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RESUMO
Esta pesquisa tem como objeto a violência na escola, e tem como finalidade mostrar os
resultados de um estudo realizado com professores e educandos de uma dada escola
pública. Atualmente, a violência tem sido motivo de muitas indagações, porque está
exageradamente presente no nosso cotidiano, apesar dos nossos esforços de afastá-la.
Sua divulgação é exponencial, e as consequências são devastadoras. A violência possui
um conceito complexo, e, esse fenômeno tem ampliado suas modalidades e os espaços
de ocorrência. A escola, já algum tempo, é alvo de cenas e comportamentos violentos,
preocupando os sujeitos que estão envolvidos no processo de ensino e aprendizagem.
A pesquisa teve como problema a ser respondido quais as diferentes percepções sobre
a violência escolar e suas possíveis consequências entre os professores e os educandos
de uma escola da rede estadual de ensino do Ceará localizada no município de
Pacatuba. Teve como objetivo geral analisar as diferentes formas de violência e suas
possíveis consequências no contexto escolar, a partir da percepção de professores e
educandos de uma escola da rede estadual do Ceará no município de Pacatuba. Do
ponto de vista teórico, ancoramos a pesquisa nos trabalho de Aquino (1996), Abramovay
(2005), Capez (2007); Charlot (2006); Derbabieux (2006); Faleiros (1995); Fante (2005);
Gotzens (2003)Ishida (2007), Medeiros (2996), Minayo (2003), Ortega (2002); Ristum
(2004); Waiselfisz; (2006), entre outros. Do ponto de vista metodológico, a pesquisa teve
uma abordagem qualitativa. Constituiu um estudo de caso, cujos instrumentos para
coleta de pesquisa foi a observação direta e a aplicação de um questionário. O trabalho
apresentou como principais conclusões a correta percepção de professores e
educandos quanto a questão da violência escolar. Esta por sua vez é profundamente
influenciada por fatores externos como o tráfico de drogas, a disputa territorial de
facções, dentre outros aspectos, o que dificulta o combate da violência por parte da
comunidade escolar.
Interamericana, Paraguay
INTRODUÇÃO
OBJETIVOS
REVISÃO TEÓRICA
METODOLOGIA DA PESQUISA
A pesquisa se deu, tanto em espaços de uso coletivo no intervalo das aulas, como
pátios, quadra, cantina e demais espaço, como em situações reais de ensino. A escolha
correta do local a ser observado, levando-se em consideração todas as variáveis
possíveis de serem apresentadas foi um dos pontos a ser delimitado para que eu
pudesse ter a clara e objetiva percepção do espaço pesquisado, e se estas estavam
condizentes com o objeto da pesquisa.
A violência física foi a modalidade mais citada entre os respondentes. Esta foi
mencionada por dez dos vinte e seis professores pesquisados, sendo nominada de
diversa maneira, como agressão física (cinco), brigas (quatro) e empurrões (cinco). Dos
participantes, dezesseis fizeram alusão à violência relacionando-a a diversos tipos de
incivilidade nas relações entre os educandos, mencionando brincadeiras de mau gosto
(dois), esconder objetos (quatro); apelidos (dois); desrespeito ao professor (quatro) e
agressão verbal (quatro). Os docentes afirmaram que é muito comum dentro da escola
ou no seu entorno, o acerto de contas utilizando a força física, algumas vezes com
resultados graves. Assim, são comuns os embates desta natureza pelos mais diversos
motivos, até mesmo assuntos banais, como questões relacionadas ao lanche, brigas
nas salas de aula por material escolar, espaço, predileção por lugares para sentar,
dentre outros. Esses episódios não ocorrem somente entre os homens, sendo muito
comuns as desavenças entre as mulheres. Entretanto, um dos elementos preponderante
para o desencadeamento dessas brigas está a diferença entre grupos rivais, antes
denominados gangues, hoje, chamado de facções. São grupos que agem segundo uma
territorialidade definida, disputando sempre o maior naco do espaço escolar e mesmo
fora dela. Os docentes afirmam, ainda, que os insultos, quase sempre gratuitos e as
provocações verbais são entendidas como precursores de ocorrências mais graves. Os
palavrões de baixo calão são comuns e até mesmo naturalizados, mas que funcionam
com um estopim para problemas maiores.
Outra situação de violência que tem se torando muito comum na escola são
depoimentos relativos a violência doméstica. Cada vez mais o que ocorre no âmbito
privado familiar tem reverberado no contexto escolar.
Já sobre Sobre ter sofrido violência dentro da escola, 40,1% dos alunos
entrevistados confirmou, 58,3% negou e 1,6% não respondeu. Lembrando que os
educandos que negaram ter sofrido agressão, também colocaram os tipos de violência
que eles “poderiam ter sofrido”. Desse modo, 41,3% respondeu agressão física, 37,0%
verbal, 10,5% ameaças, 7,5% incivilidades, 2,0% violência sexual e 1,7% agressões
com objetos variados. Diversas modalidades de violências foram apontadas pelos
educandos nesta pesquisa, sobressaindo-se agressões físicas e agressões verbais.
Além dessas situações a pesquisa também identificou a ocorrência de outras formas de
violações dos direitos da pessoa que acontecem nos espaços escolares, a exemplo das
ameaças e incivilidades, que pode também implicar em violência física. Estes dados
contrariam os achados da pesquisa realizada por Abromovay (2006) em cinco capitais
brasileiras e distrito federal com alguns educandos de escola pública do ensino
fundamental e médio, indicando que 65% dos educandos sofreram agressões verbais,
14% ameaças e 5% já apanharam na escola (agressão física).
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