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Mesa-redonda 6

Funcionalismo
e discurso
Palestrantes:
Profa. Dra. Ana Paula Silva Vieira Trindade
(SEDUC)
Profa. Dra. Cláudia Ramos Carioca (UNILAB)
Funcionalismo Linguístico
 Uma teoria funcionalista da linguagem, consoante Dik
(1989), obedece a dois princípios básicos: (i) deve tentar
explicar as regras e princípios subjacentes à construção de
expressões linguísticas em termos de sua funcionalidade no
que diz respeito ao modo como essas expressões são usadas;
e, sendo assim, (ii) deve estar integrada a uma teoria
pragmática maior de interação verbal.
 Na proposta de interação verbal de Dik (1989, p.8), a

comunicação é vista como modelo de atividades interativas


que prevê um dinamismo cooperativo. Tanto o falante quanto
o ouvinte contribuem igualmente para a efetivação do
processo comunicativo. O esquema de interação verbal de
Dik (1989) pode ser observado na figura ao lado.
 O modelo de interação verbal proposto por Dik (1989)

considera os aspectos sociais, psicológicos e lingüísticos que


subjazem à interação comunicativa, e formula que, em
qualquer estágio da interação verbal, os usuários da língua
possuem informação pragmática, e, ao dizer alguma coisa, o
falante pretende efetuar algum tipo de modificação e/ou
acréscimo na informação pragmática do ouvinte.
Gramática Discursivo-Funcional (GDF)
 Sobre esse novo modelo, o grupo da Holanda propõe,  Para Hengeveld (2005), a GDF sobrepõe-se ao
segundo Neves (2006, p. 32), “uma gramática que, partindo de modelo dikiano porque aciona a codificação da intenção do
um modelo de expressão dinâmica (BAKKER, 1999; 2001), falante, por meio de um processo que se estratifica de cima
coloca como unidade básica do discurso o ato discursivo, e não para baixo. 
a frase”, ou seja, o foco deixa de ser a oração e passa a ser o ato  A GDF postula a descrição do conhecimento
discursivo. Neste novo modelo de gramática, a análise envolve subjacente no potencial de um usuário que é capaz de se
elementos maiores que os limites da sentença – marcadores comunicar na sua língua de forma explícita e usando padrões
discursivos – como também elementos menores, no caso as linguísticos. Tal usuário é tido como conhecedor tanto das
holófrases (“Socorro!”, “Fogo!”, etc.) e as interjeições (“Ei!”, unidades linguísticas (lexemas, auxiliares, componentes
“Oh!”, “Ui!”, etc.). Isso revela a importância de uma gramática sintáticos, fonemas) como das possíveis combinações que
orientada para o discurso, já que existem estruturas predicativas essas unidades podem figurar (atos discursivos, proposições,
incompletas, mas com enunciados completos que são passíveis
orações e complexos fonológicos). Dessa forma, a GDF
de análise. Assim, o discurso começa a ser entendido como um
oferece não só um inventário de formas, como também busca
suporte para as unidades linguísticas de níveis mais baixos.
explicitar como elas se combinam na interação verbal
Hengeveld & Mackenzie (2008, p. 9) esclarecem que:
(HENGEVELD & MACKENZIE, 2008, pp. 26-27).

A Gramática Discursivo-Funcional é assim definida pelo fato de
buscar entender a estrutura dos enunciados em seu contexto
discursivo (não no sentido de um modelo de análise do
discurso). A intenção do falante não surge no vácuo, mas sim
em um contexto comunicativo multifacetado.
Discurso X Texto
O discurso apresenta-se como um O texto é a manifestação concreta do
pensamento coletivo, ou seja, um conjunto discurso através de uma forma de
de ideias comuns, partilhadas por um linguagem, que pode ser verbal ou não
grupo.  verbal: literatura, pintura, música,
 Características do discurso fotografia,...

• Representa diferentes ideologias e


 Características do texto
formas de compreensão da realidade. • É uma unidade linguística materializada
• Expressa um conjunto de valores, e provida de intenção comunicativa.
princípios, práticas e significados que • Apresenta um sentido completo
transcendem o texto, enquadrando-os desenvolvido numa estrutura formal.
numa esfera de atividade social. • Manifesta-se de forma verbal ou não
• Encontra-se instituído histórica, social e verbal.
culturalmente, contribuindo assim para
a definição do contexto.
Funcionalismo e discurso
 O paradigma funcionalista assume que as gramáticas  Além dessas características, podemos falar também que
das línguas naturais são condicionadas por forças o discurso é uma unidade transfrástica, pois está
externas e forças internas (DU BOIS, 1985). submetido a regras pragmáticas de organização vigentes
 Para Maingueneau (2002), o discurso é uma forma de em determinado grupo social, tais como regras relativas
ação sobre o outro. Nos termos de Dik, isso significa ao plano de texto, de extensão dos enunciados, de
dizer que, ao nos engajarmos em uma interação verbal, formalização etc. É também orientado, pois se
o fazemos a fim de modificar algo na informação desenvolve no tempo, de maneira linear, de acordo com
pragmática do nosso interlocutor. Tendo em vista a finalidade do sujeito e as condições de interação
alcançar, com sucesso, essa modificação, escolhemos e verbal (uma conversação monolongal ou dialogal). Por
articulamos as expressões linguísticas em função de sua vez, o discurso é interativo, envolvendo, pelo
nossas intenções comunicativas. Nesse sentido, o menos, dois coenunciadores. É assumido por um
discurso passa a ser compreendido também como ato sujeito, que pode se apresentar como fonte de
de persuasão, ou seja, como lugar de interação entre os referência das informações contidas no discurso e, ao
sujeitos, onde produzir discurso é influenciar o outro. mesmo tempo, mostrar sua atitude diante daquilo que
diz e em relação a seu coenunciador. É também regido
 É necessário que fique claro também que o discurso é
por regras (normas) e visto sempre em relação aos
contextualizado, uma vez que não é o discurso em si
outros discursos, ou seja, no interior de um universo
que o define, mas é o contexto, tanto como lugar de
discursivo (MAINGUENEAU, 2002, p. 53-54).
interação entre os sujeitos como situação de
comunicação, que o define.
Pesquisas
 Izabel Larissa Lucena Silva – Graduação  Cláudia Ramos Carioca – Mestrado - A
– Perspectivação no discurso manifestação da evidencialidade
publicitário nas dissertações acadêmicas do
 Paulo Roberto Sousa – Mestrado – português brasileiro contemporâneo
Análise da evidencialidade em artigos  Izabel Larissa Lucena Silva – Mestrado –
de opinião de jornais do estado do A expressão da evidencialidade no
Ceará discurso político: uma análise da oratória
 Cristiane Jacaúna – Mestrado – política da Assembleia Legislativa do
Marcadores evidenciais no Ceará
tecnodiscurso docente em fóruns de  Cláudia Ramos Carioca – Doutorado - A
discussão textos acadêmicos de grau do evidencialidade em textos acadêmicos
português brasileiro contemporâneo de grau do português brasileiro
contemporâneo

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