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FUNDAMENTOS DO

DIREITO
INTERNACIONAL
PÚBLICO
Professora: Júlia Soares Amaral
CEDIN
POR QUE ESTUDAR
DIREITO
INTERNACIONAL?
Ele existe?
(Cem maneiras pelas quais o Direito
Internacional Influencia as Nossas
Vidas).
A. Evolução do Direito
Internacional
A. Ambiente de criação
B. Aplicação
 O que é?
O QUE  Dinâmica e Funcionamento  Quando surgiu?

VEREMOS? distinto do ambiente


doméstico;
 Quem são os atores?
 Onde estão as regulações?

 Facilita o estudo das fontes,


sujeitos e processos.
Aplicado às Nações?

O QUE É O  E quando ele surgiu?

DIREITO  Sistema Jurídico Autônomo


aplicado à Sociedade
INTERNACIO Internacional.
 Quando surgiram os
NAL? Leonardo Nemer Caldeira Estados?
Brant
Paz de
Vestfália

1648 – Fim da
Guerra dos 30 Estado Moderno – Portugal e Inglaterra já tinham estruturas estatais mais bem
definidas.
anos
Soberania – Jean Bodin.

E como eram definidas as fronteiras antes?


 Muitas vezes achamos que a ideia de soberania francesa é de baixo para
Inversão cima:
da lógica MAS NA VERDADE, NÃO...

de Soberania A Francesa é de Jean Bodin – “o Estado sou eu”;


soberania com a Revolução Francesa, resgatam a ideia Inglesa
Francesa da Magna Carta, de que o soberano deve
Inglesa representar o “povo” (na época, os aristocratas).

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 Quando surgiu o Direito Internacional?

 Pode parecer uma noção estranha, mas em qualquer relacionamento


pode haver um processo espontâneo de surgimento da norma.

Surgimento da  Direito Internacional não segue a lógica do Kelsen de “sanção”, tanto que
o DIP sempre foi a pedra no sapato do Kelsen.
norma no DIP
 Arthashastra - provavelmente do século IV a.C, é o mais antigo tratado
sobre economia, ciências políticas e artes militares, sendo considerado a
obra precursora da economia moderna.
 Jus in bello – Direito na Guerra
 Jus ad bellum – Direito da Guerra

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 Primeiro tratado de que se tem notícia: Tratado de Pérola / 1.200 a.C. -
Hamses II e o Rei dos Hititas (está no museu de Instambul) Egito antigo e
Hititas; se um prisioneiro atravessasse a fronteira e entrasse no Império
Hitita, o Egito não poderia "entrar".

 Fizeram o acordo de que se estivessem em perseguição poderiam,


ou os Hititas pegariam a pessoa e passariam para o Egito. Direito de
Perseguição quente e Extradição.

DIP antigo  Grécia: figura do diplomata que eram os representantes das Cidades-
Estados, tinham imunidades, arbitragem...e os templos eram
administrados por todas as Cidades Gregas que partilhavam da crença.

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 Invasão Romana: Momento rico para
o Direito!  CUIDADO: Há autores criteriosos que não
vão aceitar o termo "direito entre nações"
(Civil Law: Tradição Romano e que então vão preferir Direito das
Germânica / Justiniano, Augusto...). Gentes (sobretudo aqueles que tratam
Mas ruim para o DIP! Grande dos indivíduos, como Cançado Trindade).
Então, se ler a terminologia Direito das
retrocesso!
Romanos  Jus gentium: (direito das gentes)
Gentes veja se está se referindo ao período
romano, ou período atual (que será DIP).

(retrocesso ~ regulamenta a presença, direitos


responsabilidades, etc. dos
 Jus Fetiale: Os feciais eram sacerdotes,
que se vestiam de branco e cabia à eles a
império) estrangeiros no Império Romano. declaração de guerra. Os fetiales iam até
Para poder comercializar com os os bárbaros, liam suas demandas e davam
"bárbaros", eles precisavam ter um prazo. Se não cumpriam, voltavam e
lançavam uma flecha suja de sangue de
personalidade jurídica. Até para
carneiro no território inimigo. ISSO É DIP?
responsabilizá-los pelas dívidas
Não...é um direito romano imposto a
(levavam para o rio e partiam no outros.
número de credores). ISSO É DIP?

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Pós Império Romano
 Após 346: INVASÕES BÁRBARAS >
DIVISÃO DO IMPÉRIO ROMANO >
FRAGMENTAÇÃO DO OCIDENTE > ALTA IDADE MÉDIA (IDADE DAS TREVAS –
fecham-se nos feudos)
Com o tempo, as cidades vão se formando, rotas de comércio vão se abrindo...poder
da igreja vai se consolidando!
 Ainda na Idade Média então começa a ter um resgate ao DIP: "cheques" com os
Cavaleiros Templários, Ligas, Guildas de Trabalho (como a Maçonaria, Guilda dos
Pedreiros)
 IMPORTANTE: Início do conceito de Guerra Justa!
(estabelece regras, que no início tinham cunho extremamente religioso como por
exemplo de que não podia guerrear aos domingos, na sexta-feira da paixão...)
ACHAM QUE ESSAS REGRAS PERDURARAM?
Surgem também importantes estudos como o de Sto Tomás de Aquino, Sto
Agostinho, de quando uma guerra é justa ou injusta.

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 No processo de consolidação do Estado um dos pontos mais
importantes foi o do monopólio do uso da força!

E claro que a Igreja não queria ficar fora. Para ser justa, então a
Guerra:

1. Era pública (então proíbo as Guerras privadas e somente o


Uso da força soberano pode decretá-las);

2. Deveria responder a uma injustiça (desígnios divinos).

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 Isso vai gerar conflitos entre igreja e soberano, mas a noção de
Guerra Justa vai permanecer.

 Só em 1928 (depois da I G.M) no Pacto de Briand Kellog que pela


primeira vez se proibiu o uso da força.

 Hoje a Guerra é Legal ou Ilegal > Carta das Nações Unidas (art. 51
Guerra ou autorizada pelo C.S. cap. VII: arts. 39 a 42).

 EUA retoma essa ideia de “Guerra Justa”, ao buscar uma


legitimidade para diminuir o custo de não cumprir o DIP.

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Fim da Idade Média
 1543: Queda de Constantinopla > Fim da Idade Média > Consolidação
dos Estados Europeus > Paz de Westphalia > Criação da Sociedade
Internacional > Concerto Europeu

- Direito Internacional Moderno


Relação entre dois ou três Estados e regras para regulá-las:

DIP

A B

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Existência do DIP
 A existência do DIP é quase um milagre! Não tenho “ninguém” acima
dos Estados, não tenho uma polícia para vigiá-los, não tenho um
poder legislativo centralizado para criar normas.
 Ambiente de anarquia > ausência de uma autoridade central (não
falta de ordem).
 Imaginem que cada um fosse um Estado, que pudesse fazer o que
quisesse. O que vocês fariam?
 Mais cedo ou mais tarde, terei conflito.
 As RIs nesse período, portanto, serão conflituosas por natureza.
Estado de Natureza Hobbesiano.
 Tenho que ser mais forte! Num cenário desses como é possível existir
o DI?

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 Por que um Estado A vai consentir e cumprir um acordo com B?
 Pra que vou comerciar com você se posso pegar?
 Porque B e C se relacionam para ficarem mais forte do que A.
Então A vai passar a dialogar com B e C.
A > B, B + C > A. (Jogo de War, todos se juntam e atacam o mais forte)
Balança ou equilíbrio de poder!
Como?
 A ordem era mantida pela balança de poder e é nessa ordem que o
DI foi construído.

 DI surge como instrumento dos soberanos para manter o


equilíbrio.

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Equilíbrio de poder
 O problema é, esse equilíbrio pode se manter por muito tempo?
Não...se B + C são mais fortes do que A, para quê vão respeitar o tratado com
A?
Porquê A tem um aliado, D e A + D > B + C. E por aí vai...

 Dilema da segurança: Quanto mais seguro eu me torno, mais inseguro eu


fico. (ex.do vizinho e a cerca elétrica). Ex. Relação Brasil e Argentina no
período da Ditadura (história de Itaipu sendo aberta e podendo inundar).

 Nos Estados, as mesmas armas que tenho para me defender, são usadas
para atacar, então quanto mais me armo para me defender, mais sou uma
ameaça.

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 Concerto Europeu: 5 grandes  Deságuo então, na I Guerra
potências que ficavam se Mundial (que só vai acabar
balanceando (Áustria, Grã na II Guerra Mundial) que
Bretanha, Prússia e Rússia). mudou toda a lógica (desde
as artes, filosofia, ao Direito,
(o que aconteceu é que C,
Concerto que era aliado de B, foi lá e
DI, Economia...) e uma grande
alteração que ocorreu: a
Europeu e fez um acordo secreto com A;
D foi e fez um acordo com
metralhadora! (na verdade,
toda a evolução bélica)
Primeira B...).  Até a I G.M: alinhava uma
 Nisso tenho o assassinato do fileira com soldados e
Guerra Arquiduque de Sarajevo mosquetes, e na frente uma
segunda fileira com soldados
Mundial Francisco Ferdinando. abaixados. Quem não
morreu, deveria estar
correndo desesperado com a
baioneta, para acertar o
outro. Com a metralhadora,
mata todos.

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Tricheira/Racionalidade
 Qual a única maneira que tenho para escapar da metralhadora?
Trincheira! E o outro lado fez o mesmo. Nesse cenário a Guerra fica
estagnada! No final da 1ª G.M. as fronteiras se alteraram muito pouco!
A noção então é de que a 1ª G.M. foi irracional. (Em geral as guerras são
racionais ou irracionais? O que é racional? | Racionalidade instrumental.

- O mínimo de custo, com o máximo de benefício.

- Por que ao final da 1ª G.M tenho a ideia de ser irracional? Pelo custo ser
muito alto para benefícios muito pequenos.

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 Para ganhar, só com muita gente morrendo! E gente precisa de
roupa, arma...então todo o esforço de produção nacional se voltou
para a guerra. Isso diferencia a 1ªG.M. das outras. Mesmo quem
não estava no front foi muito atingido!
Custo da 1ª
 Isso gerou um trauma na sociedade civil e nos governantes!
G.M.

Trincheira Trincheira

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 Mas então por que foram
para a guerra na 1ª G.M.?  Como evitar as Guerras?
Erro de cálculo,
principalmente devido à  Comerciar ser melhor do que
diplomacia secreta. guerrear > Neoliberalismo
(livre comércio + democracia
 Hoje, definiram que todos os são instrumentos que, mais
tratados tem que ser do que levar ao crescimento,
Por que foram registrado na ONU (art.102) são capazes de evitar a
Guerra)
para poder ser reclamado
à guerra? perante a CIJ.  Teoria da Paz Democrática
(ideia de que se o Estado é
 O trauma foi tão grande que democrático e tem livre
comércio, ele não guerreia).
começam a se perguntar:
como as guerras acontecem?  A sociedade civil passa a
E por que? fazer pressão para não
guerrear.
 Como resposta disso, proíbo a
diplomacia secreta e crio
foros para debates (vem daí
as OIs, como a OIT).
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Pós 1ª Guerra Mundial
Falavam então que a 1ª G.M seria a Guerra para acabar com todas as Guerras. Não
acreditavam que aconteceria de novo.
Artes: movimentos surrealistas / dadaístas (questionam a violência e buscam escapar
da realidade!).
Filosofia: Resgate dos ideais Kantianos e a ideia da paz perpétua. OI's tem aqui sua
base.

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 Briand: Ministro Francês; e Kellog: Ministro Inglês (França e
Inglaterra inimigos até então):
Renunciam ao uso da força - Só posso renunciar a algo que tenho
direito.
A recepção foi extremamente favorável e então resolveram “abrir”
o Tratado para todos que quisessem.

Tratado de  Torna ilegal o uso da força nas relações internacionais.


Briand-Kellogg
 Problema: não criou mecanismos de sanção.

 Não evitou a Segunda Guerra Mundial.

 Crítica de Churchill.

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 Avanço da tecnologia - mentalidade da Alemanha e Itália diferia
dos outros Estados.

Segunda
Guerra
Mundial

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 Preciso voltar a produção
industrial de outros países  ONU
para “alimentar” a guerra.
 A Guerra efetivamente se  Para aumentar o custo
torna mundial. de se optar pela Guerra,
criou-se uma instituição
 Em 1942 começaram as com sanções e cuja
negociações para criação da lógica não fosse por
Pós 2ª Guerra ONU (criada em 1945). unanimidade.
Mundial  Como termina a 2ª G.M?
 Bomba Atômica.  A Carta das Nações
Unidas tem alguns
 “A Terceira eu não sei, mas a princípios centrais: art.2
Quarta, com certeza, será (3) – os Estados devem
com paus e pedras”. Albert buscar solucionar
Einstein. pacificamente as suas
controvérsias.

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 Bipolaridade: Jogo do Galinha Solidarismo x Pluralismo
(Chicken Run: Pega/racha) –
Teoria dos Jogos  Solidarismo: mundo ideal
kantiano.
(Governantes são atores  Comércio, União Europeia...
racionais, racionalidade  DI enquanto meio para
instrumental / menor custo e harmonização social
maior benefício. A lógica que (valores comuns, ação
vai surgindo no final da 2ª coletiva).
Guerra Fria G.M. na academia norte
americana é de que se tenho
 Pluralismo: “me relaciono
com vocês, porque te
diferentes pessoas, mas que
suporto”. Mais guerra,
atribuem os mesmos valor,
competição.
custos e benefícios para uma
 Westphalia, balança de poder...
determinada situação,
 Hoje: Conselho de Segurança,
consigo prever o invasão da Ucrânia...
comportamento das pessoas.)  DI instrumental, só para
Em teoria, correto? manter equilíbrio de
poder.

26
FIM.
julia.soaresamaral@gmail.com

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