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CAPITULO I- TEORIA DO CRIME

CONCEITO

CAPÍTULO II – PSICOPATIA

2.1 CONCEITO

O direito penal ao longo de sua história vem desenvolvendo um estudo


sobre o indivíduo que comete delitos descritos nos tipos penais, o motivo do
comportamento delituoso intriga até hoje profissionais de diversas áreas como
os psiquiatras, antropólogos, cientistas, filósofos e operadores do direito que
ora acusam, ora defendem delinquentes de diversos níveis, desde o furto mais
simples ao homicídio mais cruel.
Em 1941, o psiquiatra americano Hervey Cleckley publicou sua obra “A
Máscara da sanidade” (The Mask of Sanity) considerada uma das primeiras
obras sobre psicopatia na história, mas já na introdução o autor deixa claro que
aborda “um problema muito conhecido, mas ao mesmo tempo ignorado pela
sociedade como um todo”.1
Na população em geral existem de 1% a 4% psicopatas e para alguns
autores são 5% e o sistema carcerário a quantidade é super alta, sendo está
66% da população carcerária dependendo assim da natureza do crime,
potencialmente 90%. Incialmente um conceito simples em relação ao psicopata
é o de que não estabelece vínculos com o próximo e assim aproveita do outro
não demonstrando empatia ou qualquer remorso em relação ao que faz ou fala.
(Mecler, 2015, p. 29).
Isto posto, Phillipe Pinel, categorizou o indivíduo psicopata com “manie
sans delire” ou “loucura sem delírio”, retirando assim o conceito de que eram
loucos sem total capacidade dos atos cometidos, tornando os incapazes ao
olhar da sociedade. No decorrer dos anos, com profundas pesquisas sendo
estas bem específicas pode-se ver que não tratava de doença mental e sim de
um déficit que fazia com que aquele indivíduo não demonstrasse sentimento
algum que pudesse amparar o próximo, tornando-o individualistas.

2.2 PSICOPATIA E CRIME

Sobre psicopatas, normalmente são seres mentirosos, inescrupulosos,


frios, sedutores, dissimulados, calculistas, em sua maioria incapazes de
estabelecer vínculos afetivos saudáveis. Denominados como “preparadores
sociais”, totalmente desprovidos de qualquer tipo de remorso ou culpa, por
vezes se revelam violentos e agressivos, sendo a manifestação mais óbvia do
transtorno de personalidade antissocial é o comportamento criminoso que viola
as regras sociais.
Nem todo psicopata chega a matar ou cometer crimes, a grande maioria
estão camuflados dentro da sociedade fora das grades, sendo pais,
governantes, parceiros, amigos ou seja, convivendo diariamente conosco, que
são os classificados com grau leve a moderado e em casos extremos chegam

1
DISCOVERY. Disponível em: http://id.discoverybrasil.uol.com.br/ilana-casoy-infancia-em-
vermelho/ Acesso em 28 de setembro de 2023.
a matar, sempre com requintes de crueldade e sem presença de
arrependimento (ANA BEATRIZ BARBOSA SILVA, 2009)

Entretanto, não abordaremos sobre os psicopatas classificados como


grau grave e moderado. Pois o direito penal não pune por condutas atípicas,
neste trabalho discorreremos sobre os indivíduos com transtorno antissocial de
grau grave, que são os que chegam ao judiciário com o cometimento de crime,
trazendo importância e discussão ao direito penal.
De acordo com a psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva apesar de nem
todo psicopata chega a matar, muitos cometem crimes como estelionato,
crimes de colarinho branco ou que trazem poder e dinheiro. Mas todo psicopata
deixa um rastro de destruição por onde passa. Quando se trata criminosos de
homicídios cruéis e crimes hediondos surge a preocupação ao tribunais para
investigar a capacidade psicologia e discernimento do individuo diante do fato
ilícito.
Segundo o psicólogo canadense Robert Hare, a prevalência desses
indivíduos na população carcerária gira em torno de 20%. No entanto,
essa minoria é responsável por mais de 50% dos crimes graves
cometidos quando comparados aos outros presidiários. Além disso,
tudo indica que esses números também são válidos para os
psicopatas que se encontram fora do sistema penitenciário.
(SILVA,2008, p. 93)

Em casos extremos, os psicopatas matam a sangue-frio, com


requintes de
crueldade, sem medo nem arrependimento. Porém o que a sociedade
desconhece é
que os psicopatas, em sua grande maioria, não são assassinos e
vivem como se fossem pessoas comuns. (SILVA, 2008, p. 26)

Mas muito se ludibriasse por considerar essas características do


psicopata e entender que esse não consegue viver em meio social, esses
conseguem camuflar-se e viver como se fossem capazes de demonstrar
alguma consideração com o próximo, já que são indivíduos manipuladores e
não tem medo da consequência, assim atrai as pessoas que muitas das vezes
serão suas vítimas e ainda não conseguem diferenciar o que é moral ou não na
situação, desprendendo-se das regras impostas a todos. Seu comportamento é
visto pela sensação de perigo, um olhar diferenciado para o mundo e tudo que
acontece ao seu redor, é um ser de sobremaneira congruente, características
formuladas por Hare.
Destarte, um conceito mais esmiuçado pode ser extraído da obra
Mentes perigosas, o psicopata mora ao lado, da autora Ana Beatriz Barbosa
Silva, em suas palavras:

Os psicopatas em geral são indivíduos frios, calculistas,


inescrupulosos, dissimulados, mentirosos, sedutores e que visam
apenas o próprio benefício.
Eles são incapazes de estabelecer vínculos afetivos ou de se colocar
no lugar do outro. São desprovidos de culpa ou remorso e, muitas
vezes, revelam-se agressivos e violentos. (SILVA,2008, p.37).
Os psicopatas não apenas transgridem as normas sociais como
também as ignoram e as consideram meros obstáculos, que devem
ser superados na conquista de suas ambições e seus prazeres”
(SILVA, 2010, p. 102).

A personalidade psicopática é distinta dos outros transtornos existentes


e catalogados, CID, sendo este um transtorno de personalidade dissocial.
Vindo desses preceitos atrelamos tal classificação a psiquiatria
comportamental. Sendo esta, a doutrina dominante ao meio de a outros
conceitos, Robert Hare fortalece essa tese, equivalendo-se a uma forma
específica de distúrbio de personalidade e não uma doença mental.

Para a melhor visualização, transtorno mental trata-se da constituição


caracterológica e dos aspectos comportamentais do indivíduo, segundo CDI -
10, e assim não se dá por meio de doença mental e aglomera vários aspectos
pessoais e sociais.

2.3 FORMAS DE DIAGNOSTICO DE PSICOPATIA

Em 1941, o psiquiatra americano Hervey Cleckley publicou sua obra “A


Máscara da sanidade” (The Mask of Sanity) considerada uma das primeiras
obras sobre psicopatia na história, mas já na introdução o autor deixa claro que
aborda “um problema muito conhecido, mas ao mesmo tempo ignorado pela
sociedade como um todo”.

Com base nos estudos de Cleckley, o psicólogo canadense Robert


Hare reuniu ao longo de sua vida características comuns de pessoas com o
perfil psicopático, então em 1991 criou o que é conhecido como Escala Hare
que segundo Ana Beatriz Barbosa Silva “o questionário que foi denominado
escala Hare, hoje se constitui no método mais confiável na identificação de
psicopatas”

Também conhecida como PCL (Psychopathy checklist), foi projetado


para avaliar de maneira segura e objetiva o grau de periculosidade e de
readaptabilidade a vida comunitária de condenados, tendo os países que
instituíram este instrumento apresentado considerável índice de redução da
reincidência criminal.

Antigamente existia diferença entre psicopatia e sociopatia, hoje em dia


é visto como sinônimos, de maneira que é conceituado pela Organização
Mundial de Saúde (OMC) classificado como Código de Doença Internacional
(CID) como transtorno de personalidade dissocial pelo código F60.2 e na
DSMS como transtorno de personalidade antissocial, este no DSM V 2013 pelo
código 301.7.

Infere-se assim que os fatores genéticos, socioambiental, ou seja, base


biológicas o entendimento dos neurotransmissores que ocasionam o indivíduo
a ser desta maneira. Ainda, existe a biopsicossocial (uma abordagem
multidisciplinar que compreende as dimensões biológica, psicológica e social
de um indivíduo) que são os criminosos violentos no modo geral que vivem em
comunidade carcerária e assim atinge os neurotransmissores e desencadeia o
que estava aprisionado, mostrando assim o seu eu interior para todos. Uma
notória diferença entre esses dois indícios é a de que os psicopatas são mais
calculistas e menos impulsivos, sendo estes diferentes do criminosos comuns.

Para que se apresentem características mais específicas acerca da


psicopatia é cabível a partir dos 18 anos para assim ter-se uma classificação
adequada e mais provável que certa, para CID-10, visto que doutrinas afirmam
que crianças e adolescentes não podem ser psicopatas, teoricamente, dado
que não possuem ponderação de suas condutas. As características são a
ausência de empatia, uso contínuo de mentiras consecutivamente,
desconsidera sentimentos alheios sendo muito das vezes egoísta ao extremo,
há ausência de culpa e compaixão, impulsivo, manipulador e, alguns
doutrinadores entendem que não são todos que possuem uma inteligência
acima da média, por fim a incapacidade de aprender com a punição recebida.
A empatia é essencial na evolução do comportamento altruísta, afetivo e social,
ou seja, na forma como o indivíduo age ante as pessoas com as quais interage.

Quando em grau leve e detectada ainda precocemente, a psicopatia


pode, em alguns casos, ser modulada através de uma educação mais
rigorosa” (SILVA, 2010, p. 197).

A consciência está profundamente alicerçada em nossa habilidade de


amar, em criar vínculos afetivos e nos abastecer dos mais nobres
sentimentos” (SILVA, 2010, p. 33).

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