Você está na página 1de 18

See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.

net/publication/343809281

Análise lacaniana de discurso: entre a psicologia crítica e o impaciente anseio do


acontecimento

Chapter · August 2019


DOI: 10.5281/zenodo.3995846

CITATIONS READS
0 242

1 author:

David Pavón-Cuéllar
Universidad Michoacana de San Nicolás de Hidalgo
184 PUBLICATIONS   406 CITATIONS   

SEE PROFILE

Some of the authors of this publication are also working on these related projects:

Editorials View project

Psychoanalysis View project

All content following this page was uploaded by David Pavón-Cuéllar on 22 August 2020.

The user has requested enhancement of the downloaded file.


ÁłĈőŖěĩ̩

ANÁLISE LACANIANA DE DISCURSO: ENTRE A


PSICOLOGIA CRÍTICA E O IMPACIENTE ANSEIO
DO ACONTECIMENTO̫

David Pavón-Cuéllar

Análise Lacaniana de Discurso

Michel Pêcheux, Catherine Fuchs e Marie-Christine D’Unrug pare-


cem ter sido os primeiros que recorreram sistematicamente à teoria do
psicanalista francês Jacques Lacan ao desenvolver procedimentos para
análise de materiais discursivos. O desenvolvido por esses pioneiros não
só se inspirava na psicanálise freudiana-lacaniana, como na perspectiva
marxista, a qual adotavam como enquadre teórico, para que a elucidação
crítica da ideologia fosse uma tarefa fundamental do trabalho analítico.
No entanto, enquanto D’Unrug (1974) se interessava especialmente na
determinação da palavra pelas relações sociais, pelas condições dos falantes
na sociedade e por suas posições ideológicas resultantes, Pêcheux e Fuchs
(1975) preferiam concentrar-se na incidência de uns discursos em outros
e nas configurações e expressões de luta ideológica no âmbito discursivo.
3
Este capítulo foi escrito ao reunir, corrigir, ampliar, aprofundar e atualizar as intervenções do autor no marco
das apresentações do livro Lacan, discurso, acontecimento: novas análises da indeterminação textual (publicado em
inglês por Routledge e em espanhol por Plaza y Valdés), segunda-feira, 23 de março de 2015, no auditório Aníbal
Ponce da Facultad de Psicología de la Universidad Michoacana de San Nicolás de Hidalgo (UMSNH) em Morelia,
em 24 de março no auditório Adolfo Chacón Gallardo da Facultad de Psicología da Universidad Autónoma
de Querétaro (UAQ) e em 25 de março no auditório Luis Lara Tapia da Facultad de Psicología da Universidad
Nacional Autónoma de México (Unam) na Ciudad de México. Contamos com a participação de Ian Parker nas
três apresentações. Também participaram Javier Dosil y Alfredo Huerta na UMSNH, Raquel Ribeiro, Isaí Soto,
Gregorio Iglesias, Carlos García e Tania González na UAQ, e Néstor Braunstein e Ricardo García na Unam.
Tradução de Nanci Ines Lara da Silva.

19
NADIR LARA JUNIOR, CHRISTIAN INGO LENZ DUNKER E DAVID PAVÓN-CUÉLLAR (ORGANIZADORES)

Entre 15 e 30 anos depois dos trabalhos precursores realizados na


França dos anos 1970, vemos se reativarem as referências à teoria lacaniana
em contribuições ou aplicações da análise de discurso realizadas em correntes
críticas da psicologia em língua inglesa (HOLLWAY, 1989; PARKER, 1992;
1997; 2000; 2001; FROSH; PHOENIX; PATTMAN, 2003; HOOK, 2003;
GEORGACA, 2005). Esses diversos trabalhos recebem retroativamente
uma identidade comum quando o psicólogo crítico britânico Ian Parker
(2005) lança o nome de Análise Lacaniana de Discurso (no sucessivo, ALD)
para designar o que a teoria de Lacan pode aportar ao campo discursivo
na psicologia. Deve-se notar que a ALD aparece aqui, desde o princípio,
como algo teórico, não estritamente metodológico, e como algo aberto,
deliberadamente vago e impreciso, no qual podem ser incluídas as mais
diversas propostas pontuais já feitas e por fazer. Não se trata, pois, de um
método fixo, pré-determinado e bem delimitado, que entraria em compe-
tição com os demais procedimentos analíticos-discursivos utilizados no
campo acadêmico-profissional psicológico.
Diferentemente de outras formas de análise de discurso em psicologia,
a ALD não indica de maneira precisa como se deve proceder ou os passos
que devem ser seguidos ao analisar materiais discursivos, mas unicamente
oferece concepções, noções ou simples disposições teóricas lacanianas
que podem ser esclarecedoras na hora de abordar um discurso. Como é
o caso dos setes elementos que Parker (2005) extraiu da teoria de Lacan e
com os quais inaugurou formalmente a ALD: qualidades formais do texto,
fixação da representação, gestão e determinação, papel do saber, posições
na linguagem, pontos mortos de perspectiva e interpretação do material
discursivo. É muito significativo que a seleção de tais elementos, sua com-
posição teórica e a forma particular que se adotava coincidissem em parte
com uma proposta que eu fiz praticamente ao mesmo tempo sem conhecer
ainda a proposta de Parker, em cursos ministrados na França nos quais
se tentava mostrar como a análise de discurso em psicologia social podia
enriquecer-se e questionar-se por meio de várias noções da teoria lacaniana:
o simbólico e o imaginário, o significante e o significado, a palavra plena e
vazia, o sujeito como significante para outro significante, o representante

20
ANÁLISE LACANIANA DE DISCURSO

do sujeito, o discurso do mestre, os seres-de-palavra, a falta de ser no verbo


e a incompreensão na interpretação (PAVON-CUELLAR, 2006).

Lacan, discurso, acontecimento

Entre 2006 e 2013, houve discussões e aplicações da ALD que se


tornaram conhecidas em várias publicações dedicadas ao tema, entre elas
um livro (PAVON-CUELLAR, 2010) e múltiplos artigos (BRANNEY, 2008;
SAVILLE YOUNG; FROSH, 2009; MALONE; ROBERTS, 2010; PARKER,
2010; 2013; PAVON-CUELLAR; ALBARRAN DIAZ, 2012; NEILL, 2013;
PAVON-CUELLAR; PARKER, 2013a). Tais trabalhos evidenciavam um
entusiasmo, um interesse e um envolvimento na ALD pelos quais se justificou
a elaboração de uma obra coletiva intitulada Lacan, discurso, acontecimento:
novas análises da indeterminação textual, coordenada por Ian Parker e por
mim, composta de seis textos já publicados e de 21 capítulos inéditos, e
publicada tanto em espanhol (PARKER; PAVON-CUELLAR, 2013b) quanto
em inglês (PARKER; PAVON-CUELLAR, 2014).
O ambicioso livro Lacan, discurso, acontecimento mostrava que a ALD
permite considerar e abordar um aspecto do acontecimento geralmente
desatendido por outras aproximações analítico-discursivas nas quais se enfa-
tizavam o intradiscursivo à custa do extradiscursivo, o enunciado à custa da
própria enunciação, o simbólico à custa do real que resiste à simbolização,
mas também o determinado à custa do indeterminado, o fixo e acabado à custa
do histórico, o somente descritivo e explicável à custa do inexplicável e do
também transformável. Em vez de limitar-se a descrever e explicar o dito pelo
discurso, a ALD podia igualmente denunciar o que não se enuncia, observar
a realização do enunciado com o silenciado e com o feito, diferenciar o que
se faz e o que não se faz por meio do que se diz, reconstruir as condições de
enunciação, rastrear as causas e os efeitos do dito, pôr em relevo o que não
tem causa aparente, circunscrever o aleatório e o contingente, detectar os
propósitos e os desejos latentes, desentranhar os pressupostos e as implicações,
delatar os erros e as contradições, revelar verdades inconfessadas, levar certas
asserções até suas últimas consequências, posicionar-se e incidir na trama
discursiva, produzir algo nela, contradizê-la ou continuá-la, confirmá-la ou

21
NADIR LARA JUNIOR, CHRISTIAN INGO LENZ DUNKER E DAVID PAVÓN-CUÉLLAR (ORGANIZADORES)

reafirmá-la, debilitá-la ou evidenciá-la, desviá-la ou retificá-la, representá-la


ou fazê-la tropeçar com ela mesma, e muitas coisas mais.
O que se pode fazer com a ALD vai mais além de um puro exercício
teórico. Ainda que a ALD se caracterize por estar composta exclusivamente
de teoria, a vemos possibilitar um questionamento e um posicionamento
pelos quais se justifica o interesse que tem despertado nos psicólogos críticos
e politicamente comprometidos. O que a ALD lhes oferece é um espaço único
para sair da psicologia no próprio seio da psicologia, para cultivar aqui a
psicanálise e a política, para não objetivar nem despolitizar o sujeito, para
posicionar-se ao posicioná-lo, ao dar a ele seu lugar, ao dar-lhe um lugar
a seu desejo e à sua história, à sua diferença e à sua existência, à discussão
e à transformação mais além da descrição e a observação, à crítica teórica
e à prática política mais além de qualquer método pretensamente neutro,
empírico ou experimental.

Crítica teórica e prática política

Entre as múltiplas motivações do nosso livro Lacan, discurso, aconte-


cimento, há duas muito peculiares que ilustram claramente o que acabo de
declarar sobre a ALD. Uma delas foi o desejo de dar um presente maldito
a certos colegas psicólogos que não são críticos nem estão politicamente
comprometidos, mas que mostram certa simpatia para a psicanálise, mesmo
que sempre nos mantendo aferrados à psicologia e dedicando-se à psicolo-
gização da psicanálise. A tais colegas, que são muitos nas faculdades e depar-
tamentos de psicologia, lhes presenteávamos com uma cesta de atraentes
recursos teóricos lacanianos para que fossem utilizados na psicologia, mas
não assegurávamos de que esses recursos não pudessem ser psicologizados
nem perdessem seu caráter antipsicológico. O que oferecíamos, em outras
palavras, era uma ferramenta que não podia servir à psicologia sem ques-
tioná-la, que não podia ser útil sem ser perturbadora, que não podia ser
analítica sem ser crítica e reflexivamente autocrítica.
Evidentemente, a ALD não obedece a um desejo perverso de fustigar
aos psicólogos nem muito menos a uma intenção de favorecer ao grupo

22
ANÁLISE LACANIANA DE DISCURSO

psicanalítico em sua eterna luta contra o grupo psicológico. Não penso


em trair o pensamento de Ian Parker ao dizer que desconfiamos tanto da
psicanálise como da psicologia, e se em algum momento questionarmos a
psicologia, o fazemos como psicólogos, como psicólogos críticos, e não o
fazemos pelo gosto de fazê-lo, mas porque pensamos que a psicologia pode
chegar a cumprir funções que se opõem a nossas aspirações em certas lutas
políticas. É por essas lutas, por elas e pelo papel da psicologia nelas, que
desenvolvemos um método que certamente desafia a teoria psicológica.
Digamos que nossa crítica teórica esteve também motivada por certo
projeto de prática política. Isso nos faz chegar a uma segunda motivação do
nosso livro Lacan, discurso, acontecimento, a que desejava referir-me, a qual,
de fato, está no fundamento da primeira motivação. O propósito de crítica
teórica, em efeito, está fundado em um objetivo de prática política. Refiro-
me a nosso impaciente desejo do acontecimento, da ruptura histórica, da
transformação radical da sociedade.

Mais além da descrição e da compreensão

O acontecimento dá um sentido à análise. Para que nos preocupa-


ríamos em descrever analiticamente um texto, uma tarefa bastante árida
em si mesma, se não fosse para transformar ao menos alguma coisa no
mundo? O fim transformador não só serve para evitar o aborrecimento de
uma análise de discurso limitada à produção parafrástica e tautológica do
analisado, mas que também permite conjurar os perigos de um trabalho
analítico fechado ao acontecimento.
Estou pensando particularmente na responsabilidade criminal do mundo
acadêmico na reprodução do mundo injusto em que vivemos. Por um lado, ao
descrever este mundo uma e outra vez, os bons investigadores o tornam cada
vez mais banal e natural, nos acostumam a ele, fazem que seu horror deixe
de nos surpreender e nos instigar, e é assim que o fortalecem e lhe dão cada
vez mais consistência e realidade, contribuem para que esqueçamos que tudo
poderia ser diferente e fazem que o que é se desenvolva à custa de o que poderia
ser. Por outro lado, ao compreender este mundo injusto, os investigadores,

23
NADIR LARA JUNIOR, CHRISTIAN INGO LENZ DUNKER E DAVID PAVÓN-CUÉLLAR (ORGANIZADORES)

de certo modo, justificam sua injustiça, o tornam compreensível, imprimem


certa racionalidade nele e assim fazem que passe desapercebido seu caráter
absurdo, irracional, incompreensível, injustificado, inadmissível.
Ao se negar a compreender e diferenciando-se assim da análise de
conteúdo, nossa ALD está se negando a cumprir com a função acadêmica
de compreender o incompreensível, racionalizar o irracional, justificar o
injustificável, perdoar o imperdoável. Ao mesmo tempo, ao não se limitar
a descrever e ao desvendar assim a análise convencional de discurso, nossa
ALD está optando pela transformação em vez da reprodução, pela função
revolucionária e não pela conservadora, pela abertura e não o fechamento
para o histórico-acontecimental.

Abrir-se ao acontecimento

A reivindicação e a justificativa da abertura da ALD para o histórico-


-acontecimental, para o transformador e o revolucionário, se converteram
em prioridades ineludíveis de minhas reflexões e investigações após a
publicação de Lacan, discurso, acontecimento. Depois de situar o histórico-
acontecimental nos momentos indissociáveis da disrupção e da irrupção
própria de uns discursos como os encontrados em mensagens dos narco-
traficantes mexicanos (PAVON-CUELLAR, 2013), foi reposicionado no
afastamento da ideologia na resultante revelação da verdade a partir de
testemunhos discursivos de condenados à guilhotina durante a época do
terror na Revolução Francesa (2014a). O acontecimento revolucionário me
foi apresentado aqui, na ALD dos testemunhos de quem haveria de morrer
em breve na guilhotina, como a incidência da história em discursos que se
esforçavam em vão em simbolizar o real do que acontecia.
A abertura dos discursos ao acontecimento fez com que me interessasse
posteriormente na forma em que a própria ALD estaria em condições de
abrir-se ao acontecimental. Esse interesse me levou primeiramente a mostrar
como a ALD pode ainda colocar-se ao serviço do acontecimento histórico
por intermédio dos tradicionais gestos práticos-políticos do questiona-
mento da ideologia, o compromisso do investigador e a subversão do sujeito

24
ANÁLISE LACANIANA DE DISCURSO

(PAVON-CUELLAR, 2014b). Esses gestos adquirem um sentido totalmente


novo ao atravessar a perspectiva psicanalítica lacaniana, mas não deixam
por isso de ser válidos e efetivos na ALD, como tentei ilustrá-lo mediante
a tripla análise de um slogan governamental no México, as declarações de
um grupo guerrilheiro no mesmo país e um questionário psicológico do
psicólogo mexicano Rogelio Díaz Guerrero.
Após identificar os gestos prático-políticos da ALD, tentei vinculá-los
diretamente com o trabalho crítico-teórico a partir da dialética materialista
de Althusser e de sua noção de prática teórica (PAVON-CUELLAR, 2015a).
Minha adoção do enfoque teórico althusseriano, marcada num projeto mais
amplo de articulação entre o Marxismo e a psicanálise (v.g. 2014; 2017a), foi
mantida em trabalhos ulteriores nos quais a abertura ao acontecimento se
concebeu sucessivamente: primeiro, a partir do último trabalho de Michel
Pêcheux, como uma insurreição contra o inequívoco após a descrição do uní-
voco e a interpretação do equívoco (2015b); logo, por meio do último Althus-
ser, como uma disposição ao encontro aleatório althusseriano indissociável
da surpresa história lacaniana (2017b). Essas concepções da relação da ALD
com o acontecimental terminarão finalmente, por um lado, num questiona-
mento da compreensão e da explicação pelo modo que permitem dominar o
acontecimento, e, por outro lado, em uma consideração da possibilidade de
manter viva a chama da história e da revolução a partir da reincorporação
das noções marxistas de crítica e prática na ALD (2017c; 2018).

Não há metalinguagem

Nossa análise pretende se abrir ao acontecimento. Como se faz? De


diversas maneiras, mas agora gostaria de referir-me somente a uma delas, a
saber, a exclusão de qualquer possível metalinguagem, à qual me referi em
um de meus últimos trabalhos sobre a ALD (PAVON-CUELLAR, 2017b). Na
teoria lacaniana, como recordaremos, a falta de metalinguagem supõe que há
somente uma linguagem, e que não podemos posicionarmos fora dela, em uma
metalinguagem, para analisar alguma de suas manifestações discursivas. Isso
supõe que o discurso analisado não pode objetivar-se nem se analisar objeti-
vamente do seu exterior, pois esse exterior não existe (LACAN, 1960-1961).

25
NADIR LARA JUNIOR, CHRISTIAN INGO LENZ DUNKER E DAVID PAVÓN-CUÉLLAR (ORGANIZADORES)

Não existe maneira de se posicionar ao exterior do sistema econômico


e de sua estrutura ideológica. Por exemplo, o capitalismo não termina nas
portas do mundo universitário, mas continua em seu interior. Os corredores
universitários são uma continuação das ruas em que se vive e se circula, se
protesta e se reprime. Estamos na mesma sociedade. Não há descontinuidade
entre as praças públicas e os auditórios universitários.
Por mais autônoma que seja ou pretenda ser a universidade, nossos
gabinetes e salas de aula não estão fora do mundo em que vivemos. Este
mundo injusto, esta única linguagem com suas manifestações discursivas,
não podem ser analisadas a partir de um exterior acadêmico, mas somente
a partir de seu interior, desde uma posição específica nele: uma posição
histórica, econômica e política, social e cultural. Já estamos posicionados
no mundo e nossa análise está situada no mesmo nível que o analisado.
Nossa análise é também um discurso e não pode ser unicamente científica,
mas é também ideológica e política (PAVON-CUELLAR; PARKER, 2013a).
Nossa análise é um discurso analisante que pode lidar com o discurso
analisado, lutar contra ele ou aliar-se a ele, aprofundá-lo ou completá-lo,
questioná-lo ou radicalizá-lo, mas não distanciar-se dele para observá-lo,
investigá-lo, retratá-lo, descrevê-lo e compreendê-lo. Não podemos aspirar
a nenhuma classe de neutralidade, objetividade ou verdade entendida como
correspondência com a realidade. Nossa verdade forma parte da mesma
realidade, e como tudo o que há nesta realidade, somente podemos verificar
por sua força ou por seu poder, por seus efeitos reais e não por sua adequada
representação ou descrição da realidade. É por isso, precisamente por isso,
que nossa análise não pode se conformar a ser descritiva, mas que deve aspirar
a ser transformadora. Somente ao transformar, ao ter certos efeitos, poderá
chegar a demonstrar sua verdade. No momento da análise, essa verdade ainda
está pendente. Falta a sua verificação futura. Por isso que a verdade, em sua
concepção lacaniana, somente pode chegar a dizer pela metade (LACAN,
1969-1970). A metade faltante consiste no que não é nem tenha sido, mas
poderá ter sido retroativamente graças a uma análise acertada (1966).
A análise só acerta quando sabe como adequar-se à realidade, operar
na única linguagem sem metalinguagem e acoplar-se à sua estrutura para

26
ANÁLISE LACANIANA DE DISCURSO

conseguir a transformação na qual apoia sua efetividade e sua veracidade.


Isso exige do discurso analisante retomar escrupulosamente o discurso ana-
lisado para intervir da melhor maneira no campo da batalha da linguagem,
da política e da ideologia. Conhecemos intervenções magistrais dessa classe
na história recente do México. Referir-me-ei a uma delas.

Fox e Peña Nieto

Em dezembro de 2014, ao visitar o estado do sul de Guerrero, o Pre-


sidente do México, Enrique Peña Nieto se refere aos 43 de Ayotzinapa, os
estudantes da Escola Normal Rural de Ayotzinapa que desapareceram entre
26 e 27 de setembro do mesmo ano, e exorta literalmente a seus familiares
que “superem o momento de dor” (RESENDIZ, 5 dez. 2014). Essas palavras
desencadeiam uma avalanche de reações nas redes sociais. Em um tipo de
análise de conteúdo psicológico, se denunciam massivamente os sentimentos
e traços da personalidade que se atribuem a esse presidente: seu desinteresse,
sua estúpida insensibilidade, seu petulante desprezo para com os de classe
pobre, sua crueldade sádica e seu autoritarismo psicopático, perverso, que
o faz querer decidir até os sentimentos de suas próprias vítimas.
No centro de tanta boa psicologia popular, aparece também a hashtag
#SuperemJá, a qual, em si mesma, constitui uma valiosa análise de discurso
que se atém às palavras literais para pôr em evidência tudo o que implicam.
Já não tentamos entender o significado, mas nos damos uma oportunidade
para explicar o significante: superem o momento de dor, superem, superem já.
Talvez isso não fosse o que Peña Nieto quis dizer, mas foi o que disse e o
que escutamos, o que ressoou e o que se criticou nas redes sociais.
Atrevo-me a dizer que a #YaSuperenlo4 é um caso paradigmático de
ALD, não só pela maneira em que procede ao posicionar-se e enfrentar
sem mediações a palavra textual, como também pelo que busca provocar,
o desmascaramento do Mestre, a divisão do grande Outro, a emergência
de seu desejo, a irrupção da verdade no nível da enunciação e não do enun-
ciado. Tudo isso é o que se provoca desde os tempos imemoriais quando

4
Nota de tradução: em português, podemos traduzir #SuperemJá.

27
NADIR LARA JUNIOR, CHRISTIAN INGO LENZ DUNKER E DAVID PAVÓN-CUÉLLAR (ORGANIZADORES)

as palavras dos tiranos, dos amos e senhores, são escutadas pelos melhores
analistas de discurso, por quem tem os ouvidos mais agudos, os que não
têm seus canais auditivos obstruídos por seu poder, os escravos e os servos,
as massas oprimidas e marginalizadas, as crianças e os estudantes, os povos
colonizados, os loucos, as mulheres com o sexto sentido que lhes permite
conhecer bem tudo o que devem obedecer.
Os dominados não deixam de fazer o que nós pretendemos forma-
lizar na ALD. Nós, acadêmicos, tão somente podemos tomar a corrida e
continuar o que vêm fazendo nossos companheiros e companheiras de luta
com o único recurso do qual elas, eles e nós dispomos: uma única linguagem
ideológico-política sem metalinguagem científica-acadêmica. O método será
o mesmo, mas justificado teoricamente e afinado conceitualmente, ainda
que também talvez, em alguns casos, reconduzido às batalhas particulares
que enfrentamos no campo acadêmico.

Psicologias

Por exemplo, quando chegamos às palavras de Peña Nieto na nossa


batalha na trincheira da psicologia crítica, poderemos empregar nossa ALD
para mostrar como a exortação textual a “superar o momento da dor” é um
bom exemplo de psicologização da realidade. No discurso de Peña Nieto, o
crime de Estado, os assassinatos e desaparições, se vê simpaticamente psico-
logizado, reduzido a um estado mental, a um sentimento momentâneo, a um
“momento de dor”. É como se tivesse ocorrido na cabeça, o que, por certo,
foi confirmado por outro aprendiz de psicólogo, o ex-presidente mexicano
Vicente Fox, que explicou aos familiares dos 43 estudantes de Ayotzinapa,
com o mesmo tom autoritário, que “não podiam viver eternamente com
esse problema em sua cabeça” (BECERRIL, 2015, 18 de março).
Considerando que tudo ocorreu aparentemente na cabeça dos fami-
liares dos estudantes normalistas, agora entendemos talvez melhor porque
desapareceram os 43. Devem estar bem escondidos nas circunvoluções
cerebrais ou nos labirintos mentais de seus familiares. É um “problema na
cabeça”, como diz Fox, e, portanto, deveríamos deixar que fosse solucionado

28
ANÁLISE LACANIANA DE DISCURSO

pelos especialistas de cabeça, pelas psicólogas e os psicólogos, e não pelos


policiais honestos, que de qualquer modo não há no México, nem pelos luta-
dores sociais, que andam buscando fora o que está dentro de certas cabeças.
Segundo a psicologia de Fox e Peña Nieto, o Estado mexicano só é
culpado de fazer passar um “momento de dor” e de causar um “problema
na cabeça”. Não houve mais nada. Não houve nem seis assassinatos, nem
um desolamento, nem 43 desaparições forçadas. Não houve esse crime
sistematicamente realizado pelo narcogoverno mexicano, com monitora-
mento constante da Procuradoria Geral da República e com a confirmada
cumplicidade dos militares e a participação ativa de policiais federais e não
só municipais. Tudo isso não ocorreu. Foi só um pesadelo ou um delírio
nas cabeças dos familiares. Foi unicamente um problema psicológico, um
problema na cabeça, um momento de dor.

Aficionados e profissionais da psicologia

Espero que meu esboço de análise, além de ilustrar um aspecto pontual


de nossa ALD, tenha mostrado o risco de cumplicidade entre a psicologia
e os poderes que nos governam. Permitir-me-ei sublinhar, para concluir,
que a psicologização dos problemas econômicos e sociais, convertidos
em momentos de dor ou outros problemas na cabeça, não só acontece em
lugares tão sinistros como a Residência Oficial de Los Pinos no México,
mas que é uma constante nas faculdades e nos departamentos de psicologia
do mundo todo (DE VOS, 2012).
A disciplina psicológica institucional é agente e produto do processo
psicologizador. Esse processo adquire legitimidade nas associações de
psicólogos e nas universidades em que se estuda psicologia. Os psicólogos
profissionais, com sua autoridade científica e acadêmica, legitimam assim
as justificativas psicológicas de gente do nível de Fox e Peña Nieto. Essa é
tão somente uma das razões pelas quais Ian Parker e eu, junto com outros
psicólogos críticos, nos preocupamos em desenvolver ferramentas antip-
sicológicas no seio da psicologia. Tal é o caso da ALD, a qual, nos últimos
anos, continua subsistindo e resistindo contra a disciplina psicológica

29
NADIR LARA JUNIOR, CHRISTIAN INGO LENZ DUNKER E DAVID PAVÓN-CUÉLLAR (ORGANIZADORES)

dominante (v.g. HOOK, 2014; 2017; PARKER, 2015a; 2015b; 2016; CAS-
TRO, 2015; LARA JUNIOR; PINHEIRO JARDIM, 2015; MARTIN, 2016;
LAPPING, 2016; MULLIGAN; MOORE, 2016; ROMELLI; POZZI, 2016;
LARA JUNIOR et al., 2017).
A psicologia poderá continuar sendo questionada na ALD e em outras
frentes críticas, mas não deixa de contar com o apoio institucional dos mais
diversos mecanismos ideológicos e disciplinares, das escolas e universida-
des, das empresas e dos governos, os conselhos de investigação científica
etc. Além disso, se caracterizou tradicionalmente por ter uma boa relação
com as classes dominantes. Essas classes, como já notava Plejanov (1907)
faz mais de um século e como segue notando Ian Parker (2007) hoje em
dia, sempre estão aficionadas à psicologia. Sempre mostraram uma classe
de aptidão psicológica seguramente favorecida por sua dedicação quase
exclusiva ao trabalho intelectual, sua falta de experiência no trabalho manual,
seu desconhecimento das necessidades corporais primárias e sua distância
com respeito a tudo o que ocorre fora de suas cabeças.
As classes dominantes sempre tiveram tempo de repassar cada uma
de suas ações e reações, preocupar-se com suas interações e comunicações,
e esquadrinhar sua alma, suas ideias, seus pensamentos e sentimentos, seu
desejos e aspirações, suas emoções e seus demais estados de ânimo. Aqueles
que dominam sempre fizeram assim aquilo mesmo no que se especializam
os psicólogos. Assim como esse luxo de mestres é a atividade principal da
psicologia dominante, assim nossa ALD, como temos visto, pretende oferecer
algumas estratégias de escravo à psicologia crítica. Trata-se, definitivamente,
de levar um pouco de luta de classes ao interior do âmbito da psicologia.

Referências

BECERRIL, D. Fox, a los padres de los 43 estudiantes de Ayotzinapa: “Sáquense el


problema de la cabeza”. RT, 18 mar. 2015. Disponível em: https://actualidad.rt.com/
actualidad/169469-fox-padres-estudiantes-sacar-problema. Acesso em: 10 abr. 2018.
BRANNEY, P. Subjectivity, Not Personality: Combining Discourse Analysis and
Psychoanalysis. Social and Personality Psychology Compass, 2 (2), p. 574-590, 2008.

30
ANÁLISE LACANIANA DE DISCURSO

CASTRO, P. J. G. Análisis Lacaniano del discurso: una herramienta metodoló-


gica “alternativa, innovadora y subversiva”. Teoría y Crítica de la Psicología, 4, p.
51-59, 2015.
DE VOS, J. Psychologisation in times of globalisation. London: Routledge, 2012.
D’UNRUG, M. C. Analyse de contenu et acte de parole, de l’énoncé à l’énonciation.
Paris: Éditions Universitaires, 1974.
FROSH, S.; PHOENIX, A.; PATTMAN, R. Taking a stand: Using psychoanalysis to
explore the positioning of subjects in discourse. British journal of social psychology,
42(1), p. 39-53, 2003.
GEORGACA, E. Lacanian psychoanalysis and the subject of social constructionist
psychology: Analysing subjectivity in talk. International Journal of Critical Psycho-
logy, 14, p. 74-94, 2005.
HERBERT, T. Réflexions sur la situation théorique des sciences sociales et, spé-
cialement, de la psychologie sociale. Cahiers pour l’analyse, 2, p. 139-165, 1966.
HOLLWAY, W. Subjectivity and Method in Psychology: Gender, Meaning and Science.
London: Sage, 1989.
HOOK, D. Language and the flesh: psychoanalysis and the limits of discourse.
Pretexts: Literary and Cultural Studies, 12 (1), p. 43-64, 2003.
HOOK, D. Reconfiguring apartheid loss: reading the Apartheid Archive through a Lacanian
lens. Rozenberg Quarterly. 2014. Disponível em: http://eprints.lse.ac.uk/60222/1/
Hook_Reconfiguring-apartheid-loss_2014.pdf. Acesso em: 10 abr. 2018.
HOOK, D. The subject of psychology: A Lacanian critique. Social and Persona-
lity Psychology Compass, 11(5), 2017. Disponível em: https://doi.org/10.1111/
spc3.12316. Acesso em: 10 abr. 2018.
HOOK, D.; VANHEULE, S. Revisiting the master-signifier, or, Mandela and repres-
sion. Frontiers in psychology, 6, 2016. Disponível em: https://www.frontiersin.org/
articles/10.3389/fpsyg.2015.02028/full. Acesso em: 10 abr. 2018.
LACAN, J. (1960-1961). Le séminaire. Livre VIII. Le transfert. París: Seuil, 1991.

31
NADIR LARA JUNIOR, CHRISTIAN INGO LENZ DUNKER E DAVID PAVÓN-CUÉLLAR (ORGANIZADORES)

LACAN, J. (1966). Écrits. París: Seuil, 1999.


LACAN, J. (1969-1970). Le séminaire. Livre XVII. L’envers de la psychanalyse.
Paris: Seuil, 1991.
LAPPING, C. Reflexivity and fantasy: Surprising encounters from interpretation
to interruption. Qualitative Inquiry, 22(9), p. 718-724, 2016.
LARA JUNIOR, N.; PINHEIRO JARDIM, L. Aporte psicoanalítico para el aná-
lisis de los lugares discursivos e ideológicos. Teoría y Crítica de la Psicología 4, p.
60-77, 2015.
LARA JUNIOR, N.; URBAN KIST, A.; CORREA OLIVEIRA, F.; BOARDMANN, J.
A Contribution on the ‘Prescriptive Place’ to Lacanian Discourse Analysis. Annual
Review of Critical Psychology, 13, p. 1-15, 2017.
MALONE, K. R.; ROBERTS, J. L. In the world of language but not of it: lacanian
inquiry into the subject of discourse psychology. Theory & Psychology, 20(6), p.
835-854, 2010.
MARTIN, J. Capturing desire: Rhetorical strategies and the affectivity of discourse.
The British Journal of Politics and International Relations, 18(1), p. 143-160, 2016.
MULLIGAN, N.; MOORE, G. Talk about a Revolution. Lacunae, 12, p. 1-18, 2016.
NEILL, C. Breaking the text: An introduction to Lacanian discourse analysis.
Theory & Psychology, 23(3), p. 334-350, 2013.
PARKER, I. Discourse Dynamics: Critical Analysis for Social and Individual Psy-
chology. London: Routledge, 1992.
PARKER, I. Discourse analysis and psychoanalysis. British Journal of Social Psy-
chology, 36(4), p. 479-495, 1997.
PARKER, I. Looking for Lacan: virtual psychology. In: MALONE, K.; FRIEDLAN-
DER, S. (Ed.). The Subject of Lacan: A Lacanian Reader for Psychologists. Nueva
York: SUNY Press, 2000. p. 331-344.
PARKER, I. Lacan, Psychology and the Discourse of the University. Psychoanalytic
Studies, 3, (1), p. 67-77, 2001.

32
ANÁLISE LACANIANA DE DISCURSO

PARKER, I. Lacanian Discourse Analysis in Psychology: Seven Theoretical Ele-


ments. Theory & Psychology, 15 (2), p. 163-182, 2005.
PARKER, I. Revolution in Psychology. Alienation to Emancipation. Londres:
Pluto, 2007.
PARKER, I. Psychosocial studies: Lacanian discourse analysis negotiating interview
text. Psychoanalysis, Culture & Society, 15 (2), p. 156-172, 2010.
PARKER, I. Discourse analysis: Dimensions of critique in psychology. Qualitative
Research in Psychology, 10(3), p. 223-239, 2013.
PARKER, I. Walls and holes in psychosocial research: From psychoanalysis to
critique. Qualitative Research in Psychology, 12(1), p. 77-82, 2015a.
PARKER, I. Interventions in ‘Psychosocial’ Studies. In: Critical Discursive Psychology.
Londres: Palgrave Macmillan, 2015b. p. 238-251.
PARKER, I. The function and field of speech and language in neoliberal education.
Organization, 23(4), p. 550-566, 2016.
PARKER, I.; PAVÓN-CUÉLLAR, D. (Ed.). Lacan, discurso, acontecimiento. Nuevos
análisis de la indeterminación textual. México: Plaza y Valdés, 2013.
PARKER, I.; PAVÓN-CUÉLLAR, D. (Ed.). Lacan, Discourse, Event. New Psychoanaly-
tical Approaches to Textual Indeterminacy. Londres y Nueva York: Routledge, 2014.
PAVON-CUELLAR, D. Le révolutio-m’être: notions lacaniennes appliquées à l’analyse
de discours en psychologie sociale. París: Psychophores, 2006.
PAVÓN-CUÉLLAR, D. From the Conscious Interior to an Exterior Unconscious: Lacan,
Discourse Analysis and Social Psychology. Londres: Karnac, 2010.
PAVÓN CUÉLLAR, D.; ALBARRÁN DÍAZ, L. Narcomensajes y cadáveres: el
discurso del narcotráfico y su violentada literalidad corporal. In: GÁRATE MAR-
TÍNEZ, I.; MARINAS HERRERAS, J. M.; OROZCO GUZMÁN, M. (coord.).
Estremecimientos de lo real: ensayos psicoanalíticos sobre cuerpo y violencia. Ciudad
de México: Kanankil, 2012. p. 191-204.

33
NADIR LARA JUNIOR, CHRISTIAN INGO LENZ DUNKER E DAVID PAVÓN-CUÉLLAR (ORGANIZADORES)

PAVÓN-CUÉLLAR, D. De la palabra al acontecimiento: límites, posibilidades y


desafíos del análisis lacaniano de discurso. In: PARKER, I.; PAVÓN-CUÉLLAR,
D. (coord.). Lacan, discurso, acontecimiento. Nuevos análisis de la indeterminación
textual. México D.F.: Plaza y Valdés, 2013. p. 389-403.
PAVÓN-CUÉLLAR, D. Últimas palabras de guillotinados: un análisis lacaniano de
testimonios discursivos de víctimas de la Revolución Francesa. In: GUZMÁN, M.
Orozco; BAUTISTA, J. Quiroz (coord.). Testimoniales de violencia. Acercamientos psi-
coanalíticos a su discurso y a su drama subjetivo. México: Kanankil, 2014a. p. 83-98.
PAVÓN-CUÉLLAR, D. Del método crítico-teórico lacaniano a sus reconfigura-
ciones práctico-políticas en discursos concretos: cuestionamiento de la ideología,
compromiso del investigador y subversión del sujeto. In: OSORIO, J. Mario Flores;
LÓPEZ, José Luis Aparicio (coord.). Miradas y prácticas de la investigación psicosocial.
Puebla, México: BUAP, 2014b. p. 129-174.
PAVÓN-CUÉLLAR, D. Elementos políticos de marxismo lacaniano. Ciudad de México.:
Paradiso, 2014c.
PAVÓN-CUÉLLAR, D. Althusserian materialist dialectic in Lacanian discou-
rse analysis: Universal exception, complex over-determination and critique of
psychological discursive ideology. In: CRESSWELL, J.; HAYE, A.; LARRAÍN,
A.; MORGAN, M.; SULLIVAN, G. (coord.). Dialogue and Debate in the Making of
Theoretical Psychology. Concord: Captus, 2015a. p. 414-424.
PAVÓN-CUÉLLAR, D. De Michel Pêcheux al Subcomandante Marcos: descripción
de lo unívoco, interpretación de lo equívoco e insurrección contra lo inequívoco.
Décalages, 1(4), 2015b. Disponível em: http://scholar.oxy.edu/decalages/vol1/
iss4/20. Acesso em: 10 abr. 2018.
PAVÓN-CUÉLLAR, D. Marxism and Psychoanalysis: In or Against Psychology.
Londres: Routledge, 2017a.
PAVÓN-CUÉLLAR, D. Sorpresa histórica lacaniana y encuentro aleatorio althus-
seriano: análisis de un acontecimiento en discursos de Salvador Allende y Camila
Vallejo. In: POPOVITCH, A. (coord.). Althusser desde América Latina. Buenos Aires
y Ciudad de México: Biblos y UNAM, 2017b. p. 109-119.

34
ANÁLISE LACANIANA DE DISCURSO

PAVÓN-CUÉLLAR, D. The Language of History and its Immanent Critique: From


Lacanian Discourse Analysis to Marxist Revolutionary Practice. Annual Review of
Critical Psychology, 13, p. 1-13, 2017c. Disponível em: https://thediscourseunit.
files.wordpress.com/2017/08/arcpdavidp.pdf. Acesso em: 10 abr. 2018.
PAVON-CUELLAR, D. A indiscrição das palavras: Análise lacaniana e crítica mar-
xista do discurso do presidente mexicano Enrique Peña Nieto sobre a matança e
o desaparecimento de estudantes de Ayotzinapa. In: BARBOSA FILHO, F. Ramos;
BALDINI, L. J. Siqueira (Coord.). Análise de discurso e materialismos: prática política
e materialidades. São Paulo: Ponte, 2018.
PAVÓN-CUÉLLAR, D.; PARKER, I. From the White Interior to an Exterior Bla-
ckness. In: STEVENS, G.; DUNCAN, N.; HOOK, D. (Ed.). Race, Memory and the
Apartheid Archive: Towards a Transformative Psychosocial Praxis. Nueva York:
Palgrave Macmillan, 2013. p. 315-332.
PECHEUX, M.; FUCHS, C. Mises au point et perspectives à propos de l’analyse
automatique de discours. Langages, 37, p. 7-80, 1975.
PLEJÁNOV, G. V. (1907). Las cuestiones fundamentales del marxismo. México:
Roca, 1974.
RESÉNDIZ, F. Llama Peña a superar dolor por Ayotzinapa. El Universal. 5 dez.
2014. Disponível em: http://archivo.eluniversal.com.mx/nacion-mexico/2014/lla-
ma-penia-a-superar-dolor-por-ayotzinapa-1059579.html. Acesso em: 10 abr. 2018.
ROMELLI, K.; POZZI, G. O. Therapeutic community for children with diagnosis of
psychosis: What place for parents? The relation between subject and the institutional
‘Other’. European Journal of Psychotherapy & Counselling, 18(4), p. 316-332, 2016.
SAVILLE YOUNG, L.; FROSH, S. Discourse and psychoanalysis: translating
concepts into ‘fragmenting’ methodology. Psychology in Society, 38, p. 1-16, 2009.

35

View publication stats

Você também pode gostar