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Traços Psicopáticos
Discentes:
Psicologia Forense | EPCV, Universidade Lusófona – Centro Universitário Lisboa | maio 2023
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Resumo
justiça criminal. Este trabalho propõe uma revisão sistemática da literatura sobre
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Introdução aos Construtos de Agressores e de Psicopatia
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características de comportamento antissocial (e.g., impulsividade e agressividade).
Outros autores descrevem a psicopatia como uma perturbação do desenvolvimento,
marcada por uma hiporesponsividade emocional, um risco elevado de comportamento
antissocial e um défice na atenção (da Silva, D. R., Rijo, D., & Salekin, R. T., 2012).
Checkley, no seu livro “The mask of sanity” (1941), apresenta os principais traços
característicos da psicopatia: o charme superficial, a ausência de pensamento irracional e
delírios, a mentira, a falsidade, a ausência de culpa ou arrependimento, a existência de
comportamentos antissociais, egocentrismo patológico, frieza emocional, reduzida
capacidade de insight, ausência de objetivos, ausência de ansiedade ou sintomas
neuróticos, ausência de sinceridade, incapacidade de aprendizagem com as vivências,
frieza nas relações interpessoais, comportamento excêntrico, comportamento sexual
promíscuo e reduzidos episódios de tentativas de suicídio. Os 16 critérios, de Cleckley,
foram posteriormente agrupados por Patrick (2006) em três categorias conceituais
distintas: ajustes positivos, desvios comportamentais crónicos e déficits emocionais e
interpessoais (Galão, M. A. G., 2019).
Neste sentido, elevados traços psicopáticos correspondem a uma personalidade
egocêntrica, na qual as relações com o outro terão por base os interesses do próprio sujeito
de forma a alcançar a satisfação pessoal e o prazer imediato, estas serão instáveis e com
poucos vínculos afetivos. A satisfação das próprias necessidades é a prioridade para o
indivíduo, e esta atinge-se por meio da manipulação ou da força, sem que haja
preocupação com o outro ou a capacidade de senso de ética e moralidade.
Os sujeitos tendem, ainda, a exibir uma postura fria e calculista, sendo geralmente
descritos como inteligentes, apresentando as suas capacidades racionais e cognitivas
preservadas dentro ou acima da média. Quando se envolvem em agressões, muitas vezes
são premeditadas e visam atingir um objetivo pessoal, sendo por isso denominadas por
agressões instrumentais, uma vez que têm um propósito e não são reativas, sendo
apresentados três níveis de gravidade para a psicopatia: leve, na qual o indivíduo exerce
pequenos golpes e roubos, sendo na maioria das vezes psicopatas não criminosos;
moderado e grave, tanto o moderado como o grave utilizam métodos cruéis e sentem
prazer em atos altamente brutais (Galão, M. A. G., 2019).
Apesar destes aspetos, sabe-se que os traços psicopáticos se começam a evidenciar
durante a adolescência dos indivíduos, podendo refletir-se em trajetórias criminais
violentas e graves. Os sujeitos podem começar a desenvolver uma carreira criminal
precocemente, podendo traduzir-se em condutas antissociais ao longo da sua vida.
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Podemos, então, concluir que, agressores com traços psicopáticos são indivíduos
com características de personalidade bastante marcantes, entre elas, falta de empatia, que
pode resultar numa desvantagem, em alguns contextos sociais; ausência de remorsos e
culpa; e, manipulação e desconsideração pelos sentimentos dos outros. Estes indivíduos
têm tendência para se comportar de forma impulsiva, violenta e criminosa,
comparativamente com a população em geral.
Existem diversos fatores que podem contribuir para o desenvolvimento desta
perturbação ou para o evitamento da mesma, denominados de fatores de risco e fatores
de proteção.
O conceito de fator de risco supõe a existência de variáveis populacionais e
individuais, que envolvem o comportamento humano e desvios do mesmo, como
negligência e, abuso ou violência. Estas variáveis poderiam, anteriormente ao
desenvolvimento da doença em questão, ser modificadas ou observadas de forma a evitar
a progressão da mesma. Os fatores de risco associados a agressores com traços
psicopáticos podem estar associados a fatores ambientais, neurológicos e psicossociais.
No entanto, é fundamental compreender que a presença destes fatores não implica
necessariamente que haja um comportamento criminoso ou violento.
Dentro dos fatores ambientais, um ambiente familiar violento, negligência
parental, abuso emocional e físico, abuso de substâncias por parte dos pais, influência de
grupos escolares e da comunidade, fatores biológicos, como perinatais, genéticos,
individuais e familiares (Natrielli Filho et al., 2012).
Existe, também, um grande foco por parte da investigação na parte neurobiológica
como fator de risco, entre estes podemos salientar, disfunções do lobo frontal, que se
associam à agressividade, com evidências de associação entre danos na área pré-frontal e
subtipos de impulsos dos comportamentos agressivos; disfunções na amígdala, sendo esta
fundamental para o reconhecimento de um estímulo como ameaçador ou não, e se esta
estiver hiperativa, pode resultar em agressão defensiva em excesso, no entanto, não há
consenso sobre a hipo ou hiperatividade da amígdala nos casos de agressividade, podendo
esta estar com atividade aumentada ou diminuída dependendo do subtipo de agressão
(Natrielli Filho et al., 2012).
Os fatores psicossociais são bastante diversos tais como, o divórcio dos pais,
comportamento suicida, eventos de vida negativos, abuso sexual na infância, dificuldades
no funcionamento social e dinâmica familiar conflituosa (Natrielli Filho et al., 2012).
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A existência de comportamentos antissociais durante a infância como, mentir,
roubar, atos de vandalismo e crueldade com animais, pode também ser identificado como
um fator de risco para o desenvolvimento de traços psicopáticos na vida adulta. Estes
comportamentos podem ser indicadores precoces da existência de dificuldades na
regulação emocional e falta de empatia (Frick et al., 2014).
Por outro lado, existem fatores de proteção, que irão funcionar de forma contrária
aos referidos anteriormente, ou seja, agir como atenuantes ou protetores do
desenvolvimento da perturbação. A abordagem parental durante o desenvolvimento do
indivíduo é um fator bastante importante para a prevenção desta perturbação, a presença
de pais severos na educação e durante a aprendizagem, rigidez familiar, o investimento
na psicoeducação de pais, de forma a ensinar-lhes a forma correta de interagirem com os
seus filhos, de modo a promoverem comportamentos pró-sociais, além de reduzir
efetivamente as agressões e os comportamentos antissociais, utilizando estratégias
disciplinares não violentas (Natrielli Filho et al., 2012).
como abuso, seja ele físico, psicológico ou sexual, divórcio e negligência parental,
violência, etc. Por norma, indivíduos antissociais violentos apresentam um destes fatores,
mesmo aqueles que nascem com uma predisposição genética, mas nem todos os que
compreensão e diagnóstico, temos de ter em conta todos estes fatores (Moreira et al.,
indivíduos para o risco de perpetração de violência crónica e grave ao longo da sua vida.
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A violência imputável a pessoas psicopatas constitui uma parte substancial do ónus social
para os sistemas de saúde pública e de justiça penal, pelo que requer uma atenção
significativa por parte dos especialistas em prevenção e intervenção (Reidy et al., 2013).
específica são essenciais para obter resultados eficazes. É um processo complexo que visa
agressivos e impulsivos, sejam eles físicos ou verbais. Embora a psicopatia seja um traço
várias abordagens e técnicas têm sido propostas para intervir em agressores com traços
com perturbação de personalidade antissocial que cometeram atos de agressão até 6 meses
antes do estudo. A TCC foi aplicada através de um modelo que tenta desafiar as cognições
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e comportamentos desadaptativos, bem como ajudar o paciente a compreender melhor a
para casa, algo bastante comum na terapia cognitivo-comportamental. Doze meses depois
da realização do estudo e da aplicação da TCC, foi feito um follow-up que mostrou que
agressores com traços psicopáticos pode se concentrar em metas concretas, como reduzir
abordagem pode envolver ensinar esses indivíduos a reconhecer sinais de aviso nos seus
agressivos, e desenvolver estratégias para interromper esses padrões. Skeem & Patrick
limitações do tratamento nesse contexto, bem como as áreas promissoras para futuras
pesquisas.
empatia. Essa abordagem procura desenvolver competências sociais que possam ajudar o
agressor a interagir de forma mais saudável com os outros. Yockey et al. (2014),
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descrevem e avaliam um programa de treino de habilidades sociais específico para
adolescentes com traços psicopáticos. Eles discutem a importância das habilidades sociais
que a pesquisa sobre o treino de habilidades sociais em agressores com traços psicopáticos
outros, bem como a refletir sobre suas próprias motivações e ações. Essa abordagem visa
trabalho do autor Anthony Bateman e colaboradores sobre a terapia mentalizante tem sido
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Um dos instrumentos de avaliação da psicopatia mais utilizados e investigados é
conceptualizada como sendo composta por dois fatores correlacionados, o Fator 1 (F1) a
Embora a associação entre a psicopatia avaliada pelo PCL-R (definida pela pontuação
total do PCL-R) e a violência esteja bem estabelecida (Hare, 2003), surge um quadro
interferem com o tratamento dos psicopatas deve ser considerada. A diferença entre a
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Num estudo, com a participação do mesmo autor, Olver & Wong (2015),
com as variáveis etárias, mas apenas a primeira atingiu significância para todas, exceto a
correlação das pontuações relativas ao estilo de vida e ao antissocial, mas com uma
reincidência, uma vez que assinala o início do período de risco do infrator. A idade mais
inferior, embora com efeitos mais pronunciados para os primeiros, em especial no que se
únicas destas variáveis, bem como examinar a possível presença de diferentes tipos de
para entender a reincidência em agressores com traços psicopáticos é feito por Douglas
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et al. (2018), onde os autores revêm a literatura existente sobre a relação entre psicopatia
e reincidência criminal. Destacando que indivíduos com traços psicopáticos têm maior
devido à sua falta de empatia, baixa responsabilidade pessoal e tendência pela procura de
com traços psicopáticos, são desafiadoras porque esses indivíduos tendem a apresentar
importante salientar que os psicopatas podem tanto melhorar como piorar, no sentido de
resultado, até que investigações mais rigorosas do ponto de vista metodológico possam
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Skeem (2002), examinou os efeitos da dosagem do tratamento, comparando
grupos de contacto de alto e baixo tratamento, com resultados que indicam taxas mais
tratamento. Relatou, ainda, um efeito de dose, em que os pacientes com psicopatia elevada
indivíduos psicopatas, existe uma relativa escassez de investigação sobre este tópico,
otimista é que, com uma intervenção intensa e rigorosa, o risco de violência pode ser
reduzido em pessoas psicopatas, mas os dados que apoiam esta suposição são
Conclusão
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fatores de personalidade e história de vida do agressor, também se têm mostrado úteis
desenvolvimento de empatia.
motivação para mudar podem ser desafiadoras, o que pode comprometer os resultados
alcançados.
longo do tempo, podem fornecer informações valiosas sobre a eficácia a longo prazo das
realidade virtual e bio feedback, também podem ser consideradas, podendo oferecer
comportamentais.
existentes e a busca por novas estratégias terapêuticas podem contribuir para a redução
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