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CAPITALISMO
/
HISTORICO
e
CIVILIZAÇAO -
CAPITALISTA
TRADUÇÃO
Renato Aguiar
REVISÃO DE TRADUÇÃO
César Benjamin
Immanuel Wallerstein
(OOTIAPOOTO
Título original: Historical Capitalism and Capitalist Civilization
(3 () \, 11 1903 1
Revisão tipográfica: Tereza da Rocha
Projeto gráfico: Regina Ferraz O tIJ.;' 3 a.:6g oA
CATALOGAÇÃO NA FONTE
DO DEPARTAMENTO NACIONAL DO LIVRO
ISBN 85-85910-38-0
1. Capitalismo. I. Título.
CDD-330.122
SUMÁRIO
CAPITALISMO HISTÓRICO
Introdução ... 9
A mercantilização de tudo: produção de capital ... 13
A política de acumulação: luta pelo lucro ... 41
A verdade como ópio: racionalidade e racionalização ... 65
Conclusão: sobre progresso e transições ... 83
CIVILIZAÇÃO CAPITALISTA .
Um balanço ... 97
Perspectivas ... 121
CAPITALISMO
, HISTÓRICO
INTRODUÇÃO
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CAPITALISMO HISTÓRICO
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INTRODUÇÃO
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A MERCANTILIZAÇÃO DE TUDO:
PRODUÇÃO DE CAPITAL
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cam através das regiões de tal modo que a região dotada do ar-
tigo menos escasso vende seus bens para outra região a um pre-
ço que incorpore mais insumo real (custo) do que um bem de .
preço igual que se desloque na direção oposta. Parte do lucro
total (ou do excedente) produzido numa área transfere-se então
para outra.. É a relação que se estabelece entre centro e periferia.
Podemos chamar a área perdedora de "periferia" e a área ga-
nhadora de "centro", nomes que na verdade refletem a estrutura
geográfica dos fluxos económicos.
Logo descobrimos vários mecanismos que historicamente
aumentaram essa disparidade. Sempre que ocorreu uma "in-
tegraçãovertical" de quaisquer dois elos de uma cadeia mer-
cantil foi possivel deslocar na direção do centro uma parte
maior do excedente total, quando comparado com o que ocor-
ria antes. Além disso, o deslocamento de excedentes para o cen-
tro concentrou nele o capital, tornando disponíveis enormes
quantidades de recursos para aumentar o grau de mecanização.
Isso peqnitia que os produtores das áreas centrais ganhassem
novas vantagens competitivas nos produtos existentes e crias-
sem novos produtos, com os quais podiam recolocar o processo
em marcha.
A concentração de capital nas áreas centrais criou tanto a
base fiscal quanto a motivação politica para a formação de apa-
ratos estatais relativamente fortes, dotados da capacidade, entre
outras, de assegurar que os aparatos estatais das áreas perifé-
ricas permanecessem ou se tornassem mais fracos. Por isso, os
aparatos centrais puderam pressionar os periféricos a aceitar
(e mesmo promover) em suas jurisdições uma maior especiali-
zação em tarefas inferiores da cadeia mercantil, utilizando força
de trabalho com menor remuneração e criando (reforçando) as
estruturas domiciliares que permitiam a sobrevida dessa força
de trabalho. Assim, o capitalismo histórico criou diferentes ní-
veis de salário, os quais se tornaram dramaticamente divergen-
tes nas diferentes regiões do sistema-mundo.
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PRODUÇÃO DE CAPITAL
Dissemos que esse processo tem sido oculto. Com isso que-
remos dizer que, aparentemente, os preços reais sempre foram
negociados em um mercado mundial, com base em forças eco-
nómicas impessoais. O aparato de forças, enorme más dissimu-
lado, esporadicamente usado de maneira aberta em guerras e
na colonização, não teve que ser evocado em cada transação se-
parada para garantir que a troca· fosse desigual. A força só foi
adonada quando determinado nível de troca desigual foi ques-
tionado de modo significativo. illtrapassado o conflito politico
agudo, as classes empreendedoras do mundo podiam voltar a
fingir que a economia se movia,exclusivamente por considera-
ções de oferta e procura. Não precisavam desvendar como a
econornia-mund,o tinha chegado a uma configuração particular
de oferta e pmcura, nem reconhecer que relações de força sus-
tentavam em cada momento os diferenciais "costumeiros" nos
niveis de salário e na real qualidade de vida da força de trabalho
em escala mundial. ,
Podemos agora retomar à questão de saber por que houve
alguma proletarização. Recordemos a contradição fundamental
entre o interesse individual de cada empreendedor e o interesse
coletivo de todas as classes capitalistas. A troca desigual serve,
por definição, aos interesses coletivos, mas não a muitos inte-
resses individuais. Aqueles cujo interesse não era imediatamen-
te contemplado em qualquer momento dado (porque ganha-
vam menos que seus competidores) tentavam alterar as coisas
em benefício próprio. Em outras palavras, tentavam competir
em melhores condições no mercado, tornando sua própria pro-
dução mais eficiente ou usando a influência política para criar
novas vantagens monopolistas para si.
A competição acirrada entre capitalistas sempre foi uma das
dífferentia specifica do capitalismo histórico. Mesmo quando ela
pareceu estar voluntariamente restrita (por arranjos formado-
res de cartel), isso se deveu principalmente ao fato de que cada
competidor percebeu que tal restrição otimizava seus próprios
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mente; e por quanto tempo e até que ponto vivem bem aqueles
que vivem bem?
Quanto mais refleti sobre esse sistema, mais absurdo ele me
pareceu. Acredito que a grande maioria das populações do
,mundo esteja - objetiva e subjetivamente - em piores condi-
'ções materiais do que nos sistemas históricos anteriores. Além
disso; como veremos, pode-se argumentar que também estejam
politicamente menos afortunadas. Estamos tão imbuídos da
ideologia autojustificada do progresso, forjada por esse sistema
histórico, que temos dificuldade em reconhecer seus enormes
malogros históricos. Mesmo um crítico tão resoluto do capita-
lismo histórico como Karl Marx deu grande ênfase ao seu papel
historicamente progressista. Eu não acredito nisso, a menos
que, por "progressistà', queiramos dizer que ele é historicamen-
te posterior e que suas origens podem ser explicadas por algo
precedente. O balanço do capitalismo histórico, ao qual devo
retornar, é complexo. Mas, do meu ponto de vista, a avaliação
inicial é muito negativa, tanto em termos de distribuição mate-
rial de bens como de alocação de energias.
Se assim for, por que tal sistema surgiu? Talvez para realizar
precisamente este fim. Será plausível a idéia de que a origem de
um sistema pode ser explicada por sua capacidade de realizar
um fim que já foi de fato alcançado? Sei que a ciência moderna
tem nos desviado da busca de causas finais e de quaisquer con-
siderações sobre intencionalidade (haja vista o quanto são di-
nceis de demonstrar empiricamente). Mas, como sabemos, a
ciência moderna e o capitalismo histórico mantêm uma aliança
estreita; portanto, devemos desconfiar da autoridade da ciência
nessa questão. Permitam-me esboçar uma explicação histórica
das origens do capitalismo histórico sem tentar apresentar aqui
uma base empírica para o argumento.
No mundo dos séculos XIV e XV, a Europa era o locus de
uma divisão do trabalho que, comparada com outras áreas do
mundo; fazia dela - em termos de forças produtivas, da coesão
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A POLÍTICA DE ACUMULAÇÃO:
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quia de poder que não pode ser medida nem pelo tamanho e a
coerência das suas burocracias e exércitos nem por suas for-
mulações ideológicas sobre si mesmos, mas sim por sua capaci-
dade efetiva, ao longo do tempo, de promover a concentração
do capital acumulado dentro das suas fronteiras, emcompa-
ração com a capacidade dos Estados rivais. Essa capacidade é;fe-
tiva envolve a habilidade de constranger forças militares hostis;
a habilidade de decretar medidas vantajosas em casa e de impe-
dir outros Estados de fazerem o mesmo; e a habilidade de cons-
tranger suas próprias forças de trabalho e de minar a capaci-
dade dos rivais de fazerem o mesmo. No médio prazo, o que
mede realmente a força dos Estados é o resultado económico.
O uso aberto da força pelo aparato estatal para controlar a força
de trabalho interna uma técnica cara e desestabilizadora é
mais freqüentemente um sinal de fraqueza que de força. Apa-
ratos estatais realmente fortes têm sido capazes, por diversos
meios, de controlar suas forças de trabalho através de mecanis-
mos mais sutis.
De maneiras diferentes, o Estado tem sido crucial como me-
canismo para otimizar a acumulação. Contudo, nos termos da
sua ideologia, espera-se que o capitalismo expresse a atividade
de empreendedores privados, livres da interferência dos apa-
ratos estatais. Na prática, isso nunca foi verdade em lugar ne-
nhum. É ocioso especular se o capitalismo teria florescido sem
o papel ativo desempenhado pelo Estado moderno. No capi-
talismo histórico, os capitalistas confiaram em sua capacidade
de utilizar os aparatos estatais em seu benefício, das várias ma-
neiras que esboçamos acima.
Um segundo mito ideológico foi o da soberania do Estado.
O Estado moderno nunca foi uma entidade política autónoma.
Os Estados se desenvolveram e foram formados como partes de
um sistema interestatal, ao qual correspondia um conjunto de
regras dentro das quais os Estados tinham de operar e um con-
junto de legitimações sem as quais eles não poderiam sobre-
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CONCLUSÃO:
SOBRE PROGRESSO E TRANSIÇÕES
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o dilema da acumulação
A acumulação incessante de capital é a raison d'être e a atividade
central da civilização capitalista. Nós já vimos, ao revisar nosso
balanço, ql1e a realização bem-sucedida desse objetivo é uma das
suas justificações. Mas quais são seus dilemas, suas contradições?
A tensão básica é que a maximização dos lucros, e portanto da
acumulação, exige estabelecer monopólios relativos de produção.
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vamente suas próprias rendas, pois ela se deu. junto com uma
perspectiva de expansão maciça da acumulação mundial, vista
como um todo, e de exploração significativamente acrescida do
que hoje chamamos Sul, ou países do Sul.
A Primeira Guerra Mundial enfraqueceu o domínio dos Es~
tados centrais sobre o Sul. A integração politica de suas popula-
ções tomara-se crucial para o funcionamento estável do siste-
ma-mundo. O dilema da legitimação politica, mais ou menos
esgotado no século XIX nos Estadós centrais, foi ampliado para
o mundo inteiro no século XX. A questão foi então, mais uma
vez, saber como oferecer para os gerentes uma recompensa
sempre crescente e conciliar isso com a entrega de uma pe-
quena parte do bolo, junto com esperanças reformistas, às mas-
sas (do mundo todo); A solução fui o modelo que denomino
wilsonianismo, que se propunha repetir em escala mundial o
que tinha sido feito antes nos Estados centrais. O wilsonianis-
mo oferecia uma analogia entre o sufrágio universal e a autode-
terminação nacional (a igualdade política de todos os Estados
nas estruturas interestatais, paralela à igualdade política de to-
dos os cidadãos no interior de um Estado). Também oferecia
uma analogia entre a legislação social (e o Estado do bem-
estar) e o conceito de desenvolvimento económico das nações
subdesenvolvidas, que receberiam ajuda para o desenvolvimett-
to (um Estado do bem-estar em âmbito mundial).
Inicialmente, essa segunda fase de ajustes pareceu funcionar
tão bem quanto a primeira, culminando com o fim dos impé-
rios coloniais e a chegada ao poder, no período de 1945-1960,
de movimentos de libertação nacional em todo o Terceiro Mun-
do. Porém, à diferença dos ajustes do século XIX, os do sécu-
lo XX não foram e não poderiam ter sido sustentados pela con-
tinuidade da expansão geográfica da economia-mundo 'capi-
talista. Por volta de 1970 atingiram-se os limites .do que podia
ser oferecido na redistribuição mundial sem causar impactos
negativos sérios na parcela do excedente destinada aos gerentes
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