cria áreas de lazer
para população com uso de “pesque e pagues”, e desenvolve o comércio local, anteriormente
atrelado apenas a mineração de areia e atividades secundárias ligadas a mesma.
87

7. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

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