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TRANSTORNO DE PERSONALIDADE ANTISSOCIAL E COMO


IDETIFICAR EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES

POLIANA FREITAS1
MIRELLA MELISSA DE CARVALHO2

Resumo: O transtorno de personalidade antissocial trata-se de um transtorno em que o


indivíduo possui dificuldade em expressar emoções, como empatia e compaixão, por isso
podem desenvolver relações problemáticas pois não se preocupa com o bem-estar do outro.
Assim, costuma mentir, infringir leis, agir impulsivamente e desconsiderar sua própria
segurança ou a segurança dos outros. Os sinais do transtorno podem começar a aparecer na
infância, mas não é possível diagnosticar a condição até a adolescência ou idade adulta. O
artigo apresentado tem como objetivo explicar o que é e o como funciona o transtorno de
personalidade antissocial e sua relação com o transtorno de conduta. Serão discutidos os
melhores métodos de tratamentos, para uma melhor qualidade de vida às crianças e
adolescentes que apresentam aspectos desse transtorno e um melhor convívio com suas
famílias e conhecidos. Visando responder questões sobre o Transtorno de personalidade
antissocial, assim educando o leitor sobre doenças mentais e suas particularidades. Com a
pesquisa, concluiu-se que a família, assim como os profissionais infantis, é fundamental para
a percepção das características do TPAS, proporcionando melhores oportunidades de
tratamentos e resultados.
Palavras chaves: Transtorno de personalidade antissocial; transtorno de conduta; crianças;
adolescentes; desvio de conduta.

ANTISOCIAL PERSONALITY DISORDER AND HOW TO IDENTIFY


IT IN CHILDREN AND ADOLESCENTS

Abstract: Antisocial personality disorder is a disorder in which the individual has difficulty
expressing emotions, such as empathy and compassion, which is why they can develop
problematic relationships as they are not concerned about the well-being of others. Thus, they
tend to lie, break laws, act impulsively and disregard their own safety or the safety of others.
Signs of the disorder may begin to appear in childhood, but it is not possible to diagnose the
condition until adolescence or adulthood. The article presented aims to explain what antisocial
personality disorder is and how it works and its relationship with conduct disorder. The best
treatment methods will be discussed, for a better quality of life for children and adolescents
who present aspects of this disorder and a better coexistence with their families and
acquaintances. Aiming to answer questions about Antisocial Personality Disorder, thus
educating the reader about mental illnesses and their particularities. With the research, it was
concluded that the family, as well as children's professionals, is fundamental for the

1Professora, Mestre em, Curso de, Centro Universitário – Unifasipe. R. Carine, 11, Res. Florença, Sinop- MT
78550-000. Endereço Eletrônico: freitaspoli.psi@gmail.com

2 Acadêmica de Graduação, Curso de, Faculdade de Sinop – FASIPE, R. Carine, 11, Res. Florença, Sinop - MT.
CEP: 78550-000. Endereço eletrônico: Mirellacarvalho1833@gmail.com
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perception of the characteristics of ASPD, providing better opportunities for treatments and
results.
Keywords: Antisocial personality disorder; conduct disorder; children; teenagers;
misconduct.

1. INTRODUÇÃO

A personalidade antissocial é um transtorno psicológico complexo e muitas vezes mal


compreendido, que afeta não apenas adultos, mas também crianças e adolescentes. Este
distúrbio de personalidade é caracterizado por um padrão persistente de comportamento
desviante, falta de empatia e respeito pelas normas sociais, muitas vezes resultando em
problemas sérios nas relações interpessoais e no funcionamento geral na sociedade.
(BARBOSA, 2012, p. 37).
A identificação precoce de transtornos mentais em crianças e adolescentes é uma área
crítica da psicologia e psiquiatria. Dentre os transtornos que merecem atenção especial,
destaca-se o Transtorno de Personalidade Antissocial (TPAS). Identificar sinais precoces do
transtorno de personalidade antissocial em crianças e adolescentes é de suma importância,
pois pode permitir intervenções precoces e tratamentos que possam melhorar
significativamente o prognóstico a longo prazo. (NUNES, 2008, p. 106).
Este artigo visa explorar os principais aspectos do Transtorno de Personalidade
Antissocial e fornecer um guia abrangente para reconhecer seus sinais precoces em jovens
indivíduos. Ao compreender melhor os sintomas e os sinais indicativos dessa condição
durante as fases iniciais do desenvolvimento, os profissionais de saúde mental e os cuidadores
podem adotar estratégias preventivas e terapêuticas que contribuam para a melhoria do bem-
estar e da qualidade de vida desses indivíduos, bem como da sociedade como um todo.

1.1 Justificativa

O transtorno de personalidade antissocial tem ganhado uma maior visibilidade nos


últimos anos, com isso, se observa a necessidade de esclarecer como o transtorno se
manifesta, tendo em foco as fases primarias da vida, sendo a infância e adolescentes.
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Com o reconhecimento precoce do transtorno de personalidade antissocial é possível a


melhoria na vida cotidiana das crianças com esse transtorno na sociedade, para o regulamento
do caráter do mesmo, para que se consiga uma melhor qualidade de vida, tanto para a criança,
como para a família, o que justifica a relevância da pesquisa.

1.2 Problematização

Com a necessidade de tratamento precoce de doenças mentais, para melhor resultado a


longo prazo, se gera a dúvida se o diagnóstico de transtorno de personalidade antissocial pode
ser realizado nas fases primarias de pessoas que apresentam aspectos da patologia.
Sendo assim, questiona-se: Como é possível identificar o TPAS em crianças e
adolescentes?

1.3 Hipótese

O reconhecimento da família e da escola tem como papel fundamental no tratamento


prévio do transtorno, servindo para implementação de comportamentos corretos e socialmente
aceitos.

1.4 Objetivo

1.4.1 Geral

Identificar principais características do transtorno de personalidade antissocial na


infância e adolescência, fornecendo uma compreensão mais profunda dessa condição e ajudar
profissionais de saúde, pais e educadores a detectá-la precocemente.

1.4.2 Específicos

● Compreender quais os métodos adequados para o tratamento desse transtorno.

● Educar o leitor sobre o Transtorno de Personalidade Antissocial.


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● Analisar as diferenças entre comportamentos normais de rebeldia e condutas

antissociais em jovens, a fim de esclarecer os profissionais de saúde mental e


cuidadores sobre a necessidade de intervenções precoces e diferenciadas.

● Examinar as limitações atuais na identificação e no tratamento do Transtorno de

Personalidade Antissocial em crianças e adolescentes,

1.5 Metodologia

O artigo presente é uma pesquisa bibliográfica, onde foram utilizadas informações de


site de referência sobre a temática, outros artigos que exploram sobre o assunto, livros e
explicações de vídeos online.
Com natureza básica, a fim de explicar sobre o presente tema de forma simples e
clara, sendo seu objetivo explicativo e sua abordagem qualitativa, informando sobre o
transtorno de personalidade antissocial em crianças e adolescentes, sem se aprofundar em
informações quantitativas.

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. Diagnóstico de transtorno de conduta

O transtorno de personalidade antissocial (TPAS), também conhecido como sociopatia


ou psicopatia, é uma condição de saúde mental que geralmente se manifesta na infância ou
adolescência e continua na idade adulta. No entanto, é importante observar que o diagnóstico
formal de transtorno de personalidade antissocial é geralmente reservado para adultos, e o
diagnóstico em crianças é mais frequentemente chamado de transtorno de conduta.
(CARPONI, 2018, p. 178)
O Transtorno de Conduta é uma condição mental que afeta crianças e adolescentes e é
caracterizada por padrões persistentes e repetitivos de comportamento antissocial e
desafiador. O diagnóstico de Transtorno de Conduta é geralmente feito quando esses
comportamentos vão além das características normais de desobediência ou rebeldia
associadas ao desenvolvimento infantil. (BORDI, 2000, p. 3).
Aqui estão algumas características comuns de crianças com Transtorno de Conduta:
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● Comportamento agressivo: Manifestações físicas e verbais de agressão em relação a

pessoas, animais ou propriedades.

● Destruição de propriedade: Tendência a destruir propriedades, seja por impulso ou

como forma de expressão de raiva.

● Desrespeito por regras sociais: Ignora normas e regras sociais, frequentemente

envolvendo-se em comportamentos que violam os direitos de outros.

● Furto e mentira: Engaja-se em mentiras repetidas e pode roubar sem levar em

consideração os sentimentos dos outros.

● Ausência de remorso: Falta de remorso ou arrependimento por comportamentos

prejudiciais.

● Falta de empatia: Incapacidade ou dificuldade em entender os sentimentos e

necessidades dos outros.

● Ausência de responsabilidade: Dificuldade em aceitar a responsabilidade por ações e

comportamentos.

● Problemas acadêmicos: Muitas vezes, crianças com Transtorno de Conduta

enfrentam dificuldades na escola devido a comportamentos disruptivos.

● Problemas com colegas: Tendem a ter dificuldades no estabelecimento e manutenção

de amizades saudáveis.

É importante observar que o diagnóstico do Transtorno de Conduta não deve ser feito
levemente. O comportamento desafiador e antissocial em crianças pode ser influenciado por
vários fatores, incluindo problemas familiares, traumas ou outras condições de saúde mental.

A intervenção precoce é fundamental, pois pode ajudar a evitar a progressão desses


comportamentos para um Transtorno de Personalidade Antissocial na idade adulta. O apoio de
profissionais de saúde mental, educadores e pais é crucial para o manejo eficaz desse
transtorno. (CRUZEIRO et al., 2018, p. 4).
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2.2. Medidas de tratamento

Para Garghetti e Kovacic (2015, p. 6), o tratamento para crianças com Transtorno de
Conduta geralmente envolve uma abordagem multidisciplinar, que pode incluir intervenções
psicossociais, terapia individual ou familiar e, em alguns casos, medicação. Aqui estão
algumas abordagens comuns:

● Terapia cognitivo-comportamental (TCC): A TCC é frequentemente usada no

tratamento de crianças com Transtorno de Conduta. Essa abordagem ajuda a


identificar e modificar padrões de pensamento negativos e comportamentos
disfuncionais. Pode incluir treinamento em habilidades sociais, gerenciamento de raiva
e resolução de problemas.

● Terapia familiar: Envolver a família no processo de tratamento é crucial. A terapia

familiar pode ajudar a melhorar a comunicação entre os membros da família, abordar


conflitos familiares e criar um ambiente mais positivo e de apoio para a criança.

● Intervenção escolar: Trabalhar em conjunto com a escola é essencial para criar

estratégias de manejo comportamental e proporcionar um ambiente educacional mais


positivo para a criança. Professores e orientadores podem desempenhar um papel
crucial no suporte à criança.

● Treinamento de habilidades sociais: Ensinar à criança habilidades sociais pode

ajudar a melhorar suas interações com os outros e reduzir comportamentos


antissociais. Isso pode incluir treinamento em empatia, resolução de conflitos e
comunicação eficaz.

● Intervenção precoce: O tratamento precoce é fundamental para interromper o ciclo

de problemas problemáticos. Identificar e abordar questões subjacentes, como traumas


ou problemas familiares, pode ajudar a prevenir a progressão do transtorno.

● Medicação: Em alguns casos, a medicação pode ser considerada para tratar sintomas

específicos, como impulsividade, agressividade ou dificuldade de concentração. No


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entanto, o uso de medicamentos geralmente é complementar às intervenções


psicossociais e terapêuticas.

O tratamento deve ser adequado às necessidades individuais da criança e envolver a


colaboração de profissionais de saúde mental, educadores e membros da família. Além disso,
o envolvimento ativo e o apoio dos pais são fundamentais para o sucesso do tratamento. O
objetivo é ajudar a criança a desenvolver habilidades adaptativas e promover um ambiente de
suporte para seu crescimento e desenvolvimento saudável. (PINHEIRO et al., p. 3).

3. CONCLUSÃO

A família desempenha um papel crucial no diagnóstico, tratamento e manejo de


transtornos mentais, incluindo o Transtorno de Personalidade Antissocial. Fornecendo
informações valiosas sobre o histórico de desenvolvimento da criança ou do adolescente. Isso
inclui eventos importantes, como traumas, abusos, mudanças na dinâmica familiar e outras
experiências que podem influenciar o desenvolvimento emocional e o desenvolvimento
social.
Uma família pode oferecer suporte emocional crucial durante o processo de
diagnóstico e tratamento. Além disso, educar a família sobre o transtorno, suas implicações e
estratégias de manejo pode melhorar a qualidade do suporte fornecido à criança ou
adolescente.
Embora os transtornos de personalidade sejam geralmente manifestados em adultos, os
primeiros sinais de problemas comportamentais e emocionais podem se manifestar durante os
anos escolares. Professores e outros profissionais da escola passam bastante tempo com as
crianças e têm a oportunidade de observar seu comportamento em diferentes contextos, como
sala de aula, lazer e atividades extracurriculares.
Por mais a escola desempenhe um papel crucial na identificação de problemas, é
importante destacar que o diagnóstico e o tratamento de transtornos mentais devem envolver
uma equipe multidisciplinar, incluindo profissionais de saúde mental, pais e educadores. A
colaboração entre a escola e os profissionais de saúde mental é fundamental para garantir uma
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abordagem abrangente e eficaz no apoio às necessidades emocionais e comportamentais das


crianças.
O diagnóstico de Transtorno de Personalidade Antissocial não é feito em crianças, em
grande parte, porque os critérios diagnósticos para transtornos de personalidade são
desenvolvidos considerando as características e comportamentos observados em adultos. A
personalidade está em constante desenvolvimento durante a infância e a adolescência, e
muitos comportamentos que podem parecer antissociais em crianças podem ser uma
expressão normal do desenvolvimento ou podem ser sintomas de outros problemas
emocionais ou comportamentais. Esses comportamentos precisam persistir ao longo do tempo
e serem observados na idade adulta para serem enquadrados no diagnóstico.
Ao invés de diagnosticar crianças com Transtorno de Personalidade Antissocial, os
profissionais de saúde mental podem usar o diagnóstico de Transtorno de Conduta quando
comportamentos persistentes e graves de desobediência, agressão e violação de regras são
observados. O Transtorno de Conduta é frequentemente considerado um precursor do
Transtorno de Personalidade Antissocial, mas nem todas as crianças com Transtorno de
Conduta desenvolvem o TPAS na idade adulta.
É fundamental abordar precocemente os comportamentos desafiadores em crianças,
proporcionando intervenções terapêuticas e psicossociais. O tratamento focado no ambiente
familiar, na escola e na saúde mental da criança pode ajudar a modificar comportamentos
problemáticos e prevenir o desenvolvimento futuro de transtornos de personalidade graves.
Em resumo, o diagnóstico de Transtorno de Personalidade Antissocial é reservado
para a idade adulta, enquanto nas crianças, são utilizados diagnósticos como Transtorno de
Conduta para identificar e tratar precocemente comportamentos desafiadores.
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REFERÊNCIAS

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revisão de literatura. Curitiba-PR: Interfaces da saúde mental, 2012, p. 70.

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PINHEIRO, M. A et al. Transtorno desafiador de oposição: uma revisão de correlatos


neurobiológicos e ambientais, comorbidades, tratamento e prognóstico. Guarulhos-SP:
Brazilian Journal of Psychiatry, 2004, p. 273.

NUNES, M. M; WERLANG, B. S. G. Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade e


transtorno de conduta: aspectos familiares e escolares. São Paulo-SP: ConScientiae Saúde,
2008, p. 216.

ANDRADE, T. R; SANTOS, J. M; BARBOSA, A. F. Transtorno de conduta na infância:


Um estudo de caso. Piraquara-PR; Research, Society and Development, 2023, p. 108.

CAPONI, S. N. Dispositivos de segurança, psiquiatria e prevenção da criminalidade: o


TOD e a noção de criança perigosa. Salvador-BH: Saúde e Sociedade, 2018 p. 298.

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