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Temas em Psicologia

ISSN: 1413-389X
comissaoeditorial@sbponline.org.br
Sociedade Brasileira de Psicologia
Brasil

Bergamaschi Paziani Costa, Janelise; Iguimar Valerio, Nelson


Transtorno de personalidade anti-social e transtornos por uso de substâncias:
caracterização, comorbidades e desafios ao tratamento
Temas em Psicologia, vol. 16, núm. 1, junio, 2008, pp. 107-119
Sociedade Brasileira de Psicologia
Ribeirão Preto, Brasil

Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=513753244010

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ISSN 1413-389X Temas em Psicologia - 2008, Vol. 16, nº 1, 107 – 119

Transtorno de personalidade anti-social e transtornos


por uso de substâncias: caracterização, comorbidades
e desafios ao tratamento

Janelise Bergamaschi Paziani Costa


Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto
Nelson Iguimar Valerio
Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto
Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Psicologia

Resumo
O presente trabalho tem como objetivo apresentar apontamentos da literatura a respeito do Transtorno
de Personalidade Anti-Social e sua relação com o Transtorno por Uso de Substâncias. Os restritos dados
indicam a coexistência de ambos em parcela significativa da população geral, clínica e penitenciária,
entretanto, ainda não demonstram informações conclusivas sobre quais os tipos de associações.
Indivíduos com Transtorno por Uso de Substâncias, geralmente são subdiagnosticados para o
Transtorno de Personalidade Anti-Social; os tratamentos são realizados isoladamente e não consideram
a co-ocorrência destes. Por suas características e campos de abrangência, o modelo baseado na teoria
cognitivo-comportamental, que já contribui no tratamento de cada um, isoladamente, poderá ser um
recurso relevante na abordagem simultânea de ambos os transtornos. Entretanto, há necessidade de mais
pesquisas na área e atenção dos profissionais da saúde para a intervenção concomitante dos mesmos.
Palavras-chave: Personalidade, Transtorno de Personalidade Anti-Social, Drogas, Transtornos por
Uso de Substâncias, Terapia Cognitivo-Comportamental.

Antisocial personality disorder and substance use disorder:


characterization, comorbidities and challenges in treatment

Abstract
The current work aims at presenting data from the literature in respect to Antisocial Personality Disorder
and its relationship with Substance Use Disorder. The scarce data indicate coexistence in a significant
percentage of the general, clinical and penitentiary public however conclusive information about which
types of associations exist has not been demonstrated. Individuals with Substance Use Disorders are
generally underdiagnosed for Antisocial Personality Disorders; patients are treated for these diseases in
isolation and coexistence is not considered. Because of its characteristics and wide-ranging approach,
the model based on the cognitive-behavioral theory, which already contributes to the individual
treatment of disorder, may be a relevant resource in a simultaneous approach to both of them. However,
further research in the area is necessary as it is the awareness of healthcare professionals to concomitant
intervention for both diseases.
Keywords: Anti-social personality disorder, Drugs, Illegal substances disorder, Cognitive-behavioral
theory.

Endereço para correspondência: Janelise Bergamaschi Paziani Costa. Rua Vitória, 244, Bairro Higienópolis,
Catanduva – SP. Cep: 15.805-060. Tel: +55 17 3521-1322/ +55 17 9717-5541. E-mail: jpaziani@hotmail.com.
108 Costa, J. B. P., Valerio, N. I.

Transtorno de Personalidade (4) irritabilidade e agressividade, indicadas


Anti-Social por repetidas lutas corporais ou agressões
físicas;
Os Transtornos de Personalidade (TP) – (5) desrespeito irresponsável pela segurança
incluindo o Transtorno de Personalidade Anti- própria ou alheia;
-Social (TPAS) - foram introduzidos como cate- (6) irresponsabilidade consistente, indica-
gorias diagnósticas na terceira edição do Manual da por um repetido fracasso em manter um
Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Men- comportamento laboral consistente ou de
tais (DSM-III), publicada nos anos 80, sendo, a honrar obrigações financeiras;
partir desse momento, seu conceito ampliado e (7) ausência de remorso, indicada por in-
refinado (Pereira, Aparício, Felício, & Bassit, diferença ou racionalização por ter feri-
2007). Entretanto, ainda hoje, os termos TPAS, do, maltratado ou roubado alguém” (APA,
psicopatia, sociopatia e transtorno de caráter se 2002, p. 660).
confundem, ora sendo utilizados como sinôni- Além dos critérios apresentados, para que
mos, ora diferenciados no espectro dos compor- o diagnóstico seja validado, há necessidade de
tamentos anti-sociais. serem observadas evidências de Transtorno de
Faz-se necessário esclarecer que existem Conduta (TC), com início antes dos 15 anos de
diferentes graus de conduta anti-social, varian- idade e de ser excluída a possibilidade de que a
do desde: 1) comportamentos anti-sociais ocorrência do comportamento anti-social não se
menos prejudiciais, por serem esporádicos e dê exclusivamente durante o curso de esquizo-
influenciados pelo ambiente; 2) comportamentos frenia ou episódio maníaco (APA, 2002).
anti-sociais mal-adaptativos, demonstrados O Transtorno de Conduta (TC) é caracteri-
no TPAS ou em outros Transtornos de zado como “um padrão repetitivo e persistente
Exteriorização; e 3) condutas mais extremas de comportamento no qual são violados os direi-
observadas nas psicopatias. Desta maneira, tos individuais dos outros ou normas ou regras
pode ser dado a um indivíduo um diagnóstico sociais importantes próprias da idade” (APA,
de TPAS, sem que esse apresente psicopatia, 2002, p.124). Tais comportamentos desadaptati-
da mesma forma que um psicopata pode não ter vos são agrupados em quatro eixos: 1) agressão
critérios suficientes para o diagnóstico de TPAS a pessoas e animais; 2) destruição de patrimônio;
(Del-Ben, 2005; Gabbard, 2006)1. 3) defraudação ou furto; e 4) sérias violações de
Atualmente, o Transtorno de Personalida- regras (APA, 2002).
de Anti-Social (TPAS) caracteriza-se, segundo Assim, as estratégias hiperdesenvolvidas
o DSM-IV-TR (APA, 2002), como um padrão (excessos comportamentais) em indivíduos com
global de desrespeito e violação dos direitos de TPAS são: combatividade, exploração, predação,
outrem. Para o diagnóstico de TPAS, o indiví- mentira, manipulação, ameaça, resistência ao
duo precisa ter, no mínimo, 18 anos de idade e controle dos outros e ação impulsiva, enquanto
preencher três dos seguintes critérios: as subdesenvolvidas (déficits comportamentais)
“(1) incapacidade de adequar-se às normas são: empatia, reciprocidade e sensibilidade
sociais com relação a comportamentos líci- social, bem como cooperação com os outros,
tos, indicada pela execução repetida de atos seguimento de regras sociais e pensamentos
que constituem motivo de detenção; sobre as conseqüências de seus atos (Baptista &
(2) propensão para enganar, indicada por Morais, 2003; Beck, 2007).
mentir repetidamente, usar nomes falsos ou Desta maneira, pode-se dizer que, em indi-
ludibriar os outros para obter vantagens pes- víduos com TPAS, predomina a indiferença
soais ou prazer; pelos sentimentos alheios – demonstrada por
(3) impulsividade ou fracasso em fazer pla- meio de comportamento cruel, cinismo, mentira
nos para o futuro; – o desprezo por normas e obrigações, a baixa
tolerância à frustração, a impulsividade e o baixo
limiar para a manifestação de atos violentos
1
O foco de atenção deste artigo é o TPAS
Transtorno de personalidade anti-social e transtornos por uso de substâncias: 109
caracterização, comorbidades e desafios ao tratamento.

(OMS, 1993). O TPAS também está associado nômico, transtornos por uso de substâncias por
ao suicídio e aos comportamentos de correr parte de seus pais e afiliação a amigos com con-
riscos (Guy, Poythress, Douglas, Skeem, & dutas desviantes), promovem a anti-sociabilida-
Edens, 2008). de na adolescência e a alta taxa de transtornos
Diversos estudos demonstram que o padrão por uso de substância por esses jovens na vida
anti-social é mais comum no sexo masculino adulta.
(Pacheco, Alvarenga, Reppold, Piccinini, & Sobre essa visão desenvolvimentista do
Hutz, 2005; Gabbard, 2006; García & Junior, comportamento anti-social, pode-se também
2008). Pesquisas que abordam as diferenças citar Pacheco et al. (2005) que confirmaram o
de gêneros indicam maior probabilidade de risco aumentado de crianças com TC apresen-
violência para os homens, quando comparados tarem TPAS no futuro. Observaram que práticas
às mulheres, sendo eles mais expostos ao uso educativas e disciplinas ineficazes, em ambiente
perigoso de bebida alcoólica, dependência de que permita a ocorrência de atos anti-sociais, são
substâncias e TPAS. Mulheres são mais expostas fatores importantes que favorecem a evolução de
a riscos de transtornos de afetividade e ansiedade um transtorno para o outro.
(Yang & Coid, 2007) e exibem altos níveis de Destarte, apesar de o TPAS ser o único
internalização e baixos níveis de externalização, transtorno de personalidade que não pode ser
se comparadas aos homens (Kramer, Krueger, & diagnosticado na infância, necessita de uma evo-
Hicks 2008). lução durante a história de vida dessas pessoas
A possível prevalência do Transtorno de (Burke, Loeber, & Lahey, 2007; Loney, Taylor,
Personalidade Anti-Social, segundo o DSM- Butler, & Iacono, 2007).
-IV-TR, é de 3% em homens e 1% em mulheres Desta forma, evidencia-se que, apesar de a
em amostras comunitárias, sendo que, em situa- etiologia do TPAS não ter sido definitivamen-
ções clínicas, pode chegar a 30% (APA, 2002). te esclarecida (Vanconcellos & Gauer, 2004), o
Já em contextos penitenciários e de reabilitação aparecimento do transtorno não procede de um
de delinqüentes juvenis, TC e TPAS são uns fator isolado e a ligação entre vulnerabilidade
dos transtornos mentais mais verificados entre a genética e aspectos psicossociais adversos é cla-
maioria dos que ali se encontram (Assadi et al., ramente favorável ao surgimento de condutas e
2006; Chapman & Cellucci, 2007; Dembo et al., transtornos anti-sociais (Del-Ben, 2005), sen-
2007; Elonheimo et al., 2007). do esses os preceptores para outros problemas,
Várias pesquisas investigam influências como o consumo de tabaco, álcool e drogas ilí-
genéticas e neurobiológicas no TPAS (Vancon- citas e até mesmo a prisão, como demonstram
cellos & Gauer, 2004; Del-Ben, 2005; Cordey et Pacheco (2005), Gabbard (2006), Grekin, Sher e
al., 2008; Oliveira-Souza et al., 2008; Pajer et al., Wood (2006), Kaplan-Sadock (2007) e García e
2008). Gabbard (2006) expressa, em seus escri- Junior (2008).
tos, que fatores biológicos - como baixos níveis
de ácido 5-hidroxiindolacético (5-HIAA) e res- Transtornos por Uso de Substâncias
posta diminuída do sistema nervoso autônomo –
e genéticos – como o polimorfismo funcional no O Manual Diagnóstico e Estatístico de
gene responsável pela enzima neurotransmissora Transtornos Mentais – DSM-IV-TR (APA,
metabolizada da enzima monoamina oxidase-A 2002) utiliza a terminologia “Transtornos Re-
(MAO-A) – contribuem para a etiologia desse lacionados a Substâncias” para designar tan-
transtorno. to os efeitos de medicamentos e exposição de
Já Kirisci, Tarter, Mezzich e Vanyukov toxinas quanto os transtornos por consumo de
(2007), em estudo longitudinal com garotos nas drogas de abuso. Assim, essa ampla categoria
idades de 10-12 a 22 anos, demonstraram que é dividida em dois grupos: Transtornos Indu-
características individuais (como comportamen- zidos por Substância (que inclui Intoxicação
to neurológico desinibitório) em conjunto com com Substância, Abstinência de Substância,
fatores contextuais (como baixo status socioeco- Delirium Induzido por Substância, Demência
110 Costa, J. B. P., Valerio, N. I.

Persistente Induzida por Substância, Transtorno e Transtorno do Sono Induzido por Substância)
Amnéstico Persistente Induzido por Substância, e Transtornos por Uso de Substâncias (é subdi-
Transtorno de Ansiedade Induzido por Substân- vidido em Dependência de Substâncias e Abuso
cia, Disfunção Sexual Induzida por Substância de Substâncias)2.

Quadro 1: Critérios do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-VI-TR para


Dependência de Substância e Abuso de Substância.

2
O destaque no presente artigo é para o grupo Transtornos por Uso de Substâncias.
Transtorno de personalidade anti-social e transtornos por uso de substâncias: 111
caracterização, comorbidades e desafios ao tratamento.

Pode-se observar, tanto na Dependência de Nacional sobre o Padrão de Consumo de Álcool


Substâncias quanto no Abuso de Substâncias, na População Brasileira, foram realizadas 3.007
um padrão de uso mal-adaptativo que gera preju- entrevistas envolvendo adolescentes e adultos de
ízos clinicamente relevantes, principalmente aos 143 municípios de norte a sul do país. Os princi-
sistemas cognitivo, fisiológico e comportamen- pais resultados indicam que, do total da amostra,
tal. A diferença essencial entre esses dois grupos 3% dos entrevistados apresentavam problemas
está na manifestação da tolerância, abstinência e de uso nocivo e 9% de dependência, perfazendo
comportamento compulsivo de consumo da dro- 12% da população com 18 anos ou mais (Secre-
ga, apresentados exclusivamente no diagnóstico taria Nacional Antidrogas, 2007).
da Dependência de Substâncias, como demons- Fatores internos (p. ex.: genéticos, ansieda-
trado no Quadro 1. de, depressão, tédio, raiva, frustração, solidão,
Segundo pesquisadores da área, o consumo dor, fome, fadiga, inexistência de repertórios
de drogas acarreta inúmeros danos físicos (como alternativos, baixa auto-estima, estilo de perso-
presença de vasculites, hemorragias subaracnói- nalidade, entre outros) e externos (p. ex.: expe-
des, enfartes cerebrais, alterações no fluxo san- riências iniciais de vida significativas, modelo
güíneo cerebral, perda de peso e desnutrição); familiar de abuso de drogas, conflitos interpesso-
cognitivos (como dificuldade de reter novas in- ais, pressão social, situações difíceis e incontro-
formações, prejuízo da memória de fixação, alte- láveis), podem constituir riscos para o consumo
rações na forma do pensamento) (Rangé & Mar- de drogas. As substâncias psicoativas fornecem
latt, 2008); psicológicos; familiares; e sociais, também regulação imediata dos estados de hu-
estando, por vezes, associados à criminalidade, mor, como redução da tensão e humor negativo
ao baixo rendimento escolar e aos prejuízos no e, em muitos casos, facilitação da sociabilidade
trabalho e nas relações interpessoais (Castro, (Liese & Frank, 2004; Rangé & Marlatt, 2008).
2004; García & Junior, 2008). Pears, Capaldi e Owen (2007) estudaram a
Segundo a Organização Mundial de Saúde transmissão inter-geracional para abuso de subs-
(OMS), o consumo de substâncias psicoativas tâncias e riscos de uso. Para a pesquisa, utiliza-
(p. ex.: álcool, opióides, canabinóides, sedati- ram três gerações em 21 anos de dados colhidos
vos, cocaína, anfetaminas e outros estimulantes, e descobriram que os mecanismos de transmis-
cafeína, alucinógenos, nicotina e inalantes) é um são para o uso de álcool diferem daqueles para
problema crescente em todo o mundo (Fontana, uso de drogas ilícitas. O uso de álcool em uma
2005; Rangé & Marlatt, 2008). geração parece estar diretamente relacionado ao
Estima-se que existam cerca de 40 milhões uso de álcool na próxima geração, embora cui-
de usuários dependentes espalhados pelo planeta dados maternos/paternos e controle inibitório,
e que cerca de 20% das internações brasileiras que agem no padrão de comportamento de uso
em instituições de saúde mental ocorram por da próxima geração, não pareçam estar influen-
causa do uso de drogas (Castro, 2004). No II Le- ciados pelo uso de álcool por parte dos pais. Já
vantamento Domiciliar sobre o Uso de Drogas para as drogas ilícitas, tanto um pobre controle
Psicotrópicas no Brasil, realizado em 2005, fo- inibitório quanto uma pobre disciplina parental
ram encontrados os seguintes dados: 22,8% da representaram papel de mediação no uso entre
população pesquisada já fizeram uso de alguma gerações.
droga, exceto tabaco e álcool; 12,1% eram de- Portanto, como demonstram Silva e Ser-
pendentes de álcool e 10,1% de tabaco, o que ra (2004), os transtornos por uso de substância
corresponde a uma população de aproximada- (TUS) são resultados de uma “interação comple-
mente seis e cinco milhões de pessoas, respecti- xa entre cognições (pensamentos, crenças, idéias,
vamente (Carlini, 2006). esquemas, valores, opiniões, expectativas e su-
Em um dos estudos que confirma os dados posições); comportamentos; emoções; relaciona-
de pesquisas anteriores, coordenado por Laran- mentos familiares e sociais; influências culturais
jeiras e colaboradores para o I Levantamento e processos biológicos e fisiológicos” (p. 33).
112 Costa, J. B. P., Valerio, N. I.

Várias pesquisas indicam para a correla- manos com transtorno de conduta (TC), transtor-
ção entre dependência química e comorbidades no do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH)
psiquiátricas, tais como transtorno depressivo e transtornos por uso de substâncias (TUS). Na
maior, transtorno bipolar, transtornos alimen- pesquisa de Joyal et al. (2007), durante execu-
tares (Elberder, Laranjeira, Siqueira e Barbosa, ção de tarefa, foi observado que o córtex basal-
2008), transtornos de ansiedade, transtornos do -frontal foi significativamente menos ativado em
humor (Compton, Thomas, Stinson, & Grant, pessoas com esquizofrenia+TPAS+TUS do que
2007), transtorno do déficit de atenção e hipera- em pessoas unicamente com esquizofrenia e em
tividade (Biederman et al., 2006), transtorno de pessoas não violentas sem doença mental. Além
conduta (Biederman et al., 2008), e transtornos disso, maior ativação na região frontal-motor,
de personalidade – principalmente o transtor- premotor e cingular anterior foi observada no
no da personalidade anti-social (Chapmam & primeiro grupo comparado ao grupo exclusivo
Cellucci, 2007). de esquizofrenia.
Para Figlie, Fontes, Moraes, & Payá (2004),
Transtorno de Personalidade crianças que convivem com pais dependentes
Anti-Social e Uso de Substâncias químicos demonstram maior agressividade e
comportamentos anti-sociais, já que vivem em
Os diversos estudos que demonstram a co- ambientes sem coesão familiar, cuidados básicos
-ocorrência entre o Transtorno de Personalidade e orientações intelectuais e culturais, fatores que
Anti-Social e os Transtornos por Uso de Subs- aumentam o risco do desenvolvimento de depen-
tância evidenciam fortes associações entre ati- dência química, associados ao distúrbio de per-
tudes anti-sociais – como agressividade (Petras sonalidade anti-social.
et al., 2008), impulsividade (Krueger, Markon, Grekin et al. (2006), em pesquisa com uma
Patrick, Benning, & Kramer, 2007), irresponsa- amostra de 3.720 estudantes universitários, in-
bilidade (Walsh, Allen, & Kosson, 2007), delin- vestigaram a relação entre características de per-
qüência, alta propensão a ações criminais (Fon- sonalidade e sintomas de dependência química.
taine, 2006; Howard, Balster, Colttler, Wu, & Os resultados revelaram que o fator anti-sociabi-
Vaughn, 2008) - e inabilidade de enfrentamento lidade predisse múltiplos tipos de dependência
de situações problemas, início precoce de abuso química e que traços de personalidade severos
de drogas, reincidência (Fridell, Hesse, & Bills- foram relacionados diferencialmente à sintoma-
ten, 2007; Gustavson et al., 2007), sérios danos tologia de álcool, drogas ilícitas e tabaco.
psicológicos, mentais e de saúde (Goldstein et Com o objetivo de descrever a relação en-
al., 2007), além de probabilidade aumentada tre os transtornos de comportamento anti-social
para morte precoce (Cornelius et al., 2008). (tais como o TPAS e outros) e as característi-
Desta maneira, verifica-se que há fronteiras cas clínicas dos transtornos por uso de substân-
comuns entre traços de personalidade, processos cias entre adultos da população geral dos EUA,
cognitivos, emocionais, biológicos e contextuais Goldstein et al. (2007), baseando-se na Pesquisa
para o risco de transtornos por uso de substância Epidemiológica sobre Álcool e suas Condições
e TPAS (Bobadilla & Taylor, 2007). Relacionadas do período de 2001-2002, de-
Como exemplo desta associação pode-se monstraram que as síndromes anti-sociais estão
citar o estudo realizado por Hicks et al. (2007), significativamente correlacionadas ao fenômeno
demonstrando que a Amplitude P3 reduzida é do TUS, sendo que o TPAS está particularmen-
um marcador da vulnerabilidade biológica para te associado a quadros clínicos mais severos do
transtornos de externalização, como TC, TPAS e TUS.
dependência de álcool, nicotina e outras drogas. Pesquisa desenvolvida por Westermeyer
Resultados das investigações de Schlaepfer et al. e Thuras (2005), com 606 pacientes de idades
(2007) sustentam o papel da enzima PKC-Gam- iguais ou superiores a 18 anos, com a finalida-
ma no comportamento impulsivo dos seres hu- de de comparar pacientes com TUS que se di-
Transtorno de personalidade anti-social e transtornos por uso de substâncias: 113
caracterização, comorbidades e desafios ao tratamento.

ferenciavam na presença e ausência de TPAS, A maioria dos portadores de transtornos


demonstrou que os pacientes com TPAS apre- de personalidade busca auxílio profissional de-
sentavam: a) mais problemas legais, familiares vido a sintomas como depressão, ansiedade ou
e relacionados a substâncias; b) maior tempo de por forças externas, como por exemplo: pressão
uso de substâncias psicoativas, principalmente por parte de membros da família, empregadores,
de drogas ilícitas e tabaco; c) idade menor para professores e até mesmo por imposição do siste-
o primeiro uso de álcool e tabaco; e, d) maior ma judiciário (Kaplan & Sadock, 2007). Muitos
extensão de tratamento (como número de admis- indivíduos com TPAS buscam tratamento para o
sões, modalidades dos cuidados, dias e custos). transtorno por uso de substância sem reconhecer
Como podem ser observados, os dados in- ou demonstrar interesse em tratar seu transtorno
dicam uma forte correlação entre transtornos por de personalidade.
uso de substâncias e transtorno de personalidade Com relação ao tratamento do TUS, Liese e
anti-social, demonstrada por marcadores bioló- Franz (2004) demonstram que as complicações
gicos e fatores de riscos ambientais em comum, se dão, em parte, pelo fato de o transtorno ser
agravamento do quadro clínico, significativos de natureza crônica e, em parte, pelo fato de ser
prejuízos aos indivíduos em longo prazo e ne- formado por um grupo variado e heterogêneo de
cessidade de tratamento em maior extensão. pessoas que se envolvem freqüentemente com
Assim, faz-se necessária uma atenção redobra- múltiplas substâncias, com conseqüentes e di-
da no momento da avaliação, do diagnóstico e versificadas mudanças psicológicas, fisiológicas
da intervenção dos indivíduos. Se considerados e comportamentais, além do fato de coexistir,
apenas sintomas e queixas manifestadas espon- em muitos casos, com outros problemas psicoló-
taneamente, o TPAS e/ou o TUS podem ser sub- gicos e psiquiátricos.
-diagnosticados e não correlacionados, tornando Informações do I Levantamento Nacional
o tratamento ineficaz. sobre os Padrões de Consumo de Álcool na Po-
pulação Brasileira (Secretaria Nacional Antidro-
Desafios aos tratamentos gas, 2007), indicam que parte substancial das
do TPAS e TUS pessoas que faziam uso ou apresentavam depen-
dência de álcool necessitavam de alguma forma
Os obstáculos para o tratamento do TPAS se de tratamento, uma vez que já apresentavam
dão, primeiramente, pelas próprias característi- condição mórbida que requeria ação do sistema
cas do transtorno, que interferem direta e negati- de saúde.
vamente no tratamento (tais como desconfiança, Assanangkornchai e Srisurapanont (2007),
fuga de intimidade, limitação na capacidade de a partir de revisão da literatura, confirmam que
formar aliança terapêutica de natureza colabora- houve progressos nas intervenções farmacológi-
tiva, desonestidade, dificuldade de trabalhar com cas e psicossociais para indivíduos dependentes
metas a longo prazo e de pensar nas conseqüên- de álcool. No entanto, apontam para a necessida-
cias de suas ações antes de agir) (Bieling, Mcc- de de mais pesquisas no campo das intervenções
be, & Antony, 2008). Além do mais, há poucos em populações dependentes de álcool com co-
estudos sistematizados sobre o tratamento de pa- morbidades psiquiátricas, no intuito de melhorar
cientes com TPAS que possam orientar a elabo- as estratégias de envolvimento desses pacientes
ração de programas mais efetivos. em seus tratamentos.
Em segundo lugar, mesmo com a preva- Desta maneira, a constatação da correlação
lência significativa do TPAS, é raro que os pro- entre TPAS e TUS e a observação das particula-
blemas relacionados à personalidade sejam a ridades e dificuldades no tratamento de cada um
principal queixa dos pacientes que procuram tra- reforçam a importância de se fazer uma aborda-
tamento, uma vez que não reconhecem que seus gem integral que considere tanto o uso de subs-
próprios comportamentos interferem nas dificul- tâncias quanto o diagnóstico e o tratamento de
dades que enfrentam na vida (Beck et al., 2005). outros transtornos mentais associados. Na lite-
114 Costa, J. B. P., Valerio, N. I.

ratura consultada, foram encontrados poucos es- sobre os acontecimentos vividos interna e
tudos que abordam o tratamento relacionando os externamente, tem papel fundamental nas reações
dois problemas, além de não ter sido verificada emocionais e nos comportamentos apresentados
nenhuma pesquisa que mencione concomitante- pelo indivíduo. Pode-se dizer que as três áreas
mente o tratamento do TUS e do TPAS. (cognição, emoção e comportamento) estão
interligadas e, dependendo do formato dessa
Terapia Cognitiva-Comportamental: relação, haverá um funcionamento saudável ou
TPAS e TUS desadaptado da personalidade (Falcone, 2001).
Com a evolução da teoria, sempre preconi-
A terapia cognitiva (TC) surgiu, em meados zando a utilização do método científico e de pes-
de 1960, como uma resposta à insatisfação das quisas controladas, os fundamentos e métodos
propostas correntes na época para o tratamento descritos por Beck e por outros colaboradores do
de depressão. O principal idealizador da teoria, modelo cognitivo-comportamental estenderam-
Aaron T. Beck, em suas primeiras pesquisas, -se tanto a uma variedade de quadros clínicos - p.
observou que havia semelhanças na forma que ex.: depressão, transtornos de ansiedade, trans-
pessoas deprimidas avaliavam os acontecimen- tornos alimentares, esquizofrenia, transtorno bi-
tos internos e externos, principalmente no que polar, dor crônica, transtornos de personalidade
diz respeito a um estilo de pensamento negati- e abuso de substâncias - quanto a vários ambien-
vo em três domínios: sobre si mesmo, sobre o tes, como hospitais, escolas e clínicas (Falcone,
mundo e sobre o futuro. Com esses dados, Beck 2001; Wright et al., 2008).
propôs uma abordagem terapêutica orientada Pesquisas com ênfase na Terapia Cognitivo-
para a cognição, objetivando identificar, exami- -Comportamental (TCC) (Falcone, 2001; Neto,
nar e reverter os pensamentos disfuncionais e 2002; Abreu, 2004; Pereira, 2004) demonstram
os comportamentos relacionados, para obter um que pessoas com transtornos psiquiátricos têm
funcionamento mais adaptativo e satisfatório da uma alta freqüência de pensamentos automáticos
personalidade (Wright, Basco, & Thase, 2008). distorcidos, exagerados, equivocados e muito rí-
Desde o início, Beck defendeu a idéia de gidos. Dessa maneira, os julgamentos tornam-se
associar os métodos cognitivos aos comporta- absolutos e generalizados, incorrendo em erros
mentais, já que reconhecia um relacionamento e distorções cognitivas com crenças fundamen-
estreito entre cognição e comportamento (Neto, tais inflexíveis. Nesta linha de raciocínio, o que
2002). A teoria comportamental, desenvolvida a gera o comportamento problema – pensamentos
partir das idéias de Pavlov, Watson, Skinner e disfuncionais, comportamentos desadaptativos e
outros behavioristas experimentais, traz, em seu emoções negativas – é o processamento cogniti-
cerne, conceitos sobre os princípios da aprendi- vo da realidade pessoal do indivíduo.
zagem a partir de fundamentações baseadas no Neste sentido, alguns dos objetivos da TCC
condicionamento respondente e no condiciona- são: ajudar os pacientes a desenvolver estilo
mento operante, que auxiliam na compreensão acurado, racional e preciso de processamento
das leis que regem o comportamento (Skinner, de informações e auxiliá-los na aprendizagem
1998; Baum, 1999). de novas estratégias para atuar no ambiente,
Nessa abordagem, diz-se que o comporta- a fim de promover as mudanças necessárias.
mento é função do “ambiente”, ou seja, todo e Assim, o maior impulso da Terapia Cognitivo-
qualquer evento é capaz de afetar o organismo, Comportamental é em direção à compreensão
sendo ele privado (sentimentos, emoções, sensa- da natureza e do desenvolvimento do repertório
ções, pensamentos) ou público (Skinner, 1998). comportamental de um indivíduo e dos processos
Desta maneira, os princípios do modelo cognitivos que o acompanham (Wright et al.,
cognitivo-comportamental giram em torno da 2008).
idéia de que o processamento cognitivo, ou seja, Entretanto, para que os objetivos terapêuti-
a interpretação dos fatos, a avaliação cognitiva cos sejam alcançados, é fundamental o estabele-
Transtorno de personalidade anti-social e transtornos por uso de substâncias: 115
caracterização, comorbidades e desafios ao tratamento.

cimento de uma relação terapêutica satisfatória, cos com TPAS. Sugerem-se, assim, pesquisas
segura, ativa, colaborativa, diretiva e estrutura- futuras nesta área de atuação, as quais poderão
da, educativa, orientada para o presente e vol- ajudar na melhora do manejo da sintomatologia
tada para o problema (Falcone, 2001; Abreu, do TPAS, com conseqüente maior adesão ao tra-
2004; Pereira, 2004). tamento do TUS.
Para o tratamento do TPAS, o modelo de
TCC dá ênfase às interações entre as crenças Considerações Finais
nucleares dos indivíduos, às estratégias interpes-
soais disfuncionais e caracteristicamente super- Por razão da sintomatologia apresentada
desenvolvidas e às influências ambientais (Beck, no TPAS, muitos consideram indivíduos com
2004). Desta maneira, no decorrer do tratamen- este transtorno incapazes de se beneficiar de um
to, alguns objetivos são traçados, tais como: tratamento, principalmente por entenderem que
correlação entre pensamentos distorcidos e problemas desse tipo são de natureza crônica,
comportamentos desadaptativos; reestruturação permanente e refratária. Da mesma forma, pes-
cognitiva; desenvolvimento de habilidades de quisadores e terapeutas da área ponderam que os
enfrentamento (como assunção da perspectiva, tratamentos para o TUS demonstram prognósti-
comunicação efetiva, regulação das emoções, cos pouco favoráveis.
auto-controle, tolerância à frustração, assertivi- Entretanto, aqueles que se baseiam nos mo-
dade, pensamentos consequenciais e adiamento delos cognitivo e comportamental que focam,
da resposta); automonitoramento; ampliação do respectivamente, o composto de crenças e de
leque de interesses e domínio interpessoal e ha- comportamentos relacionados, exibidos com
bilidade de construção de escolhas construtivas freqüência por pessoas com TPAS e TUS, têm
(Beck et al., 2005). como princípio o fato de que, apesar da inter-
Já para o tratamento das adições, o modelo venção desses pacientes representar desafios ex-
de prevenção de recaída, o modelo cognitivo de pressivos, os transtornos são tratáveis dependen-
abuso de substâncias e o modelo dos estágios de do da motivação dos indivíduos para a mudança.
mudanças são os mais abordados por terapeutas Desta maneira, esforços consideráveis em
e pesquisadores que atuam nesta área de conhe- busca de tratamentos mais eficientes/eficazes,
cimento. São utilizadas nestas intervenções, es- tanto para TPAS quanto para TUS, devem ser
tratégias como treinamento de habilidade social, empreendidos, já que prejudicam severamente a
treinamento do autocontrole e da assertividade, vida dos indivíduos, como também a das pessoas
treinamento de relaxamento, entrevista motiva- próximas e a da sociedade como um todo.
cional breve, manejo do estresse, da depressão e Além do mais, a coexistência de ambos os
da ansiedade, identificação de situações de alto transtornos em parcela significativa da popula-
risco e reestruturação cognitiva (Rangé & Mar- ção deve ser cuidadosamente avaliada para que o
latt, 2008). TPAS e/ou o TUS não sejam sub-diagnosticados
Além disso, a TCC, utilizada tanto como e não correlacionados, tornando o tratamento li-
prática psicoterápica individual quanto grupal, mitado.
é aplicada concomitante a outros tratamentos Na literatura, não foram encontrados es-
(p.ex.: medicamentoso), nas várias modalidades tudos que abordam tratamentos para ambos os
de intervenção disponíveis para abuso e depen- transtornos simultaneamente. As pesquisas es-
dência de drogas, tais como a hospitalização para tão voltadas mais para a etiologia, o desenvol-
desintoxicação e reabilitação, a internação-dia vimento, as conseqüências e a prevalência em
em psiquiatria geral e o tratamento ambulatorial. populações específicas, como também para a
Todavia, mesmo com a evolução da TCC identificação das comorbidades presentes entre
em sua prática e pesquisa, não há ainda estudos os transtornos.
sobre intervenção cognitivo-comportamental Entretanto, os dados indicam que apenas es-
para pacientes dependentes/ abusadores quími- tudos mais aprofundados, que consideram a re-
116 Costa, J. B. P., Valerio, N. I.

lação entre TPAS e TUS, podem contribuir para Beck, J. S. (2007). Terapia cognitiva para desafios
a promoção de um trabalho mais eficaz e para a clínicos: o que fazer quando o básico não fun-
promoção de uma melhoria na qualidade de vida ciona. Porto Alegre: Artmed.
desta população. Biederman, J., Monuteaux, M. C., Mick, E., Spencer,
Desta forma, apesar de os tratamentos para a T., Wilens, T. E., Silva, J. M., Snyder, L. E., &
TPAS e para o TUS constituírem-se de desafios Faraone, S. V. (2006). Young adult outcome of
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Nota dos autores:


Janelise Bergamaschi Paziani Costa/ Psicóloga; Mestranda do Programa de Pós-Graduação Stricto Sen-
su da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto - FAMERP. Nelson Iguimar Valerio/ Doutor em
Psicologia pela PUCCampinas; Membro do Grupo de Pesquisa em Psicologia da Saúde em instituições
e na comunidade da ANPEPP; Docente, Orientador e Pesquisador do Programa de Pós-Graduação Stric-
to Sensu da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto – FAMERP.

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