Você está na página 1de 4

Bom dia a todos, hoje venho abordar um tema intrigante e desafiador no campo da psicologia:

a psicopatia.
O QUE É A PSICOPATIA?

Bem todos nós já assistimos a filmes ou já reparamos em situações do quotidiano que quando
alguém é insensível, manipulador e obsessivo com coisas incomuns, temos tendência para
dizer que a pessoa para além de estranha é psicopata. Na verdade, esta descrição não foge
muito da realidade, pois a psicopatia é um termo utilizado na psicologia para descrever um
transtorno de personalidade caracterizado por traços específicos de comportamentos e
atitudes. Esse transtorno de personalidade pode ser diagnosticado como Transtorno de
Personalidade Antissocial (TPA) no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais
(DSM-5).

O transtorno de Personalidade Antissocial não é um distúrbio que seja único, ou seja, destribui-
se em múltiplos quadros clínicos tal como a esquizofrenia, por exemplo.

Apesar da psicopatia ser um tema complexo e em constante evolução na pesquisa psicológica,


requer uma abordagem sensível e cuidadosa devido ao estigma associado, que pode levar a
equívocos e a estigmatização injusta. A superação do estigma em torno da psicopatia é vital
para eliminar barreiras que possam impedir a iniciativa de um tratamento e apoio necessários.
É crucial sublinhar que indivíduos rotulados como psicopatas, assim como qualquer pessoa,
merecem respeito, compreensão e apoio.

Tal como todos os distúrbios, a psicopatia tem alguns traços comuns associados, estes
incluem:

1.Falta de empatia- A falta de empatia pode ser caracterizada por diferentes comportamentos
e atitudes que indicam uma dificuldade em compreender ou conectar-se emocionalmente com
os sentimentos e perspectivas dos outros.

2.Ausência de remorso ou culpa: Pessoas com este distúrbio são incapazes de sentir
arrependimento por comportamentos prejudiciais ou ilegais, tornando-os mais insensíveis.

3.Comportamento manipulador: Incrivelmente, comportamentos manipuladores são


frequentemente associados a indivíduos com traços psicopáticos. A manipulação para atender
às próprias necessidades é uma característica comum em pessoas com psicopatia, que muitas
vezes utilizam estratégias enganosas e calculadas para alcançar os seus objetivos sem se
preocupar com os sentimentos ou bem-estar dos outros.

4. Impulsividade: Os portadores deste transtorno tem tendência a agir sem pensar nas
consequências; tomando decisões arriscadas, mostrando a falta de autocontrole, reagindo de
forma imprevisível e procurando uma gratificação imediata.

5.Superficialidade nas relações interpessoais: Estes pacientes têm, por norma, dificuldade em
formar vínculos afetivos e significativos, instigando de uma forma avassaladora a solidão nestas
pessoas.

6. Tendência a mentir: Maior parte das vezes, pessoas com TPA mentem com muita facilidade e
destreza, pois manipulam os outros de forma a evitar as consequências das suas ações. A falta
de remorso e empatia, traços centrais na psicopatia, contribuem para a disposição do
psicopata em mentir sem sentir culpa. Eles podem usar a mentira como uma ferramenta para
obter poder, controle ou para criar uma imagem fictícia que vise atender os seus próprios
objetivos, como referido anteriormente

QUEM SOFRE DE PSICOPATA?

A psicopatia é um transtorno de personalidade e, como tal, afeta a forma como uma pessoa
pensa, sente e se relaciona com os outros. No entanto, não é fácil determinar quem é que
exatamente sofre de psicopatia, dado que nem todas as pessoas que manifestam alguns desses
traços são necessariamente psicopatas e para além disso é necessário um diagnóstico clínico
complexo que requer avaliação por profissionais de saúde mental, como psiquiatras, psicólogos
entre outros não referidos.

A psicopatia é mais comum em homens do que em mulheres, e geralmente manifesta-se na


idade adulta, ou seja, tal como maior parte dos distúrbios mentais. É muito raro antes da idade
adulta, fazer um diagnóstico preciso de psicopatia, pois pode ser desafiador devido ao facto de
que muitos dos traços associados à patologia poderem sobrepor-se a comportamentos
normais de desenvolvimento na infância e adolescência. Além disso, as características da
personalidade ainda estão em desenvolvimento durante essas fases, tornando difícil a
distinção entre comportamentos temporários e padrões persistentes associados à TPA.

Um facto sobre a psicopatia em Portugal, é que 10% a 16% dos prisioneiros em Portugal
tendem a ter comportamentos psicopatas.

Notícia:

QUAIS AS CAUSAS DA PSICOPATIA?

As causas ao certo, ainda são desconhecidas, porém estudos atuais apontam que a patologia
pode estar associada a desequilíbrios bioquímicos do cérebro. Ademais, pesquisas também
sugerem que a psicopatia pode ser influenciada por uma combinação de fatores genéticos,
neurológicos e ambientais:

1.Fatores Genéticos: Estudos indicam que a psicopatia pode ter uma predisposição genética.
Há evidências de que certas características de personalidade associadas à psicopatia podem ser
herdadas dos pais.

2. Fatores Neurológicos: Alterações na estrutura e função do cérebro também podem exercer


um papel na psicopatia. Algumas pesquisas sugerem que disfunções no córtex pré-frontal, que
está envolvido no controle de impulsos e na tomada de decisões, podem estar relacionadas
aos comportamentos típicos da psicopatia.

3.Fatores Ambientais: O ambiente em que uma pessoa cresce pode contribuir drasticamente
para o desenvolvimento da TPA. Experiências traumáticas durante a infância, como abuso
físico, emocional ou negligência, podem aumentar o risco de desenvolver características
psicopáticas. A falta de um ambiente familiar estável e de apoio emocional também pode
desempenhar um papel bastante importante.

4.Fatores Interacionais: A interação complexa entre fatores genéticos e ambientais é crucial


para entender a psicopatia. Por exemplo, uma predisposição genética para certos traços de
personalidade pode ser potencializada por relações parentais precoces muito perturbadas, ou
melhor dizendo, por experiências traumáticas na infância.

Assim sendo podemos claramente concluir que a etiologia da psicopatia é multifatorial.


Quais os sinais precoces desta doença tão grave?

Alguns dos sinais que podem ser observados em estágios mais precoces são:

1.Problemas de Comportamento na Escola: Padrões consistentes de comportamento


problemático na escola, como bullying, brigas frequentes, desrespeito às regras e dificuldade
em seguir instruções, podem ser indicativos.

2. Crueldade com Animais: O comportamento cruel em relação a animais pode ser um sinal
preocupante. Dado que isso inclui a falta de empatia em relação ao sofrimento dos animais e
também por outro lado, costuma ser uma característica comum de pessoas que vêm a ser
diagnosticadas com TPA.

3.Tendências Paranoides ou Hostis: Jovens ou crianças que apresentem desconfiança


persistente em relação aos outros, interpretação distorcida de intenções alheias e hostilidade
sem motivo aparente, são fundamento para dizer que o indivíduo é propício a tal transtorno.

4.Má Performance Académica: Dificuldades persistentes na escola, incluindo falta de


motivação, falta de participação e baixo desempenho académico também são
comportamentos característicos.

Para além desses sintomas precoces existem outros como Desprezo por Normas, Indiferença a
punições, problemas de relacionamento, Comportamento antissocial entre outros citados
momentos antes

Novamente, é importante enfatizar que a presença de um ou mais desses sintomas não é uma
garantia de que a criança desenvolverá psicopatia, para além disso esses comportamentos
também podem ter outras explicações.

Como se trata a psicopatia? Tem como curar?

E a resposta mais simples é que não, não tem. No entanto, algumas abordagens podem ser
úteis para gerenciar os sintomas e melhorar a qualidade de vida da pessoa com psicopatia. Por
não ter uma cura exata, existe um espectro e que nem todos os indivíduos que manifestam
características psicopáticas, têm o mesmo grau de gravidade. Assim sendo, sintomas de
psicopatia podem ser atenuados por diversos tipos de tratamentos, como a terapia cognitivo-
comportamental (TCC), Aconselhamento Psicossocial, Desenvolvimento de Empatia e
Consciência Emocional e Fármacos para poder controlar a ansiedade, impulsividade e
agressividade.

Eventualmente em casos extremos, a medicação pode ser feita através de antipsicóticos e é


importante denotar que a hospitalização pode vir também a ser necessária durante as
descompensações agudas do indivíduo.

Quero deixar bem claro, que nem todas as pessoas com TPA são violentas ou criminosas,
embora alguns possam apresentar comportamentos hostis. O diagnóstico de psicopatia ou TPA
é geralmente feito por profissionais de saúde mental com base numa avaliação clínica
abrangente.
É crucial notar que o tratamento da psicopatia pode ser desafiador, pois as pessoas com esse
transtorno podem ter dificuldade em reconhecer a necessidade de ajuda. Além disso, os
resultados do tratamento podem variar, e nem todas as pessoas responderão da mesma forma.

O tratamento normalmente concentra-se em gerenciar os sintomas e reduzir o impacto


negativo do transtorno na vida da pessoa e na vida daqueles ao seu redor. Não posso deixar de
referir que a intervenção precoce e o suporte contínuo podem ser fundamentais para melhorar
os resultados a longo prazo.

Portanto, assim podemos concluir que a psicopatia é um transtorno crónico e incurável,


todavia, controlável através de terapias e, em alguns casos, intervenções farmacológicas são
cruciais.

Você também pode gostar