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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS

Pamela Vitória de Oliveira

Thiélli de Souza Rocha

Yasmin Ciocci Ferreira

Painel de Debate: Violência e Bullying

Campinas

2023
1. Introdução

Ao tratar do tema violência nas escolas foi preciso neste trabalho analisar a
sociedade historicamente, fator em comum é a presença da violência em diversas
formas, apesar desta realidade infeliz há um agravante da atualidade, a qual é a
presença de novas formas de violência. Para além da presença da violência em
novas formas a expansão de tal fator para todos os locais da sociedade traz a
presença de preocupações e insegurança a todo e qualquer local.
A existência da violência em ambientes externos à escola e inclusive à
escola, afeta na ética social e na relação dos indivíduos com o local em que está
inserido, como por exemplo, como desenvolver aprendizagens num ambiente que
tem atos de violência, seja a vítima o próprio indivíduo ou outros, como se
concentrar com o medo constante de sofrer um ataque no ambiente escolar,
principalmente se tratando de bullying, há a violência de quando a vítima é o próprio
professor, e então surge a questão de como trabalhar num ambiente que não
oferece segurança aos profissionais que atuam na escola.
Para que se entenda como o fenômeno da violência ocorre é necessário
entender suas origens variadas. Devido a este fator é necessário a análise dos
ambientes para o entendimento do que é violência para cada realidade da
sociedade, perante esta ideia será analisado como se dá a relação do ambiente
escolar e da violência.
2. Temática e relação com autores estudados

Ao analisar exclusivamente o ambiente escolar Charlot identificou alguns


tipos de violência sendo eles na escola, da escola e á escola, claro que a
classificação da violência não se resume a estes três tipos, mas em relação à
realidade do ambiente escolar são estes que estão presentes.
Sendo a violência na escola, um fator externo à instituição e ao que ocorre
nela, sendo resolvido em suas estruturas, a violência à escola está ligada a
natureza e as atividades da instituição e por último a violência da escola a qual é
institucional.
Ao analisar questões comportamentais, o meio e o desenvolvimento há de se
levantar meios importantes que impactam na educação do ser humano com a
presença da violência.
Ao trabalhar com educação e junto a isso com pessoas, é necessário trazer à
tona o que influencia para que o processo de educação e relação com pessoas se
desenvolvam. A escola por ser um dos primeiros lugares da criança fora da
realidade familiar possibilita o desenvolvimento das capacidades humanas, a
realização de um processo de socialização e um desenvolvimento como um todo
do indivíduo. Não bastando ter uma aula expositiva, mas sim uma integração de
fatores como participação de todos os funcionários da instituição e interação da
sociedade na instituição.
A partir do conhecimento do ambiente escolar é possível analisar os
sociólogos e suas visões sobre a violência voltada ao meio escolar. Bourdieu
argumenta que a violência e consequentemente o bullying são resultado da luta pelo
poder entre indivíduos e grupos que competem por recursos escassos. Ele
observou que a violência é muitas vezes usada como uma forma de defender ou
reforçar a posição social de um grupo em detrimento de outro.
Apesar de uma relação social mais controlada que está presente no ambiente
escolar, ainda há questões como violência e consequentemente o bullying. Devido a
este fator, é possível observar as análises sobre a violência dos sociólogos para
além do anteriormente citado Bourdieu.
Weber não abordou diretamente a violência e o bullying, mas suas teorias
sobre a ação social podem ser aplicadas a esses temas. Ele argumentou que a
ação social é motivada por interesses individuais e que a violência pode surgir
quando esses interesses entram em conflito.
Já Marx enfatizou que a violência é uma consequência inevitável da luta de
classes. Ele acreditava que a classe dominante usa a violência para manter seu
poder sobre a classe trabalhadora e que a luta da classe trabalhadora contra essa
opressão pode resultar em violência. O que em proporções menores e com outras
fontes de motivação aparecem no âmbito escolar.
Para Durkheim, a violência e o bullying são sintomas de anomia social, que
ocorre quando a sociedade não fornece aos indivíduos orientações claras e valores
compartilhados.
Althusser argumenta que a violência é uma ferramenta usada pelo Estado
para manter sua dominação sobre a população. O bullying era uma forma de
reprodução da violência estrutural, em que os indivíduos são oprimidos e
marginalizados pelo sistema social e político mais amplo. A partir da análise das
obras dos sociólogos é possível ver que a relação encontrada na escola abre
margem para a presença da violência, mas que pode haver formas de contornar.
3. Considerações finais com análise crítica
Deve-se considerar que a violência já é existente na sociedade e visível, e
que afeta de forma individual e em conjunto a vida de todos os indivíduos e das
instituições escolares existentes. Mas, há também a violência que é criada dentro da
própria escola, e repercutem e afetam a vida do aluno fora da escola, como o
bullying, por exemplo.
Na instituição escolar há violência tanto por parte dos alunos versus alunos
quanto alunos versus professores, gestores e alunos, e até mesmo com os próprios
docentes, há casos dos familiares e responsáveis pelos alunos terem atos de
violência contra os funcionários da escola, e não podemos desconsiderar que os
alunos sofrem com a fúria dos pais ou responsáveis em casa, e acabam levando as
consequências dessa ação para a escola.
E cada vez mais frequente casos graves de atentados vindo de forma
externa, de terceiros que invadem as instituições escolares e cometem atos
violentos contra funcionários e alunos que estão dentro da instituição. As novas
formas de agressões que surgem nas escolas se tornam a cada dia mais graves e
sem pudor, tem piorado com o passar do tempo dando a impressão que não terá
mais limites que impedirão atos de violência dentro das instituições escolares. De
acordo com o autor, ele chama este sentimento frente a essas ações de angústia
social. (CHARLOT, 2002)
E tais comportamentos, contaminam cada vez mais cedo os jovens que
cometem esses atos, tanto entre os próprios alunos, quanto aos adultos. O que
torna a reflexão de como estas crianças estarão na adolescência cada vez mais
preocupante, para todos aqueles que não compactuam com essas ações, e se
preocupam com a própria segurança.
Se tratando do bullying, que é materializado por um conjunto de ações
violentas e realizadas contra um indivíduo, pode ser realizada diversas vezes por
uma ou mais pessoas. Está presente em diversos ambientes, mas principalmente
nas escolas, já que é dentro do ambiente escolar que o bullying está mais
enraizado.
Praticar ou sofrer bullying, gera efeitos de curto e longo prazo para todos os
envolvidos. A vítima apresenta insônia, reações psicossomáticas, pensamentos
depreciativos e dificuldades na interação com demais colegas. Em longo prazo, a
vítima pode apresentar dificuldade em se relacionar com outras pessoas e as ações
que experienciou podem influenciar no surgimento de quadros depressivos e,
possivelmente, levar ao suicídio.
Com relação ao agressor, pode haver em curto prazo a consolidação de uma
conduta autoritária que implicará consequências mais adiante, como dificuldades de
relacionamento em virtude de um histórico de comportamentos agressivos. Ao longo
da vida, o agressor também pode se tornar propenso a cometer atos infracionais.
Segundo Charlot, a questão da violência nas escolas está ligada ao estado
da sociedade, às formas de dominação, à desigualdade, a organização da
instituição, como regras de vida coletiva, as relações interpessoais e que estão
ligadas às práticas de ensino, já que, é raro encontrar alunos violentos entre os que
acham sentido e prazer na escola.
Como o bullying é compreendido como uma forma de violência que sempre
existiu nas escolas e diante disso deve ser evidente os perigos de que diversas
ações repletas de violência e crueldade se tornem banalizadas e aceitas como
inerentes ao contexto escolar.
Para finalizar, existe a lei n. 13.185, de 2015, referente à criação no Brasil do
Programa de Combate à Intimidação Sistemática (Bullying), o qual propõe ações
tanto preventivas quanto repressivas, aliadas a um movimento de maior capacitação
profissional para docentes e equipes pedagógicas envolvidas com o problema da
violência, do preconceito e da intolerância no meio escolar.
4. Bibliografia

Althusser: a escola como aparelho ideológico de estado. Disponível em:


http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2007/anaisEvento/comunicac
oes2.htm

BOURDIEU, Pierre. A Escola conservadora: as desigualdades frente à


escola e à cultura. Escritos de Educação. Petrópolis: Vozes, p. 39-64, 1998

CARVALHO, Alonso G. de & DA SILVA, Carlos L. Sociologia e Educação:


leituras e interpretações. São Paulo: Ed. Avercamp, 2008.

Charlot, Bernard, A violência na escola: como os sociólogos franceses


abordam esta questão Sociologia, Porto Alegre, ano 4, nº8 jul/dez 2002, p. 432-443
Chaves, Denis Raissa Lobato; Souza, Mauricio Rodrigues De; Bullying e
preconceito: a atualidade da barbárie Revista Brasileira de Educação v. 23 e230019
2018

KRUPPA, Sonia M. Portella. Sociologia da educação. Cortez Editora, 2018

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