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Bethania Mariani
(UFF/CNPq/LAS)1
Silmara Dela Silva
(UFF/FAPERJ/LAS)2
1
Professora Titular do Departamento de Ciências da Linguagem, Instituto
de Letras, da UFF, e pesquisadora do CNPq (bolsa nível 1C). É docente do
Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem desde 1998 e uma
das coordenadoras do Laboratório Arquivos do Sujeito (LAS), fundado em
2007. É doutora em Linguística pela UNICAMP, com pesquisas na área de
Análise de Discurso e História das Ideias Linguísticas. E-mail: bmariani@
id.uff.br.
2
Professora Adjunta do Departamento de Ciências da Linguagem, Ins-
tituto de Letras, da UFF, e Jovem Cientista FAPERJ (2015/2017). Uma
das coordenadoras do Laboratório Arquivos do Sujeito (LAS) e docente
do Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem. É jornalista
e doutora em Linguística, com pesquisas na área de Análise de Discurso.
E-mail: silmaradela@gmail.com.
sentidos em relação à conjuntura em que se inscreve, em relação a
sua historicidade.
Neste trabalho, nosso objetivo é revisitar um percurso de
constituição da análise do discurso como uma disciplina de interpre-
tação, em seu funcionamento no campo dos estudos da linguagem.
Tomamos, assim, como foco a discussão acerca do lugar da teoria do
discurso no qual se imbricam o pensamento francês e o pensamento
brasileiro, cujo entrelaçamento porta uma memória a ser mencio-
nada, e retomada em vários momentos: a análise do discurso que se
com que essa mesma tomada de posição ganhe corpo e passe a traçar
novos percursos no Brasil, notadamente a partir do início da década
de 1980. Paveau & Sarfati ([2003] 2006), ao mencionarem a atuação
de Pêcheux na elaboração de uma teorização sobre o discurso susten-
tada em bases que articulam a linguística, o materialismo histórico
seu ponto de vista, “o fim de uma época para além da qual todo
saber estaria por ser reinventado” (Pêcheux, 1988: 173). Para
Pêcheux, era necessário um vasto trabalho crítico de redefinição
das categorias de base das ciências humanas, o que implicaria um
retorno teórico sobre e para as próprias bases. Quando lemos o
conjunto de sua obra, podemos dizer que Pêcheux seguiu à risca
seu próprio programa sugerido nesse artigo de 1969, e até o fim
aceitou a inquietação e a falta de conforto implicados na recusa
em seguir as hegemonias teóricas ou práticas teórico-metodoló-
gicas que aparecem como evidência em dada conjuntura.
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Orlandi relata que esteve com Michel Pêcheux uma única vez, na cidade do
Rio de Janeiro, quando o ouviu dizer que a ideologia é um ritual com falhas.
Formas do si-
lêncio, que recebeu em 1992 o prêmio Jabuti, um dos prêmios mais
prestigiosos atribuídos a publicações brasileiras. A obra foi traduzida
para o francês e, ao entrar em circulação na França, foi coreografada
por George Appaix, da Companhia de dança La Liseuse. 237
REFERÊNCIAS
Colombat, B.; Fournier, J.M; Puech, C. Histoire des idées sur le langage et
les langues. Klincksieck, 2010.
Ferreira, M.C.L. “Introdução. O quadro atual da análise de discurso no
Brasil. Um breve preâmbulo”. In: Indursky, F.; Ferreira, M.C.L. (Orgs.).
Michel Pêcheux e a análise do discurso: uma relação de nunca acabar. São
Carlos: Claraluz, 2005: 13-22.
Gadet, F. “As mudanças discursivas no francês atual: pontos de vista
da análise de discurso e da sociolinguística”. In: Indursky, F.; Ferreira,
M.C.L. (Orgs.). Michel Pêcheux e a análise do discurso: uma relação de
nunca acabar. São Carlos: Claraluz, 2005: 51-74.
Herbert, T. [1968]. “Observações para uma teoria geral das ideologias”.
Rua, nº 1, março de 1995: 63-89.