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Turma: A02
Julia Paschoal Fernandes de Paiva
Laura Rúbia Duarte Guimarães
Nathalia Andrade
Goiânia, 2022
Após a realização da entrevista, foi possível entrar em contato com o
Transtorno da Personalidade Histriônica e obter informações relevantes sobre a sua
funcionalidade patológica. Por esse motivo, com a finalidade de compreender o
transtorno em sua totalidade, serão abordados os seguintes critérios: aspectos
clínicos; sintomas de uma pessoa com TPH; causas do TPH; diagnóstico do TPH;
tratamento do TPH; comorbidades em pacientes com TPH; consequência do
paciente com TPH.
Primeiramente, é imprescindível entender os conceitos referentes aos
distúrbios de personalidade. Alguns autores partem de uma definição de Jaspers
que concede a esses distúrbios um caráter fixo, que não se desenvolve em fases,
mas possuem sintomas que fazem parte do indivíduo. A personalidade é definida
como sendo o resultado da observação do comportamento de um indivíduo,
envolvendo seu desempenho afetivo, volitivo, cognitivo etc. Além disso, os traços de
personalidade, frequentemente predispõem ao desenvolvimento de desordens
psiquiátricas. Nesse caso, o problema não é a personalidade, pois ela apenas
contribuiu para o desenvolvimento da perturbação apresentada. Para Kaplan,
Sadock e Grebbs 1997 (citados por Marina Vieira Madeira Robazzi, 2017), os
transtornos de personalidade dizem respeito a alterações nesses traços, que se
configuram como mal adaptados ou inflexíveis, de modo a comprometer o
funcionamento do indivíduo ou provocar sofrimento significativo para ele, o que
acarreta prejuízos quanto a percepção do ambiente e de si mesmo.
1.1 Transtorno da Personalidade Histriônica: Aspectos Clínicos
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Esses pacientes são facilmente influenciados por outros e pelas tendências
momentâneas. Eles acabam confiando muito nos outros, especialmente em figuras
de autoridade, pois pensam que elas são capazes de resolver seus problemas. Eles
frequentemente acham que os relacionamentos são mais próximos do que eles são.
Eles anseiam por novidades e tendem a se aborrecer facilmente. Assim, eles podem
trocar de emprego e amigos com frequência. Gratificação adiada é muito frustrante
para eles, então suas ações são muitas vezes motivadas pela obtenção de
satisfação imediata. Alcançar intimidade emocional ou sexual pode ser difícil. Os
pacientes podem, muitas vezes sem ter ciência disso, desempenhar um papel de
vítima. Eles podem tentar controlar seus parceiros usando sedução ou
manipulações emocionais e, ao mesmo tempo, tornarem-se muito dependentes do
parceiro (Manuais MSD; versão para profissionais de saúde).
Para o diagnóstico do transtorno de personalidade histriônica, de acordo com
o DSM-5, os pacientes devem ter:
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A causa do TPH não é definida, porém, em sua grande maioria, há relatos de
trauma psíquico, muitas vezes na infância (Arruda, Trillo, Correia, Sila e Palma,
2017). Também pode decorrer de um histórico de aprendizagem ao longo da vida,
devido à reforçadores de mau comportamento ou ausência de atenção parental, por
exemplo.
Segundo a CID10, para preencher o critério, o exame médico e a investigação
não devem revelar a presença de qualquer perturbação física ou neurológica
conhecida. Deve haver evidências de que a perda de função é uma expressão de
conflitos ou necessidades emocionais. Os sintomas podem desenvolver-se em
estreita relação com o estresse psicológico e muitas vezes aparecem
repentinamente (CID-10).
De acordo com o DSM-5, deve-se preencher pelo menos cinco dos oito
critérios avaliados para o critério de Transtorno da Personalidade Histriônica, sendo
eles:
1. Desconforto em situações em que não é o centro das atenções.
2. A interação com os outros é frequentemente caracterizada por
comportamento sexualmente sedutor inadequado ou provocativo.
3. Exibe mudanças rápidas e expressão superficial das emoções.
4. Usa reiteradamente a aparência física para atrair a atenção para si.
5. Tem um estilo de discurso que é excessivamente impressionista e carente
de detalhes.
6. Mostra auto dramatização, teatralidade e expressão exagerada das
emoções.
7. É sugestionável (i.e., facilmente influenciado pelos outros ou pelas
circunstâncias).
8. Considera as relações pessoais mais íntimas do que na realidade são.
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assim diagnósticos diferenciais. Dessa forma, o TPH pode ser confundido com
narcisista e dependente, visto que ambos buscam atenção, admiração, aprovação e
apoio dos outros (American Psychiatric Association, 2013). O transtorno da
personalidade borderline tem em comum com o TPH comportamentos
manipuladores e de busca de atenção, bem como emoções que mudam
rapidamente. Por fim, TPH e transtorno de personalidade antissocial dividem a
característica de serem manipuladores, sedutores, impulsivos e apresentam
comportamentos de busca de novidade e excitação.
É importante ressaltar que o diagnóstico da personalidade histriônica envolve
questões que vão além dos critérios clínicos. Considerando o fato de que a
prevalência desse transtorno é de 1,84% (National Epidemiologic Survey on Alcohol
and Related Conditions de 2001-2002), sendo com mais frequência diagnosticado
no sexo feminino, aspectos de cultura também devem ser considerados.
É importante avaliar se as características de TPE apresentadas em um
indivíduo (emocionalidade, sedução, estilo interpessoal dramático, busca por
novidades, sociabilidade, charme, impressionabilidade, tendência à somatização)
são clinicamente prejudiciais, uma vez que essas características podem variar de
uma cultura para outra ou pode ser prevalente em determinada faixa etária ou
gênero. Analisando a interferência desses fatores é possível que o diagnóstico de
TPH seja descartado.
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essas habilidades para reduzir a ocorrência de exibição dramática ou outro
comportamento agressivo.
2. Testar temores sobre rejeição, tornando menos catastróficas as ideias
extremas sobre o significado de desaprovação ou perda de atenção. Sensibilidade a
esses medos pode ser reduzida separando-se a ideia do “eu” do comportamento ao
interpretar resultados, de modo que qualquer crítica seja vinculada a ações ou
situações transitórias ou mutáveis, e não personalizadas como uma medida do valor
pessoal. Também é importante construir confiança para enfrentar experiências
realistas de crítica e rejeição por meio da defesa assertiva de si mesmo (Padesky,
1997).
3. Melhorar as habilidades comunicativas e sociais, incluindo construir
empatia pelos outros e aprender modos alternativos de ligar-se aos demais de
maneira mais direta sem dramatização ou atuação sexual. Um componente
importante dessa meta é melhorar a capacidade do paciente para escutar e receber
dados dos outros e integrar essas informações, em vez de basear-se
exclusivamente em seu senso interno de satisfação mediante a atenção imediata e
intensiva das outras pessoas. Isso inclui as habilidades específicas da escuta ativa
e a tomada de uma perspectiva diferente, bem como ser um bom membro da
plateia, em vez de assumir o centro do cenário.
4. Aumentar a autossuficiência, as habilidades de resolução de problemas e o
senso de identidade com menos dependência da atenção dos outros. (Aaron T.
Beck, Denise D. Davis e Arthur Freeman, 2017)
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deve apresentar um padrão generalizado de excessiva emocionalidade. Por esse
motivo é fundamental que seja feita uma boa avaliação. Prova disso é justamente os
pontos de diferenciação do TPH em relação a outros transtornos de personalidade.
Por exemplo, indivíduos com TPN também buscam atenção, porém, eles
precisam se sentir enaltecidos e admirados. Já os indivíduos com TPH não fazem
distinção do tipo ou da qualidade da atenção recebida. Já indivíduos com TPB, se
consideram maus e sentem emoções de modo intenso. Os indivíduos com TPH não
se veem como pessoas más, embora dependam da aceitação de terceiros para
formar uma opinião sobre si mesmos.
Por fim, pacientes com TPD, como aqueles que possuem TPH, tentam criar
laços afetivos com outras pessoas ou participar de momentos sociais. Porém,
diferente de quem possui TPH, eles são inibidos e receosos.
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9. Tendência a iniciar projetos com muito entusiasmo, mas perde o
interesse com facilidade.
Considerações Finais
Em suma, fica evidente que a terapia cognitiva para TPH exige empatia,
flexibilidade, aceitação, criatividade e paciência por parte do profissional. Além
disso, são necessários outros estudos empíricos para testar a conceitualização
apresentada nesses materiais de pesquisa e esclarecer os componentes de um
tratamento bem-sucedido para TPH.
Referências
● Arruda, M. G., Trillo, A. S. P., Correia, V. P., Silva, A. R. da, & Palma, S. M.
M. (2017). Transtorno de personalidade histriônica e transtorno conversivo:
relato de caso em adolescente. Debates Em Psiquiatria.
https://doi.org/10.25118/2236-918X-7-3-6
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