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Por uma abordagem discursiva da linguagem: esboço de um estudo e de um

entendimento

Victoria Wilson
Marcos Luiz Wiedemer

“Vivemos dominados por uma percepção redutora e


utilitária que converte os idiomas num assunto
técnico da competência dos linguistas. Contudo, as
línguas que sabemos – e mesmo as que não sabemos
que sabíamos – são múltiplas e nem sempre
capturáveis pela lógica racionalista que domina o
nosso consciente. Existe algo que escapa à norma e
aos códigos”.
(MIA COUTO, 2011)

Início de conversa

Um grande desafio na análise da linguagem diz respeito à possibilidade de


capturar a natureza dinâmica e social do fenômeno linguístico. Parte do desafio não só
está enraizado no que é óbvio, como também no fato não trivial de que a língua sempre
é situada no contexto. Portanto, está na base desse pensamento o fato de que a análise
linguística só pode ser realizada a partir da associação da estrutura à função interacional
da linguagem.

Ao desafio junta-se a dificuldade de compreender as nuances e imprecisões das


concepções de língua em uso ou uso da língua reivindicadas pelas várias correntes da
Linguística que, a partir de meados do século XX, se voltaram para a dimensão social
da linguagem. Segundo Corrêa (2011, p. 340), há uma diferença sutil, porém
fundamental “entre a perspectiva interacional – restrita ao encontro presencial de dois
interlocutores (onde falam sujeitos empíricos) – e uma perspectiva dialógica – marcada
tanto pelo encontro presencial quanto pelos encontros em ausência (onde falam sujeitos
do discurso)”.

Assim, admitir que a produção do discurso se dá de forma interacional, e que no


evento comunicativo estão em jogo determinados objetivos, que essa atividade é
sociocultural e sua estrutura é motivada por fatores diversos, e que há uma relação de
uso que um indivíduo ou uma comunidade estabelece com a fala/escrita, e que tais usos
discursivos são situados, (ou seja, há determinadas configurações particulares de usos e
modos regulares de falar/escrever) é assumir que as práticas discursivas são diferentes a
depender das esferas e dos grupos sociais, que posicionam o sujeito e são por ele
posicionados por relação à forma de aceder, tratar ou usar os discursos.

Somos herdeiros das dicotomias saussurianas e dos resultados das análises de


cunho estruturalista e da hipótese inatista da linguagem com seus desdobramentos no
campo da sintaxe e da cognição desenvolvidos a partir da teoria chomskyana. Nas
abordagens que privilegiam o discurso, prevalece o entendimento segundo o qual mais
do que aprender a língua(gem) como estrutura ou como conjunto de competências, é
preciso considerar o engajamento das pessoas em diferentes situações de comunicação,
no seio das comunidades de práticas (discursivas, sociais) nas quais circulam e se
inserem em que pesem as interações indispensáveis à construção dos sentidos e à
constituição dos enunciados.

No campo dos estudos discursivos, são muitas as concepções de língua em uso


ou uso da língua que variam de acordo com as correntes linguísticas que, no decorrer do
século XX, se debruçaram sobre a dimensão social da linguagem, como são exemplos
as linguísticas do discurso, de linha francesa, anglo-saxônica e americana, rompendo
com o paradigma estritamente formal da língua, isto é, com a perspectiva de que a
língua é somente sistema.

Uma das dimensões discursivas da língua(gem) é aquela que encontra


ressonância nos pressupostos bakhtinianos, nos estudos de caráter filosófico de Bakhtin
e do Círculo1 que abriram caminhos muito produtivos para a ciência linguística. A
ênfase nos estudos da linguagem e nas idiossincrasias do enunciado ou discurso, como
manifestação concreta e situada da língua que reflete e refrata a dinâmica da vida como
signo ideológico, orientou a reflexão em busca de uma teoria elaborada que pudesse
desfazer a distinção entre a oração como unidade de língua, de natureza gramatical, e o
enunciado como unidade de comunicação discursiva, portanto, de natureza distinta da
oração (cf. BAKHTIN, 2003, p. 278-9).
1
Sobre o Círculo Bakhtiniano, há muitos e profícuos estudos no Brasil, seja no âmbito da literatura,
primeira herdeira desses estudos, seja, posteriormente, no âmbito dos estudos da linguística dedicados ao
discurso. Mas não é objetivo deste artigo adentrar nas discussões já tão amadurecidas entre os estudiosos
do assunto.
Considerando as especificidades do discurso, o objetivo deste capítulo é
apresentar a abordagem discursiva da linguagem, primeiramente, segundo a teoria de
Bakhtin, refletindo sobre a perspectiva dialógica, para, em seguida, fazer um breve
panorama de outras abordagens discursivas centradas nos usos de diferentes linguagens
sociais em outros campos da linguística.

Bakhtin e a dimensão discursiva da linguagem


No adendo de Estética da criação verbal, Mikhail Bakhtin (2003/[1979])
ressalta a necessidade de se criar uma área de estudo dedicada à
língua/enunciado/discurso de modo a ultrapassar as fronteiras das formas e da estrutura
da língua tal como se ocupava a Linguística à época. Ao afirmar que o enunciado não se
presta a uma definição linguística e ainda requer uma metodologia especial ou até
mesmo uma ciência especial, Bakhtin deixa, em aberto, a possibilidade de se inaugurar
uma ciência que pudesse dar conta do enunciado/discurso tal como por ele abordado,
ciência essa denominada Metalinguística, distinta da Linguística, mas que a completa
sem absolutamente excluí-la2: (...) A Linguística e a Metalinguística estudam o mesmo
fenômeno complexo, muito concreto e multifacético – o discurso, mas estudam sob
diferentes aspectos e ângulos de visão. Na prática, os limites entre elas são violados com
muita frequência” (BAKHTIN, 2002, p. 181, apud BRAIT, B., 2006, p.11). Mais
adiante, Brait aponta que o termo discurso foi substituído por relações dialógicas, por
estas expressarem tudo que é externo à língua(gem): “As relações dialógicas (inclusive
as relações dialógicas do falante com sua própria fala) são objetos da Metalingüística”
(id. op.cit. p. 12).

Sob este prisma, Bakhtin introduz uma concepção de língua que se manifesta
como enunciado e, este, integrado aos diversos campos da atividade humana, emerge
em estreita relação com os gêneros do discurso e com as relações extralinguísticas. O
vínculo da língua e do discurso com a realidade leva o autor a afirmar que “a língua
passa a integrar a vida através dos enunciados concretos (que a realizam)”, e, assim, por
meio dos enunciados é que “a vida entra na língua” (op. cit., p. 265).

2
Para maiores esclarecimentos a respeito, recomendamos a leitura do texto Análise e teoria do discurso
de autoria de Beth Brait (2006), no livro: Bakhtin: outros conceitos-chave.
O discurso, assim compreendido, somente pode estar integrado à vida (social),
colocando em xeque a herança de uma concepção arbitrária do signo linguístico e, por
conseguinte, do entendimento da língua como sistema abstrato e autônomo
desvinculado do corpo social. Volóchinov (2017, p. 94) afirma que o signo é “um
fenômeno do mundo externo”, tem natureza interindividual e ideológica: “onde há signo
há ideologia”, portanto o campo de um coincide com o campo do outro
(VOLÓCHINOV, 2017, p. 93). Esse raciocínio conduz à dimensão histórico-social e
ideológica como ponto de partida para uma análise linguística.

Em síntese, a arbitrariedade do signo, tal como postulada pelos representantes do


paradigma formal, é substituída por uma concepção ideológica do signo. E por
ideologia, podemos compreender:

as diferentes formas de cultura, os sistemas superestruturais,


como a arte, o direito, a religião, a ética, o conhecimento
cientifico et. (a ideologia oficial) e, também os diferentes
substratos da consciência individual, desde os que coincidem
com a “ideologia oficial” aos da “ideologia não oficial”, aos
substratos do inconsciente, do discurso censurado. A ideologia é
a expressão das relações histórico-materiais dos homens (...)
(PONZIO, 2016, p. 113).

Como expressão das relações histórico-materiais, subjetivas, afetivas e


valorativas que caracterizam as interações humanas, só é possível compreender o signo,
inclusive o verbal, “determinado pelo horizonte social, de uma época e de um grupo
social” (VOLÓCHINOV, 2017, p. 110). Em decorrência disso, todo signo é valorativo e
atravessado por “ênfases multidirecionadas”, porque assentado na história e na luta de
classes. Somente a classe dominante é que tende a atribuir um caráter “monoacentual”
ao signo (cf. VOLÓCHINOV, op.cit., p. 113).

Tal concepção “axiologicamente estratificada da linguagem”, segundo Faraco


(2003, p. 56), desdobra-se em dois aspectos, fundamentais para a compreensão do
enunciado (discurso) em Bakhtin: a heteroglossia e a dialogização. A primeira refere-se
ao caráter plurivalente da linguagem e corresponde ao pluringuismo social, isto é, às
linguagens sociais que circulam no romance polifônico e na realidade (e ideologia)
cotidiana, intimamente relacionadas ao dialogismo; a segunda constitui, expressa e
realça, por assim dizer, o aspecto contraditório e plural do signo, ampliando o conceito
de interação como encontro presencial para o encontro em ausência devido à presença
das vozes nos discursos.

Sobre a pluralidade de vozes no discurso, Amorim (2004, p. 123) destaca que:

Em Bakhtin, o enunciado é habitado não só pelas vozes


representadas como também por aquelas que escapam à
representação: aquelas que já habitam as palavras e às quais um
enunciado responde mesmo sem saber e aquelas daqueles que
irão responder e que o enunciado não pode prever nem supor.

O dialogismo é o princípio epistemológico bakhtiniano, segundo Cecília Goulart


(2016)3, o que torna claro o entendimento de que a linguagem é constitutivamente
povoada de vozes que a antecederam, no passado; que se manifestam aqui e agora; e
que já a antecipam numa possível resposta futura. Desestabiliza-se a linearidade
temporal para o encontro com um tempo em espiral em que tudo acontece em uma
(in)certa simultaneidade. Diz Bakhtin (2003, p. 410): “Não existe a primeira nem a
última palavra, e não há limites para o contexto dialógico (este se estende ao passado
sem limites e ao futuro sem limites)”, porque toda enunciação é uma resposta ou réplica
a outras enunciações e suscita uma resposta.

A concepção dialógica da linguagem é assim chamada porque, segundo


Sobral (2009, p. 32), “propõe que a linguagem (e os discursos) tem seus sentidos
produzidos pela presença constitutiva da intersubjetividade”. Considerando as relações
interindividuais, alteram-se as noções de falante e ouvintes ideais (ou idealizados) de
acordo com o paradigma formal, para se pensar “na alternância dos sujeitos falantes”,
nos indivíduos que vivem e se expressam no fluxo contínuo da comunicação discursiva,
assumindo diferentes papeis de acordo com (ou em desacordo) e em razão dos
diferentes contextos em que circulam e dos quais participam.

Afirma, ainda, Bakhtin (op. cit., p. 298) que: “ a expressão do enunciado, em


maior ou menor grau, responde, isto é, exprime a relação do falante com os enunciados
do outro, e não só a relação com os objetos de seu enunciado”. Assim, o enunciado é
considerado pelo autor como um elo na cadeia verbal, discursiva, o que confere uma
outra perspectiva às concepções de língua e discurso ancoradas no paradigma formal. O
3
Apontamentos de aula.
dialogismo, compreendido como toda a “arquitetônica” do pensamento do Círculo (cf.
SOBRAL, 2009), nos leva a compreender os conceitos de enunciação e enunciado;
enunciado e discurso; dialogismo e interação somente no interior das práticas sociais,
pois é no âmbito dessas práticas que o enunciado reflete os movimentos discursivos –
como elos da cadeia da comunicação verbal.

O conceito de responsividade, então, integra dois sentidos: o de resposta a outros


enunciados – daí a relação dialógica com estes – e o de responsabilidade – dos sujeitos
relativamente a seu agir no mundo. A atitude responsiva, à qual Bakhtin se refere, são as
ressonâncias dialógicas que reverberam não só a alternância de sujeitos em suas funções
discursivas como integram a resposta a toda compreensão.

É esta natureza dialógica do discurso que o faz diferente da oração.


Entrincheirada nos limites da gramática, a oração não tem contato imediato com a
realidade, com o contexto extraverbal, de acordo com Bakhtin (op. cit., p. 278), por isso
não se confunde com o enunciado. Só o enunciado é capaz de suscitar resposta, ou seja,
só o enunciado tem uma natureza responsiva, pois está endereçado ao outro; só o
enunciado é a unidade de comunicação discursiva e está sujeito às oscilações e à
dinâmica da vida social. Só o enunciado, portanto, é ideológico. Reside aqui a grande
diferença entre o que pertence ao âmbito da língua e o que pertence ao campo do
enunciado. A partir dessa distinção todas as demais passam a ser dela decorrentes.

Enquanto na visão formal da língua, não há lugar para sujeitos reais (e seus
conflitos), na visão discursiva, aqui delineada, a insatisfação, a objeção, a concordância,
o conselho, o apelo, o agradecimento, a reclamação, o pedido de desculpas, o elogio, a
discordância, etc., são atos de fala, respostas concretas neste elo interminável da cadeia
discursiva:

A forma linguística (...) sempre se apresenta aos locutores no


contexto de enunciações precisas, o que implica sempre um
contexto ideológico preciso. Na realidade, não são palavras o
que pronunciamos ou escutamos, mas verdades ou mentiras,
coisas boas ou más, importantes ou triviais, agradáveis ou
desagradáveis, etc. A palavra está sempre carregada de um
conteúdo e de um sentido ideológico ou vivencial
(BAKHTIN/VOLOCHINOV, 1988, p. 95, GRIFO NOSSO)
A concepção filosófica bakhtiniana reivindica o sentido do homem, como bem
destaca Ponzio (op. cit., p. 26): trata-se da dimensão ética que responde por enunciações
passadas, presentes e futuras. Por isso, “o diálogo não é um compromisso entre o ‘eu’,
que já existe como tal, e o outro; o diálogo é o compromisso que dá lugar ao eu: o ‘eu’ é
esse compromisso, o ‘eu’ é um compromisso dialógico (...)” (PONZIO, 2016, p. 23). Na
verdade, para Ponzio, o sujeito, na perspectiva bakhtiniana, sofre um processo de
descentramento ou deslocamento e adquire uma dimensão alteritária, o que confirma a
natureza dialógica e responsiva do discurso proposta pelo filósofo.

De acordo com o exposto, temos como desafio assumir a grande


responsabilidade de lidar com o enunciado e tomarmos Bakhtin e as ideias do Círculo
como eixo para “dialogar” com as demais correntes linguísticas que de uma forma ou
outra lidam com questões da ordem do discurso.

Para sintetizar as ideias acima, propomos um quadro para representar as


concepções centrais de acordo com cada paradigma da língua: de um lado, o paradigma
formal; de outro, o paradigma discursivo, representado pelas concepções de discurso
defendidas pelo Círculo Bakhtiniano.

Quadro 1: Paradigma Formal vs. Discursivo4


Paradigma Formal Paradigma Discursivo
a) Signo: arbitrário. a) Signo: ideológico (índices sociais de
valor).
b) Língua: concepção ideal, abstrata e b) Língua: concepção real e heterogênea
homogênea. (dialógica).
c) Ponto de vista centrado no locutor ou c) Ponto de vista centrado nas relações
nas funções do locutor/receptor entre os participantes da interação
(falante/ouvinte). (interlocução: alternância entre os sujeitos
falantes).
d) Visão unilateral do processo de d) Visão que inclui o outro (a resposta):
interação verbal: o ouvinte tem uma atitude responsiva ativa – tomada de
compreensão passiva; falante e ouvintes posição. Princípio dialógico.
ideais.
e) Língua: unidade convencional; oração: e) Enunciado: unidade real de
unidade gramatical e significativa da comunicação verbal (atos de fala); tem
língua (considerada isoladamente: sem autor = representa a instância ativa do
autoria); sentenças na visão chomskyana. locutor (escolhas e intuito discursivo); o
destinatário pertence ao enunciando; é

4
Concepção do quadro adaptado de Van Dik (apud MOURA NEVES, 1997) e Schiffrin (1994).
interno.
f) Gramática: centrada na língua e na f) Gramática: centrada no
oração (e não no discurso). enunciado/discurso (e nos gêneros) – atos
de fala
g) Fala (parole-Saussure / performance- g) Fala: manifestação concreta dos
Chomsky): a manifestação individual e enunciados. Foco da investigação – caráter
concreta da língua – não é o foco da epistemológico.
investigação e, sim, a langue e a
competência (L I).
h) Perspectiva centrada na abstração h) Perspectiva centrada na complexidade
científica, no entendimento da língua do fenômeno linguístico em sua
como sistema. A oração é neutra (sem materialidade, funcionalidade e realidade:
juízo de valor). relações valorativas estabelecidas na
interação.
i) Contexto: inserido no discurso de um i) Contexto: não é pano de fundo; é
único e mesmo sujeito falante; estruturador do enunciado; base para as
desvinculado da realidade. relações dialógicas.
j) Plano verbal/gramatical: recursos j) Plano do objeto do sentido/plano do
lexicais, morfossintáticos no interior da enunciado: os recursos gramaticais são
oração. constitutivos do plano discursivo.

Em resumo, o quadro procura representar os dois paradigmas (formal e


discursivo), em que foram elencados os aspectos centrais relacionados aos fenômenos
linguísticos (língua e linguagem) sem pretender esgotar a riqueza e a complexidade dos
respectivos campos teóricos. No que diz respeito à dimensão formal da língua, não se
pode negligenciar e desprezar os importantes trabalhos de cunho estruturalista a partir
das contribuições inaugurais de Saussure, no campo da Semiologia, introduzindo a
Linguística no campo das ciências, tampouco os da versão chomskyana, cujos avanços
se fazem notar na área da cognição, no que toca à produção e “recepção” dos
enunciados. No que se refere ao paradigma discursivo, o quadro se limitou à perspectiva
bakhtiniana, sem considerar idiossincrasias de outras correntes linguísticas que se
voltam para os usos da língua ou da língua em uso.

A dimensão discursiva da linguagem em diálogo

Iniciamos essa seção partindo da seguinte indagação: quais seriam as fronteiras


entre o universo discursivo bakhtiniano, povoado de pessoas e vozes sociais
(dis)sonantes em posições ativamente responsivas e as demais correntes da Linguística
que se ocupam do discurso, dos usos da língua e da língua em uso?

Todas as correntes linguísticas que defendem a visão social, funcional e


interacional da língua têm em comum a concepção de que a língua é motivada por
fatores externos. E cada uma dessas correntes apresenta em seus respectivos domínios
modos de ver a língua em sua relação com a realidade social. De acordo com Schiffrin
(1994, p. 20), discurso pode ser definido de duas maneiras: “uma unidade particular da
linguagem (acima da frase) e um foco particular (sobre o uso da linguagem)” 5. Embora
todas as abordagens do discurso compartilhem e advoguem a concepção de uso
linguístico, cada uma delas opera com um referencial teórico próprio com suas próprias
metodologias.

No quadro abaixo, tentamos oferecer uma visão panorâmica das principais


correntes do paradigma não formal da língua com o intuito de mostrar como cada
campo aborda a linguagem.6

Quadro 2 – Dimensões discursivas


7
Funcionalismo A noção de discurso é entendida como a “construção e a troca
intersubjetiva de sentido (s), incluindo as estratégias
sociopragmaticamente orientadas de sua configuração, em uma
dada situação intercomunicativa. Dito de outro modo, constitui
qualquer instância autêntica de uso da linguagem em todas as suas
manifestações, quer dizer, qualquer ato motivado de produção e
compreensão de enunciados em um contexto de interação verbal
(CEZÁRIO; FURTADO DA CUNHA, 2013, p. 19)8.
Teoria dos Atos A concepção de ato de fala (no lugar do termo sentença) para
de Fala atender à dimensão performativa da língua em que “dizer é fazer”
(John Austin e John Searle e seus seguidores), relacionando,
consequentemente, linguagem (ato de fala) e contexto. Objeções,
reclamações, pedidos, convites, concordâncias e discordâncias,
promessas, escusas, etc., configuram o diversificado campo dos
atos de fala, realizando-se como verbos performativos, pois ao
serem proclamados, tornam-se capazes de gerar ações com a
linguagem, ou realizando-se de forma indireta (indiretividade dos
5
Cf. original: “Discourse is often defined in two ways: a particular unit of language (above the sentence),
and a particular focus (on language use)”.
6
Não é intenção deste trabalho desenvolver cada campo referente ao paradigma discursivo ou funcional
da língua, apenas oferecer uma ideia para o leitor iniciante. Estamos cientes do desenvolvimento das
pesquisas em cada área e do entrelaçamento das ideias e concepções que avançam em prol da
compreensão do fenômeno linguístico em sua dimensão social, funcional, interacional.
7
O modelo funcionalista, aqui representado, vem sendo denominado de “Linguística Centrada no Uso”.
8
Ao leitor interessado, Oliveira e Votre (2009) apresentam o desenvolvimento da concepção de discurso
na perspectiva funcionalista.
atos). Surge, assim, o conceito de atos de fala introduzido no
campo da Pragmática. “Quando dizer é fazer”, título da obra de
John Austin, trouxe para a Linguística, na área da pragmática
reflexões sobre a natureza da linguagem.
Sociolinguística As noções importantes como as pistas de contextualização
Interacional (Gumperz), face e self (Goffman) e polidez (Brown e Levinson)
relacionadas à cultura e às esferas sociais. Para Gumperz, segundo
Schiffrin (1994, p. 105), “a língua indexa compreensões culturais
subjacentes que fornecem conhecimento sobre como fazer
inferências sobre aquilo que é significado por meio de um
enunciado”; para Goffman, “a língua é um dos recursos que
fornecem um índice de identidades sociais e relações que são
continuamente construídas durante a interação” (SCHIFFRIN,
1994, p. 105-6). Portanto, linguagem cultura e contexto passam a
ser componentes intrínsecos à teoria e não elementos
acrescentados para dar explicações sobre os fenômenos
linguísticos. Linguagem, cultura e poder integram-se às interações
sociais humanas.
Pragmática As concepções em torno das máximas conversacionais e dos atos
de fala ou de linguagem, são retomadas pela Pragmática. Segundo
Danilo Marcondes (2006, p. 219), “a pragmática diz respeito à
linguagem em uso, em diferentes contextos, tal como é utilizada
por seus usuários para a comunicação. É, portanto, o domínio da
variação e da heterogeneidade, devido à diversidade do uso e à
multiplicidade de contextos [...]. Na verdade, a pragmática
consiste na nossa experiência concreta da linguagem, nos
fenômenos linguísticos com que efetivamente lidamos”. A linha
griceana centralizada no contexto de uso da língua e nas máximas
conversacionais, introduz-se como campo de investigação das
interações entre as pessoas que participam de um mesmo evento
de fala. A elaboração das máximas de Grice (ainda que
idealizadas) versa sobre o comportamento linguístico e dá ênfase
ao conceito de adequação das pessoas ao contexto no sentido de
cooperação mútua entre si. Para Schiffrin (1994, p. 227), o
princípio cooperativo de Grice “fornece um entendimento sobre
como os usuários da língua organizam e usam a informação, em
função também do conhecimento prévio do mundo (conhecimento
do contexto social imediato) a fim de estabelecer e compreender
mais aquilo que é dito durante a comunicação e de criar
enunciados dentro dos padrões sequenciais de uma conversa”. A
teoria dos atos de fala já descrita no quadro acima ganhou novos
contornos com uma compreensão mais alargada e crítica. Por
exemplo, a visão de Kerbrat-Orecchioni ().
Etnografia da A noção de competência comunicativa, ou seja, a habilidade para
comunicação usar a língua em situações concretas de uso é muito importante,
pois vem enfatizar o elemento cultural e comportamental
associado à língua. Dell Hymes é representante dessa linha cujos
conceitos são muito empregados na sociolinguística e na
sociolinguística interacional. O conhecimento das estruturas, da
organização e das funções da língua faz parte de nossa
competência comunicativa numa dada cultura particular.
Análise da As concepções e abordagens sobre a conversação são exploradas
Conversação por essa corrente. Centrada no modo como os participantes
elaboram sua conversação em situações espontâneas ou
institucionais, em espaços privados ou públicos, com vistas a dar
soluções (construídas de modo sistemático) aos problemas de
organização de uma conversa, a AC explora as idiossincrasias de
uma conversação como: os turnos conversacionais; as repetições,
hesitações, os silêncios, as tomadas de turno, interrupções; as
influências culturais que se manifestam em cada tipo de interação
conversacional e as repercussões desses fatores na linguagem.
Representantes Harvey Sacks; Emanuel Schegloff; Gail Jefferson.
Sociolinguística As noções de língua, fala/ discurso foram retomadas por essa
Variacionista corrente com ênfase na relação entre língua e sociedade a partir da
sistematização dos estudos por William Labov, considerado o
introdutor da Sociolinguística Variacionista. A concepção central é
a de que a língua é heterogeneamente constituída e de que a
variação linguística é sistemática, isto é, regida por regras não
aleatórias; a variação não é particular de uma determinada língua,
e, sim, um fenômeno universal, o que desconstroi a ideia de
línguas inferiores/superiores. O conceito de normas sociais em
circulação é muito importante para os estudos da língua e da
gramática e encontram ressonância também na concepção de
heteroglossia em Bakhtin9: as múltiplas vozes sociais que circulam
seja num mesmo contexto, seja em contextos distintos.
Análise do A noção de língua e discurso relacionada à produção de sentidos é
Discurso cara a essa corrente linguística, o que permite analisar unidades
além da frase, como o texto, por exemplo. A AD Trabalha com as
noções de: história, ideologia, língua, sentido e sujeito. Além
disso, é constituída de três áreas de conhecimento: Psicanálise,
Linguística e Marxismo.10 Há várias correntes da Análise do
Discurso: a linha francesa que privilegia as questões ideológicas; a
anglo-saxônica, denominada Análise Crítica do Discurso, que
procura analisar as relações entre o discurso e outros elementos da
prática social (FAIRCLOUGH, 2001).

Considerando as perspectivas elencadas, acima, só podemos


analisar/compreender os enunciados no interior das condições em que são produzidos na
interação. Por conseguinte, temos que tentar responder alguns questionamentos no

9
Em Severo (2009), é apresentada uma discussão da comparabilidade entre as duas abordagens (Bakhtin
e Labov).
10
Outras áreas também utilizam o texto/discurso como unidade de análise, por exemplo, Linguística
Textual, Teoria da Enunciação, Semântica Histórica da Enunciação, Antropologia Linguística, Semiótica,
Sociologia da Linguagem, Linguística Aplicada entre outras.
campo do ensino de língua: Como trabalhar com os nossos alunos, por exemplo, a
metalinguagem, quando ensinamos as classes de palavras do português? Como explicar
a nossos alunos determinado uso linguístico, sem considerar o valor ideológico dos
signos e o contexto da enunciação? Se não são palavras o que pronunciamos ou
escutamos, mas atos de fala, o que dizemos, então, quando interagimos por enunciados?

Para discutir essas questões, relacionadas ao funcionamento da língua, é


necessário entender que a abordagem discursiva da linguagem é fundamentada na
concepção de que essa língua funciona segundo as motivações enunciativo-discursivas.
Dessa forma, o papel da língua, nessa perspectiva, vai muito além das práticas de
transmissão de conhecimentos, visto que, nas relações sociais, interagimos por “atos”;
pedidos, ordens, entre outros, e marcamos nossas posições valorativo-ideológicas, além
de constituir nossa identidade frente ao outro.

Assim, a análise linguística para a explicação das categorias gramaticais, por


exemplo, só poderá levar em conta o contexto em que estão inseridas e os índices de
valor que cada palavra apresenta em seu lugar enunciativo, ou seja, como atos de fala:
performativos, políticos, sociais, interacionais, afetivos, enfim, dialógicos.

Bakhtin/Volóchinov (1988, p. 46) destacam que “classes sociais diferentes


sevem-se de uma só e mesma língua”. Para entender, tomemos o seguinte exemplo: o
signo linguístico “casa”. Tal signo altera-se, expande-se em outras formas e sentidos
linguísticos em função do lugar social que cada falante ocupa ao enunciar casa em um
contexto determinado. A palavra “casa”, portanto, assume tons valorativos específicos e
como significado de moradia pode ser formulada/embalada como: apartamento;
conjunto residencial; conjunto habitacional; cobertura ou cabana; palhoça; palafita; oca;
barraco; ou ainda casarão; mansão; casa da praia, casa da serra; casa da fazenda; ou
viaduto, tenda, ou acampamento; ou em termos afetivos, podemos enunciar: meu sonho,
meu canto, e assim por diante.

Ao enunciarmos casa, podemos nos referir aos múltiplos sentidos que o termo
oferece, seja de modo monoacentual, seja de modo pluriacentual; podemos dizer muitas
coisas (e fazer muitas coisas com a linguagem). Nas palavras de Certeau; Giard e
Mayol (1996, p. 203), a casa é um espaço privado, é “o território onde se desdobra e se
repetem dia a dia os gestos elementares das “artes de fazer”, é antes de tudo o espaço
doméstico, a casa da gente. De tudo se faz para não “retirar-se” dela, porque é o lugar
onde a gente se sente em paz” (grifo nosso), o nosso canto. Quem e quantos de nós
podem pronunciar “a casa da gente”? Quantos de nós podemos experimentar as delícias
da casa própria, do território doméstico, do refúgio, da tranquilidade? Não foi de forma
aleatória que o bordão do programa do governo brasileiro, para a aquisição da casa
própria, na gestão do Presidente Lula, foi o seguinte: “Minha Casa Minha Vida”. A
casa está íntima e diretamente relacionada à vida. Podemos observar na fala de uma
moradora o quanto esse projeto foi importante para ela. Podemos escutar não só as
“palavras”, mas a entonação, que para Bakhtin, também está carregada de valor e
sentido. Diz a moradora: minha casinha; pra mim foi um sonho, minha casa própria: é
felicidade, harmonia, felicidade, TRANQUILIDADE; nosso sossego, nosso cantinho,
etc.11 Por essas razões, reafirmamos como Bakhtin, que “o domínio do ideológico
corresponde ao domínio dos signos: são mutuamente correspondentes. Tudo que é
ideológico possui um valor semiótico” (BAKHTIN, 1988, p. 33).

Considerando-se as ressonâncias ideológicas que a palavra casa pode suscitar,


observamos os desdobramentos sintático-semânticos, pragmáticos/ vivenciais, donde se
pode argumentar sobre a impossibilidade de se entender e conceber a língua fora de sua
enunciação concreta, tendo em vista as múltiplas possibilidades de compreensão e
respondibilidade das palavras. Assim, podemos questionar: como ensinar as categorias
gramaticais da língua de forma isolada, tendo em vista as múltiplas possibilidades de
compreensão sobre a palavra “casa”? Ou como entendê-las fora do contexto de sua
enunciação? Quantos desdobramentos e implicações sintático-semânticos, ideológicos,
pragmáticos, foi possível observar nas nuances de um substantivo tão “elementar”
quanto “casa”? Quem diz a palavra casa? Quais os sujeitos implicados na situação em
que a palavra casa é escrita ou pronunciada? A quem se dirige essa palavra? Como se
diz? Quais as implicações ideológicas? Quais os efeitos pragmáticos? Qual a tonalidade
da enunciação, as suas variações prosódicas? Por que se diz casa em cada contexto
particular? Casa para quem, afinal? Enfim, em que contextos de enunciação (e não
como palavra isolada) poderemos examinar e compreender os diferentes usos
discursivos?

Para responder a essas questões, Sobral argumenta que:


11
Ver link <<https://www.youtube.com/watch?v=-YghMpiZcYw&feature=youtu.be>>
As práticas supõem grupos humanos, não sujeitos isolados; supõem
situações concretas e sujeitos concretos; supõem ainda a
intencionalidade do sujeito em realizar atos e sua realização concreta
de acordo com formas aceitas de realização, ainda que sempre em
realização individual-relacional (SOBRAL, 2009, p. 29).

Nesse caso, se toda enunciação é uma resposta em diálogo permanente, os


sentidos não são unívocos, nem as verdades, verdadeiras, mas são sentidos construídos
ou desconstruídos nas interações. Por isso mesmo, até “a própria compreensão já é
dialógica”. Quem sabe a conscientização, da natureza a priori dialógica da
compreensão, possa reverberar em cada um de nós – e, na qualidade de educadores,
linguistas possamos abraçar o outro ou os outros que habitam em nós.

Assim sendo, o indivíduo, ao longo de seus processos de socialização,


engendrados nas esferas sociais de que participa (ou integra), vai construindo a sua
subjetividade (ou subjetividades), que está sempre em (re)significação. Nesse processo,
contínuo e dialético, o indivíduo vai se fazendo sujeito que, sociocognitivamente, vai-se
investindo em diferentes lugares/papéis sociais.

A complexidade do papel da língua na sociedade se dá no campo do discurso e


não no campo puramente linguístico, pois o discurso não pode (co)existir fora do
enunciado de um indivíduo-sujeito, que assume posições verbo-valorativas em sua vida
diária. Daí, precisarmos explicitar os efeitos dessas posições nos enunciados em
diferentes esferas de atividade humana. Com isso, abre-se espaço também para
diferentes abordagens teóricas (Funcionalismo, Teoria dos Atos de Fala,
Sociolinguística Interacional, Pragmática, Etnografia da comunicação, Análise da
Conversação, Sociolinguística Variocionista, Análise do Discurso entre outras), que
podem ser reunidas sobre o rótulo de Abordagem Discursiva da Linguagem.

Para concluir

Acreditamos na relevância deste capítulo, na medida em que procurou retomar


alguns princípios bakhtinianos na busca da compreensão da linguagem como prática
sociocultural e ideológica.

Sob essa perspectiva, fundamentalmente transdisciplinar, a elaboração das


formações discursivas se dá em práticas socioculturais e linguísticas específicas, em que
vários elementos intervêm na construção do discurso. Na perspectiva aqui abordada, a
preocupação é responder como os processos de produção de sentidos são resultantes do
engajamento em diferentes práticas discursivas e sócio-culturais e como são produzidos
esses processos nas interações em que ocorrem.

Isto é, entender que há determinadas configurações particulares de usos e modos


regulares de falar/escrever; assumir que as práticas discursivas são diferentes a depender
das esferas e dos grupos sociais, e são por eles posicionados por relação à forma de
aceder, tratar ou usar os discursos. Tais diferenças carreiam, por conseguinte,
concepções também diferentes sobre discurso e enunciado e as implicações nos estudos
linguísticos que privilegiam o discurso.

Dessa forma, cremos que estudar a língua à luz da abordagem discursiva é


entendê-la como “o discurso, ou seja, a língua em sua integridade concreta e viva e não
a língua como objetivo específico da linguística, obtido por meio de uma abstração
absolutamente legítima e necessária de alguns aspectos da vida concreta do discurso”
(BAKHTIN, 2008, p. 207).

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