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CONVERGÊNCIAS
RESUMO
ABSTRACT
The reflections in the language area that have been developed in the language dimension, without restrict
themselves only to linguistics aspects, such as Pragmatics, Conversation Analysis, Argumentation Theory,
the several approaches, the French Discourse Analysis and others have taken various theoretical and
methodological directions. Though those studies share the same dimension – the discourse – each of
them keeps its proper theoretical point of view and presents its proper language concept in the way
chosen for description and analysis. When sharing the same knowledge object, paradoxically, they place
themselves in a situation that the perspectives of analysis will depend on adjacent relations. Such
relations, in our point of view, make it possible interlocutions, and these interlocutions point to a
convergence. The aim of this work is to reflect on those relations and this possible convergence.
1. Introdução
questionamentos que fizeram as ciências humanas enveredarem por questões que até hoje produzem
efeitos. Esse é com certeza, um trabalho para muitas vidas, um projeto teórico metodológico que nos
desafia permanentemente e determina nosso olhar para a teoria” (Gregolin, 2007. Pg 11).
discursos que, na sua maioria, abandonaram esse projeto. Não se trata de lamentar essa situação, mas
perspectiva deste texto – das modalidades de existência histórica das práticas discursivas, da relação
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fragmento da entrevista com Marilena Chauí pela revista Caros Amigos (novembro. 2005 p.30-37)
sobre a “crise” governamental desse mesmo ano:
Renato Pompeu – O que a senhora entende por luta de classes no Brasil hoje? O professor Armando
Boito fez uma pesquisa no ABC e descobriu que os operários de lá apóiam a globalização, apóiam a
política econômica porque têm mais telefone, porque não querem interferência do Estado nas
negociações com o patrão, querem negociar diretamente. Estão satisfeitos com as coisas como estão e
isso é a raiz do comportamento do PT, certo? O que a senhora chama de luta de classes?
Chauí – Mas isso é um elemento importantíssimo da luta de classes! Olha a hegemonia burguesa em
cima deles! Desmontar isso é efetivamente uma tarefa política. Isso não é a abolição da luta de classes,
é a forma que ela está assumindo. O chamado pensamento hegemônico. Assim como no final do
século XIX, através da escola, dos sindicatos, de uma série de operações, você tem a incorporação do
proletariado à ideologia burguesa pra valer, temos agora a incorporação da classe trabalhadora à
ideologia neoliberal pra valer, e esse é um dos objetos fundamentais da luta. Pelo menos é a isso que
conhecimento e o lugar que o conhecimento passa a ocupar como força produtiva. Ele é o princípio
ativo fundamental das empresas. Então, o que aconteceu com o saber, o conhecimento, o pensamento
é a sua absorção sem restos pelo capital. E essa absorção sem restos pelo capital faz com que, do
ponto de vista ideológico, você tenha a classe operária, por exemplo, aderindo a esse pensamento. (...)
O que torna a luta de classes tão difícil, quase invisível para nós, é essa interiorização da ideologia
4
Precisamos pensar que se de um lado temos uma conjuntura política facetada por um
corpo social despolitizado, pela ausência da militância, uma intelectualidade silenciada,
indiferente, apática, um individualismo em potencial fazendo parecer um esvaziamento político, é
preciso nos perguntar, esvaziado para quem e por que se as sociedades permanecem submetidas a
um Estado que determina as relações da sociedade civil e qualquer classe que, de momento
governa, deve passar pela sua “majestosa vontade” que tem sua existência fundada nas condições
econômicas da vida da sociedade?
Isso nos alerta para o fato de que segundo Frigotto (1995) não se pode confundir os
processos históricos que transformam a estrutura social, os processos produtivos, a divisão e o
conteúdo do trabalho, suas formas de produção e os processos educativos como uma
necessidade de refuncionalização das relações sociais dominantes com as transformações
fundamentais que mudam e alteram a natureza dessas relações, lembrando que o longo processo
de passagem do feudalismo para o sistema capitalista não representou a superação de uma
sociedade marcada pela opressão, servilismo e desigualdade de classes para uma sociedade livre e
igualitária. A superação do servilismo e da escravidão não foram pressupostos para a abolição da
sociedade classista, mas condição necessária para que a nova sociedade capitalista pudesse sob
uma igualdade jurídica, formal e, portanto, legal (certamente não legítima), instaurar as bases das
relações econômicas, políticas e ideológicas de uma nova sociedade de classes.
Desse modo, enfrentar o desafio de se pensar o quadro de ampliação da análise do
discurso buscando solidez para seu projeto teórico-metodológico dois aspectos merecem
destaques: o primeiro diz respeito às considerações políticas e ideológicas expostas anteriormente,
as quais no nosso ponto de vista delineiam uma análise do discurso político para além da visão
inicial desenvolvida na frança com base em corpora classicamente políticos, ou seja, pensar a
discursividade política numa perspectiva polissêmica. Em que se apóia a noção polissêmica?
Inicialmente, ela surge da idéia de que os homens ao se agregarem cada vez de modo
diverso por condições históricas determinadas efetuam do ponto de vista social um trabalho
sobre si mesmos conformando as relações sociais ao âmbito político. Esse trabalho se materializa
nas atividades das práticas de linguagem.
Nessa ótica, apreender o político pela linguagem significa, em termos de produção de
sentidos, buscar a compreensão de como os fenômenos políticos se instalam ou se constituem
discursivamente numa confluência de espaços e de poderes nem sempre passíveis de clareza e
visibilidade, o que quer dizer pensar, teoricamente, a análise do discurso político com base em
discursos que tornam possíveis tanto a emergência de uma racionalidade política quanto à
regulação dos fatos políticos. Além do mais, a palavra “política” articula conceitos construídos
sob pontos de vistas que se completam, se omitem, se excluem, ou seja, os conceitos nunca são
puros, eles vêm marcados pela historicidade que se agrega a sua existência categorial.
É preciso indagar sobre o que concebemos como linguagem política: ela diz respeito a
uma atividade política de alguns profissionais da sociedade ou concerne a todos nós, por que
vivemos em sociedade? Ela diz respeito à ação que todos os indivíduos realizam quando se
relacionam com o poder? Ela se refere às atividades do governo ou a toda ação social que tenha
como alvo ou como interlocutor o governo ou o Estado? Ela diz respeito à administração do
que é público ou a tudo que se refira à organização e gestão de uma instituição pública ou
privada?
Ao concebermos práticas discursivas como formações discursivas inseparáveis das
comunidades discursivas que as produzem e as difudem como modo de organizaçõ dos homens
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e como rede específica de circulação de enunciados que testemunham um tempo histórico:
discurso religioso, científico, literário, didático... não seria mais pertinente extrair “o político” das
tipologias discursivas ao invés de nos prendermos a uma linguagem marcadamente política?
Afinal, o que entendemos em termos de sentidos e de significação em relação à linguagem
política, qual é a sua abrangência?
Articular esses questionamentos com a idéia de o político como ato de fundação em que a
sociedade se constitui em condições históricas determinadas e a ação política sobre a conduta
humana como determinante da conformação social é que abre uma fresta para se pensar a noção
de polissemia na discursividade política.
O segundo aspecto diz respeito ao quadro atual de ampliação e de transversalidade da
análise do discurso como um campo de saber da linguagem. Lidar com tantos recortes tal como o
campo está configurado é demasiado interessante; é um trabalho que nos remete à montagem de
uma colcha de retalhos - um trabalho de criação. A colcha para ficar vistosa, resistente, com
acabamento bem feito, todo o conjunto depende da montagem, do esforço da criação. Ver-se-á
no resultado a importância que se deu aos detalhes: tipo de tecido, tamanho dos retalhos, cores,
etc.
Nesse sentido, a transversalidade possibilita-nos estabelecer interlocuções entre vertentes
fazendo reconfigurações e deslocamentos. Essa possibilidade interlocutiva, no nosso ponto de
vista, se dá em duas dimensões. Na primeira dimensão ela dialoga com as disciplinas correlatas à
ciencia lingüística: Semântica, Pragmática, Teoria da Enunciação, Semiótica e outras. A segunda
dimensão diz respeito às disciplinas do domínio das ciências humanas: História, Sociologia,
Filosofia, Política, Psicologia, etc. É uma relação de “mão dupla”. A relação interlocutiva entre as
duas dimensões é que exige ao analista ser lingüista e deixar de sê-lo ao mesmo tempo. Se de um
lado a discursividade possui uma ordem distinta da materialidade da língua, de outro lado, ela se
realiza na língua. “Situação de desequilíbrio que tanto impede a AD de deixar o campo
lingüístico, quanto de enclausurar-se nesta ou naquela de suas escolas ou de seus ramos”
(Maingueneau, 1993, p. 17 -18).
Das disciplinas correlatas à ciência lingüística é fundamental destacarmos a Teoria da
Enunciação e a Pragmática pela problemática que elas estabelecem com a AD.
A questão da enunciação não deixa de ser complexa para a AD, na medida em que o
enunciado está na ordem do repetível e a enunciação na de acontecimento ímpar, ou seja, no caso
do enunciado, um discurso pode ser retomado, enquanto que a enunciação é um acontecimento
histórico, jamais repetível. Uma das contribuições relevantes da reflexão sobre a enunciação
lingüística foi a de por em evidência a dimensão discursiva da atividade lingüística de tal forma
que o enunciado se refere ao mundo da enunciação, ou seja, ele encerra-se como a descrição da
enunciação, ele é o seu produto. Através do enunciado a enunciação veicula sua imagem. Nesse
sentido, o tratamento discursivo da enunciação/enunciado significa uma ruptura com as
concepções de tratamento lingüístico obrigando-nos a ver além da superfície da língua, a perceber
pelas marcas lingüísticas as “manobras” da enunciação, os jogos enunciativos, etc.
Quanto à pragmática, em primeiro lugar, dizemos com Maingueneau (1996) que na
confluência de reflexões de diversas procedências, a pragmática dificilmente se deixa
circunscrever. Por um lado, tem-se a impressão de que ela só invadiu recentemente as ciências
humanas, por outro, ouve-se evocá-la para reflexões sobre a linguagem que são bem antigas.
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De fato, os estudos retóricos (força persuasiva do discurso, questões relativas à sua
eficácia e ao contexto em que o discurso era produzido) demonstram um objeivo pragmático.
Esta perspectiva permeou sempre as reflexões européias sobre a linguagem, que se pode dizer
fundada na dissociação entre o lógico e o retórico.
O primeiro, articulado sobre uma ontologia, coloca-se a questão do enunciado verdadeiro
através de uma análise da proposição; o outro, apanágio dos sofistas e dos retóricos, deixa de lado a
questão da verdade para apreender a linguagem como discurso produtor de efeitos, como poder de
O que torna possível a persuasão é o potencial de articulação desse sistema com as três
provas engendradas pelo discurso: o logos (representações, possibilidades temáticas, saberes
enciclopédicos, os estereótipos), o ethos (imagem especular do orador), o pathos (reação
desencadeada nos ouvintes). Destas três provas, o ethos tem uma importância destacável, pois o
exercício da palavra e a execução do discurso se vinculam a ele como sujeito da enunciação. De
fato, a noção de ethos, nos atuais estudos de abordagem discursiva, tem passado por re-
elaborações e ampliações.
Dominique Maingueneau um dos teóricos contemporâneos da análise do discurso e da
pragmática, já referendado neste trabalho, ao propor um modelo integrado das diversas
dimensões do discurso – “semântica global” – em Genèses Du Discours (1984), reserva um lugar
determinante para a enunciação e o enunciador como um dos planos semânticos em que tais
noções se articulam com a noção de ethos uma vez que o enunciador deve se conferir e conferir
a seu destinatário certo status para legitimar seu dizer. Essa noção encontra correspondência na
obra, anterior, Novas Tendências em Análise do Discurso (1993), na qual a noção de ethos se encontra
desenvolvida de forma articulada à cena de enunciação – cenografia. Nessa perspectiva ele
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A esse respeito ver MOSCA, Lineide do Lago Salvador. Velhas e Novas Retóricas: Convergências e
Desdobramentos. In: Retóricas de ontem e de hoje. Lineide do Lago Salvador Mosca (org). São Paulo –
Humanitas Editora FFLCH/USP, 1997, p.16-51
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estabelece uma relação com a idéia de um “tom”. O “tom” se apóia sobre uma dupla figura do
enunciador, a de um “caráter”, a de uma “corporalidade”, estreitamente associados.
Se existe deixis discursiva é porque uma formação discursiva não enuncia a partir de um
sujeito, de uma conjuntura histórica e de um espaço objetivamente detrmináveis do exterior, mas por
atibuir-lhe a cena que sua enunciação ao mesmo tempo produz e pressupõe para se legitimar.
discurso, mas, além disso, esse conteúdo acaba por “tomar corpo” por toda parte graças ao modo de
enunciação: os textos falam de um universo cujas regras são as mesmas que presidem sua enunciação.
Se, em um quadro “antisubjetivista”, pensa-se, não sem pertinência, a enunciação como associada a
um “lugar”, a uma “posição” atribuída pelo discurso, não se deve por isso ver no enunciador um mero
ponto de entrecruzamento de séries institucionais: ele se constrói também como um “tom”, “caráter”
Se a herança retórica é ainda bastante válida em nossos dias, tendo ela fornecido a
se delineando. Pode-se considerar uma continuidade no eixo histórico, ainda que com
que a Retórica, desde as suas origens, envolveu ao mesmo tempo o teórico - uma teoria
dos espíritos às teses que se apresentam a seu assentimento: uma argumentação eficaz é
a que consegue aumentar essa intensidade de adesão, de forma que se desencadeie nos
ouvintes a ação pretendida (ação positiva ou abstenção) ou, pelo menos, crie neles uma
p.50).
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negociação entre as partes. O ato argumentativo torna o confronto ou o conflito
administrável.
O caráter do que é plausível, aceitável, faz parte do jogo que se estabelece no acordo
entre as partes. Nesse contexto, não cabe mais falar em adversário, mas em partners,
envolvidos numa troca, com normas partilhadas. O ato de persuadir, finalidade maior
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A esse respeito ver MARTEL, Guylaine. Le débat politique télévisé – Une estratégie argumentative en trois
dimensions: textuelle, interactionelle et émotionnelle. In: Les Émotions Dans Les Interactions. Presses
Universitaires de Lyon, 2000. Martel concebe que a estrutura geral da argumentação contempla três dimensões: a
textual, a interacional e a emocional. A dimensão textual remete à organização da matéria argumentativa,
principalmente aos tipos de argumentação e à forma de sua apresentação; a dimensão interacional remete aos
diferentes procedimentos de harmonização entre os interlocutores, isto é, os meios pelos quais o locutor cria um
ambiente propício ao desenvolvimento da argumentação e prepara seu interlocutor para recebê-la
favoravelmente; a emocional remete aos procedimentos que permitem a um locutor atrair a simpatia, a
aprovação e a adesão de um auditório. Fazer uma análise das dimensões de forma fragmentada, de acordo com
Martel, consistirá na redução da organização argumentativa à dimensão textual.
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Uma classe argumentativa constitui-se de um conjunto de enunciados que podem igualmente
servir de argumento que apontam no sentido de uma mesma conclusão. Daremos um exemplo,
extraído de nosso corpus:
Teremos uma escala argumentativa quando dois ou mais enunciados de uma classe se
apresentam em gradação de força crescente. Por exemplo: considerando a frase acima (1)
(arg. + forte) arg. 2 - é competitiva no mercado internacional
arg. 1 - é uma usina integrada - líder no mercado brasileiro
arg. 3 - é moderna e atualizada tecnologicamente
arg. 4 - Não dão prejuízo
Em relação aos tipos de operadores argumentativos, há os que assinalam o argumento mais
forte de uma escala orientadora no sentido de determinada conclusão, por exemplo, até mesmo,
inclusive; há os que somam argumentos que fazem parte de uma mesma classe argumentativa,
como também, ainda, nem, (= e não), não só... mas também... Há muitos outros.
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Ver ADÃO, Sônia M. Sobre o Corpus de Análise. IN: Os Discursos Confrontados no Processo de Privaização:
O caso Companhia Vale do Rio Doce. Tese de Doutorado da Faculdade de Letas da Universidade de São
Paulo/USP, 2006.
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Os textos desse esboço de análise estão distintos da seguinte forma:
L1(FD1): Inicia sua proposição situando a privatização da CVRD como ação importante na
modernização do Estado e da economia do Brasil. Depois buscando envolver o alocutário,
estabelece um tom “cordial” persuasivo:
"Existem ainda, no entanto, pessoas que se perguntam se é necessário privatizar a Vale do Rio Doce. A essas pessoas
As expressões existem ainda, no entanto, pessoas são expressões que resguardam uma certa
consideração para com aqueles que ainda não compreenderam a necessidade da privatização.
Ainda funciona como um operador argumentativo que leva o alocutário a pressupor que toda a
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população está de acordo que a necessidade de se privatizar a CVRD e que essa necessidade para
a maioria é muito óbvia. A expressão existem pessoas - em terceira pessoa - por se tratar de um
referente de caráter genérico - protege o locutor de um confronto eu/você. Em seguida, na
expressão a essas pessoas quero dizer que... o referente genérico é integrado, estrategicamente, na
enunciação, estabelecendo-se um clima conversacional.
Esse locutor representa a imagem do saber político o qual presume a condição de
governança: competência, racionalidade, capacidade de negociar e decidir. Saber esse presuposto
no exercício da função pública. Depois centra-se na Reforma do Estado. A organização
enunciativa é de quem sabe o que está fazendo e fazendo melhor para o país, para o povo.
Garante ao alocutário a eficiência da privatização e a positividade dos resultados que daí
decorrerão, para isso enumera as principais desvantagens da vale privatizada:
- os inconvenientes da máquina estatal para continuar gerindo o sistema CVRD: A primeira delas é a falta de
recursos da União para investir na empresa;
- prioridades do governo: Não é mais prioridade do governo federal aplicar recursos escassos em atividades empresariais,
visto que o capital privado dispõe de melhores condições financeiras e gerenciais para exercê-la.
E apresenta as vantagens da privatização que terão tanto a Vale enquanto empresa, como o
governo:
- maior liberdade empresarial para a Vale: como empresa estatal, a Vale não só está limitada em
sua capacidade de investir, mas também tolhida em sua mobilidade empresarial, por estar sujeita a
reduzir a dívida líquida do setor público, que é a variável-chave para o ajuste fiscal;
contas públicas e no processo de modernização da estrutura produtiva, os dois grandes desafios para
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Esse locutor de representação coletiva associa a privatização da CVRD a um imenso
prejuízo econômico e a um irreparável erro político para a nação. Para esse locutor, a Vale não
constitui apenas uma empresa que explora e comercializa o minério. A CVRD, na fala deste
locutor, é um patrimônio nacional. Em seguida, faz as seguintes acusações:
- "Não vemos legitimidade desta pretensão, pois em momento algum da campanha que elegeu o Presidente
- "O presidente da República, sem ouvir a sociedade e sem consultar o Parlamento, decidiu vender as ações
ordinárias da Companhia Vale do Rio Doce que asseguram o controle público sobre uma das mais
importantes empresas nacionais, e das primeiras do mundo no setor de mineração".
- ao privatizar uma grande empresa, como a CVRD, o Brasil está deixando de se constituir em fundo nacional de
- a privatização vai inibir o compromisso social que a empresa tem com municípios e estado brasileiros.
5. Conclusão
Paramos por qui. As idéias e os questionamentos são inúmeros, mas a condição nos
impõe restrições.
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Do que conseguimos desenvolver é importante ressaltar que duas reflexões colocadas
carecem de continuidade para que sejam aprimoradas: a primeira refere-se à noção polissêmcia na
perspectiva da discursividade política a qual requer pensar a análise do discurso político para além da
visão inicial desenvolvida, na França, baseada em corpora especificamente políticos.
A idéia do sentido polissêmico surge com o intuito de recobrir em diferentes práticas de
linguagem a dissimulação e a opacidade das confluências ideológicas e de poderes nem sempre
passíveis de clareza e visibilidade de maneira a atestar nosso compromisso de desmistificar a
suposta transparência da linguagem demonstrando que há muitas maneiras de significar, que a
significação é processual, que a linguagem orienta o sentido, mas não o comporta, pois ele não
está pronto, ele é construído na relação de interlocução. Essa reflexão teve seu primeiro
delineamento no artigo disponibilizado ao VIII ENIL 4 .
A segunda reflexão se refere ao “discurso” como objeto de intercessão de várias
vertentes, explicitada no início desse trabalho. A relação de fronteira que decorre de tal
intercessão apresenta um aspecto positivo: proporcionar interlocuções seja por entrecruzamentos
ou deslocamentos, certamente, responsáveis por esse novo olhar para a linguagem. Nesse
sentido, é inegável que a análise do discurso de linha francesa tenha disponibilizado dispositivos
teóricos e metodológicos favoráveis à construção da análise do discurso como um novo
paradigma nos estudos no campo da linguagem.
6. Referências
ADÃO, Sônia Maria. Os discursos confrontados no processo de privatização: o caso Companhia Vale do
Rio Doce. Tese de doutorado da Faculdade de Letras da Universidade de São Paulo/USP, 2006.
AMOSSY, Ruth (org). Imagens de si no discurso: a construção do ethos. São Paulo: Contexto, 2005.
ANSCOMBRE, Jean-Claude, et DUCROT, Oswald. L'Argumentation Dans La Langue. In:
Argumentation et discours scientifique. Langages. Didier - Larousse, Paris, juin/1976.
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VIII ENIL – Encontro Nacional de Interação em Linguagem Verbal e Não Verbal e II Simpósio Internacional
de Análise Crítica do Discurso – Universidade de São Paulo, agosto/2007
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_________________________. Genèse du discours. Pierre Mardaga, Editeur, Bruxeles, 1984.
_________________________. Noções de Pragmática. In: Pragmática para o Discurso Literário;
tradução Marina Appenzeller; revisão da tradução Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes,
1996. p.1-30.
MARTEL, Guylaine. Le débat politique télévisé. Une stratégie argumentative en trois dimensions:
textuelle, interactionnelle et émotionelle. Presses universitaires de Lyon, 2000.
Carta de Itabira: Privatizar a Vale é entregar as riquezas do país. Prefeitura Municipal de Itabira
(Itabira, 02 de junho de 1995).
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