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Méier

Bernardo França História e Teoria do Urbanismo II


Hugo Reis Prof.: Julio Cesar Rodrigues
Leticia Pessôa FAU/UFRJ - 2021.2
Mariana Vasconcelos Turma B
Contextualização
Sendo um dos bairros mais tradicionais do Rio de Janeiro, o Méier fica localizado na Zona Norte e faz divisa
com o Lins, o Engenho de Dentro, o Cachambi, o Engenho Novo e Todos os Santos. De acordo com o IBGE,
em 2010 o bairro possuía 49.828 habitantes, sendo o 31º mais populoso do município, além de um IDH alto
de 0,931.

https://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A9ier#/media/Ficheiro:M%C3%A9ier.svg
Google Maps
Histórico do bairro

Primeiros habitantes do Méier


- Serra dos Pretos Forros

Até Século XVIII - propriedade


dos jesuítas, engenhos de
cana-de-açúcar

Conheça o bairro do Méier


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=wFRLMifYtOA
Histórico do bairro
Expulsão dos Jesuítas e declínio da economia da cana-de-açúcar -->
fragmentação de engenhos

Camarista do Paço Imperial e amigo de D. Pedro II, Augusto Duque


Estrada Meyer foi presenteado com as terras, e, mais tarde, emprestaria
o sobrenome ao bairro. Além disso, várias ruas foram nomeadas
segundo integrantes da família Meyer.

Região extensa e importante para o crescimento da cidade --> no início


atende ao transporte coletivo – carruagens e bondes à tração animal – e
mais tarde, abastece as tropas na Guerra do Paraguai
Criação da linha
férrea
1882 --> Augusto Meyer falece

13/05/1889 --> Estação de trem do


bairro é criada, com o sobrenome
do Duque (exigência da família
como homenagem, que cedeu as
terras para a instalação)

AO LADO: Nova passarela do Meier em 1923 (O


Malho, 2/7/1923)
Bondes x Ferrovia
Em 1888 a CIA ferro-carril de Vila
Isabel e porteriormente a CIA
ferro-carril do Cachambi
inaugurou linhas de bonde que
viriam a ter grande importância na
região. Entretanto, foi com a
inauguração da Estação de trem do
Meyer na Estrada de Ferro Dom
Pedro II no ano seguinte que as
dinâmicas do local foram
realmente marcadas.

A CIMA: Croqui retirado de "Paisagem Urbana da


Zona Norte do Rio: O Caso do Méier"
Bondes x Ferrovia
Bondes tiveram um papel essencial na
urbanização de áreas servidas pela ferrovia.

Urbanização espacial que se voltava para essa


associação de bondes e trens.
Linha férrea isoladamente - define o eixo de
ocupação, enquanto os bondes permitem
ocupação mais densa e uniforme

O Méier era uma dessas regiôes que possuía


linhas de bonde fortemente integradas com a
ferrovia (Estrada de Ferro Dom Pedro II), além
de grandes conexões com linhas de bondes, que
demandavam zonas mais distantes.

Bonde destino Meyer - Acervo Digital Afro-Brasileiro


Meiér como centro do subúrbio
Conceito original e geral de subúrbio relacionado ao fato de representar um
espaço à margem do centro. Lugar valorizado para classes abastadas que fugiam
do Centro da Cidade que se caracterizava por insalubridade, congestionado pela
classe popular e altamente atingidos por epidemias.

Primeiras décadas do séc XX o Méier foi alçado à condição de capital dos


subúrbios, por seu ativo comércio, infraestrutura e serviços promovidos pelas
linhas de bondes que convergiam para o seu centro.

A criação das linhas de bonde que tinham início ou passavam pelo Méier o
colocou numa posição geográfica que o tornou ponto de passagem natural de
várias linhas.
O Méier é ponto inicial de quatro linhas de bondes,
uma até de grande extensão, a de Inhaúma, e
outra que leva à Boca do Mato, lugar pitoresco,
que já teve fama de possuir bons ares, para curar
“moléstias do peito”, como diz o povo.

Além das quatro de que falei, três linhas, vindas


do centro da cidade, passam por esta localidade,
de modo que a impressão que dá não é bem de um
subúrbio, mas de uma cidade média. Junte-se a
isto a Central com os seus trens de subúrbios, e
verão que não aumento.

É o Méier o orgulho dos subúrbios e dos


suburbanos. Tem confeitarias decentes, botequins
frequentados; tem padarias que fabricam pães,
estimados e procurados; tem dois cinemas, um dos
quais funciona em casa edificada adrede; tem um
circo-teatro, tosco, mas tem; tem casas de jogo
patenteadas e garantidas pela virtude, nunca
posta em dúvida, do Estado, e tem boêmios, um
tanto de segunda mão; e outras perfeições
urbanas, quer honestas, quer desonestas.
(Lima Barreto, 1921)
Reforma Pereira Passos
Reforma promovida pelo prefeito Pereira Passos --> mudanças na capital tiveram um caráter
urbanístico, sanitário e também comportamental -
Deslocamento da classe operária do Centro para os subúrbios
Marco característico da urbanização capitalista do Rio de Janeiro e início da política discriminatória em
relação ao subúrbio ferroviário
Conceito carioca de subúrbio: trem como meio de transporte, população proletária mais desfavorecida
e relação íntima com o centro da cidade.
Capitalização da lógica urbanista aumenta a dicotomização, que é visível nos investimentos
direcionados para a circunscrição do Méier em comparação com as circunscrições centrais da
candelária e do sacramento
Reforma Pereira Passos
Uma das mudanças dessa reforma é
referente a rua Vinte e Quatro de Maio,
uma das principais vias de acesso ao
Méier e paralela a linha férrea. É um
dos pontos críticos do bairro, pela má
conservação, pelo trânsito
constantemente engarrafado e pelos
episódios de violência. Antigamente,
não tinha a extensão atual. A rua, que
resultou da fusão das ruas da Estação,
do Leite e Gonçalves, terminava no
início da Barão do Bom Retiro. Por
iniciativa de Pereira Passos, foi
prolongada até alcançar o início da Dias
da Cruz.
Plano Agache
Agache define o Méier como um subúrbio operário
no seu plano intervenção já que o mesmo é próximo
da até então área industrial do Rio, além de ser
servido de uma vasta rede de transporte e expressiva
população.
Ainda aponta as dificuldades estruturais
enfrentadas pelos subúrbios operários próximos a A CIMA: Croqui retirado de "Paisagem Urbana da
Linha Férrea Central do Brasil causadas pela Zona Norte do Rio: O Caso do Méier"

ausência de um plano prévio, cuja resultou na


justaposição dos lotes

AO LADO: Tabela retirada de "Evolução Urbana do


Rio de Janeiro"
Ele previa a criação do que ele
chamou de ossatura rodoviária
interligando o bairro operário às
vias que levam á zona industrial,
além da inserção de áreas livres
servidas de espaços recreativos e
inferências sobre a regulamentação
do saneamento.

AO LADO: Desastre entre o Meier e Todos os Santos


em 1926 (A Careta, 24/4/1926).
Valorização da Região:
Jardim do Méier AO LADO Croqui retirado de "Paisagem Urbana da
Zona Norte do Rio: O Caso do Méier"

A Praça Jardim do
Méier foi
construída em 1916
á pedido da
população da
região por ser um
terreno sem uso
específico. O
Coreto foi tombado
em 1985 pelo
INEPAC como
patrimônio cultural
do Rio de Janeiro.
ACIMA Jardim do Méier no seu ano de inauguração. Disponivel em:
<http://oriodeantigamente.blogspot.com/2011/01/meier.html>
Valorização da Região:
Hospital Salgado Filho

O Hospital Municipal
Salgado Filho, inaugurado
no dia 12 de outubro de
1920, leva o nome de
Joaquim Pedro Salgado
Filho que foi ministro do
trabalho, da indústria e do
comércio no governo
Vargas.
Disponível em: <https://www.band.uol.com.br/noticias/homem- Disponível em:
morre-apos-ser-internado-com-braco-quebrado-no-hospital-salgado- <https://twitter.com/ORioAntigo/status/130308
filho-16314226> 0892227878912>
Valorização da Região:
Cine Imperator
(Centro cultural João Nogueira) AO LADO Croqui retirado de
"Paisagem Urbana da Zona Norte
do Rio: O Caso do Méier"
Entre 1937/45, a vida noturna tornou-se intensa e, na década
de 1950, o bairro do Méier passou por grandes
transformações, principalmente no eixo da rua Dias da Cruz.
Podemos citar como principal mudança o Cine Imperator.

Quando aberto em 1954, o Cine Imperator foi considerado a


maior sala de cinema da América Latina, mas foi fechado na
década de 80 devido ao surgimento dos shoppings centers.
Após alguns anos o Imperator reabriu, porém agora como
uma casa de shows que funcionou até 1996.
Depois de diversas tentativas de ressignificá-lo, apenas em
2012 o Cine Imperator voltou as atividades com Centro
Cultural João Nogueira.
Durante muito tempo a galeria do Cine Imperator foi um dos
pontos de grande movimentação cultural da Cidade.
ACIMA: Foto do Cine Imperator
em Novembro de 1985
Anos 60
Outra construção marcante foi o Shopping do Méier
(1963), o primeiro do gênero a ser inaugurado no
Brasil;

Bairros suburbanos de ocupação mais antiga se


encontram em fase de renovação de velhas
construções;

População de maiores recursos (dentro da classe


média);

Predominância da função residencial somado ao https://flanelapaulistana.wordpress.com/2007/12/11/meier-


grande desenvolvimento da função comércial; uma-cidade/

Méier junto a Madureira se transformam em


grandes subcentro da cidade.
Desenvolvimento nos anos
1990

SUBSTITUIÇÃO REINAUGURAÇÃO
DOS BONDES POR DO CINE
ÔNIBUS IMPERATOR
Resultou na valorização
COMO CASA DE
SHOW imobiliária da região.
AUMENTO DA INAUGURAÇÃO
SEGURANÇA COM DA LINHA
AS UPPS AMARELA
Rio Cidade
Rio-Cidade foi um programa de urbanismo do Rio de Janeiro. Teve início na primeira gestão de Cesar Maia na
prefeitura (1993-1996) e teve continuidade na administração seguinte de Luiz Paulo Conde (1997-2000)

Projeto foi desenvolvido pelo


Instituto Municipal de Urbanismo
Pereira Passos e executado pela
Riourbe, foram realizadas em duas
fases: de 1993 a 1996 e de 2003 a
2004.

A primeira fase contou com uma


série de modificações,
principalmente no lado da Rua Dias
da Cruz, que, ao término das obras,
estava totalmente repaginada.
Também foi nesse período que o
Méier ganhou a Praça Agripino
Griecco e os dois terminais
rodoviários que atendem à
população local. http://oriodeantigamente.blogspot.com/2011/01/meier.html
Praça Agripino Grieco
A Praça Agripino Grieco possui uma vasta
feira durante o dia, atraindo consumidores
da Dias da Cruz. O anfiteatro presente na
praça é utilizado para apresentações de
peças, rodas de samba e capoeira.

A CIMA: Imagem da Praça Agripino Grieco retirada


do texto "Os Espaços Livres e a Estruturação da
Paisagem: Uma avaliação das Pracialidades do
A CIMA: Croqui retirado de "Paisagem Urbana da Subúrbio Ferroviário do Rio de Janeiro"
Zona Norte do Rio: O Caso do Méier"
Rio Cidade
A segunda etapa do Rio Cidade Méier concentrou-se nas
proximidades do Hospital Municipal Salgado Filho e dos
quartéis do Corpo de Bombeiros e do 3º Batalhão de Polícia
Militar. As obras, realizadas numa área de 82.500m²,
abrangeram as ruas Aristides Caire (até a estação), Lucídio
Lago (da Praça Canadá até a Rua Frederico Méier), Foto Cleomir Tavares / Diario do
Frederico Méier, Arquias Cordeiro (lado da linha férrea e
trecho da Aristides Caire até o Hospital Salgado Filho) e
Carolina Méier.

Dentre as melhorias do Rio Cidade destacam-se revisão do


traçado das ruas, fresagem erecapeamento asfáltico,
tratamento paisagístico, infra-estrutura, iluminação pública,
arborização e instalação de novo mobiliário urbano.
Leão do Méier (Foto: Reprodução/Google Maps)

Rio Cidade
A Dias da Cruz teve suas calçadas alargadas
e repavimentadas para dar mais conforto aos
pedestres, mas conservou o espaço especial
dominado por um dos símbolos do bairro, a
imponente estátua de um leão, que chama a
atenção de quem passa pelo local. É nesse
lado que atualmente está concentrada a
maior parte do comércio do bairro.

O trecho da principal transversal, a Rua 24


de Maio, também recebeu melhorias. A
fachada e o calçadão próximo à estação do
Méier foram totalmente remodelados,
ganhando uma passarela mais ampla sobre a
ferrovia que liga o lado da Rua Dias da Cruz
ao da Rua Arquias Cordeiro. No local foi
instalada uma escada rolante com cobertura.
É no lado da Arquias Cordeiro que está o
antigo Jardim do Méier, principal praça do
bairro, fundada em 1916.

Passarela do trem (Foto: Google Maps)


Zoneamento
AO LADO: Imagem do bairro
retirado do Google Maps e
editado para destacar os usos

Os principais centros comerciais do


Méier se desenvolvem a partir da
estação, como é perceptível pela Rua
Dias da Cruz, principal logradouro
comercial do bairro, e a área
institucional que se encontra ao
nordeste da linha Férrea.

AO LADO: Croqui retirado de "Paisagem Urbana da


Zona Norte do Rio: O Caso do Méier"
Área Institucional
23 Delegacia de Polícia do Méier

2° Grupamento de Bombeiros do
Méier

Defensoria Pública do Rio de


Janeiro

3° Batalhão da Polícia Militar

Hospital Municipal Salgado Filho

Google Maps
Segundo o Decreto Nº 322 de 3 de março de 1976, o
bairro foi separado em Zonas Residenciais de
diversos tipo com a presença de Centros de Bairro
que correspondem aos principais centros comerciais
do local.

A CIMA: Imagem recortada da legislação bairro a


bairro para demonstrar o zonemanento
Bibliografia
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Quem foi Salgado Filho, personagem que dá nome ao hospital municipal do Méier? Disponivel em
<https://soumeier.com.br/curiosidades/quem-foi-salgado-filho-personagem-que-da-nome-ao-hospital-
municipal-do-meier> Acessado em 24 jan 2022
Um passeio pelos bairros do Rio de Janeiro | Ep. 03 - Méier - Appai Associação de Professores. Disponível em
https://www.youtube.com/watch?v=wCM9dzHe8ac

Vinte e Quatro de Maio. Disponível em: https://daquidomeier.wordpress.com/tag/lima-barreto/

MEIER. A história do Rio de Janeiro. Disponível em: http://oriodeantigamente.blogspot.com/2011/01/meier.html

Rio de Janeiro. Projeto de Lei nº 4313/2018 DECLARA PATRIMÔNIO CULTURAL DE NATUREZA


IMATERIAL A RODA DE CAPOEIRA DO SARAVÁ, LOCALIZADA NA PRAÇA AGRIPINO GRIECO, NO
BAIRRO DO MÉIER, NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO. Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro [2018]

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