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estruturalismo

Nos anos 60, desenvolveu-se, sobretudo na França, uma corrente científica (iniciado na lingüística e na antropologia social) chamada
estruturalismo. Para os estruturalistas, o mais importante não é a mudança ou a transformação de uma realidade (de uma língua, de uma
sociedade indígena, de uma teoria científica), mas a estrutura ou a forma que ela tem no presente.

A estrutura passada e a estrutura futura são consideradas estruturas diferentes entre si e diferentes da estrutura presente, sem que haja
interesse em acompanhar temporalmente a passagem de uma estrutura para outra. Assim, o estruturalismo científico desconsidera a posição
filosófica de tipo hegeliano, tendo maior afinidade com a kantiana. O estruturalismo teve uma grande influência sobre o pensamento filosófico e
isso se refletiu na discussão sobre a razão.

Se observarmos bem, notaremos que a solução hegeliana revela uma concepção cumulativa e otimista da razão:

Cumulativa: Hegel considera que a razão, na batalha interna entre teses e antíteses, vai sendo enriquecida, vai acumulando conhecimentos cada
vez maiores sobre si mesma, tanto como conhecimento da racionalidade do real (razão objetiva), quanto como conhecimento da capacidade
racional para o conhecimento (razão subjetiva).

Otimista: para Hegel, a razão possui força para não se destruir a si mesma em suas contradições internas; ao contrário, supera cada uma delas e
chega a uma síntese harmoniosa de todos os momentos que constituíram a sua história.

Influenciados pelo estruturalismo, vários filósofos franceses, como Michel Foucault, Jacques Derrida e Giles Delleuze, estudando a história da
Filosofia, das ciências, da sociedade, das artes e das técnicas, disseram que, sem dúvida, a razão é histórica - isto é, muda temporalmente - mas
essa história não é cumulativa, evolutiva, progressiva e contínua. Pelo contrário, é descontínua, se realiza por saltos e cada estrutura nova da
razão possui um sentido próprio, válido apenas para ela.

Dizem eles que uma teoria (filosófica ou científica) ou uma prática (ética, política, artística) são novas justamente quando rompem as concepções
anteriores e as substituem por outras completamente diferentes, não sendo possível falar numa continuidade progressiva entre elas, pois são tão
diferentes que não há como nem por que compará-las e julgar uma delas mais atrasada e a outra mais adiantada.

Assim, por exemplo, a teoria da relatividade, elaborada por Einstein, não é continuação evoluída e melhorada da física clássica, formulada por
Galileu e Newton, mas é uma outra física, com conceitos, princípios e procedimentos completamente novos e diferentes. Temos duas físicas
diferentes, cada qual com seu sentido e valor próprio.

Não se pode falar num processo, numa evolução ou num avanço da razão a cada nova teoria, pois a novidade significa justamente que se trata
de algo tão novo, tão diferente e tão outro que será absurdo falar em continuidade e avanço. Não há como dizer que as idéias e as teorias
passadas são falsas, erradas ou atrasadas: elas simplesmente são diferentes das outras porque se baseiam em princípios, interpretações e
conceitos novos.

Em cada época de sua história, a razão cria modelos ou paradigmas explicativos para os fenômenos ou para os objetos do conhecimento, não
havendo continuidade nem pontos comuns entre eles que permitam compará-los. Agora, em lugar de um processo linear e contínuo da razão,
fala-se na invenção de formas diferentes de racionalidade, de acordo com critérios que a própria razão cria para si mesma. A razão grega é
diferente da medieval que, por sua vez, é diferente da renascentista e da moderna. A razão moderna e a iluminista também são diferentes, assim
como a razão hegeliana é diferente da contemporânea.

MOVIMENTO ESTRUTURALISTA

A Teoria Estruturalista surgiu para completar a Escola Clássica e a de Relações Humanas, tendo como apoio o movimento democrático.

A idéia é que o todo é maior que a soma das partes. Assim, a organização é um todo complexo e organizado e somente funciona quando há
coesão, interdependência entre todas as partes da organização.

Os estudiosos da Escola de Relações Humanas, mais ligados às Ciências Sociais davam ênfase ao aspecto psicológico e social, valorizando as
relações informais e o aspecto da liderança. Tinham uma visão um tanto utópica a respeito do ser humano. Assim, os modelos eram incompletos,
pois enxergavam somente partes de um todo complexo chamado organização. Era necessário então aprimorar os conceitos passados por essas
duas escolas, pois não estavam totalmente errados, mas incompletos.

Neste sentido, o estruturalismo é uma síntese da Teoria Clássica (formal) e da Teoria das Relações Humanas (informal): "Encontrar equilíbrio
entre os elementos racionais e não-racionais do comportamento humano constitui um ponto principal de vida, da sociedade e do pensamento
moderno". Organização formal refere-se, geralmente, ao padrão de organização determinado pela administração: o esquema de divisão do
trabalho e o poder de controle, as regras e os regulamentos, o controle de qualidade, entre outras. A organização informal refere-se às relações
sociais que se desenvolvem espontaneamente entre o pessoal ou trabalhadores, acima e além da formal.

O estruturalismo critica a visão ingênua e romântica da Teoria das Relações Humanas e a substitui por uma visão de abordagem múltipla da
organização formal e informal. Segundo essa abordagem múltipla, a organização formal deve ser estudada levando em consideração a
organização informal e vice-versa. Ambas estão intimamente relacionadas entre si e se interpenetram mutuamente. O entendimento de uma
somente será completo com o estudo da outra.

Os estruturalistas procuraram estudar as empresas com seus múltiplos departamentos, e também a sociedade em geral com suas variadas
organizações. Para eles a sociedade é composta de organizações e também de homens organizacionais. Eles desempenham diferentes papéis em
empresas públicas e privadas com ou sem fins lucrativos.
A denominação de homem organizacional se dá porque o homem participa de várias organizações ao longo de sua vida e está constantemente
participando de organizações que em geral têm normas e princípios a serem respeitados. Primeiramente existe uma organização chamada família,
depois uma instituição religiosa, freqüenta uma escola, é sócio de um clube, trabalha em uma empresa e assim por diante.

As principais características de um homem organizacional são:

 Flexibilidade: O homem deve ser flexível para adaptar-se ás diversidades dos papéis desempenhados na empresa, principalmente
estar preparado para novas relações e possíveis desligamentos. Deve ser flexível também para acompanhar as mudanças em geral que
ocorrem na sociedade e não simplesmente em relação ao trabalho.
 Tolerância às frustrações: o homem deve encontrar o equilíbrio ideal para os conflitos de interesses (necessidades da empresa x
necessidades individuais), para não se abalar com desgastes emocionais, muitas vezes em função da rigidez e formalidade da
organização.
 Capacidade de adiar recompensas e poder compensar o trabalho rotineiro dentro da organização, em detrimento das preferências e
vocações pessoais por outros tipos de atividade profissional.
 Permanente desejo de realização, para garantir a conformidade e cooperação com as normas que controlam e asseguram o acesso
às posições de carreira dentro da organização, proporcionando recompensas e sanções sociais e materiais.

A teoria estruturalista analisa as empresas como sistemas abertos em constante interação com seu meio ambiente, pois o que ocorre dentro da
empresa é muitas vezes reflexo de fenômenos externos. Normalmente a administração buscava solucionar os problemas a partir de efeitos
encontrados na organização e não na busca das verdadeiras causas do problema. Na visão dos estruturalistas os problemas devem ser analisados
com as variáveis internas e externas conjuntamente. Esta análise é feita dentro de uma abordagem ampla. Procura-se estudar a organização
formal e informal e levam em consideração as sanções e os incentivos materiais e sociais no comportamento das pessoas.

Outro diferencial na teoria estruturalista é que abrange todo tipo de organização, desde as empresas industriais com fins lucrativos aos partidos
políticos, estudando seus níveis hierárquicos e suas relações com o ambiente externo. Neste todo se incluem organizações pequenas, médias,
grandes, públicas, privadas, industriais, comerciais, prestação de serviços, militares, religiosas, prisões, sindicatos e filantrópicas.

movimento estruturalista, manifestado em vários domínios do conhecimento científico, ganhou extensão considerável, pois sua essência mais
pura, consiste em conhecer o objeto situando-o em sua estrutura onde se encontra integrado e, posteriormente, em estruturas mais amplas. Esta
estrutura define-se como um conjunto formado de elementos dispostos de tal modo que cada um depende dos outros, a ponto de só poderem ser
o que são em função do seu relacionamento estreito com os outros.

CONTRIBUIÇÕES PRINCIPAIS

AMITAI ETZIONI

Contribuiu para a primeira classificação de organizações: especializada, não especializada e de serviços.

Desenvolveu um trabalho em que obteve uma classificação das organizações considerando suas diferentes tipologias e utilizando como base para
isso a análise comparativa do controle e da autoridade.

Obteve deste trabalho às classificações das organizações em três diferentes categorias:

 Organizações especializadas – co atividades de alto nível de especialização de seu pessoal, tendo como fator predominante de
autoridade a técnica.
 Organizações não especializadas – aquelas envolvidas com atividades de produção de bens. Onde há possibilidade de definir objetivos
específicos e controle de metas.
 Organizações de serviços – o próprio nome já define a sua atividade. A característica diferenciadora dessas organizações é que as
pessoas não são vinculadas à sua organização, tendo uma atividade temporária definida pela Tarefa Específica de assessoria ou
pesquisa. A vinculação se dá por contrato.

PETER BLAU E RICHARD SCOTT

Estudaram as organizações do ponto de vista formal e informal.

Em sua obra editada em 1962, denominada Organizações formais, esses autores consideraram como ponto de partida os conceitos da Escola
Weberiana e as classificações dos tipos de organizações apresentadas anteriormente, e procuram examinar os conflitos que existem entre os
fatores internos e externos da organização. Internos são os membros da organização e externos são considerados o público que essa organização
atende. A interação entre esses dois elementos gera conflitos de dois tipos: o que deve ser considerado organização formal e informal e qual deve
ser a relação cliente/organização.

Para o estudo dessas categorias de organizações houve necessidade de estudar as relações entre os membros das organizações e seus clientes,
resultando daí as descobertas sobre possíveis conflitos cliente/organização. Esses autores afirmam que toda a organização seja qual for o grupo
de interesses, devem servir, ter contatos regulares com pessoas que não fazem parte do seu quadro. Essas pessoas têm influências consideráveis
na estrutura e no funcionamento das organizações.

Para solucionar esses conflitos e tornar a organização mais eficaz, propuseram uma mudança organizacional, a partir da análise dos grupos
formais e informais, do sistema de comunicação, de liderança e dos mecanismos de controle organizacionais.

PHILIP SELZNICK

Iniciou o estudo da adaptação do sistema formal ao ambiente em que atua.


Partindo do conceito de que a organização é um sistema de atividades ou forças conscientemente coordenadas, entre duas ou mais pessoas,
conclui que a organização formal constitui a expressão estrutural da ação racional. Para este autor, a análise estrutural da ação racional é
necessária para permitir conhecer as necessidades básicas que fazem com que este sistema formal seja adaptável às influências do ambiente.

Para essa manutenção ser possível, o autor caracteriza alguns imperativos a serem considerados em qualquer processo de mudança:

 A segurança da organização como um todo em relação ás forças no seu ambiente.


 A estabilidade das linhas de autoridade e comunicação.
 A estabilidade das relações informais entre indivíduos e grupos.
 A estabilidade do programa de trabalho e das fontes de origem.
 A homogeneidade de perspectiva com relação aos objetivos e papel da organização.

VITOR C. THOMPSON

Faz uma abordagem sociológica que determina a estrutura do comportamento e a interação entre diferentes grupos.

A abordagem de Thompson é mais sociológica, concentrando-se sobre determinantes estruturais do comportamento, tentando analisá-lo
funcionalmente. Para ele, entendem-se por "estrutura" as qualidades persistentes ou os elementos dados nas condições ambientais de escolha ou
ação que tornam possível explicar e prever a ação. Por "função" entende-se o resultado prático de uma ação, relação, acontecimento em relação
a algum valor ou grupo de valores. Já o "cargo", entende-se por um sistema de direitos e deveres em uma situação de interação. Sua
preocupação é com o impacto das várias atividades e relações organizacionais sobre estes conjuntos de valores.

O conflito maior nas organizações é representado pelos defensores de funções dentro da estrutura burocrática versus os especialistas cada vez
mais necessários dentro do sistema organizacional. A livre comunicação entre grupos de especialistas, como forma de tomada de decisões e
soluções de problemas de maneira mais criativa e eficaz. O controle hierárquico da comunicação oficial tende a dividir a organização.

Para ele o fracasso é atribuído as pessoas, os chefes representam a personalidade ideal e a preocupação do indivíduo faz com que ele perca a
noção de conjunto da organização. Isto só poderá diminuir quando for reconhecidas a necessidade de interação e mútua dependência entre eles.

TALCOTT PARSONS

Descreve a organização em termos macro e micro.

A finalidade da organização em termos macro econômicos refere-se a função de combinar os fatores de produção de modo a facilitar a obtenção
efetiva do objetivo da organização, nos seus aspectos econômicos ou relativos ao consumo de fatores. Em sua visão a organização é significativa
em uma perspectiva em longo prazo, e esta envolvida em processo de mudança estrutural na sociedade dentro de uma conotação
empreendedora.

A organização no sentido microeconômico e um fator essencial em todo funcionamento empresarial. Pelo estudo do nível do micro da organização
é possível fazer mudanças e ajustamentos necessários nas suas atividades, complementando assim sua finalidade macroeconômica.

CONCLUSÃO

Podemos dizer que o Movimento Estruturalista veio "equilibrar" as relações humanas, de maneira que o homem deixasse de ser visto como uma
máquina e passasse a ser considerado um pouco mais, porém sem exageros.

Válido mencionar a influência de Max Weber no Estruturalismo, pois a partir de suas teorias que se pôde visualizar claramente pontos como:
hierarquia, com definição dos direitos e deveres dos ocupantes dos cargos; divisão de trabalho; impessoalidade nas relações interpessoais;
promoção e seleção de emprego baseada na competência técnica; entre outros. Portanto, Weber veio "por ordem" nas organizações, sendo
porém criticado por alguns autores que acreditavam ser muito rígido o modelo desenvolvido.

O Estruturalismo veio mostrar que o homem não é uma peça mecânica e nem mesmo uma flor intocável, ele simplesmente é um integrante das
diversas organizações existentes, com papel claramente definido. Podemos afirmar que o homem depende das organizações para sobreviver e
estas dependem do homem para existirem.

Nos dias atuais, podemos ver claramente os traços deixados por esta escola nos homens: Flexibilidade (quem não se adapta às mudanças não
sobrevive); Tolerância às frustrações (num mundo globalizado, temos que aprender a tolerar frustrações, pois sempre haverá alguém mais rico
que nós, alguém mais bonito, alguém mais bem sucedido); Capacidade de adiar recompensas (o homem busca satisfação pessoal, e não somente
sobrevivência) e Permanente desejo de realização (sempre se espera reconhecimento pelo cumprimento às tantas regras existentes e pelo
emprenho e dedicação).

Temos claramente definido dentro de nós o lugar a ser ocupado nas diversas organizações que participamos (família, emprego, igreja, clubes,
etc), e o devido papel a ser desempenhado; será que autores como Etzioni, Selznick, Thompson, Blau, Scott, Weber; imaginavam o tamanho da
contribuição que estavam deixando quando desenvolveram suas teses? Pode ser que não, mas com certeza já eram "homens modernos".

BIBLIOGRAFIA

Introdução à Administração de Empresas

Gilmar Masiero

Editora Atlas S/A - 1996


Teoria Geral da Administração

Eunice Lacava Kwasnicka

2a Edição

Editora Atlas S/A - 1995

Teoria Geral da administração

Abordagens descritivas e Explicativas – Vol.2

5a Edição

Idalberto Chiavenato

Editora Afiliada (MAKRON Books)

Teoria Geral da Administração

A Análise Integrada das Organizações

2a Edição

Cyro Bernardes

Editora Atlas S/A - 1993

CONCEITO

Estruturalismo é a teoria que preocupa-se com o todo e com o relacionamento das partes na constituiçao do todo. A totalidade, a
interdependencia das partes e o fato de que o todo é maior do que a simples soma das partes sao suas características básicas.

Organizações

As organizaçoes sao uma forma de instituiçao, predominante em nossa sociedade altamente especializada e interdependente. Elas permeiam
todos os aspectos da vida moderna e envolvem atençao, tempo e energia de numerosas pessoas. Possuem uma estrutura interna e interagem
com outras organizaçoes.

Pode-se citar como exemplo, as corporaçoes, os exércitos, as escolas, os hospitais, as igrejas e as prisoes.

Uma organizaçao tem um objetivo, uma meta, e para que este seja alcançado com mais eficiencia, é necessário que haja uma relaçao estável
entre as pessoas, sendo estas relaçoes sociais estáveis criadas deliberadamente, para atingir determinado fim.

Existe um tipo específico de organizaçao, as chamadas organizaçoes formais.

"..constituem uma forma de agrupamento social, que é estabelecido de uma maneira deliberada ou proposital para alcançar um objetivo
específico. ...é caracterizada principalmente pelas regras, regulamentos e estrutura hierárquica que ordenam a relaçao entre seus membros”.

Isto estabelece um relacionamento formal entre as pessoas, reduzindo as imprevisibilidades do comportamento humano, regulando as relaçoes
entre as pessoas e facilitando a administraçao da organizaçao.

Dentre as organizaçoes formais existem as chamadas organizaçoes complexas. Devido ao seu grande tamanho ou natureza complicada das
operaçoes ( como os hospitais e universidades), sua estrutura e processo apresentam alto grau de complexidade. A convergencia dos esforços
entre as partes componentes (departamentos, seçoes) é dificultada por fatores como a diferenciaçao das características pessoais e ao enorme
tamanho da organizaçao.

O Homem Organizacional

O homem organizacional é aquele que desempenha diferentes papéis em diversas organizaçoes e, para isto, precisa ter certas características de
personalidade:

 Flexibilidade, devido a diversidade de papéis desempenhados e as constantes mudanças que ocorrem na vida moderna;
 Tolerância rs frustraçoes, para evitar o desgaste emocional decorrente do conflito entre as necessidades organizacionais e pessoais;
 Capacidade de adiar as recompensas e poder compensar o trabalho rotineiro dentro da organizaçao em detrimento das preferencias
ou vocaçoes pessoais;
 Permanente desejo de realizaçao, ou seja, adaptaçao rs normas que possibilitam o acesso a postos de carreira dentro da
organizaçao.

As características acima nem sempre sao exigidas em nível máximo pelas organizaçoes, sua composiçoes e combinaçoes dependerao da
organizaçao e do cargo a ser ocupado.

A necessidade do homem relacionar seu comportamento com o de outras pessoas, com o fim de atingir um objetivo, gera a organizaçao social.
Na organizaçao social encontramos o elemento comportamento, gerado pelo estímulo e o elemento estrutura, que sao categorias de
comportamentos ou conjuntos de comportamentos agrupados. Nesta organizaçao, as pessoas desempenham determinados papéis.

“Papel é um nome dado a um conjunto de comportamentos solicitados a um pessoa. Papel é a expectativa de desempenho por parte do grupo
social e a consequente internalizaçao dos valores e normas que o grupo explícita ou implicitamente prescreve para o indivíduo".

Um indivíduo desempenha vários papéis, pois participa de diversas organizaçoes e grupos, suportando, por isto, um grande número de normas
diferentes. Estas normas sao direcionadas para restringir o papel do homem, para uniformizar o comportamento de dois ou mais membros do
grupo ou organizaçao. Desta forma, com um comportamento mais uniforme, o risco de surgirem conflitos é menor e a administraçao da
organizaçao torna-se mais fácil.

MARXISMO

Dialético - Único método cientifico de conhecimento, é a ciência das leis mais gerais do desenvolvimento da natureza, da sociedade e do
pensamento, e leva em conta o processo permanente de mudanças. É parte integrante da filosofia marxista e se constitui num guia para a ação
revolucionária do partido proletário. Contrapõe-se a toda metafísica e, ainda, ao método dialético idealista de Hegel. Para o método do
Materialismo Dialético a base do desenvolvimento do mundo é objetiva e real, a natureza é material, enquanto que a consciência e as idéias são
reflexos do mundo. A oposição entre o método dialético marxista e o método idealista hegeliano expressa a oposição entre as concepções do
mundo da burguesia e da classe operária. "Não é a idéia que determina o ser, mas o ser que determina a consciência" (Marx, Contribuição à
Crítica da Economia Política).

Materialismo Histórico Dialético - Também denominado concepção materialista da História. É a ciência das leis mais gerais da evolução social
pela aplicação desse método aos fenômenos sociais. Revela que, em primeiro lugar, os homens precisam comer, beber, vestir-se, abrigar-se,
etc., ou seja, reproduzir suas condições materiais de vida. Encontra, portanto, a correspondente fase econômica de desenvolvimento dos povos e
de uma época, a partir do que se desenvolvem as instituições políticas, as concepções jurídicas, as idéias artísticas e, inclusive, as idéias
religiosas.

Na percepção de Marx, a primeira condição de toda a história é a existência de seres humanos vivos, isto é, o primeiro ato histórico desses
indivíduos, por meio do qual eles se diferenciam dos animais, não é o fato de eles pensarem, mas o de começarem a produzir seus meios de
existência.

Segundo Marx, o que os indivíduos são depende, portanto, das condições materiais da sua produção. A partir daí, os homens procuram trabalho
para garantir as suas necessidades básicas de sobrevivência. Por conseguinte, os homens, ao produzirem seus meios de existência através do
trabalho, produzem indiretamente a própria vida material e imaterial (idéias, crenças etc.). A produção desses meios de sobrevivência depende
da natureza dos meios de existência já encontrados e que eles precisam reproduzir.

É a partir da criação da necessidade, da satisfação da necessidades e da recriação de necessidades que o homem diferencia-se do animal e
produz e dá movimento à história. A partir da divisão do trabalho o homem evolui para o aperfeiçoamento da tecnologia e para o individualismo.
Os homens vão se distanciando uns dos outros e, com isso, efetiva-se o processo de alienação do trabalhador. A partir disso, configura-se a
exploração do seu trabalho, particularmente no sistema capitalista. Sem prestar atenção ao fator humano, sem preocupar-se com os desejos e
necessidades humanas, a classe dominante no capitalismo joga a classe dominada à margem da ruína, efetivando por assim dizer, a alienação da
mesma. Para Marx, a sociedade divide-se em infra-estrutura ( é a estrutura econômica, formada das relações de produção e forças produtivas ) e
super- estrutura ( dividido em estrutura jurídico- política e estrutura ideológica ). Estas formam um conjunto de idéias que determina a classe
social que, através de sua ideologia, defende seus interesses.

Principais ideias Marxistas:

Forças Produtivas - Expressam a posição do homem com relação às coisas e às forças da natureza utilizadas para a criação dos bens materiais.
A situação das forças produtivas indica com que instrumentos de trabalho os homens estão produzindo os bens materiais e expressa o
comportamento da sociedade para com as forças da natureza. O desenvolvimento das forças produtivas e dos instrumentos de trabalho constitui
a base da evolução do modo de produção dos bens materiais

Relações de Produção - Indicam a quem pertencem os meios de produção e expressam as relações que os homens travam entre si no processo
de trabalho. Todo o sistema da vida social, assim como a infra-estrutura da sociedade são determinados pelo caráter das relações sociais de
produção, que influenciam o desenvolvimento das forças produtivas. Das relações de produção dependem as leis econômicas de cada modo de
produção, as condições de vida e de trabalho dos trabalhadores e outros fatores que influem sobre o desenvolvimento das forças produtivas.

O Modo de Produção constitui a base do regime social e determina o seu caráter, inclusive a forma de organização da sociedade. A história do
desenvolvimento da sociedade é a história do desenvolvimento da produção, que se diferencia em várias etapas históricas.

As forças produtivas constituem as condições materiais de toda a produção. Qualquer processo de trabalho implica: determinados objetos, isto é,
matérias-primas identificadas e extraídas da natureza; e determinados instrumentos, isto é, conjunto de forças naturais já adaptadas e
transformadas pelo homem, como ferramentas ou máquinas, utilizadas segundo uma orientação técnica específica.
As relações de produção são a forma pelas quais os homens se organizam para executar a atividade produtiva. Elas se referem às diversas
maneiras pelas quais são apropriados e distribuídos os elementos envolvidos no processo de trabalho: as matérias-primas, os instrumentos, os
próprios trabalhadores e o produto final. Assim, as relações de produção poder ser: escravistas (como na antigüidade), servis (como na Europa
feudal), capitalistas (como na indústria moderna). Forças produtivas e relações de produção são condições naturais e históricas de toda atividade
produtiva que ocorre em sociedade. A forma pela qual ambas existem e são reproduzidas numa determinada sociedade constitui o que Marx
denominou de modo de produção. Para Marx, o estudo do modo de produção é fundamental para se compreender como se organiza e funciona
uma sociedade. As relações de produção, nesse sentido, são consideradas as mais importantes relações sociais. Das relações de produção
dependem as leis econômicas de cada modo de produção, as condições de vida e de trabalho dos trabalhadores e outros fatores que influem
sobre o desenvolvimento das forças produtivas.

As formas de família, as leis, a religião, as idéias políticas, os valores sociais são aspectos cuja explicação depende, em princípio, do estudo do
modo de produção. A história do homem é, portanto, a história do desenvolvimento e do colapso de diferentes modos de produção que são
modos de se conseguir os meios de vida materiais, necessários para a sobrevivência dos homens e o desenvolvimento da sociedade.
Historicamente, cada modo de produção representa a unidade das forças produtivas e das relações sociais de produção, o que pode ser visto
numa dada Formação Histórica

Analisando a história, Marx identificou alguns modos de produção específicos: sistema comunal primitivo, modo de produção asiático, modo de
produção antigo, modo de produção germânico, modo de produção feudal, e modo de produção capitalista. As relações sociais são inteiramente
interligadas às forças produtivas. Adquirindo novas forças produtivas, os homens modificam o seu modo de produção, a maneira de ganhar a
vida, modificam todas as relações sociais.

Cada qual representa passos sucessivos no desenvolvimento da propriedade privada e do advento da exploração do homem pelo homem. Em
cada modo de produção, a desigualdade de propriedade, como fundamento das relações de produção, cria contradições básicas com o
desenvolvimento das forças produtivas. Essas contradições se acirram até provocar um processo revolucionário, com a derrota do modo de
produção vigente e a ascensão de outro.

Divisão de classes - Burguesia X proletariado

O marxismo mostrou que as classes só existem em períodos históricos determinados do desenvolvimento da sociedade. O aparecimento das
classes deve-se à aparição e ao desenvolvimento da divisão social do trabalho, à aparição da propriedade privada dos meios de produção. A
existência de classes num determinado período histórico pressupõe a luta de classes. - Luta entre proprietários( burguesia )e
explorados( proletariado), é que constitui a principal força motriz do desenvolvimento de todas as formações econômico - sociais divididas em
classes antagônicas.

A história do homem é a história da luta de classes. Para Marx a evolução histórica se dá pelo antagonismo irreconciliável entre as classes sociais
de cada sociedade. Foi assim na escravista (senhores de escravos - escravos), no feudalismo (senhores feudais - servos) e assim é na capitalista
(burguesia - proletariado). Entre as classes de cada sociedade há uma luta constante por interesses opostos, eclodindo em guerras civis
declaradas ou não. Na sociedade capitalista, a qual Marx e Engels analisaram mais intrinsecamente, a divisão social decorreu da apropriação dos
meios de produção por um grupo de pessoas (burgueses) e outro grupo expropriado possuindo apenas seu corpo e capacidade de trabalho
(proletários). Estes são, portanto, obrigados a trabalhar para o burguês. Os trabalhadores são economicamente explorados e os patrões obtém o
lucro através da mais - valia produzida pelos trabalhadores.

A luta de classes é um conflito de interesses. Para que um aumente sua participação na renda nacional, a outra tem que diminuir. Para que o
patrão possa ganhar cada vez mais, o trabalhador tem que ganhar cada vez menos. A luta de classes é intrínseca ao capitalismo, já nasceu com
ele. Não existe capitalismo sem luta de classes.

LUTA DE CLASSES

FRANCISCO ANDRÉ DE OLIVEIRA NETO(*)

A luta de classe no capitalismo é evidenciada pelo desejo da classe detentora dos meios de produção em acumular cada vez mais riqueza ,
enquanto a classe trabalhadora busca uma melhor inserção na economia através de uma distribuição mais justa do lucro - "vis a vis" a mais -
valia.

O lucro, bússola do capitalismo, dá a direção e o rumo dos investimentos. Kalecki afirmou que as decisões de investimento dependem das
expectativas do capitalista. Uma perspectiva de ascensão , faria o nível dos investimentos crescerem enquanto uma perspectiva sombria faria o
nível dos investimentos diminuírem. Eis a explicação para os ciclos econômicos. Os ciclos trazem conseqüências para a sociedade e, em
particular, para a classe assalariada. Se a economia está em expansão, o nível de emprego e dos salários aumenta enquanto que na depressão
tem o efeito contrário.

"...Durante a fase de baixa dos preços de mercado e a de crise e estagnação, o operário, se não for completamente posto no desemprego, está
certo de que terá o seu salário reduzido..."

É possível conciliar queda da taxa de lucro com aumento na taxa de salários? Não!

Marx, demonstrou que a evolução do sistema capitalista invariavelmente desemboca num aumento da composição orgânica do capital com a
conseqüente diminuição da taxa de lucro e que os dois fatores que podem deter a sua queda são: o barateamento dos elementos do capital
constante e o aumento da mais-valia.

O barateamento do capital constante consiste basicamente na redução dos preços da matéria-prima, sendo a concorrência o principal meio de
obter essa redução. Por esse motivo prega-se a globalização da economia como solução para o barateamento da matéria-prima. Marx afirma que
"...o comércio exterior influi na taxa de lucro, mesmo abstraindo toda a influencia do mesmo sobre o salário mediante barateamento dos meios
de subsistência necessários..."

O aumento da taxa de mais-valia se dá pelo prolongamento da jornada de trabalho, pelo barateamento da força de trabalho ou pela compressão
do salário abaixo do valor da força de trabalho.
Como se observa, o capitalismo é um jogo do tipo perde ganha e esperança diferente de ½, e a favor do capital, sendo o tipo do jogo em que se
um ganha o outro perde. A acumulação capitalista é, portanto, antagônica pois o capitalista para impedir a queda da taxa de lucro intensifica a
exploração do trabalhador. Este, por sua vez, luta por melhores salários, menor jornada de trabalho, mais empregos, melhores condições de
trabalho, etc.

"A vontade do capitalista é certamente de ficar com o mais possível. O que temos de fazer não é falar acerca da sua vontade, mas de inquirir do
seu poder, dos limites desse poder e do caráter desses limites."

A luta de classes é um conflito de interesses. Para que um aumente sua participação na renda nacional, a outra tem que diminuir. Para que o
patrão possa ganhar cada vez mais, o trabalhador tem que ganhar cada vez menos. A luta de classes é intrínseca ao capitalismo, já nasceu com
ele. Não existe capitalismo sem luta de classes.

A lei burguesa, por vezes criada para beneficiar o trabalhador, estipula um valor mínimo para o salário;

"Mas, quanto aos lucros, não existe qualquer lei que determine o seu mínimo.(...)Apenas podemos dizer que, sendo dados os limites do dia de
trabalho, o máximo de lucro corresponde ao mínimo físico de salários, e que sendo dados os salários, o máximo de lucro corresponde a um
prolongamento tão grande do dia de trabalho quanto o compatível com as forças do trabalhador. O máximo de lucro está, portanto, limitado pelo
mínimo físico de salários e pelo máximo físico do dia de trabalho..." a luta de classes se evidencia pois com "...o capitalista constantemente a
reduzir os salários ao seu mínimo físico e a estender o dia de trabalho ao seu máximo físico, enquanto o operário constantemente pressiona na
direção oposta."

E mais:

"O problema resolve-se na questão das forças respectivas dos combatentes."

Como combater o capital? De novo vamos encontrar em Marx a resposta:

"Os proletários contam com um dos fatores de sucesso: a quantidade. Mas a quantidade somente faz sentir o seu peso, quando unida pela
organização e guiada pelo saber..."

A classe trabalhadora precisa se unir e a maneira correta de fazê-lo é através dos sindicatos. Estes precisam estar fortalecidos por que:

"...se o capital conseguir enfraquecer decisivamente ou mesmo esmagar os sindicatos e todas as outras organizações da classe operária -
inclusive sua organização política; se tiver êxito em fortificar e intimidar o proletariado em tal medida que qualquer forma de defesa coletiva se
torne impossível, e os trabalhadores sejam novamente relegados ao ponto de onde haviam partido - , em outras palavras, se tiver êxito em
recriar a situação ‘ideal’, do ponto de vista do capital, da concorrência generalizada de operário contra operário, torna-se perfeitamente possível:
1) utilizar a pressão do desemprego para ocasionar uma redução considerável nos salários reais; 2) impedir o retorno dos salários a seu nível
anterior mesmo na fase de oscilação ascendente que sucede a uma crise, isto é, reduzir a longo prazo o valor da mercadoria força de trabalho; 3)
forçar o preço da mercadoria força de trabalho até um nível abaixo desse valor já diminuído, por meio de manipulações, deduções e fraudes de
todo tipo; 4) conseguir simultaneamente uma expansão considerável na intensidade social média do trabalho e mesmo tentar, em termos
tendenciais, o prolongamento da jornada de trabalho. O resultado de todas essas modificações só pode ser um aumento rápido e maciço na taxa
de mais-valia."

O capitalista, por sua vez, dispõe de recursos para se contrapor a luta do proletariado de forma a dificulta-la ou até destruí-la utilizando de
mecanismos que expandem o exército industrial de reserva.

"O mecanismo inerente ao modo de produção capitalista, que normalmente conserva dentro de limites o aumento no valor e no preço dos
salários, é a expansão ou reconstrução do exército industrial de reserva ocasionada pela própria acumulação do capital, isto é, pelo aparecimento
inevitável, em períodos de alta salarial, de tentativas no sentido de substituir em grande escala a força de trabalho viva por maquinaria..."

O capitalismo precisa ser combatido pela classe trabalhadora, pois é a acumulação capitalista responsável pelo aumento da miséria no mundo,
seja pelo aumento do desemprego ou pela redução da massa de salários.

"...O combate contra a expansão do desemprego torna-se então um problema de vida ou morte para os operários organizados."

A luta de classes pode ser subdividida em luta econômica e luta política.

A luta econômica se trava nas fábricas, nas indústrias, nas empresas, etc. e quando essa luta se dá de forma unitária a derrota é certa, mas
quando se dá de forma coletiva a vitória é certa. Mas em que consiste basicamente a luta econômica?

"...Os trabalhadores lutam por aumentos reais de salários; diminuição da jornada de trabalho; ritmo de trabalho normal; nenhum prejuízo dos
trabalhadores com introdução de novas tecnologias, como é o caso da ‘robotização’ ; reconhecimento dos direitos da mulher trabalhadora e do
menor trabalhador; melhores condições de trabalho, como segurança, salubridade, transporte do bairro para a empresa, etc.; melhores condições
de vida; além de férias, estabilidade no emprego e muitas outras reivindicações."

Quando as negociações chegam a um impasse, ou seja, os patrões não concedem mais nada e os trabalhadores organizados não aceitam reduzir
em nada sua pauta de reivindicações, o conflito atinge o seu ápice: a greve. A greve é uma arma, legítima, a disposição do trabalhador para fazer
valer os seu direitos.

"...a greve contribui para elevar o nível de consciência política dos trabalhadores, ao perceberem sua própria força quando agem coletivamente:
então passam a reivindicar não apenas melhores salários e condições de trabalho, mas a substituição do sistema capitalista."

A luta política se dá no campo ideológico. Enquanto que a luta econômica se dá a nível de negociação com os patrões, a luta ideológica se dá no
âmbito das mudanças políticas. Torna-se necessário a constituição de um partido proletário, para que a união destes possa modificar as leis
existentes ou criar novas para que possam beneficiar a classe proletária além de disseminar as idéias socialistas.
"Contra a força social das classes exploradoras, o proletariado só poderá atuar como classe, se constituir-se em partido político especial, oposto a
todos os antigos partidos criados pelas classes exploradoras; esta organização do proletariado, sob a forma de um partido político, é
indispensável para assegurar o triunfo da revolução social e de seu objetivo final, a abolição das classes; a união das forças do proletariado, já
conseguida através das lutas econômicas, também deve servir, como alavanca para a luta contra o poder político de seus exploradores. A
conquista do poder político aparece como a grande tarefa do proletariado, porque os donos das terras e do capital abusam de seus privilégios
políticos, para salvaguardar e eternizar os seus monopólios, e para escravizar o trabalho."

Os sindicatos, mesmo sendo uma força de massa, não consegue reunir todo o conjunto de trabalhadores em um único corpo; tarefa que é
absorvida pelo partido político do proletariado.

"A necessidade de um partido político do proletariado só desaparece, quando deixarem de existir as classes sociais..."

MARXISMO

INTRODUÇÃO

As ramificações da doutrina marxista podem ser encontradas em âmbitos filosóficos, econômicos, históricos, políticos e na maioria das ciências
sociais.

Marx pretendia revelar as leis inerentes ao desenvolvimento do capitalismo. Para ele, cada época histórica se caracterizava por um modelo de
produção específico correspondente ao sistema de poder estabelecido e, portanto, com uma classe dirigente em permanente conflito com a classe
oprimida. Assim, a sociedade medieval era dominada pelo modelo de produção feudal no qual a classe dos proprietários obtinha a mais valia de
uma população rural dependente da terra. As transições do sistema de escravidão para o feudalismo e desse último para o capitalismo se deram
quando as forças produtivas (ou seja, os grupos relacionados com o trabalho e os meios de produção como as máquinas) não podiam continuar
desenvolvendo-se com as relações de produção existentes entre as distintas classes sociais. Assim, a crise que afetou o feudalismo quando o
capitalismo necessitava de uma crescente classe trabalhadora produziu a eliminação das bases legais e ideológicas tradicionais que mantinham os
servos presos a terra.

A relação fundamental do capitalismo, baseada em salários, parte de um contrato entre partes juridicamente iguais. Os detentores do capital
(capitalistas) pagam os trabalhadores (o proletariado) salários em troca de um determinado número de horas de trabalho. Essa relação disfarça
uma desigualdade real: os capitalistas se apropriam de parte da produção dos trabalhadores.

O atrativo do marxismo reside no fato de ter proporcionado um poderoso respaldo intelectual à indignação moral produzida por significativas
desigualdades do capitalismo e a esperança de que um sistema condenado à extinção terminaria por desaparecer.

MARXISMO

Socialismo Científico é o sistema das idéias e da doutrina de Marx e Engels, e que se baseia nas leis do Materialismo Dialético e do Materialismo
Histórico. O Socialismo Cientifico não se assenta nem nos valores nem nos bons sentimentos, mas na análise das situações e no conhecimento
das leis econômicas da sociedade. Tem em vista estabelecer uma organização econômico-social que permita o controle do homem sobre a
natureza e um perfeito entendimento da sociedade. É o resultado dos estudos profundos de Marx e Engels e tem como parte constitutiva três
fontes principais:

a. A Filosofia Clássica Alemã


b. O Socialismo Utópico Francês
c. A Economia Clássica Inglesa

A publicação do "Manifesto Comunista" (1848), escrito por Karl Max e Friedrich Engels, assinalou o surgimento do socialismo cientifico num
momento em que a Europa estava sendo abalada por inúmeras revoluções.

A introdução fala com um certo orgulho, do medo que o comunismo causa nos conservadores. O "fantasma" do comunismo assusta os
poderosos e une, em uma "santa aliança", todas as potências da época. É a velha "satanização" do adversário, que está "fora da ordem", do
"desobediente". Mas o texto mostra o lado positivo disso: o reconhecimento da força do comunismo, se assusta tanto, é porque tem alguma
presença. Daí a necessidade de expor o modo comunista de ver o mundo e explicar suas finalidades, tão deturpadas por aqueles que o
"demonizam".

A parte I, denominada "Burgueses e Proletários", faz um resumo da história da humanidade até os dias de então, quando duas classes sociais
antagônicas (as que titulam o capítulo) dominam o cenário.

A grande contribuição deste capítulo talvez seja a descrição das enormes transformações que a burguesia industrial provocava no mundo,
representando "na história um papel essencialmente revolucionário".

Com a argúcia de quem manejava com destreza instrumentos de análise socioeconômica muito originais na época, Marx e Engels relatam (com
sincera
admiração!) o fenômeno da globalização que a burguesia implementava, mundializando o comércio, a navegação, os meios de comunicação.
O Manifesto fala de ontem mas parece dizer de hoje. O desenvolvimento capitalista libera forças produtivas nunca vistas, "mais colossais e
variadas que todas as gerações passadas em seu conjunto". O poderio do capital que submete o trabalho é anunciado e nos faz pensar no agora
do revigoramento neoliberal: nos últimos 40 anos deste século XX, foram produzidos mais objetos do que em toda a produção econômica
anterior, desde os primórdios da humanidade.

A revolução tecnológica e científica a que assistimos, cujos ícones são os computadores e satélites e cujo poder hegemônico é a burguesia, não
passa de continuação daquela descrita no Manifesto , que "criou maravilhas maiores que as pirâmides do Egito, que os aquedutos romanos e as
catedrais góticas; conduziu expedições maiores que as antigas migrações de povos e cruzadas". Um elogio ao dinamismo da burguesia ?

Impiedoso com os setores médios da sociedade – já minoritários nas formações sociais mais conhecidas da Europa - , o Manifesto chega a ser
cruel com os desempregados, os mendigos, os marginalizados, "essa escória das camadas mais baixas da sociedade", que pode ser arrastada por
uma revolução proletária mas, por suas condições de vida, está predisposta a "vender-se à reação". Dá a entender que só os operários fabris
serão capazes de fazer a revolução.

A relativização do papel dos comunistas junto ao proletariado é o aspecto mais interessante da parte II, intitulada "Proletários e Comunistas".

0 Materialismo Dialético permite à classe operária emancipar-se da escravidão espiritual em que vegetam as classes oprimidas, pois mostra
uma nova visão do mundo, que leva à libertação do homem. Buscando compreender cada vez melhor a sociedade de seu tempo, Marx estendeu
os princípios do Materialismo Dialético ao estudo da vida social aplicando esses princípios aos fenômenos sociais, criando, assim, uma nova
disciplina - o Materialismo Histórico.

Materialismo Histórico - Também denominado concepção materialista da História. É a ciência das leis mais gerais da evolução social pela
aplicação desse método aos fenômenos sociais. Revela que, em primeiro lugar, os homens precisam comer, beber, vestir-se, abrigar-se, etc., ou
seja, reproduzir suas condições materiais de vida. Encontra, portanto, a correspondente fase econômica de desenvolvimento dos povos e de uma
época, a partir do que se desenvolvem as instituições políticas, as concepções jurídicas, as idéias artísticas e, inclusive, as idéias religiosas.
Descobre, pois, nas várias etapas históricas, os Modos de Produção.

Modo de Produção - Modo de se conseguir os meios de vida materiais, necessários para a sobrevivência dos homens e o desenvolvimento da
sociedade. Historicamente, cada modo de produção representa a unidade das forças produtivas e das relações sociais de produção, o que pode
ser visto numa dada Formação Histórica. Os Modos de Produção sucedem-se ao longo da História, desde o Tribal, passando pelo Escravista, o
Feudal, chegando ao Capitalista, que, no seu desenvolvimento e esgotamento daria lugar ao Modo de Produção Socialista, que conduzirá ao
Comunismo - etapa onde desaparece a luta de classes.

O marxismo não se reduz a uma analise teórica, mas também se configura como uma pratica política revolucionaria, que visa destruir o
capitalismo e instaurar a nova ordem socialista. A esse propósito diz Marx: Os filósofos sempre se preocupam em interpretar a realidade, é
preciso agora transformá-la. Por isso a doutrina marxista é chamada de filosofia de práxis, entendida com a união dialética e da prática.*

Forças Produtivas - Expressam a posição do homem com relação às coisas e às forças da natureza utilizadas para a criação dos bens materiais.
A situação das forças produtivas indica com que instrumentos de trabalho os homens estão produzindo os bens materiais e expressa o
comportamento da sociedade para com as forças da natureza. O desenvolvimento das forças produtivas e dos instrumentos de trabalho constitui
a base da evolução do modo de produção dos bens materiais.

Relações de Produção - Indicam a quem pertencem os meios de produção e expressam as relações que os homens travam entre si no processo
de trabalho. Todo o sistema da vida social, assim como a infra-estrutura da sociedade são determinados pelo caráter das relações sociais de
produção, que influenciam o desenvolvimento das forças produtivas. Das relações de produção dependem as leis econômicas de cada modo de
produção, as condições de vida e de trabalho dos trabalhadores e outros fatores que influem sobre o desenvolvimento das forças produtivas. O
Modo de Produção constitui a base do regime social e determina o seu caráter, inclusive a forma de organização da sociedade. A história do
desenvolvimento da sociedade é a história do desenvolvimento da produção, que se diferencia em várias etapas históricas. A base econômica
(infra-estrutura econômica) determina, em última instância, a superestrutura jurídica-política e ideológica.

Relação entre Base e Superestrutura - A base é o conjunto das relações de produção que correspondem a um período determinado do
desenvolvimento das forças produtivas. A superestrutura é constituída pelas instituições jurídicas e políticas e por determinadas formas de
consciência social (ideologia). O marxismo atribui grande importância à relação da infra-estrutura com a superestrutura. Quando se tem uma
noção justa dessa relação recíproca e dos vínculos que as unem à produção e às forças produtivas, é possível descobrir as leis objetivas do
desenvolvimento social e superar o subjetivismo no estudo da história e da sociedade. O método do Materialismo Histórico permite ver com
clareza a questão do Estado, até então escamoteado por todos os pensadores que antecederam a Marx.

Estado - Organização política da classe economicamente dominante, que tem por fim salvaguardar o regime econômico existente e reprimir a
resistência das outras classes. "O Estado é uma máquina destinada a manter a dominação de uma classe sobre outra" (Lênin, Obras). Como parte
principal da superestrutura, o Estado, da mesma forma que toda a superestrutura, tende a preservar e a fortalecer o sistema econômico que o
criou. O Estado é o resultado da luta de classes, e surge quando surge a primeira divisão histórica em classes sociais. Os burgueses apresentam o
Estado como algo que paira acima das classes e que existiu desde sempre, como uma necessidade insuperável. O marxismo-leninismo rejeita
esta idéia anticientifica e demonstra, de forma cabal, que nas sociedades primitivas, sem classes, não havia Estado e que ele desaparecerá na
etapa comunista futuro.

Classes Sociais - "As classes são grandes grupos de homens que se diferenciam entre si pelo lugar que ocupam em um sistema de produção
social... pelas. Relações em que se encontram com respeito aos meios de produção... pelo papel que desempenham na organização social do
trabalho e, conseqüentemente, pelo modo e a proporção em que recebem a parte da riqueza social..." (Lênin, Obras Escolhidas). 0 marxismo
mostrou que as classes só existem em períodos históricos determinados do desenvolvimento da sociedade. O aparecimento das classes deve-se à
aparição e ao desenvolvimento da divisão social do trabalho, à aparição da propriedade privada dos meios de produção. De acordo com o grau de
seu desenvolvimento político as classes podem ser classe em ; e classe para A existência de classes num determinado período histórico pressupõe
a luta de classes.

Luta de Classes - Luta entre exploradores e explorados, é que constitui a principal força motriz do desenvolvimento de todas as formações
econômico-sociais divididas em classes antagônicas.Na Antiguidade, a luta entre senhores e escravos, patrícios e plebeus, na Idade Média, a luta
entre os nobres e servos, entre os mestres de corporações e jornaleiros, e por fim, a luta entre burgueses e proletários na moderna sociedade
capitalista. Marx e Engels foram os sistematizadores da teoria cientifica conseqüente da luta de classes aplicando, no terreno social, a lei dialética
do desenvolvimento através da luta dos contrários.
Estado Socialista - Estado de novo tipo, criado pela primeira vez pela classe operária russa para substituir a máquina do Estado burguês
destroçada pela Revolução Bolchevique do proletariado russo. 0 Estado socialista é um "Estado democrático, de uma maneira nova (para os
proletários e esbulhados em geral), e ditatorial, de uma maneira nova (contra a burguesia). (Lênin, Obras). Por sua natureza, o Estado socialista
é a ditadura do proletariado.

Ditadura do Proletariado - Poder estatal do proletariado, que se estabelece como resultado da revolução socialista para assegurar a transição
do capitalismo ao socialismo; direção estatal da sociedade pela classe operária, que é a classe mais avançada e capaz de fazer a Revolução. No
entanto, para que o proletariado faça a revolução e a mantenha, faz-se necessário um instrumento de ação revolucionária, que é o partido
político.

Partido Político - Marx insistiu sempre na necessidade da ação, da prática consciente e organizada. Teoria e prática constituem a práxis
revolucionária, e nisso o partido político desempenha papel fundamental. Mas se é certo que a vontade de Marx "em organizar o proletariado em
classe e, portanto, em partido político" deu imensa contribuição ao desenvolvimento histórico, é claro e inequívoco que foi sobretudo Lênin quem
fez do Partido Comunista um partido fortemente organizado. O Partido Comunista deve ser, portanto, o condutor e orientador dos anseios das
massas, sua vanguarda e deve dirigi-las até à luta revolucionária, nas condições específicas da realidade objetiva.

Revolução - Mudança radical na vida da sociedade que conduz à derrota do regime social explorador e ao estabelecimento de um novo regime
progressista e sem exploração e transfere o poder das mãos de uma classe (reacionária) às mãos de outra classe (progressista). A Revolução é a
forma superior da luta de classes, embora nem toda derrota violenta de uma classe por outra possa ser chamada de revolução. Este conceito só é
válido para a chegada ao poder de uma classe avançada, que abre caminho ao desenvolvimento progressista da sociedade. 0 caráter da
revolução é determinado de acordo com as contradições existentes, com as tarefas sociais que deve realizar, com a classe que está à testa da
Revolução.

A Teoria da Mais-Valia: de acordo com o Marxismo, a essência do capitalismo moderno era a exploração da força de trabalho da classe operaria
pelos capitalistas. A mais-valia seria a diferença entre riqueza produzida pelo operário e o salário que ele recebe em troca do trabalho realizado,
ou seja, o valor gerado pelo operário acima do valor pago por sua forca de trabalho, que é apropriado pelo capitalista.

A Alienação do Trabalho: a venda da força de trabalho aliena o operário de sua capacidade criativa de produção e o aliena em relação ao
produto de seu trabalho.*

CONCLUSÃO

"... o socialismo contudo será superado pela sociedade comunista, sem classes, sem Estado."

Essa "realidade" prevista por Marx se transformou em utopia. O socialismo científico de Marx nunca foi posto em pratica, o que ocorreu na
realidade foi a ditadura do socialismo rela. Ditadura sim, pois havia um eStado controlador e segundo Marx, "toda e qualquer forma de Estado é
uma ditadura de classe".

O comunismo, que seria o apogeu da igualdade social não chegou sequer a sair do papel. Mas por que? Talvez seja essa a questão que mais
inquieta os entusiastas socialistas.

Acreditamos que a resposta seja falta de praticidade das teorias marxistas e o olhar somente para a economia Marx tinha.

Marx tinha inúmeras teorias sobre a tomada do poder pelos proletários, porem não pois em pratica nenhuma delas. Pode-se perguntar sobre a
Revolução Russa, mas o que Stalin fez com a Rússia não chegou nem perto do verdadeiro comunismo.

Assim percebe-se que o ideal comunista não passou de um bonito e utópico ideal.

BIBLIOGRAFIA

SOUZA, S. M. R. Um outro olhar. Filosofia. São Paulo. F.T.D.A., 1955.

ARANHA. M. L. e MARTINS, M. H. P. Temas de Filosofia, São Paulo. Moderna, 1998.

MARX, K. e ENGELS, F. Manifesto do Partido Comunista, São Paulo, ed. Martin Claret, 2001.

SOBRE O MARXISMO

Para evitar no futuro a trágica possibilidade do totalitarismo, é necessário questionar a concepção de história como um processo legitimado por
"leis naturais" e recuperar a noção de práxis como atividade humana essencialmente criadora.

A discussão sobre o marxismo constitui um momento determinado para a afirmação de uma consciência crítica. Encontramo-nos, não obstante,
diante de uma dificuldade para a prevalência desta conduta. A tradição marxista costuma reproduzir diante da razão dissonante uma postura de
estranhamento e, na polêmica, de beligerância. Não me refiro aqui ao estilo de argumentação, mas à recusa sistemática frente ao próprio
processo de argumentação. O espírito objetivo da esquerda vê neste debate, normalmente, uma forma de "luta" e, o que é particularmente
grave, segundo sua ótica reducionista, de "luta de classe". Assim, ao invés de interlocutores que colocam suas pretensões de validade entre
parênteses e, como resultado do próprio discurso (argumentativo), superam as unilateralidades de suas premissas, o que temos assistido é a
promoção de uma "razão instrumental" fundada na expectativa de êxito e na pretensão de derrotar o oponente. Nesta tradição, "debater" indica
pouco mais que um eufemismo. Na vida partidária os espaços para o exercício daquilo que Apel e Habermas chamaram de uma "razão
comunicativa" - razão orientada para o entendimento - são muito reduzidos. Acredito que esta intolerância genérica presente na esquerda está
relacionada com as concepções teóricas tributárias do marxismo. Os argumentos expostos nos limites deste artigo indicarão, pelo menos,
hipóteses que permitam investigar esta relação a partir da própria reflexão clássica.

Não pretendo discorrer sobre questões que me parecem bizantinas. Assim, por exemplo, a pergunta sobre a "atualidade do marxismo" já expõe a
atualidade que me parece real (em termos históricos) da teoria: trata-se de uma reflexão que, na pior das hipóteses, não pode ser elidida e que,
entretanto, vê-se questionada globalmente por qualquer pensamento que não se coloque interdições. A atualidade do marxismo é, assim, a
atualidade de seus impasses e dos dilemas teóricos que nos foram legados, daí a própria pergunta. Evidentemente, pode-se evitar a reflexão
partindo-se do pressuposto da existência de um "marxismo verdadeiro" que, por razões diversas, não teria sido "levado à prática" nas
experiências de construção do socialismo. Por esta opção, a dialética não pode ser concebida como um processo de auto-constituição do próprio
Ser (no caso o marxismo) pela história e se transforma em uma construção neoplatônica que separa o Ser de seu Devir e a essência das coisas.
Por esta compreensão idealista, haveria um "modelo" conceitual - devidamente decodificado pelos" verdadeiros intérpretes" - situado fora da
história e, de outra parte, um processo real, no mundo das sombras, marcados pelos erros e ilusões, quando não por sucessivas traições. Contra
o pensamento nômade, ergue-se, então, uma razão sedentária que já não pode transcender a si mesma, pois sua existência é o juízo
consolidado. Esta forma de não-pensar propõe a conversão, não o diálogo. Quando falamos "marxismo", então, queremos nos referir a um campo
de reflexão marcado pela heterogeneidade no interior do qual se afirmou uma vertente dogmática que teve no stalinismo apenas sua
conformação mais nítida.

Se é possível estar de acordo frente a esta caracterização geral, devemos nos perguntar sobre as relações existentes entre a reflexão marxiana o
totalitarismo subseqüente no chamado "Socialismo Real" ou, antes, se é possível estabelecer qualquer relação. Não se trata aqui, é evidente, de
retomar a absolutização metafísica da noção de causalidade. O fenômeno totalitário não pode ser reduzido a uma eventual matriz teórica. A
pergunta é outra: trata-se de saber se é possível compreender o totalitarismo sem que se inquira sobre as responsabilidades da teoria. A
preocupação nada tem de acadêmica; estamos face a um questionamento radical. O totalitarismo não diz respeito ao passado e, se de alguma
forma, a reflexão marxiana é funcional ao seu desdobramento histórico, então ele está "enterrado" no futuro como possibilidade trágica que
importa saber evitar.

Determinismo e Práxis

Para expor o primeiro problema quero lembrar as teses sobre Feuerbach e o Prefácio da Contribuição à Crítica da Economia Política. Acredito que
uma análise comparativa entre os dois textos torna evidente uma certa tensão: de um lado, uma concepção que põe em relevo a noção de práxis,
que destaca o lado ativo, de "apreensão subjetiva do real"; de outro, a concepção que vê a história como um processo natural, regido por "leis
naturais", independentes da vontade humana. Vamos admitir, para efeito da discussão que nos interessa, que os dois textos sejam igualmente
significativos na obra marxiana (o que poderia ser amplamente questionado). O fato é que parece legítimo deduzir de cada um deles posições
filosóficas radicalmente distintas, senão opostas. Se isto é verdadeiro, estamos diante de um problema e, precipitadamente, poderíamos concluir
pelo convívio de duas ontologias em Marx: uma que superaria a dicotomia sujeito objeto pelo conceito de práxis e outra que, ao objetivar a
própria consciência, seria incompatível com a noção de práxis.

Acredito que esta polarização - que me parece real - é contudo, aparente. Que a reflexão marxiana está centrada no paradigma sujeito-objeto;
que, em função disto, Marx é obrigado a reduzir o conceito de práxis e atribuir - em contraposição ao idealismo - "verdadeira realidade" ao
objeto, subordinando-lhe o sujeito.

Esta visão está mais nítida nas obras da "maturidade", mas pode ser identificada em textos da primeira fase. Em A Ideologia Alemã, por exemplo,
depois de elencar os pressupostos materiais necessários à ação histórica, Marx assinala: "apenas agora... depara-se-nos o fato de que o homem
também tem consciência...Mas isto não de saída, como consciência pura. O Espírito traz consigo esta maldição de estar preso à matéria..." Com
isto Marx quer, com razão, sustentar o caráter terreno da consciência contra a metafísica. Entretanto, Marx avança para a seguinte compreensão:
"É a partir de seu processo de vida real (do homem) que se manifesta igualmente o desenvolvimento dos reflexos ideológicos e dos ecos deste
processo de vida... A moral, a Religião, a Metafísica e tudo o que é ideologia e suas formas correspondentes de consciência já não conservam
mais a aparência de independência". Comentando esta passagem, Gerd Bornheim coloca a questão fundamental dizendo:

"Enquanto as formações ideológicas se pretendem independentes, é claro que Marx tem razão... Mas o que Marx quer dizer é que todas aquelas
formações são dependentes de processos materiais, do econômico. Cabe então perguntar: o econômico é independente?".

Concordamos que a pergunta é procedente, pois, para Marx, a "superestrutura" não tem história: o que tem história e se desenvolve é a
produção material ou, nas palavras de Bornheim:

"O Ser é a história da produção material e o que vai além dela é menos história porque é mero reflexo, eco. Todo o resto, portanto, é menos Ser,
é não-Ser, ou é manifestação daquilo que propriamente é".

O tema é recorrente e essencial à reflexão marxiana para a qual "não é a consciência que determina o Ser social, mas o Ser social que determina
a consciência". Ora, é possível fazer derivar um ente de outro se cada um só adquire seu Ser pelo outro? Esta é a polêmica que ressurge na
relação entre "base material" e "superestrutura". Atese exposta por Engels da "determinação em última instância" já é, em si mesma, uma
contradição insolúvel para uma concepção de história fundada na práxis. Assim, para Engels, os múltiplos fatores da "superestrutura" exercem
"influência" e podem mesmo determinar a "forma" dos acontecimentos históricos. Sim, pois o conteúdo encontra-se, para além dos acidentes, no
econômico que "afirma-se como necessário". Frente a isto, importa assinalar que se há uma determinação na história - no sentido forte da
expressão, ontologicamente - então o ser humano não pode ser concebido na esfera da liberdade. Uma história pensada como práxis não pode
ter nenhum sentido diverso daquele que construímos historicamente. A história é o lugar onde é possível criar sentido para aquilo que, em si
mesmo, nenhum sentido possui. Para Marx, pelo contrário, o sentido atribuído à história confunde-se com uma finalidade presente na própria
história. O "fazer a história" assume, então, o caráter de um processo com legalidade interna; mais do que isso, que possui leis passíveis de
serem apropriadas pelo sujeito. A "práxis" de que nos fala Marx, por isso, é um epifenômeno necessário. A finalidade não aparece como escolha,
ou o é apenas aparentemente. Este fim, esta direção específica, está posto pela história, mesmo que não esteja posto pelo "agente histórico", no
caso o proletariado. Nas palavras de Marx, em A Sagrada Família:

"O que conta não é aquilo que este ou aquele proletário, ou mesmo todo proletariado, se representem temporariamente como fim. O que conta é
aquilo que o proletariado é e aquilo que será forçado historicamente a fazer em conformidade com este Ser". Assim, mesmo o Ser do proletariado
é concebido como anterior à sua práxis concreta. A luta de classe pode ser tomada como motor da história cujo roteiro, entretanto, já está
traçado em suas linhas fundamentais pela imanência de "leis naturais" que subordinam as próprias classes e lhes fixam papéis.

Teoria da História e práxis


O peso dado às "contradições econômicas" é condizente aos tipos de sociedades forjadas no capitalismo e, em linhas gerais, interpreta a transição
do feudalismo ao capitalismo. Não sem problemas (o potencial heurístico do "modelo", claro na época concorrencial, inicia um processo de
esgotamento a partir da intervenção global do Estado na economia). Ocorre que o "materialismo histórico" pretendeu compreender a história a
partir destas contradições. De certa maneira, elas "sempre existiram", mas é esta "maneira" que faz toda a diferença. Que certas comunidades na
Idade Média tenham dedicado um terço dos dias do ano às práticas religiosas, isto jamais poderá ser "explicado", e muito menos deduzido, do
estágio de suas forças produtivas; tanto quanto a invenção da polis ateniense e toda a cultura greco-clássica não é um produto do escravismo.
Castoriadis trata deste problema ao considerar, entre vários exemplos, o silêncio da teoria marxista sobre os sete séculos que se seguiram à
queda do Império Romano, período marcado pela estagnação das forças produtivas e que, entretanto, assistiu à construção e ao fim de regimes,
à alteração significativa dos costumes, revoltas e lutas das mais variadas, tudo sobre uma única e mesma "base material". Propõe esta mesma
questão para o presente ao comparar a situação da luta de classes na Inglaterra e na França sustentando como, sobre uma mesma base técnica,
face aos mesmos métodos de produção e exploração e em um mesmo ramo (indústria automobilística) convivem relações de produção (reais)
radicalmente distintas.

Isto não significa banir a causalidade da história, mas considerar que "o Ser social-histórico contém o não causal como um momento essencial". A
afirmação se sustenta não apenas em função da imprevisibilidade característica do ser desviante dos humanos, mas, fundamentalmente, porque
o comportamento dos sujeitos é criador, o que equivale a dizer: se sustenta pela possibilidade constitutiva mesma da história que faz com que o
tempo seja a emergência do outro. Assim, se o espaço é a possibilidade da diferença do mesmo com o mesmo, o tempo é o surgimento daquilo
que advém, não daquilo que provém. Dito de nutra forma: a práxis é inovação radical ou o tempo é nada, mera ilusão subjetiva ou monótona
revelação do dado.

Esta visão nos permite repensar o conceito de práxis tomando-a como a atividade criadora dos humanos - teórica e prática - recortada em dois
momentos constitutivos: o primeiro, de relação inter-subjetiva, entre sujeitos, que conforma e empresta significações ao segundo, de relação
entre sujeito e objeto. De onde, acredito, seja possível discriminar linguagem e trabalho como realidades incontrastáveis, situar a emergência de
uma razão comunicativa e outra instrumental e como é a tentativa da "Filosofia da comunicação" alterar os paradigmas das "filosofias do sujeito".

A utopia comunista

A utopia comunista O marcada pela expectativa de uma auto-regulação benigna e espontânea da sociedade do futuro. O comunismo, ainda que
pensado como um "movimento real" e não como um projeto, constitui-se enquanto tal a partir do pressuposto de que a superação das classes
sociais permitiria o encontro do homem com seu ser genérico. Uma sociedade cuja harmonia essencial dispensaria qualquer instância de
representação e de Poder, realizando-se plenamente por sobre as cinzas do Estado, do Direito e da Política. Marx recolhe aqui, integralmente, a
aspiração de Saint-Simon ("administração das coisas" etc.) e paga um pesado tributo às projeções utópicas do pensamento socialista que lhe
antecedeu.

Em A Questão Judaica e na Crítica de Filosofia Política de Hegel, Marx desenvolve sua posição denunciando o caráter incompleto, parcial, da
emancipação política consagrada pela Revolução Burguesa, responsável pela divisão entre indivíduo e cidadão. No comunismo esta divisão
perderia qualquer sentido visto que a ação e as aspirações de cada indivíduo estariam imediatamente subordinadas a interesses generalizáveis.
Subjacente a esta visão idílica encontramos, entre outros, dois pressupostos: primeiro, que os conflitos existentes na sociedade, as contradições
sociais, são manifestações de uma "fratura básica", aquela que separa capital e trabalho, o que equivale a enquadrar - e reduzir- a sociabilidade
dos humanos à produção; e segundo que a conquista de novas relações sociais de produção implicaria um extraordinário desenvolvimento das
forças produtivas o que, somado aos presumíveis avanços tecnológicos, propiciaria, no plano econômico, o reino da abundância. Em verdade, a
idéia da "associação dos indivíduos livres" aparece, coerentemente em Marx, pela abundância que, por definição, exclui da economia a
necessidade de opções excludentes.

Acredito que todo este conjunto seja absolutamente insustentável. Não apenas a partir da impugnação filosófica de qualquer assertiva sobre o
futuro que tenha a pretensão de se afirmar como "verdadeira" - afinal, uma história concebida como práxis abre-se para o futuro como
indeterminação; não apenas pelo fato de a abundância ser, concretamente, inconcebível etc., mas também porque tal projeção utópica é
indesejável.

A diferença entre comunidade política e sociedade civil em termos marxianos não deve ser suprimida, ainda que este projeto fosse possível. A
universalização dos indivíduos, pensada por Marx, só é desejável mediante a promoção das suas singularidades o que, em termos políticos,
significaria:

a) a manutenção de uma esfera pública regrada (vigência do Direito) que permita a expressão individual e coletiva das diferenças;

b) a vigência de um Poder Político sobreposto à tecitura dos conflitos e voltado à promoção dos consensos possíveis sob o controle da sociedade
(um novo Estado, mas um Estado);

c) a possibilidade de aglutinação dos indivíduos a partir de seus interesses para a disputa de projetos em torno das alternativas postas pelo futuro
(então, a consagração da política).

Marxismo e método

As questões já referidas podem constituir, no máximo, uma introdução para o debate a respeito de temas mais candentes como, por exemplo, a
visão marxista sobre o Estado e aquilo que me parece constituir a ausência de uma teoria política em Marx; o significado da luta de classe no
mundo contemporâneo; nossa visão sobre democracia, ditadura do proletariado etc.; o debate propriamente econômico envolvendo socialismo,
plano e mercado; ou, ainda, a discussão sobre a herança ética marxiana etc. Quero, entretanto, situar uma última questão que me parece
incontornável ao desempenho das discussões em curso. Trata-se da posição que tende a conceber o marxismo fundamentalmente como
"método". Assinala-se, de passagem, que esta inclinação pode ser encontrada tanto na ortodoxia mais determinada, quanto em posições
marxistas sérias e efetivamente comprometidas com o exame crítico. A intenção óbvia, aqui, é a de dialogar com estas últimas.

Como é sabido, a idéia de que há um "método marxista" que pode ser mantido independentemente das alterações de conteúdo das posições
defendidas por Marx remonta ao Lukács de "História e Consciência de Classe". Sem dúvida, a defesa desta visão em 1919 significava uma posição
corajosa frente ao cretinismo dogmático. Hoje, entretanto, pode-se questionar: em que medida pode-se separar método e conteúdo? No sentido
filosófico, o método pode ser compreendido como o conjunto operante de categorias e a impossibilidade de separá-las do conteúdo é muito nítida
quando lidamos com a história. Marx e Lukács sabiam muito bem que as categorias são, em si mesmas, produtos históricos. Isto vale para os
conceitos políticos. Então, se dissermos: o Estado no capitalismo contemporâneo é radicalmente outro que o Estado em meados do século
passado na Europa; ou o tipo de denominação burguesa nas sociedades de capitalismo desenvolvido introduziu novos meios e relações
essenciais; ou ainda: o desenvolvimento do capitalismo não confirmou a expectativa de polarização da sociedade em duas classes, não atestou a
pauperização crescente do proletariado ou a tendência à estagnação das forças produtivas etc. Que sentido há em se falar de um mesmo
método?

Estamos diante de novas categorias e conceitos e, portanto, da necessidade de um novo "conjunto operante". Não acredito que possamos reduzir
a dialética a um método (que, além disso, manteria uma identidade histórica). Isto equivaleria a aprisioná-la na relação sujeito-objeto de uma
forma um tanto misteriosa. De fato, por este caminho, tudo se dialetiza, menos a própria dialética que passa a funcionar como uma palavra
pacificadora da consciência.

Resumo do Texto Desenvolvimento e Subdesenvolvimento

Maio/2005

"Um dos principais defeitos do mundo econômico em que vivemos é a sua arbitrária e desigual repartição da renda e da riqueza."

John Maynard Keynes.

Os conceitos de desenvolvimento e subdesenvolvimento são relativos e difíceis de serem definidos com precisão Referem-se o que separa aos
níveis de vida alcançados em diferentes países a aos processos que elevam o nível de vida.

Desenvolvimento: é o processo de crescimento de uma economia, ao longo do qual se aplicam novas tecnologias e se produzem
transformações sociais, que acarretam uma melhor distribuição da riqueza e da renda.

Subdesenvolvimento é a situação dos países menos avançados, caracterizada por baixa renda por habitante, reduzido nível de
poupança e insuficiente dotação tecnológica: tudo o que limita o crescimento econômico.

Sabe-se que os países em subdesenvolvimento caracterizam-se por inúmeras insuficiências se forem comparadas com as economias
desenvolvidas. O grau de subdesenvolvimento pode ser medido, portanto por uma série de indicadores destacando os mais importantes:

 Baixa renda por habitante;


 Altos índices de analfabetismo;
 Débil estrutura sanitária;
 Baixa taxa de poupança por habitante;
 Elevado peso relativo da agricultura;
 Elevada taxa de desemprego;
 Fortes diferenças na distribuição interna de renda;
 Elevada taxa de crescimento da população.

Essa relação de fatores em si já preocupante, porém o que mais se observa é que em relação aos paises desenvolvidos eles não se reduzem,
como nas últimas décadas têm é aumentado.

AS CAUSAS DO SUBDESENVOLVIMENTO.

Os pontos que condicionam o subdesenvolvimento podem ser resumidos nas seguintes causas:

 Escassez de capital físico;


 Insuficiência de capital humano;
 Relação de dependência.

ESCASSEZ DE CAPITAL FÍSICO

Os países em via de desenvolvimento vivem inúmeras desvantagens, por vários fatores como pela falta de fábricas e máquinas modernas, bem
como a deficiência de seus equipamentos e infra-estruturas generalizada, mas se sabe que essas carências não são remediadas

facilmente. Sabemos que o capital de um país em desenvolvimento deve ser partilhado pelos próprios habitantes, e que os mesmo devem
poupar, mas em conseqüência se sacrifica o consumo; e como se verifica que uma das características desses países é o baixo nível de renda da
maioria da população. Verifica-se então que quando se está nos limiar da pobreza, a capacidade de poupar não muito elevada, além em muitos
deles os costumes e as tradições refutam à poupança e ao investimento, daí conclui-se que classes sociais mais empobrecidas apresentam taxas
de poupança baixo.

Os movimentos do capital, nos países em desenvolvimento é natural que estejam relativamente liberalizados; verifica-se então que parte da
poupança se realiza em divisas estrangeiras em dólar, por exemplo, esvaziando assim a fuga da poupança nacional.
A escassez de capital pode ser superada se recorrida ao dinheiro de outros países. Isso é um fato, os investimentos de capital estrangeiros são
necessários para os países em desenvolvimento, as agências internacionais como o Banco Mundial, os governos de países desenvolvidos e as
empresas privadas são responsáveis por esse empréstimo de recursos. Os investimentos estrangeiros assim como podem amenizar um pouco o
atraso podem também trazer perigos, a de se notar que quando um pais empresta um dinheiro as decisões sobre a aplicação desses
investimentos pode se basear em interesses alheios ao país que os recebe, conhecido o episódio como "enclaves industriais", isto é grupos de
empresas que desenvolvem sua atividade em setores que estão desconexos com o tecido produtivo dos receptores dessa ajuda.

O FATOR HUMANO

O fator humano também é determinante no desenvolvimento. Elevadas taxas de crescimento populacional caracterizam sim países em
subdesenvolvimento, fato que gera uma quantidade de população improdutiva, pois é uma relação direta mesmo que se consiga uma alta taxa de
crescimento do produto, não se criam empregos suficientes. Outros fatores também contribuem como as deficiências sanitárias e alimentícias,
assim como o baixo nível de educação e da reduzida qualificação profissional são causas da baixa produtividade da mão-de-obra. Por tudo isso
pode observar que nesses países não só o capital físico, mas também o capital humano representam uma limitação para se sair do
subdesenvolvimento.

AS RELAÇÕES DE DEPENDÊNCIA DOS PAÍSES SUBDESENVOLVIDOS

Muitos são os defensores da teoria da dependência, onde diz que a origem do subdesenvolvimento encontra-se no tipo de relações comerciais que
são estabelecidas entre os países subdesenvolvidos e os desenvolvidos.

A explicação do subdesenvolvimento funda-se no intercâmbio comercial entre os países desenvolvidos, chamados de CENTRO e os países em via
de desenvolvimento, países PERIFÉRICOS. Os desenvolvidos são exportadores de bens industriais e os segundos são exportadores de matérias-
primas e produtos agrícolas.

a) O grau de concorrência no setor exportador de alguns países, no setor exportador dos países desenvolvidos prevalecem poderes
monopolísticos que transferem os aumentos de produtividade aos preços enquanto que no setor exportador dos países Periféricos tais aumentos
de produtividade repercutem em uma diminuição de preços, por causa de uma maior concorrência.

b) Os aumentos nas quantidades demandadas, conforme se aumente a renda, são maiores para os produtos industriais que para os bens
primários.

OS OBSTÁCULOS A SUPERAR

Os obstáculos a serem superados para se sair do subdesenvolvimento se baseiam em duas dificuldades: a debilidade do setor público e
determinados fatores sociais e políticos.

A DEBILIDADE DO SETOR PÚBLICO

a) Os setores públicos dos países Periféricos podem possuir recursos relativamente escassos para a tender as necessidades, o sistema fiscal de
arrecadação de tributos é insuficiente para garantir suas necessidades aumentando assim o déficit público.

A relação de dependência com os Países do Centro preside em trocas comerciais em sentido desequilibrado em relação ao tipo de produtos que
comercializam, ou seja, os países periféricos podem ser exportadores de matérias-primas e de produtos manufaturados, cujos preços no Mercado
Internacional são insuficientes para cobrir as importações de bens de equipamento que países necessitam realizar, para que possam elevar seu
desenvolvimento. Como conseqüência disso tudo os Bancos Centrais dos países periféricos se encontram sem reservas de divisas para financiar
as importações e os projetos de investimento público, sendo assim o setor externo um obstáculo para se sair do subdesenvolvimento.

DETERMINADOS FATORES SOCIAIS E POLÍTICOS

b) Os países Periféricos acontecem fortes desequilíbrios sociais e políticos, o que acaba dificultando aplicação de medidas econômicas. Outro fator
é as diferenças existentes entre regiões o que impedem na maioria das vezes uma integração social e política dificultando uma unidade nacional.

Nas economias desenvolvidas a expansão do consumo normalmente é seguida pela expansão da produção e os novos produtos aparecem quando
a demanda tem a possibilidade de adquiri-los, já os países em desenvolvimento devido aos meios de difusão em massa terminando causando um
desejo de adquirir os produtos da economia desenvolvida conhecido como " efeito demonstração internacional".

POSSÍVEIS ESTRATÉGIAS PARA SAIR DO SUBDESENVOLVIMENTO.

A Economia de Mercado como Modelo de Desenvolvimento.

Existem sérias dúvidas com relação a essa saída de se basear no Modelo de um País Desenvolvido, a razão baseia-se no simples fato de que em
tais economias boa parte da atividade econômica não passa pelo mercado, mas se limita ao autoconsumo e à troca;

O Desenho de Estratégias AD HOC.

Desenhar estratégias ad hoc, onde se combatam determinados elementos da economia de mercado com certos componentes de planejamento
econômico, levando em conta a estrutura econômica desses países;

O Apoio à Industrialização e a Defesa ao Mercado Interno.


Outra forma seguida pelos países em desenvolvimento pra ser um País de Centro, consiste em um processo de substituição de importações,
assim esses países substituem parte das importações pela produção nacional com o objetivo de propiciar o processo de industrialização,
recorrendo assim ao estabelecimento de tarifas e quotas.

O Desenvolvimento do Potencial Endógeno.

Entende-se por estratégia de desenvolvimento endógeno a intervenção planificada do governo de uma região subdesenvolvida, para constituir
uma base econômica que se fundamenta não só nas iniciativas e recursos locais, mas também no potencial dinâmico de demanda da área.

Nesta perspectiva, uma estratégia de desenvolvimento deve ser avaliada de acordo com o valor adicionado apropriado pelos fatores produtivos e
pela distribuição de receitas resultante entre os diferentes tipos de lugares.

CONCLUSÃO:

Esse trabalho foi desenvolvido em cima de um texto do capítulo do Livro de Introdução a Economia, autores Roberto Luis Troster e Francisco
Mochón Morcillo, o tema Desenvolvimento e Subdesenvolvimento. O resumo deste foi de grande aprendizado no entendimento de questões
presentes no mundo atual.

A princípio o texto apresentou os conceitos do que venha a ser Desenvolvimento e Subdesenvolvimento, em seguida a caracterização de países
em via de desenvolvimento, depois estudamos as causas que levam ao subdesenvolvimento e por fim quais as estratégias para se sair da então
situação de país Periférico e chegar ao mundo dos Países (Centro).

mundo pós-revolução industrial encontrou-se dividido em dois setores opostos, que a boa intenção dos utopistas não conseguiu jamais
aproximar: de um lado o extremo da opulência, fundado na mais requintada tecnologia; de outro a pobreza absoluta, decorrente de atividades
econômicas primitivas, insuficientes para suprir mesmo as necessidades básicas da população.

Subdesenvolvimento econômico é o estado crônico de inferioridade relativa em que se encontram alguns países, se comparados ao modelo das
nações industrializadas. A América Latina, a África e a Ásia são continentes integrados principalmente por países subdesenvolvidos. O quadro
econômico-social que caracteriza o subdesenvolvimento inclui, principalmente, produção centrada em poucos produtos primários destinados à
exportação, alta concentração da riqueza e da propriedade rural, baixa renda per capita, altas taxas de desemprego e subemprego, baixo nível de
consumo e altos índices de mortalidade e natalidade.

Um sistema internacional de relações econômicas, financeiras, políticas e culturais perpetua e reproduz as diferenças entre países desenvolvidos e
subdesenvolvidos. Os países de passado colonial recente e os que iniciaram com atraso o processo de industrialização acabaram relegados à
periferia do capitalismo, conformando o que se convencionou chamar terceiro mundo. Estabeleceu-se assim entre ricos e pobres uma nova
relação de dependência, derivada diretamente do vínculo entre metrópoles e colônias existente no passado.

O termo "subdesenvolvimento" tornou-se corrente depois da segunda guerra mundial nas comissões para assuntos econômicos da Organização
das Nações Unidas. Muitos cientistas sociais, no entanto, fazem objeção a seu uso, que encerraria o mascaramento ideológico de uma condição
não-transitória de atraso e dependência. Ainda menos adequada seria, desse ponto de vista, a expressão "em vias de desenvolvimento", que
encerra a falsa idéia de um processo de industrialização emergente. Mais correto seria falar em desenvolvimento desigual e combinado do
capitalismo, em que a sustentação e aceleração do progresso de alguns países depende da manutenção de maiores ou menores níveis de atraso
em outros.

Países Subdesenvolvidos

Índia

Desde a independência, a Índia cultiva um sistema econômico misto, em que o governo, que segundo a constituição é socialista, desempenha o
papel principal como planejador, regulamentador, investidor, administrador e produtor. O país tem uma infra-estrutura bem desenvolvida e uma
indústria de base altamente diversificada, a agricultura expande-se mais depressa que a população e a reserva de recursos humanos é a terceira
do mundo. Entretanto, apesar da presença multiforme do estado na economia, grandes grupos empresariais dominam muitas esferas da moderna
atividade econômica, enquanto dezenas de milhões de pequenos produtores rurais e micro-empresas industriais, comerciais e de serviços
respondem pela maior parte da oferta de emprego. Provavelmente apenas um quinto da força de trabalho está engajada no setor organizado da
economia -- mineração, empresas agrícolas, indústria fabril e modernas empresas comerciais, de transportes e serviços. A tecnologia percorre
uma escala que vai do mais primitivo ao mais sofisticado.

O setor público domina nas áreas de transporte, produção de energia, mineração, sistema bancário, companhias de seguros, exploração de
petróleo e indústria pesada. As demais atividades competem ao setor privado; o controle estatal de preços e destinação de recursos e a legislação
fiscal contra a concentração de capital não favorecem a criação de uma indústria competitiva. As relações entre governo e setor privado
caracterizam-se por freqüentes conflitos.

China
A China é um país de economia planificada, isto é, controlada pelo estado segundo os princípios socialistas. Com a morte do presidente Mao
Zedong (Mao Tsé-tung), a economia passou por um processo de modernização e liberalização, visando mais eficiência e melhor aproveitamento
dos recursos.

Após a instauração do comunismo, no primeiro plano qüinqüenal (1953-1957), 92% da população agrícola era organizada em pequenas
cooperativas. O segundo plano qüinqüenal foi introduzido em 1958 e o regime se encaminhou para seu "grande salto adiante", que se
caracterizou pelos grandes investimentos na indústria pesada. O terceiro plano qüinqüenal começou em 1966, mas tanto a produção agrícola
como a industrial haviam sido restringidas pelos efeitos da Revolução Cultural. Um quinto programa começou em 1976, mas foi interrompido em
1978, quando foi lançado o programa das "quatro modernizações": agricultura, indústria, defesa nacional e ciência e tecnologia.

O produto nacional bruto (1992) é de aproximadamente 434 bilhões de dólares, perto de 370 dólares per capita.

A agricultura era, e continua sendo o setor mais importante da economia. A superfície irrigada é maior do que a de qualquer outro país. Em torno
de 1979, a população rural havia se organizado em perto de 52 mil comunas populares. No início da década de 1980, o sistema de comunas e as
brigadas de produção se desmantelaram e as famílias se transformaram na principal unidade de produção agrícola. Cerca de 80% das áreas
semeadas referem-se a cultivos de produtos alimentícios. O mais importante é o arroz, seguido do trigo. As sementes oleaginosas (principalmente
a soja) têm papel destacado, por proporcionar óleos comestíveis e industriais e parte importante das exportações. É um dos principais produtores
mundiais de amendoim. O chá é outro cultivo comercial tradicional, concorrendo com mais de 20% do abastecimento mundial. Possui, além disso,
grandes rebanhos de gado. A piscicultura de água doce é importante e o governo estimulou o desenvolvimento de áreas de pesca.

A indústria siderúrgica recebeu tratamento prioritário desde 1949. Entre as indústrias pesadas, destacam-se os estaleiros e as destinadas à
fabricação de locomotivas, material rodante, tratores e maquinaria. Também é importante a indústria petroquímica e a indústria têxtil é a maior
do mundo.

Possui ricos recursos minerais. A indústria da mineração de carvão é a maior do mundo e é um dos maiores produtores mundiais de petróleo.
Também se extraem em quantidades importantes minério de ferro, sal, magnesita, fosfatos, bauxita, enxofre e zinco, entre outros.

África do Sul

Com base em uma economia de mercado, a África do Sul conseguiu uma das maiores rendas per capita do continente africano. Tornou-se o maior
produtor de ouro do mundo e o segundo de diamantes. A indústria de mineração como um todo (platina, amianto, cromo, urânio etc),
representando quase metade da extração de todo o continente, formou a base da prosperidade do país.

A legendária riqueza do subsolo sul-africano apresentou no entanto uma falha: o petróleo. O governo montou instalações para obtê-lo do carvão
ou sob águas profundas, mas encontrou dificuldades para viabilizar economicamente essas operações. A maior parte da energia elétrica era
obtida a partir do carvão, que existia em abundância.

A riqueza de recursos naturais permitiu um crescimento constante durante décadas, apesar das tensões políticas. A partir da segunda guerra
mundial, a indústria sul-africana experimentou um crescimento acelerado. Implantaram-se instalações petroquímicas e siderúrgicas, fábricas
alimentícias e têxteis. Desenvolveram-se os setores industrial e agrícola, graças à mão-de-obra barata proporcionada pela população negra e ao
elevado nível tecnológico alcançado pela minoria branca.

Contudo, devido à irregularidade e escassez de chuvas, a produção agrícola continua sujeita a acentuadas oscilações. Os produtos mais
importantes são a cana-de-açúcar, o milho e o trigo. As melhores terras do país pertencem aos brancos, mestiços e indianos, que praticam
cultivos altamente racionalizados. Já a população negra foi impedida de possuir terras, exceto nas reservas negras, chamadas bantustans,
superpovoadas e pouco férteis, onde se pratica uma agricultura de subsistência que não basta para manter a população.

As duas regiões agrícolas produtivas são a baixada a sudoeste do Cabo e a porção leste. Na primeira cultiva-se o trigo, vinhas, maçã, pêra,
ameixa, pêssegos e damascos. Na segunda predominam o milho, alimento básico do país, a cana-de-açúcar, frutas cítricas e subtropicais. Graças
à irrigação, o cultivo do trigo obteve bons resultados no Transvaal. Tornaram-se importantes ainda o tabaco, o algodão, o amendoim, a batata e o
sorgo. O maior rebanho é o de ovinos, principalmente no Cabo. Segue-se o de bovinos, distribuídos entre o Cabo e o Transvaal. Quase todos
esses produtos participam da pauta de exportação da África do Sul.

Os poucos bosques existentes, de eucaliptos, pinheiros e acácias, foram quase todos produtos de reflorestamento. A pesca, muito abundante nas
águas frias da costa ocidental e da Namíbia, destina-se em sua maior parte à exportação.

As quatro rodovias principais ligam Messina a George, Cidade do Cabo a Durban, Johannesburgo a Durban e Pretória a Komatipoort, na fronteira
com Moçambique. A rede ferroviária sul-africana, tanto a de carga quanto a de passageiros, desenvolveu-se de forma extraordinária.
Constituíram-se também grandes portos marítimos, entre eles o de Durban, Cidade do Cabo, Port Elizabeth e East London. Os aeroportos
internacionais de Johannesburgo, Cidade do Cabo e Durban, juntamente com um grande número de aeroportos de menores dimensões,
asseguram as ligações aéreas.

As sanções internacionais por causa do apartheid decretadas pela comunidade internacional representaram um sério revés econômico. Além do
turismo, essas medidas afetaram a exportação e a importação, e grandes empresas estrangeiras retiraram-se do país. Somente no final do século
XX a situação começou a se normalizar.

Ásia

Muitas regiões da Ásia são economicamente subdesenvolvidas. A maioria da população dedica-se à agricultura, e grande parte da atividade
agrícola é caracterizada por colheitas pobres e baixa produtividade. Há uma minoria que está empregada na atividade manufatureira.

No entanto, há muitas exceções. O Japão modernizou sua economia com sucesso, como também Israel, Taiwan, Coréia do Sul, Cingapura, Hong
Kong e, em menor grau, Indonésia, Malásia, Tailândia, Turquia e os estados petrolíferos da península arábica. Estimulada por investimentos
estrangeiros de grande porte, a rápida privatização e a industrialização, a República Popular da China atingiu o crescimento mais rápido de toda a
Ásia a princípios da década de 1990. O Vietnã e Laos, dois dos países mais pobres da Ásia, estão começando a atingir um significativo
crescimento econômico e a captar investimentos estrangeiros consideráveis.

No sul, sudeste e leste da Ásia, a agricultura se caracteriza pelo cultivo de pequenas extensões de terra em planícies aluviais, cuja produção é
basicamente destinada à subsistência, dependendo principalmente dos cereais e de tecnologias já ultrapassadas. O arroz é o alimento básico.

Os cereais de sequeiro, o pastoreio nômade e as culturas de irrigação nos oásis são característicos das regiões mais áridas do interior e do
sudoeste da Ásia. Porém, em sua grande maioria, os níveis de produção são baixos.

A indústria madereira é importante na maior parte dos países do sudeste asiático, como a Tailândia, onde o principal produto é a teca. O
extrativismo vegetal e a agricultura itinerante, são atividades importantes nas áreas de florestas interfluviais do sudeste asiático, como também
nas zonas mais distantes do úmido sul da Ásia e da China meridional.

A pesca marítima é extremamente importante. Japão é o primeiro país pesqueiro do mundo e a China o segundo. A indústria pesqueira também é
relevante na Rússia, Tailândia, Indonésia e nas Filipinas.

A mineração é uma atividade importante na maioria dos países asiáticos e constitui um produto de exportação para outros: existe manganês na
Índia, estanho na Tailândia e na Indonésia (os dois países são resposáveis pela maior produção de estanho do mundo), e nas Filipinas cromo. O
mineral de exportação mais importante da Ásia é o petróleo; o sudeste asiático e principalmente o Oriente Médio contêm as maiores reservas
petrolíferas do mundo, a exceção da Rússia. A mineração do carvão é também relevante na China, na Sibéria central e oriental, no noroeste da
Índia, no Irã e na Turquia. Outros minerais significativos são o ferro, o manganês e o tungstênio na China; o enxofre, zinco e o molibdênio no
Japão e o ouro no Uzbequistão e na Sibéria.

A Fenomenologia de Kant

INTRODUÇÃO

O objeto estudo desta pesquisa é a "metafísica e a fenomenologia" segundo a concepção de Kant. "O filósofo Emmanuel Kant é mais conhecido
por suas obras Crítica da Razão Pura (1781), Crítica da Razão Prática e Crítica do Juízo (1788-1791). Mas, entre a primeira crítica e a segunda,
em 1785, escreveu Fundamentos da Metafísica dos Costumes, em que coloca as bases de uma consonância com sua metodologia crítica, abrindo
caminho para um estudo do Direito e da Moral segundo novas base de apreciação e análise rigorosa" ( Edson Bini, Doutrina do Direito –
Emmanuel Kant. Ed. Ícone. 1993, pág. 5, trad.). A essência de Kant é encontrar ou julga-se encontrar na vontade pura os princípios imperativos
da vida ética. Toda a parte da Crítica da razão pura leva em Kant um nome esquisito: chama-se "estética transcendental". Dizemos esquisito
não porque o seja em si mesmo, mas porque a palavra "estética" tem hoje um sentido muito popular, que é aquele habitualmente quando se
evoca ao ouvi-lo simplesmente por significar a "teoria do belo", "teoria da beleza", ou, ao acaso, "teoria da arte e da beleza". Advirta-se porém,
que a palavra "estética", no sentido de teoria do belo, é moderna. Kant toma-a em outro sentido muito diferente: toma-a no sentido etimológico.
A palavra "estética" deriva da origem grega aisthesis, que se pronuncia "estesis" e que é sensação; também significa percepção. Logo, estética
significa teoria da percepção, teoria da faculdade de ter percepções, teoria da faculdade de ter percepções sensíveis e ainda teoria da
sensibilidade como faculdade de ter percepções sensíveis. A palavra "transcendental" usa-a Kant no mesmo sentido já tantas vezes dito de
condição para que algo seja objeto de conhecimento. Para tanto, estaremos estudando a metafísica de acordo com a visão do referido autor, bem
como as principais questões da metafísica.

Em relação à fenomenologia, Kant pretendeu conciliar realismo do senso comum, segundo o qual nossas representações correspondem às coisas,
e o fenomenismo, que reduz toda a realidade a estas representações. Para Kant, só há fenômenos: com efeito, jamais conseguimos atingir as
próprias coisas, que o mesmo denomina de númenos. Mas tais coisas são indispensáveis para explicar os fenômenos: em si, há númenos.

O mundo existe, apenas não podemos conhecê-lo tal como é. A reação kantiana apenas retardou a evolução do pensamento filosófico. Os
herdeiros de seu pensamento rejeitam os númenos, bastante ilogicamente conservados por Kant. A fim de retomar a questão acima, do ponto de
partida cartesiano, suscitou-se o movimento fenomenológico. Em geral, entende-se por "fenomenologia" o estudo descritivo dos fenômenos, tais
como se apresentam à experiência imediata. As análises que Vladimir Jankelevitch fez de "A Ironia", de "A Má Consciência, de "Mentira", do fastio
(em "A Alternativa"), pertencerem a fenomenologia assim compreendida. Tais pesquisas distinguem-se da observação psicológica comum apenas
por uma maior preocupação com o realmente vivido e pela desconfiança para com os preconceitos do senso comum, veiculados pela linguagem. A
fenomenologia aqui em pauta, é um método filosófico que emprega descrições fenomenológicas no sentido vulgar do termo, mas não as
considera senão um meio de atingir um além do fenômeno. Seu fundador foi o filósofo alemão Edmundo Husserl (1859-1938). Eis porque Husserl
resolve por de lado as questões atinentes à existência de realidades substanciais, matéria ou espírito; não porque se inclina ao ceticismo, ao
contrário, pretende chegar à verdade. Mas Husserl põe "entre parênteses" estas controvertidas questões, e, atendo-se à intuição imediata, que
não é passível de dúvida, ocupa-se apenas do fenômeno. Tal atitude lembra a de Descartes rejeitando sistematicamente toda afirmativa contra a
qual se pudesse levantar qualquer motivo de dúvida. Husserl, porém, é ainda menos céptico do que o autor do Discurso do Método, que o era
bem pouco, pois, enquanto Descartes considera falsas as assertivas que não lhe parecem evidentes, Husserl contenta-se em coloca-las entre
parênteses: "O mundo percebido nesta vida reflexiva, em certo sentido, sempre está aí, para mim; ele é percebido como dantes, com o conteúdo
que, em cada caso, lhe é próprio. Ele continua apresentando-se a mim como se apresentava até então; mas na atitude reflexiva que me é própria
na qualidade de filósofo, não efetuo mais o ato da crença existencial da experiência natural, não admito mais tal crença como válida, embora ao
mesmo tempo, esta permaneça sempre aí, inclusive captada pelo olhar da atenção" (E. Husserl, Meditações Cartesianas, pág. 17, Colin, 1931). A
seguir discorreremos, separadamente, a metafísica e a fenomenologia kantiana e seus efeitos.

METAFÍSICA E A ORIGEM DOS CONHECIMENTOS

A primeira indagação que se oferece ao espirito pensador, e que é a base de todas as indagações, é a origem de seus conhecimentos.

A origem de conhecimentos pode ser considerada debaixo de diferentes pontos de vista.

 Se consideram como base primitiva os fundamentos de conhecimentos, a alma é a primeira origem, isto é, a reunião de suas
faculdades.
 Se considera a maneira com que a alma dá princípios a seus conhecimentos, então o diferente desenvolvimento de suas faculdades ou
diferentes leis manifestadas por esse desenvolvimento é também origem dos conhecimentos.
 Se considera o que dá motivos a desenvolver-se esta atividade na manifestação de suas leis, então os sentimentos e reflexão são os
que ocasionam um tal desenvolvimento e têm o nome de origem de conhecimentos.
 Se considera como um conhecimento primitivo, do qual partem ou de onde se derivam os mais conhecimentos, então as verdades
primitivas e os primeiros princípios obtêm o nome de origem de conhecimentos.

Estas verdades primitivas, estes primeiros princípios parecem que não nos são apresentados pelos sentidos e pela reflexão; os objetos nos
parecem dados por eles, nossa alma não fazendo mais que reconhecê-los. Apliquemos os meios que nos podem assegurar da verdade na
evidência física e logo conheceremos a parte que têm os sentidos em nossos conhecimentos. O estudo profundo de nós mesmos nos dará a
evidência matemática pela qual ficaremos certos, se em nosso pensamento há alguma coisa que tenha diferente princípio de nossas leis ou se são
somente manifestações e combinações dessas mesmas leis, e nos ensinará o verdadeiro emprego dos sentidos e da reflexão.

O conhecimento que temos dos sentidos nos oferece as seguintes verdades:

 Que somente certos corpos tem uma força simpática, própria para mover este ou aquele sentido.
 Que os nervos com a propriedade de irritabilidade são a parte essencial dos sentidos.
 Que os mesmos corpos simpáticos não caminham nos sentidos senão até onde se acham os nervos e que nada mais fazem que chocá-
los e comunicar-lhes sua impressão.

Conhece-se portanto, a verdade dos dois últimos resultados e que, nascendo o homem no grande teatro da natureza, dependendo dela,
necessitava de órgãos que lhe servissem de instrumento para formar a liga com aquelas partes da natureza de que dependia, e que lhe fossem
guias seguros para, por eles, procurar o que lhe conviesse e fugir do que lhe fosse nocivo. Eis aqui a serventia dos sentidos: por eles não
conhecemos a natureza em si, a natureza externa; mas, por nossos sentimentos ocasionados por eles, sentimos a impressão que os objetos
externos fazem sobre nós, que é quanto basta para podermos providenciar nossa conservação e bem ser. Pode-se observar que os sentidos e a
reflexão não nos dão, não nos apresentam os objetos, mas somente são ocasião de que a alma desenvolva, ponha em exercício suas faculdades.
São, portanto, as sensações o primeiro material dos conhecimentos humanos, consideradas em relação aos objetos que as ocasionam, e
transportadas aos mesmos por uma hábito contraído desde os primeiros momentos de nossa existência por um instinto feito da necessidade de
marcar os objetos que nos devem ser conhecidos pela influência que exercitam sobre nós. São, portanto, nossas concepções o segundo material
dos conhecimentos humanos, consideradas em relação às sensações que as ocasionam e transportadas às mesmas como fundamento e base
sobre que repousam. E assim, como eu não saberia que tenho as faculdades de perceber e querer, etc., se não percebesse efetivamente, assim
eu não teria sensações, se não houvesse objetos que as desenvolvessem; nem concepções, se não houvesse sensações que as ocasionassem, e,
assim como eu não digo que minha inteligência e vontade são qualidades subjetivas, casadas com o objeto e nele percebidas. Os objetos influem
sobre os sentidos, estes sobre a sensibilidade; aparecem as sensações. As sensações influem sobre a reflexão, esta sobre a cognição; aparecem
as concepções. Sensações e concepções são leis, manifestações de nossa alma. "Há uma espécie de pretensão imprópria, de amor excessivo, que
até mesmo pode parecer injurioso àqueles que ainda não abandonaram seus antigos sistemas, isto é; "Que antes do aparecimento da filosofia
crítica, não havia filosofia". Para poder decidir sobre essa pretensão, é preciso resolver previamente a seguinte questão: é possível, a rigor, haver
mais que uma filosofia? Não somente tem havido maneiras diferentes de filosofar, de se elevar aos primeiros princípios da razão, de edificar um
sistema sobre estes princípios com maior ou menor felicidade, como também até era necessário que ocorresse um grande número de tentativas
dessa espécie, pois cada uma delas teve sua utilidade própria. Contudo, como a razão humana, considerada em si, é essencialmente una, não
pode acontecer que haja mais que uma filosofia, isto é, que haja mais que um sistema racional possível segundo princípios, quaisquer que sejam
a diversidade e a freqüente oposição que tenham podido existir sobre um único e mesmo ponto" (Edson Bini, Doutrina do Direito – Emmanuel
Kant. Ed. Ícone. 1993, pág. 15, trad.).

Havíamos proposto o problema fundamental de toda a metafísica: o problema de que é o que existe? E seguimos as respostas que a esse
problema se deram nas duas direções fundamentais que conhece o pensamento na história filosófica: a direção realista e a direção idealista. As
tentativas que na antigüidade grega se fizeram para responder a essa pergunta e que conduziram todas elas à forma mais perfeita de realismo, a
qual se encontra na filosofia de Aristóteles. Mas essa mesma pergunta obtém resposta completamente diferente na filosofia moderna que se inicia
com Descartes, e que a propensão idealista, que consiste em responder à pergunta acerca da existência com uma resposta totalmente diferente
daquela que dá Aristóteles, desenvolve-se na filosofia moderna e chega à sua máxima realização, à sua máxima explicitação, na filosofia de Kant.
Para o idealismo o que existe não são as coisas, mas o pensamento é que existe. Para Kant não é assim: antes o objeto pensado é objeto quando
e porque é pensado; o ser pensado é aquilo que o constitui como objeto. Isto é o que significa todo o sistema kantiano das formas de espaço,
tempo e categorias. Mas ao mesmo tempo que Kant remata e aperfeiçoa o pensamento idealista, introduz neste pensamento algumas
reproduções que desenvolvem e dilatam-se na filosofia que sucede a Kant. Primeiro essa "coisa em si" que Kant elimina na relação do
conhecimento, o seu significado é o de satisfazer o afã de unidade que a razão humana sente ou o ideal regulador do conhecimento, que imprime
ao conhecimento um movimento sempre para diante. E essa primazia da razão prática ou da consciência moral é a segunda das características do
sistema kantiano que o diferencia de seus predecessores. Kant deu ao problema da metafísica a transformação seguinte: a metafísica procurava
aquilo que é e existe "em si", ou seja, uma idéia reguladora para o conhecimento discursivo do homem, o que representa o contrário dos objetos
do conhecimento concreto.

A METAFÍSICA E A RELAÇÃO DAS FACULDADES DA ALMA COM A LEIS MORAIS

"O desejo é a faculdade de ser causa dos objetos de nossas representações por meio das próprias representações. A faculdade que possui um ser
de operar segundo suas representações". Para Kant o desejo vem acompanhado sempre de prazer ou desprazer, que no homem chama-se
sentimento" (Edson Bini, Doutrina do Direito – Emmanuel Kant. Ed. Ícone. 1993, pág. 19). Mas o contrário não é recíproco, sendo este não uma
causa mas também pode ter seu efeito, continua o autor "Porém denomina-se sentimento a capacidade de experimentar prazer ou desprazer com
a idéia de uma coisa, pela razão de que esses dois estados contêm apenas o subjetivo puro em sua relação com nossa representação e de
nenhum modo uma relação a um objeto que se trate de conhecer (...) Essas leis da liberdade são chamadas de morais, de forma a serem
distinguidas das leis naturais ou físicas. Quando se referem somente a ações externa e a sua legitimidade, são chamadas de jurídicas. Porém, se
além disso exigem que as próprias leis sejam os princípios determinantes da ação, então são chamadas de éticas na acepção mais própria da
palavra. E então diz-se que a simples conformidade da ação externa com a leis jurídicas constitui sua legalidade; sua conformidade com as leis
morais é a sua moralidade".

A sensibilidade física é a faculdade de sentir a dor ou o prazer em conseqüência dos objetos que lhes tem relação. Nesta ocasião se manifesta o
desejo da felicidade e todas as mais propensões que tem por objeto o bem ser. A sensibilidade ou o senso moral é a faculdade de sentir o justo
pela aprovação ou censura da ação. Nesta ocasião se desenvolve ou aparece o amor da justiça e as mais propensões que tem por objeto o dever.

A razão, pois, observando a marcha das propensões que o desejo da felicidade estimula o homem a providenciar sua conservação e bem ser, e
que a sensibilidade física é seu guia natural nessa indagação.
O senso moral é o seu primeiro e mais seguro guia, daqui vem chamar-se consciência este tribunal supremo de quem não há mais recurso; que
aprova e condena sem raciocinar que manda crer sem hesitar e que é infalível em seus ditames, quando as paixões ou prejuízos dão lugar à sua
voz.

A observação nos manifesta a natureza moral do homem, ela mesma nos descobrirá a origem das suas obrigações e a existência de uma
legislação moral natural. Origem das obrigações: existência de uma legislação moral natural.

A liberdade foi dada ao homem para se constituir senhor de suas ações, e por isso responsável por elas. Se, pelo contrário, o homem abraça o
justo, ele se coloca no lugar distinto e elevado, para o qual suas faculdades o chamam, se liga aos demais entes inteligentes e põe-se, de certo
modo, a par do Autor da natureza, concorrendo com Ele para os fins da criação.

Mas onde descobrirá a razão estes motivos de justiça? Se a justiça, no sentido mais geral, é a conformidade da ação com a regra, qual será a
regra? Não são as propensões; não é a consciência, nem a mesma razão; tudo isto pode ser considerado como órgão, ou publicador da regra;
mas não como a mesma regra. As propensões são meros estímulos, são cegas, e, demais, se deterioram e corrompem.

A consciência caleja, ou não deixa mais ouvir o imperativo da sua voz; a razão se deprava. Eis quando o homem sente a necessidade da
revelação para o segurar na prática do que é justo, para o encaminhar direto para a felicidade, objeto igualmente de seu desejo.

A revelação, atestando a verdade de uma vida futura, promete castigos e recompensas que, por sua intensidade e duração farão a felicidade ou a
desgraça do homem moral. Eis aqui como aos motivos naturais da obrigação se ajuntam os sobrenaturais, para firmar melhor o uso da liberdade.
A idéia que formamos da bondade e sabedoria do Criador nos autoriza a crer que ele havia de providenciar a respeito do homem de tal maneira
que pudesse acertar com o fim, para que lhe foram das suas faculdades. O próprio homem não podia ser criado no estado de infância; então,
certamente, pereceria. Fora ainda da sociedade, sem desenvolvimento de suas faculdades, era um ente inútil e imperfeito; era, pois, de
necessidade que fosse criado adulto e instruído pelo Criador de todas as verdades necessárias e úteis ao seu fim; e, assim, se constituísse capaz
de transmiti-las à sua posteridade; é isto mesmo que nos ensina a revelação.

A regra de nossas ações é que se chama lei: é uma norma, uma proposição obrigatória ditada por legítimo superior; é o resultado ou
conseqüência das relações que tem os entes entre si.

Esta lei está gravada em nossos corações, como atestam a razão e a consciência, cuja voz poderosa é esta: adora, ama e confia no teu Criador,
respeita suas obras, concorre para os fins que ele pretende; é, portanto, demonstrável, ainda nos casos em que a revelação de novo a publica;
contudo, se nossas faculdades embaraçadas, ou por fraqueza ou por corrupção, não atinarem com a demonstração, nem por isso deixa a lei ser
demonstrável ou obrigatória. Por toda a parte que o homem lança os olhos, observa a ordem. Ordem é uma série de entes simultâneos ou
sucessivos, ligados por propriedades que os determinam, pelos quais uns dizem respeito aos outros, obram entre si de tal sorte que todos
concorrem para o mesmo fim. Todas as partes de uma planta são outras tantas ordens, que se ligam para o fim da conservação, crescimento e
perfeição da mesma planta. Cada parte do corpo animal é outra ordem que tem por fim a sua perfeição; mas, ligadas, concorrem para a vida e a
perfeição do animal: as faculdades do homem, cada uma tem sua órbita, mas se ligam dos outros entes para algum fim comum. Enfim, cada ente
tem suas propriedades encaminhadas ao fim particular do mesmo ente, mas com relação às propriedades dos outros entes para algum fim
comum.

Desta sorte o observador descobre ligações e ordem desde o átomo até o Autor da Natureza; e conhece que o fim último de todo o criado é a
manifestação da onipotência, sabedoria e bondade do Criador; e nisto a razão está de acordo com a revelação. Em conhecer, pois, esta ordem ou
as diferentes ordens parciais, de que se compõem a origem geral, está todo o ofício do filósofo moral. Sobre a Filosofia Moral Feijó diz: "A
Filosofia Moral é a ciência que trata dos deveres do homem e dos meios de ser feliz. Sendo o homem a única substância conhecida por ele, é claro
que toda ciência para ser verdadeira e não fenomenal, isto é, para ter um valor real, deve fundamentar-se no mesmo homem. É nas suas leis
onde residem os princípios originários e primitivos de toda a ciência humana. A observação, pois, da natureza moral do homem, considerado em
si e nas relações que naturalmente encerra, formará a teoria da ciência moral. Os deveres do mesmo homem e os meios de ser feliz formarão a
sua parte prática" (Diogo A. Feijó, Caderno de Filosofia, Ed. Grijalbo Ltda. 19767, pág. 121).

homem moral, portanto, será aquele que entender esta ordem e obrar a respeito de cada ente, segundo a natureza própria e as relações que
encerra, tendo sempre em vista que da harmonia dos fins particulares com os fins gerais de cada série e da desta com o fim último é que nasce o
conhecimento das propriedades de cada ente em toda a sua extensão.

A FENOMENOLOGIA

As controvérsias acerca da existência do mundo material – ou mundo exterior por oposição ao mundo interior da vida psíquica – conduziram
Husserl à atitude fenomenológica.

Para os escolásticos, que nisto seguem Aristóteles, a alma e o corpo constituem os dois princípios metafísicos de uma substância única, o homem,
cujo corpo é a matéria e cuja alma é a forma: daí o nome de hilomorfismo. Mas estes dois princípios constitutivos apresentam uma ação
inseparável: as impressões registradas pelo corpo repercutem na alma e os pensamentos mais espirituais surgem necessariamente com o
acompanhamento, considerado material, da imagem. Nestas condições compreende-se a possibilidade do conhecimento direto do mundo exterior.

A teoria escolástica da unidade substancial do composto humano, Descartes contrapôs o seu dualismo: na sua opinião, o homem é
essencialmente uma alma à qual o corpo pura máquina está unido tão-somente por meio dos "espíritos animais". Esta alma acha-se, pois,
encerrada em si mesma, alcançando diretamente só as suas próprias impressões, a existência de uma realidade exterior, necessária para explicá-
las. Sendo impossível verificar a verdade obtida, pois, por hipótese, nada era dado ao homem fora de suas impressões subjetivas, a especulação
filosófica chegou logicamente a negar a existência de uma realidade externa e mesmo a do princípio permanente do pensamento a que atribuímos
o nome de alma ou espírito. Tudo se reduz a imagens ou representações. Eis a teoria proposta por David Hume o que se chamou de
fenomenismo.

Há mais de dois séculos, o pensamento filosófico defronta-se com este problema: existirão apenas fenômenos ou também coisas em si, um
mundo de objetos materiais, um mundo dos espíritos? A obsessão deste problema e a solução em que nos fixamos impedem a observação
sincera dos fatos, a única capaz de promover um progresso do pensamento. Tal atitude lembra a de Descartes rejeitando sistematicamente toda
afirmativa conta a qual se pudesse levantar qualquer motivo de dúvida. Com efeito, a fenomenologia não é, como a psicologia comum, uma
simples descrição dos dados imediatos da consciência: consiste numa reflexão sobre o sujeito pensante; a sua psicologia é uma psicologia
reflexiva.

O fenomenólogo procura apreender a si mesmo como eu puro, isto é independentemente das determinações vindas do objeto.

Ao lado dos fenomenólogos que procuram determinar as estruturas universais da atividade empírica da consciência, outros, na Alemanha,
pretenderam, pela observação da intencionalidade emocional, determinar as normas de sua atividade moral, dos valores essenciais. O
essencialismo fenomenológico dos valores nos reconduz ao nosso ponto de partida, ao platonismo, em cujas perspectivas devemos nos situar, a
fim de compreender, por oposição, o existencialismo moderno e a sensação de vazio que ele deixa nas almas.

Esta descrição fenomenológica do conhecimento revela-nos clarissimamente que o conhecimento confina com três territórios limítrofes que são: a
psicologia, a lógica e a ontologia. Com efeito, se o conhecimento é correlação de sujeito-objeto, mediando o pensamento, o conhecimento toca na
psicologia, porque a psicologia trata do sujeito e do pensamento como vivência do sujeito. Se o conhecimento é esta correlação sujeito-objeto,
mediando o pensamento, limita também com a lógica porque a lógica trata dos pensamentos como enunciados, não enquanto vivências, somente
quando dizem algo de um objeto. As leis, as normas internas disso que se diz de algo são as leis da lógica. A lógica, limita também, pois, o
conhecimento. Mas a ontologia também limita o conhecimento; não há conhecimento sem um sujeito.

Por conseguinte, o objeto é o que estuda a ontologia. Estas províncias limítrofes da psicologia, a lógica e a ontologia, que limitam o
conhecimento, são as vezes, enormemente perturbadoras porque a teoria do conhecimento terá de se construir com contribuições e com
referências a essas três limitações.

Mas estas contribuições e referências à estes territórios limítrofes terão que ser feitas na teoria do conhecimento dentro do círculo de problemas
que esta teoria apresenta; terão que ser feitas para resolver o problema que a teoria do conhecimento levanta, não ao contrário, não resolvendo
problemas pertencentes à psicologia, à lógica ou à ontologia.

E um dos erros e das confusões que mais se cometem repetidamente na filosofia moderna consiste em utilizar a teoria do conhecimento para dar
solução a problemas de psicologia, de lógica e de ontologia.

CONCLUSÃO

Desta maneira chega Kant à conclusão de que o espaço e o tempo são as formas da sensibilidade. E por sensibilidade entende Kant a faculdade
de ter percepções. Sendo assim, o espaço é a forma da experiência ou percepções externas; o tempo é a forma das vivências ou percepções
internas. Mas toda percepção externa tem duas faces: é externa por um dos seus lados, enquanto está constituída pelo que chama-se em
psicologia um elemento "presentativo"; mas é interna, por outro de seus lados, porque, ao mesmo tempo que eu percebo a coisa sensível, vou
dentro de mim, sabendo que a percebo, tendo não somente a percepção dela, mas também a apercepção, dando-me conta do que a percebo. Por
conseguinte, o tempo tem uma posição privilegiada, por ser o tempo a forma da sensibilidade externa e interna, enquanto o espaço somente é
forma de sensibilidade externa. Esta posição privilegiada do tempo é a base e fundamento da compenetração que existe entre a geometria e a
aritmética, sendo, pois, duas ciências separadas paralelamente por um espaço e que se compenetram mutuamente. Desta sorte, toda a
matemática representa um sistema de leis a priori, de leis independentes da experiência e que se impõem a percepção sensível. E, todavia, todas
as percepções sensíveis, todos os objetos reais físicos na natureza e aqueles que acontecerem no futuro, eternamente, sempre haverão de estar
sujeitos à essas leis matemáticas. Como isso é possível? Acabamos de falar sobre o desenvolvimento kantiano. Isto é possível porque o espaço e
o tempo, base das matemáticas, não são coisas que conhecemos por experiência, mas antes formas de nossa faculdade de perceber coisas, e,
portanto, são estruturas que nós, a priori, fora de toda a experiência, imprimimos sobre nossas sensações, para torná-las objetos conhecidos. As
formas da sensibilidade, espaço e tempo, são pois, aquilo que o sujeito envia ao objeto para que o objeto se aposse dele, assimile-o converta-se
nele e logo possa ser conhecido. Então diremos que Kant emitiu sobre as coisas em si (que continuavam perseguindo os idealistas desde
Descartes) uma definitiva sentença de exclusão. As coisas em si mesmas não existem, e se existem não podemos dizer nada delas, somente se
estas coisas estiverem extensas no espaço e sucessivas no tempo. Porém, como o espaço e o tempo não são propriedades que pertençam às
coisas "absolutamente", mas formas da sensibilidade, em nenhum momento terá sentido o falar de conhecer as coisas "em si mesmas". A única
coisa que terá sentido será falar, não das coisas em si mesmas, mas recobertas das formas de espaço e tempo. E essas coisas recobertas das
formas de espaço e tempo chama-as Kant "fenômenos". Por isso, Kant diz que não podemos conhecer coisas em si mesmas, mas fenômenos. E
que são fenômenos? São as coisas providas já dessas formas do espaço e do tempo que não lhes pertencem a si mesmas; porém lhes pertencem
enquanto são objetos para "mim", vistas sempre na correlação objeto-sujeito.

Quanto à fenomenologia kantiana, graças a análise do que é conhecimento e dos territórios que com ele limitam, se tivermos muito cuidado de ir
perseguindo nosso problema metafísico, sabendo exatamente dos perigos em que está o espírito de confundir estes elementos que limitam com o
pensamento, então teremos um fio de que nos conduzirá muito bem através desse labirinto, e poderemos, ocupar-nos mais demoradamente da
filosofia moderna a partir de Descartes, desligando e afastando as confusões fundamentais que se cometeram entre lógica, psicologia e ontologia.
Num caso típico, na filosofia de Kant, os intérpretes dessa filosofia kantiana cometeram, eles mesmos, estas confusões, e uns de um lado –
psicologistas – e outros de outro – logicistas – nos deram ambos uma visão falsa do fundo do pensamento kantiano. Mas isto não o poderíamos
ter conseguido sem essa prévia e minuciosa descrição fenomenológica do fenômeno do conhecimento.

Sobre esta sede incessante do homem em buscar fontes sobre o fenômeno do auto-conhecimento, Paul Foulquié diz o seguinte: "Ao reconhecer
apenas um valor, o da escolha pessoal por cujo intermédio nos determinamos a sermos nós próprios e não a pálida imitação de outrem, o
produto de um meio, a causa da existência constitui algo tentador para o homem moderno. Mas é preciso tomar cuidado para não se contradizer:
um existencialismo adotado por esnobismo ou porque está no ar seria mera caricatura do existencialismo autêntico. Ademais, não se deve tomar
pela concepção clássica da vida a caricatura que dela fornecem os existencialistas ateus" (Paul Fouquié, Existencialismo, Ed. Difel, 3ª ed., 1975,
pág. 125).

Bibliografia

KANT, Emmanuel. Doutrina do Direito. Editora Ícone - São Paulo. 1993, tradução de Edson Bini.

FOULQUIÉ, Paul. O Existencialismo. Ed. Difel - São Paulo/Rio de Janeiro, 1975, 3ª ed., tradução de J. Guinsburg.

CORONADO, Guilhermo de la Cruz. Fundamentos de Filosofia – I Lições Preliminares. Ed. Mestre Jou - São Paulo, 1976.
FEIJÓ, Diogo A. Cadernos de Filosofia. Ed. Grijalbo – São Paulo, 1967.

HUSSERL, Edmond, Meditações Cartesianas, Colin, 1931.

A Fenomenologia como Abordagem de Escuta no Serviço Social

Belo Horizonte-Minas Gerais, março de 2006

Não só o homem é o que ele próprio concebeu ser, mas também o que quer ser após este impulso para existência. O homem nada mais é senão
aquilo que se fez.

Sartre

A consciência é intencionalidade.

Husserl

Só as descrições do mundo podem ser verdadeiras ou falsas; o mundo por si próprio – sem auxílio das atividades descritivas dos seres humanos -
não pode.

Rorty

Um pouco sobre a Fenomenologia

Corrente filosófica iniciada pelo filósofo e matemático alemão Edmund Husserl (1859-1938) que pretende estabelecer um método de
fundamentação da ciência e da filosofia, esta última como ciência rigorosa. Baseia-se no conceito de fenômeno (aquilo que é percebido pela
consciência) para investigar a vida perceptiva: como a percepção torna possível a consciência dos objetos do mundo; como atos subjetivos, o
juízo e a memória, por exemplo, podem ser examinados por uma faculdade superior da própria

consciência, chamada de eu transcendental, responsável pela síntese que torna possível a apreensão de objetos. A primeira grande obra em que
aparecem os frutos do método fenomenológico é Investigações Lógicas (1900-1901).

A investigação deve ater-se ao modo como as coisas aparecem ao homem, como ele unifica a multiplicidade de aparições e como projeta
significações sobre os objetos percebidos. Para o fenomenólogo, não existe a consciência pura, mas sempre a "consciência de alguma coisa". Esse
conceito, fundamental para a fenomenologia, é chamado de intencionalidade.

Os grandes temas da fenomenologia são questões clássicas da filosofia desde Descartes. Por isso uma das principais obras de Husserl é uma
discussão da obra do filósofo francês: Meditações Cartesianas. A fenomenologia serve de fonte a vários filósofos, em especial aos ligados ao
existencialismo.

O filósofo alemão Martin Heidegger (1889-1976) utiliza a fenomenologia em sua maior obra, Ser e Tempo (1927), para estudar a essência do ser,
a temporalidade e o sujeito sempre em um contexto. É na França, porém, que a fenomenologia alcança maior sucesso, por causa dos
existencialistas. Filósofos como Jean-Paul Sartre e Maurice Merleau-Ponty (1908-1961) usam o método para o estudo das estruturas da
percepção, da consciência e da imaginação. A atenção dispensada ao olhar, à percepção, à imaginação, às coisas e ao outro faz o método
fenomenológico ir além das fronteiras da filosofia. Fala-se hoje de uma sociologia, uma psicologia e uma teoria literária fenomenológicas. O
método volta-se principalmente para as artes, nas quais proporciona um novo modo de consideração das obras artísticas. ABRIL 2002.

Um Pouco sobre Husserl

O pensamento fenomenológico passou por diversas transformações e reorganizações conceituais. Mas, apartir da formulação programática feita
por Husserl no começo do século XX, a fenomenologia tornou-se mundialmente bem – aceita e tem influenciado discussões teóricas até hoje; ela
introduziu uma forma prática no domínio teórico da filosofia, assim como no campo das ciências humanas e naturais. CHALITA 2004

Filósofo alemão (8/4/1859-27/4/1938), fundador da fenomenologia. Gustav Albrecht Edmund Husserl nasce em Prossnitz, atual Prostejov, na
Morávia, na época parte do Império Austro-Húngaro e hoje pertencente à República Tcheca. Estuda nas universidades de Leipzig, de Berlim e de
Viena. Em 1883 inicia a carreira de professor na Universidade de Berlim. Transfere-se no ano seguinte para a Universidade de Viena, mas
também dá aulas nas universidades de Halle, Göttingen e Freiburg-im-Breisgau. Permanece nesta última até 1928, quando abandona o
magistério para escrever seus ensaios. Entre outras obras, elabora as Investigações Lógicas (1901-1902), em que define sua filosofia como a
análise da experiência que está por trás de todo o pensamento formal. Lança depois as bases da teoria da fenomenologia. A novidade de seus
estudos chega a interessar os acadêmicos americanos, e ele é convidado a lecionar na Universidade da Califórnia do Sul, em Los Angeles, em
1933. Mas, com a ascensão do nazismo, fica impossibilitado de sair da Alemanha. Morre em 1938, em Freiburg. Deixa inúmeros ensaios, reunidos
posteriormente pelos amigos em Louvain, na Bélgica, e que passam a ser chamados de Arquivos Husserl. ABRIL 2002

A fenomenologia Husserliana
Husserl contribui para a filosofia com a formulação rigorosa e estruturada de um método fenomenológico, que propõe estudar o objeto do
conhecimento de forma livre e pura, para alcançar a sua essência.Em outras palavras, a fenomenologia procura tratar do que é dado
imediatamente como conteúdo conhecido, sem abordar as possíveis implicações e desdobramentos, que pertencem a uma construção posterior
do saber.

Assim , no processo de conhecimento, ou seja, na relação que se estabelece entre o sujeito e o objeto, Husserl distingue os seguintes elementos
fundamentais : a noésys ("forma"), a h ‘yle ("matéria") e o nóema ("conceito").

A noésys consiste no pensamento considerado um evento psíquico individual; é o conteúdo subjetivo do pensamento que confere sentido ao
objetivo conhecido.A h’ yle trata do dado sensível, do contato físico com o objeto, que em si mesmo não comporta nenhum significado, a não ser
quando alcançado pela noésys.Por fim, temos o nóema ,totalmente distinto do objeto físico.

Assim Husserl faz uma distinção entre o pensamento como um evento psíquico individual ( noese,ou faculdade do pensar ou inteligência ) e o
pensamento como conteúdo ( noema, ou pensamento, intenção).Na operação 2 + 2 = 4 existe uma atividade de natureza psíquica, ao mesmo
tempo que há um conteúdo pensado, que se expressa no conteúdo de sentido ideal independentemente do sujeito pensante.Esse segundo sentido
revela que a estrutura da consciência é intencional e conduz o sujeito na direção do objeto pensado.

O filosofo distinguiu a essência, entendida como a parcela ideal de significação do objeto, dos aspectos que constituem a nossa experiência, ou
seja, do que designou como conteúdo objetivo do pensamento.Portanto, no seu método de análise do fenômeno, a essência é a sua dimensão
mais relevante.

Segundo Husserl, existe uma intuição da essência, que é o ato ideador , uma espécie de apreensão imediata da essência juntamente com o
fenômeno ; desse modo, conheceríamos o fato e sua essência, simultaneamente. O conhecimento ocorreria por semelhanças, que é própria da
essência e não da existência; para Husserl, pensar é, antes de tudo pensar na essência.

A redução fenomenológica

A fenomenologia faz uso de uma série de instrumentos metodológicos próprios que possibilitam a análise criteriosa dos fenômenos. Um deles é a
redução, dividida nas seguintes modalidades: a epoché, a redução eidética e a redução trancendental.

O termo epoché vem do grego e significa estado de dúvida. Consiste na suspensão do juízo a respeito de qualquer opinião; com o propósito de
buscar unicamente os fatos, "pomos fora de ação a tese geral própria da atitude natural e pomos entre parênteses tudo o que ela compreende".
Para ilustrar o método referido, tomemos o exemplo de como uma cor é percebida: a experiência pessoal da cor é o fenômeno puro, que se
atinge mantendo-se em suspensão os dados científicos a respeito da composição da cor e os dados advindos da comparação com outras cores.

A atitude natural, segundo Russerl, compreende a aceitação do mundo em que vivemos, formado de coisas, bens, valores, ideais, pessoas,
conforme ele nos é dado.A fenomenologia pretende se desvencilhar dassa atitude natural, por meio de um questionamento radical sobre o modo
de existência do mundo, que consistiria no ponto inicial da pesquisa filosófica.

A redução eidética analisa a apresentação do objeto a nossa á nossa (representação) de forma pura, prescindindo da existência do sujeito que
conhece, assim como do objeto conhecido. Trata-se da forma do objeto no espírito, ou seja, trata- se de analisar a representação sem levar em
conta o âmbito psicológico.Tomando como exemplo uma planta, podemos afirmar que, levando a cabo tal redução, os seus componentes básicos
seriam a cor, as formas que a compõe e a textura.

Na redução transcendental, o fenomenologista considera apenas o que foi imediatamente apresentado á consciência; todos os outros
elementos, Husserl sugere que sejam excluídos do julgamento.Retomando o exemplo da cor : uma página impressa em verde é apenas verde,
não é feita da mistura de amarelo e azul, que é um dado cientifico. O interessante de Husserl está na cor como fenômeno pessoal e subjetivo,
que depende de fatores complexos, como as diferenças de concepção dos sentidos.

O que é mais relevante para os defensores da fenomenologia é aquilo que pode ser experimentado pelos sentidos. Depois de realizada a redução,
o que resiste é o individuo efetivamente sabe e passa a conhecer, transcendendo os dados científicos: é o que se designa resíduo
fenomenológico.

Análise cognitiva

O passo seguinte a redução é a análise cognitiva, que consiste na comparação detalhada entre fenômeno, tal como é apresentado á consciência,
é a universal do fenômeno. A fenomenologia busca conciliar aquilo que experimentamos com aquilo que supomos saber teoricamente. Há aqui
implícita uma diferenciação entre o fenômeno experimentado e o fenômeno apreendido, que Husserl compara com a relação entre a aparência e
aquilo que aparenta. Recorrendo mais uma vez ao exemplo da cor com o reconhecimento científico que temos sobre ela.

De acordo com Husserl, através da redução, cada sujeito pode tornar-se observador de si mesmo, consciente de si.Assim adquirimos
conhecimento e podemos aprender sobre nós mesmos e sobre a nossa volta.Pressupomos a existência de outras pessoas com a mesma
capacidade para conhecer, mas é impossível provar que, de fato, elas estejam conscientes de si.Não observamos os pensamentos alheios, vemos
apenas as ações do comportamento dos outros.É o que denominamos observação da "coisa" enquanto fenômeno.

Assim, da mesma maneira que aprendemos sobre o mundo observando fenômenos externos, aprendemos sobre nós mesmos por meio dos
outros. A única forma de observarmos os resultados de nossas emoções e pensamentos é através das respostas das outras pessoas.

É a vida no mundo, que Husserl denominou Lebenweslt, e que nos permite ver e experimentar sem as limitações impostas pelas fórmulas e
equações do conhecimento científico. Uma coisa é saber que a água é formada por átomos de oxigênio e de hidrogênio, outra bem diferente é
ver, sentir, sorver a água. A análise cognitiva nos permite conciliar o conhecimento científico e a observação ; entretanto, só realizamos essa
análise quando nos é solicitado, não se trata de um processo involuntário.

O método de pesquisa (escuta) do Serviço Social com bases na fenomenologia.


Em seus primórdios, o Serviço Social estava voltado a escuto do social com uma visão funcionalista, onde era "analisado em termos de papeis
sociais e desempenho de funções.Como um mecanismo do tipo bio-psicológico, compreendido como a soma das partes ou soma de órgãos. As
práticas se expressavam de forma autoritária, hierárquica atendendo a necessidade da eficácia diante o mercado de trabalho, ou seja estava a
continuar a reprodução do sistema social onde a relação de explorados e exploradores continuasse no mesmo ritmo.

Apartir desse pressuposto, passa-se a compreender a necessidade e adaptações da prática do assistente social a introdução das teorias sociais de
transformação.Nesse sentido " os assistentes sociais revalorizam os sujeitos sociais, por reconhecerem neles os sujeitos que atuarão visando as
mudanças sociais planejadas"CAPALBO,1984. É um momento de reflexão em que os assistentes sociais passam a terem a preocupação de
estratégia as mudanças almejadas através da formação da prática política e ideológica objetivando a mudança estrutural. "A teoria da práxis
revolucionária".

Emm meio a essas mudanças, os assistentes sociais passam a compreender o homem em seu todo, valorizando o indivíduo como ser com vida
pessoal, social e agente transformador de sua história, cultura, classe, política , participativo, etc. "Assim, os assistente social não querem fazer
mais o chamado assistencialismo , mas sim a promoção humana". CAPALBO, 1984. Apartir dessa idéia os A.S passam a empregar na sua
prática a visão da totalidade humana e não como um ser sujeito que apenas vive a sua vida.

Merleau-Ponty na sua obra "Fenomenologia da percepção" passa uma contribuir para uma nova proposta empregada ao Serviço Social que passa
a tentar compreender o que é vivido e relatado pela própria população que considera em sua vivencia concreta o que seria necessário para haver
mudanças ou melhorias ao meio ao qual vive o indivíduo e o grupo social estudado.

Nesse sentido é colocado em foco o corpo próprio sendo ele o ser " movimento do seu ser no mundo" é apartir dele que o ser humano passa a
se expressar além de suas dimensões voluntárias e involuntárias,conscientes e inconscientes, é ele que passa a dar a experiência da fasticidade e
do sentido emergente, o lugar onde se escreve a reflexão e a ação, o lugar do procedência ontológica do sentir sobre o sensível, do pré reflexivo
sobre o reflexivo.

A Intersubjetividade, coloca em cena que a existência não é isolada ,mas sim um modo de relacionamento interpessoal.Para a filosofia
fenomenológica a questão da diferença e da identidade explica que : somos idênticos na essência e diferentes na existência . A compreensão do
outro é baseada na experiência de vê-lo, toca-lo, ouvi-lo, percebe-lo, isto é, pelo seu corpo, seus gestos, seu comportamento, sua linguagem, sua
ação, etc.O outro só se apreende pela mediação de seu corpo e de seu comportamento significativo e expressivo.CAPALBO,1984. A empatia
consiste no fato da compreensão de um sentimento interior nesse sentido temos o conceito de coexistência que requer que a subjetividade seja
feita através da ética em liberdade. A idéias de comunidade, união, reciprocidade, solidariedade, irmandade, respeito mútuo, liberdade,
acolhimento, pluralismo e cidadania. O seu contrário, isto é, a não existência em comum ou a ausência de compreensão empática, é instauradora
de desunião, falta de solidariedade, desacolhimento ou indiferença, estrangeridade, dominação, violência, desrespeito a liberdade, monopoletismo
e totalitarismo. CAPALBO, 1984.

O ser humano deve ser compreendido na sua essência e diferença e não como um ser em funcionamento com partes comuns, fisiológicas,
biológicas ou funcionalista, o diferencial na escuta fenomenológica consiste no fato de olhar e compreender.

O conceito de liberdade pode ser expressado como positivo quanto negativo no plano pessoal quanto social histórico político.Negativo aquelas
que faz a marca de sua ausência faz sentir sob a forma de censura, da proibição da liberdade de pensamento e expressão, das rupturas vividas as
imposições ou limitações da liberdade entre as pessoas, das limitações impostas pela doença, pela falta de educação e cultura, pelo inconsciente,
etc.Estas experiências além de ferir a capacidade humana, acabam distanciando o homem se seu potencial e o anulando CAPALBO,1984.

As experiências positivas de liberdade consistem no ser em exercer sob toda a sua liberdade e forma de expressão os sonhos, coloca-los em
prática e ser o agente capaz de transformar a sua realidade.

Creusa Copalbo ressalta a consciência crítica não sendo inata, pois ela se aprende e se desenvolve.Exemplos no próprio sensu comum são
múltiplos, o que nos cabe é entender /explicar o que está implícito nesses fenômenos. Compreender a linguagem individual e social, as
linguagens do gesto e das expressões corporais, tais como o sorriso dos jovens, os rostos envelhecidos e sulfocados das camadas sociais menos
favorecidas, etc. A compreensão do que efetivamente está sendo expresso e comunicado, quer pela linguagem oral, escrita ou silenciosa das
expressões corporais, é imprescindível para o conhecimento real dos condicionamentos e das situações existenciais. Nesta linguagem muitas
coisas estão implícitas e deve ser explicadas pela consciência crítica.

O conceito de mundo incere o fenômeno das experiências humanas num contexto de lugar e tempo, de cultura e sociedade, e não nas coisas
físicas e objetos produzidos pelo homem ao longo de sua história.

O mundo do homem não é apenas um mundo natural já construído,mas é acima de tudo, o mundo que surge de sua ação intencional, da sua
liberdade e a busca de sua verdade.CAPALBO,1984.

Referencia Bibliográfica:

ABRIL,Almanaque.Edição eletrônica 2002.Pesquisa do verbete Fenomenologia

CAPALBO, Creusa. Correntes filosóficas e Serviço Social. CBCISS-Nº182. Ano XVII-1986. Palestra Conferida no 1º Seminário de Pesquisa em
Serviço Social, na PUC Rio, em setembro de 1984.

CHALITA, Gabriel. Vivendo a filosofia. -2. ed.São Paulo Ed. Atual,2004

CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. -13. ed.São Paulo.Ed.Ática,2003

MAGALHÃES, Maria Cristina Soares.Sinópse das aulas ministradas do mês de fevereiro de 2006 para a turma de 3º período do curso
de Serviço Social da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais –Campus Coração Eucarístico.Sem publicação externa.

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