Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
R.H.Hodara
deny human variability and equate equality with identity. Or they claim that the
human
species is exceptional in the organic world in that only morphological characters are
controlled by genes and all other traits of the mind or character are due to "condi-
tioning " or other nongenetic factors. Such authors conveniently ignore lhe results of
ideology based on such obviously wrong premises can only lead to disaster. Its
is proved that lhe latter does not exist, the support for equality is likewise lost.
1
Introdução
Talvez seja um caso interessante pelo simples fato de que o senhor L não é,
de fato, o paciente. O senhor L é o pai do paciente que seria a vítima. Será mesmo?
Afinal, talvez não se deva considerar seu filho como “paciente”, pois o mesmo jamais
se considerou como tal, não se tratando – também como veremos – de um neurótico
e nem de um psicótico que não tem consciência de sua própria doença. Quem, então,
seria o nosso real paciente?
2
A verdade é que L foi encaminhado com um possível diagnóstico de
“sociopatia”, embora isso jamais tenha ocorrido formalmente devido a possível falta
ou inexistência de psicólogo gabaritado (?) naquela instituição.
Não são apenas os assassinos seriais, afinal, mas uma grande proporção de
criminosos violentos em nossa sociedade (em torno de 50% dos prisioneiros) que
mostram muitas características do que a psiquiatria chama de "sociopatia" ou
“psicopatia” e psicose anti-social. A DSM-IV, o importante manual de diagnóstico
usado por psicólogos e psiquiatras, define um distúrbio mais geral, denominado mais
apropriadamente, "distúrbio da personalidade antisocial" (a já citada TPA) e lista
suas principais características, que podem ser facilmente reconhecidas em
indivíduos afetados.
3
dissocial".
4
O senhor L não apresenta a maioria dos fatores supra-citados. Sob diversos
aspectos é uma pessoa “normal” no sentido estatístico relevante. Foi casado três
vezes.
Nas primeiras duas vezes casou-se com duas empregadas domésticas, num
intervalo de cerca de dez anos, e teve com as mesmas duas filhas. Os problemas,
ao que parece, começaram a surgir (ou pelo menos a evoluir no sentido de se
tornarem “propriedade das fofocas da comunidade”, por assim dizer) a partir do
terceiro casamento. Foi nesse casamento, a partir do nascimento de seu filho, que o
senhor L passou a enfrentar problemas que o levaram a perda da guarda do menino.
5
Como talvez se possa depreender, o senhor L é um homem de baixa renda
que trabalhou como biscateiro, motorista de táxi empregado ou indo ao Paraguai
para trazer “muamba”. Além disso, sua infância apresentou alguns “marcadores” de
sociopatia, como sua incapacidade de freqüentar a escola.
Além desses, sua parentagem não foi satisfatória, tendo sido rejeitado por
pai e mãe, e criado por uma avó. Tais leituras, além de outras a seguir, permitem
deduzir que o sujeito possui fatores genéticos de risco para TPA. No entanto, como
veremos, é no nível do detalhe e da situação “não típica” que o diagnóstico mais
preciso se desenvolve, sendo por isso mesmo o mais difícil.
Sua última esposa, mãe de F., era uma prostituta com a qual ele sempre se
desentendia. Não por acaso, os dois brigavam fisicamente, embora não haja, pelo
que se saiba, maiores danos físicos resultantes desses desentendimentos.
Essas denúncias foram feitas pela mãe do menino, por parte da comunidade
e por uma de suas professoras. Ao que parece, após um exame do corpo do menino
(feito pelo doutor Renato Flores), todas as denúncias de tortura (eram diversas)
foram consideradas insubstanciáveis. Tanto os aspectos materiais quanto
testemunhais do próprio menino (sete anos de idade), apontavam contra a idéia de
um pai agressor de crianças.
6
Fig 4 AQUI SE VÊ CLARAMENTE A DIFERENÇA DA IMPORTÂNCIA DA PARENTAGEM
EM RELAÇÃO AOS DEMAIS FATORES DE RISCO DENTRO DOS DIVERSOS SUBGRUPOS DA
TPA (PSICOPATA, SOCIOPATA, “NORMAL”, ETC).
7
L aparenta ser um pai possivelmente violento e cruel. Nada mais natural, portanto,
que os conselheiros desconfiassem da veracidade do testemunho do pai, e não da
mãe (ou da comunidade denunciante).
8
Quanto ao “paciente”, o senhor L, sua condição externa era a de um típico
pai revoltado contra a comunidade, a Justiça e os conselhos.
No papel de pai cioso, exigia ver seu filho, alegando que iria entrar de
revólver em punho nos conselhos, para resgatar seu filho aprisionado.
Quando por mim confrontado com essa situação imaginária, relevou que não
atiraria nas pessoas, a menos que as mesmas estivessem, armadas e atirassem
primeiro.
De fato, o senhor L satisfaz apenas dois critérios para TPA, razão pela qual
tal diagnóstico foi excluído.
9
Fig 6 AQUI SE VÊ A CÉLEBRE CLASSIFICAÇÃO ORIGINAL 16 FATORES DE
CLECKLEY QUE INFLUENCIOU O “CHECK-LIST” PARA PSICOPATIA E OS CRITÉRIOS ATUAIS
DOS DSM E QUE AINDA É CONSIDERADA ESTATISTICAMENTE MAIS “HOMOGÊNEA”
(ESPECÍFICA) COMO PREDITORA PARA TPA.
10
retorno do filho.
Ao que parece, embora possa haver aqui uma certa especulação, o senhor L
está começando a se aperceber do peso da idade e de sua condição social solitária.
Separado das duas esposas anteriores e filhas (que não visita), sem a
presença da última mulher que passou a odiar e afastado à força do filho, o senhor L
também não possui muitos amigos nem uma família extendida (primos, tios, etc)
para a qual possa “retornar”.
11
tanto a ansiedade quanto os níveis de depressão em L são baixos.
12
maioria dos psiquiatras supõe). Quando o psicopata possui uma inteligência acima
da média é que ele se distingue dos demais (exatamente por existir esse gradiente
no mundo real).
13
manipulação de outros para ganhos pessoais.
14
A sociopatia é reconhecida precocemente em um indivíduo: ela começa na
infância ou adolescência e continua na vida adulta (o diagnóstico é possível em
torno de 15 a 16 anos).
15
Instinct Theory
Agressive Agressive
instinct behavior
Drive Theory
Agressive
Frustration
behavior
Social Learning
Theory
Aversive Dependency
Experiences
Achievement
Emotional
Resignation
Arousal
Agressive
-------------------- behavior
Antecipated Psychosomaticization
Consequences
Drugs and alcohol
Constructive
Incentive problem solving
Inducements
16
Fig 10 AQUI É BEM VISÍVEL COMO O PSICOPATA SE VÊ EM TERMOS DE MEDO E DE
NEUROTICISMO. O NÍVEL DE AUTO-PERCEPÇÃO E DESCRIÇÃO É ALTO QUANDO
COMPARADO A PSICOMETRIA INDEPENDENTE.
Um psicopata típico foi retratado por Dr. Hannibal "O Canibal" Lecter no filme
O Silêncio dos Inocentes e por Hitchcock no filme Psicose em que Norman Mailer é
inspirado na verdadeira história do assassino psicopata Ed Kemper. Aliás, a criação
de Hitchcock é “fichinha” se comparada com o Ed Kemper da vida real.
17
Em nenhum momento, é claro, estes assassinos psicopatas mistos para
psicose podem se comparar ao assassino psicopata comum (tipo assassino
pescador de Rio Grande, ou ao assassino da tatuagem no Rio, ou ao assassino do
parque) – mas essa é uma diferença apenas de grau. Todos eles apresentam
delírios e sistemas de crença que diferem apenas em grau.
18
O fato dos sociopatas possuirem pouca empatia para o sofrimento dos
outros tem sido demonstrado experimentalmente em muitos estudos, os quais têm
mostrado que eles exibem um processamento anormal de aspectos emocionais da
linguagem, e que geralmente eles possuem resposta fisiológica fraca (no sistema
nervoso autônomo) a imagens, palavras e situações de alto conteúdo emocional.
Além disso, sob situações de stress, tais como em guerras, pobreza geral e
quebra da economia, surtos epidêmicos ou brigas políticas, etc., os sociopatas
podem adquirir o status de líderes regionais ou nacionais e sábios, tais como Adolf
19
Hitler, Stalin, Saddam Hussein, Idi Amin, etc. Quando eles alcançam posições de
poder, eles podem causar mais danos do que como indivíduos.
20
Ou seja, para qualquer background de stress sensorial, o psicopata e o
sociopata reagem a qualquer aumento no estressor como sendo algo muito mais
natural (e menos perceptível) que você ou eu.
21
Fig 12 ESTE GRÁFICO DO LYKKEN ILUSTRA O MEDO COMO FATOR DE PRIMEIRA
RELEVÂNCIA NA DEFINIÇÃO DO PSICOPATA E O SOCIOPATA.
22
Fig 13 REAÇÃO DE SOCIOPATAS E PSICOPATAS DIANTE DE CHOQUES ELÉTRICOS
REALMENTE DOLOROSOS VERSUS GRUPO NORMAL (ESTUDANTES DE PSICOLOGIA
VOLUNTÁRIOS). A REAÇÃO “SEM MEDO” DOS PSICOPATAS E SOCIOPATAS ABAIXA O “HR”
TANTO APÓS O CHOQUE QUANTO O ELEVA ANTES DO CHOQUE “PREVISÍVEL”, REDUZINDO
A PRÓPRIA SENSAÇÃO DE DOR E COMPORTAMENTO DE EVITAÇÃO. NOTA: AQUI, AO
CONTRÁRIO DA CONHECIDA EXPERIÊNCIA DE MILGRAM, OS CHOQUES SÃO REAIS.
23
Estas alterações também não aparecem quando os sujeitos são avisados
antecipadamente por um flash de luz quando eles vão receber um estímulo
estressante (por exemplo, um desagradável sopro de ar em suas faces ou ruído
alto).
Esta é a razão porque os sociopatas mentem tão bem e porque eles não são
detectados pelos equipamentos de detecção de mentiras. Para eles, isso é natural,
ou seja, natural para a arquitetura preexistente de seus cérebros. Em relação a
mentira, eles são bons atores, por assim dizer, ao natural.
Entretanto, tudo isto não significa que os sociopatas não tenham emoções.
Eles têm, mas em relação a eles mesmos, não em relação aos outros.
Ou seja, como no caso dos grandes autobiógrafos autistas (que também não
possuem “cérebro social”), tudo indica que a capacidade para a empatia reside num
módulo cerebral que não necessita de qualquer espelhamento nos outros ou modelo
cognitivo para traçar paralelos.
24
paralelo com suas próprias emoções (já que eles são capazes apenas de
compreender e enxergar as primeiras) – eles são, por conseguinte, cognitivamente
(“visceralmente”) "incapazes de construir uma similitude emocional do outro".
25
Indivíduos normais ativam os chamados "estados somáticos" (alterações na
frequência cardíaca e respiração, dilatação das pupilas, sudorese, expressão facial,
etc.) em resposta à punição associada às situações sociais. Por exemplo, uma
criança quebra alguma coisa valiosa e é punida severamente por seus pais,
evocando estes estados somáticos.
De acordo com o Dr. Damásio, pessoas com danos no lobo frontal são
incapazes de ativar estes marcadores somáticos. Ela diz:
26
Fig 15 EMBORA NÃO SE POSSA GARANTIR QUE A “BOA PARENTAGEM” UMA VEZ
RESTABELECIDA SERIA REALMENTE UM FATOR DE CONTENÇÃO NO CRIME E NO
AUMENTO DE JOVENS SOCIOPATAS NO MEIO URBANO, É CERTO QUE OS ÍNDICES DE
CRIMINALIDADE E SOCIOPATIA SUBIRAM NA SOCIEDADE AMERICANA DE UMA FORMA
ALTAMENTE CORRELACIONADA COM A DESINTEGRAÇÃO DA FAMÍLIA (MÃES SOLTEIRAS,
DIVÓRCIOS) E COM A FORMAÇÃO DE “GANGS” COMO SUBSTITUTOS DE SOCIALIZAÇÃO
VIOLENTOS À SOCIALIZAÇÃO TRADICIONAL SOB MAIOR CONTROLE E COM MAIOR
PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA (TANTO NUCLEAR QUANTO EXTENDIDA)
27
Fig. 16 ESTE GRÁFICO DEVE SER LIDO JUNTAMENTE COM O GRÁFICO ACIMA.
ESTE MOSTRA A POSSÍVEL LIGAÇÃO ENTRE MUDANÇA NO PADRÃO DE PARENTAGEM
NOS ESTADOS UNIDOS E CRESCIMENTO DO NÚMERO DE PSICOPATAS E CRIMINOSOS
ENTRE OS JOVENS.
28
Fig. 17 ESTE GRÁFICO DEVE SER LIDO EM FUNÇÃO DOS GRÁFICOS 15 E 16.
ATRAVÉS DE DIVERSAS CORRELAÇÕES, PROCURA SE MOSTRAR QUE EXISTE ALGUMA
PARTICIPAÇÃO PSICOSSOCIAL “PRODUTIVA”, COMPLEMENTAR AOS ASPECTOS
GENÉTICOS, NA GÊNESE DA PSICOPATIA E SOCIOPATIA.
29
BIBLIOGRAFIA
30