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Noelle Tavares Ferreira 11911PSI055

Homofobia: aspectos psíquicos e sociais da sua constituição

1. Teórico
a) a formação do preconceito
A partir do documentário O silêncio dos Homens, percebemos como os homens são
ensinados desde cedo a ficarem calados e não expressarem suas opiniões frente ao pai. Pois esse
é quem manda. O universo masculino é permeado de crenças que sustentam que homem de
verdade é aquele que é: viril, não chora, competitivo, forte, arrimo da família e mantém a sua
mulher no lugar dela. Essas expressões que podem até mostrar que são potências imbatíveis,
apenas mostram o medo de se revelar vulnerável e frágil. Assim, a não sensibilidade dos
homens, faz com que os mesmos deixem todas as suas emoções trancafiadas dentro de si. Desta
forma, por não saberem lidar e nomear seus sentimentos, descarregam suas emoções na
violência, como forma de linguagem.
Mas já que a masculinidade não se resume à virilidade, força e competitividade. O que é
ser homem? No documentário, é ressaltado como a falta de referências em diversas áreas, para
essa construção da identidade masculina, resulta em sofrimento. O homem não sabe lidar com
suas emoções e assim, não saberá entender as emoções das outras pessoas e de seus futuros
filhos. Portanto, os homens sofrem, mas sofrem calados e sozinhos. Desta forma, os mesmos são
impostos a seguir um padrão. São ensinados desde cedo com xingamentos (bixa, viado…), que
sair desse padrão é errado. No livro de Almeida (2018), podemos perceber como as
discriminações e preconceitos estão nos mais diversos âmbitos da sociedade, sejam eles no nível
individual, institucional e estrutural. Assim, a homofobia está além do âmbito individual, está
presente na estrutura dessa sociedade Muitas vezes, a pessoa não tem consciência de que está
sendo homofóbica como piadas, embora isso não diminua sua contribuição na manutenção dessa
estrutura.
Como visto no documentário, o preconceito permeia nossa sociedade em vários âmbitos,
sejam no âmbito individual ou social. Assim, a homofobia é um fenômeno complexo e
multifacetado, com dimensões psicológicas e sociais que se processam na experiência individual
dos sujeitos, mas que não se encerram na individualidade, processando-se no âmbito das relações
sociais também (Perucchi, Brandão & Vieira, 2014). Desta forma, rescindir com o modelo
heteronormativo e homofobico assimilado durante gerações, é uma forma de cortar a ideia de
que há um conjunto de valores considerados corretos, valores estes que inviabilizam que a
vivência homossexual seja considerada uma vivência legítima. Assumir a legitimidade das
experiências homoafetivas, possibilita um reposicionamento na própria história individual e
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coletiva desses sujeitos, visto que os valores morais são constituidores das identidades e das
culturas (Pereira, Dia, Lima & Souza, 2017).
Em termos gerais, a homofobia, como a etimologia do nome sugere, seria a aversão a
orientação afetiva/sexual entre pares do mesmo sexo. De acordo com Fernandes (2012), o autor
Borrillo explica que a homofobia pode ser caracterizada como uma atitude hostil em relação aos
homossexuais, baseada em uma premissa de designar o outro como, anormal, inferior e
desviante. Mas porque a homoafetividade seria considerada como antinatural? Segundo Rubin
(1984), essa ideia é consequência de uma relação social intrinsecamente associada à
heteronormatividade, que resultou em uma hierarquia de sexualidade. Desta forma, a pessoa ser
homoafetiva lhe confere um lugar à margem da sociedade, uma vez que relações heteroafetivas
tem um status de superioridade. Importante salientar que a heteronormatividade é estabelecida
como um conjunto de normas, valores, atitudes de conduta e dispositivos, por meio da qual a
heterossexualidade é instituída como a única possibilidade legítima e natural de expressão
identitária e sexual.
Fernandes (2012), explicita em sua obra que o processo de naturalização da homofobia foi
sendo construído historicamente, principalmente nas religiões cristãs. Assim, a
heterossexualidade enquanto normalidade para Deus e o casamento monogâmico como
responsável pela procriação. Para legitimar isso, como visto no documentário, a monogamia e os
“papéis de gênero” são extremamente marcados, já que cada indivíduo (o homem e a mulher)
possui um papel importante na “formulação da vida”. Assim, a homossexualidade, durante
muitos anos, foi vista como uma mistura de pecado, doença e crime, que infelismente permeia
em muitos discursos atuais.
Pensando nessa formação histórico-cultural da homofobia, a sociedade tende a expressar
seus pensamento a partir de estereótipos do senso comum. Assim, de acordo com Pereira, Torres
e Almeida (2003),
Não se trata de respostas que um indivíduo emite em relação a um
estímulo do meio social, mas das maneiras como os grupos sociais
constroem e organizam os diferentes significados dos estímulos do
meio social e as possibilidades de respostas que podem
acompanhar esses estímulos ( p.96).
Portanto, em síntese a homofobia é o resultado de uma construção normativa pela
sociedade “dominante” que repercute através de discriminações e violências. Estas práticas têm
por finalidade executar repressão e rebaixamento dos homossexuais. Podendo estar presente em
todo contexto social como: no trabalho, na escola, na família, manifestadas através de atitudes
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que levam ao desrespeito e, muitas vezes, à exclusão total (Souza, Costa, Barretto, Amorim,
Moura & Silva, 2009).
Do ponto de vista do estudo dos processos representacionais, a teoria das representações
sociais são um conjunto de pré-codificações da realidade, que determinam um conjunto de
antecipações e expectativas em relação a um objeto social. Desta forma, as representações
selecionam informações, definem o que é tolerável, o que é lícito ou inadmissível numa dada
situação. Desta foma, as representações sociais sobre a natureza da homossexualidade
partilhadas por pessoas heterossexuais podem estar na base da homofobia. Assim, as
representações sociais exercem uma função fundamental no jogo das relações entre grupos
(Pereira, Dia, Lima & Souza, 2017).
Entretanto, importante salientar que na história dos diversos povos, em todas as épocas e
em todos os meios sociais, a prática da homossexualidade consiste em um dos exercícios da
sexualidade, da mesma forma que a heterossexualidade e a bissexualidade. Como demonstram as
pesquisas da antropologia e da história, há registros da sua prática, ainda que como uma
instituição pedagógica, dentro das tradições da Grécia, Roma e China antigas, bem como entre os
povos indo-europeus, que formaram os europeus (Andrade, 2017).

b) os impactos que incidem sobre os sujeitos que são alvo desse processo
De acordo com a pesquisa de Natarelli, Braga, Oliveira e Silva (2015), os adolescentes por
estarem inseridos em uma sociedade carregada de estereótipos e representações sociais
consideradas normais e anormais, são alvo de diversos tipos de violência. Com maior
preponderancia, pode-se perceber a violencia psicologica/simbolica que está presente no
cotidiano do adolescente homossexual, que vivem situações de preconceito, opressão,
tratamento diferenciado, dentre outras formas de exclusão. Assim, estes adolescentes tendem a
demonstrar uma percepção negativa de si mesmos, que corroboram em negligências em relação
ao autocuidado, impossibilidade de manter hábitos saudáveis e podem até desenvolver ideação
suicida. Importante ressaltar ainda que, de acordo com as falas dos estudantes, os mesmos
relatam a presença de ideais e comportamentos homofóbicos dentro dos serviços de saúde e entre
seus profissionais, tratados como elementos capazes de dificultar o acesso à saúde e a um
atendimento integral.
Desta forma, além de sofrerem violências físicas e psicológicas dentro de seus lares, a fim
de serem “disciplinados”. Os jovens ainda são alvo das mais diversas violências, fora de casa
também, ocasionando ainda mais insegurança, baixa autoestima, exclusão e sentimentos de
inferioridade. Assim, por serem jovens em situações de maior vulnerabilidade, possuem maior
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tendência a precisar de serviços de saúde, sejam elas no quesito físico ou psicológico. Entretanto,
ao serem também alvo de homofobia nesses espaços, acabam por não cuidarem de si e desta
forma acarreta inúmeras consequências para si (Natarelli, Braga, Oliveira & Silva, 2015).
Apesar de a sociedade ter avançado, nos últimos anos, ainda há um longo caminho por
percorrer para que haja igualdade e uma aceitação plena das distintas identidades de
gênero.Assim, muitas pessoas homoafetivas não desfrutam de suas relações afetivas e sexuais
plenamente, sobretudo, por receio de serem rejeitados, julgados e humilhados por amigos,
familiares e conhecidos. Ainda é comum, no Brasil e no mundo, associar a homossexualidade a
algo "inferior", um motivo de vergonha, um comportamento não natural ou uma espécie de
"doença" que precisa ser curada. Desta forma, a dificuldade de se assumir homoafetivo está
intrinsecamente relacionado a um processo de reconhecimento e aceitação de suas próprias
necessidades (Ferreira & Aguinsky, 2013).
Por todos esses motivos anteriormente listados, muitas pessoas nas organizações que
trabalham se sentem coibidas de se abrir e se expressar verdadeiramente. Mostrando a presença
da homofobia institucional, que leva os indivíduos a manterem sua orientação sexual “no
armário”, dissimulando sua própria identidade. Segundo Siqueira, Saraiva, Carrieri, Lima &
Andrade (2009),
o indivíduo gay está, em muitos casos, em situação fragilizada nas
organizações, tenha ou não a sua orientação sexual revelada, o que
inclui situações de constrangimento e de humilhação, como piadas
homofóbicas, discriminação e desigualdade de tratamento em
questões associadas à ascensão na carreira (p.450).
Acarretando assim, desdobramentos físicos e emocionais.
Importante salientar, que a sociedade é constituída por muitas representações sociais e
principalmente engendrada por padrões machistas. Desta forma, ainda prevalece uma ideia
tradicional de família, na qual o homem é "macho" e responsável pelo sustento da casa, e a
mulher é quem cria os filhos e cuida do lar. Assim, como pode ser visto no documentário, para
muitos homossexuais, é difícil não cumprir tais expectativas, por medo de ser uma decepção para
muita gente e até mesmo para eles mesmos (já que muitos não aceitam sua homoafetividade).
Por conta da homofobia internalizada, assim como, o sentimento de culpa introjetado pela
argumentação moralizadora, as pessoas vivem uma dissonância cognitiva extrema entre quem ela
é (homoafestivo) e quem a sociedade espera que ela seja (heterossexual), potencializando a
ocorrência de desfechos negativos ou indesejáveis que comprometem a saúde, bem-estar e
relacionamentos sociais do indivíduo. Assim, muitas pessoas encontram no suicídio a solução
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mais plauzivel para o fim desta aflição já que não há como deixar de ser homossexual (Rohm &
Pompeu, 2014). Exemplos disso se encontram em pessoas que fazem parte de comunidades
extremamente religiosas, logo que a essa vivência espiritual condena sua orientação sexual,
gerando uma dissonância cognitiva e causando intensa turbulência emocional.

c) as possibilidades de ação (nos diversos níveis) para eliminação desse preconceito,


Primeiramente, em minha opinião seria não se abster de atos LBGTIfóbicos em um geral.
Acredito que sendo da comunidade LGBTQIAP+ ou não, é extremamente importante se
posicionar. Mas como faria isso? Conhecendo grupos de podem ajudar pessoas que sofrem
discriminações homofóbicas, conhecer leis nas mais diversas instâncias. Assim, o melhor
posicionamento é não ser passivo diante de violências (esse silêncio valida comportamentos
homofóbicos nos mais diversos âmbitos-individual, institucional e estrutural). E principalmente,
evitar em nós mesmos expressões preconceituosas e além de tudo, corrigir pessoas que
ofenderam com piadas.
Outro ponto importante, é apoiar artistas e figuras públicas da comunidade LGBTQIAP+,
já que o reconhecimento da representatividade na cultura, na política e na sociedade, de maneira
geral, é escassa. Além disso, defender políticas públicas mais inclusivas, ou seja, defender a ideia
de espaços públicos mais inclusivos. E para isso, é importante selecionar candidatos (neste ano
de eleição) que respeitem, valorizem e que irão desenvolver ainda mais essas políticas.
Outro aspecto essencial, é ter empatia. Pode parecer óbvio isso, mas devemos lembrar que
somos seres incluídos em uma sociedade que está permeada de estereótipos preconceituosos.
Mas ter empatia, com uma pessoa ou uma causa, requer desvencilhar-se de seus próprios
conceitos e ideias para a enxergar uma situação através dos olhos do outro (Isso é essencial aos
psicólogos). Além disso, aprimorar conhecimentos sobre o tema sexualidade e diversidade
sexual, que são tratados como tabus pela sociedade.
No entanto, a homofobia não está presente apenas no âmbito individual. A homofobia,
assim como o racismo, está no cotidiano da sociedade brasileira. Todos os dias podemos ver
episódios racistas ou homofóbicos, sejam eles: nos noticiários, nas escolas, nas ruas, nos
supermercados, nas instituições e etc. Assim, seria necessário que as instituições estabelecessem
maiores políticas de inclusão. A partir da criação de canais de denúncias, promover treinamentos
de diversidade e inclusão, estabelecer benefícios iguais, além de expor uma declaração de
igualdade entre todos.
Dentro das universidades, o processo de homofobia é muito grande, propagado por meio
de silenciamento e não inclusão. Assim, a fim de integrar todos os alunos e professores. Santos
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(2011) acredita que as atividades de pesquisa e extensão desempenham importante papel para dar
às Universidades uma “participação ativa na construção da coesão social, no aprofundamento da
democracia, na luta contra a exclusão social e a degradação ambiental, na defesa da diversidade
cultural” (p.8). Assim, a Universidade deverá promover atividades que promovam a resolução
dos problemas da exclusão e da discriminação sociais, a fim de dar voz aos grupos excluídos e
discriminados.

d) Como a psicologia participa dos processos de produção/reprodução ou de redução desse


preconceito.
Algumas decadas a trás a homossexualidade era considerada uma doença, possuindo
respandos “cientificos” até. Entretanto, apenas em 1973, a American Psychiatric Association
(APA) e, em 1990, a Organização Mundial da Saúde (OMS), removeram a homossexualidade da
lista de doenças mentais. No Brasil, em 1999, o Conselho Federal de Psicologia se pronunciou
oficialmente por meio da Resolução01/1999, não reconhecendo a homossexualidade como
doença, distúrbio ou perversão, mas como uma das possibilidades de expressão da sexualidade,
proibindo, inclusive, qualquer prática que tenha como objetivo "curar" os sujeitos homossexuais
(Silva & Aléssio, 2019).
É dever dos profissionais pertencentes a instituições de saúde (incluindo psicólogos)
assegurar os direitos das pessoas, independente de questões de gênero e orientação sexual.
Entretanto, percebe-se uma reprodução de práticas homofóbicas contra a população
homossexual. Segundo Cardoso e Ferro (2012), no ano de 2012 (67%) entrevistados já sofreram
algum tipo de discriminação em instituições de saude, motivada pela identidade sexual ou pelo
gênero, proporção que alcançou 85% em travestis e transexuais. Desta forma, o acesso da
população LGBTQIAP+ ao SUS encontra dificuldades de operacionalização, uma vez que essa
população não segue um padrão heteronormativo, e aquilo que os torna “diferentes” pode
acabar sendo usado contra eles nos serviços de saúde. Assim, devido aos ataques
homofóbicos, “as pessoas podem ter o seu direito de acesso à saúde violado naturalizando um
“não lugar” no SUS e reproduzindo fragilidades na efetivação do atendimento” (Ferreira,
Pedrosa & do Nascimento, 2018, p.2).
Mas os ataques homofóbicos não estão restritos aos sistemas de saúde públicos. Também
está presente nas salas particulares de psicoterapia, onde os indivíduos são submetidos muitas
vezes às fuleiragens intituladas “reversão sexual”, por vontade própria, ou não. Desta forma, o
papel do psicólogo é ter conhecimento das construções sociais que permeiam a sociedade, a fim
de não promover discursos homofóbicos. Assim, se um paciente chega com uma demanda de
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sofrimento em relação a sua sexualidade que desvia da heteronormatividade. É papel do


psicólogo acolhê-lo e ajudá-lo a se conhecer e transformar essa identidade autodepreciativa.
Desta forma, é totalmente antiético/moral e incabível um profissional sugerir algo como uma
“cura gay”, pois isso apenas fortalecerá a crença de que ser homoafetivo é algo desviante e deve
ser sanado igual uma doença. Importante salientar, que um profissional que ousa fazer “cura
gay”, não a realiza pelo “bem” de seu paciente e sim, embasados em atitudes, crenças e diversos
outros constructos sociais embasados na heteronormatividade.
A partir das leituras e do documentário, acredito que se os homens saberem a construção
desta identidade masculina e trabalharem para remodelá-la. Isso pode mudar as relações, dentro
de casa e até mesmo fora dela. Se esses homens tivessem esses paradigmas de “o que é ser
homem” desconstruídos, até mesmo pacientes homofobicos poderiam mudar suas percepção de
mundo. E assim, poderiam interagir e expressar melhor seus sentimentos.
2. Reflexivo:
Analisar o preconceito escolhido a partir de suas próprias vivências, seja como alvo
de discriminação e/ou como promotor de ações que, ainda que involuntariamente, sejam
consideradas reprodutoras desse preconceito.
Na nossa sociedade, vivemos imersos em crenças, conceitos, atitudes, estereótipos, dentre
outros. Mas até que ponto essa construção social pode influenciar minha vida? E principalmente,
até que ponto pode influenciar a vida daqueles considerados Gays? Pensando nisso, resolvi fazer
minha pesquisa sobre Homofobia, com o enfoque no universo masculino.
Eu sempre defendi o público LGBTQIAP+, tentando sempre trazer suas representatividade
nos locais que frequentava, mesmo não fazendo parte da comunidade. Mas sempre tive amigos e
amigas da comunidade e via de perto suas lutas e sofrimentos, e isso sempre me mobilizou
muito. Tentando sempre entender e fazer algo para ajudar.
Entretanto, considero algumas atitudes minhas dissonantes em relação a minha fala. Por
exemplo, acho extremamente importante saber assuntos do públicos LGBTQIAP+ a fim de não
promover ações discriminatórias, mas no início do ano passado por estar muito sobrecarregada
decidi abandonar o grupo de estudos sobre homoafetividade e homofobias (inclusive muitos dos
artigos e livros que usei nessa pesquisa, foram passados para mim nesse grupo de estudos). Em
nenhum momento passou pela minha cabeça abandonar os outros projetos que fazia parte, uma
vez que pra mim, querendo ou não, o grupo de estudos era menos importante. E hoje percebo
como essa atitude minha tem um viés preconceituoso, diminuindo a importância da luta
LGBTQIAP+, corroborando, a homofobia no âmbito individual quanto institucional.
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Além disso, nunca parei pra pensar nos estereótipos que os homens “tem” que alcançar. O
documentário que foi indicado na aula me fez pensar sobre isso, e como muitas vezes apenas
penso pelo lado das mulheres e do público LGBTQIAP+ em geral. Sem considerar o que leva
uma pessoa a ser homofobia, sem levar em consideração todo o enlace social que ela está
envolvida.
No entanto, procuro sempre dar valor aos conteúdos da comunidade LGBTQIAP+. Por
exemplo, meu canal favorito do youtube é de um casal americano homoafetivo masculino. No
canal e nas redes sociais deles, vejo sempre a luta que eles têm que enfrentar. Eles sempre falam
da forma conturbada que suas vidas familiares foram e em como tinham que ficar mentindo para
os amigos e até para si mesmos que não eram gays. E consequentemente, isso resultou em
traumas e bloqueios em diversas áreas da vida deles, mas o que mais me toca é o
companheirismo e amor que eles compartilham. E para mim apenas isso deveria ser importante
na sociedade. Mas infelizmente não é, semana passada mesmo eles tiveram uma foto banida
simplesmente por serem Gays, ou seja, mesmo já tendo evoluído muito, a homofobia está
arraigada na sociedade.
A Psicologia tem muito a agregar na promoção de saúde para essa população para além
do espaço clínico privado, para além da educação e das organizações, mas em especial na saúde
pública. A Psicologia pode ter uma capacidade transformadora especialmente nesse campo.

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