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ANÁLISE DE DISCURSO &

ANÁLISE DE CONTEÚDO
Prof. Dr. Marcelo Mocarzel
(UCP/Unilasalle-RJ)
AC X AD
Análise de Conteúdo Análise de Discurso

EUA (Laswell, 1927) França (Pêcheux, 1969)

Tradição Positivista e Behaviorista Tradição Dialética e Pscinalítica

Mensagem Discurso

Técnicas de validação da interpretação Interpretação ideológica dos sentidos

Descobertas de conteúdos e estruturas Busca de recorrências discursivas

Taxionomia, categorias e unidades de


Condições de produção do discurso
codificação
“A análise de conteúdo já não é considerada
exclusivamente com um alcance descritivo, pelo
contrário, toma-se consciência de que a sua função
ou seu objetivo é a inferência. Que esta inferência se
realize tendo por base indicadores de frequência, ou,
cada vez mais assiduamente, com a ajuda de
indicadores combinados, toma-se consciência de que,
a partir dos resultados da análise, se pode regressar
às causas, ou até descer aos efeitos das características
das comunicações” (BARDIN, 2011, p. 27)
“Na verdade, a principal pretensão da Análise de
Conteúdo é vislumbrada na possibilidade de fornecer
técnicas precisas e objetivas que sejam suficientes para
garantir a descoberta do verdadeiro significado. Nesse
sentido, é importante reafirmar aqui a certeza de que
haveria um sentido a ser resgatado em algum lugar, e de
que o texto seria seu esconderijo. Ao analista,
encaminhado pela ciência, caberia descobri-lo:
“Metodologicamente, confrontam-se ou completam-se
duas orientações: a verificação prudente ou a
interpretação brilhante” (ROCHA, DEUSDARÁ, 2005,
p. 309)
“A Análise de Discurso, como seu próprio nome
indica, não trata da língua, não trata da gramática,
embora todas essas coisas lhe interessem. Ela trata
do discurso. E a palavra discurso, etimologicamente,
tem em si a ideia de curso, de percurso, de correr
por, de movimento. O discurso é assim palavra em
movimento, prática de linguagem: com o estudo do
dicurso observa-se o homem falando” (ORLANDI,
2010, p. 15)
“Com isso, vê-se uma concepção de linguagem como
representação de uma realidade a priori: a linguagem
seria apenas um veículo de transmissão de uma
mensagem subjacente, sendo a esse conteúdo que se
pretende chegar com uma pesquisa em Análise de
Conteúdo. A segunda observação diz respeito à não-
problematização das perguntas que compõem o
referido instrumento de pesquisa e da própria
situação de entrevista acadêmica”. (ROCHA,
DEUSDARÁ, 2005, p. 3011-312)
OBJETIVO DA AC

„ Compreender a VERDADE por trás das mensagens


OBJETIVOS DA AD

„ Entender a língua fazendo sentido enquanto trabalho


simbólico;
„ Considerar a produção de sentidos da língua no mundo;
„ Encontrar as regularidades dos da linguagem em sua
produção;
„ Trabalhar a relação língua-ideologia-discurso.
„ Compreender a língua produzindo sentidos pelos/para
sujeitos
FILIAÇÕES HISTÓRICAS E TEÓRICAS

„ Anos 1960: convergência de três domínio disciplinares:


Marxismo, Linguística e Psicanálise.
„ A linguagem não é transparente, como é para a Análise de
Conteúdo
„ Forma material da história produzir sentidos (materialismo):
os fatos reclamam sentidos
„ Língua, não só como estrutura, mas como acontecimento
„ Deslocamento da noção de homem para a de sujeito
(psicanálise)
FILIAÇÕES HISTÓRICAS E TEÓRICAS

„ Michel Pêcheux (1938-1983)


„ Estudou Filosofia, quando foi
aluno de Louis Althusser)
„ Em 1966 tornou-se professor do
Departamento de Psicologia do CNRS – França)
„ Em 1969, em meio às revoltas estudantis e sindicais na
França e no mundo, publica o livro “Análise Automática de
Discurso”
“... por debaixo de uma linguagem abscôndita, que por vezes
mascara banalidades, sob um formalismo que por vezes escapa
ao leitor, para além das construções teóricas, que ao nível da
prática da análise, são improdutivas a curto prazo, existe uma
tentativa totalitária (no sentido em que se procura integrar no
mesmo procedimento conhecimentos adquiridos ou avanços
até aí dispersos ou de natureza disciplinar estranha: teoria e
prática lingüística, teoria do discurso como enunciação, teoria
da ideologia e automatização do procedimento) cuja ambição
é sedutora mas em que as realizações são anedóticas. O que é
deplorável.” (Bardin, 1977)

Texto de Laurence Bardin comentando o livro de


Michel Pêcheux, lançado 8 anos antes
CATEGORIAS DA AD

„ DISCURSO
Efeito de sentidos entre interlocutores, repleto de
condicionantes semânticos (língua) e históricos (ideologias).

„  PRÁTICA DISCURSIVA
Fronteira entre língua e discurso, que congrega o sujeito e a
sociedade. Nosso discurso não é só nosso!
CATEGORIAS DA AD

„ DISPOSITIVO TEÓRICO DE INTERPRETAÇÃO


Para a AD, não há verdade oculta por trás do texto. O DTI
objetiva mediar o movimento entre a descrição e a
interpretação, servindo a distintos Dispositivos Analíticos.

„  DISPOSITIVO ANALÍTICO
É o Dispositivo construído por cada pesquisador, em cada
pesquisa, a partir de cada problema de pesquisa. Baseia-se nas
perguntas que desejam ser feitas.
CATEGORIAS DA AD
„ INTERDISCURSO
É a memória do dizer, a memória discursiva, o “já-dito que
está na base do dizível” (Orlandi, 2010, p. 31).

„  ESQUECIMENTOS E SILÊNCIOS
Quando dizemos algo, ao mesmo tempo silenciamos algo. Os
esquecimentos e silêncios são estruturantes dos discursos.
Nós nos esquecemos do nos foi dito involuntariamente para
que, de certa forma, os dicursos possam ser nossos, quando
na verdade eles já estavam em processos antes de nascermos.
CATEGORIAS DA AD

„ PARÁFRASE
Em todo dizer há sempre algo que se mantém. Os processos
parafrásticos trazem as recorrências dos discursos. É a
estabilização.

„  POLISSEMIA
Do mesmo modo, há sempre deslocamentos de sentidos. A
polissemia joga com o equívoco, deslizando um sentido de
produção do discurso para outro. É a ruptura.
CATEGORIAS DA AD

„ FORMAÇÃO DISCURSIVA
São os determinantes do que pode e deve ser dito em
determinada posição em uma conjuntura sócio-histórica.

„  CORPUS ANALÍTICO
Integra o Dispositivo de Análise e se refere ao que integra a
pesquisa. “Decidir o que faz parte do corpus já é decidir
acerca de propriedades dscursivas” (Orlandi, 2010, p. 63).
CATEGORIAS DA AD

„ FORMAÇÃO DISCURSIVA
São os determinantes do que pode e deve ser dito em
determinada posição em uma conjuntura sócio-histórica.

„  CORPUS ANALÍTICO
Integra o Dispositivo de Análise e se refere ao que integra a
pesquisa. “Decidir o que faz parte do corpus já é decidir
acerca de propriedades dscursivas” (Orlandi, 2010, p. 63).
ETAPAS DA AD

Passagem da superfície
1a Etapa Para o Objeto discursivo
línguística (texto)
(discurso)

Passagem do Objeto
2a Etapa Para o Processo Discursivo
discursivo (discurso)
(formação discursiva

Passagem do Processo
3a Etapa
Discursivo (formação Para a Formação ideológica
discursiva)
EXEMPLO

https://periodicos.fclar.unesp.br/iberoamericana/article/view/8770/6764
REFERÊNCIA
BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011.

ORLANDI, Eni. Análise de discurso: princípios e procedimentos. Campinas, SP:


Pontes, 2010.

ROCHA, Décio; DEUSDARA, Bruno. Análise de Conteúdo e Análise do


Discurso: aproximações e afastamentos na (re)construção de uma trajetória.
Alea, Rio de Janeiro , v. 7, n. 2, p. 305-322, Dec. 2005 .

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