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1.

INTRODUÇÃO

A preocupação com a violência no ambiente escolar, segundo Sposito


(2001), despontou nos estudos acadêmicos brasileiros a partir da década de 1980, o
que demonstra a relativa novidade em termos de discussão. Apesar de ser recente,
a discussão é intensa, pois os casos de bullying estão constantemente na mídia e
ultimamente tomou importância no contexto escolar pelos diversos casos e pelo
reflexo que causa na vítima, tanto na vida escolar e no rendimento quanto na sua
estrutura psicológica.
O termo bullying, palavra de origem inglesa, foi adotado no Brasil por não
existir outra palavra que abrangesse todo o seu significado. Traduzido, bully
enquanto substantivo significa valentão, brigão ou tirano, e como verbo, significa
brutalizar, tiranizar, amedrontar, intimidar.
Interpretado como verbo ou como adjetivo, a terminologia bullying tem sido
utilizada em diversos países como designação para explicar todo tipo de
comportamento agressivo, cruel, intencional e repetitivo identificado dentro das
relações interpessoais.

O conceito do bullying envolve a ideia de assédio moral de forma repetida e


sem motivação específica, sendo que é considerado o ato de desprezar, denegrir,
violentar, agredir fisicamente ou não dependendo das formas desse assedio.
O presente trabalho monográfico discute um problema social configurado
através da expressão da questão social que é uma forma de violência denominada
bullying. Pretendendo analisar o bullying e suas consequências no ambiente escolar.
Essa pesquisa é um estudo aprofundado em relação ao bullying, dessa
forma pretende-se colaborar com análise crítica do problema, através do
conhecimento do mesmo. Buscamos a fundamentação teórica para esse trabalho
através de pesquisa bibliográfica. Para tanto, foram realizadas leituras, estudos e
análises de livros, artigos, monografias e revistas científicas impressas ou virtuais
para alcançar o devido respaldo teórico de um trabalho acadêmico. E para essa
fundamentação foram utilizados autores como: Fante (2005), Neto
(2005), IBGE (2011), Costantini (2004), Chalita ( 2008), Melo (2010) e Silva (2010).
1.1 JUSTIFICATIVA

O bullying é um assunto que não é novidade dentro do âmbito escolar,


porém tem se tornado um problema em constante discussão dentro e fora da escola
através da mídia e das divulgações dos casos relacionados a tal problema. O
ambiente escolar tem se tornado um palco para eventos de reprodução da violência,
refletida em problemas educacionais, psicológicos e sociais.

Diante disso, essa pesquisa se justifica pelo fato de ser importante fazer
uma análise das expressões do bullying em escolas da rede estadual de Montes
Claros- MG, uma vez que, o aumento dos problemas relacionados bullying nos
últimos anos tem despertado a atenção e a reflexão sobre possíveis meios de
enfrentamento. Para que seja possível uma mudança efetiva e haja a possibilidade
de combater a violência dentro das escolas.

A temática foi escolhida a partir de uma reunião de pais e alunos em uma


Escola Estadual de Montes Claros, na qual observou-se que alguns pais cobravam
providências da direção com relação a pratica do bullying naquela escola.
Observamos que os profissionais (professores direção e funcionários não estavam
preparados para lidar com tal situação).

Essa pesquisa foi realizada a fim de identificar causas e as consequências


do bullying para oferecer condições para outros profissionais elaborarem estratégias
para amenizar o bullying, e seus resultados no aprendizado do aluno.
2. OBJETIVOS

Geral:

Analisar o problema do bullying em escolas da rede estadual de Montes Claros a


partir da perspectiva dos educadores.

Específicos:

 Conhecer as consequências do bullying dentro do âmbito escolar.


 Identificar os fatores que contribuem para a prática do bullying.
 Analisar a compreensão dos professores em relação ao problema.
1. A REALIDADE DO BULLYING

1.1 A violência

Segundo Odalia (2004 p.09), a violência, no mundo de hoje, parece algo tão
enraizado no cotidiano que pensar e agir em função dela deixou de ser um ato
circunstancial para se transformar numa forma do modo de ver e de viver o mundo
do homem. E ela está presente no mais diversos locais, desde favelas a bairros
sofisticados. “Ela se estende do centro à periferia das cidades, criando o que poderia
chamar ironicamente de uma "democracia da violência". Dessa forma, a sociedade
acabou se conformando, transformando o crime da violência contra a mulher em
algo aparentemente normal.

A violência, como fruto das desigualdades econômicas, culturais, políticas e


sociais advindas da relação capital/trabalho, a denominada expressão da questão
social, é parte constitutiva do processo histórico da sociedade, caracteriza-se como
uma relação de forças nas relações interpessoais e interclassiais. Sobre isso, Fraga
(2002, apud BEZERRA, 2009, p. 136) corrobora afirmando que a violência é uma
forma de “dilaceramento do ser social”, pois ela aparece concretamente nas
contradições sociais.
Vários autores conceituam a violência abordando diferentes concepções e
dimensões. Fante (2005, p. 157) define violência como “todo ato, praticado de forma
consciente ou inconsciente, que fere, magoa, constrange ou causa dano a qualquer
membro da espécie humana”. Galtung (1975, apud FERREIRA, 2001, p. 5) afirma
que, as situações violentas são aquelas “onde o desenvolvimento efetivo de uma
pessoa, em termos físicos e espirituais, resulta inferior a seu possível
desenvolvimento potencial. Desse modo a violência é definida como a causa da
diferença entre a realidade e a potencialidade”.
No caso da escola, ou do ambiente escolar, há diversos atores em constante
interação social, e nesse contexto surgem as múltiplas expressões da violência e
suas complexas manifestações, como a do bullying.
1.1.1 Definição de bullying

De acordo com artigo Artigo: Bullying, o que é, suas causas, incidência na


escola, atitudes a tomar e formas de prevenção divulgado no jornal Mundo Jovem,
edição nº 364, março de 2006, páginas 2 e 3 a palavra bullying é derivada do verbo
inglês bully que significa usar a superioridade física para intimidar alguém. Também
adota aspecto de adjetivo, referindo-se a valentão, tirano.

Interpretado como verbo ou como adjetivo, a terminologia bullying tem sido


utilizada em diversos países como designação para explicar todo tipo de
comportamento agressivo, cruel, intencional e repetitivo identificado dentro das
relações interpessoais.

O artigo supracitado defende que Bullying é uma prática de violência física


ou metal que traz diversas conseqüências na formação do aluno, tal como o baixo
rendimento escolar, exclusão social, dentre outros. As vítimas são os indivíduos
considerados mais fracos e frágeis dessa relação, transformados em objeto de
diversão e prazer por meio de brincadeiras maldosas e intimidadoras.

A expressão bullying, é entendida como um conjunto de atitudes de violência


física e/ou psicológica, de caráter intencional e repetitivo, praticado por um bully, que
é o agressor, contra uma ou mais vitimas que se encontram impossibilitadas de se
defender. Existe a dificuldade em se traduzir, para a língua portuguesa, a palavra
bullying, devido a sua complexidade. De acordo com Neto (2005): “A adoção
universal do termo bullying foi decorrente da dificuldade em traduzi-lo para diversas
línguas. Durante a realização da Conferência Internacional Online School Bullying
and Violence, de maio a junho de 2005, ficou caracterizado que o amplo conceito
dado à palavra bullying dificulta a identificação de um termo nativo correspondente
em países como Alemanha, França, Espanha, Portugal e Brasil, entre outros.
No Brasil, esse ato de violência entre crianças também é um problema
sério. Em pesquisa divulgada pelo IBGE (2011) temos dados que dizem que 31%
dos estudantes brasileiros já foram vítimas de agressões. Podemos nos referir ao
fenômeno da violência não apenas em suas manifestações físicas, emocional,
moral, indiferença, desrespeito, exclusão, presentes nas relações estabelecidas
dentro das instituições como a família, a escola, entre outras de alguma maneira,
causam prejuízos físicos e/ou psicológicos nos sujeitos dessas relações, o que pode
ser caracterizado, nesse sentido, como uma violência invisível, que também pode
ser nomeada de assédio moral, como define Heloani (2003).
Para Tognetta (2005), neste contexto não somente os causadores de
bullying, mas também as vítimas precisam de ajuda. Por um lado, as vitimas sofrem
uma deterioração da sua auto-estima, e do conceito que tem de si, por outro, os
agressores também precisam de auxilio, visto que sofrem grave deterioração de sua
escala de valores e, portanto de seu desenvolvimento afetivo e moral.
Segundo Pereira (2002) e Pizarro e Jiménez (2007) para um individuo ser
caracterizado como vitima é necessário que tenha sofrido três a seis ataques no
mínimo, em um mesmo período do ano, e que estes ataques apresentem um caráter
de intencionalidade e repetição.
Muitos psicólogos denominam a prática de violência moral, permitindo
diferenciá-lo de brincadeiras entre iguais propicio do desenvolvimento de cada um a
esse respeito. Fante (2005, p.26) infere que:

O bullying é um conceito específico e muito bem definido, uma vez


que, não se deixa confundir com outras formas de violência. Isso
se justifica pelo fato de apresentar características próprias, dentre
elas, talvez a mais grave, seja a propriedade de causar traumas ao
psiquismo de suas vítimas e envolvidos.

Sintetizando, para Cléo Fante, educadora e autora do livro Fenômeno


Bullying: Como Prevenir a Violência nas Escolas e Educar para a Paz, 224 pág.,
Ed. Verus, bullying "É uma das formas de violência que mais cresce no mundo”.
Segundo a especialista, o bullying pode ocorrer em qualquer contexto social, como
escolas, universidades, famílias, vizinhança e locais de trabalho. O que, à primeira
vista, pode parecer um simples apelido inofensivo pode afetar emocional e
fisicamente o alvo da ofensa.
1.2 O Bullying no ambiente escolar

A problemática da violência nas escolas tem se tornado cada vez mais


discutida no Brasil, apesar de ser um fenômeno que ocorre há muitos anos em
vários países. Julgado pela ciência e pelo senso comum como atos de delinquência,
entre professor e aluno ou até mesmo entre os alunos, a prática do bullying é posta
como um grave problema social na atualidade.
O ambiente escolar é o local onde se estabelecem as primeiras interações
sociais entre as crianças e jovens, e é também nesse ambiente que ocorrem
situações conflituosas e violentas entre os alunos. O problema com a violência no
ambiente escolar passou a ser estudado, recentemente no Brasil. (SPOSITO, 2001)
Fante (2005) define violência como ”todo ato, praticado de forma
consciente ou inconsciente, que fere, magoa, constrange ou causa dano a qualquer
membro da espécie humana” (pág.157). Dentre as inúmeras violências praticadas
no ambiente escolar, existe uma que acontece geralmente entre os próprios alunos,
que recebeu a definição de Bullying. Recorrendo ao dicionário, encontraremos a
seguinte definição para a palavra bully: individuo valentão, tirano, mandão, brigão.

Esse tipo de violência é conceituado como um conjunto de


comportamentos agressivos, físicos ou psicológicos, como chutar,
empurrar, apelidar, discriminar e excluir, que ocorrem entre colegas
sem motivação evidente, e repetidas vezes, sendo que um grupo de
alunos ou um aluno com mais força, vitimiza outro que não consegue
encontrar um modo eficiente para se defender (Neto 2005, p. 165).

Costantini (2004) explica que a prática do bullying não se caracteriza nos


conflitos normais ou brigas que ocorrem entre estudantes, mas sim nos atos de
intimidação preconcebidos, ameaças, violência física e psicológica, repetidamente
impostas a indivíduos considerados mais vulneráveis, provocando condição de
sujeição, sofrimento psicológico, isolamento e marginalização.
Fante (2005) destaca que a ação maléfica do bullying ”traumatiza o
psiquismo de suas vitimas, provocando um conjunto de sinais e sintomas muito
específicos, caracterizando uma nova síndrome”, denominada de Síndrome de Maus
Tratos repetitivos, onde a criança estará predisposta a reproduzir a agressividade
sofrida ou a reprimi-la, causando danos ao seu processo de socialização.
O autor ainda ressalta que o bullying é um fenômeno tão antigo quanto à
própria escola, entretanto, o assunto só passou a ser objeto de estudo por volta da
década de 1970, na Suécia. E em pouco tempo, o assunto estava em pauta de
discussão em todos os demais países escandinavos. No final de 1982, na Noruega,
três crianças, com idade entre 10 e 14 anos, suicidaram, e segundo investigações
do caso, a principal motivação da tragédia foi os maus tratos sofridos por essas
crianças por parte de seus colegas de escola.
Na mesma época Dan Olweus, pesquisador da Universidade de Berger,
Noruega, iniciou um estudo com milhares de estudantes, quase quatrocentos
professores e cerca de mil pais de alunos, pretendendo avaliar as taxas de
ocorrência e as formas pelas quais o bullying atingia a vida escolar das crianças e
dos adolescentes da Noruega. Com essa pesquisa Dan Olweus descobriu que um
em cada sete estudantes estava envolvido em caso de bullying.
Para Fante (2005), o bullying ocorre em todas as escolas do mundo, com
maior ou menor incidência e independentemente das características culturais,
econômicas e sociais do aluno, por isso a grande preocupação dos pesquisadores
em buscar soluções para o problema, que existe em escala mundial. Dan Olweus,
ao analisar o tema polêmico chamado bullying, orienta que pais e professores
devem estar atentos ao comportamento das crianças e dos adolescentes,
considerando os possíveis papeis que cada um pode desempenhar em uma
situação de bullying.Identificando os alunos que são vítimas, agressores ou
espectadores, é que a escola e as famílias dos envolvidos podem elaborar
estratégias e traçar ações efetivas contra essa prática.
De acordo com Calhau (2009) o fenômeno do bullying é caracterizado por
atos que denigrem, desprezam, violentam, agridem, destroem a estrutura psíquica
de outra pessoa e sem motivação alguma. Silva (2010) prosseguindo a discussão
entende o bullying como um conjunto de atitudes de violência física e/ou psicológica,
e, além disso, é de caráter intencional e repetitivo, concordando com esse caráter
intencional e repetitivo Neto (2001) caracteriza o fenômeno como sendo atos
repetidos de opressão, discriminação, tirania, agressão e dominação de um aluno ou
um grupo de alunos sobre outro aluno ou grupos de alunos, subjugados pela força
dos primeiros.
Já Fante (2005) caracteriza o fenômeno como sendo um comportamento
cruel intrínseco nas relações interpessoais em que os mais fortes convertem os mais
frágeis em objetos de diversão e prazer através de brincadeiras que disfarçam o
propósito de maltratar e intimidar.
A autora ainda apresenta uma síntese simplificada ao dizer que os
comportamentos de bullying podem ocorrer de duas formas, a direta e a indireta,
sendo que para ela a direta consiste nas agressões físicas e verbais, dentre elas a
autora cita algumas das mencionadas acima como, por exemplo, bater, chutar,
tomar pertences, apelidar de maneira pejorativa e discriminatória, insultar e
constranger. E a forma indireta que para a autora é a que talvez cause mais prejuízo
uma vez que pode criar traumas irreversíveis, sendo que ela se caracteriza por
disseminação de rumores desagradáveis e que desqualificam, visando à
discriminação e a exclusão da vitima do seu grupo social.
Fante (2005) nos mostra que os atos de bullying que ocorrem entre os
estudantes costumam apresentar cinco características, que segundo a autora são:
- comportamentos danosos e deliberados;
- comportamentos repetitivos por um determinado período de tempo;
- atos de difícil defesa para os agredidos
- para quem agride dificuldade em aprender novos comportamentos socialmente
aceitos;
- a aplicação de um poder impróprio pelos agressores as vitima.

Os protagonistas desta triste realidade, as vítimas, na maioria das vezes


preferem guardar segredo, para não se exporem a maiores agressões. Lopes Neto
(2005) confirma essa ideia ao afirmar que “(...) o silêncio só é rompido quando os
alvos sentem que serão ouvidos, respeitados e valorizados”. Pesquisadores
apresentam uma subdivisão da categoria de vítimas, em: Vitimas típicas, vítimas
provocadoras e vítimas agressoras. As vítimas típicas são alunos tímidos ou
reservados, elas não reagem às provocações, normalmente são mais frágeis
fisicamente, são gordinhos ou magros demais, altas ou baixas demais, usam óculos,
enfim, os motivos são aleatórios e sem razão de existir.
Fante (2005) afirma que a vitima típica possui: (...) extrema sensibilidade,
timidez, passividade, submissão, insegurança, baixa estima, alguma deficiência de
aprendizado, ansiedade e aspectos depressivos. (...) As vítimas provocadoras são
aquelas capazes de insuflar em seus colegas reações agressivas contra si mesmas,
tenta brigar ou responder quando é atacada ou insultada, geralmente de maneira
ineficaz. Geralmente são imaturas, de costumes irritantes e causadores de tensão
no ambiente em que se encontram. Pode ser uma criança hiperativa, inquieta e
dispersiva. A vítima agressora é aquela que diante dos maus tratos recebidos reage
igualmente com agressividade. Ela reproduz os maus tratos como uma forma de
compensação, ou seja, ela procura outra vítima, ainda mais frágil e vulnerável, e
comete contra essa as mesmas agressões sofridas. Os agressores podem ser de
ambos os sexos e tem em sua personalidade traços de maldade e desrespeito, e
muitas vezes, essas características negativas, estão associadas a um perigoso
poder de liderança, obtido através da força física ou de assedio psicológico.
Fante (2005) ainda destaca que os agressores apresentam desde muito
cedo aversão a regras, não aceitam ser contrariados e não sentem culpa ou remorso
pelos atos cometidos. Os espectadores são aqueles alunos que presenciam as
agressões, mas não tomam nenhuma atitude em relação a isso, não defendem as
vítimas, nem se juntam aos agressores.
Silva (2010) subdivide o grupo de espectadores em quatro subgrupos:
- Espectadores passivos, são aqueles que se afastam da vitima e fingem
nada ver, apesar de não concordarem com as agressões, não denunciam os
agressores por medo de serem as próximas vítimas.
- Espectadores ativos são aqueles alunos que não participam ativamente
dos ataques contra as vítimas, mas incitam os agressores, incentivando o ataque.
- Espectadores neutros, percebemos nesses, que por uma questão
sociocultural, não demonstram sensibilidade pelos ataques que presenciam, em
função talvez do próprio contexto social que estão inseridos.
- Espectadores defensores, são aqueles que tentam ajudar a vítima, seja
protegendo-a ou chamando um adulto para interromper.
Pesquisa realizada pelo IBGE apontou Brasília como a capital do bulliyng.
Segundo o estudo, 35,6% dos estudantes entrevistados disseram ser vítimas
constantes da agressão. Belo Horizonte, em segundo lugar com 35,3%, e Curitiba,
em terceiro lugar com 35,2 %, foram, junto com Brasília, as capitais com maior
frequência de estudantes que declararam ter sofrido bulliyng alguma vez.
A população-alvo da pesquisa foi formada por estudantes do 9º ano do ensino
fundamental (antiga 8ª série) de escolas públicas ou privadas das capitais dos
estados e do Distrito Federal. O cadastro de seleção da amostra foi constituído por
6.780 escolas.

Durante a pesquisa, foi feita a seguinte pergunta aos estudantes: "Nos


últimos 30 dias, com que frequência algum dos seus colegas de escola te
esculacharam, zoaram, mangaram, intimidaram ou caçoaram tanto que você ficou
magoado, incomodado ou aborrecido?”

Os resultados mostraram que 69,2% dos estudantes disseram não ter


sofrido bullying. O percentual dos que foram vítimas deste tipo de violência,
raramente ou às vezes, foi de 25,4% e a proporção dos que disseram ter sofrido
bullying na maior parte das vezes ou sempre foi de 5,4%. Conforme tabela abaixo.

Unidade da Percentual de
Federação estudantes que
sofreram bullying

Distrito 35,6%
Federal

Belo 35,3%
Horizonte

Curitiba 35,2%

Vitória 33,3%

Porto Alegre 32,6%

João Pessoa 32,2%

São Paulo 31,6%

Campo 31,4%
Grande

Goiânia 31,2%

Teresina e 30,8%

Rio Branco
No ranking das capitais com mais vítimas de bullying, aparecem ainda
Vitória, Porto Alegre, João Pessoa, São Paulo, Campo Grande e Goiânia. Teresina e
Rio Branco estão empatadas na 10ª posição. São Paulo ocupa a 7ª posição.

1.3 As consequências do bullying

As consequências do bullying para Fante (2005), em relação às vítimas do


bullying são graves e abrangentes, podendo causar desinteresse pela escola,
demonstrando dificuldades de aprendizagem, rendimento escolar abaixo da média,
ou ainda a evasão escolar. Além disso, a autora afirma que emocionalmente, este
aluno vitima do bullying pode apresentar baixa resistência imunológica, baixa auto-
estima, os sintomas psicossomáticos, transtornos psicológicos, a depressão e em
seu grau mais avançado pode levar ao suicídio.

Segundo Fante (2005) as consequência nos agressores ocorre pelo


distanciamento e a falta de interesse ao conteúdo ensinado, projetando na violência
uma forma de popularidade e demonstração de poder, em alguns casos essa
violência habilita o agressor para futuras condutas violentas na vida adulta. Para os
espectadores, que são a maioria dos alunos, estes podem sentir insegurança,
ansiedade, medo e estresse, comprometendo o seu processo socioeducacional.

De acordo com Melo (2010) sobre as consequências ocasionadas pelo


bullying nos envolvidos pode se dizer que algumas experiências são menos
traumatizantes, outras deixam estigmas para o resto da vida, principalmente nas
vítimas. Nos agressores as consequências podem vitimá-las no futuro, dependendo
do que ocorrerá durante a vida, pois alguns agressores adotam a violência como
estilo de vida, chegando à marginalização, ou a criminalidade. Por outro lado,
grande parte dos espectadores não supera os temores de envolvimento, a angústia
de não poder ajudar e se tornam pessoas inseguras e de baixa autoestima.

A nossa sociedade tem cada vez mais se deparado com o aumento no


número da violência e em suas várias espécies, e como não poderia ser diferente,
essa realidade passou a existir também no ambiente escolar, sendo protagonistas
de tais barbáries crianças e adolescentes.
O fenômeno mundialmente conhecido como bullying, tem sido objeto de
estudo e gerado ampla discussão entre profissionais da educação, psicólogos,
operadores do direito, dentre outros profissionais.Para a formação de um ser
humano, se faz necessário que desde a infância, ele seja norteado por princípios
que carreguem valores éticos, morais, religiosos e cívicos, para que se torne um
cidadão digno e respeitador, onde possa contribuir para uma convivência
harmoniosa em sociedade.

A base fundamental para a implantação e preservação de tais princípios


advém num primeiro momento da família e na seqüência da escola. Em uma
decisão do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, os desembargadores foram
unânimes, em condenar uma escola, a indenizar uma criança pelos abalos
psicológicos sofridos, em decorrência da violência escolar praticada por seus
colegas, alegando a ofensa ao princípio constitucional da dignidade da pessoa
humana. Segue um trecho da ementa dessa decisão: Abalos psicológicos
decorrentes de violência escolar - Bullying - Ofensa ao princípios da dignidade da
pessoa. (...) Nesse ponto, vale registrar que o ingresso no mundo adulto requer a
apropriação de conhecimentos socialmente produzidos.

A interiorização de tais conhecimentos e experiências vividas se processa


primeiro, no interior da família e do grupo em que este indivíduo se insere, e, depois,
em instituições como a escola. No dizer de Helder Baruffi, “Neste processo de
socialização ou de inserção do indivíduo na sociedade, a educação tem papel
estratégico, principalmente na construção da cidadania.” (TJ-DFT - Ap. Civ.
2006.03.1.008331-2 - Rel. Des. Waldir Leôncio Júnior - Julg. em 7-8-2008) À luz do
artigo 205 da Constituição Federal de 1988, temos: "A educação, direito de todos e
dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da
sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho".Para o convívio
harmonioso em sociedade, sabe – se que a natureza humana, por si só não
conseguiria êxito, são os pais os responsáveis por interiorizar em seus filhos,
princípios que devem ser rotineiramente exercitados para que no processo de
socialização, se construa a cidadania.O Código Civil em seu artigo 932, inciso I,
destaca a responsabilidade dos pais em face de atos ilícitos cometidos por seus
filhos. E o artigo 933 complementa: “As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo
antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte, responderão pelos atos
praticados pelo terceiro ali referido”. Definindo ato ilicito, estabelece o artigo 186 do
Código Civil: “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral,
comete ato ilícito.”Não obstante, analisando o artigo 927 do mesmo Código,
teremos: Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo.Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade
normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para
os direitos de outrem. Isso enseja em dizer que em determinados casos, a legislação
civil, estabelece, mesmo que excepcionalmente, que é de competência dos pais a
responsabilidade por atitudes violentas e abusivas, que seus filhos venham a
cometer. A questão da responsabilidade civil, quando o assunto é o bullying,
também se estende as instituições de ensino, pois é dever da escola preservar a
integridade física e moral de seus alunos, coibindo todo e qualquer ato de violência
que possa ocorrer no ambiente escolar.

Nesse sentido Chalita, sustenta que “A escola deve ser um espaço


acolhedor em que as relações de amizade estejam construídas como um exercício
para a vida. A Ética, o respeito, o cuidado com o outro, plantados na escola terão o
poder de fazer florescer a cidadania em outros jardins. (Chalita, 2008) Nesse
sentido, cabe a instituição escolar, a responsabilidade na prevenção e vigilância
constante de seus alunos para que o bullying não ocorra. Identificar o problema e
adotar medidas pedagógicas em relação aos alunos agressores e participantes
desse ato, para coibir tal prática. Caso contrário, a instituição de ensino deverá ser
responsável juntamente com os pais, pela reparação dos danos sofridos pelas
vítimas, de acordo com os preceitos normativos contidos no parágrafo terceiro,
inciso segundo, do artigo 14, do Código de Defesa do Consumidor.

Dentro da realidade do bullying, no dia 7 de Abril de 2011, ocorreu um


assassinato em massa na escola pública Tasso da Silveira, localizada na cidade do
Rio de Janeiro. O autor da tragédia foi Wellington Menezes de Oliveira, um jovem de
23 anos e ex-aluno da escola. O ato custou à vida de 12 adolescentes com faixa
etária entre 12 e 14 anos de idade. A tragédia foi ainda maior, pois depois de realizar
o massacre, ao ser cercado por policiais, Wellington cometeu suicídio. A motivação
do ato é incerta, embora vídeos postados na internet pelo autor dessem indícios,
que sua intenção era matar os alunos e o depoimento de um colega próximo a
Wellington, apontou que o atirador sofria várias humilhações na escola, devido ao
seu jeito de ser, que descreveu como alguém calado, introspectivo, muito tímido.
Talvez por ser mais reservado que os demais companheiros de estudo, é que sofria
o bullying.

Os verdadeiros motivos que levaram o autor a tal situação são incertos,


embora vídeos postados na internet por ele dessem indícios, que sua intenção era
matar os alunos e o depoimento de um colega próximo a Wellington, apontou que o
atirador sofria várias humilhações na escola, devido ao seu jeito de ser, que
descreveu como alguém calado, introspectivo, muito tímido. Talvez por ser mais
reservado que os demais companheiros de estudo, é que sofria o bullying.

Segundo relatos, Wellington pesquisava muito sobre atentados terroristas, e


no momento da ação, como indicam alguns especialistas, estava acometido por um
surto psicótico. O crime chocou o Brasil, e teve repercussão internacional. Em
trecho da carta escrita por Wellington, encontrada em sua posse após ser morto
verifica-se que ele sofria bullying: "Muitas vezes aconteceu comigo de ser agredido
por um grupo, e todos os que estavam por perto debochavam, se divertiam com as
humilhações que eu sofria, sem se importar com meus sentimentos". E, conforme o
depoimento de um ex-colega: "Certa vez no colégio pegaram Wellington de cabeça
para baixo, botaram dentro da privada e deram descarga. Algumas pessoas
instigavam as meninas: 'vai lá, mexe com ele'. Ou até incentivo delas mesmo:
'Vamos brincar com ele, vamos sacanear'. As meninas passavam a mão nele (...).
Presume-se que ele tenha planejado a ação com intuito de se vingar dos maus
tratos ocorridos. Ainda de acordo com testemunhas, antes de atirar, ele se referia as
vitimas meninas como seres impuros, e planejava matar somente elas.

As conseqüências do bullying de acordo com Fante (2005) são diversas e


dependem das características individuais; quando o aluno tem um bom suporte
familiar que lhe proporcione segurança, autoconfiança e o ajude a manter um bom
nível de auto-estima, contribui com a superação do trauma ou com o enfrentamento
da situação.
A autora ainda destaca que as principais vítimas do bullying são crianças, e
não possuem maturidade nem habilidade suficientes para lidarem com este
sofrimento sozinhas. Nesse caso, a falta de suporte familiar deixa a criança
desorientada, entregue a seus pensamentos, que em decorrência de repetidas
humilhações, podem ser pensamentos negativistas, ocasionando queda na
autoestima, no auto conceito e provocando comportamentos de fuga e não de
enfrentamento dos problemas.
Fante (2005) afirma ainda que essa fuga constante pode gerar dificuldades
de aprendizagem e queda no rendimento escolar, pensamentos de vingança e
comportamentos agressivos ou depressivos, podendo desenvolver transtornos
mentais e psicopatologias graves, que podem levar a um pensamento suicida, como
o caso relatado anteriormente ocorrido em sete de abril de 2011.

1.4 A proteção a vítimas de bullying

A violência tem se tornado um problema cada vez mais grave na sociedade


contemporânea manifesta em seus altos índices demonstrados em pesquisas e
estampados em notícias, e como não poderia ser diferente, essa realidade passou a
existir também no ambiente escolar, tendo como autores crianças e adolescentes.

O fenômeno mundialmente conhecido como bullying, tem sido objeto de


estudo e gerado ampla discussão entre profissionais da educação, psicólogos,
operadores do direito, assistentes sociais e outros profissionais. Para a formação de
um ser humano, se faz necessário que desde a infância, ele seja norteado por
princípios que carreguem valores éticos, morais, religiosos e cívicos, para que se
torne um cidadão digno e respeitador, capaz de conviver em sociedade.

A base fundamental para a implantação e preservação desses princípios em


primeiro lugar é da família e em segundo da escola. Em uma decisão do Tribunal de
Justiça do Distrito Federal, os desembargadores foram unânimes, em condenar uma
escola, a indenizar uma criança pelos abalos psicológicos sofridos, em decorrência
da violência escolar praticada por seus colegas, alegando a ofensa ao princípio
constitucional da dignidade da pessoa humana. Conforme podemos verificar em
trecho da ementa dessa decisão.

Abalos pscológicos decorrentes de violência escolar - Bullying -


Ofensa aos princípios da dignidade da pessoa. (...) Nesse ponto, vale
registrar que o ingresso no mundo adulto requer a apropriação de
conhecimentos socialmente produzidos.

A interiorização de tais conhecimentos e experiências vividas se


processa primeiro, no interior da família e do grupo em que este
indivíduo se insere, e, depois, em instituições como a escola. No
dizer de Helder Baruffi, “Neste processo de socialização ou de
inserção do indivíduo na sociedade, a educação tem papel
estratégico, principalmente na construção da cidadania.” (TJ-DFT -
Ap. Civ. 2006.03.1.008331-2 - Rel. Des. Waldir Leôncio Júnior - Julg.
em 7-8-2008)

De acordo com a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 205: "A


educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e
incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da
pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho". Assim sendo, para que seja possível a convivência em sociedade, cabe
aos pais ou os responsáveis por interiorizar em seus filhos, princípios que devem ser
rotineiramente exercitados para que no processo de socialização, se construa a
cidadania.

No Código Civil artigo 932, inciso I, ressalta a responsabilidade dos pais em


face de atos ilícitos cometidos por seus filhos. E o artigo 933 complementa: “As
pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa
de sua parte, responderão pelos atos praticados pelo terceiro ali referido”.

A respeito do ato ilícito, o artigo 186 do Código Civil define que: “Aquele que,
por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar
dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.”
Complementando, no artigo 927 do mesmo Código, afirma: Aquele que, por ato
ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Parágrafo
único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos
especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do
dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. Isso enseja em
dizer que em determinados casos, a legislação civil, estabelece, mesmo que
excepcionalmente, que é de competência dos pais a responsabilidade por atitudes
violentas e abusivas, que seus filhos venham a cometer.

Quando se trata de responsabilidade civil, quando o assunto é o bullying,


também se estende as instituições de ensino, pois é dever da escola preservar a
integridade física e moral de seus alunos, coibindo todo e qualquer ato de violência
que possa ocorrer no ambiente escolar.

Dentro desse contexto Chalita (2008), sustenta que “A escola deve ser um
espaço acolhedor em que as relações de amizade estejam construídas como um
exercício para a vida. A Ética, o respeito, o cuidado com o outro, plantados na
escola terão o poder de fazer florescer a cidadania em outros jardins.

O autor prossegue defendendo que cabe a instituição escolar, a


responsabilidade na prevenção e vigilância constante de seus alunos para que o
bullying não ocorra. Identificar o problema e adotar medidas pedagógicas em
relação aos alunos agressores e participantes desse ato, para coibir tal prática. Caso
contrário, a instituição de ensino deverá ser responsável juntamente com os pais,
pela reparação dos danos sofridos pelas vítimas, de acordo com os preceitos
normativos contidos no parágrafo terceiro, inciso segundo, do artigo 14, do Código
de Defesa do Consumidor.

Prosseguindo o estudo da proteção legal das vítimas de bullying,


identificamos como ferramenta protetora de quem sofre vexames como o bullying,
no Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), documento que estabelece
direitos e deveres às crianças e adolescentes. O artigo 17 prescreve que

O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integração física,


psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a
preservação de imagem, da identidade, da autonomia, dos valores,
idéias e crenças, dos espaços e objetos pessoais. (BRASIL, 1990,
s/p).
Já no artigo 18 do mesmo estatuto afirma que é “dever de todos velar pela
dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento
desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor”.
Diante dos dois artigos supracitados o bullying se coloca em confronto com o
ECA, pois se manifesta através de agressões verbais, físicas, morais, materiais e
psicológicas de maneira intencional e repetida, sem uma motivação específica.
A Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à
Adolescência (ABRAPIA), citado por Neto (2012), realizou uma pesquisa em 2002
com patrocínio da PETROBRAS em onze escolas do município do Rio de Janeiro,
envolvendo 5.875 estudantes de 5º e 8º séries, para verificar o índice de estudantes
envolvidos com o bullying.
Os dados demonstram que 40,5% desses alunos estiveram diretamente
envolvidos em atos de bullying na escola naquele ano, sendo que do total, 16,9%
eram naquele momento alvos da violência, 10,9% foram alvos/autores e 12,7%
foram autores direto de bullying. Na prática, o estudo adverte que enquanto a
sociedade se organiza para lutar pela proteção legal das crianças e adolescentes, o
que é um direito intransferível, o interior da escola tem sido palco de violência de
todas as formas contra os mesmos e que o Estado, enquanto protetor dos direitos
sociais, políticos, econômicos, culturais e civis, não dá a devida atenção e amparo,
sendo conivente com as diferentes formas de violência, podendo ser penalizado.
2. O SERVIÇO SOCIAL E O BULLYING

2.1 Breve histórico do Serviço Social

O Serviço Social surgiu no Brasil em 1930, iniciativa da igreja Católica, com


ele surgiram as Leis Sociais, como as leis trabalhistas de Getúlio Vargas. A precária
situação vivida pelos trabalhadores obrigou ao Estado tentar promover o controle
das massas. Para isso, implantou-se o trabalho de agentes sociais.

Essa perspectiva adotada alarga os horizontes para o movimento


das classes sociais e do Estado, no que se refere as relações com a sociedade, não
pretendendo perder as especificidades profissionais, mas buscando obter para elas
maior nitidez., já que o Serviço Social é parte e expressão na história da sociedade.

Visando as relações sociais capitalistas que anseiam superar os


influxos liberais que embasam as analises sobre a denominada prática profissional,
vista como prática do individuo isolado, separada da trama social a atuação do
Serviço Social passa a ser entendida como uma relação singular entre o assistente
social e o usuário de seu serviço.

O serviço social, considerado como profissão auxilia em questões sociais,


sejam elas em qualquer esfera, visto que, por ser política pública vem alcançando
âmbito cada vez maior. Essa forma de concepção do trabalho do assistente social
leva-o a preocupar-se não apenas com o aspecto teórico-metodológico ao realizar
uma analise da sociedade e da profissão. O que torna nessa perspectiva, relevante
que o profissional priorize a construção de estratégias e habilidades, preocupando-
se no como fazer, visto que o Serviço Social é também voltado para a intervenção
no social.

O Serviço Social no Brasil, desde seu surgimento vem aumentando sua área
de atuação, assim alcança campos relativos a qualquer área que abarque questões
sociais. O profissional dessa área deve ser capacitado a avaliar, executar e elaborar
atribuições de política pública, bem como assessorar movimentos que envolvem
aspectos sociais e populares.

Nos últimos anos ainda é notório o fato de o Serviço Social ter alcançado
lugar de estatuto da Política Pública, desde que foi aprovada em 2004 a Política
Nacional de Assistência Social (PNAS) e, em 2005, a Norma Operacional Básica do
Sistema Único da Assistência Social (NOB/SUAS), a assistência social vem se
consolidando como política pública em todas as esferas do governo e, inclusive, na
sociedade civil.

Sendo no Brasil importante destacar que a intervenção em questões sociais


por meio de políticas públicas requer a necessidade de enfrentar o desafio de
democratização das relações com poder público e levar o indivíduo ao acesso dos
direitos sociais. Isso visando diminuir desigualdades, sem, contudo, causar prejuízo
ou perda da diversidade.

As políticas públicas são resultantes de forças sociais contraditórias, o que


exigem que sejam estabelecidas de modo a associar fatores estruturais e o
processo histórico de um país. No Brasil, especificamente, foi por meio da
Constituição Federal de 1988 que foram estabelecidas novas diretrizes para a
efetivação das políticas públicas nacionais, entre as quais, destacamos o controle
social por meio de instrumentos normativos e da criação legal de espaços
institucionais que consolidam a participação da sociedade civil organizada e a torna
capacitada a fiscalizar diretamente o executivo nas três esferas de governo. E é
nesse contexto que surge a política de assistência social.

A Constituição Federal defende a seguridade social, colocando a saúde, a


previdência social e a assistência social como direitos sociais, entretanto, elas não
se aplicam igualmente, pois a saúde tem como princípio a universalidade na
cobertura e no atendimento, a previdência social tem a uniformidade e equidade dos
benefícios e a assistência social tem a seletividade e a distributividade.
O artigo 6º da Constituição Federal de 1988 garantiu os direitos sociais,
colocando-os como dever do Estado e direito do cidadão. No entanto com a reforma
liberal do Estado iniciada em 1990 várias modificações foram realizadas na nossa
Carta Magna. Segundo Battini e Costa (2007) os direitos sociais conquistados foram
criticados pela política neoliberal, provocando o questionamento da efetividade do
Estado na garantia desses direitos.

O arcabouço legal da seguridade social seria completado com a


promulgação das leis orgânicas, em cada setor, que finalmente
definiriam as condições concretas pelas quais esses princípios
constitucionais e as diretivas organizacionais iriam materializar-se.
(FLEURY, 2003, p. 61).

A regulamentação da legislação foi demorada e a aprovação de leis foi


resultado de um processo intenso de conflitos de interesses políticos. A Lei Orgânica
da Saúde – LOAS foi aprovada em 1990, a Lei Orgânica da Seguridade Social e a
Lei que estabelece o Plano de Benefícios da Previdência Social foram aprovadas em
1991. E a Lei Orgânica da Assistência Social foi a que mais enfrentou desafios para
promulgação, que só alcançou êxito em 1993, Battini e Costa (2004, p. 36) afirmam:

Se o contexto neoliberal colocou desafios, também é verdade que fez


surgir novas formas de resistência e de articulação da sociedade civil
em defesa de padrões de seguridade social. A aprovação da Lei
Orgânica da Assistência Social em 1993 (após o veto do governo
Collor) e o empenho na regulamentação dessa lei nas esferas
estadual e municipal evidenciam que existe forte resistência à quebra
dos direitos sociais.

A Assistência Social no Brasil passou a ser prevista na Constituição Federal


de 1988 e regulamentada pela Lei nº. 8.742, de 07 de dezembro de 1993 – Lei
Orgânica da Assistência Social (LOAS) que é uma política pública.

Política pública é definida aqui como o conjunto de ações


desencadeadas pelo Estado, no caso brasileiro, nas escalas federal,
estadual e municipal, com vistas ao atendimento a determinados
setores da sociedade civil. Elas podem ser desenvolvidas em
parcerias com organizações não governamentais e, como se verifica
mais recentemente, com a iniciativa privada.

(http://pt.wikipedia.org/wiki/Pol%C3%ADtica_p%C3%BAblica).

A conquista da política de Assistência Social na Seguridade Social, como


direito do cidadão e dever do estado, sem dúvidas foi um avanço legal e formal,
porém a regulamentação em lei não garante sua efetivação, assim como, das
demais políticas públicas. Apesar dos avanços experimentados pela política de
assistência social, não se pode deixar de considerar que ainda é preciso superar a
cultura da ajuda e da filantropia, constituindo como um desafio a consolidação e
ampliação dos direitos sociais e a efetivação dos mecanismos de controle social e
de democracia participativa. A demanda por ações, serviços e benefícios da política
de assistência social respondem ao conjunto de problemas provocados pela lógica
capitalista, e estão relacionados com a questão social.

2.2 O assistente social no enfrentamento do bullying

O problema do bullying devido aos danos físico-emocionais sofridos por


aqueles que estão envolvidos nele segundo Fante (2005) passou a ser considerado
um problema de saúde pública, por isso, é um problema que faz parte das políticas
públicas.

O bullying passa então, a ser considerado uma das manifestações concretas


da questão social, demarca o padrão de sociabilidade da sociedade contemporânea
e dessa forma passa a fazer parte da demanda do Serviço Social, uma vez que o
objeto de intervenção do assistente social é a questão social. Corroborando com a
discussão, Iamamoto (2010) afirma que:

[...] o conhecimento das condições de vida dos sujeitos permite ao


assistente social dispor de um conjunto de informações que,
iluminadas por uma perspectiva teórica crítica, possibilitam
apreender e revelar as novas faces e os novos meandros da questão
social, que desafiam a cada momento o desempenho profissional
(IAMAMOTO, 2010, p. 272).

A questão social para Iamamoto (2010, p.27) é entendida como o “conjunto das
expressões de desigualdade da sociedade capitalista madura”.

Mota (2008) prossegue a discussão alertando sobre os riscos da


simplificação conceitual:

A despeito das raízes da questão social mergulharem nas relações


sociais dominantes e vigentes na sociedade capitalista, o uso da
expressão como referência das múltiplas manifestações da
desigualdade acaba por trair seu significado histórico, uma vez que
as manifestações fenomênicas da pobreza terminam por ser
apartadas das suas determinações. (MOTA, 2008, p. 45).
Nesse sentido, Mota (2008) entende a questão social como uma “problemática” que
designa “um conjunto de questões reveladoras das condições sociais, econômicas e
culturais em que vivem as classes trabalhadoras na sociedade capitalista”.

O assunto abordado nesse trabalho acadêmico está relacionado ao universo


escolar e ao Serviço Social, dentro desse contexto cabe dizer que a discussão do
Serviço Social na Educação não é recente, remonta, conforme esclarece Almeida
(2007, apud MARTINS, 2012, p. 37), “aos anos iniciais da profissão em sua atuação
marcadamente voltada para o exercício do controle social sobre a família proletária
em relação aos processos de socialização e educação da classe trabalhadora”. A
Educação, como uma política social, expressa as lutas de classes. Assim sendo,
para Almeida (2005),

[...] a política de educação pode ser concebida também como


expressão da própria questão social na medida em que representa o
resultado das lutas sociais travadas pelo reconhecimento da
educação pública como direito social (ALMEIDA, 2005 apud
MARTINS, 2012, p. 35).

A autora prossegue dizendo que a “Educação é uma das dimensões mais


complexas e importantes da vida social” (MARTINS, 2012, p. 34). A educação tem
papel não só pedagógico, formador e de socialização, além disso, ela é resultado de
conflitos e expressa limites e possibilidades sociais, assim, a escola expressa as
contradições presentes na sociedade. Ela se constitui como um espaço contraditório,
pois, ao mesmo tempo em que passa a ser um meio indispensável de elevação do
nível cultural, de formação para a cidadania e socialização dos conhecimentos
produzidos ao longo dos tempos, se insere na sociedade capitalista como um
instrumento para a disseminação das ideias, dos valores e das normas da
comunidade (SACRISTÁN e GÓMEZ, 1998, apud SOUZA, 2008, p. 54).

A atuação do Serviço Social em parceria à política de Educação não se


confunde a dos educadores. A ação dos assistentes sociais nessa política, segundo
ALMEIDA, apud Quintão, 2005, “tem se dado no sentido de fortalecer as redes de
sociabilidade e de acesso aos serviços sociais e dos processos socioinstitucionais”.
(ALMEIDA, apud Quintão, 2005, p. 06). Assim, o assistente social deve desenvolver
no dentro da escola uma prática voltada para a garantia e exercício da cidadania,
possibilitando a participação da comunidade escolar no enfrentamento das questões
cotidianas que envolvem a escola, como a violência, e, nesse caso destaca-se o
bullying.

Para Amaro (1997) Educadores e Assistentes Sociais compartilham desafios


semelhantes, e escola é o local para enfrentá-los. E a necessidade de
enfrentamento desses problemas sociais que repercutem e implicam de forma
negativa no desempenho do aluno leva o educador pedagógico a recorrer ao
assistente social.

Destacamos que o profissional de Serviço Social faz parte do contexto


escolar, entretanto, não desenvolve ações que substituem aquelas desempenhadas
por profissionais tradicionais da área de Educação. O assistente social pode auxiliar
a escola, e seus demais profissionais, no enfrentamento de questões que
perpassam a formação e o fazer do Assistente Social, questões estas que, muitas
vezes a escola não sabe como intervir.

Para Martinelli (1998) o Serviço Social é uma profissão que trabalha no


sentido educativo de revolucionar consciências, de proporcionar novas discussões,
de trabalhar as relações interpessoais e grupais. Diante dessas ideias Almeida
(2000) contribui dizendo que:

O campo educacional torna-se para o assistente social hoje não


apenas um futuro campo de trabalho, mas sim um componente
concreto do seu trabalho em diferentes áreas de atuação que precisa
ser desvelado, visto que encerra a possibilidade de uma ampliação
teórica, política, instrumental da sua própria atuação profissional e de
sua vinculação às lutas sociais que expressam na esfera da cultura e
do trabalho, centrais nesta passagem de milênio (ALMEIDA, 2000,
p.74).

Dessa forma, a contribuição que o Assistente Social pode dar está em uma atuação
através de equipes interdisciplinares, por meio de saberes diversificados, vinculados
às distintas formações profissionais, possibilitando uma visão mais ampla, e
compreensões mais consistentes em torno dos mesmos processos sociais. Amaro
(1997) destaca que a interdisciplinaridade, no contexto escolar, representa estágios
de superação do pensar fragmentado e disciplinar, resultando-se na idéia de
complementaridade recíproca entre as áreas e seus respectivos saberes.

Os problemas dentro da escola não estão separados da realidade, tendo em


vista que, o que acontece na sociedade se reproduz na escola. Dessa forma, a
violência tida como um fenômeno social é produzida e reproduzida na escola.
Analisando medidas de enfrentamento do bullying escolar, percebe-se a
necessidade de uma articulação com a família, já que esta é a base do indivíduo, e

é nesta instituição que a criança deve crescer e se desenvolver


aprendendo a respeitar, a conviver e a compreender o espaço do
outro, é neste acompanhamento familiar que se forma um alicerce
favorável para educar os filhos, em parceria com a escola, para
formar cidadãos em plena condição de viver em sociedade
(COUTINHO, RIBEIRO e BARRETO, 2012, p. 89).

Diante de todo o exposto, compreende-se a importância da articulação


escola/família/comunidade no desenvolvimento do aluno e no enfrentamento das
manifestações da questão social. Nesse contexto, o Serviço Social, junto à equipe
interdisciplinar da escola, deve buscar uma prática que objetiva garantir a maior
responsabilização da família compreendida dentro dos novos arranjos familiares da
contemporaneidade: família nuclear, reconstituída, monoparental, homoafetiva,
ampliada, etc. (MAGALHÃES, 2008, apud COUTINHO, RIBEIRO e BARRETO,
2012, p. 88).

Para Lopes Neto (2005, p. 169), “o fenômeno bullying é complexo e de difícil


solução, portanto é preciso que o trabalho seja continuado”. A família e a escola
precisam trabalhar de maneira articulada, possibilitando a diminuição da violência e
o estímulo para os estudos. No enfrentamento do problema do bullying, o assistente
social pode traçar ações para a tomada de consciência do fenômeno, construindo
uma rede de apoio às vítimas e possibilitando a sensibilização dos agressores sobre
os seus atos, incentivando o respeito à diversidade. Assim,

o profissional de Serviço Social pode contribuir ainda na prevenção


do bullying escolar por meio de programas que promovam o
conhecimento sobre o tema e fornecendo informações sobre essa
prática, podendo promover o diálogo entre vítimas, agressores e
comunidade escolar, a partir, inclusive dos desdobramentos do ECA.
Sua prática visa ao fortalecimento de direitos e, ao mesmo tempo, ao
processo de ensino-aprendizagem, trabalhando a autoestima de
crianças e adolescentes, “pois ser cidadão é direito” (COUTINHO,
RIBEIRO e BARRETO, 2012, p. 99).

O assistente social tem a possibilidade de presta e importante contribuição


no enfrentamento do bullying escolar, fomentando a discussão do tema,
incentivando o respeito entre os envolvidos e almejando a construção de uma nova
realidade, de real respeito ao outro.
3. MATERIAL E MÉTODOS

Para realização deste trabalho de pesquisa usou-se como material


artigos e estudos disponibilizados em livros e via internet sobre o assunto, bem
como, as leis que amparam, garantem a proteção das vítimas de bullying.
A descrição e apresentação dos métodos e assunto tratado está dividida
em três etapas: levantamento bibliográfico, por meio da pesquisa bibliográfica,
pesquisa de campo e resultados esperados.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

No âmbito escolar o bullying tem sido citado como uma forma sutil de
violência que passa despercebida por ser confundido com brincadeiras ou por não
ser denunciado por suas vítimas que se apresentam indefesas perante as
agressões. Neste contexto, nosso objetivo é investigar o problema do bullying sob a
perspectiva do professor.

O instrumento de coleta de dados foi um questionário, composto por doze


perguntas alternadas entre abertas e fechadas dividido em duas partes. A primeira
constava de dados do perfil sócio profissional dos educadores, tais como idade,
sexo, tempo de atividades pedagógicas e formação acadêmica; e a outra parte
continha questões diretamente relacionadas ao conhecimento do profissional acerca
do bullying assim como aos procedimentos utilizados para seu enfrentamento ou
prevenção, e também questões relacionadas à violência nas escolas de maneira
geral.

Mesmo que reconheçamos a verdade presente nas respostas obtidas,


destacamos que por vezes foi possível perceber que os professores entrevistados
deram como respostas aquilo que acreditam ser a resposta certa, até porque
conhecem o assunto e vêm na mídia, tendo em vista que o fenômeno do bullying é
um dos assuntos mais abordados em nossa sociedade. Essa percepção foi
constatada pela observação das aulas ministradas pelas professoras.
Assim, a pesquisa de campo foi desenvolvida em cinco escolas da rede
pública de Montes Claros – MG, e teve como participantes 20 professores de das
séries finais do Ensino Fundamental e também do Ensino Médio, que lecionam as
disciplinas de Português, Geografia, Ciências, Biologia e História. A pedido da
escola e dos professores, estes não terão suas identidades reveladas nesta
pesquisa. Em um primeiro momento da pesquisa de campo foram observadas aulas
ministradas por professores participantes da amostra deste estudo. Em segundo
momento foi aplicado o questionário.
Os dados levantados pelo questionário revelaram que 20% dos educadores
que participaram do estudo têm até dois anos de experiência profissional na área,
outros 30% têm entre três e cinco anos de experiência, outros 40% têm entre seis e
dez anos e apenas 10% trabalham a mais de dez anos como professor; 70%
possuem idade entre 21 e 40 anos; 40% são do sexo masculino; 90% já concluíram
o Ensino superior; 10% estão cursando o Ensino Superior. Conforme podemos
verificar na representação gráfica a maioria dos professores já concluiu o Ensino
Superior.

Gráfico 1: Escolaridade dos professores

Entretanto, de acordo com as respostas dos questionários apenas 20%


concluíram a pós- -graduação e 5% estão cursando pós - graduação. Percebemos
que os educadores são jovens e de modo geral têm experiência não muito grande
no trabalho com educação e pouco investimento na formação continuada.
Iniciando as perguntas direcionadas ao assunto bullying através do
questionário, perguntamos aos professores como eles compreendem o bullying e
40% deles entendem como agressão física e psicológica, enquanto os outros 60%
acreditam que violência escolar é o termo que melhor especifica o problema
abordado.
Gráfico 2: Entendimento do bullying

A maior parte dos professores indica a violência escolar como melhor forma
de especificar o bullying por endossarem as ideias de Fante (2005) que afirma que o
bullying "É uma das formas de violência que mais cresce no mundo”.
Prosseguindo as análises das respostas dos professores ao questionário,
apresentamos a eles alguns comportamentos considerados agressivos ou violentos
para que eles indicassem quais eles percebem com maior frequência nas salas de
aula. Diante dessa questão construímos uma tabela para melhor visualização das
informações. (ver tabela 1 na página seguinte).
Percebemos por meio dessas informações que a agressão verbal e o
apelido humilhante são os comportamentos mais frequentes indicados pelos
professores indicando 80% das ocorrências. Em seguida, temos o desinteresse e os
gestos ofensivos com 50% das indicações de comportamentos agressivos ou
violentos mais frequentes. A agressão física, a intimidação e a exclusão de um
grupo de amizade representaram 30% dos comportamentos assinalados. Os
empurrões representaram 20% de frequência, enquanto os danos a objetos e
móveis da sala e agressão de vários alunos direcionada a um só aluno tiveram 10%.
De acordo com essas informações os comportamentos considerados como
bullying na maioria dos casos são de cunho moral ou psicológico, tendo em vista
que em 80% dos casos indicados pelos professores as vítimas sofrem com
agressões verbais e apelidos humilhantes e nesses casos remetemos as ideias de
Fante (2005) que alerta que a ação maléfica do bullying ”traumatiza o psiquismo de
suas vitimas, provocando um conjunto de sinais e sintomas muito específicos,
caracterizando uma nova síndrome”, denominada de Síndrome de Maus Tratos
repetitivos, onde a criança estará predisposta a reproduzir a agressividade sofrida ou
a reprimi-la, causando danos ao seu processo de socialização.

Tabela 1: Frequência de comportamentos agressivos ou violentos

Comportamento Frequência
Agressão física 30%
Agressão verbal 80%
Empurrões 20%
Desinteresse 50%
Extorsão (emprego de força ou ameaça
para a obtenção de um bem)
Intimidação (assustar, apavorar como 30%
meio de controle do outro)
Danos aos objetos e móveis da sala 10%
Agressão de vários alunos dirigida a um 10%
só aluno
Roubo
Gestos ofensivos 50%
Exclusão de um aluno de um grupo de 30%
amizade
Implicância 60%
Espalhar boatos maldosos
Arremessar objetos contra outro aluno
Chamar um aluno por um apelido que 80%
humilha

Segundo os professores participantes da pesquisa ao identificarem o aluno


que comete bullying em 40% dos casos esses alunos são encaminhados para o
setor pedagógico e em 60% das ocorrências procuram conversar e orientar o aluno
em parceria com o setor pedagógico.
Quanto ao aluno que sofre bullying, os educadores relatam que na maioria
dos casos, (90% das respostas dos professores) ele é um indivíduo tímido e
introvertido. Por outro lado 10% dos participantes do estudo percebem o aluno
vítima de bullying com alguém que aparenta grande fragilidade. E por acreditarem
que as vítimas de bullying se comportam de maneira diferente os professores
endossam a afirmação de Fante (2005) que diz que as consequências do bullying,
em relação às vítimas do bullying são graves e abrangentes, podendo causar
desinteresse pela escola, demonstrando dificuldades de aprendizagem, rendimento
escolar abaixo da média, ou ainda a evasão escolar. Por isso, os educadores
acreditam ainda que as vítimas de bullying não alcancem o mesmo rendimento
escolar dos demais alunos.
Outro dado indicado pelas respostas dos professores é que o bullying
também se dá relacionado a comportamentos preconceituosos dentro da sala de
aula e em 100% das respostas os aspectos raciais e financeiros foram citados como
propulsores da prática de bullying.
Os participantes da pesquisa relataram que as escolas onde trabalham têm
estratégias para detectar o bullying que é a observação e análise comportamental, e,
quando é constatado o fato, o método utilizado é acompanhamento do aluno
agressor e a vítima com pedagogo e família em 30% dos casos; com psicopedagogo
e família em 20% dos casos e com professores, psicólogo e pedagogo em 50% dos
casos. E para 100% dos docentes participantes a família contribui para que os
comportamentos agressivos considerados bullying ocorram, já que o comportamento
na escola é o reflexo da educação recebida em casa, e consequentemente das
ações praticadas ou vivenciadas dentro do seio familiar.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

No âmbito escolar o bullying tem sido citado como uma forma sutil de
violência que passa despercebida por se confundido com brincadeiras ou por não
ser denunciado por suas vítimas que se apresentam indefesas perante as
agressões.
Assim sendo, este tema é de extrema relevância no contexto atual das
escolas, sendo urgente que medidas sejam efetivadas via políticas e práticas
educativas que efetivem sua redução e sua prevenção. As escolas devem procurar
identificar a ocorrência de bullying e outras formas de violência nas relações
interpessoais, visando a sua erradicação.
Compreendemos por meio da pesquisa bibliográfica que há grande
dificuldade em reconhecer o bullying, isso pode ocorrer, também, segundo Fante
(2005, p. 16), porque as vítimas normalmente sofrem caladas, com medo de expor a
situação de repressão e acabam ficando presas a tal violência, acarretando diversas
implicações no seu próprio desenvolvimento.
Através do questionário respondido por professores, confirmamos essa ideia
de Fante (2005) que afirma que é difícil constatar o bullying e a ausência da
percepção sobre o sofrimento da criança ou adolescente pode reforçar a
fragmentação do entendimento do fenômeno que os professores demonstram ao
tentar lidar, sem sucesso, com tal situação.
Percebemos por meio desse estudo que ainda há a necessidade de se
incorporar ações de prevenção e controle da violência. E para realizar essa tarefa a
escola necessita do apoio da comunidade, da família, da sociedade bem como das
Secretarias de Educação, Saúde, dentre outras instituições.

Através da junção da pesquisa bibliográfica com a pesquisa de campo foi


possível alcançar o objetivo geral de analisar o problema do bullying em escolas da
rede estadual de Montes Claros a partir da perspectiva dos educadores, partindo da
pesquisa bibliográfica para conhecer as consequências do bullying dentro do âmbito
escolar, identificando os fatores que contribuem para a prática do bullying, para em
seguida através da pesquisa de campo por meio da observação das aulas dos
professores participantes da pesquisa e das respostas dadas ao questionário
analisar a compreensão dos professores em relação ao problema.

Compreendemos ainda que o problema do bullying devido aos danos físico-


emocionais sofridos por aqueles que estão envolvidos nele conforme nos alerta
Fante (2005) passou a ser considerado um problema de saúde pública, por isso, é
um problema que faz parte das políticas públicas.

O bullying passa então, a ser considerado uma das manifestações concretas


da questão social, demarcando o padrão de sociabilidade da sociedade
contemporânea e, dessa forma, passa a fazer parte da demanda do Serviço Social,
uma vez que o objeto de intervenção do assistente social é a questão social.
ANEXOS
ANEXO – A - Questionário: A visão dos professores sobre o bullying

1. Idade:_______ Sexo:________

2. Qual a sua formação acadêmica?

( ) Superior Completo.

( ) Superior Incompleto.

( ) Cursando Ensino Superior.

( ) Pós- graduação

( ) Outro: Qual? _______________________________________

3. Há quanto tempo você trabalha como professor?

( ) Até dois anos.

( ) De três a cinco anos.

( ) De seis a dez anos.

( ) Mais de dez anos.

4. O que você compreende sobre o “bullying”?

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___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

5. Você já presenciou casos de bullying em sua sala de aula?

( ) Sim.
( ) Não.

6. Na lista abaixo sugerimos 15 comportamentos considerados agressivos ou


violentos. Dentre eles assinale aqueles que você percebe com maior frequência
dentro das salas de aula que você atua.

( ) Agressão física
( ) Agressão verbal
( ) Empurrões
( ) Desinteresse
( ) Extorsão (emprego de força ou ameaça para obtenção de um bem)
( ) Intimidação (assustar, apavorar como meio de controle do outro)
( ) Danos aos objetos e móveis da sala
( ) Agressão de vários alunos dirigida a um só aluno
( ) Roubo --
( ) Gestos ofensivos
( ) Exclusão de um aluno de um grupo de amizade
( ) Implicância
( ) Espalhar boatos maldosos
( ) Arremessar objetos contra outro aluno
( ) Chamar um aluno por um apelido que humilha

7. Quando você identifica a aluno que comete bullying, como se dá o seu


relacionamento com esse aluno?

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___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
8. Como é o comportamento do aluno que sofre bullying?

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___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

9. Você acredita que os adolescentes que sofrem bullying pelos colegas, têm o
mesmo rendimento que os demais?

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___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
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10. Você relaciona o bullying a comportamentos preconceituosos dentro de sala de


aula, relacionados a fatores culturais, raciais ou financeiro por parte de alguns
alunos?

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___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
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11. A escola tem alguma estratégia para detectar a prática do bullying? E, se
descoberto, qual é o método utilizado para o aluno agressor e o aluno agredido?

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___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
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12. Em sua opinião, a família contribui para que o adolescente cometa tais
comportamentos agressivos?

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___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
Esquema do TCC

Introdução – Justificativa 3

objetivos - 1 página

Desenvolvimento - Referencial bibliográfico –

Material e métodos – 1 página

Resultados e discussões – 4 páginas

Considerações finais – 2 páginas

http://meuartigo.brasilescola.com/educacao/as-contribuicoes-servico-social-para-
realidade-escolar-.htm

http://www.arcos.org.br/artigos/consequencias-e-implicacoes-do-bullying-
nos-envolvidos-e-no-ambiente-escolar/

http://chartgen.blogspot.com.br/

Jornal Mundo Jovem, edição nº 364, março de 2006, páginas 2 e 3.

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