CURADO, Odilon Helou Fleury. Linguagem e dialogismo. In: UNIVERSIDADE
ESTADUAL PAULISTA. Prograd. Caderno de formação: formação de professores didática geral. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2011, p. 26-33, v. 11.
RESUMO: O presente levantamento teórico sobre “Linguagem e dialogismo” visa
apresentar, de forma sistematizada, as principais concepções que norteiam o estudo e entendimento da linguagem. Nesse sentido, o texto faz uma reflexão sobre as três principais concepções de linguagem: 1) A linguagem como expressão do pensamento, 2) A linguagem como instrumento de comunicação, 3) A linguagem como processo de interação verbal. No que diz respeito à primeira concepção, o pensamento acaba surgindo antes mesmo da linguagem, logo, a linguagem é posta como monológica, ou seja, individualista, deixando de lado os fatores externos à enunciação. Além disso, essa concepção é baseada nos estudos tradicionalistas que privilegiam a gramática prescritiva em que todas as regras exteriorizam o nosso pensamento de forma organizada, em que é valorizado o bem falar e escrever. Em relação à linguagem como instrumento de comunicação, os estudos desenvolvidos surgem atrelados ao estruturalismo e gerativismo, em que Curado (2011), enfatiza que nessa concepção a língua é vista como um código, por meio do qual um emissor comunica determinada mensagem a um receptor, ou seja, temos um predomínio de um “tu”, tendo em vista que o ato de falar está interligado a comunicação de algo direcionada a um alguém, limitando-se ao funcionamento interno da língua, ademais, essa concepção descreve a língua em abstrato, isto é, isolada de qualquer contexto ou situação de uso. A última concepção é a base dos estudos da enunciação em diálogo com as contribuições de Bakhtin em que o sujeito passa a ser visto como um sujeito psico-social, portanto, a linguagem como interação verbal passa a ter uma visão dialógica, na qual existe uma gramática internalizada que o falante já domina e que em determinados contextos os discursos circulam e se adequam conforme o espaço comunicativo. Nessa premissa, o texto explora também conceitos teóricos sobre a “Teoria da Enunciação” em que M. Bakhtin argumenta que todo enunciado é pautado no diálogo. Como aporte teórico, foram utilizadas as contribuições de autores como Bakhtin (1979), Koch (1995, Geraldi (1997), Travaglia (1996), entre outros. Nesse sentido, este trabalho mostra o quão relevante é o conhecimento dessas teorias para a compreensão e reflexão do público docente, uma vez que, a aplicabilidade dessas teorias podem contribuir para a prática pedagógica de leitura, produção de textos, bem como nos estudos estruturais das variantes linguísticas, além disso, a maneira como o professor/ pesquisador vê a língua define sua forma de ensinar e enxergar a linguagem.
O Papel Mediador Das Interações Sociais e Da Prática Pedagógica Na Aquisição Da Leitura e Da Escrita Antonio Roazzi Telma Ferraz Leal Universidade Federal de Pernambuco (PE)