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Psicopatologia da Infância e

Transtornos Disruptivos, do Controle de Impulsos e da Conduta

Transtornos disruptivos são aqueles em que os comportamentos


característicos associados são de transgressão de normas, desafiadores e
antissociais, que causam muito incômodo nas pessoas por serem problemas
externalizantes, de grande impacto no ambiente social, em geral com implicações
severas. Incluem condições que envolvem problemas de autocontrole de emoções e
de comportamentos. Esses problemas se manifestam em comportamentos que
violam os direitos dos outros (agressões, destruição de propriedade) e/ou colocam o
indivíduo em conflito significativo com normas sociais ou figuras de autoridade.
Dessa forma, crianças disruptivas geram sentimentos negativos muito fortes nos
outros, como raiva, frustração e ansiedade.

Transtorno de Oposição Desafiante - 313.81 (F91.3)

Segundo o DSM-5, são oito os critérios para identificar o transtorno de


oposição desafiante (TOD), sendo que os sintomas devem persistir por no mínimo
seis meses, evidenciado por pelo menos quatro sintomas e exibido na interação com
pelo menos um indivíduo que não seja um irmão. São eles: perder a calma,
irritabilidade, estar constantemente enraivecido, questionar figuras de autoridade
(adultos), desafiar ou negar-se a obedecer, emitir comportamentos para incomodar
as pessoas, culpar terceiros por seus comportamentos, e, emitir comportamentos
vingativos e rancorosos. Acomete mais indivíduos do sexo masculino antes da
adolescência. Depois deste evento, a presença dos sintomas é similiar entre os
gêneros.
O TOD é facilmente confundido com TDHA, ou diagnosticado como
comorbidade. Frequentemente precede o transtorno de conduta. Outras
comorbidades associadas são os transtornos de ansiedade e transtorno depressivo
maior. Adolescentes e adultos com este transtorno também apresentam taxas mais
altas de transtornos por uso de substâncias. Dessa forma, o diagnóstico diferencial é
muito importante.

Transtorno Explosivo Intermitente Classificação de CL: 312.34 (F63.81)

O transtorno explosivo intermitente (TEI) é uma patologia relativamente


comum, porém muitas vezes não diagnosticada, pois é atribuída como algo da
personalidade da pessoa como se fosse algo que não precisa ser tratada. Ele acaba
prejudicando a pessoa na relações sociais, na vida profissional, relacionamentos etc.
O transtorno explosivo intermitente também envolve altas taxas de raiva, no entanto,
indivíduos com esse transtorno apresentam agressão grave dirigida a outros, o que
não faz parte da definição de transtorno de oposição desafiante.
No Transtorno explosivo intermitente as crianças com sintomas sugestivos
do transtorno, apresentam momentos de explosões de raiva graves, muito parecidos
com o que ocorre com crianças com transtorno disruptivo da desregulação do
humor, porém diferentemente do transtorno disruptivo da desregulação do humor, o
transtorno explosivo intermitente não requer perturbação persistente do humor entre
as explosões. Além disso, o transtorno explosivo intermitente requer somente três
meses de sintomas ativos, em contraste com a exigência de 12 meses para o
transtorno disruptivo da desregulação do humor. Assim, esses dois diagnósticos não
devem ser feitos na mesma criança. Para crianças com explosões e irritabilidade
intercorrente e persistente, deve ser feito somente o diagnóstico de transtorno
disruptivo da desregulação do humor. No critério A, as explosões comportamentais
recorrentes representada uma falha em controlar impulsos agressivos, conforme
manifestado por um dos seguintes aspectos: 1- agressão verbal, ou agressão física
dirigida a propriedade, animais ou outros indivíduos, ocorrendo em uma média de
duas vezes por semana, durante um período de três meses e a as agressões físicas
não resultam em danos ou destruição.
No diagnóstico diferencial é importante ressaltar que o TDAH e o transtorno
explosivo intermitente compartilham níveis elevados de comportamento impulsivo,
porém no (TEI) apresenta-se comportamentos de agressividade dirigido aos outros,
o que não é característico do TDAH, e não têm problemas em manter a atenção
como se vê no TDAH. Além disso, o transtorno explosivo intermitente é raro na
infância.
Transtorno da Conduta

Segundo o DSM IV, o transtorno da conduta é um padrão de comportamento


repetitivo e persistente, no qual são violados direitos básicos de outras pessoas ou
normas ou regras sociais relevantes. Sendo manifestados pela presença de ao
menos três dos quinze critérios diagnósticos nos últimos doze meses, de qualquer
uma das categorias, com ao menos um critério presente nos últimos seis meses:
conduta agressiva que causa ou ameaça causar danos físicos a outras pessoas ou
animais (Critérios A1 a A7); conduta não agressiva que causa perda ou danos à
propriedade (Critérios A8 a A9); falsidade ou furto (Critérios A10 a A12); e violações
graves de regras (Critérios A13 a A15).

Essas características refletem o padrão típico de funcionamento interpessoal


e emocional do indivíduo ao longo desse período, e não apenas ocorrências
ocasionais em algumas situações. Consequentemente, para avaliar os critérios para
o transtorno da conduta, são necessárias outras fontes de informação além do
autorrelato. Considerar relatos pessoas que convivam com o indivíduo por longos
períodos de tempo faz-se necessário.

O início do transtorno da conduta pode ocorrer no começo dos anos pré-


escolares, embora os primeiros sintomas significativos costumem aparecer durante o
período que vai desde a fase intermediária da infância até a fase intermediária da
adolescência. As taxas de prevalência são mais elevadas no sexo masculino do que
no feminino. Este transtorno sofre influências de fatores genéticos e ambientais.

O indivíduo apresenta ausência de remorso, não se sente mal ou culpado


quando faz alguma coisa errada. É descrito como frio e desinteressado. Falta-lhe de
empatia, Ignora e não está preocupado com os sentimentos de outras pessoas. Não
demonstra preocupação com o seu desempenho fraco e problemático na escola ou
em outras atividades importantes. Não expressa sentimentos nem demonstra
emoções para os outros, a não ser de uma maneira que parece superficial, insincera
ou rasa

Portanto, pessoas com este transtorno estão mais suscetíveis a apresentar


transtornos do humor, de ansiedade, de estresse pós-traumático, do controle de
impulsos, psicóticos, transtornos de sintomas somáticos e transtornos relacionados
ao uso de substâncias quando adultos.

Transtorno da personalidade antissocial - 301.7 (F60.2)

Segundo o DSM-5, é um padrão de desrespeito e violação dos direitos dos


outros que ocorre desde a infância ou no início da adolescência e continua na vida
adulta. Tendo como critérios para fins de diagnóstico: fracasso em ajustar-se às
normas sociais e legais; tendência a falsidade e manipulação; impulsividade;
irritabilidade e agressividade; descaso pela segurança de si e de outros;
irresponsabilidade reiterada e ausência de remorso.
Lembrando que a personalidade antissocial não pode ser diagnosticada antes
dos 18 anos de idade.

Piromania - 312.00 (F63.1)

Segundo DSM-5, a característica essencial da piromania é a presença de


vários epsódio de provocação deliberada e proposital de incêndios com vista de
experimentar tensão ou excitação efetiva antes do incêndio. A piromania como
diagnóstico primário é considerado raro. Seus critérios para fins de diagnósticos são:
incêndio provocado de forma deliberada e proposital em mais de uma ocasião;
tensão ou excitação efetiva antes do ato; fascinação, interesse, curiosidade ou
atração pelo fogo e seu contexto situacional; prazer, gratificação ou alívio ao
provocar incêndios, mesmo quando se está apenas testemunhando ou participando
de sua consequência e o incêndio não é provocado com fins monetários nem com
fins de expressar raiva ou vingança; a provocação de incêndio não é mais bem
explicado por transtornos da conduta, por um episódio maníaco ou por transtorno de
personalidade antissocial.
➔ Não existem dados suficientes para determinar uma idade de início típico para
a piromania.

Cleptomania - 312.32 (F63.2)


A característica essencial da cleptomania é a falha recorrente em resistir aos
impulsos de furtar itens. A idade de início é variável, porém, com frequência, o
tratamento inicia na adolescência, podendo iniciar na infância ou vida adulta.
Comorbidade: pode estar associado a compras compulsivas e aos transtornos
depressivos e bipolar, alimentares, da personalidade bipolar ou por uso de
substâncias.
Os critérios para fins diagnósticos são: impulso recorrente de roubar objetos;
sensação crescente de tensão antes de cometer o roubo; prazer, gratificação ou
alívio no momento de cometer o furto; o ato de roubar não é cometido para
expressar raiva ou vingança e não ocorre por resposta a alucinação e o ato de
roubar não é explicado por transtorno de conduta, por episódio maníaco nem por
transtorno de personalidade antissocial.

Transtorno disruptivo, do controle de impulsos ou da conduta


especificado - 312.89 (F91.8)

É usado nas situações em que o clínico opta por comunicar a razão


específica pela qual a apresentação não satisfaz os critérios para qualquer
transtorno disruptivo, do controle de impulsos e da conduta.

Transtorno disruptivo, do controle de impulsos ou da conduta não


especificado - 312.9 (F91.9)

É usado nas situações em que o clínico opta por não especificar a razão
pela qual os critérios para um transtorno disruptivo, do controle de impulsos e da
conduta específico não são satisfatórios e inclui apresentações para as quais não há
informações suficientes para que seja feito um diagnóstico mais específico.
Referências

ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE PSIQUIATRIA. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais.


DSM-V. Porto Alegre: Artes Médicas, 2014.

BARLETTA, Janaína Bianca. Avaliação e intervenção psicoterapêutica nos transtornos disruptivos: algumas
reflexões. Rev. bras.ter. cogn., Rio de Janeiro , v. 7, n. 2, p. 25-31, dez. 2011 . Disponível em
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-56872011000200005&lng=pt&nrm=iso>.
acessos em 17 out. 2020.

TOFALINI, Alessandro José Berloffa et al. Transtorno disruptivo do comportamento:: relato de caso. Revista do
Médico Residente, Maringá, v. 16, n. 1, p. 1-4, 02 jan. 2014. Disponível em:
http://www.crmpr.org.br/publicacoes/cientificas/index.php/revista-do-medico-residente/article/view/531. Acesso
em: 17 out. 2020.

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