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Aula 4- Continuação dos transtornos de personalidade

Grupo B dos transtornos de personalidade, de acordo com sua etiologia, epidemiologia e


manifestações clinicas.

Transtorno de personalidade Anti-social


Esse transtorno, ao longo da historia da medicina, foi muitas vezes denominado como
psicopatia. Apesar de esse termo ainda ser usado, porem o critério/termo utilizado atualmente
é transtorno anti-social. A manifestação psicopatia atualmente se dá no contexto das relações
sociais, da vida em comunidade, nas relações interpessoais, no conceito de solidariedade e de
compaixão,...
Como todo transtorno da personalidade, é um padrão crônico que se inicia no inicio da vida
adulta e estável de atitudes, relações, interações e auto-imagem (ou seja, não desaparece e
não é uma reação passageira), aonde essencialmente, a perspectiva fundante da consciência,
a compaixão esta excluída (não compartilham sentimentos humanos). Portanto, a
essência/natureza estrutural do anti-social, visualizada em neuro-imagem, é a exclusão do
sentimento de compaixão. O que seria o sentimento de compaixão? É o sentimento que nos
faz solidarizar, nos sensibilizar com o sofrimento humano. E aquilo que caracteriza a
consciência, que deriva da culpa. Assim, ter consciência significa ter culpa, sentir-se solidário,
ter compaixão, conectado com o sofrimento, respeitar o outro, saber as consequências de seus
gestos na vida das pessoas. Tudo isso esta parcial ou totalmente excluído desses indivíduos.
Eles podem até racionalmente identificar e manifestarem solidariedade, porém
emocionalmente/afetivamente isso está excluído.
Pode se manifestar com espectros distintos: frios, calculistas, manipuladores, predadores (a
vida dele é marcada pelo predar/utilizar os outros, sem levar em conta os direitos, os
sentimentos, as necessidades do outro). Essas características podem ter uma amplitude muito
grande, ou seja, podem se restringir apenas às relações afetivas ou às relações de trabalho,
mas quase sempre se dá em todos os campos da vida do sujeito. Podem ter comportamentos
agressivos (homicidas, serial-killers, agressivos crônicos) e francamente anti-sociais
Observou-se, mais do que todos os outros pacientes, marcado componente biológico e
genético nos anti-sociais.
Grandes avanços diagnósticos com RNM- observa-se nesses pacientes nas suas reações às
realidades e na sua percepção do mundo a dificuldade de se sintonizar afetivamente e de se
compadecer. Por estarem excluídos estes sentimentos, apesar de poderem se compadecer
racionalmente, isso não se materializa de fato numa conduta verdadeiramente. Ou seja, eles
entendem racionalmente o significado de tudo isso, mas não agem, pois o que modula a
conduta é o sentimento de compaixão que está ausente nesses pacientes. Eles são calculistas e
tem uma incapacidade absoluta de se sentirem culpados.

- Traços estruturantes
Expressividade
Interação Social
Frieza e manipulação
Ausência de sentimento de culpa
Comportamento predador
Portanto, são, em geral, pessoas que tem um comportamento muito expressivo, são sedutoras
e tem um nível de inteligência operacional muito grande. Tendem a ocupar áreas sociais que
os possibilitem realizar a sua existência, ou seja, a viver a vida da maneira da sua existência;
como por exemplo a política. São pessoas que estão numa busca ativa pela sociabilidade, ao
contrario da ideia que temos de que são pessoas isoladas. Isso porque a ideia básica eles é
aquela predadora em usar e buscar interesse. Tem, muitas vezes, um comportamento
estelionatário. O mais interessante é que eles não conseguem fazer diferente disso, ou seja,
não há possibilidade de que uma pessoa com transtorno de personalidade anti-social mude
seu comportamento.

-Temperamento
Explosivo, em geral.
Por isso, a alta prevalência de criminalidade e de agressividade nesses pacientes.

-Mecanismo de defesa
Negação dessa realidade
Formação reativa= expressão, na conduta e na relação humana, do contrario de suas
característica de maneira exagerada/exuberante. Por exemplo, se o paciente é extremamente
agressivo, para ocultar essa agressividade, ele se mostra excessivamente gentil, delicado e
cauteloso. Isso chama atenção das pessoas. Percebe-se, então uma certa teatralidade. Assim, a
formação reativa sinaliza a ausência dessa agressividade e dessa impulsividade. Em suma, os
anti-sociais tem uma capacidade plástica de se interagir com o mundo e com o ambiente, com
a intenção sempre de predar e de usar. È como se essas pessoas não tivessem a mínima
possibilidade de se realizarem e se relacionarem com a cultura e com a comunidade de uma
maneira verdadeira, plena e saudável. Então, eles tem essa tendência a manipular, infringir
leis...
Atuação= estão sempre atuando, ou seja, transformando sua conduta, seu comportamento,
sua interação não para realizarem aquilo que eles verdadeiramente querem de forma
saudável. A atuação é, portanto, uma forma de você agir no papel em função desse déficit que
você tem como pessoa e dessas possibilidades que você tem. Então, muitas vezes, o anti-social
pode mimetizar, interpretar papeis, em função sempre do ambiente em que ele se insere para
conseguir se realizar.
Outros

-Comorbidades
Esses pacientes tem uma tendência maior a terem certas patologias psiquiátricas associadas:

Eixo 1:
Depressão= Alta prevalência. Em geral, são pacientes que não buscam muito o tratamento,
ainda mais que essa depressão pode não ser de uma intensidade tão significativa e não
incomodar tanto.
TAG
Dependência Química= Buscam uma excitabilidade muito grande e buscam o álcool por
exemplo.
TDAH

-Critérios diagnósticos DSM4


Um padrão global de desrespeito e violação dos direitos alheios, que ocorre desde os 15 anos
(Obs do Paul Wood: única patologia da personalidade que se pode postular um diagnostico
com uma certa precocidade. Todos os outros transtornos da personalidade você pressupõe
na vida adulta. No caso do anti-social, você pode prever mais cedo, porque há uma relação
muito grande de patologias da conduta na infância/adolescência e o transtorno anti-social.
Por exemplo, no transtorno de personalidade paranoide, não há epidemiologicamente
evidencia de uma doença prévia ou uma personalidade que antecede o transtorno. Já no
anti-social, há um padrão estável a partir dos 15 anos de idade- Ver item C) indicado por, no
mínimo, três dos seguintes critérios:
(se não preenche pelo menos 3 desses critérios, apenas 1 ou 2, você tem uma expressão
apenas leve da doença. Não chega a ser um transtorno
(1) incapacidade de adequar-se às normas sociais com relação a comportamentos lícitos,
indicada pela execução repetida de atos que constituem motivo de detenção
(2) propensão para enganar, indicada por mentir repetidamente, usar nomes falsos ou
ludibriar os outros para obter vantagens pessoais ou prazer
(3) impulsividade ou fracasso em fazer planos para o futuro
(4) irritabilidade e agressividade, indicadas por repetidas lutas corporais ou agressões físicas
(5) desrespeito irresponsável pela segurança própria ou alheia
(6) irresponsabilidade consistente, indicada por um repetido fracasso em manter um
comportamento laboral consistente ou de honrar obrigações financeiras
(7) ausência de remorso, indicada por indiferença ou racionalização por ter ferido, maltratado
ou roubado alguém
B. O indivíduo tem no mínimo 18 anos de idade
C. Existem evidências de Transtorno da Conduta com início antes dos 15 anos de idade. ( By
Paul Wood: muitos desses jovens que cometem crimes já apresentam esse transtorno anti-
social como um transtorno da conduta, ou seja, como uma doença psiquiátrica. Essa doença
também tem uma comorbidade tão grande que vai se expressar não somente como uma
alteração da conduta, mas como uma alteração da personalidade no sentido mais global.
Então, ao remontar a historia de vida dos anti-sociais, verifica-se alterações da conduta que
não se observa em um desenvolvimento normal)
Se for um transtorno de conduta apenas, isso pode ser tratado ou remetir. Se essa evidencia
do transtorno se mantem a partir dos 18 anos, trata-se de um transtorno da personalidade.
Existem evidencias de transtorno de conduta com inicio antes dos 15 anos, na qual esse
comportamento não se dá diante a vigência de uma doença psiquiatrica, que pode
mimetizar certos comportamentos. Por exemplo, no episódio maníaco, o individuo pode
roubar e etc.
D. A ocorrência do comportamento anti-social não se dá exclusivamente durante o curso
de Esquizofrenia ou Episódio Maníaco.

Transtorno de Personalidade Limite (importante)


Tambem conhecido como borderline. A palavra limite nesse caso se refere a pacientes que
tem uma vulnerabilidade muito grande e, com isso, tendem a descompensações, a alterações
de comportamento seja de característica biológica, seja de característica psicótica, seja de
característica neurótica. Esses pacientes tem déficits, dificuldades, não só estruturalmente;
mas vivem descompensadamente. Portanto, são pessoas que tendem a comportamento
autolíticos para chamar a atenção, além de altas taxas de suicídio.
Tem um sentimento crônico vazio, de abandono.
Portando, é uma patologia de padrão crônico e estável que se manifesta com alguns aspectos
essenciais, sendo um deles as alterações na auto-imagem. Então, é muito comum esses
pacientes sofrerem de despersonalização, ou seja, terem uma sensação de estranheza da sua
identidade. Essa sensação é descrita psicopatologicamente na sensação de consolidar-se em
dois paus, um que fala e outro que observa. Ou, uma sensação de estranheza consigo mesmo,
de não saber quem você é. Nesse sentido, é uma realidade quase psicótica do ser.
Marcada relação com Transtornos do Humor=Alta prevalência desses pacientes com os
transtornos do humor. Então, é muito comum encontrar pacientes depressivos com transtorno
limite de personalidade. E isso é muitas vezes detectado na historia natural da enfermidade
depressiva por meio de certos comportamentos/fenômenos que não são habituais no curso
natural da depressão maior. Por exemplo, gestos autolíticos, tentativa de suicídio e abuso de
substancias, crises de agitação e sensação de serem perseguidos (pequenos episódios
psicóticos)
São pacientes que tem uma alta alteração do humor. Tem oscilações muito, mas muito,
acentuadas do humor. Tal fato levou a muitos pensarem no transtorno limite de personalidade
como uma forma de transtorno do humor, seja bipolar, seja unipolar. Às vezes, tem-se a
sensação de estar adiante de um ciclotímico, um bipolar leve. Mas, na verdade, trata-se de um
quadro maior ainda porque que alem das oscilações do humor tem uma constelação de outros
fenômenos psicopatológicos. Por isso, esses pacientes tendem a responder favoravelmente
aos estabilizadores do humor e tendem a fazer episódios hipomaníacos ou depressivos
maiores com muita facilidade.
As relações pessoais desses pacientes são marcadas por uma idealização, são pessoas que se
vinculam massivamente a uma realidade e idealizam muito uma realidade. Assim, podem se
frustrar muito facilmente. Tudo isso se deve a vários mecanismos. Eles tem uma busca ativa de
serem dependentes, ter vinculo com os outros.
Marcada alteração no controle dos impulsos. Tendem ao abuso de substancias, a
comportamentos bulímicos ou convulsivos, jogos, perda de controle na hipersexualidade.
Colocam em risco sua integridade física, moral, social muito facilmente. São muito
autodestrutivos.
Isso tudo leva a uma dificuldade muito grande em ter autonomia pessoal, ou seja, tem
dificuldade em amadurecer e se tornar adulto pelas dificuldades em se relacionar.
Alta prevalência e muito estudado
Alta demanda por atendimento em pronto-socorro

-Traços estruturantes
Impulsividade
Oscilações do humor
Auto-dano
Relações interpessoais instáveis
Vínculos de dependência muito acentuados

-Mecanismos de defesa
Negação (dessa conflitividade)
Projeção (idealiza na pessoa e no ambiente para compensar essa necessidade)
Idealização
Conversão (vulneráveis a fenômenos conversivos, ou seja, alterações da sensibilidade e da
motricidade que se manifestam com um mecanismo que não correspondem a uma lógica
semiológica clássica no sentido neurológico)
Dissociação (perdem/dissociam sua consciência)

-Comorbidades
Eixo 1:
Transtornos do Humor
Transtorno Psicótico-Paranóide= Fazem quadros psicóticos
Transtornos Dissociativos e Conversivos
Abuso de Substâncias Psicoativas (muito comum o desenvolvimento de dependência de drogas
Todas essas comorbidades, nos transtornos da personalidade, surgem dada uma
realidade/condição biográfica pessoal. Portanto, as doenças tem de ser vistas como um
acontecimento na vida desse sujeito. Dessa forma, as doenças psiquiátricas estão associadas
ao processo natural da enfermidade, que tem haver com o funcionamento do SNC (ex: o
transtorno de ansiedade generalizada tem épocas em que ela se manifesta mais) e às
dificuldades próprias de cada individuo (ex: uma criança é muito mais vulnerável a desenvolver
um transtorno de ansiedade generalizada do que um idoso/pessoa madura, porque elas
passam por uma serie de circunstancias que influenciam o seu desenvolvimento). Então, o
acontecimento das doenças psiquiátricas tem uma relação dupla, ou seja, tem haver tanto
com a natureza interna do SNC quanto com a realidade vivencial de cada individuo.

Eixo 2: Podem preencher critérios, assim como todo transtorno da personalidade, não só para
um transtorno da personalidade, mas para mais de um.
Transtornos Anti-Social, Histriônico e Paranóide.
Esses são quadros mais graves, mais robustos, mais disfuncionais.

- Critérios diagnóstico do DSM4


Um padrão global de instabilidade dos relacionamentos interpessoais, da auto-imagem e dos
afetos e acentuada impulsividade, que se manifesta no início da idade adulta e está presente
em uma variedade de contextos, indicado por, no mínimo, cinco dos seguintes critérios:
(deve preencher mais critérios do que o anti-social, porque qualquer pessoa pode ter uma
dessas características/ fenomenos. Mas, isso se trata apenas de dificuldades pessoais. Uma
dimensão patológica que traz uma disfuncionalidade, porem que não chega a produzir um
transtorno da personalidade.Pensar em personalidade e as dimensões do sofrimento)
(1)Esforços frenéticos no sentido de evitar um abandono real ou imaginário. Nota: Não incluir
comportamento suicida ou automutilante, coberto no Critério 5.
Essas pessoas sentem e pensam que serão abandonadas e, muitas vezes, esse sentimento é
imaginário. Isso está relacionado com o fato de elas criarem vinculos
imaginários/fantasiosos, na qual o outro já é incluído na vida dele como se tivesse laços
familiares, como se fosse um familiar. Então, a pessoa sofre pelo seu mundo de fantasia.
(2) Um padrão de relacionamentos interpessoais instáveis e intensos, caracterizado pela
alternância entre extremos de idealização e desvalorização.
Amar e odiar rapidamente
(3) Perturbação da identidade: instabilidade acentuada e resistente da auto-imagem ou do
sentimento de self
(4) Impulsividade em pelo menos duas áreas potencialmente prejudiciais à própria pessoa (p.
ex., gastos financeiros, sexo, abuso de substâncias, direção imprudente, comer compulsivo).
Nota: Não incluir comportamento suicida ou automutilante, coberto no Critério 5.
(5) Recorrência de comportamento, gestos ou ameaças suicidas ou de comportamento
automutilante.
(6) Instabilidade afetiva devido a uma acentuada reatividade do humor (p. ex., episódios de
intensa disforia, irritabilidade ou ansiedade geralmente durando algumas horas e apenas
raramente mais de alguns dias- quadros sindromicos que podem evoluir para uma patologia
maníaca ou disforica)
(7) Sentimentos crônicos de vazio
Daí a capacidade de idealizar figuras ou vinculos
(8) Raiva inadequada e intensa ou dificuldade em controlar a raiva (p. ex., demonstrações
freqüêntes de irritação, raiva constante, lutas corporais recorrentes)
(9) Ideação paranóide transitória e relacionada ao estresse ou graves sintomas dissociativos
Psicotizam ou dissociam em situações de estresse.

Transtorno de personalidade Histriônica


Transtorno muito prevalente junto com o limite e o anti-social
Psicopatologia muito relacionada com as teorias Freudianas, não apenas a da personalidade
histérica mas das patologias que são denominadas por uma histeria. Isso porque a histeria não
é definida apenas como uma característica da personalidade, mas como alterações nas
doenças somáticas e pseudosomaticas que cursam mais nas personalidades histriônicas (p. ex:
dissociação, somatização, somatofobia...)
Portanto, não são apenas as pessoas portadoras do Transtornos de personalidade Histrionica
que somatizam, desenvolvem sintomas somatofóbicos ou dissociativos.

- Definição: Padrão estável e crônico de uma postura pessoal dramática, sedutora, superficial e
de alta importância, com relações interpessoais instáveis, erotizadas e de busca ativa para ser
o centro das atenções.
Os histriônicos, como os narcisistas, apresentam um comportamento que é, de alguma
maneira, a negação daquilo que ele sugere. São pessoas extremamente inseguras, carentes,
imaturas. Porém, se apresentam de uma maneira muito expressiva, chamativa, ou seja, são
pessoas extremamente sedutoras e há uma erotização de suas relações.
Utilizam a sedução como constante arma para conquista da relação, não conseguindo
estabelecer outro tipo de relação. Ou seja, só conseguem estabelecer vínculos de relação por
meio da sedução (isso é um mecanismo de defesa). Esses pacientes tem isso de forma
constante, e não usam a sedução como determinante da relação apenas esporadicamente.
São pessoas extremamente superficiais (dialogo infantil/superficial) e tem um sentimento de
alta importância muito grande.
Tendem a relações interpessoais instáveis. Pois, como eles buscam sempre e tem uma
necessidade de ser o centro das relações, na medida em que isso não se dá ou não é
conseguido, gera-se uma instabilidade muito grande.
São pessoas que buscam uma erotização nas relações e aparentam ser mais vitimas do que
elas são na realidade. Então, ao longo da cultura isso vem se manifestando de forma diferente.
Por exemplo: pseudogestação e pseudotrabalho de parto, apesar de serem raros pois se tem
uma noção mais clara de intimidade em relação ao passado, ainda existem. Outro exemplo de
transtorno somatofobico que se manifesta, em geral, em mulheres histriônicas é sangramento
vaginal muito repetidos. Essa vinculação imaginaria que elas tem se associa muito aos
borderlines.
Problema com os pacientes histéricos: manter uma certa distancia/ um certo enquadramento
durante o atendimento de pessoas histriônicas principalmente, porque as vezes você se
surpreende e se deixa afetar por comportamentos desses pacientes durante a consulta.
Devemos diferenciar esses pacientes dos pacientes com fenômenos característicos da grande
histeria. As vezes, são associados a esses pacientes. Esses fenômenos são os Transtornos
Somatoformes, Dissociativos e Conversivos. Ou seja, são estruturas psíquicas que manifestam
a patologia de forma física, corporal ou em relação com a sua identidade, mas o conflito
éinterior, subjetivo, psicológico ou emocional (tem formas somáticas)

-Traços estruturantes
Excitabilidade= essas pessoas se apresentam excitadas, principalmente, em decorrência da
busca ativa de ser o centro das atenções
Teatralidade
Dependência
Auto Referência
Erotização

-Mecanismos de defesa
Negação
Repressão
Conversão
Dissociação

-Comorbidades
Eixo 1: Extremamente comorbida com:
Patologia ansiedade
Agorafobia (medo de entrar ou sair, de se deslocar e achar que vai passar mal)
Sexualidade ( Segundo o Paul Wood, acham que são a pomba gira)
Psicose (tem tendência a desenvolver transtornos psicóticos com facilidade)
Abuso de Substâncias
Muitas vezes essas manifestações são fenômenos psicopatologicos

-Critérios diagnósticos: DSM4


Um padrão global de excessiva emotividade e busca de atenção, que se manifesta no início da
idade adulta e está presente em uma variedade de contextos, indicado por, no mínimo, cinco
dos seguintes critérios:
(1) desconforto em situações nas quais não é o centro das atenções
(2) a interação com os outros freqüentemente se caracteriza por um comportamento
inadequado, sexualmente provocante ou sedutor
(3) mudanças rápidas e superficialidade na expressão das emoções
Pode confundir, muitas vezes, com TDAH (achar que um paciente histriônico é TDAH ou que
um paciente TDAH é histriônico) ou com bipolar
(4) constante utilização da aparência física para chamar a atenção sobre si próprio
(5) estilo de discurso excessivamente impressionista e carente de detalhes (carente de
profundidade)
(6) dramaticidade, teatralidade e expressão emocional exagerada
(7) sugestionabilidade, ou seja, é facilmente influenciado pelos outros ou pelas circunstâncias
(8) considerar os relacionamentos mais íntimos do que realmente são

Transtorno de Personalidade Narcisista


Menos frequente
Padrão crônico e estável de uma imaginaria importância, teatralidade e dependência, que se
traduz em uma marcada dificuldade de adaptação.
Portanto, é um paradoxo, visto que, apesar de se achar pela sua imaginaria importância (se
acha autossuficiente), apresenta uma dependência em relação aos outros muito grande.
A patologia da personalidade deve, então, ser entendida como uma exacerbação daqueles
elementos normais da personalidade, que se constituem como formas de uma defesa contra
um déficit. Ou seja, essa imaginaria importância é uma defesa contra a intensa dependência
desses pacientes. Isso se traduz numa marcada dificuldade de adaptação.

- Traços estruturantes
Auto Importância
Comportamento predador (característica semelhante aos anti-sociais, usam os outros)
Tendem a uma erotização (se assemelham aos histriônicos)
Excitabilidade

-Mecanismos de defesa
Negação
Sublimação

-Comorbidades
Eixo 1:
Distimia (forma crônica intermitente de depressão neurótica. Paciente mal humorado,
rabugento, irritável. Muitas vezes, é confundida com a personalidade, ou seja, com a maneira
de ser)
Hipocondria (é uma forma de transtorno somatoforme. Principalmente, a neurose
hipocondriaca. Uma coisa é hipocondria como um sintoma, outra coisa é hipocondria como
doença e outra coisa é hipocondria como o tipo de uma doença. Por exemplo: você pode ter
um transtorno delirante tipo hipocondríaco, uma hipocondria dada a uma depressão, pode
ter um sintoma hipocondríaco dado por uma depressão ou por um transtorno do pânico ou
você pode ter uma estrutura patológica de uma doença que se mantém ao longo da vida
denominada hipocondria)
Transtorno somatoforme (são os transtornos mais importantes associados ao transtorno
narcisista)
Psicose

Eixo 2: Proximidade com os transtornos:


Limite
Anti-Social

-Critérios diagnósticos DSM4


Um padrão global de grandiosidade (em fantasia ou comportamento), necessidade de
admiração e falta de empatia, que se manifesta no início da idade adulta e está presente
em uma variedade de contextos, indicado por, no mínimo, cinco dos seguintes critérios:
(1) sentimento grandioso acerca da própria importância (p. ex., exagera realizações e talentos,
espera ser reconhecido como superior sem realizações à altura)
(2) preocupação com fantasias de ilimitado sucesso, poder, inteligência, beleza ou amor ideal
(3) crença de ser ¨especial¨ e único e de que somente pode ser compreendido ou deve
associar-se a outras pessoas (ou instituições) especiais ou de condição elevada.
(4) Exigência de admiração excessiva
(5) Presunção, ou seja, possui expectativas irracionais de receber um tratamento
especialmente favorável ou obediência automática às suas expectativas
(6) É explorador em relacionamentos interpessoais, isto é, tira vantagem de outros para atingir
seus próprios objetivos
(7) Ausência de empatia: reluta em reconhecer ou identificar-se com os sentimentos e
necessidades alheias
(8) Freqüentemente sente inveja de outras pessoas ou acredita ser alvo da inveja alheia
(9) Comportamentos e atitudes arrogantes e insolentes

Transtorno de Personalidade Esquiva


Transtorno de personalidade muito importante
Tem uma relação especial com uma patologia psiquiátrica, o que torna difícil diferenciar onde
começa uma coisa e onde termina outra ou o que é uma coisa e o que é outra (WTF?????)
No transtorno de personalidade esquiva ou com evitação, as pessoas são aquelas tímidas de
forma exagerada. Se essa timidez se manifesta não apenas nas relações em geral ou se
manifesta apenas em certas situações sociais e não em todas, trata-se de uma patologia da
ansiedade denomidada fobia social ou transtorno da ansiedade social (essa é a resposta do
WTF. Paul Wood translation: ele quis dizer da dificuldade em diferenciar personalidade
esquiva de fobia social). No caso da fobia social, o paciente pode não ser tímido, mas
apresentar dificuldade para assinar na frente das pessoas ou conseguir entrar numa loja de
roupa para comprar ou trabalhar. Pode haver também uma sobreposição da personalidade
esquiva e do transtorno de ansiedade social.

- Definição: O transtorno de personalidade esquiva é, portanto, um padrão crônico e estável


de um sentimento de timidez, pouca importância, evitação de relações sociais e medo crônico
de ser mal interpretado.
Então, são pessoas que só conseguem se relacionar e se vincular quando tiverem certeza de
que serão aceitas ou que não serão mal interpretadas ou de que suas ideias serão aceitas.

-Traços estruturantes
Timidez
Comportamentos evitativos (evitam sair e se relacionar)
Insegurança
Isolamento
Vergonha

-Mecanismos de defesa
Idealização
Somatização

- Comorbidades
Eixo 1:
Transtorno de Ansiedade Generalizada (Importância disso: quando você estiver diante de uma
pessoa com TAG, deve-se abrir a possibilidade de que você esta diante de um transtorno de
personalidade esquiva)
TAS ( a personalidade esquiva se vinculou ao transtorno de ansiedade social, ou seja, são duas
patologias distintas que se uniram)
Depressão
Psicose/Transtornos psicóticos
Transtorno Somatoforme

- Critérios diagnósticos DSM4


Um padrão global de inibição social, sentimentos de inadequação e hipersensibilidade à
avaliação negativa, que se manifesta no início da idade adulta e está presente em uma
variedade de contextos, indicado por, no mínimo, quatro dos seguintes critérios:
(1) evita atividades ocupacionais que envolvam contato interpessoal significativo por medo de
críticas, desaprovação ou rejeição
(2) reluta a envolver-se, a menos que tenha certeza da estima da pessoa
(3) mostra-se reservado em relacionamentos íntimos, em razão do medo de passar vergonha
ou ser ridicularizado
(4) preocupação com críticas ou rejeição em situações sociais
(5) inibição em novas situações interpessoais, em virtude de sentimentos de inadequação
(6) vê a si mesmo como socialmente inepto, sem atrativos pessoais, ou inferior
(7) extraordinariamente reticente em assumir riscos pessoais ou envolver-se em quaisquer
novas atividades, porque estas poderiam provocar vergonha.
Portanto, a biografia dessas pessoas contém sempre frustração e aviltação. Não aceitam
promoções, não crescem, não se desenvolvem, não aceitam benefícios. E, isso, em um
contexto maior, é muito mais grave que um TAS, na qual o transtorno tem uma expressão
focal. Já no transtorno de personalidade esquiva há vários elementos fóbicos que tem uma
amplitude. Ou seja, é como se a doença estivesse impregnada em todo o ser da pessoa. Então
a morbidade é maior, porém a prevalência é menor.

Transtorno de Personalidade Obsessivo-compulsiva


Também está entre um dos transtornos de personalidade mais comuns, sendo mais comum
nas mulheres.
Isso tem uma grande importância, porque é o padrão disfuncional que pode chegar a ser um
transtorno de personalidade ou das pessoas que em geral desenvolvem depressões unipolares
e TAG. E as mulheres tem mais excessivamente traços obsessivos ou personalidades obsessivas
e transtornos do humor e da ansiedade.
-Definição: Padrão crônico e estável de rigidez afetiva, existencial, laboral, com perda
significativa de tempo e esforço às atividades profissionais que são vividas de modo
devocional.
É como se houvesse uma hipertrofia da função apenas, ou seja, a pessoa não sabe como ser
feliz, como se relacionar. Ela se aperta aquela função, isto é, são pessoas com preocupações
excessivas com organização, extremamente devotas ao trabalho, perfeccionistas, controle
mental e pessoal. Isso tudo a custa da flexibilidade, por isso que essas pessoas tem uma
tendência maior à depressão (Agora explicou tudo, Paul Wood!!! =o). Porque, por exemplo, se
mudam de um serviço, de casa ou de um contexto; eles não conseguem se adaptar por ter
essa rigidez e tudo controlado mentalmente. Eles preferem toda essa rigidez, essa perfecçao e
essa dificuldade de flexibilização a que serem mais abertos, terem mais eficiência, ter mais
desenvoltura, mais prazer. Eles não estão preocupados com o resultado final, mas com seguir
rigidamente a “receita”. Tudo isso torna essas pessoas mais susceptíveis a frustrações e,
portanto, deprimem mais e desenvolvem mais TAG; porque vivem uma situação de perda
constante, visto que querem controlar tudo e não é possível controlar tudo.

-Traços estruturantes
Rigidez
Devoção
Insegurança
Perfeccionismo

-Critérios diagnósticos DSM4


Um padrão global de preocupação com organização, perfeccionismo e controle mental e
interpessoal, à custa de flexibilidade, abertura e eficiência, que se manifesta no início da
idade adulta e está presente em uma variedade de contextos, indicado por, no mínimo, quatro
dos seguintes critérios:
(1) preocupação tão extensa com detalhes, regras, listas, ordem, organização ou horários, que
o alvo principal da atividade é perdido. Ou seja, não está preocupado com o
rendimento/resultado do trabalho, esta preocupado com o regimento. Tem que seguir
rigidamente a “receita”
(2) perfeccionismo que interfere na conclusão de tarefas (p. ex., é incapaz de completar um
projeto porque não consegue atingir seus próprios padrões demasiadamente rígidos)
(3) devotamento excessivo ao trabalho e à produtividade, em detrimento de atividades de
lazer e amizades (não explicado por uma óbvia necessidade econômica)
(4) excessiva conscienciosidade, escrúpulos e inflexibilidade em questões de moralidade, ética
ou valores (não explicados por identificação cultural ou religiosa)
Tem um sentimento de culpa muito exagerado. Ex: muito desses lideres religiosos são
obsessivos
(5) incapacidade de desfazer-se de objetos usados ou inúteis, mesmo quando não têm valor
sentimental.
Isso pode se tornar tão grave que pode levar a uma patologia descrita no DSM5 denominada
Colecionismo.
(6) relutância em delegar tarefas ou trabalhar em conjunto com outras pessoas, a menos que
estas se submetam a seu modo exato de fazer as coisas
Se a pessoa não consegue realizar suas tarefas, ela sofre muito. E, se não tem muito trabalho,
eles também sofrem, porque são muito devotos ao trabalho. Podem ter uma diabetes,
hipertensão arterial ou outra doença e isso dificultar a realização de suas tarefas.
(7) adoção de um estilo miserável quanto à gastos pessoais e com outras pessoas; o dinheiro é
visto como algo que deve ser reservado para catástrofes futuras
(8) rigidez e teimosia

Obs: Importante XL3!!!!


No TOC, de uma forma global, tem-se uma expressão do pensamento e da conduta. Não
estamos falando da personalidade. No entanto, mesmo as personalidades obsessivas tendem a
certos fenômenos egossintonicos. Ou seja, na personalidade obsessiva, a pessoa faz isso, mas
não sofre. Ela precisa fazer, ela sofre se não faz. Isso da prazer à pessoa.
Já no TOC, existe uma egodistonia, ou seja, a pessoa pensa “eu acho que não fechei a porta,
não eu fechei!!!”. (Enfim, ele quis dizer que quanto mais a pessoa dialoga com o pensamento
obsessivo, mais ela sofre. Pois, mesmo sabendo que a porta esta fechada, a pessoa tem que
cumprir o ritual de ir la conferir).
Ou seja, a maior parte das pessoas que tem TOC, não tem uma personalidade obsessiva-
compulsiva. Pelo contrario, essas patologias na verdade tem uma relação oposta, isto é,
parece que a personalidade obsessiva-compulsiva protege a pessoa da doença obsessiva
Exemplo do Paul Wood: Menino que se percebe ter uma cordialidade, uma doçura muito
grande, porem tem um TOC de difamar as pessoas (Ohhh MYYY). Ele vai assinar um papel e
tem a impressão que xingou você, por exemplo, ou se passa uma pessoa na rua, vem um
estimulo que desencadeia pensamentos de ofensa.

-Mecanismos de defesa
Negação
Deslocamento
Somatização

-Comorbidades
Eixo 1: São os que mais desenvolvem
Depressão
TOC (mas ele não tinha falado que a personalidade obsessiva protegia da doença obsessiva??)
Somatização
TAG

Tratamento das TPs


-Grau de sentimento e consciência da disfunção
(por exemplo, se você estiver diante de um transtorno de personalidade que tem uma
disfunção pequena/repercussão pequena e que a pessoa consegue ter um insight de seu
sofrimento, há recursos farmacológicos e psicoterápicos para tratar o transtorno. Mas
dependendo da idade, do tempo da doença, da gravidade, da repercussão e de todos os
benefícios da doença pode se tornar mais difícil o tratamento. Uma pessoa mais jovem, por
exemplo, que tenha um que esta cursando com transtorno de personalidade paranoide; as
chances de tratamento são maiores)
- Insight
-Severidade
- Adesão ao tratamento= Conflitos e dificuldades Com o tratamento. Por exemplo, ao dar um
remédio para o obsessivo, qualquer efeito colateral como tontura o faz ligar. Qualquer coisa
que o tira do controle, faz dificultar o tratamento. Por exemplo, no caso de pessoas
histriônicas, deve-se manter o distanciamento da paciente e isso interfere na adesão ao
tratamento.
-Eixo 1= Quando a pessoa desenvolve uma patologia de eixo 1, surgem mais dificuldades com
o tratamento. Depressao, TAG, dependência química, somatização....
-Psicoterapia
- Farmacoterapia= Por exemplo, é muito comum ter pessoas com estruturas obsessivas leves,
na qual você trata a depressão ou o TAG e isso repercute na personalidade, melhorando a
estrutura obsessiva. Uma pessoa com uma personalidade esquiva pequena mas que traz
sofrimento e limitação, que seja pequena, faz uma depressão e você trata com fluoxetina; com
isso ela pode regredir no seu funcionamento esquiva prévio, melhorando. Voce pode diminuir
muito o sofrimento de um paranoide ou um borderline por exemplo com antipsicotico e
antidepressivo ou estabilizador do humor, por exemplo.
Assim, é fundamental em todo paciente psiquiátrico fazer um estudo da personalidade para
detectar comorbidades.

Outros transtornos da personalidade não citados, porque ainda estão


por definir
-Personalidade Passivo-Agressiva=modalidade de comportamento que pode aparecer em
qualquer transtorno de personalidade, como o paranoide e o histriônico.
-Personalidade Dependente= modalidade de comportamento dependente englobada em
outros transtornos de personalidade
-Personalidade Sádica= esta sim parece estar sendo desenvolvida
-Personalidade Depressiva
-Alterações da Personalidade devido às Doenças Mentais e Neurológicas ou Acontecimentos
Vitais ( mulheres que sofreram abusos sexuais, por exemplo, deixam marcas na
personalidade)= paciente teve uma esquizofrenia que mudou sua personalidade, ou uma
depressão refrataria que deixou sequelas e mudou a personalidade. Denomina-se, então,
alterações duradouras estáveis devido a essas doenças, nesse caso não se fala transtorno de
personalidade.

Resumindo
Personalidade sendo uma estrutura passível de ser compreendida, sendo uma realidade
previsível ao longo da vida adulta, tendendo ao deterioro e com dimensões de gravidade,
impacto pessoal, familiar, laboral ou social diversos e QUE DEVEM SER ESTUDADA COM
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS (DSM4)

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